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1 Ytujyujyuj 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................... 4 3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 9 4 EDUCAÇÃO FÍSICA E LUDICIDADE ....................................................... 15 5 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................... 17 6 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................................... 22 7 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES ..................................................................................................... 26 8 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......... 27 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 32 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL Fonte: impulsiona.org.br Sabe-se que historicamente a Educação Física assumiu diferentes perspectivas a fim de atender as necessidades da sociedade em diferentes épocas. Além disso, a Educação Física possui um leque abrangente de campos de intervenção, seja na área da saúde, esportiva, recreativa ou escolar, o que torna necessário limitar tais campos, para melhor definir os objetivos da Educação Física em cada uma das áreas. No campo de intervenção educacional, a Educação Física já assumiu diferentes perspectivas, sendo a última delas a ideia de cultura corporal de movimento, a qual deriva de abordagens críticas da Educação Física e condena a visão de que a mesma é mera atividade no interior das instituições escolares. Segundo Silveira e Pinto (2001) a função da Educação Física é educar para compreender e transformar a realidade que nos cerca, a partir da cultura corporal de movimento que se expressa nos jogos, brincadeiras, lutas, esportes, ginásticas e danças. 5 Dessa forma, entendendo que a educação escolar busca a formação integral do aluno, torna-se importante que o mesmo conheça, entenda, escolha, transforme e vivencie os diferentes tipos de práticas corporais, bem como os valores associados ás mesmas, para que seja capaz de construir uma opinião sobre essas práticas e não apenas seguir o senso comum. É nesse sentido que a Educação Física se justifica nas escolas, uma vez que não há outro espaço para trabalhar os jogos, as brincadeiras, os esportes, o movimento na perspectiva da cultura corporal, se não for nas aulas de Educação Física. Sendo assim, torna-se importante que as intervenções nas aulas de Educação Física, considerem as especificidades de cada ciclo de escolarização, os quais correspondem a Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino médio, uma vez que os estudantes se encontram em estágios diferentes de desenvolvimento. Ao pensarmos as aulas de Educação Física na educação infantil, entendemos que ainda é um desafio ser professor de Educação Física na educação infantil, pois nesse ciclo de escolarização, ainda há uma forte presença de pedagogos ou dos chamados professores de classe. Observa-se também que o ensino da Educação Física é limitado, visto de forma fragmentada, reduzindo as intervenções a momentos de lazer e tempo livre, onde se desenvolvem atividades desarticuladas, com planejamento precário, reforçando a baixa qualidade do ensino. Por vezes, o primeiro contato com o ambiente escolar acontece quando a criança ingressa em tal ciclo de escolarização. Dessa forma, Priess (2021) destaca que a Educação Física exerce um papel importantíssimo no processo de desenvolvimento integral da criança, pois nesse período ocorrem importantes etapas do seu desenvolvimento, nos aspectos físicos, intelectual, motor, afetivo e social. Além desses aspectos, as vivências na educação infantil, iniciam o processo de socialização considerando que em alguns casos é a partir da inserção na educação infantil que a criança passa a ter contato com terceiros, fora do ambiente familiar, o que também configura aspecto importante para o desenvolvimento da criança. Dessa maneira, para que as vivências nesse ciclo sejam efetivas e contribuam para o desenvolvimento de sujeitos autônomos e conscientes, capazes de construir uma visão crítica dos conteúdos trabalhados na Educação Física escolar, torna-se necessário repensar as práticas de ensino, bem como os elementos a serem 6 trabalhados a fim de adequá-los a esse tipo de formação, pois como destaca Palma (2021) a falta de clareza dos conteúdos a serem trabalhados na Educação Física acaba gerando dúvidas e desarticulação nos procedimentos de ensino, o que impacta negativamente no processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, o planejamento dos conteúdos configura momento importante para a efetividade das intervenções, sendo importante que o mesmo esteja alinhado aos objetivos do ciclo de escolarização, que neste caso é a educação infantil. Conforme a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, a qual norteia os currículos das instituições de ensino: (...) vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar (BRASIL, 2017). Pode-se observar então que se espera que as vivências na educação infantil sejam capazes de ampliar o repertório das crianças em diferentes dimensões, possibilitando que as mesmas aprendam coisas novas. Para isso é fundamental que seja respeitada a diversidade cultural, uma vez que o Brasil é um mais com grande extensão territorial e pluralidade cultural, tornando necessário que ao se realizar o planejamento, o professor considere o ambiente em que está inserido, se apropriando de todo o conhecimento possível afim de elaborar intervenções que contribuam para o desenvolvimento da criança. Além da BNCC, outro documento apresenta diretrizes para o ensino na educação infantil, chamado de Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), o qual deve ser observado durante a organização de propostas pedagógicas na Educação Infantil. 7 Em seu artigo 9º, a DCNEI, afirma que aspráticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira. Além disso, essas práticas devem garantir experiência que: I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaçotemporais; V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade; VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; 8 XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos (DCNEI, RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 5/2009). Observa-se que as DCNEI também valorizam a pluralidade de experiências, a diversidade cultural, a socialização e a busca pela construção de um sujeito autônomo e crítico como aspectos importantes a serem considerados durante a elaboração do planejamento das intervenções na educação infantil. Sendo assim, cabe ao professor de Educação Física planejar intervenções que respeitem e potencializem esses aspectos, de forma a garantir a qualidade do processo formativo. Os pilares da educação infantil na rotina pedagógica A educação para a infância está apoiada em três pilares: cuidar, educar e brincar (SOUZA, 2020), os quais revelam o interesse na busca por um novo espaço, que seja lúdico e vise