Buscar

EDUCAÇÃO-FÍSICA-NA-EDUCAÇÃO-INFANTIL-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ytujyujyuj 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................... 4 
3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 9 
4 EDUCAÇÃO FÍSICA E LUDICIDADE ....................................................... 15 
5 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................... 17 
6 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................................... 22 
7 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTRATÉGIAS E 
POSSIBILIDADES ..................................................................................................... 26 
8 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......... 27 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 32 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Fonte: impulsiona.org.br 
Sabe-se que historicamente a Educação Física assumiu diferentes 
perspectivas a fim de atender as necessidades da sociedade em diferentes épocas. 
Além disso, a Educação Física possui um leque abrangente de campos de 
intervenção, seja na área da saúde, esportiva, recreativa ou escolar, o que torna 
necessário limitar tais campos, para melhor definir os objetivos da Educação Física 
em cada uma das áreas. 
 No campo de intervenção educacional, a Educação Física já assumiu diferentes 
perspectivas, sendo a última delas a ideia de cultura corporal de movimento, a qual 
deriva de abordagens críticas da Educação Física e condena a visão de que a mesma 
é mera atividade no interior das instituições escolares. Segundo Silveira e Pinto (2001) 
a função da Educação Física é educar para compreender e transformar a realidade 
que nos cerca, a partir da cultura corporal de movimento que se expressa nos jogos, 
brincadeiras, lutas, esportes, ginásticas e danças. 
 
5 
 
 Dessa forma, entendendo que a educação escolar busca a formação integral 
do aluno, torna-se importante que o mesmo conheça, entenda, escolha, transforme e 
vivencie os diferentes tipos de práticas corporais, bem como os valores associados ás 
mesmas, para que seja capaz de construir uma opinião sobre essas práticas e não 
apenas seguir o senso comum. É nesse sentido que a Educação Física se justifica 
nas escolas, uma vez que não há outro espaço para trabalhar os jogos, as 
brincadeiras, os esportes, o movimento na perspectiva da cultura corporal, se não for 
nas aulas de Educação Física. 
Sendo assim, torna-se importante que as intervenções nas aulas de Educação 
Física, considerem as especificidades de cada ciclo de escolarização, os quais 
correspondem a Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e 
Ensino médio, uma vez que os estudantes se encontram em estágios diferentes de 
desenvolvimento. 
Ao pensarmos as aulas de Educação Física na educação infantil, entendemos 
que ainda é um desafio ser professor de Educação Física na educação infantil, pois 
nesse ciclo de escolarização, ainda há uma forte presença de pedagogos ou dos 
chamados professores de classe. Observa-se também que o ensino da Educação 
Física é limitado, visto de forma fragmentada, reduzindo as intervenções a momentos 
de lazer e tempo livre, onde se desenvolvem atividades desarticuladas, com 
planejamento precário, reforçando a baixa qualidade do ensino. 
 Por vezes, o primeiro contato com o ambiente escolar acontece quando a 
criança ingressa em tal ciclo de escolarização. Dessa forma, Priess (2021) destaca 
que a Educação Física exerce um papel importantíssimo no processo de 
desenvolvimento integral da criança, pois nesse período ocorrem importantes etapas 
do seu desenvolvimento, nos aspectos físicos, intelectual, motor, afetivo e social. 
Além desses aspectos, as vivências na educação infantil, iniciam o processo 
de socialização considerando que em alguns casos é a partir da inserção na educação 
infantil que a criança passa a ter contato com terceiros, fora do ambiente familiar, o 
que também configura aspecto importante para o desenvolvimento da criança. 
 Dessa maneira, para que as vivências nesse ciclo sejam efetivas e contribuam 
para o desenvolvimento de sujeitos autônomos e conscientes, capazes de construir 
uma visão crítica dos conteúdos trabalhados na Educação Física escolar, torna-se 
necessário repensar as práticas de ensino, bem como os elementos a serem 
 
6 
 
trabalhados a fim de adequá-los a esse tipo de formação, pois como destaca Palma 
(2021) a falta de clareza dos conteúdos a serem trabalhados na Educação Física 
acaba gerando dúvidas e desarticulação nos procedimentos de ensino, o que impacta 
negativamente no processo de ensino aprendizagem. 
 Sendo assim, o planejamento dos conteúdos configura momento importante 
para a efetividade das intervenções, sendo importante que o mesmo esteja alinhado 
aos objetivos do ciclo de escolarização, que neste caso é a educação infantil. 
 Conforme a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, a qual norteia os 
currículos das instituições de ensino: 
(...) vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que 
vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo 
indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches e 
pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos 
pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua 
comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o 
objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e 
habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas 
aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação 
familiar (BRASIL, 2017). 
 Pode-se observar então que se espera que as vivências na educação infantil 
sejam capazes de ampliar o repertório das crianças em diferentes dimensões, 
possibilitando que as mesmas aprendam coisas novas. Para isso é fundamental que 
seja respeitada a diversidade cultural, uma vez que o Brasil é um mais com grande 
extensão territorial e pluralidade cultural, tornando necessário que ao se realizar o 
planejamento, o professor considere o ambiente em que está inserido, se apropriando 
de todo o conhecimento possível afim de elaborar intervenções que contribuam para 
o desenvolvimento da criança. 
 Além da BNCC, outro documento apresenta diretrizes para o ensino na 
educação infantil, chamado de Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil 
(DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), o qual deve ser observado durante a 
organização de propostas pedagógicas na Educação Infantil. 
 
7 
 
 Em seu artigo 9º, a DCNEI, afirma que aspráticas pedagógicas que compõem 
a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as 
interações e a brincadeira. Além disso, essas práticas devem garantir experiência que: 
 I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da 
ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que 
possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e 
respeito pelos ritmos e desejos da criança; 
 II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o 
progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de 
expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; 
III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação 
e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes 
suportes e gêneros textuais orais e escritos; 
IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações 
quantitativas, medidas, formas e orientações espaçotemporais; 
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades 
individuais e coletivas; 
VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a 
elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, 
auto-organização, saúde e bem-estar; 
VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e 
grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de 
identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade; 
VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o 
questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em 
relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; 
IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com 
diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, 
cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; 
X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento 
da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como 
o não desperdício dos recursos naturais; 
XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das 
manifestações e tradições culturais brasileiras; 
 
8 
 
XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, 
máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos 
(DCNEI, RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 5/2009). 
 Observa-se que as DCNEI também valorizam a pluralidade de experiências, a 
diversidade cultural, a socialização e a busca pela construção de um sujeito autônomo 
e crítico como aspectos importantes a serem considerados durante a elaboração do 
planejamento das intervenções na educação infantil. Sendo assim, cabe ao professor 
de Educação Física planejar intervenções que respeitem e potencializem esses 
aspectos, de forma a garantir a qualidade do processo formativo. 
 
