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Thaís Viana de Ávila Oliveira - 73 A - Patologia Médica Esôfago o NORMALIDADE • EXTENSÃO: epiglote – junção esofagogástrica (de 25-33 cm). • REGIÕES: Superior (cervical/EES); Média (torácica); Inferior (supra e infradiafragmática/EEI). • Há pressão intra-esofágica (do esfíncter esofágico inferior - EES), que é importante para impedir a Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE). Camadas: Mucosa; Submucosa; Muscular própria; Adventícia. Anomalias esofágicas congênitas o São raras (1:1000 RN), porém potencialmente graves. A correção é cirúrgica. o SINAIS PRECOCES: disfagia, vômitos, regurgitação, sialorreia, emagrecimento; infecções pulmonares/insuficiência respiratória. OBS: Outras malformações → Síndrome de Vater (Vértebra, Ânus, Traqueia, Esôfago, Rim/Rádio). o ATRESIA: geralmente ao nível da Carina traqueal ocorre obstrução mecânica (fica um cordão fino e não canalizado). Demanda correção cirúrgica rápida, pois é incompatível a vida. É uma estenose congênita. o FÍSTULA: geralmente ocorre em associação à atresia e pode levar alimento para a via respiratória. Demanda correção cirúrgica rápida, pois é incompatível a vida. A = Atresia; B = Fístula; C = fístula sem atresia (o alimento passa, mas pode cair no trato respiratório) o DIVERTÍCULOS: são dilatações circunscritas da parede esofágica, que comunicam com a luz do órgão. • Podem ser Congênitos ou Adquiridos (maioria) e podem ser Verdadeiros (evaginação de todas as camadas viscerais) ou Falsos (contém apenas mucosa e submucosa). pseudo X verdadeiro • Podem se desenvolver em 3 regiões: ✓ IMEDIATAMENTE ACIMA DO EES: Divertículo de Zenker: é faringoesofágico (fraqueza adquirida entre os músculos Constritor Inferior da faringe e o Cricofaríngeo). É sempre falso. Pode gerar disfagia, regurgitação, halitose e aspiração. normal X falso X verdadeiro ✓ REGIÃO MÉDIA DO ESÔFAGO: Divertículo de tração (maioria assintomáticos). ✓ IMEDIATAMENTE ACIMA DO EEI: Divertículo epifrênico (se altera o EEI, pode gerar DRGE). Lacerações esofágicas - Síndrome de Mallory-Weiss o Lacerações lineares e longitudinais (lágrimas) no esôfago próximo à JGE, e varia de mm-cm. É consequente de vômitos repetidos (EX: alcoolismo e bulimia) e gera sangramento leve, que tende a se curar após os vômitos (hematêmese). A ruptura (laceração rápida. EX: por vômito) esofágica (Síndrome de Boerhaave) pode ser uma complicação grave. Varizes esofágicas o Dilatações circunscritas e permanentes das veias dos plexos submucoso e periesofágico. É secundaria à hipertensão portal (90% por cirrose ou por esquistossomose hepática). o Dilatação normalmente é no terço inferior (distal e médio): vv. esofágicas (dilatação) → v. gástrica esquerda (enche de sangue) → v. porta (com pressão alta, não recebe sangue da vv. ge). o MORFOLOGIA: dilatações, saliências, tortuosidades e irregularidades das veias submucosas e periesofágicas. • Vv superficiais → mucosa azul e delgada → risco de ruptura → sangramento. o COMPLICAÇÃO: hemorragia (hematêmese). Se vasos pequenos rompem (por alta pressão), pode gerar anemia. o TRATAMENTO (paliativos): vasoconstrição esplâncnica/ da pressão da vv porta (EX: Terlipressina); Escleroterapia; Tamponamento por balão; Ligação de varizes (amarra as varizes → vv murcha). Hérnia de hiato o Separação dos pilares diafragmáticos, com alargamento do espaço entre eles. Gera passagem do conteúdo abdominal