a integração de conhecimentos. Para Souza (2020) a ideia de cuidar e educar impregnam a ação pedagógica de consciência, fazendo emergir uma visão plena do desenvolvimento infantil, baseando-se em concepções que respeitam a diversidade e as especificidades da infância, possibilitando que ás crianças busquem autonomia e iniciem o processo de construção identitária. O cuidar segundo Cruz, Oliveira e Fantacini (2017) significar acompanhar, apoiar, incentivar ou seja, a interação afetiva entre o professor e o aluno, enquanto o educar refere-se à mediação entre a criança e o conhecimento, apresentando a ela o novo e direcionando-a para a realidade social, possibilitando que a mesma desenvolva suas habilidades. Já o brincar é considerado momento impar para o desenvolvimento infantil, uma vez que a mesma interage com diferentes pessoas e brinquedos, desenvolvendo a imaginação e a criatividade. Quanto a rotina pedagógica, como já apresentado, ás práticas devem ser norteadas pelas interações e as brincadeiras, as quais são essenciais segundo Souza (2020) para que haja uma prática pedagógica intencional e promotora de aprendizagem e desenvolvimento infantil, fazendo com que as crianças vivenciem experiências e construam conhecimentos a partir de suas ações e interações com terceiros, sejam eles crianças ou adultos. É importante também que a criança seja 9 capaz de participar do planejamento e das propostas pedagógicas, opinando na escolha das atividades, bem como no desenvolvimento das mesmas. 3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Fonte: novaescola.org.br A Educação Física abordada na escola, busca transmitir às novas gerações um rico patrimônio cultural da humanidade ligado aos jogos e esportes, às danças e ginásticas que demoraram séculos para serem construídos (DARIDO, 2012). Considerando que a infância é uma fase de descobertas, a Educação Física segundo Ribeiro, Ribeiro e Oliveira (2021) destaca-se na educação infantil, por desenvolver práticas corporais que proporcionam uma diversidade de experiências, nas quais a criança pode criar, recriar, vivenciar novos movimentos, reelaborar ideias e conceitos acerca de suas ações. As experiências infantis se materializam, sobretudo, em suas ações corporais (MELLO et al;2016) e é através de seus corpos em movimento que as crianças interagem consigo mesmas, com os outros e com o seu meio, construindo conhecimentos e afirmando as suas identidades, internalizando e produzindo cultura, ou seja, as ações motoras configuram espaço privilegiado da experiência infantil. 10 Como bem sabemos, as crianças aprendem brincando, o que torna imprescindível o desenvolvimento e vivências de variados movimentos e gestos corporais. É aí que se justifica a importância da Educação Física, uma vez que a mesma trabalha diretamente com o movimento, podendo dessa forma, adotar práticas pedagógicas intencionais, as quais podem promover o desenvolvimento da criança em seus aspectos emocionais, motores, cognitivos e sociais. Santos (2020) afirma que em uma perspectiva macro o objetivo da Educação Física na educação infantil é aliar o desenvolvimento das habilidades motoras às capacidades cognitivas e socioemocionais, visando o desenvolvimento integral da criança. Embora existam documentos que norteiam a prática profissional na educação infantil, é importante ressaltar que a BNCC e outros documentos são apenas documentos norteadores, sendo necessário que o professor de Educação Física elabore seu planejamento a partir do que ele observa do ambiente, das características dos seus alunos e dos interesses dos mesmos. Ou seja, na prática, o professor de Educação Física, deverá elaborar um planejamento a curto, médio e longo prazos, especificando no plano de aula, no plano da unidade didática e no plano de curso, respectivamente, as atividades que pretende desenvolver ao longo das suas aulas, demarcando os objetivos de suas intervenções em cada um dos bimestres. Durante as aulas de Educação Física, assim como nas demais, deve-se estimular o desenvolvimento pleno das crianças, levando-as a desenvolver a criticidade e a criatividade, tornando-as produtoras de conhecimento. Para isso, é importante também que o professor interaja com seus alunos de forma responsável, uma vez que ele é quem faz a mediação entre o conhecimento e a criança. O professor também pode utilizar o repertório de conhecimento que a criança traz consigo, como base para desenvolver o seu planejamento didático, buscando o desenvolvimento de habilidades e competências a serem alcançadas nesse período do processo de escolarização. Torna-se fundamental também, que o professor de Educação Física planeje atentamente suas intervenções, assumindo o compromisso de que todas as suas ações sejam pedagógicas e intencionais, preocupando-se com as especificidades e necessidades decada criança, criando possibilidades de formação humana e também garantindo à criança uma educação de qualidade. 11 A Educação Física na educação infantil precisa então, ser planejada com perspectivas diferentes do cotidiano, pois os períodos de desenvolvimento são diferentes entre os seres humanos e dependem de condições sociais, históricas e culturais. Torna-se importante assim, que os espaços e o tempo das intervenções sejam bem planejados a fim de otimizar as experiências, tornando as vivências mais organizadas e atrativas, o que também é importante para o desenvolvimento infantil. Somado a isso, por meio das suas propostas pedagógicas, as intervenções nas aulas de Educação Física devem garantir ás crianças os seis direitos fundamentais que estão descritos na BNCC (BRASIL, 2017), os quais são: Conviver: com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Participar: ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. Expressar: como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. Conhecer-se: e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. 12 Esses direitos descritos na BNCC, buscam garantir que as crianças desfrutem da liberdade de interagir, brincar, movimentar-se e explorar a realidade à sua volta, cabendo ao professor de educação física elaborar atividades didáticas que articulem bem a teoria e a prática. Sendo assim, Santos (2020) destaca que não é à toa que os eixos estruturantes do ensino infantil são a brincadeira e a interação, pois o ato de se movimentar apresenta-se como o elo entre o que as crianças já sabem, de modo que consigam fazer determinada tarefa sem a ajuda do professor, e o que elas podem aprender a explorar ao seu redor. Nesse sentido, é a partir das práticas corporais que os professores de Educação Física podem trabalhar com as crianças diferentes dimensões do conteúdo, transmitindo valores e atitudes a partir do trabalho pedagógico, tendo como missão conciliar o ato de movimentar-se, as interações, as brincadeiras e os jogos (SANTOS, 2020), tendo a ludicidade como chave para adentrar o universo infantil e potencializar o processo de ensino-aprendizagem das crianças, ainda que a