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Apostilha Análise das Demonstrações Contábeis

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS 
Patrícia Satomi Nishimura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................... 3 
2 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ......................................................... 14 
3 PROCESSO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................. 37 
4 ANÁLISE FINANCEIRA ............................................................................. 46 
5 ANÁLISE DE RENTABILIDADE ................................................................. 56 
6 ANÁLISE DO CICLO DA EMPRESA ........................................................... 65 
 
3 
 
 
Vendas 
Compras 
Pagamentos 
 
 
 
 
1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
Como é possível determinar se uma empresa está dando lucro ou prejuízo? Será que 
ela tem recursos financeiros para pagar suas dívidas? A companhia apresenta 
crescimento nas vendas? Qual empresa apresenta maior retorno para os acionistas? As 
respostas para essas e outras perguntas são possíveis por meio da análise das 
demonstrações contábeis. 
Nesse bloco você vai aprender os objetivos da análise das demonstrações contábeis, 
quem são os seus usuários e quais informações são necessárias para realizá-la. Além 
disso, vai conhecer a importância da análise das demonstrações contábeis para a 
administração financeira das entidades, e entender a necessidade de conhecer o 
cenário econômico e o fluxo das informações das empresas. 
1.1 Utilização das demonstrações contábeis 
 
As empresas registram todas as suas operações (compras, vendas, recebimentos, 
pagamentos, etc.) na contabilidade, e esses dados se transformam em informações, 
que serão fundamentais para a tomada de decisão pelos usuários das demonstrações 
contábeis. 
 
 
Demonstrações Contábeis 
 
Figura 1.1 – Funil de Demonstrações Contábeis 
 
Essas demonstrações são apresentadas por meio de relatórios que seguem princípios e 
normas, com objetivo de refletir a real situação financeira da empresa. 
4 
 
 
Acionistas 
Bancos Gestores 
Governo 
Usuários das 
informações 
contábeis 
Fornecedores 
Empregados Clientes 
Concorrentes 
 
Com base nas informações dos relatórios, o gestor da empresa consegue analisar 
determinada situação e tomar uma decisão. Exemplo: por meio da Demonstração do 
Resultado do Exercício (DRE), é possível verificar as receitas e despesas da empresa no 
período total ou segregadas por departamentos. Você como gestor, caso tivesse que 
escolher onde investir ou onde cortar custos, ter que abrir ou fechar um setor, como 
faria se não tivesse essa demonstração contábil? Uma decisão incorreta poderia levar 
a empresa a uma crise financeira. 
Dessa maneira, as demonstrações contábeis têm o objetivo de fornecer informações 
para melhorar a gestão das empresas. 
Os usuários das informações contábeis são todos os indivíduos que, internamente ou 
externamente, possuem interesses na empresa e precisam das demonstrações 
contábeis para guiarem suas análises. Entre eles, é possível identificar dois grupos: os 
shareholders e os stakeholders. 
Os shareholders são aqueles que possuem ações ou quotas das empresas, como 
acionistas, donos e proprietários. Já os stakeholders são todos que possuem interesses 
na empresa, como os gestores, bancos, governos, fornecedores, empregados, clientes, 
concorrentes etc. 
 
 
Figura 1.2 – Usuários das informações contábeis. 
5 
 
 
 
Mas como eles utilizam as informações contábeis? 
 
Os acionistas precisam acompanhar a situação financeira da empresa e as decisões dos 
administradores, as demonstrações contábeis ajudam nesse controle. Além disso, os 
acionistas conseguem comparar as demonstrações contábeis entre empresas distintas, 
auxiliando na decisão em qual empresa investir. Por exemplo: se você comparar os 
lucros das empresas, em qual delas você aplicaria seus recursos? Provavelmente na 
empresa que tem o maior lucro. E depois, como você acompanharia a evolução dessa 
aplicação? Utilizando as demonstrações contábeis, você conseguiria verificar se as 
receitas da empresa estão aumentando, se ela está investindo em tecnologia, seu nível 
de endividamento, entre outros. 
Os gestores, com base nas demonstrações contábeis, realizam previsões para o futuro 
das empresas e controle por meio do orçamento das receitas e gastos. As empresas 
realizam o orçamento anualmente, prospectando os resultados futuros; os gestores 
acompanham a realização mensalmente e, caso não consigam atingir os resultados 
esperados, estratégias podem ser criadas ou alteradas para que as metas ainda sejam 
alcançadas no período. Tudo isso não seria possível sem as demonstrações contábeis. 
Os bancos utilizam as demonstrações contábeis para determinar linhas de créditos, 
oferecer aplicações financeiras e produtos bancários para as empresas. Caso na análise 
das demonstrações contábeis for verificado um nível alto de endividamento da 
companhia, o banco saberá que existe risco de inadimplência se conceder 
empréstimos ou limites para essa empresa. Além disso, se verificar que a empresa está 
com dinheiro parado na conta corrente, poderá propor opções de aplicações 
financeiras. 
O governo utiliza as demonstrações contábeis para fazer a gestão e controlar os 
recolhimentos dos tributos, determinar políticas tributárias e realizar planejamentos, 
já que os impostos recolhidos pelos contribuintes são as receitas dos órgãos 
governamentais. Por exemplo: o ISS (Imposto sobre Serviços), incide sobre o 
faturamento dos serviços prestados, exceto de transporte intermunicipal e 
interestadual e de comunicação, tributo recebido pelos Municípios. O ICMS (Imposto 
sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços 
6 
 
 
 
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) é o principal tributo 
dos governos Estaduais; já o IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas) é de 
competência do Governo Federal, e incide sobre o lucro tributável das empresas. 
Os fornecedores determinam o limite de crédito de venda para a empresa e analisam 
a situação financeira delas pelas demonstrações contábeis. Assim, o fornecedor, por 
exemplo, pode determinar qual prazo máximo de pagamento pode conceder e a 
quantidade de vendas limite para a empresa em análise. 
Os empregados, por meio das demonstrações contábeis, conseguem verificar se a 
empresa está com muitas dívidas, se está gerando lucro ou prejuízo, e poderão prever 
se aquela empresa tem condições para arcar com futuras promoções de cargos, com 
expansões. 
Os clientes solicitam as demonstrações contábeis para cadastro, para verificar se a 
empresa terá condições de honrar com seus compromissos. Será que a empresa terá 
condições de entregar as mercadorias ou prestar o serviço até o final do contrato? Pela 
análise das demonstrações, o cliente pode verificar a situação financeira da empresa. 
Os concorrentes comparam as demonstrações contábeis para verificar as estratégias 
das empresas. Por estarem inseridas no mesmo mercado, se o concorrente está com 
lucro bruto maior que o da empresa, então a estratégia de venda ou de custos devem 
ser revistas. 
Cada usuário das demonstrações contábeis realiza uma análise específica, de acordo 
com suas necessidades e intenções. Percebe-se que todos somos usuários desses 
relatórios, cabendo a nós aprender a analisá-los e interpretar os resultados. 
1.2 A empresa e sua estrutura 
 
Uma empresa industrial é diferente de uma empresa comercial que, por sua vez, é 
diferente de uma empresa prestadora de serviços, assim como uma indústria de álcool 
tem características diferentes de uma indústria de automóveis. Ao analisar as 
demonstrações contábeis das empresas, precisamos primeiramente conhecê-las, qual 
o segmento da sua atuação, qual o setor a qual pertence. 
7 
 
 
 
E por que saber todas essasinformações? 
 
Fazendo uma analogia, quando estamos doentes, o médico precisa das informações 
dos exames laboratoriais e da descrição dos sintomas do paciente para diagnosticar e 
prescrever remédios. No caso da análise das demonstrações contábeis, os exames 
laboratoriais são as demonstrações, e os sintomas são as operações da empresa. Por 
isso, precisamos conhecer essas operações da empresa para entender os números das 
demonstrações contábeis. É possível a análise das informações contábeis em conjunto 
com o conhecimento prévio da empresa. 
Por exemplo: em uma determinada loja de vestuário, o valor dos estoques de 
mercadorias é alto, já em uma loja que vende produtos perecíveis, não. Se analisarmos 
somente o número na conta de estoques, pode parecer que a loja de roupa compra 
muito ou não consegue vender, e que a loja de produtos perecíveis vende muito ou 
não compra em alta escala. Percebe-se que somente com esses números não é 
possível analisar correta e completamente as empresas. 
Para conhecermos as empresas, vamos verificar em três aspectos abordados por Assaf 
Neto (2018): aspecto econômico, aspecto administrativo e aspecto jurídico. 
No aspecto econômico, classificamos as empresas pelos setores da economia: Setor 
Primário, Setor Secundário e Setor Terciário. 
 
Setores Definição Exemplos 
 
Primário 
Empresas de exploração do solo, 
extração de matérias-primas e 
combustíveis. 
 