Os pilares da educação infantil na rotina pedagógica 
 
A educação para a infância está apoiada em três pilares: cuidar, educar e 
brincar (SOUZA, 2020), os quais revelam o interesse na busca por um novo espaço, 
que seja lúdico e vise a integração de conhecimentos. Para Souza (2020) a ideia de 
cuidar e educar impregnam a ação pedagógica de consciência, fazendo emergir uma 
visão plena do desenvolvimento infantil, baseando-se em concepções que respeitam 
a diversidade e as especificidades da infância, possibilitando que ás crianças 
busquem autonomia e iniciem o processo de construção identitária. 
 O cuidar segundo Cruz, Oliveira e Fantacini (2017) significar acompanhar, 
apoiar, incentivar ou seja, a interação afetiva entre o professor e o aluno, enquanto o 
educar refere-se à mediação entre a criança e o conhecimento, apresentando a ela o 
novo e direcionando-a para a realidade social, possibilitando que a mesma desenvolva 
suas habilidades. Já o brincar é considerado momento impar para o desenvolvimento 
infantil, uma vez que a mesma interage com diferentes pessoas e brinquedos, 
desenvolvendo a imaginação e a criatividade. 
 Quanto a rotina pedagógica, como já apresentado, ás práticas devem ser 
norteadas pelas interações e as brincadeiras, as quais são essenciais segundo Souza 
(2020) para que haja uma prática pedagógica intencional e promotora de 
aprendizagem e desenvolvimento infantil, fazendo com que as crianças vivenciem 
experiências e construam conhecimentos a partir de suas ações e interações com 
terceiros, sejam eles crianças ou adultos. É importante também que a criança seja 
 
9 
 
capaz de participar do planejamento e das propostas pedagógicas, opinando na 
escolha das atividades, bem como no desenvolvimento das mesmas. 
3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Fonte: novaescola.org.br 
A Educação Física abordada na escola, busca transmitir às novas gerações um 
rico patrimônio cultural da humanidade ligado aos jogos e esportes, às danças e 
ginásticas que demoraram séculos para serem construídos (DARIDO, 2012). 
Considerando que a infância é uma fase de descobertas, a Educação Física 
segundo Ribeiro, Ribeiro e Oliveira (2021) destaca-se na educação infantil, por 
desenvolver práticas corporais que proporcionam uma diversidade de experiências, 
nas quais a criança pode criar, recriar, vivenciar novos movimentos, reelaborar ideias 
e conceitos acerca de suas ações. 
As experiências infantis se materializam, sobretudo, em suas ações corporais 
(MELLO et al;2016) e é através de seus corpos em movimento que as crianças 
interagem consigo mesmas, com os outros e com o seu meio, construindo 
conhecimentos e afirmando as suas identidades, internalizando e produzindo cultura, 
ou seja, as ações motoras configuram espaço privilegiado da experiência infantil. 
 
10 
 
Como bem sabemos, as crianças aprendem brincando, o que torna 
imprescindível o desenvolvimento e vivências de variados movimentos e gestos 
corporais. É aí que se justifica a importância da Educação Física, uma vez que a 
mesma trabalha diretamente com o movimento, podendo dessa forma, adotar práticas 
pedagógicas intencionais, as quais podem promover o desenvolvimento da criança 
em seus aspectos emocionais, motores, cognitivos e sociais. Santos (2020) afirma 
que em uma perspectiva macro o objetivo da Educação Física na educação infantil é 
aliar o desenvolvimento das habilidades motoras às capacidades cognitivas e 
socioemocionais, visando o desenvolvimento integral da criança. 
Embora existam documentos que norteiam a prática profissional na educação 
infantil, é importante ressaltar que a BNCC e outros documentos são apenas 
documentos norteadores, sendo necessário que o professor de Educação Física 
elabore seu planejamento a partir do que ele observa do ambiente, das características 
dos seus alunos e dos interesses dos mesmos. Ou seja, na prática, o professor de 
Educação Física, deverá elaborar um planejamento a curto, médio e longo prazos, 
especificando no plano de aula, no plano da unidade didática e no plano de curso, 
respectivamente, as atividades que pretende desenvolver ao longo das suas aulas, 
demarcando os objetivos de suas intervenções em cada um dos bimestres. 
Durante as aulas de Educação Física, assim como nas demais, deve-se 
estimular o desenvolvimento pleno das crianças, levando-as a desenvolver a 
criticidade e a criatividade, tornando-as produtoras de conhecimento. Para isso, é 
importante também que o professor interaja com seus alunos de forma responsável, 
uma vez que ele é quem faz a mediação entre o conhecimento e a criança. O professor 
também pode utilizar o repertório de conhecimento que a criança traz consigo, como 
base para desenvolver o seu planejamento didático, buscando o desenvolvimento de 
habilidades e competências a serem alcançadas nesse período do processo de 
escolarização. 
Torna-se fundamental também, que o professor de Educação Física planeje 
atentamente suas intervenções, assumindo o compromisso de que todas as suas 
ações sejam pedagógicas e intencionais, preocupando-se com as especificidades e 
necessidades decada criança, criando possibilidades de formação humana e também 
garantindo à criança uma educação de qualidade. 
 
11 
 
A Educação Física na educação infantil precisa então, ser planejada com 
perspectivas diferentes do cotidiano, pois os períodos de desenvolvimento são 
diferentes entre os seres humanos e dependem de condições sociais, históricas e 
culturais. Torna-se importante assim, que os espaços e o tempo das intervenções 
sejam bem planejados a fim de otimizar as experiências, tornando as vivências mais 
organizadas e atrativas, o que também é importante para o desenvolvimento infantil. 
Somado a isso, por meio das suas propostas pedagógicas, as intervenções nas 
aulas de Educação Física devem garantir ás crianças os seis direitos fundamentais 
que estão descritos na BNCC (BRASIL, 2017), os quais são: 
Conviver: com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, 
utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o 
respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 
Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, 
com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso 
a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas 
experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e 
relacionais. 
Participar: ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento 
da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização 
das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais 
e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, 
decidindo e se posicionando. 
Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, 
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da 
natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas 
diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 
Expressar: como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, 
emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, 
por meio de diferentes linguagens. 
Conhecer-se: e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo 
uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas 
experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na 
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. 
 
12 
 
Esses direitos descritos na BNCC, buscam garantir que as crianças desfrutem 
da liberdade de interagir, brincar, movimentar-se e explorar a realidade à sua volta, 
cabendo ao professor de educação física elaborar atividades didáticas que articulem 
bem a teoria e a prática. Sendo assim, Santos (2020) destaca que não é à toa que os 
eixos estruturantes do ensino infantil são a brincadeira e a interação, pois o ato de se 
movimentar apresenta-se como o elo entre o que as crianças já sabem, de modo que 
consigam fazer determinada tarefa sem a ajuda do professor, e o que elas podem 
aprender a explorar ao seu redor. 
Nesse sentido, é a partir das práticas corporais que os professores de 
Educação Física podem trabalhar com as crianças diferentes dimensões do conteúdo, 
transmitindo valores e atitudes a partir do trabalho pedagógico, tendo como missão 
conciliar o ato de movimentar-se, as interações, as brincadeiras e os jogos (SANTOS, 
2020), tendo a ludicidade como chave para adentrar o universo infantil e potencializar 
o processo de ensino-aprendizagem das crianças, ainda que a carga horária 
destinada às intervenções seja reduzida. 
 