para a cavidade torácica (pelo hiato diafragmático). o Pode ser congênita ou adquirida: a incidência aumenta com a idade (mais comum em mulheres após os 40 anos), mas pode ser encontrada em RN. o TIPO I: esôfago curto → puxa o estômago para cavidade torácica. É congênita e rara. o TIPO II: paraesofágica ou hérnia por rolamento → o fundo gástrico “rola” e penetra no tórax, e o estomago permanece normal. o TIPO III: esofagogástrica ou hérnia por deslizamento → porção abdominal do esôfago “desliza” e entra no tórax, junto com o estômago. É 95% dos casos. o TIPO IV: pior hernia, pois outros órgãos herniam para o tórax junto com o estômago. o PATOGÊNESE: por enfraquecimento dos músculos do hiato ou por condições que aumentem a pressão abdominal (obesidade, tosse, vômitos, gravidez, ascite etc.). o CLÍNICA: pode ser assintomáticas ou sintomáticas. Frequentemente estão associadas à DRGE e suas complicações (esofagite de refluxo → úlcera, hemorragia e perfuração). Doença do Refluxo Gastroesofágico - DRGE o Refluxo anormal do conteúdo gástrico para o esôfago (pelo relaxamento transitório do EEI). Pode ser sintomática ou não e pode ter lesões ou não. o SINTOMAS E LESÕES • Azia, pirose, regurgitação, disfagia. • 1/3 distal do esôfago: esofagite de refluxo, esôfago de Barrett. OBS: refluxo é a principal causa de esofagite. • Laringe, traqueia e pulmão: rouquidão, tosse, infecções. • Boca: sialorreia, cáries. o DIAGNÓSTICO: padrão ouro é a Impedâncio-pHmetria esofágica. A endoscopia digestiva alta (EDA) é utilizada para diagnósticos das lesões. o PATOGÊNESE: decorre do da pressão intra-abdominal e da dos mecanismos anti-refluxo. Ocorrem alterações anatômicas e funcionais da JEG, decorrentes de diversos fatores: o TRATAMENTO: medidas comportamentais e medicamentos (“antiácidos”: IBP, anti-histamínicos H2). o PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS 1. ESOFAGITE DE REFLUXO: epitélio esofágico é resistente à abrasão dos alimentos, mas é sensível ao ácido. • PATOGÊNESE: processo inflamatório: refluxo ácido → descamação epitelial → regeneração epitelial → processo contínuo e prolongado de DRGE → perda e regeneração (desequilíbrio) → atrofia do epitélio → erosões, ulcerações (HEMORRAGIAS) → cicatrização → estenose da luz do esôfago. • MORFOLOGIA: desde uma área com hiperemia/edema até erosão. ✓ Microscopia 2. ESÔFAGO DE BARRETT: é uma metaplasia intestinal (substituição do epitélio estratificado escamoso por epitélio colunar do tipo intestinal). É uma complicação da DRGE e da esofagite (10% dos casos). É o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do adenocarcinoma esofágico. • DIAGNÓSTICO: evidências endoscópica (mucosa aveludada, de cor salmão, formando pequenas projeções digitiformes acima da JEG) e histológica (metaplasia intestinal→epitélio colunar com células caliciformes). • CLASSIFICAÇÃO: Segmento Longo (+3 cm superior à JEG) ou Segmento Curto (-3 cm superior à JEG). Estenose • COMPLICAÇÕES: úlcera péptica (hemorragia e fibrose/estenose) e malignização (Metaplasia → DBG → DAG → Carcinoma “in situ” → Adenocarcinoma invasor). Neoplasias malignas o Diagnóstico tardio, pois os pacientes permanecem assintomáticos por longo tempo. o CCE → negros. o Adenocarcinoma → caucasianos. o FATORES DE RISCO o CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS: é o tipo histológico + comum no Brasil e na maior parte do mundo (60 a 70%). É derivado do epitélio habitual do esôfago