Petrobrás e Vale 
 
Secundário 
Empresas de transformação, ou seja, 
industriais. 
 
Ambev e BRF 
 
Terciário 
Empresas de comércio e prestação de 
serviço. 
 
Magazine Luiza e Banco Itaú 
8 
 
 
 
Empresa de pequeno 
porte 
 
Microempresa 
 
Sociedade Anônima 
Sociedade por cotas 
de responsabilidade 
limitada 
 
Empresas societárias 
 
No aspecto administrativo, classificamos as empresas de acordo com o controle 
societário em: estatais, mistas e privadas. 
 
Grupo Definição Exemplos 
Estatal Empresas controladas pelo poder público Caixa Econômica e Correios 
 
Privada 
Empresas controladas por iniciativa 
totalmente privada. 
 
Samsung e Renner 
 
Mista 
Empresas cujo controle é dividido entre o 
poder público e o privado 
 
Petrobrás e Banco do Brasil 
 
No aspecto jurídico, classificamos as empresas de acordo com a constituição jurídica, 
como empresa individual e empresa societária. 
 
Sociedade Definição Exemplos 
 
Empresa 
Individual 
Empresa pertencente a uma só pessoa, 
que responde por meio de seus bens 
pessoais em casos adversos que possam a 
vir acontecer. 
 
Pequeno comércio, simples 
prestação de serviço 
Empresa 
Societária 
Empresa constituída por sociedade de 
pessoas tendo como objetivo o lucro. 
As demais empresas que 
não são individuais 
 
É importante destacar que as principais classificações das empresas societárias no 
Brasil são: Sociedade por cotas de responsabilidade limitada, Sociedade anônima, 
Microempresas e empresas de pequeno porte. 
 
 
 
Figura 1.3 – Principais classificações das empresas societárias no Brasil 
9 
 
 
 
Na Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada, o capital social é dividido em 
cotas, pertencentes aos sócios, chamados de cotistas, com responsabilidade limitada 
até o valor total do capital social da empresa. 
A Sociedade Anônima é aquela empresa com capital social dividido em ações, e a 
responsabilidade dos acionistas é limitada a elas. Esse tipo de sociedade é subdividido 
em sociedade anônima de capital aberto e sociedade anônima de capital fechado. A 
diferença entre elas é que, na primeira, as ações são negociadas no mercado 
financeiro, já na segunda, não são. 
A Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte seguem a chamada Lei Geral das 
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, a Lei Complementar nº 123/2006, que 
estabelece como microempresa a sociedade com receita bruta anual igual ou inferior a 
R$ 360.000,00; e a Empresa de Pequeno Porte, a sociedade com receita bruta anual 
superior a R$ 360.000 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. 
A classificação do aspecto jurídico da empresa auxilia na análise das demonstrações 
contábeis, porque não podemos comparar uma empresa de pequeno porte com uma 
empresa de sociedade anônima de capital aberto, já que as estruturas das empresas 
são diferentes. Além disso, as análises de acordo com o aspecto jurídico da empresa 
determinam as diferentes linhas de créditos dos bancos e fornecedores aos seus 
clientes. 
Essas classificações ajudam na separação das empresas em blocos, possibilitando 
melhor interpretação dos indicadores financeiros. 
1.3 Decisões estratégicas 
 
Ao constituir uma empresa, os donos, sócios, proprietários estabelecem objetivos para 
maximizar o valor econômico do empreendimento. 
Todas as decisões na empresa giram em torno de seus objetivos e, para atingi-los, a 
empresa determina as estratégias. Elas são classificadas em estratégia operacional, de 
investimento e de financiamento. 
10 
 
 
Estratégia de 
financiamento 
Estratégia de 
investimento 
Estratégia Operacional 
 
Essas estratégias funcionam como engrenagens da empresa, trabalhando em conjunto 
e refletidas nas demonstrações contábeis das entidades. 
 
 
 
Figura 1.4 – Estratégia operacional, de investimento e de financiamento 
 
A estratégica operacional da empresa determina como serão realizadas as vendas, a 
produção, qual produto será lançado, qual produto e serviço serão o foco nas vendas, 
o público alvo, ou seja, tudo relacionado com a atividade operacional da empresa. Os 
frutos dessas estratégias aparecem, por exemplo, no resultado da empresa, com 
aumento das despesas de marketing ou aumento da receita de vendas. 
A estratégia de investimento demonstra as decisões de aplicação dos recursos 
financeiros da empresa. Por exemplo, a abertura de novas fábricas ou compra de 
máquinas e equipamentos, impactando o aumento da conta de ativo imobilizado no 
Balanço Patrimonial da empresa. 
Já que a estratégia de financiamento revela a origem dos recursos da empresa, será 
que compensa a empresa solicitar empréstimo (recursos de terceiros) ou solicitar 
aumento de capital dos sócios (recursos próprios)? Por exemplo: os empréstimos vão 
refletir no aumento de obrigações no Balanço Patrimonial e, consequentemente, 
haverá impacto na demonstração do resultado do exercício, com as despesas de juros. 
11 
 
 
 
Compra de mercadoria 
 
Contabilidade registra essa 
operação 
Débito – Estoque 
Crédito – Fornecedores 
 
Reflexos nas 
demonstrações 
contábeis 
 
Quais são as origens das receitas nas empresas? Onde elas refletem nas 
demonstrações contábeis? As respostas dessas perguntas ajudarão na interpretação 
dos números dos relatórios. 
Todas as transações que ocorrem nas empresas devem refletir na contabilidade, por 
meio dos chamados lançamentos contábeis. Por exemplo: se a empresa comprar 
mercadorias, a contabilidade deve registrar o lançamento dessa compra; se a empresa 
vender mercadorias, a contabilidade deve registrar essa operação; se a empresa pagar 
os salários dos empregados, um lançamento também deverá ocorrer na contabilidade. 
Dessa maneira, todas as operações devem ser espelhadas nas demonstrações 
contábeis. 
Vamos analisar alguns fluxos das informações do supermercado fictício Ômega, que 
realizou as seguintes operações: 
a) Compra de mercadoria: 
 
12 
 
 
 
Venda de mercadoria 
Contabilidade registra essa 
operação 
Débito – Cliente 
Créditos – Receitas de Vendas 
Débito – Custo da Mercadoria 
Crédito – Estoque 
 
 
Reflexos nas 
demonstrações 
contábeis 
 
Pagamento ao 
Fornecedor 
Contabilidade registra essa 
operação 
Débito – Fornecedores 
Créditos – Bancos 
 
Reflexos nas 
demonstrações 
contábeis 
 
Recebimento de 
Clientes 
Contabilidade registra essa 
operação 
Débito – Bancos 
Créditos – Clientes 
 
Reflexos nas 
demonstrações 
contábeis 
 
b) Venda de mercadoria: 
 
 
 
c) Pagamentoao fornecedor 
 
 
 
d) Recebimento de clientes 
 
13 
 
 
 
Esses fluxos mostram o importante papel da contabilidade no fornecimento de dados 
reais da empresa para a tomada de decisão. 
Conclusão 
 
Neste primeiro bloco foi apresentado o objetivo da análise das demonstrações 
contábeis para a tomada de decisão pelos usuários desses relatórios, como os bancos, 
acionistas, gestores etc., cada um com seus objetivos e interesses específicos. 
Verificou-se que para a interpretação dos números é necessário também o 
conhecimento prévio dos aspectos econômicos, administrativos e jurídicos das 
empresas. As estratégias operacionais, de investimentos e de financiamentos refletem 
nas demonstrações contábeis, assim como todas as operações da empresa que a 
contabilidade deve registrar por meio dos lançamentos que resultam como 
informações nas demonstrações contábeis. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, 
comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto 
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 14 dez. 2006. 
185º da Independência e 118º da República. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em 6 jun. 2020. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
14 
 
 
 
 
 
 
2 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
 
Será que cada empresa possui um tipo de demonstração contábil? A contabilidade é 
diferente entre as empresas? Essas perguntas serão respondidas neste bloco. Os 
relatórios contábeis precisam seguir princípios e normas para os usuários conseguirem 
analisar e comparar as informações. 
As demonstrações contábeis têm o objetivo de explicar os dados necessários e 
relevantes para a tomada de decisão. Por exemplo: a Demonstração do Fluxo de Caixa 
(DFC) detalha por atividades as movimentações dos fluxos, as entradas e saídas de 
recursos financeiros na empresa em um determinado período. Por meio dela é 
possível verificar se as atividades operacionais apresentaram maiores entradas de 
dinheiro do que as atividades de financiamento. Por isso a importância de conhecer as 
demonstrações contábeis, para saber onde localizar as informações e analisar de 
maneira correta a situação patrimonial da empresa. 
2.1 Normas contábeis 
 