carga horária destinada às intervenções seja reduzida. Atuação prática na educação infantil Para que se possa compreender e justificar a presença do professor de Educação Física na educação infantil, é importante que se entenda a função desse profissional no interior das instituições escolares. De acordo com a literatura educacional o professor deve ter noção clara do seu papel social e político, enquanto formador de sujeitos, os quais irão atuar na sociedade. Entretanto, o desenvolvimento ou não de tal noção está atrelada ao processo formativo pelo qual os professores vêm passando pois é este processo que lhe dará condições de desenvolver a criticidade, bem como um bom trabalho docente. Negrine (2002 apud Priess 2020) destaca que é necessário que o professor tenha um excelente domínio de conhecimentos da sua área e de metodologias pedagógicas e didáticas diversificadas, para não correr o risco de ser um profissional despreparado e desmotivado para exercer sua função, ficando limitado a ser um reprodutor de conhecimentos. O autor ainda reforça que, quando crianças estão sob a tutela de um professor despreparado por um período determinado tempo, destinam-se à 13 estagnação ou a um desenvolvimento lento e insatisfatório, considerando o potencial da criança. O professor de educação física na educação infantil exerce um papel de muita importância e responsabilidade, afinal de contas essa provavelmente é a primeira etapa educacional formal pela qual a criança deve passar, o que torna sua responsabilidade ainda maior. Quando ocorre da escola contar com um único professor, geralmente com formação em pedagogia, que deve ministrar todos os conteúdos da educação infantil, com muita frequência as aulas de educação física acabam tendo enfoque quase que exclusivo no aspecto recreativo, como um momento de lazer e liberdade para que as crianças brinquem livremente. O ato de brincar de forma espontânea é muito importante, mas quando se tem o conhecimento do potencial educativo que os jogos e as brincadeiras podem exercer no processo de desenvolvimento infantil, percebe-se que uma grande oportunidade didática está sendo desperdiçada. Brandl e Brandl Neto (2013 apud Priess 2020) acrescentam que a situação do professor unidocente acaba reforçando a importância do profissional de educação física, que estará melhor preparado para trabalhar os conteúdos específicos da área e oportunizar o desenvolvimento infantil integral. A função do professor não se limita somente a aplicar conteúdos e desenvolver suas aulas, vai muito além disso. Crianças, principalmente na educação infantil, muitas vezes têm seus professores como ídolos e exemplos para sua formação. Isso amplia as responsabilidades do professor, que pode ser uma referência para o aluno (positiva, negativa ou neutra). Brandl e Brandl Neto (2013 apud Priess 2020) destacam que, em escolas onde existe a presença do profissional com formação específica, há um crescente desenvolvimento dos alunos. A colaboração entre o professor de classe e o professor de educação física é muito benéfica, sendo que o professor de educação física trabalhará aspectos diversificados da motricidade humana, do jogo e do lúdico, conhecimentos que muito provavelmente o professor da classe não dispõe ou conhece apenas superficialmente. A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018 apud Priess 2020) estabelece que o professor na educação infantil nas suas intervenções tem o dever de propor objetivos que visem ampliar o universo de experiências, habilidades e 14 conhecimentos das crianças, promovendo a diversificação e consolidação de novas aprendizagens, complementando à educação familiar, em especial quando se refere ao processo formativo de crianças bem pequenas, onde se envolve aprendizagens muito próximas tanto no contexto familiar, quanto no escolar, da socialização, a autonomia e a comunicação. O professor, na sua prática pedagógica, deve ser capaz de perceber que a interação ao longo da brincadeira é característica do cotidiano infantil, trazendo consigo diversas aprendizagens em potencial para o desenvolvimento integral das crianças. Assim, torna-se importante observar as interações e brincadeiras realizadaspelas crianças, identificando, por exemplo, a existência de expressões de afetos, das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. Segundo Palma, Palma e Oliveira (2010 apud Priess 2020), no âmbito da educação física na educação infantil, podemos sintetizar os núcleos didáticos e seus respectivos objetivos pelos itens listados a seguir. O movimento e a corporeidade: organizar situações de vivências corporais e estudos que possibilitem experiências motoras em constantes interações com objetos e pessoas. O movimento e os jogos: possibilitar a vivência de manifestações lúdicas como integrantes da cultura motora, contribuindo para o processo de construção da motricidade. O movimento em expressão e ritmo: promover a experiência do movimento rítmico como forma de expressão corporal e de representação social, valorizando-o em diversas manifestações culturais. O movimento e a saúde: possibilitar situações que promovam a compreensão dos aspectos relacionados à higiene e à saúde, destacando os benefícios que esses conhecimentos e atitudes podem trazer para a melhoria das ações cotidianas e espontâneas. Em seus estudos, Mattos e Neira (2000 apud Priess 2020) destacam informações importantes para a atuação pedagógica do professor. Eles ainda destacam que a epistemologia genética constatou que o processo de aprendizagem é individual para o aluno, o que equivale a dizer que cada criança aprende do seu jeito e de forma diferente de seus colegas. Portanto, em uma turma com 20 alunos, haverá 15 20 processos individuais de construção do conhecimento, mobilizados diferentemente nas mesmas atividades de ensino. Confirmando-se essa afirmação, somente esse fato já justificaria a presença do professor de educação física na educação infantil, pois é quem tem a capacidade de lidar com essas diferenças e selecionar estratégias pedagógicas que atendam às necessidades de seus alunos. Uma dos papéis de destaque do professor no processo educacional é o da reflexão na ação, elaborando as atividades e proporcionando novas e diferentes interações durante cada uma delas, reorganizando grupos e lançando questionamentos, o que proporcionará a estruturação de novos conhecimen tos, isto é, a ascensão a níveis mais elevados dos saberes empregados para solução dos problemas apresentados (MATTOS; NEIRA, 2000 apud Priess 2020). Nesse sentido, os autores ressaltam que, diferentemente do que se pregava anteriormente, o centro de interesse é a interação professor/aluno/conhecimento, e não apenas o aluno. O educador precisa manter-se atento à qualidade das interações com os objetos de conhecimento proporcionadas pelas atividades, constituindo-se um orientador, guia e facilitador da aprendizagem. 