Atuação prática na educação infantil 
 
Para que se possa compreender e justificar a presença do professor de 
Educação Física na educação infantil, é importante que se entenda a função desse 
profissional no interior das instituições escolares. De acordo com a literatura 
educacional o professor deve ter noção clara do seu papel social e político, enquanto 
formador de sujeitos, os quais irão atuar na sociedade. 
Entretanto, o desenvolvimento ou não de tal noção está atrelada ao processo 
formativo pelo qual os professores vêm passando pois é este processo que lhe dará 
condições de desenvolver a criticidade, bem como um bom trabalho docente. Negrine 
(2002 apud Priess 2020) destaca que é necessário que o professor tenha um 
excelente domínio de conhecimentos da sua área e de metodologias pedagógicas e 
didáticas diversificadas, para não correr o risco de ser um profissional despreparado 
e desmotivado para exercer sua função, ficando limitado a ser um reprodutor de 
conhecimentos. O autor ainda reforça que, quando crianças estão sob a tutela de um 
professor despreparado por um período determinado tempo, destinam-se à 
 
13 
 
estagnação ou a um desenvolvimento lento e insatisfatório, considerando o potencial 
da criança. 
O professor de educação física na educação infantil exerce um papel de muita 
importância e responsabilidade, afinal de contas essa provavelmente é a primeira 
etapa educacional formal pela qual a criança deve passar, o que torna sua 
responsabilidade ainda maior. 
Quando ocorre da escola contar com um único professor, geralmente com 
formação em pedagogia, que deve ministrar todos os conteúdos da educação infantil, 
com muita frequência as aulas de educação física acabam tendo enfoque quase que 
exclusivo no aspecto recreativo, como um momento de lazer e liberdade para que as 
crianças brinquem livremente. 
O ato de brincar de forma espontânea é muito importante, mas quando se tem 
o conhecimento do potencial educativo que os jogos e as brincadeiras podem exercer 
no processo de desenvolvimento infantil, percebe-se que uma grande oportunidade 
didática está sendo desperdiçada. Brandl e Brandl Neto (2013 apud Priess 2020) 
acrescentam que a situação do professor unidocente acaba reforçando a importância 
do profissional de educação física, que estará melhor preparado para trabalhar os 
conteúdos específicos da área e oportunizar o desenvolvimento infantil integral. 
A função do professor não se limita somente a aplicar conteúdos e desenvolver 
suas aulas, vai muito além disso. Crianças, principalmente na educação infantil, 
muitas vezes têm seus professores como ídolos e exemplos para sua formação. Isso 
amplia as responsabilidades do professor, que pode ser uma referência para o aluno 
(positiva, negativa ou neutra). 
Brandl e Brandl Neto (2013 apud Priess 2020) destacam que, em escolas onde 
existe a presença do profissional com formação específica, há um crescente 
desenvolvimento dos alunos. A colaboração entre o professor de classe e o professor 
de educação física é muito benéfica, sendo que o professor de educação física 
trabalhará aspectos diversificados da motricidade humana, do jogo e do lúdico, 
conhecimentos que muito provavelmente o professor da classe não dispõe ou 
conhece apenas superficialmente. 
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018 apud Priess 2020) 
estabelece que o professor na educação infantil nas suas intervenções tem o dever 
de propor objetivos que visem ampliar o universo de experiências, habilidades e 
 
14 
 
conhecimentos das crianças, promovendo a diversificação e consolidação de novas 
aprendizagens, complementando à educação familiar, em especial quando se refere 
ao processo formativo de crianças bem pequenas, onde se envolve aprendizagens 
muito próximas tanto no contexto familiar, quanto no escolar, da socialização, a 
autonomia e a comunicação. 
O professor, na sua prática pedagógica, deve ser capaz de perceber que a 
interação ao longo da brincadeira é característica do cotidiano infantil, trazendo 
consigo diversas aprendizagens em potencial para o desenvolvimento integral das 
crianças. Assim, torna-se importante observar as interações e brincadeiras realizadaspelas crianças, identificando, por exemplo, a existência de expressões de afetos, das 
frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. 
Segundo Palma, Palma e Oliveira (2010 apud Priess 2020), no âmbito da 
educação física na educação infantil, podemos sintetizar os núcleos didáticos e seus 
respectivos objetivos pelos itens listados a seguir. 
 O movimento e a corporeidade: organizar situações de vivências corporais e 
estudos que possibilitem experiências motoras em constantes interações com 
objetos e pessoas. 
 O movimento e os jogos: possibilitar a vivência de manifestações lúdicas 
como integrantes da cultura motora, contribuindo para o processo de 
construção da motricidade. 
 O movimento em expressão e ritmo: promover a experiência do movimento 
rítmico como forma de expressão corporal e de representação social, 
valorizando-o em diversas manifestações culturais. 
 O movimento e a saúde: possibilitar situações que promovam a compreensão 
dos aspectos relacionados à higiene e à saúde, destacando os benefícios que 
esses conhecimentos e atitudes podem trazer para a melhoria das ações 
cotidianas e espontâneas. 
Em seus estudos, Mattos e Neira (2000 apud Priess 2020) destacam 
informações importantes para a atuação pedagógica do professor. Eles ainda 
destacam que a epistemologia genética constatou que o processo de aprendizagem 
é individual para o aluno, o que equivale a dizer que cada criança aprende do seu jeito 
e de forma diferente de seus colegas. Portanto, em uma turma com 20 alunos, haverá 
 
15 
 
20 processos individuais de construção do conhecimento, mobilizados diferentemente 
nas mesmas atividades de ensino. 
Confirmando-se essa afirmação, somente esse fato já justificaria a presença do 
professor de educação física na educação infantil, pois é quem tem a capacidade de 
lidar com essas diferenças e selecionar estratégias pedagógicas que atendam às 
necessidades de seus alunos. 
Uma dos papéis de destaque do professor no processo educacional é o da 
reflexão na ação, elaborando as atividades e proporcionando novas e diferentes 
interações durante cada uma delas, reorganizando grupos e lançando 
questionamentos, o que proporcionará a estruturação de novos conhecimen tos, isto 
é, a ascensão a níveis mais elevados dos saberes empregados para solução dos 
problemas apresentados (MATTOS; NEIRA, 2000 apud Priess 2020). Nesse sentido, 
os autores ressaltam que, diferentemente do que se pregava anteriormente, o centro 
de interesse é a interação professor/aluno/conhecimento, e não apenas o aluno. O 
educador precisa manter-se atento à qualidade das interações com os objetos de 
conhecimento proporcionadas pelas atividades, constituindo-se um orientador, guia e 
facilitador da aprendizagem. 
4 EDUCAÇÃO FÍSICA E LUDICIDADE 
A ludicidade apresenta-se como característica fundamental no processo de 
ensino-aprendizagem na educação infantil, caracterizando-se como a expressão do 
desafio, da curiosidade, do novo, do inusitado, do envolvimento e do prazer seja para 
aprender, para ensinar ou simplesmente para viver (SILVEIRA; PINTO, 2001). A mera 
reprodução de movimentos, além de descaracterizar o papel das aulas de Educação 
Física escolar junto a formação integral do sujeito, pode inibir a ludicidade nas 
intervenções, trazendo prejuízos ao processo de ensino. 
Sendo assim, Severino e Porrozzi (2010) afirmam que a ludicidade, a qual 
representa-se no ato de brincar, configura um importante e imprescindível 
instrumento pedagógico. Para os autores a brincadeira possibilita a participação 
dos alunos quando em contato com os conteúdos pré-programados, tornando 
assim o processo de ensino-aprendizagem uma prática prazerosa, enfatizando a 
espontaneidade, a alegria e a socialização. 
 