Com a globalização, as operações entre as empresas se tornaram internacionais, então 
as operações que eram apenas locais passaram a se expandir pelos países. Dessa 
maneira, a contabilidade brasileira também precisou evoluir para acompanhar esse 
desenvolvimento dos mercados, já que ela é uma ferramenta fundamental na tomada 
de decisão nas empresas. 
Foi necessário que as normas contábeis brasileiras adotassem as normas 
internacionais de contabilidade, conhecidas como International Financial Reporting 
Standards (IFRS). A contabilidade no Brasil iniciou uma convergência das normas 
contábeis nacionais para as normas internacionais. O principal marco dessa mudança e 
da visão do contador nas empresas ocorreu a partir do ano de 2007, com a publicação 
da Lei 11.638, que alterou a Lei das Sociedades Anônimas, a Lei 6.404 de 1976. 
15 
 
 
 
Antigamente, o contador era visto como um agente de atendimento para a 
arrecadação do fisco brasileiro. As empresas realizavam os registros contábeis, 
visualizando apenas o ponto de vista do agente tributário brasileiro, sem levar em 
consideração a essência das operações. O profissional contábil era visto como um 
executor da legislação fiscal, ligado à burocracia e isolado dos outros departamentos. 
Com as alterações impostas pela Lei 11.638/2007, o profissional contábil precisou se 
reinventar, sua função original nunca foi atender somente ao fisco, mas auxiliar os 
usuários da informação contábil na tomada de decisão. 
O departamento contábil precisou se envolver com as estratégias da empresa e 
transmiti-las de maneira correta nas demonstrações contábeis. 
No final de 2005, tendo por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos 
técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações, para 
permitir a emissão de normas, visando à centralização e uniformização do processo de 
produção e levando em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões 
internacionais, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Ele é formado 
pelas seguintes entidades contábeis: 
• Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA); 
• Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de 
Capitais (APIMEC Nacional); 
• B3 Brasil Bolsa Balcão; 
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC); 
• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON); 
• Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI); 
• Entidades representativas de investidores do mercado de capitais. 
 
Esse comitê emite pronunciamentos contábeis que orientam a contabilidade nos 
registros das operações das empresas. Atualmente constam 50 pronunciamentos 
contábeis, todos disponíveis no site do CPC: 
16 
 
 
 
Tabela 2.1 – Pronunciamentos Contábeis. 
 
Pronunciamento Descrição 
CPC 00 Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro 
CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos 
CPC 02 Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de 
demonstrações contábeis 
CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa 
CPC 04 Ativo Intangível 
CPC 05 Divulgação sobre Partes Relacionadas 
CPC 06 Arrendamentos 
CPC 07 Subvenção e Assistência governamentais 
 
CPC 08 
Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e 
Valores Mobiliários 
CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 
CPC 10 Pagamento Baseado em Ações 
CPC 11 Contratos de Seguro 
CPC 12 Ajuste a Valor Presente 
 
CPC 13 
Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória 
nº. 449/08 
CPC 14 
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e 
Evidenciação (Fase I) - Transformado em OCPC 03 
CPC 15 Combinação de Negócios 
CPC 16 Estoques 
CPC 17 Contratos de Construção (revogado a partir de 1º/01/2018) 
CPC 18 
Investimento em Coligada, em Controlada e em 
Empreendimento Controlado em Conjunto 
CPC 19 Negócios em Conjunto 
CPC 20 Custos de Empréstimos 
CPC 21 Demonstração Intermediária 
CPC 22 Informações por Segmento 
 
CPC 23 
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de 
Erro 
CPC 24 Evento Subsequente 
CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes 
CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis 
CPC 27 Ativo Imobilizado 
CPC 28 Propriedade para Investimento 
CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola 
CPC 30 Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018) 
 
CPC 31 
Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação 
Descontinuada 
CPC 32 Tributos sobre o Lucro 
CPC 33 Benefícios a Empregados 
CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado) 
CPC 35 Demonstrações Separadas 
CPC 36 Demonstrações Consolidadas 
CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade 
(Continua...) 
17 
 
 
 
(...Continuação) 
Pronunciamento Descrição 
CPC 38 
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração 
(revogado a partir de 1º/01/2018) 
CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação 
CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação 
CPC 41 Resultado por Ação 
CPC 42 Contabilidade em Economia Hiperinflacionária 
CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41 
CPC 44 Demonstrações Combinadas 
CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades 
CPC 46 Mensuração do Valor Justo 
CPC 47 Receita de Contrato com Cliente 
CPC 48 Instrumentos Financeiros 
 
CPC 49 
Contabilização e Relatório Contábil de Planos de Benefícios 
de Aposentadoria 
 
CPC PME 
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com 
Glossário de Termos 
Fonte: Adaptadode CPC, 2019. 
 
Observe que o CPC00 é a base para a elaboração dos Relatórios Financeiros. De acordo 
com esse pronunciamento, os relatórios contábeis são para fins gerais, o que significa 
que o padrão estabelecido é para atender as principais necessidades dos usuários da 
informação, e as demandas específicas não estão contempladas nos pronunciamentos. 
Por exemplo, se a administração da empresa, para fins gerenciais, quiser visualizar o 
estoque no Balanço Patrimonial, levando em consideração o valor de venda dos 
produtos, terá que elaborar internamente esse relatório, pois, de acordo com a norma 
de estoque CPC16, essa não é a regra padrão de contabilização. 
As demonstrações contábeis evidenciam a capacidade da geração de riqueza da 
empresa; por isso, o regime de competência é um método que deve ser utilizado para 
registrar os lançamentos contábeis. Mas o que é o regime de competência? 
O regime de competência determina que os lançamentos contábeis ocorram no 
momento em que acontecem as operações, independentemente da entrada ou saída 
de recursos financeiros na empresa. Por exemplo: quando a empresa realiza venda no 
mês de fevereiro e o prazo de recebimento é abril, a contabilidade deve registrar a 
receita pelo regime de competência no momento da venda, em fevereiro, e não no 
recebimento financeiro do cliente em abril. 
18 
 
 
 
Já o regime de caixa determina o registro dos lançamentos contábeis apenas no 
momento da entrada ou saída dos recursos financeiros das empresas. No caso 
anterior, a receita deveria ser reconhecida se fosse pelo regime de caixa, somente em 
abril, que é o momento do recebimento financeiro do cliente. 
Observa-se que o regime de competência demonstra uma base melhor para 
determinar o desempenho da empresa, no passado e no futuro. 
Como saber quais informações demonstrar aos usuários? 
 
Para essa questão, o CPC00 orienta sobre as características qualitativas das 
informações financeiras úteis, que são classificadas em dois grupos: características 
qualitativas fundamentais e as características qualitativas de melhoria. 
As características qualitativas fundamentais são a base para determinar se a 
informação deve ser demonstrada ou não. Elas são denominadas de Relevância, 
Materialidade e Representação Fidedigna. 
• Relevância: informações relevantes farão diferença na tomada de decisão dos 
usuários, elas ajudam nas análises sobre a empresa. Por exemplo: a queda da 
receita liquida é relevante para os usuários da informação. 
• Materialidade: o impacto dessa informação provoca alterações nas análises 
dos usuários. Por exemplo: a variação de R$ 1,00 não é material, mas uma 
variação de R$ 100.000,00 é material se for na receita da empresa. Não existe 
um valor fixo para a materialidade, cada empresa saberá se o valor ou natureza 
da informação é relevante para os usuários das demonstrações contábeis. 
• Representação fidedigna: a informação precisa ser demonstrada de maneira 
completa, neutra e sem erros. Completa, no sentido de detalhar informações 
relevantes e úteis para os usuários na tomada de decisão. Ser neutra é uma 
informação sem viés, sem causar favorecimento. “Sem erros” significa que a 
informação representa a realidade da empresa. Por exemplo: no caso do 
rompimento de barragem de rejeitos em Brumadinho/MG em 2019, a Vale 
19 
 
 
 
precisou detalhar em suas demonstrações contábeis os impactos desse 
desastre, mostrando a informação de forma completa, sem favorecimentos e 
sem erros. 
Para melhorar as informações úteis, existem as características qualitativas de melhoria 
da informação, que são: Comparabilidade, Capacidade de verificação, Tempestividade 
e Compreensibilidade. 
• Comparabilidade: para analisar uma informação, ela precisa ser comparável. 
Por exemplo: para comparar se uma empresa teve aumento de receita, ela 
precisa conseguir comparar as informações desse período com as informações 
de um período anterior, ou com outra empresa do mesmo segmento. 
• Capacidade de verificação: a origem da informação deve estar disponível para 
verificação. Por exemplo: Se a conta de bancos está demonstrando um saldo de 
R$ 5.000,00, deverá ser possível verificar se ela está correta confrontando com 
as informações do extrato bancário. 
• Tempestividade: informação útil é aquela demonstrada no momento certo 
para a tomada de decisão. Por exemplo: os chamados eventos subsequentes, 
que não impactaram as demonstrações contábeis da empresa naquele período, 
mas certamente afetarão no próximo exercício e são relevantes para a tomada 
de decisões dos usuários. 
• Compreensibilidade: os dados das demonstrações contábeis precisam ser 
organizados e apresentados de maneira clara, sem complicação, visando a 
compreensão dos usuários das informações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.1 – Características qualitativas fundamentais e de melhoria. 
Representação 
Fidedigna 
Materialidade 
Relevância 
 