e é localizado nos terços médio e inferior. • MORFOLOGIA: inicialmente é discreta, com elevação irregular da mucosa (Displasia, CCE “in situ” ou CCE microinvasor). ✓ Macroscopia: desde placas até lesões ulceradas e volumosas (Vegetante/Exofítico (mais comum); Ulcerado; Anular; Infiltrante). ✓ Microscopia: células escamosas atípicas invadindo parede esofágica. o ADENOCARCINOMA: é o tipo histológico + comum em países desenvolvidos (maior número de obesos e diminuição dos fatores de risco para CCE). É derivado do Epitélio de Barrett e é localizado no terço inferior e na JEG. • MORFOLOGIA: inicialmente com irregularidade da mucosa em “vermelho-salmão” (Displasia, Carcinoma “in situ” ou Adenocarcinoma microinvasor). ✓ Macroscopia: lesões aplanadas ou em placas avermelhadas, na mucosa metaplásica; Lesões nodulares (massas); Ulceração. ✓ Microscopia: tumores glandulares produtores de muco. o CLÍNICA: a evolução é silenciosa/assintomática(diagnóstico em fase avançada). Sintomas: disfagia (sólidos/líquidos); Odinofagia, dor torácica; Vômitos; Hematêmese ou melena; Perda de peso progressiva. o COMPLICAÇÕES: obstrução; Ulceração (hemorragia, perfuração/mediastinite); Infiltração de órgãos adjacentes (EX: fistula na traqueia). o ESTADIAMENTO o PROGNÓSTICO Estômago o NORMALIDADE • REGIÕES: Fundo, Cárdia, Corpo, Antro. • CAMADAS: Mucosa (epitélio + lâmina própria), Submucosa, Muscular própria (musculares interna e externa), Serosa. - Oxíntica: células parietais (mitocôndrias → HCl+FI), principais (zimogênicas → pepsinogênio) e neuroendócrinas (ECL → histamina). - Antral: células mucossecretoras (muco + HCO3-), G (gastrina) e D (somatostatina). o FATORES DE PROTEÇÃO DA MUCOSA: muco, HCO3- barreira epitelial, fluxo sanguíneo, prostaglandinas (produção muco e HCO3-, inibe secreção de HCl, vasodilatação). Gastrite o Processo inflamatório das mucosas gástricas. Não tem quadro clínico específico. OBS: ≠ de Dispepsia funcional: dor epigástrica em queimação/desconforto abdominal sem lesão morfológica. o CLASSIFICAÇÃO o AGUDA: Agressão aguda ou de curta duração à mucosa gástrica. Causada por Álcool, Isquemia ou AINEs. • MICROSCOPIA: IIPMN (neutrófilo), hiperemia, edema; erosões. • ENDOSCOPIA: hiperemia, edema; erosões, hemorragia. • CLÍNICA: geralmente assintomáticos. Pode haver dor epigástrica, náuseas, vômitos e hemorragia. o CRÔNICA: agressão crônica ou de longa duração à mucosa gástrica. É a mais comum. Causada por bactérias (Helicobacter pylori - 80%), doenças autoimune (10%) e outros fatores (radiação, refluxo biliar, Crohn, AINEs, álcool, tabagismo). A maioria é assintomática. Pode haver dor abdominal em queimação (azia), empachamento pós-prandial, saciedade precoce, náuseas/vômitos (pouco comuns). 1. AUTOIMUNE: autoanticorpos contra células parietais (da mucosa oxíntica), com redução das células parietais, causando Hipocloridria ( HCl) e Redução da produção de fator intrínseco (Vit B12 → anemia perniciosa megaloblástica e neuropatias). • MORFOLOGIA: atrofia de mucosa oxíntica (corpo/fundo), com redução de sua espessura e pregueamento habitual (mucosa fica lisinha). • MICROSCOPIA: IIMN (predominante), atrofia, MI e hiperplasia de células neuroendócrinas. 