16 
 
Nesse sentido, a ludicidade na Educação Física é uma ferramenta potencial 
para que sejam atingidos os objetivos propostos em cada uma das intervenções 
no ambiente escolar proporcionando a ampliação dos conhecimentos infantis, pois 
no decorrer das aulas, a atividade lúdica possibilita à criança momentos para criar 
e representar a realidade e as experiências por ela vivenciadas no seu cotidiano. 
Vale ressaltar, que se tratando a educação infantil, é importante que a 
ludicidade esteja presente em todas as disciplinas sempre que possível, uma vez 
que esse elemento pode funcionar como instrumento pedagógico, favorecendo a 
aprendizagem através do bom humor, alegria, liberdade e espontaneidade. 
A ludicidade ou o simples ato de brincar está presente no cotidiano da criança 
nos diferentes momentos, contribuindo para o desenvolvimento da inteligência, do 
corpo e a socialização. Entretanto devido ao processo de globalização e o aumento 
da disseminação de jogos eletrônicos, bem como o acesso à internet, tem se 
observado um frequente declínio da prática de brincadeiras entre as crianças, ao 
contrário do que era tempos atrás, onde as vivências corporais eram variadas e mais 
constantes. 
A partir das suas experiências, a criança aos poucos vai se inserindo no 
ambiente social, construindo a sua percepção de mundo. A atividade lúdica, quando 
bem planejada, pode contribuir nesse processo de construção de novas percepções 
pois, além de proporcionar prazer e diversão, representa em algumas ocasiões um 
momento de provocação do pensamento da criança e também de sua inserção social 
(SEVERINO; PORROZZI, 2010). Dessa forma, cabe à Educação Física estimular 
diferentes vivências, em diferentes espaços e tempos a fim de ampliar a bagagem de 
experiências da criança, sempre levando em consideração as especificidades do 
universo infantil. 
A partir das atividades lúdicas, as crianças podem desenvolver sensibilidades 
e desenvoltura para a socialização e relacionamentos em grupo. Outros aspectos que 
podem ser desenvolvidos além de aspectos motores é a capacidade de raciocínio e a 
comunicação, que podem ser trabalhados de forma interdisciplinar com as demais 
disciplinas do currículo da educação básica. 
Sendo assim, é importante destacar que em benefício do desenvolvimento 
infantil, é necessário que sejam criadas oportunidades que estimulem a imaginação 
infantil e a descoberta do próprio corpo. Mas, para isso, é fundamental que os adultos 
 
17 
 
que cercam as crianças, dentro e fora do ambiente escolar, tomem consciência dessa 
necessidade e da importância de tal estimulo para o desenvolvimento infantil. 
Nesse sentido, Mello et al (2016) defendem a ideia de que os aspectos 
emergentes da cultura lúdica no universo infantil, os quais se expressam por meio de 
jogos e brincadeiras, devem constituir o eixo norteador pelo qual o trabalho 
pedagógico na educação infantil deve se articular. Sendo assim, a Educação Física, 
considerando o seu campo de atuação e intervenção apresenta-se como parte 
fundamental do currículo da educação básica. 
Todavia, vale ressaltar que a ludicidade não deve ser utilizada de forma isolada, 
apenas como forma de descontração, mas sim, como aliada na busca pelo 
desenvolvimento crítico da criança, levando-a a pensar, criar as próprias dúvidas, 
encontrar as respostas, desenvolvendo formas de se expressar e se comunicar 
através dos jogos, brincadeiras, danças, lutas ou qualquer outra forma de expressão 
da cultura corporal de movimento. 
5 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Fonte: soescola.com 
O brincar pode ser considerado como uma ação fundamental para o 
desenvolvimento humano. Segundo Macedo, Petty e Passos (2007) brincar é a 
 
18 
 
principal atividade das crianças, quando não estão dormindo, se alimentando ou 
impedidas de movimentarem-se. Os autores destacam que de forma geral, todas as 
crianças brincam, uma vez que brincar é atrativo, podendo ser caracterizado também 
como uma ação envolvente, interessante e informativa. Envolvente por colocar a 
criança em um contexto de interação em que suasatividades físicas e fantasiosas, 
assim como os objetos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um 
mesmo contínuo topológico. Interessante por canalizar, orientar e organizar as 
energias da criança, dando-lhe forma de atividade ou ocupação e informativo porque, 
durante as brincadeiras a criança pode aprender (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2007). 
Sendo assim, o brincar não pode ser entendido e vivenciado apenas como um 
passa tempo, mas, deve ser entendido como uma ferramenta que o educador utiliza 
para transmitir diferentes conhecimentos de forma eficaz e diferenciada. 
Nesse sentido, os jogos e brincadeiras emergem como possibilidades ao longo do 
processo formativo, despertando muitas habilidades nas crianças, pois não são vistas 
como algo que lhe é imposto, e, por isso, são importantes estímulos para desenvolver 
a inteligência do educando e assim funcionam ao longo da educação infantil, como 
instrumentos potenciais para o desenvolvimento de uma base motora que a criança 
precisará e que a acompanhará ao longo da vida. Batista (2020) destaca que nessa 
fase, negligenciar os jogos e brincadeiras é um erro grave, pois pode fazer com que 
fases do desenvolvimento motor sejam puladas, trazendo impactos negativos na 
formação do sujeito. 
Ao tratar os jogos e brincadeiras é importante que os conceitos sejam previamente 
definidos, uma vez que os mesmos exercem influência constante sobre a prática 
docente. Segundo Kishimoto (1995) definir jogo não é tão simples, uma vez que as 
percepções sobre o jogo são variadas, podendo o mesmo estar relacionado ás 
brincadeiras, como amarelinha, queimada, dominó, xadrez ou também ao esporte 
como futebol, basquete, entre outros. 
O jogo para Jesus et al (2015) apresenta-se como uma atividade ou ocupação 
voluntária, praticada com limites de tempo e espaço pré-determinados, segundo 
regras livremente consentidas, mas obrigatórias. Além disso, os autores destacam 
que o jogo possui um fim em si mesmo, sendo acompanhado de um sentimento de 
tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente no dia a dia. 
 
19 
 
Sabe-se que nas aulas de Educação Física, o jogo é utilizado de variadas formas, 
assumindo por vezes o seu caráter lúdico e também esportivista. Todavia, deve-se 
entender que o jogo praticado no interior dos ambientes escolares, não deve ser o 
mesmo que é praticado fora deles, entendendo que nas instituições escolares o jogo 
deve ser dotado de intenções, sendo utilizado como instrumento pedagógico. Sendo 
assim, o jogo ao ser utilizado como uma estratégia pedagógica, pode privilegiar a 
utilização de tarefas abertas ou fechadas associadas tanto aos jogos pré-esportivos, 
quanto ao caráter lúdico das atividades e exercícios (JESUS, et al, 2015). 
Já a brincadeira é entendida como atividade cujos principais objetivos são o prazer 
e a fruição de todos os envolvidos. Quando há regras, elas são mais flexíveis do que 
aquelas que verificamos nos jogos e podem ser modificadas durante a brincadeira se 
os participantes assim quiserem. A brincadeira não possui um fim pré-determinado 
como o jogo, uma vez que ela continua a ser executada enquanto existir interesse por 
parte dos participantes. 
Para Romano e Alencar (2018), as brincadeiras funcionam como ferramenta 
educativas, pois são atividades nas quais a criança é capaz de reproduzir eventos e 
fatos da vida social, adquirindo elementos importantes para a construção da sua 
personalidade, bem como para compreender a realidade em que se encontra. 
Senso assim, ao longo da infância, como já mencionado a criança desenvolve o 
conhecimento em diferentes áreas, exercita-se, além de assimilar valores e adquirir 
comportamentos, o que torna a brincadeira uma ótima ferramenta de interação entre 
a criança e o mundo, auxiliando-a a desenvolver a sua própria maneira de ser e estar 
na sociedade. 
Considerando as linguagens e os bens culturais a que as crianças têm direito, 
Mello et al (2016) aponta que o jogo e a brincadeira ocupam um lugar de destaque 
nos documentos legais da Educação Infantil, demonstrando a valorização dos 
processos lúdicos e imaginativos para o desenvolvimento infantil. Para eles, tornar o 
jogo, a brincadeira e as suas interações elementos centrais no processo educacional 
e de direito na Educação Infantil é estar favorável e levar em consideração o desejo 
infantil de viver a infância em suas mais variadas formas de expressão brincante, sem 
desconsiderar as racionalidades, as construções de saberes nas culturas entre os 
pares e as vivências no cotidiano infantil. 
 