 
 
 
Capacidade de 
verificação 
 
Tempestividade 
Compreensilbilidade 
Comparabilidade 
C
ar
ac
te
rí
st
ic
as
 q
u
al
it
at
iv
as
 
fu
n
d
am
en
ta
is
 
C
ar
ac
te
rí
st
ic
as
 q
u
al
it
at
iv
as
 d
e 
m
el
h
o
ri
a 
20 
 
 
Notas 
explicativas 
Balanço 
Patrimonial 
Demonstração do 
Valor Adicionado 
(DVA) 
Demonstração do 
Resultado do 
Exercício (DRE) 
Demonstração 
do Fluxo de 
Caixa (DFC) 
Demonstração 
do Resultado 
Abrangente 
(DRA) 
Demonstração 
da Mutação do 
Patrimônio 
Líquido (DMPL) 
 
Essas características qualitativas são a base para a elaboração das demonstrações 
contábeis, e servem como uma bússola para orientar sobre a divulgação das 
informações financeiras. 
Quais são as demonstrações contábeis gerais? 
 
De acordo com a CPC 26-R1 (2011), o conjunto completo das demonstrações contábeis 
incluem: Balanço Patrimonial ao final do período, Demonstração do Resultado do 
período (DRE), Demonstração do Resultado Abrangente do período (DRA), 
Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido do período (DMPL), Demonstração 
do Fluxo de Caixa do período (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e Notas 
explicativas. 
 
 
Figura 2.2 – Conjunto das demonstrações contábeis 
 
2.2 O Balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício 
 
O Balanço Patrimonial demonstra o Patrimônio da empresa em um determinado 
período. A figura a seguir demonstra a estrutura base do Balanço Patrimonial, do lado 
direito temos o Ativo da Empresa, e do lado esquerdo do balanço, o Passivo e o 
Patrimônio Líquido. 
21 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.3 – Estrutura base do Balanço Patrimonial: Ativo, Passivo 
e Patrimônio Líquido. 
O Ativo é formado pelos chamados Bens e Direitos da empresa, são as aplicações de 
recursos da empresa. Exemplos: Bancos, Clientes, Veículos, Estoques. O Passivo é 
formado pelas obrigações, por exemplo: Contas a pagar, Fornecedores, Empréstimos. 
O Patrimônio Líquido é formado pelos recursos próprios da empresa, como: Capital 
Social, Reserva de Lucro etc. 
O Balanço Patrimonial funciona como uma balança em equilíbrio, onde o valor total do 
Ativo deve sempre ser igual à soma do Passivo com o Patrimônio Líquido. Por exemplo: 
Se uma empresa possui um total de R$ 100.000,00 no ativo, então a soma do Passivo 
mais o Patrimônio Líquido deve totalizar também R$ 100.000,00. Se o valor do Ativo 
for igual à soma do Passivo com o Patrimônio Líquido, este deve ser o resultado da 
diferença entre o valor do Ativo menos o valor do Passivo. 
22 
 
 
 
 
 
Figura 2.3 – Balança Patrimonial. 
 
A ordem das contas contábeis no balanço patrimonial da empresa deve demonstrar o 
grau de liquidez e exigibilidade para os usuários das informações. 
E o que isso significa? 
 
O grau de liquidez é a capacidade de transformação em dinheiro no tempo e a 
exigibilidade é o grau de cobrança da obrigação no tempo. Por exemplo: para o cliente 
que paga no curto prazo, o grau de liquidez é maior doque o cliente que paga no longo 
prazo; logo, essa informação deve ser mostrada no balanço patrimonial. Da mesma 
forma, a conta de fornecedores de curto prazo deve ser separada dos fornecedores de 
longo prazo. 
Para realizar essa separação o ativo e o passivo, são divididos em dois grandes grupos: 
circulante e não circulante. No grupo circulante, encontram-se os direitos e obrigações 
de curto prazo, que serão realizados no exercício social seguinte (nos próximos 12 
meses), e no grupo não circulante, os direitos e obrigações que serão realizados após o 
exercício social seguinte (maior que 12 meses). 
O exercício social da empresa tem duração de um ano, mas pode ocorrer exceções, 
quando o ciclo operacional da empresa for maior que 12 meses, como, por exemplo, 
estaleiros e atividades agrícolas. Assim, o ciclo operacional deve prevalecer para 
separar o que é de curto e de longo prazo. 
23 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.4 – Estrutura base do Balanço Patrimonial: Ativo Circulante e Não Circulante, 
Passivo Circulante e Não Circulante e Patrimônio Líquido 
Como classificar um ativo? 
 
Os ativos são aplicações de recursos da empresa, com objetivo de geração de 
benefícios futuros. Por exemplo: o Estoque é um ativo porque a empresa compra 
materiais com o objetivo de revender e gerar entrada de dinheiro no futuro. 
As principais contas do ativo são: 
 
Tabela 2.1 – Ativo circulante. 
 
Ativo Descrição 
Caixa e equivalente de caixa 
Formada pelas contas de Caixa, bancos, cheques recebidos, 
títulos e aplicações de liquidez imediata. 
Clientes e outros recebíveis Valor a receber de curto prazo 
 
Estoques 
Formados pelos estoques de matéria-prima, produtos em 
elaboração, produtos acabados. Em empresas comerciais são 
as mercadorias para revenda. 
Tributos a recuperar 
De acordo com a legislação tributária, os valores que a 
empresa tem direito de recuperar na apuração dos tributos. 
 
Tabela 2.2 – Ativo não circulante. 
 
Ativo Descrição 
Ativo realizável a longo prazo Todos os valores a receber de longo prazo 
Investimentos Participações acionárias em outras empresas 
Imobilizado 
Bens tangíveis que se destinam ao funcionamento da 
empresa. Exemplos: imóveis, terrenos, veículos. 
Intangível 
Bens e direitos intangíveis que se destinam ao funcionamento 
da empresa. Exemplos: marcas, patentes, ágio. 
24 
 
 
 
O imobilizado e o intangível da empresa são demonstradas no Balanço Patrimonial 
pelo valor líquido após depreciação e amortizações. Eles também podem sofrer o 
processo de Impairment, que é o teste para verificar se o valor daquele ativo se 
deteriorou no período, e caso se confirme a perda, poderá haver impacto nas 
demonstrações contábeis. 
O passivo e o patrimônio líquido são as origens dos recursos financeiros da empresa. O 
passivo representa os recursos adquiridos de terceiros e o patrimônio líquido os 
recursos próprios da empresa. 
Em relação ao passivo, as principais contas são: 
 
Tabela 2.3 – Passivo circulante. 
 
Passivo Descrição 
Fornecedores Obrigações a pagar de curto prazo para terceiros. 
Empréstimos e 
Financiamentos 
Valores adquiridos de empréstimos e financiamento a curto 
prazo. 
Tributos a pagar 
De acordo com a legislação tributária, os valores que a 
empresa tem obrigação de pagar na apuração dos tributos. 
Salários a pagar 
Valores relacionados com os empregados. Exemplos: férias, 
salários, 13º, encargos. 
 
Tabela 2.4 – Passivo não circulante. 
 
Passivo Descrição 
Fornecedores Obrigações a pagar de longo prazo para terceiros. 
Empréstimos e 
Financiamentos 
Valores adquiridos de empréstimos e financiamento a longo 
prazo. 
 
O patrimônio líquido é composto principalmente pelas seguintes contas: 
 
Tabela 2.5 – Patrimônio Líquido. 
 
Patrimônio Líquido Descrição 
Capital social Valores investidos pelos sócios ou acionistas na empresa. 
Reservas de Lucros 
Lucros retidos pela empresa com objetivos específicos como 
constituição de reserva para contingências, reservas legais. 
Prejuízo acumulado Prejuízos apurados 
Ações em tesouraria Ações adquiridas da própria empresa. 
25 
 
 
 
Exemplo de Balanço Patrimonial das lojas Renner (2019): 
 
 
 
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 21. 
 
Figura 2.5 – Balanços Patrimoniais Lojas Renner: Ativo Circulante e Não Circulante. 
26 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 22. 
 