4 EDUCAÇÃO FÍSICA E LUDICIDADE A ludicidade apresenta-se como característica fundamental no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil, caracterizando-se como a expressão do desafio, da curiosidade, do novo, do inusitado, do envolvimento e do prazer seja para aprender, para ensinar ou simplesmente para viver (SILVEIRA; PINTO, 2001). A mera reprodução de movimentos, além de descaracterizar o papel das aulas de Educação Física escolar junto a formação integral do sujeito, pode inibir a ludicidade nas intervenções, trazendo prejuízos ao processo de ensino. Sendo assim, Severino e Porrozzi (2010) afirmam que a ludicidade, a qual representa-se no ato de brincar, configura um importante e imprescindível instrumento pedagógico. Para os autores a brincadeira possibilita a participação dos alunos quando em contato com os conteúdos pré-programados, tornando assim o processo de ensino-aprendizagem uma prática prazerosa, enfatizando a espontaneidade, a alegria e a socialização. 16 Nesse sentido, a ludicidade na Educação Física é uma ferramenta potencial para que sejam atingidos os objetivos propostos em cada uma das intervenções no ambiente escolar proporcionando a ampliação dos conhecimentos infantis, pois no decorrer das aulas, a atividade lúdica possibilita à criança momentos para criar e representar a realidade e as experiências por ela vivenciadas no seu cotidiano. Vale ressaltar, que se tratando a educação infantil, é importante que a ludicidade esteja presente em todas as disciplinas sempre que possível, uma vez que esse elemento pode funcionar como instrumento pedagógico, favorecendo a aprendizagem através do bom humor, alegria, liberdade e espontaneidade. A ludicidade ou o simples ato de brincar está presente no cotidiano da criança nos diferentes momentos, contribuindo para o desenvolvimento da inteligência, do corpo e a socialização. Entretanto devido ao processo de globalização e o aumento da disseminação de jogos eletrônicos, bem como o acesso à internet, tem se observado um frequente declínio da prática de brincadeiras entre as crianças, ao contrário do que era tempos atrás, onde as vivências corporais eram variadas e mais constantes. A partir das suas experiências, a criança aos poucos vai se inserindo no ambiente social, construindo a sua percepção de mundo. A atividade lúdica, quando bem planejada, pode contribuir nesse processo de construção de novas percepções pois, além de proporcionar prazer e diversão, representa em algumas ocasiões um momento de provocação do pensamento da criança e também de sua inserção social (SEVERINO; PORROZZI, 2010). Dessa forma, cabe à Educação Física estimular diferentes vivências, em diferentes espaços e tempos a fim de ampliar a bagagem de experiências da criança, sempre levando em consideração as especificidades do universo infantil. A partir das atividades lúdicas, as crianças podem desenvolver sensibilidades e desenvoltura para a socialização e relacionamentos em grupo. Outros aspectos que podem ser desenvolvidos além de aspectos motores é a capacidade de raciocínio e a comunicação, que podem ser trabalhados de forma interdisciplinar com as demais disciplinas do currículo da educação básica. Sendo assim, é importante destacar que em benefício do desenvolvimento infantil, é necessário que sejam criadas oportunidades que estimulem a imaginação infantil e a descoberta do próprio corpo. Mas, para isso, é fundamental que os adultos 17 que cercam as crianças, dentro e fora do ambiente escolar, tomem consciência dessa necessidade e da importância de tal estimulo para o desenvolvimento infantil. Nesse sentido, Mello et al (2016) defendem a ideia de que os aspectos emergentes da cultura lúdica no universo infantil, os quais se expressam por meio de jogos e brincadeiras, devem constituir o eixo norteador pelo qual o trabalho pedagógico na educação infantil deve se articular. Sendo assim, a Educação Física, considerando o seu campo de atuação e intervenção apresenta-se como parte fundamental do currículo da educação básica. Todavia, vale ressaltar que a ludicidade não deve ser utilizada de forma isolada, apenas como forma de descontração, mas sim, como aliada na busca pelo desenvolvimento crítico da criança, levando-a a pensar, criar as próprias dúvidas, encontrar as respostas, desenvolvendo formas de se expressar e se comunicar através dos jogos, brincadeiras, danças, lutas ou qualquer outra forma de expressão da cultura corporal de movimento. 5 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Fonte: soescola.com O brincar pode ser considerado como uma ação fundamental para o desenvolvimento humano. Segundo Macedo, Petty e Passos (2007) brincar é a 18 principal atividade das crianças, quando não estão dormindo, se alimentando ou impedidas de movimentarem-se. Os autores destacam que de forma geral, todas as crianças brincam, uma vez que brincar é atrativo, podendo ser caracterizado também como uma ação envolvente, interessante e informativa. Envolvente por colocar a criança em um contexto de interação em que suasatividades físicas e fantasiosas, assim como os objetos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo contínuo topológico. Interessante por canalizar, orientar e organizar as energias da criança, dando-lhe forma de atividade ou ocupação e informativo porque, durante as brincadeiras a criança pode aprender (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2007). Sendo assim, o brincar não pode ser entendido e vivenciado apenas como um passa tempo, mas, deve ser entendido como uma ferramenta que o educador utiliza para transmitir diferentes conhecimentos de forma eficaz e diferenciada. Nesse sentido, os jogos e brincadeiras emergem como possibilidades ao longo do processo formativo, despertando muitas habilidades nas crianças, pois não são vistas como algo que lhe é imposto, e, por isso, são importantes estímulos para desenvolver a inteligência do educando e assim funcionam ao longo da educação infantil, como instrumentos potenciais para o desenvolvimento de uma base motora que a criança precisará e que a acompanhará ao longo da vida. Batista (2020) destaca que nessa fase, negligenciar os jogos e brincadeiras é um erro grave, pois pode fazer com que fases do desenvolvimento motor sejam puladas, trazendo impactos negativos na formação do sujeito. Ao tratar os jogos e brincadeiras é importante que os conceitos sejam previamente definidos, uma vez que os mesmos exercem influência constante sobre a prática docente. Segundo Kishimoto (1995) definir jogo não é tão simples, uma vez que as percepções sobre o jogo são variadas, podendo o mesmo estar relacionado ás brincadeiras, como amarelinha, queimada, dominó, xadrez ou também ao esporte como futebol, basquete, entre outros. O jogo para Jesus et al (2015) apresenta-se como uma atividade ou ocupação voluntária, praticada com limites de tempo e espaço pré-determinados, segundo regras livremente consentidas, mas obrigatórias. Além disso, os autores destacam que o jogo possui um fim em si mesmo, sendo acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente no dia a dia. 19 Sabe-se que nas aulas de Educação Física, o jogo é utilizado de variadas formas, assumindo por vezes o seu caráter lúdico e também esportivista. Todavia, deve-se entender que o jogo praticado no interior dos ambientes escolares, não deve ser o mesmo que é praticado fora deles, entendendo que nas instituições escolares o jogo deve ser dotado de intenções, sendo utilizado como instrumento pedagógico. Sendo assim, o jogo ao ser utilizado como uma estratégia pedagógica, pode privilegiar a utilização de tarefas abertas ou fechadas associadas tanto aos jogos pré-esportivos, quanto ao caráter lúdico das atividades e exercícios (JESUS, et al, 2015). Já a brincadeira é entendida como atividade cujos principais objetivos são o prazer e a fruição de todos os envolvidos. Quando há regras, elas são mais flexíveis do que aquelas que verificamos nos jogos e podem ser modificadas durante a brincadeira se os participantes assim quiserem. A brincadeira não possui um fim pré-determinado como o jogo, uma vez que ela continua a ser executada enquanto existir interesse por parte dos participantes. Para Romano e Alencar (2018), as brincadeiras funcionam como ferramenta educativas, pois são atividades nas quais a criança é capaz de reproduzir eventos e fatos da vida social, adquirindo elementos importantes para a construção da sua personalidade, bem como para compreender a realidade em que se encontra. Senso assim, ao longo da infância, como já mencionado a criança desenvolve o conhecimento em diferentes áreas, exercita-se, além de assimilar valores e adquirir comportamentos, o que torna a brincadeira uma ótima ferramenta de interação entre a criança e o mundo, auxiliando-a a desenvolver a sua própria maneira de ser e estar na sociedade. Considerando as linguagens e os bens culturais a que as crianças têm direito, Mello et al (2016) aponta que o jogo e a brincadeira ocupam um lugar de destaque nos documentos legais da Educação Infantil, demonstrando a valorização dos processos lúdicos e imaginativos para o desenvolvimento infantil. Para eles, tornar o jogo, a brincadeira e as suas interações elementos centrais no processo educacional e de direito na Educação Infantil é estar favorável e levar em consideração o desejo infantil de viver a infância em suas mais variadas formas de expressão brincante, sem desconsiderar as racionalidades, as construções de saberes nas culturas entre os pares e as vivências no cotidiano infantil. 20 Através dos jogos e brincadeiras, as crianças podem transformam os conhecimentos e experiências anteriores em conceitos gerais, com os quais brincam. Além disso, através da imaginação elas podem assumir diferentes papeis numa brincadeira. A criança pode, por exemplo, utilizar suas próprias características ou de outras pessoas para desempenhar uma função, no jogo ou brincadeira, entendendo que uma das formas de conhecimento nessa fase provêm da imitação de alguém. A fonte de conhecimento na infância é múltipla, mas estes encontram-se ainda fragmentados. Dessa forma, compreender os jogos e brincadeiras como direito de aprendizagem é entender que os mesmos são mais do que uma mera prática de descontração ou momento de lazer, passando a reconhece-las como um direito da criança que contribuirá na ampliação de capital cultural ainda na infância. Introdução dos jogos na prática educativa escolar As crianças gostam de vivenciar atividades como pular, correr, falar, gritar e gesticular, pois podem se movimentar de forma livre. Segundo Silva e Sampaio (2011) não é difícil notar nas crianças, o desejo em se movimentar, estando frequentemente correndo, se empurrando, agarrando, saltando, entre outros, sendo notória a satisfação que proporcionada por essas ações, as quais são percebidas pelos gritos de alegra e sorrisos de descontração. Nessa perspectiva, entende-se que as crianças demonstram certa necessidade de atividades físicas em um ambiente lúdico, tanto dentro, quanto fora do ambiente formal de ensino. É nesse sentido que as atividades lúdicas associadas às atividades motoras permitem às crianças uma relativa e confortável capacidade de adaptação ao longo da vida, em desafios de envolvimento físico e social (SILVA; SAMPAIO, 2011) sendo o jogo uma das principais formas de manifestação dessas atividades. Embora esteja vinculado à cultura popular, o jogo nem sempre foi tido como um aliado “ideal” da pedagogia tradicional. Hoje, contudo, se considera que as crianças aprendem jogando, já que fazem da própria vida um jogo constante, o que torna o jogo uma ferramenta formativa ao longo da infância e adolescência, proporcionando e potencializando a construção da identidade, contribuindo para elevar a coerência e a adesão do grupo, com ênfase nos seus sentimentos agregados. 21 A partir dos jogos pode-se propor uma participação mais ativa da criança ao longo do processo educativo. Entretanto é necessário motivá-la por meio de contextos lúdicos e ambientes pedagógicos, capazes de induzir à criatividade, necessária para enfrentar os desafios na vida. Todavia, a essência do jogo está na multiplicidade de oportunidades oferecidas para que o processo educativo seja incorporado. Aprender jogando é o primário, o mais simples e natural na criança, já que é o menos traumático, o que torna o processo de aprendizagem a partir do jogo muito eficiente, afinal esse processo, envolve tanto o prazer de quem o pratica quanto os resultados, experiências e ensinamentos que se acumulam e podem ser úteis nas mais diversas situações, comuns ao próprio jogo ou não. Existem milhares de jogos, bem como diversas formas de classificar o jogo. Algumas dessas formas são: Jogos populares ou tradicionais: são aqueles conhecidos também como jogos de rua, nosquais os elementos podem ser alterados e decididos pelos próprios jogadores, podendo variar o número de participante, com uma maior flexibilidade nas regras e sem exigir recursos materiais. Como exemplo de jogos populares temos a amarelinha, pique-pega, pique esconde, entre outros. Jogos de salão: também são conhecidos como jogos de mesa. Nesse tipo de jogo o gasto energético é menor, uma vez que a movimentação corporal nesses casos é bem reduzida. As regras nesses jogos são pré-determinadas e além disso pode ser realizado em pequenos espaços, os quais geralmente são fechados. Exemplos desse tipo de jogo são a dama, xadrez e banco imobiliário. Jogos esportivos: são aqueles que assumem características esportistas, assimilando-se a determinado esporte, como por exemplo mini handebol, três cortes e bobinho. Embora sejam seguidas as regras do esporte tradicional a prática dos jogos esportivos, volta-se para o jogar e não competir. Esses jogos podem ser utilizados para o ensino de habilidades técnicas e táticas. Jogos eletrônicos: são aqueles que necessitam de maquinas para serem jogados, como vídeo game, celulares e computadores. Nesses jogos não é comum haver a flexibilidade de regras, uma vez que as mesmas já são programadas. 