20 
 
Através dos jogos e brincadeiras, as crianças podem transformam os 
conhecimentos e experiências anteriores em conceitos gerais, com os quais brincam. 
Além disso, através da imaginação elas podem assumir diferentes papeis numa 
brincadeira. A criança pode, por exemplo, utilizar suas próprias características ou de 
outras pessoas para desempenhar uma função, no jogo ou brincadeira, entendendo 
que uma das formas de conhecimento nessa fase provêm da imitação de alguém. 
 A fonte de conhecimento na infância é múltipla, mas estes encontram-se ainda 
fragmentados. Dessa forma, compreender os jogos e brincadeiras como direito de 
aprendizagem é entender que os mesmos são mais do que uma mera prática de 
descontração ou momento de lazer, passando a reconhece-las como um direito da 
criança que contribuirá na ampliação de capital cultural ainda na infância. 
 
Introdução dos jogos na prática educativa escolar 
 
As crianças gostam de vivenciar atividades como pular, correr, falar, gritar e 
gesticular, pois podem se movimentar de forma livre. Segundo Silva e Sampaio (2011) 
não é difícil notar nas crianças, o desejo em se movimentar, estando frequentemente 
correndo, se empurrando, agarrando, saltando, entre outros, sendo notória a 
satisfação que proporcionada por essas ações, as quais são percebidas pelos gritos 
de alegra e sorrisos de descontração. 
Nessa perspectiva, entende-se que as crianças demonstram certa necessidade 
de atividades físicas em um ambiente lúdico, tanto dentro, quanto fora do ambiente 
formal de ensino. É nesse sentido que as atividades lúdicas associadas às atividades 
motoras permitem às crianças uma relativa e confortável capacidade de adaptação ao 
longo da vida, em desafios de envolvimento físico e social (SILVA; SAMPAIO, 2011) 
sendo o jogo uma das principais formas de manifestação dessas atividades. 
Embora esteja vinculado à cultura popular, o jogo nem sempre foi tido como um 
aliado “ideal” da pedagogia tradicional. Hoje, contudo, se considera que as crianças 
aprendem jogando, já que fazem da própria vida um jogo constante, o que torna o 
jogo uma ferramenta formativa ao longo da infância e adolescência, proporcionando 
e potencializando a construção da identidade, contribuindo para elevar a coerência e 
a adesão do grupo, com ênfase nos seus sentimentos agregados. 
 
21 
 
A partir dos jogos pode-se propor uma participação mais ativa da criança ao 
longo do processo educativo. Entretanto é necessário motivá-la por meio de contextos 
lúdicos e ambientes pedagógicos, capazes de induzir à criatividade, necessária para 
enfrentar os desafios na vida. Todavia, a essência do jogo está na multiplicidade de 
oportunidades oferecidas para que o processo educativo seja incorporado. 
 Aprender jogando é o primário, o mais simples e natural na criança, já que é o 
menos traumático, o que torna o processo de aprendizagem a partir do jogo muito 
eficiente, afinal esse processo, envolve tanto o prazer de quem o pratica quanto os 
resultados, experiências e ensinamentos que se acumulam e podem ser úteis nas 
mais diversas situações, comuns ao próprio jogo ou não. 
 Existem milhares de jogos, bem como diversas formas de classificar o jogo. 
Algumas dessas formas são: 
 Jogos populares ou tradicionais: são aqueles conhecidos também como 
jogos de rua, nosquais os elementos podem ser alterados e decididos pelos próprios 
jogadores, podendo variar o número de participante, com uma maior flexibilidade nas 
regras e sem exigir recursos materiais. Como exemplo de jogos populares temos a 
amarelinha, pique-pega, pique esconde, entre outros. 
Jogos de salão: também são conhecidos como jogos de mesa. Nesse tipo de 
jogo o gasto energético é menor, uma vez que a movimentação corporal nesses casos 
é bem reduzida. As regras nesses jogos são pré-determinadas e além disso pode ser 
realizado em pequenos espaços, os quais geralmente são fechados. Exemplos desse 
tipo de jogo são a dama, xadrez e banco imobiliário. 
Jogos esportivos: são aqueles que assumem características esportistas, 
assimilando-se a determinado esporte, como por exemplo mini handebol, três cortes 
e bobinho. Embora sejam seguidas as regras do esporte tradicional a prática dos jogos 
esportivos, volta-se para o jogar e não competir. Esses jogos podem ser utilizados 
para o ensino de habilidades técnicas e táticas. 
Jogos eletrônicos: são aqueles que necessitam de maquinas para serem 
jogados, como vídeo game, celulares e computadores. Nesses jogos não é comum 
haver a flexibilidade de regras, uma vez que as mesmas já são programadas. 
 
22 
 
6 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
Conforme mencionado anteriormente, a organização e o planejamento são 
elementos fundamentais para o bom desenvolvimento prático das aulas. Conforme 
Priess (2020) as ações didáticas e seu sucesso têm uma relação direta com a 
organização prévia do professor em relação à seleção de conteúdos, metodologias e 
estratégias de ensino. Respeitando-se todas as etapas de planejamento de ensino, o 
desenvolvimento prático das ações será harmonioso e eficiente, atendendo de forma 
adequada aos objetivos propostos. 
O desenvolvimento das aulas de educação física deve estar atrelado à proposta 
pedagógica da escola e a uma relação dialética com os demais componentes 
curriculares que compõem o programa escolar. Dessa forma, deve-se ressaltar que o 
Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um instrumento e elemento norteador para o 
estabelecimento das possíveis relações entre os componentes curriculares, 
articulando-os. O profissional de educação física, assim como os das demais áreas 
de formação, precisa debater, discutir e estruturar o PPP de forma a integrar as ações 
docentes e tornar o ensino efetivo e eficiente. 
Para isso, torna-se fundamental que ao elaborar o plano de ensino e as demais 
ações o professor de Educação Física faça um mapeamento dos saberes das crianças 
e identifique as representações que elas possuem sobre a área, rompendo assim com 
a ideia de que o planejamento deve ser algo fechado, desvinculado dos valores e 
identidades das crianças. 
Para auxiliar na elaboração do planejamento, Scarpato (2007 apud Priess 
2020) destaca algumas perguntas que considera essenciais no momento em que 
estão sendo elaboradas as ações didáticas, que são: “Para que vou ensinar? ”, “O que 
vou ensinar? ”, “Como vou ensinar? ”, “Com o que vou ensinar? ” e “O que, como e 
para que avaliar o que foi ensinado?”. 
Ao responder essas perguntas, o professor de forma eficiente e objetiva 
acabará organizando a estruturando as suas intervenções, uma vez que tais 
questionamentos acabam constituindo um passo a passo para a elaboração do 
planejamento, correspondendo aos objetivos, conteúdos à serem ensinados, 
procedimentos adotados, recursos didáticos e avaliação. 
 