Figura 2.6 – Balanços Patrimoniais Lojas Renner: Passivo Circulante e Não Circulante. 
 
A demonstração do resultado do exercício tem o objetivo de mostrar o lucro ou 
prejuízo em um período da empresa. Ela demonstra a capacidade de empresa em 
gerar resultado econômico, já que pelo regime de competência as empresas apuram 
suas despesas e receitas no momento da operação, não dependendo do recebimento 
ou pagamento. 
27 
 
 
 
A DRE é estruturada da seguinte maneira: 
 
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) 
RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS 
(-) Descontos concedidos, devoluções 
(-) Impostos sobre vendas 
(=) RECEITA LÍQUIDA 
(-) Custos dos produtos vendidos e ou serviços prestados 
(=) RESULTADO BRUTO 
(-) Despesas operacionais 
(-) Despesas gerais e administrativas 
(-) Despesas de vendas 
(+) Outras receitas operacionais 
(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO 
FINANCEIRO 
(+) Receitas Financeiras 
(-) Despesas Financeiras 
(=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E 
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 
(-) Imposto de renda e contribuição social corrente e diferido 
(=) RESUTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 
 
 
Exemplo de DRE das Lojas Renner (2019): 
28 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 23. 
 
Figura 2.6 – Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Lojas Renner. 
 
2.3 A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e outras demonstrações contábeis 
 
A demonstração do fluxo de caixa é elaborada pelo regime de caixa e tem o objetivo 
de mostrar as entradas e saídas de dinheiro por atividade na empresa. Por exemplo: 
Em janeiro, uma determinada empresa realizou uma venda no valor de R$ 100.000,00 
a prazo de 30 dias, o qual na DFC aparecerá somente no próximo mês, quando o 
dinheiro entrar na conta da empresa. Se considerarmos hipoteticamente apenas essa 
29 
 
 
 
operação de venda, a DRE (que é elaborada pelo regime de competência) de janeiro 
ficaria com a receita do faturamento R$ 100.000,00, mas a DFC (regime de caixa) sem 
movimentação, porque não teve entrada ou saída de dinheiro. Já em fevereiro, a DRE 
estaria zerada, porque não teve faturamento, mas a DFC teria a entrada dos R$ 
100.000,00 referente a venda de janeiro. 
Existem dois métodos para elaborar a demonstração do fluxo de caixa, pelo método 
direto e pelo método indireto. A diferença é que no indireto a DFC parte do lucro 
líquido do período para justificar as entradas e saídas operacionais. 
A DFC demonstra a movimentação dos recursos financeiros da empresa por três 
atividades: operacionais, de investimentos e de financiamento. Dessa maneira, os 
usuários conseguem verificar detalhadamente as atividades que estão impactando 
positivamente ou negativamente no fluxo de caixa da empresa. 
Seguem abaixo modelos de fluxo de caixa pelo método direto e pelo método indireto. 
 
 
 
Dentre as outras demonstrações contábeis obrigatórias, estão a Demonstração do 
Resultado Abrangente (DRA), a Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido 
(DMPL), a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e as Notas Explicativas. 
30 
 
 
 
A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) detalha para os usuários os ajustes 
que aconteceram no patrimônio líquido da empresa e não impactaram o resultado do 
período, por causa do regime de competência e normas específicas de contabilidade, 
que orienta e autoriza a contabilização de operações específicas direto no Patrimônio 
Líquido. Por exemplo: ajustes de avaliação patrimonial, onde as modificações do valor 
justo dos ativos e passivos não afetam a DRE. Dessa maneira, o objetivo da DRA é 
apresentar o lucroeconômico mais próximo da realidade da empresa, que poderão 
afetar a DRE futuramente. 
Seguem exemplos de operações que afetam a DRA: 
 
• Efeitos de correção de erros e mudanças de políticas contábeis apresentados 
como ajustes de exercícios anteriores; 
• Ganhos e perdas provenientes da conversão de demonstrações contábeis de 
operação no exterior; 
• Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão; 
• Ganhos e perdas na avaliação a valor justo de ativos financeiros disponíveis 
para venda; e 
• Parcela efetiva de ganhos ou perdas advindas de instrumentos de hedge em 
operação de fluxo de caixa. 
31 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 12. 
 
Figura 2.7 – Demonstrações dos resultados abrangentes da Magazine Luiza. 
 
A Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) tem como objetivo 
apresentar as movimentações que aconteceram no patrimônio líquido da empresa. 
Demonstrar para o usuário, por exemplo, porque o grupo patrimônio líquido do 
balanço patrimonial aumentou ou diminuiu. Exemplos de movimentações que podem 
afetar o patrimônio líquido da empresa: aumento de capital social, constituição de 
reservas, distribuição de dividendos etc. 
32 
 
 
 
No exemplo abaixo, observa-se que a empresa teve um aumento de R$ 50.000,00 no 
capital social, um lucro líquido de R$ 25.000,00, sendo R$15.000,00 distribuídos em 
forma de dividendos aos acionistas e R$ 10.000,00 aumentando as reservas, sendo 
R$1.000,00 em reserva legal, R$ 500 em reserva estatutária e R$ 8.500 em reserva de 
expansão. 
 
 
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tem por objetivo apresentar a origem e a 
aplicação dos recursos da empresa, onde foram gerados e distribuídos valores. De 
acordo com o CPC 09 – Demonstração do valor adicionado (2011), a distribuição da 
riqueza deve ser entre: (a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) 
juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; (e) lucros 
retidos/prejuízos do exercício. 
33 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 15. 
 
Figura 2.8 – Demonstrações dos valores adicionados da Magazine Luiza. 
 
Percebe-se, até o momento, que as demonstrações contábeis revelaram apenas 
numericamente a situação patrimonial e econômica da empresa, sem muitos detalhes. 
Por isso, existem as Notas Explicativas, que fazem parte das demonstrações contábeis, 
para apresentar os detalhes importantes dos números e descrevem as políticas e 
procedimentos adotados pela empresa. 
Por exemplo: A linha caixa e equivalente de caixa, no balanço patrimonial da Magazine 
Luiza referente 2019, foi em milhares de reais de 305.746 (consolidado). Observe que a 
nota explicativa 7 apresentará os detalhes dessa linha: 
34 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 9. 
 
 
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 9 e 26. 
 
Figura 2.9 – Linha caixa e equivalente de caixa no balanço patrimonial 
da Magazine Luiza. 
35 
 
 
 
Conclusão 
 
Cada demonstração contábil possui uma estrutura com dados específicos, além de 
ajudar na interpretação, conhecê-los nos guia para uma melhor tomada de decisão. As 
principais demonstrações contábeis são: o Balanço Patrimonial; a Demonstração do 
Resultado do Exercício (DRE); a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); a 
Demonstração do Resultado Abrangente (DRA); a Demonstração da Mutação do 
Patrimônio Líquido (DMPL); a Demonstração do valor adicionado (DVA) e as Notas 
explicativas. Esse conjunto de demonstrações apresentam a situação da empresa em 
um determinado período de maneira transparente para ganhar confiança dos 
stakeholders. 
REFERÊNCIAS 
 
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, 
comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei 
no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, 
e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e 
divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, 28 dez. 2007. 186º da 
Independência e 119º da República. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso 
em 7 jun. 2020. 
LOJAS, Renner. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. Disponível 
em: <https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/13154776-9416-4fce-8c46- 
3e54d45b03a3/1d069648-7325-cbd8-eec5-4d14e50b1b4e?origin=1>. Acesso em: 07 
jun. 2020. 
MAGAZINE, Luiza. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. 
Disponível em: <https://ri.magazineluiza.com.br/Download/ITR- 
DFP?=EDjHO0Z4QwPGXaBjhVLPhw==>. Acesso em: 07 jun. 2020. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm
36 
 
 
 
PRONUNCIAMENTOS. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 2019. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos- 
Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em 7 jun. 2020. 
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 00 (R2) – Estrutura conceitual para Relatório 
Financeiro. Comitê De Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 30 out. 2018. 
Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. 
Acesso em: 07 jun. 2020. 
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 30 out. 2018. Disponível em: < 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09_rev%2014.pdf>. Acesso em: 
07 jun. 2020. 
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações 
contábeis. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 02 dez. 2011. 
Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2014.pdf>. Acesso 
em: 07 jun. 2020. 
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09_rev%2014.pdf
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2014.pdf
37 
 
 
Operações 
da 
empresa 
Registro 
Contábil 
Dados 
Demonstrações 
Contábeis 
Informação 
Índices 
financeiros 
 
 
 
3 PROCESSO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
 
Após conhecer as principais demonstrações contábeis, como realizar a análise desses 
dados e chegar a uma conclusão? 
O objetivo deste terceiro bloco é apresentar as ferramentas para o processo de análise 
das demonstrações contábeis, como utilizar os índices financeiros, realizar a análise 
horizontal e vertical, e como interpretar os resultados. 
3.1 Utilização de índices financeiros 
 
As demonstrações contábeis apresentam informações gerais, estruturadas de acordo 
com as normas contábeis. Como conseguir extrair as informações desses relatórios? 
Isso é possível por meio dos índices financeiros. 
Os analistas das demonstrações contábeis conseguem, com base nesses índices 
financeiros, verificar a situação financeira da empresa e quais as estratégias 
operacionais, de investimento e financiamento da empresa. 
 