22 6 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Conforme mencionado anteriormente, a organização e o planejamento são elementos fundamentais para o bom desenvolvimento prático das aulas. Conforme Priess (2020) as ações didáticas e seu sucesso têm uma relação direta com a organização prévia do professor em relação à seleção de conteúdos, metodologias e estratégias de ensino. Respeitando-se todas as etapas de planejamento de ensino, o desenvolvimento prático das ações será harmonioso e eficiente, atendendo de forma adequada aos objetivos propostos. O desenvolvimento das aulas de educação física deve estar atrelado à proposta pedagógica da escola e a uma relação dialética com os demais componentes curriculares que compõem o programa escolar. Dessa forma, deve-se ressaltar que o Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um instrumento e elemento norteador para o estabelecimento das possíveis relações entre os componentes curriculares, articulando-os. O profissional de educação física, assim como os das demais áreas de formação, precisa debater, discutir e estruturar o PPP de forma a integrar as ações docentes e tornar o ensino efetivo e eficiente. Para isso, torna-se fundamental que ao elaborar o plano de ensino e as demais ações o professor de Educação Física faça um mapeamento dos saberes das crianças e identifique as representações que elas possuem sobre a área, rompendo assim com a ideia de que o planejamento deve ser algo fechado, desvinculado dos valores e identidades das crianças. Para auxiliar na elaboração do planejamento, Scarpato (2007 apud Priess 2020) destaca algumas perguntas que considera essenciais no momento em que estão sendo elaboradas as ações didáticas, que são: “Para que vou ensinar? ”, “O que vou ensinar? ”, “Como vou ensinar? ”, “Com o que vou ensinar? ” e “O que, como e para que avaliar o que foi ensinado?”. Ao responder essas perguntas, o professor de forma eficiente e objetiva acabará organizando a estruturando as suas intervenções, uma vez que tais questionamentos acabam constituindo um passo a passo para a elaboração do planejamento, correspondendo aos objetivos, conteúdos à serem ensinados, procedimentos adotados, recursos didáticos e avaliação. 23 As metodologias e estratégias didáticas para se trabalhar os conteúdos da Educação Física, tem-se tornado objeto de discussão e pesquisa para diferentes autores. Entretanto Priess (2020) destaca que alguns aspectos são recorrentes e defendidos de forma quase unânime na literatura da área, como a presença do elemento lúdico nas atividades, pois a ludicidade faz parte da essência da criança e torna o ensino prazeroso e agradável, o que é fundamental na educação infantil. Desse modo, embora ainda existam aqueles que defendam o ensino ancorado na técnica e na repetição de gestos mecânicos, que visam a automatização e reprodução de movimentos, salienta-se que esse tipo de prática acaba não produzindo prazer aos praticantes, o que acarreta impactos negativos no processo de formação integral do sujeito. Nesse sentido, as aulas de Educação Física não podem ser restringidas aos simples exercícios de técnicas e táticas, visando o desenvolvimento de habilidades e destrezas, mas devem possibilitar que a criança além de vivenciarem os variados tipos de movimentos, sejam capazes de refletir sobre os mesmos, conquistando autonomia para exercer as diferentes práticas corporais, de maneira social e culturalmente significativa e adequada. O psicólogo norte-americano David Paul Ausubel (1982 apud Priess 2020) ao elaborar a sua teoria de aprendizagem, aponta que os saberes prévios dos estudantes devem ser valorizados, permitindo que os mesmos construam novas estruturas mentais, descobrindo e redescobrindo conhecimentos, caracterizando um processo de ensino-aprendizagem efetivo. Ele ainda destaca que para que haja uma aprendizagem significativa, primeiramente o aluno deve desenvolver a disposição para aprender e em segundo o conteúdo deve ser lógico e psicologicamente significativo. Por sua vez, Scarpato (2007 apud Priess 2020) ressalta que os conteúdos durante as aulas devem estimular os alunos a intervir em sua própria realidade, de modo a se adaptar às suas demandas complexas ou transformá-las, reconhecendo suas potencialidades e limitações. Por meio do aprendizado dos conteúdos da educação física, devem intervir nessa realidade pautando-se pela análise crítica, pelo domínio e pela aplicação de movimentos e dos elementos culturais relacionados a esses movimentos. 24 Nesse sentido, Priess (2020) apresenta algumas estratégias aplicadas no processo de ensino de Educação Física que têm apresentado resultados significativos, tornando-as eficientes. São elas: Oportunize autonomia à criança: por muito tempo o professor foi o reprodutor de conhecimentos e esse aspecto limitava a criatividade dos alunos e os tornava passivos. Essa postura precisa ser superada e o professor precisa ser um facilitador da aprendizagem, estimulando o aluno a descobrir e explorar suas potencialidades. Tenha os objetivos claros e bem definidos: quando se sabe de forma clara e concreta quais são os objetivos e finalidades das atividades propostas pelo professor, as crianças poderão entender e relacionar a atividade com situações práticas e darão mais valor ao que se está fazendo. Motivação e confiança não são conquistadas com ameaças ou autoritarismo: o professor precisa ter o controle sobre as ações durante as aulas, mas sem ser autoritário. O autoritarismo gera medo e apreensão, desmotivando o aluno e tornando o processo de ensino algo mecânico e reprodutivo. Torne suas aulas imprevisíveis: tudo que é totalmente previsível acaba se tornando monótono e chato. Utilize diferentes locais para a realização das aulas, mude as estratégias de ensino e os instrumentos didáticos; seja ousado, não tenha medo de criar e inovar; utilize dinâmicas diversificadas. O prazer torna o aprendizado mais significativo e eficiente. Saiba equilibrar a competição e a cooperação nas aulas: quando aplicada de maneira positiva e equilibrada, a competição pode ser um fator motivador para a realização de atividades nas aulas, mas deve-se ter o máximo de atenção para que não criar um ambiente de extrema rivalidade entre os participantes. Quanto à cooperação, todos podem serem beneficiados e vencedores, tendo o êxito dos resultados compartilhados. Saiba reconhecer a evolução e o méritos dos alunos: todo ser humano gosta de ser elogiado e valorizado. De nada adianta os alunos se esforçarem se a dedicaçãonão for reconhecida pelo professor. Frases estimuladoras como “Parabéns, excelente trabalho, continue assim” já são suficientes para deixar o aluno muito motivado e orgulhoso de seu desempenho 25 Estimule o debate e a reflexão: muitas crianças são inseguras e tem dificuldade de expor suas ideias em público. Procure encorajar seus alunos para o debate e reflexão crítica das atividades trabalhadas. Explore ao máximo as habilidades de cada aluno; Seja bem humorado e motivado durante as aulas: por