2. POR H. PYLORI: quando há infecção pela bactéria. É a principal causa de gastrite no mundo (baixos índices socioeconômicos). • H. pylori: possuem morfologia espiralada, flagelos, adesinas e alta produção da Urease (ureia → amônia (NH3) + CO2). As cepas são CagA+ e VacA+ (mais virulentas). • ENDOSCOPIA • MICROSCOPIA: inflamação da mucosa antral, agressão neutrofílica (atividade). Ataca o Antro mais comumente (associa-se à hipersecreção ácida e a UPD). Na pangastrite (antro e corpo) a evolução é mais rápida para hipotrofia mucosa e MI (focos múltiplos; gastrite crônica atrófica multifocal), para hipocloridria e para risco para Carcinoma Gástrico (associação com UPG). ANTRO: hipotrofia mucosa e MI • DIAGNÓSTICO: Endoscopia Digestiva Alta (biópsia para identificação direta da bactéria e teste rápido da urease), teste respiratório e outros (PCR, sorológico, cultura). • TRATAMENTO: IBP + antibióticos. • EVOLUÇÃO: Cepas ulcerogênicas → UPG e UPD. Cepas carcinogênicas → Carcinoma Gástrico. Úlceras pépticas o Lesão escavada na mucosa/parede gástrica ou duodenal, devido a digestão ácido-péptica da mucosa. Causada por H. pylori (principal), AINEs, tabagismo e outros. o ÚLCERA PÉPTICA DUODENAL • agressão (níveis de secreção ácida e pepsinogênio): Esvaziamento gástrico rápido, Maior número de células parietais, Maior sensibilidade das células parietais. Hipergastrinemia (principal: H. pylori). o ÚLCERA PÉPTICA GÁSTRICA • defesa (geralmente na incisura angular): o MORFOLOGIA: Redonda ou oval, bordas regulares e fundo limpo (fibrina). o TIPOS: superficial (até lâmina própria ou mucosa), profunda (até muscular própria), perfurada ou tenebrante (EX: chega no pâncreas, que a tampona → pancreatite aguda). o MICROSCOPIA o CLÍNICA: dor epigástrica em queimação, que surge 2 a 3h após refeições; Melhora com antiácidos e alimentação; Náusea, vômitos, distensão abdominal e perda de peso. o COMPLICAÇÕES: hemorragia (maciça → hematêmese ou melena. Ou discreta → anemia); Perfuração (peritonite); Cicatrização (estenose → obstrução); Malignização (rara). o TRATAMENTO: Tratar o agente causador, H. pylori (principal causa). Neoplasias malignas o CONDIÇÕES PRÉ-CANCEROSAS: quando o portador tem maior risco de desenvolver CA Gástrico. o LESÕES PRÉ-CANCEROSAS: lesões que o risco de transformação para CA Gástrico é maior. Displasia: da proliferação celular (figuras de mitose típicas e atípicas) e atipias celulares e arquiteturais (pleomorfismo / hipercromasia e estratificação). o EVOLUÇÃO DA GASTRITE CRÔNICA PARA CA GÁSTRICO POR H. pylori: o CARCINOMA GÁSTRICO: 90% a 95% das neoplasias malignas gástricas. Relacionado a padrão da dieta e infecção por H. pylori. Fase inicial é assintomática ou com sintomas inespecíficos (semelhantes ao das gastrites) e a fase avançada é diagnosticada na maioria dos casos. Prognóstico geralmente é ruim. • PATOGÊNESE: é multifatorial. Evolução das lesões • CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DE LAUREN Intestinal Difuso o CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE BORRMANN Carcinoma tipo Difuso: proliferação de células isoladas contendo muco (anel de sinete). Prognostico pior que o Intestinal. Carcinoma tipo Intestinal: proliferação de glândulas atípicas justapostas IV: mais comum no difuso • Borrmann IV: Linite plástica (carcinoma infiltrativo, tipo difuso de Lauren). o ESTADIAMENTO (TNM) N = Metástases linfonodais M = Metástases à distância (fígado, pulmão e ossos) Nódulo da irmã Maria José na cicatriz umbilical Sinal de Troisier (nódulo de Virchow) no linfonodo supraclavicular Tumor de Krukemberg no ovário o CONSEQUÊNCIAS e COMPLICAÇÕES
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