 
 
 
 
 
Por meio desses índices financeiros é possível, por exemplo, verificar a liquidez, o 
endividamento, a margem de lucro, a rentabilidade da empresa entre outras 
informações que ajudam no processo de decisão. Abaixo, os principais índices 
financeiros: 
38 
 
 
 
• Alavancagem Financeira 
• Endividamento 
• Dependência Financeira 
• Participação de capital de terceiros 
• Imobilização do capital próprio 
• Capital Circulante líquido 
• Liquidez Imediata 
• Liquidez seca 
• Liquidez corrente 
• Liquidez geral 
• Ciclo operacional 
• Ciclo financeiro 
• Giro do Ativo 
• Retorno sobre investimento 
• Retorno sobre Patrimônio Líquido 
• Margens de vendas 
• EBITDA 
 
Muitas vezes alguns ajustes devem ser efetuados nos dados das demonstrações 
contábeis para melhorar a interpretação das informações. De acordo com Padoveze e 
Benedicto (2010), os principais ajustes de Balanço Patrimonialsão: 
 
 
Observa-se que os ajustes devem ser realizados com o objetivo de refletir a real 
situação da empresa. 
39 
 
 
 
3.2 Análise horizontal 
 
Ao analisar um dado, é preciso uma base de comparação para verificar a evolução dele 
ao longo de um período. Esse mecanismo de acompanhar o mesmo dado ao longo do 
tempo é chamado de análise horizontal. 
A análise horizontal possibilita ao usuário verificar, ao longo de um período, se a 
empresa aumentou seu ativo imobilizado, se o lucro diminuiu. É importante destacar 
que essa análise pode ser realizada com dados extraídos das demonstrações contábeis 
e dos índices financeiros. O objetivo é estabelecer a data base e comparar ao longo do 
tempo qual foi o comportamento das informações. Além disso, ao compará-las, os 
cenários econômicos também devem ser levados em consideração. 
Por exemplo: lojas de brinquedos normalmente têm maiores vendas em determinadas 
datas, como dia das crianças e Natal. Ao comparar a conta de receita dessa empresa 
em novembro com dezembro, com certeza haverá um aumento significativo. Dessa 
maneira, é interessante comparar a receita de dezembro com a receita de dezembro 
do ano anterior. 
Com essa análise, a empresa também consegue prever tendências e tomar uma ação. 
Exemplo: ao acompanhar as receitas de vendas mensalmente, os gestores podem 
alterar os planos de ações para que a meta seja alcançada até o final do ano. 
Qual é o cálculo da análise horizontal? 
 
 
Exemplos: 
 
a) 
 
 
 
Análise horizontal = ((200.624 ÷ 150.468) -1) x 100 
Análise horizontal = 33,333% 
Período 2019 2018 
Lucro Líquido 200.624 150.468 
 
40 
 
 
 
Mas o que significa esse resultado? 
 
Esse resultado revela que a empresa teve um aumento no lucro líquido em 2019 de 
33,333%, se comparado ao período de 2018. 
b) 
 
 
 
Análise horizontal das vendas = ((188.085 ÷ 376.170) -1) x 100 
Análise horizontal das vendas = -50% 
 
Análise horizontal do lucro líquido = ((15.547 ÷ 25.078) -1) x 100 
Análise horizontal do lucro líquido = -38% 
 
Observe que na análise horizontal comparamos o mesmo dado ao longo do período. 
Nesse exemplo, essa empresa teve uma queda nas vendas de 50% em fevereiro 
comparada com janeiro, e também uma diminuição no lucro líquido de 38%. 
Se você fosse o gestor dessa empresa, como interpretaria esses dados? E se você fosse 
um usuário externo da empresa? 
Provavelmente, com esse acompanhamento, o gestor iria investigar o que aconteceu 
nesse período e elaboraria uma nova estratégia para aumentar as vendas para o mês 
de março. Se fosse um usuário externo, iria questionar os motivos que levaram as 
quedas nas vendas. 
A análise horizontal é aplicada para todas as demonstrações contábeis, nas linhas do 
balanço patrimonial, na demonstração do resultado do exercício, na demonstração do 
fluxo de caixa etc. 
Exemplo de análise horizontal de Balanço Patrimonial e DRE: 
Período Fevereiro Janeiro AH 
Vendas 188.085 376.170 -50% 
Lucro líquido 15.547 25.078 -38% 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
DRE 2018 2019 AH 
Receita de Vendas 2.490.000 3.780.000 52% 
(-)CMV (1.572.501) (2.521.500) 60% 
Lucro Bruto 917.499 1.258.500 37% 
(-)Despesas Operacionais (418.500) (570.000) 36% 
Resultado antes do resultado financeiro 498.999 688.500 38% 
(-)Despesas Financeiras (264.000) (165.000) -38% 
Resultado antes do Imposto de renda e contribuição social 234.999 523.500 123% 
(-)Provisão de IR/CSLL (93.999) (107.400) 14% 
Resultado líquido 141.000 416.100 195% 
42 
 
 
 
Algumas conclusões da análise desse Balanço e DRE são: 
 
• A empresa diminuiu os recursos de caixa e equivalente em 48,96%; 
• Ocorreu um aumento de 115,56% em empréstimos e financiamentos; 
• As despesas financeiras diminuíram em 38%; 
• As vendas aumentaram em 52%; 
• Mas os custos aumentaram em 60%; 
• E o Lucro Líquido aumentou 195%. 
 
As principais análises em relação ao balanço é acompanhar a evolução dos 
investimentos (ativos) e financiamentos (passivos), e as mudanças da estrutura de 
capital (recurso próprios ou recursos de terceiros). Já na DRE, pode ser verificado se 
ocorreu aumento ou diminuição das receitas, custos e despesas. 
3.3 Análise vertical 
 
A análise vertical demonstra a representatividade de um item sobre uma base de 
comparação. No balanço patrimonial da empresa, qual é o item do ativo que tem 
maior representatividade? E na Demonstração de resultado, em relação a receita de 
vendas, qual é o item de maior impacto? As respostas para essas perguntas são 
possíveis com a análise vertical. E qual é o cálculo da análise vertical? 
 
 
Exemplo: 
 
 
43 
 
 
 
Análise vertical da conta caixa e equivalente de caixa de 2019: 
 
(305.746 ÷ 19.791.073) x 100 
Análise vertical da conta caixa e equivalente de caixa de 2019 = 1,54% 
 
Observe que a análise vertical é a participação de um item do Balanço em relação a 
uma base. No caso do item base do ativo, é o seu valor total. O grupo de caixa e 
equivalente de caixa representa 1,54% do ativo em 2019, e em 2018 a 
representatividade era de 6,81%. 
Já os fornecedores são o grupo que tem maior participação no passivo em 2019, com 
35,81%. 
 
 
Em relação à DRE, a base de comparação é a receita de vendas, já que ela é a receita 
principal da empresa, e se compararmos os outros itens com ela podemos ter 
indicadores de corte de gastos. Observe que o item com maior impacto sobre a receita 
é o custo. Dessa maneira, se a empresa negociar com os fornecedores melhores 
preços, pode melhorar seu custo. 
Para analisar as demonstrações contábeis, os usuários utilizam as duas análises: 
horizontal e vertical em conjunto. O acompanhamento ao longo do tempo dos itens 
que têm maior representatividade no grupo auxilia aos usuários na tomada de decisão. 
Observe o balanço patrimonial abaixo: 
44 
 
 
 
 
 
 
Pode-se observar um aumento de 115,56% em empréstimos e financiamentos de 
curto prazo, e 245,37% no capital social, para aplicação desses recursos no ativo 
imobilizado e intangível da empresa, que aumentaram 320,65% e 337,92%, 
respectivamente. A empresa obteve recursos de terceiros com o objetivo de aplicar no 
ativo imobilizado (móveis, máquinas e equipamento, informática). Além disso, o item 
que apresentou maior impacto nas contas do ativo são contas a receber (37,20%) em 
2019 e estoques (31,95%) em 2018, e, no passivo, a conta de fornecedores (35,81%). 
Aconteceu também um aumento no capital social da empresa, crescendo a sua 
representatividade na estrutura de capital, em 2018 era de 19,55% e em 2019 foi para 
30,01%. Observe a DRE: 
 