mais que esteja cansado ou com problemas particulares, durante sua aula demonstre alegria e motivação. Lembre-se que o professor em sala geralmente é um só e os alunos são muitos; estamos o tempo todo sendo observados, e se não demonstrarmos alegria e motivação, os alunos tendem a não demonstrar interesse pela aula. Procure conhecer seus alunos: lembre-se que somos indivíduos únicos, cada um com suas características e peculiaridades. Procure conhecer os interesses e potencialidades de cada aluno. Não se pode esperar o mesmo resultado de todos. Aprenda a estimular cada aluno para que dê o máximo de si. Procure trabalhar o autocontrole e a ansiedade dos alunos: muitas vezes observamos alunos com um excelente potencial, mas com dificuldade no rendimento devido a ansiedade, nervosismo, baixa autoestima e outros aspectos que podem prejudicar de maneira significativa seu rendimento. Procure desenvolver atividades que trabalhem esses aspectos e que possam auxiliar no desenvolvimento pessoal de cada aluno. Crie, recrie e busque sempre estratégias inovadoras de ensino: o segredo de um profissional de sucesso na área da educação é não se acomodar. Busque constantemente formas diversificadas de trabalho, tendo como premissa que o ensino deve ser algo agradável e divertido. Estudar não pode ser uma mera formalidade e uma simples obrigação. Portanto, pode-se entender a partir disso que a diversidade de conteúdos e possibilidades da Educação Física no meio educacional é de suma importância para o desenvolvimento do sujeito. Entretanto, sabe-se que ainda assim são muitos os desafios que essa área enfrenta para alcançar a sua legitimidade. Cabe então ao professor de Educação Física assumir sua posição enquanto mediador de conhecimento e elaborar boas práticas, que elevem a qualidade das intervenções e consequentemente contribuam para a construção de uma visão mais positiva da área. 26 7 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES Ao observar as crianças desde os primeiros anos de vida, verifica-se que elas investem grande parte do seu tempo brincando, jogando e desempenhando atividades lúdicas. O brincar e o jogar são tão fundamentais para a criança, que podem ser classificados como uma necessidade básica quando se considera que essas atividades influenciarão diretamente o seu desenvolvimento ao longo da vida. Todavia, os adultos têm dificuldade de entender que o brincar e o jogar têm um grande valor para a criança, ou seja, eles são uma necessidade. Essa necessidade que a criança tem, quando não suprida, torna-se um problema que afeta diretamente o seu aprendizado e causa prejuízos inestimáveis ao seu processo de desenvolvimento. De Meur e Staes (1991 apud BATISTA, 2020) relatam que alguns problemas de percepção espacial que a criança apresenta podem causar prejuízos à identificação de algumas palavras, ficando a criança incapaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q” e um “21” de um “12” caso não perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não distingue bem o alto e o baixo, a criança confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”. Os problemas quanto à orientação temporal e à orientação espacial (p. ex., a noção “antes-depois”) acarretam, principalmente, confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade ao reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a análise gramatical um quebra-cabeça para ela. Além disso, uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para calcular, a criança deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira” e de “coluna”, bem como conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas. O professor que analisa os erros de seus alunos geralmente descobrirá as causas nas lacunas precipitadas e nas perturbações psicomotoras. Apesar dos autores acima apontarem essa visão com relação às dificuldades de aprendizagem, deve-se ter cuidado ao analisar cada caso, pois essa ideia permite pensar que é possível compensar ou preparar os alunos para a aprendizagem dos conteúdos escolares apenas fazendo exercícios de repetição no âmbito motor, 27 quando, na verdade, o problema não é tão simples assim, dadas as particularidades de cada situação. Ou seja, as brincadeiras e os jogos, nessa situação, constituem estratégias e possibilidades de trabalho junto às crianças, atuando como forma de prevenção ou até mesmo de intervenção em casos em que já se encontra instalado algum tipo de atraso motor. Quanto à questão da escolha de estratégias e possibilidades para realizar um trabalho de educação física na educação infantil, não se pode esquecer que um dos principais aspectos é a motivação. Desenvolver formas de trabalhar que consigam motivar os alunos ao longo do processo de ensino é imprescindível, pois estando motivados, os mesmos encontram-se mais ativos e empenhados no processo de ensino-aprendizagem. Fonseca (2008 apud BATISTA, 2020) apresenta um contraponto com relação a essa visão apresentada por De Meur e Staes, utilizando, inclusive, mais argumentos com relação às dificuldades de aprendizagem e revelando um bom senso no que se refere a essa questão. O autor define, que nessa perspectiva, o psiquismo integra a totalidade dos processos cognitivos, compreendendo as funções de atenção, processamento e integração multissensorial (intero, próprio e exteroceptiva) e de planificação, regulação, controle e execução motora. Além disso, no que se refere à motricidade, esta é entendida como o conjunto de expressões mentais e corporais que envolvem funções tônicas, posturais, somatognósicas e práxicas que suportam e sustentam as funções psíquicas. A motricidade então, é entendida segundo Fonseca (2008 apud BATISTA, 2020), como o conjunto de expressões corporais não verbais e verbais, pois a linguagem não deixa de ser uma oromotricidade, em que participam variados músculos, os quais sustentam e suportam as manifestações do psiquismo, sendo este entendido como o funcionamento mental total. 8 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL O processo avaliativo configura-se como parte fundamental do processo de ensino aprendizagem, afinal, é o momento em que o professor além de verificar o desenvolvimento dos seus alunos, pode identificar os erros e acertos da sua própria prática. 