23 
 
As metodologias e estratégias didáticas para se trabalhar os conteúdos da 
Educação Física, tem-se tornado objeto de discussão e pesquisa para diferentes 
autores. Entretanto Priess (2020) destaca que alguns aspectos são recorrentes e 
defendidos de forma quase unânime na literatura da área, como a presença do 
elemento lúdico nas atividades, pois a ludicidade faz parte da essência da criança e 
torna o ensino prazeroso e agradável, o que é fundamental na educação infantil. 
Desse modo, embora ainda existam aqueles que defendam o ensino ancorado 
na técnica e na repetição de gestos mecânicos, que visam a automatização e 
reprodução de movimentos, salienta-se que esse tipo de prática acaba não 
produzindo prazer aos praticantes, o que acarreta impactos negativos no processo de 
formação integral do sujeito. 
Nesse sentido, as aulas de Educação Física não podem ser restringidas aos 
simples exercícios de técnicas e táticas, visando o desenvolvimento de habilidades e 
destrezas, mas devem possibilitar que a criança além de vivenciarem os variados tipos 
de movimentos, sejam capazes de refletir sobre os mesmos, conquistando autonomia 
para exercer as diferentes práticas corporais, de maneira social e culturalmente 
significativa e adequada. 
O psicólogo norte-americano David Paul Ausubel (1982 apud Priess 2020) ao 
elaborar a sua teoria de aprendizagem, aponta que os saberes prévios dos estudantes 
devem ser valorizados, permitindo que os mesmos construam novas estruturas 
mentais, descobrindo e redescobrindo conhecimentos, caracterizando um processo 
de ensino-aprendizagem efetivo. Ele ainda destaca que para que haja uma 
aprendizagem significativa, primeiramente o aluno deve desenvolver a disposição 
para aprender e em segundo o conteúdo deve ser lógico e psicologicamente 
significativo. 
Por sua vez, Scarpato (2007 apud Priess 2020) ressalta que os conteúdos 
durante as aulas devem estimular os alunos a intervir em sua própria realidade, de 
modo a se adaptar às suas demandas complexas ou transformá-las, reconhecendo 
suas potencialidades e limitações. Por meio do aprendizado dos conteúdos da 
educação física, devem intervir nessa realidade pautando-se pela análise crítica, pelo 
domínio e pela aplicação de movimentos e dos elementos culturais relacionados a 
esses movimentos. 
 
24 
 
Nesse sentido, Priess (2020) apresenta algumas estratégias aplicadas no 
processo de ensino de Educação Física que têm apresentado resultados 
significativos, tornando-as eficientes. São elas: 
 Oportunize autonomia à criança: por muito tempo o professor foi o 
reprodutor de conhecimentos e esse aspecto limitava a criatividade dos alunos e os 
tornava passivos. Essa postura precisa ser superada e o professor precisa ser um 
facilitador da aprendizagem, estimulando o aluno a descobrir e explorar suas 
potencialidades. 
Tenha os objetivos claros e bem definidos: quando se sabe de forma clara 
e concreta quais são os objetivos e finalidades das atividades propostas pelo 
professor, as crianças poderão entender e relacionar a atividade com situações 
práticas e darão mais valor ao que se está fazendo. 
Motivação e confiança não são conquistadas com ameaças ou 
autoritarismo: o professor precisa ter o controle sobre as ações durante as aulas, 
mas sem ser autoritário. O autoritarismo gera medo e apreensão, desmotivando o 
aluno e tornando o processo de ensino algo mecânico e reprodutivo. 
Torne suas aulas imprevisíveis: tudo que é totalmente previsível acaba se 
tornando monótono e chato. Utilize diferentes locais para a realização das aulas, mude 
as estratégias de ensino e os instrumentos didáticos; seja ousado, não tenha medo 
de criar e inovar; utilize dinâmicas diversificadas. O prazer torna o aprendizado mais 
significativo e eficiente. 
Saiba equilibrar a competição e a cooperação nas aulas: quando aplicada 
de maneira positiva e equilibrada, a competição pode ser um fator motivador para a 
realização de atividades nas aulas, mas deve-se ter o máximo de atenção para que 
não criar um ambiente de extrema rivalidade entre os participantes. Quanto à 
cooperação, todos podem serem beneficiados e vencedores, tendo o êxito dos 
resultados compartilhados. 
Saiba reconhecer a evolução e o méritos dos alunos: todo ser humano 
gosta de ser elogiado e valorizado. De nada adianta os alunos se esforçarem se a 
dedicaçãonão for reconhecida pelo professor. Frases estimuladoras como “Parabéns, 
excelente trabalho, continue assim” já são suficientes para deixar o aluno muito 
motivado e orgulhoso de seu desempenho 
 
25 
 
Estimule o debate e a reflexão: muitas crianças são inseguras e tem 
dificuldade de expor suas ideias em público. Procure encorajar seus alunos para o 
debate e reflexão crítica das atividades trabalhadas. Explore ao máximo as 
habilidades de cada aluno; 
Seja bem humorado e motivado durante as aulas: por mais que esteja 
cansado ou com problemas particulares, durante sua aula demonstre alegria e 
motivação. Lembre-se que o professor em sala geralmente é um só e os alunos são 
muitos; estamos o tempo todo sendo observados, e se não demonstrarmos alegria e 
motivação, os alunos tendem a não demonstrar interesse pela aula. 
Procure conhecer seus alunos: lembre-se que somos indivíduos únicos, cada 
um com suas características e peculiaridades. Procure conhecer os interesses e 
potencialidades de cada aluno. Não se pode esperar o mesmo resultado de todos. 
Aprenda a estimular cada aluno para que dê o máximo de si. 
Procure trabalhar o autocontrole e a ansiedade dos alunos: muitas vezes 
observamos alunos com um excelente potencial, mas com dificuldade no rendimento 
devido a ansiedade, nervosismo, baixa autoestima e outros aspectos que podem 
prejudicar de maneira significativa seu rendimento. Procure desenvolver atividades 
que trabalhem esses aspectos e que possam auxiliar no desenvolvimento pessoal de 
cada aluno. 
Crie, recrie e busque sempre estratégias inovadoras de ensino: o segredo 
de um profissional de sucesso na área da educação é não se acomodar. Busque 
constantemente formas diversificadas de trabalho, tendo como premissa que o ensino 
deve ser algo agradável e divertido. Estudar não pode ser uma mera formalidade e 
uma simples obrigação. 
Portanto, pode-se entender a partir disso que a diversidade de conteúdos e 
possibilidades da Educação Física no meio educacional é de suma importância para 
o desenvolvimento do sujeito. Entretanto, sabe-se que ainda assim são muitos os 
desafios que essa área enfrenta para alcançar a sua legitimidade. Cabe então ao 
professor de Educação Física assumir sua posição enquanto mediador de 
conhecimento e elaborar boas práticas, que elevem a qualidade das intervenções e 
consequentemente contribuam para a construção de uma visão mais positiva da área. 
 