 
Como gestor dessa empresa, quais seriam suas ações ao fazer essa análise horizontal e 
vertical? 
O item de maior impacto na DRE nos dois anos é o custo da mercadoria vendida, que 
apresentou um crescimento de 60% entre o período analisado. Seria importante 
negociar com os fornecedores os preços das mercadorias. Além disso, a empresa 
apresentou um aumento nas despesas operacionais de 36%, que representam 16,81% 
das vendas. 
45 
 
 
 
Conclusão 
 
A análise das demonstrações contábeis é possível com ajuda de ferramentas como os 
indicadores financeiros, e com as técnicas de análise horizontal e vertical. 
Somente um dado não é suficiente para transmitir a informação de maneira correta 
para a tomada de decisão, é preciso analisar por conjuntos de indicadores a evolução 
das informações e quais impactos elas representam para a empresa. 
A análise horizontal possibilita acompanhar os dados entre períodos, e pela análise 
vertical a sua representatividade, e ambas ajudam os usuários da informação na 
interpretação do cenário econômico e financeiro da empresa. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, Gideon C.B. Análise das demonstrações financeiras. 
3.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 
46 
 
 
 
 
 
4 ANÁLISE FINANCEIRA 
 
O objetivo da análise financeira da empresa é saber como ela administraas entradas e 
saídas especificamente dos recursos financeiros. Como saber se uma empresa honra 
com seus compromissos? Como saber o grau de endividamento? A estrutura do capital 
de giro demonstra uma empresa com folga financeira ou não? 
Essas análises serão possíveis com os indicadores nos subtemas a seguir. 
 
4.1 Análise de liquidez 
 
A análise de liquidez da empresa ajuda na identificação de como a empresa conseguirá 
cumprir com seus compromissos. Dentre os principais indicadores financeiros para 
essa análise, estão: liquidez imediata, liquidez seca, liquidez corrente e liquidez geral. 
Vamos considerar as informações do balanço abaixo como exemplo para a análise dos 
indicadores de liquidez: 
 
 
• Liquidez Imediata: Revela quanto a empresa consegue pagar imediatamente, 
em relação às dívidas de curto prazo. Esse índice normalmente é baixo, porque 
as empresas habitualmente aplicam os seus recursos, sem deixar grandes 
valores parados em caixa. 
47 
 
 
 
Fórmula: 
 
 
 
Observação: “Disponível” corresponde aos valores em caixa, em bancos e aplicações 
financeiras de curto prazo disponíveis para resgate. 
 
Considerando os dados do Balanço utilizado como exemplo, temos: 
 
Liquidez imediata de 2019 = 500 ÷ 7400 
Liquidez imediata de 2019 = 0,06756 
Liquidez imediata de 2019 = 6,76% 
 
Interpretação: Esse indicador revela que essa empresa consegue em 2019 liquidar 
imediatamente 6,76% das suas dívidas de curto prazo. 
• Liquidez Seca: mostra o quanto a empresa consegue pagar as dívidas de curto 
prazo, utilizando itens monetários de maior liquidez do ativo, ou seja, 
desconsiderando itens como estoques e despesas antecipadas. 
Fórmula: 
 
 
Exemplo: 
 
Liquidez Seca de 2019 = (15.820 – 9200) 
7.400 
Liquidez Seca de 2019 = 0,89 
Liquidez Seca de 2019 = 89% 
48 
 
 
 
Interpretação: Esse indicador revela que essa empresa, em 2019, consegue liquidar 
89% das suas dívidas de curto prazo com itens monetários de maior liquidez do ativo 
circulante. 
• Liquidez Corrente: Indica a quantidade de recursos de curto prazo (ativo 
circulante) para pagar as obrigações de curto prazo (passivo circulante). 
Fórmula: 
 
 
 
Esse índice deve ser superior a 1, porque demonstra a capacidade da empresa de 
cumprir as obrigações de curto prazo com os recursos de curto prazo. 
Exemplo: 
 
Liquidez Corrente de 2019 = 15.820 
7.400 
Liquidez Corrente de 2019 = 2,14 
 
Interpretação: Esse indicador revela que para cada $1,00 de dívidas de curto prazo, a 
empresa possui $2,14 em seu ativo circulante. 
• Liquidez Geral: Demonstra a capacidade da empresa de pagar suas obrigações 
de curto e longo prazo, com o ativo circulante e o realizável a longo prazo. 
Fórmula: 
 
49 
 
 
 
Exemplo: 
 
Liquidez Geral de 2019 = 15.820 + 4.200 
7.400 + 10.200 
Liquidez Geral de 2019 = 20.020 
17.600 
Liquidez Geral de 2019 = 1,14 
 
Interpretação: Esse indicador revela que, em 2019, para cada $1,00 de dívidas de curto 
e longo prazo, a empresa possui $1,14 em seu ativo circulante e realizável a longo 
prazo. 
4.2 Análise da estrutura de capitais e Indicadores de avaliação do passivo 
 
A análise da estrutura de capitais tem por objetivo demonstrar a participação dos 
grupos de contas contábeis em relação ao Patrimônio Líquido da empresa. Os 
principais indicadores são: Imobilização do Patrimônio Líquido e Participação de capital 
de terceiros. 
• Imobilização do Patrimônio Líquido: mostra quanto a empresa investiu em 
ativo permanente (investimento, imobilizado e intangível), em relação aos 
recursos próprios. Esse indicador revela, por exemplo, que maiores 
investimentos em ativo permanente, reduzem os recursos próprios para o ativo 
circulante (por exemplo: estoques), dependendo de capital de terceiros para 
financiá-lo. 
Fórmula: 
 
 
 
Exemplo: Uma empresa tem um patrimônio líquido de R$ 2.000.000,00. E uma 
estrutura de Ativo permanente detalhada a seguir. 
50 
 
 
 
Investimento 599.000,00 
Imobilizado 2.336.100,00 
Intangível 59.900,00 
TOTAL 2.995.000,00 
 
Imobilização do capital próprio = 2.995.000 
2.000.000 
Imobilização do capital próprio = 1,50 
 
Interpretação: esse indicador revelou que a empresa investe 150% do patrimônio 
líquido no Ativo Permanente. 
• Participação de capital de terceiros: apresenta a porcentagem de recursos de 
terceiros que financiam as operações da empresa. 
Fórmula: 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
Participação de capital de terceiros 2019 = 7.400 +10.200 
33.520 
Participação de capital de terceiros 2019 = 0,53 
Participação de capital de terceiros 2019 = 53% 
51 
 
 
 
Interpretação: esse indicador revelou que 53% dos investimentos da empresa estão 
sendo financiados por capital de terceiros e 47% por capital próprio. 
A avaliação do passivo da empresa tem por objetivo analisar a estrutura das dívidas da 
empresa. Seus principais indicadores são: endividamento e dependência financeira. 
• Endividamento: revela a porcentagem de capital de terceiros em relação ao 
capital próprio da empresa. É um indicador que apresenta a cobertura de 
dívidas pelo capital próprio da empresa. Por isso, a evolução desse indicador 
maior que 1, por vários períodos, é um indício de problemas financeiros. 
Fórmula: 
 
 
 
Exemplo: 
 
Endividamento = (7.400+10.200) 
15.920 
Endividamento = 1,11 
 
Interpretação: esse indicador revelou que as dívidas representam 111% do capital 
próprio da empresa. 
52 
 
 
 
• Dependência Financeira: esse indicador demonstra a porcentagem de capital 
de terceiros investido nos ativos da empresa. 
Fórmula: 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
Dependência Financeira = (7.400+ 10.200) 
33.520 
Dependência Financeira = 0,53 
Dependência Financeira = 53% 
Interpretação: 53% do ativo da empresa está sendo financiada por recursos de 
terceiros, e 47% pelo capital próprio. 
Um detalhe importante na análise do passivo da empresa é a classificação desse item 
em passivo oneroso e passivo de funcionamento. Existem dívidas que são necessárias 
para a empresa continuar operando; esse tipo de passivo é denominado passivos de 
funcionamento, e sobre eles não incidem despesas financeiras. Exemplos: salários, 
tributos, contas a pagar, fornecedores. 
53 
 
 
 
Por outro lado, existem obrigações que geram despesas financeiras, como juros, esse 
tipo de passivo é denominado passivo oneroso. Exemplos: empréstimos e 
financiamentos. 
4.3 Alavancagem financeira e Capital circulante líquido (CCL) 
 
A alavancagem financeira está associada à estrutura de capital da empresa, mais 
especificamente aos recursos de terceiros. A empresa precisa saber qual o impacto da 
captação de recursos de terceiros no resultado líquido. 
Fórmula do Grau de alavancagem financeira: 
 
 
Onde: LOP = Lucro operacional; DF = Despesa financeira. 
 