28 Na educação infantil, o processo avaliativo deve ter como objetivo delinear a continuidade da ação pedagógica, respeitando a criança, o seu desenvolvimento e a sua singularidade. Ou seja, é por meio de práticas avaliativas que o professor verifica o desenvolvimento das crianças e, a partir disso, propõe as mudanças necessárias. Nesse mesmo sentido Vaz (2017) aponta que avaliar é sempre uma atividade complexa e quando se trata da Educação Física não é diferente. Sendo assim, a avaliação não pode ser um simples meio para atribuir nota ao aluno e deve ir além da simples verificação do seu desempenho. Com ela, o professor pode compreender o aluno e verificar se suas metodologias de ensino estão sendo eficientes e se os objetivos de aprendizagem estão sendo atingidos. De acordo com Darido (2012 apud PRIESS, 2021), avaliar é auxiliar o aluno a perceber suas potencialidades, facilidades e dificuldades, além deajudá-lo a identificar seus progressos para avançar continuamente no processo de ensino. O processo avaliativo não pode ser inflexível, mas deve ser estudado e elaborado considerando-se diversos aspectos. No campo educacional, são apresentadas diferentes orientações que podem auxiliar os professores, tanto na organização das estratégias avaliativas quanto nas escolhas mais adequadas para a turma e o momento educacional. O Coletivo de Autores (1992 apud PRIESS, 2021) que trata de uma abordagem mais crítica da Educação Física, apresenta propostas para a organização do processo avaliativo na Educação Física escolar, destacando alguns desses aspectos: 1. Projeto histórico: a avaliação precisa considerar o contexto histórico em que está inserida, ou seja, a sociedade, suas características, seus agentes, sua história, considerando a realidade local e regional. 2. Condutas humanas: o processo ensino-aprendizagem da educação física deve envolver conhecimentos, habilidades e atitudes, considerando as condutas sociais dos alunos nas suas mais diversas manifestações, tendo a expressão corporal como linguagem. Deve, portanto, considerar a observação e a análise da conduta humana que se expressam no desenvolvimento de atividades. 3. Práticas avaliativas: práticas mecânico-burocráticas (aplicar testes, selecionar alunos, dar notas, detectar talentos) não são adequadas. É importante buscar práticas produtivo-criativas e reiterativas, que mobilizem a consciência dos alunos, seus saberes, capacidades cognitivas, habilidades e atitudes. Assim, podem enfrentar 29 problemas e necessidades com novas soluções para as relações consigo mesmo, com os outros e a natureza. Essas soluções encontradas criativamente podem ser estendidas a outras situações semelhantes. 4. Decisões em conjunto: deve-se considerar uma perspectiva dialógica, comunicativa e interativa que permita aos envolvidos participarem das avaliações de diversas maneiras, como decidir em conjunto, cada qual assumindo responsabilidades. No marco referencial estabelecido para a aula, o aluno deve ter a possibilidade de expressar seus objetivos de ação e participar da sua avaliação coletiva. 5. Tempo pedagogicamente necessário para a aprendizagem: a avaliação está relacionada às decisões que competem ao professor ou à equipe pedagógica da escola, melhorando o processo ensino-aprendizagem com, por exemplo, atenção ao tempo necessário para que o aluno aprenda ou ao número de aulas para tratar de certo tema adequado ao ritmo de aprendizagem da turma. 6. Compreensão crítica da realidade: é crucial romper com visões abstratas e irreais que igualam os alunos. O patrimônio cultural se expressa nas possibilidades corporais, nos conhecimentos sobre a cultura corporal, diferenciando-se de acordo com a condição de classe dos alunos. Medidas e avaliações podem possibilitar uma leitura crítica dessas condições, ampliando a compreensão sobre elas. 7. Privilégio da ludicidade e da criatividade: as práticas e estratégias lúdicas oportunizam o desenvolvimento e o aprimoramento da criatividade e estimulam a participação dos alunos. É muito importante que as estratégias avaliativas privilegiem os princípios da ludicidade e da criatividade, tornando o processo de ensino mais atraente e motivante. 8. Nota como síntese qualitativa: a nota deve ser um resultado que permita constatar a aproximação ou o distanciamento do eixo curricular privilegiado no projeto pedagógico e não um castigo ou compensação para o aluno. 9. Reinterpretação e redefinição de valores e normas: é necessário criar situações em que normas, valores, regras e padrões sejam criticados, reinterpretados e redefinidos. Durante a aula, os alunos devem participar criticamente da reinterpretação dos valores e procedimentos que sustentam a avaliação. A escola, portanto, deve ser um espaço de construção, inventividade, criação de alternativas e possibilidades individuais e coletivas. É importante que os professores 30 estejam constantemente ressignificando suas ações, de modo a produzir diferentes possibilidades avaliativas. Vale ressaltar que na literatura existem algumas modalidades de avaliações, as quais serão descritas a seguir: Avaliação diagnóstica De acordo com Bloom, Hastings e Madaus (1983 apud PRIESS, 2021), essa modalidade objetiva determinar se os estudantes têm habilidades para alcançar os objetivos do conteúdo a ser estudado, determinar o seu nível de domínio prévio e classificá-lo quanto às alternativas de ensino. Além disso, quando aplicada durante a instrução, propõe determinar as causas subjacentes a repetidas deficiências na aprendizagem. Com essa modalidade, o professor pode realizar um diagnóstico para identificar o grau de conhecimento prévio dos alunos em relação à área específica e aos conteúdos a serem trabalhados. Pode, também, adequar seu planejamento para preencher as possíveis lacunas no quesito conhecimento e buscar metodologias de ensino mais adequadas para os alunos. Avaliação formativa Tyler, Gagné e Scriven (1967 apud PRIESS, 2021) defendem que a avaliação seja feita de forma processual, proporcionando uma interação entre professor e aluno ao longo do processo ensino-aprendizagem. Por ser uma forma de avaliação constante, o professor e o aluno conseguem ter informações acerca dos objetivos alcançados e os esforços necessários para desenvolver o que ainda não foi atingido. Na história da educação física, observou-se que a avaliação formativa foi bastante utilizada, mas muitas vezes sem uma organização ou padronização; procurava-se avaliar de forma constante, mas os critérios avaliativos nem sempre eram claros e objetivos. Avaliação somativa Para Tyler, Gagné e Scriven (1967 apud PRIESS, 2021), essa avaliação assume o papel de uma avaliação final, normalmente classificatória, em que o aprendizado é, de certa forma, quantificado. Com a avaliação formativa, são atribuídas notas e conceitos aos alunos para aprovação ou reprovação. Embora ainda muito utilizada, 31 vem sendo reestruturada e complementada com outras modalidades avaliativas para tornar o processo mais assertivo e justo. Para que possamos pensar o processo avaliativo na educação física de uma forma mais abrangente, inicialmente é preciso superar a visão da educação física como uma disciplina com conteúdos exclusivamente práticos e tecnicistas, baseados nas práticas esportivas e no desenvolvimento de aptidões físicas. Essa prática não pode mais predominar quando se pensa na educação física como conteúdo básico da educação. 32 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, W. A. Jogos, brincadeiras e atividades para o desenvolvimento da criança. Porto Alegre: SAGAH, 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. CRUZ, S. G; OLIVEIRA. T.A; FANTACINI, R.A.F. 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