 
26 
 
7 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTRATÉGIAS E 
POSSIBILIDADES 
Ao observar as crianças desde os primeiros anos de vida, verifica-se que elas 
investem grande parte do seu tempo brincando, jogando e desempenhando atividades 
lúdicas. O brincar e o jogar são tão fundamentais para a criança, que podem ser 
classificados como uma necessidade básica quando se considera que essas 
atividades influenciarão diretamente o seu desenvolvimento ao longo da vida. 
Todavia, os adultos têm dificuldade de entender que o brincar e o jogar têm um 
grande valor para a criança, ou seja, eles são uma necessidade. Essa necessidade 
que a criança tem, quando não suprida, torna-se um problema que afeta diretamente 
o seu aprendizado e causa prejuízos inestimáveis ao seu processo de 
desenvolvimento. 
De Meur e Staes (1991 apud BATISTA, 2020) relatam que alguns problemas 
de percepção espacial que a criança apresenta podem causar prejuízos à 
identificação de algumas palavras, ficando a criança incapaz de distinguir um “b” de 
um “d”, um “p” de um “q” e um “21” de um “12” caso não perceba a diferença entre a 
esquerda e a direita. Se não distingue bem o alto e o baixo, a criança confunde o “b” 
e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”. 
Os problemas quanto à orientação temporal e à orientação espacial (p. ex., a 
noção “antes-depois”) acarretam, principalmente, confusão na ordenação dos 
elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade ao reconstruir uma frase cujas 
palavras estejam misturadas, sendo a análise gramatical um quebra-cabeça para ela. 
Além disso, uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso em 
matemática. Com efeito, para calcular, a criança deve ter pontos de referência, colocar 
os números corretamente, possuir noção de “fileira” e de “coluna”, bem como 
conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas. O professor que 
analisa os erros de seus alunos geralmente descobrirá as causas nas lacunas 
precipitadas e nas perturbações psicomotoras. 
Apesar dos autores acima apontarem essa visão com relação às dificuldades 
de aprendizagem, deve-se ter cuidado ao analisar cada caso, pois essa ideia permite 
pensar que é possível compensar ou preparar os alunos para a aprendizagem dos 
conteúdos escolares apenas fazendo exercícios de repetição no âmbito motor, 
 
27 
 
quando, na verdade, o problema não é tão simples assim, dadas as particularidades 
de cada situação. Ou seja, as brincadeiras e os jogos, nessa situação, constituem 
estratégias e possibilidades de trabalho junto às crianças, atuando como forma de 
prevenção ou até mesmo de intervenção em casos em que já se encontra instalado 
algum tipo de atraso motor. 
Quanto à questão da escolha de estratégias e possibilidades para realizar um 
trabalho de educação física na educação infantil, não se pode esquecer que um dos 
principais aspectos é a motivação. Desenvolver formas de trabalhar que consigam 
motivar os alunos ao longo do processo de ensino é imprescindível, pois estando 
motivados, os mesmos encontram-se mais ativos e empenhados no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Fonseca (2008 apud BATISTA, 2020) apresenta um contraponto com relação 
a essa visão apresentada por De Meur e Staes, utilizando, inclusive, mais argumentos 
com relação às dificuldades de aprendizagem e revelando um bom senso no que se 
refere a essa questão. O autor define, que nessa perspectiva, o psiquismo integra a 
totalidade dos processos cognitivos, compreendendo as funções de atenção, 
processamento e integração multissensorial (intero, próprio e exteroceptiva) e de 
planificação, regulação, controle e execução motora. Além disso, no que se refere à 
motricidade, esta é entendida como o conjunto de expressões mentais e corporais que 
envolvem funções tônicas, posturais, somatognósicas e práxicas que suportam e 
sustentam as funções psíquicas. A motricidade então, é entendida segundo Fonseca 
(2008 apud BATISTA, 2020), como o conjunto de expressões corporais não verbais e 
verbais, pois a linguagem não deixa de ser uma oromotricidade, em que participam 
variados músculos, os quais sustentam e suportam as manifestações do psiquismo, 
sendo este entendido como o funcionamento mental total. 
8 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
O processo avaliativo configura-se como parte fundamental do processo de 
ensino aprendizagem, afinal, é o momento em que o professor além de verificar o 
desenvolvimento dos seus alunos, pode identificar os erros e acertos da sua própria 
prática. 
 
28 
 
Na educação infantil, o processo avaliativo deve ter como objetivo delinear a 
continuidade da ação pedagógica, respeitando a criança, o seu desenvolvimento e a 
sua singularidade. Ou seja, é por meio de práticas avaliativas que o professor verifica 
o desenvolvimento das crianças e, a partir disso, propõe as mudanças necessárias. 
Nesse mesmo sentido Vaz (2017) aponta que avaliar é sempre uma atividade 
complexa e quando se trata da Educação Física não é diferente. 
Sendo assim, a avaliação não pode ser um simples meio para atribuir nota ao 
aluno e deve ir além da simples verificação do seu desempenho. Com ela, o professor 
pode compreender o aluno e verificar se suas metodologias de ensino estão sendo 
eficientes e se os objetivos de aprendizagem estão sendo atingidos. De acordo com 
Darido (2012 apud PRIESS, 2021), avaliar é auxiliar o aluno a perceber suas 
potencialidades, facilidades e dificuldades, além deajudá-lo a identificar seus 
progressos para avançar continuamente no processo de ensino. 
O processo avaliativo não pode ser inflexível, mas deve ser estudado e elaborado 
considerando-se diversos aspectos. No campo educacional, são apresentadas 
diferentes orientações que podem auxiliar os professores, tanto na organização das 
estratégias avaliativas quanto nas escolhas mais adequadas para a turma e o 
momento educacional. O Coletivo de Autores (1992 apud PRIESS, 2021) que trata de 
uma abordagem mais crítica da Educação Física, apresenta propostas para a 
organização do processo avaliativo na Educação Física escolar, destacando alguns 
desses aspectos: 
 1. Projeto histórico: a avaliação precisa considerar o contexto histórico em que 
está inserida, ou seja, a sociedade, suas características, seus agentes, sua história, 
considerando a realidade local e regional. 
 2. Condutas humanas: o processo ensino-aprendizagem da educação física deve 
envolver conhecimentos, habilidades e atitudes, considerando as condutas sociais 
dos alunos nas suas mais diversas manifestações, tendo a expressão corporal como 
linguagem. Deve, portanto, considerar a observação e a análise da conduta humana 
que se expressam no desenvolvimento de atividades. 
3. Práticas avaliativas: práticas mecânico-burocráticas (aplicar testes, selecionar 
alunos, dar notas, detectar talentos) não são adequadas. É importante buscar práticas 
produtivo-criativas e reiterativas, que mobilizem a consciência dos alunos, seus 
saberes, capacidades cognitivas, habilidades e atitudes. Assim, podem enfrentar 
 
29 
 
problemas e necessidades com novas soluções para as relações consigo mesmo, 
com os outros e a natureza. Essas soluções encontradas criativamente podem ser 
estendidas a outras situações semelhantes. 
4. Decisões em conjunto: deve-se considerar uma perspectiva dialógica, 
comunicativa e interativa que permita aos envolvidos participarem das avaliações de 
diversas maneiras, como decidir em conjunto, cada qual assumindo 
responsabilidades. No marco referencial estabelecido para a aula, o aluno deve ter a 
possibilidade de expressar seus objetivos de ação e participar da sua avaliação 
coletiva. 
5. Tempo pedagogicamente necessário para a aprendizagem: a avaliação está 
relacionada às decisões que competem ao professor ou à equipe pedagógica da 
escola, melhorando o processo ensino-aprendizagem com, por exemplo, atenção ao 
tempo necessário para que o aluno aprenda ou ao número de aulas para tratar de 
certo tema adequado ao ritmo de aprendizagem da turma. 
6. Compreensão crítica da realidade: é crucial romper com visões abstratas e 
irreais que igualam os alunos. O patrimônio cultural se expressa nas possibilidades 
corporais, nos conhecimentos sobre a cultura corporal, diferenciando-se de acordo 
com a condição de classe dos alunos. Medidas e avaliações podem possibilitar uma 
leitura crítica dessas condições, ampliando a compreensão sobre elas. 
7. Privilégio da ludicidade e da criatividade: as práticas e estratégias lúdicas 
oportunizam o desenvolvimento e o aprimoramento da criatividade e estimulam a 
participação dos alunos. É muito importante que as estratégias avaliativas privilegiem 
os princípios da ludicidade e da criatividade, tornando o processo de ensino mais 
atraente e motivante. 
8. Nota como síntese qualitativa: a nota deve ser um resultado que permita 
constatar a aproximação ou o distanciamento do eixo curricular privilegiado no projeto 
pedagógico e não um castigo ou compensação para o aluno. 
9. Reinterpretação e redefinição de valores e normas: é necessário criar situações 
em que normas, valores, regras e padrões sejam criticados, reinterpretados e 
redefinidos. Durante a aula, os alunos devem participar criticamente da 
reinterpretação dos valores e procedimentos que sustentam a avaliação. 
A escola, portanto, deve ser um espaço de construção, inventividade, criação de 
alternativas e possibilidades individuais e coletivas. É importante que os professores 
 
30 
 
estejam constantemente ressignificando suas ações, de modo a produzir diferentes 
possibilidades avaliativas. 
Vale ressaltar que na literatura existem algumas modalidades de avaliações, as 
quais serão descritas a seguir: 
 
Avaliação diagnóstica 
De acordo com Bloom, Hastings e Madaus (1983 apud PRIESS, 2021), essa 
modalidade objetiva determinar se os estudantes têm habilidades para alcançar os 
objetivos do conteúdo a ser estudado, determinar o seu nível de domínio prévio e 
classificá-lo quanto às alternativas de ensino. Além disso, quando aplicada durante a 
instrução, propõe determinar as causas subjacentes a repetidas deficiências na 
aprendizagem. Com essa modalidade, o professor pode realizar um diagnóstico para 
identificar o grau de conhecimento prévio dos alunos em relação à área específica e 
aos conteúdos a serem trabalhados. Pode, também, adequar seu planejamento para 
preencher as possíveis lacunas no quesito conhecimento e buscar metodologias de 
ensino mais adequadas para os alunos. 
 
Avaliação formativa 
Tyler, Gagné e Scriven (1967 apud PRIESS, 2021) defendem que a avaliação 
seja feita de forma processual, proporcionando uma interação entre professor e aluno 
ao longo do processo ensino-aprendizagem. Por ser uma forma de avaliação 
constante, o professor e o aluno conseguem ter informações acerca dos objetivos 
alcançados e os esforços necessários para desenvolver o que ainda não foi atingido. 
Na história da educação física, observou-se que a avaliação formativa foi bastante 
utilizada, mas muitas vezes sem uma organização ou padronização; procurava-se 
avaliar de forma constante, mas os critérios avaliativos nem sempre eram claros e 
objetivos. 
 
Avaliação somativa 
Para Tyler, Gagné e Scriven (1967 apud PRIESS, 2021), essa avaliação assume 
o papel de uma avaliação final, normalmente classificatória, em que o aprendizado é, 
de certa forma, quantificado. Com a avaliação formativa, são atribuídas notas e 
conceitos aos alunos para aprovação ou reprovação. Embora ainda muito utilizada, 
 
31 
 
vem sendo reestruturada e complementada com outras modalidades avaliativas para 
tornar o processo mais assertivo e justo. Para que possamos pensar o processo 
avaliativo na educação física de uma forma mais abrangente, inicialmente é preciso 
superar a visão da educação física como uma disciplina com conteúdos 
exclusivamente práticos e tecnicistas, baseados nas práticas esportivas e no 
desenvolvimento de aptidões físicas. Essa prática não pode mais predominar quando 
se pensa na educação física como conteúdo básico da educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BATISTA, W. A. Jogos, brincadeiras e atividades para o desenvolvimento da criança. 
Porto Alegre: SAGAH, 2020. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 
2017. 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Resolução 
nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 
1, p. 18. 
CRUZ, S. G; OLIVEIRA. T.A; FANTACINI, R.A.F. A indissociabilidade do brincar, 
cuidar e educar na Educação Infantil. Research, Society and Development, v. 4, n. 
4, p. 227-238, abr. 2017. 
DARIDO, S. C. Diferentes concepções sobre o papel da educação física na escola. 
In: UNIVERSI DADE ESTADUAL PAULISTA. Caderno de formação: formação de 
professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, v. 16, p. 34-50, 2012. 
JESUS, K. et al. Jogo e Educação Física escolar em quatro propostas curriculares 
públicas. Journal of Sport Pedagogy and Research, v.1, n.8, p.30-39, 2015. 
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. Revista Pro-posições, v.6, n. 2, 
p.46-63, 1995. 
MACEDO, L; PETTY, A.L.S; PASSOS, N, C. Osjogos e o lúdico na aprendizagem 
escolar – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007. 
MELLO, A. S. et al. A educação infantil na base nacional comum curricular: 
pressupostos e interfaces com a educação física. Revista Motrivivência, v. 28, n. 48, 
p. 130-149. 2016. 
PALMA, Â. P.T. V. et al. Educação Física e a Organização Curricular: Educação 
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Disponível em: Minha Bibliotec. 3 eds. 
Editora Unijuí, 2021. 
PRIESS, F. G. O papel do professor de educação física na educação infantil. Porto 
Alegre: SAGAH, 2020. 
PRIESS, F. G. Fundamentos da educação física escolar na educação infantil. Porto 
Alegre: SAGAH, 2021. 
 
33 
 
PRIESS, F. G. et al. Educação Física na Educação Infantil. Porto Alegre: SAGAH, 
2021. 
PRIESS, F. G. Avaliação do processo ensino-aprendizagem em educação física. 
Porto Alegre: SAGAH, 2021. 
ROMANO, L. N.; ALENCAR, G. P. Educação física infantil: o brincar, o lúdico, o jogo 
e o papel do educador. Revista Gestão Universitária, [s. l.], v. 10, 2018. 
SILVEIRA, G.C.F; PINTO, J.F. Educação Física na perspectiva cultura corporal: uma 
proposta pedagógica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 3, p. 137-
150, maio 2001. 
RIBEIRO, J.A.S; RIBEIRO, D.S.S; OLIVEIRA, C.A. Educação Física na educação 
infantil: um debate necessário. Revista Corpoconsciência, Cuiabá-MT, v. 25, n. 1, p. 
64-73, jan./ abr., 2021 
SANTOS, S. U. C. Educação Física na educação infantil. Porto Alegre: SAGAH, 2020. 
SEVERINO, C. D; PORROZZI, R. A ludicidade aplicada à Educação Física: a prática 
nas escolas. Revista Práxis, ano II, n. 3, jan. 2010. 
SILVA JVP, SAMPAIO TMV. Jogos tradicionais: reprodução, ampliação, 
transformação e criação da cultura corporal do movimento. Revista brasileira de 
Ciências e Movimento, v. 19, n. 1, p. 72-86, 2011. 
SOUZA, R.H. Cuidar, educar e brincar: os pilares da educação infantil. Porto Alegre: 
SAGAH, 2020. 
VAZ, A. F. avaliação em Educação Física na educação infantil. Cadernos de 
formação RBCE, p. 95-104, 2017.

Continue navegando