Exemplo: Se uma empresa possui um lucro operacional de R$90 e despesa financeira 
de R$24, O GAF dessa empresa é: 
GAF = _90_ 
90-24 
GAF = 1,36 
 
Interpretação: Cada 1% de aumento no lucro operacional resulta um acréscimo de 
1,36% no lucro líquido. A alavancagem financeira é possível porque muitas vezes o 
retorno de um investimento supera o custo da dívida. 
A dinâmica da gestão financeira gera em torno de pagar e receber, por isso a 
importância do indicador Capital Circulante Líquido, que é o excedente dos valores do 
Ativo Circulante (aplicações da empresa de curto prazo) menos as obrigações de curto 
prazo (passivo circulante). O CCL revela se a empresa está com folga ou aperto 
financeiro para honrar seus compromissos, com ativos de curto prazo. 
54 
 
 
CCL > 0 
CCL = 0 
CCL < 0 
• Folga financeira 
• Não existe folga financeira 
• Desequilíbrio financeiro 
 
Fórmula: 
 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
CCL = 15.820 – 7.400 
CCL = 8.420 
 
Interpretação: Esse capital circulante líquido revela que $ 8.420 são financiados por 
recursos de longo prazo. Isso demonstra folga financeira da empresa, queela paga as 
dívidas de curto prazo e sobra 8.420. 
 
 
• Capital Circulante Líquido positivo (CCL>0): indica que a empresa aplica em 
ativos de curto prazo com recurso de curto e longo prazo. Ela tem folga 
financeira, já que consegue liquidar dívidas de curto prazo e sobra valor para 
pagar as dívidas de longo prazo. 
55 
 
 
 
• Capital Circulante Líquido igual a zero (CCL=0): indica que a empresa não tem 
folga financeira, já que o ativo de curto prazo não supera o passivo de curto 
prazo e não sobra valores. 
• Capital Circulante Líquido negativo (CCL=0): indica que a empresa tem 
desequilíbrio financeiro, porque ativos de curto prazo não são suficientes para 
liquidar as dívidas de curto prazo. 
Conclusão 
 
No bloco 4 vimos os indicadores relacionados com a parte financeira da empresa e o 
controle em relação às obrigações de curto e longo prazo. 
Pela análise de liquidez, os usuários das informações conseguem verificar a capacidade 
da empresa de cumprir seus compromissos financeiros. Pelos indicadores de estrutura 
de capitais, é possível analisar a participação de capital de terceiros na estrutura 
financeira da empresa, e indicadores como imobilização do capital próprio mostram os 
investimentos em ativo permanente em relação ao capital próprio da empresa. 
A avaliação do passivo possibilita a análise do endividamento da empresa em relação 
ao seu capital próprio. E o grau de alavancagem financeira ajuda ao usuário analisar o 
resultado dessa captação de recursos de terceiros, oneroso, no lucro líquido da 
empresa. 
O capital circulante líquido (CCL) demonstra para os analistas se a empresa apresenta 
folga financeira, desequilíbrio ou está sem folga financeira, relacionando o ativo com o 
passivo, ambos de curto prazo. 
Com esses indicadores financeiros, os usuários conseguem analisar como está a 
situação financeira da empresa. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, 
comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
56 
 
 
 
 
 
5 ANÁLISE DE RENTABILIDADE 
 
Como saber se uma empresa é rentável? Em quais linhas das demonstrações 
conseguimos verificar o retorno dos investimentos? Este bloco tem por objetivo 
responder essas perguntas. 
Antes de tomar uma decisão, os usuários das informações contábeis verificam a 
rentabilidade do investimento para aplicar ou não em uma empresa. Companhias com 
rentabilidade e bem administradas normalmente são mais competitivas, e conseguem 
cumprir com suas obrigações. 
Este bloco abordará os indicadores: giro do ativo, retorno sobre investimento, retorno 
sobre o patrimônio líquido e margens de vendas. 
5.1 Giro do Ativo 
 
Ao comprar uma máquina, qual é a receita gerada por esse investimento? O giro do 
ativo demonstra a velocidade que os ativos são operacionalizados e transformam os 
insumos em vendas. 
Fórmula: 
 
 
Exemplo: 
 
 Empresa 
Alpha 
Empresa 
Beta 
Empresa 
Gama 
Receita de vendas 500.000,00 1.500.000,00 2.000.000,00 
Valor do ativo (investimento) 500.000,00 500.000,00 500.000,00 
Giro 1,00 3,00 4,00 
57 
 
 
 
Giro empresa Alpha = 500.000 = 1,00 
500.000 
 
Giro empresa Beta = 1.500.000 = 3,00 
500.000 
 
Giro empresa Gama = 2.000.000 = 4,00 
500.000 
 
Interpretação: A empresa Alpha apresenta o menor giro do ativo, enquanto a empresa 
Gama, o maior. Observe que as empresas tiveram valores de investimento idênticos 
($500.000), mas a empresa Gama consegue produzir uma maior receita de vendas. 
Dessa maneira, ela tem a maior produtividade do investimento. 
A empresa Alpha tem giro de 1, isso significa que seu imobilizado se transformou em 
vendas 1 vez. A empresa Beta demonstrou uma produtividade melhor que a empresa 
Alpha, já que seu investimento se transformou em vendas 3 vezes. E o investimento 
em Gama foi o melhor de todos, pois se transformou em vendas 4 vezes. 
Percebe-se que o giro do ativo aponta o número de vezes que o investimento se 
transformou em dinheiro (giro) através das vendas. 
5.2 Retorno sobre investimento (ROI) e Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) 
 
O retorno sobre investimento, mais conhecido como ROI, é um indicador que 
demonstra o retorno de um investimento no lucro da empresa. Esse indicador 
demonstra se a empresa ganhou ou perdeu dinheiro com o investimento realizado. 
Fórmula: 
 
 
Exemplo 1: uma empresa realizou um investimento, totalizando $27.836, e o lucro 
desse investimento foi de $4.146. 
58 
 
 
 
ROI = 4.146 
27.836 
ROI = 0,1489 
ROI = 14,89% 
 
Interpretação: A empresa obteve um retorno referente aos investimentos de 14,89%. 
A cada $1,00 investido na empresa, é gerado um valor de $0,14. 
Exemplo 2: A empresa ABC obteve um investimento de $100.000 em uma máquina, e a 
receita gerada por ela foi de $300.000. Qual foi o retorno desse investimento? 
 
 
ROI = (300.000 – 100.000) 
100.000 
ROI = 2 
 
Interpretação: O retorno sobre esse investimento foi 2 vezes o investimento inicial, ou 
seja, a empresa obteve 200% de retorno. 
O retorno sobre patrimônio líquido, conhecido como ROE (Return on Equity), mostra 
qual é o retorno a partir dos recursos próprios da empresa (Patrimônio Líquido). 
Fórmula: 
 
 
 
Exemplo: Em 2019, a empresa apresentou um lucro líquido de $369.705 e um 
patrimônio líquido de $2.000.000. Qual foi o ROE nesse período? 
59 
 
 
 
ROE = 369.705 
2.000.000 
ROE = 0,1849 
ROE = 18,49% 
 
Interpretação: O retorno do lucro sobre o patrimônio da empresa foi de 18,49% nesse 
período. 
5.3 Margens sobre vendas e Ebtida 
 
Ao analisar a demonstração do resultado do exercício (DRE), os usuários 
verificam qual foi a lucratividade das vendas no período. Para realizar essa análise, são 
utilizados os indicadores de margens, que são: a Margem Bruta, Margem Operacional 
e a Margem líquida. 
Fórmulas: 
 
 
Exemplos: Demonstração do resultado do exercício (DRE), da empresa Magazine Luiza, 
período de 2018 e 2019 (coluna Consolidado). 
60 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 11. 
 
Figura 5.1 – Demonstrações dos Resultados da Magazine Luiza. 
 
a) margem BRUTA 
 
Margem Bruta 2018= 4.537.422 
15.590.444 
Margem Bruta 2018= 0,2910 
Margem Bruta 2018= 29,10% 
 
Margem Bruta 2019= 5.553.961 
19.886.310 
Margem Bruta 2019= 0,2793 
Margem Bruta 2019= 27,93% 
61 
 
 
 
Interpretação: A margem bruta em 2018 foi de 29,10%, e isso reflete a porcentagem 
do lucro das vendas de mercadorias. Note que a margem bruta verifica a de venda sem 
considerar as despesas operacionais, o resultado financeiro. Aponta o lucro somente 
das vendas realizadas da empresa. 
Conforme o cálculo de 2019, a margem bruta foi de 27,93%. Observe que a receita 
líquida aumentou de um ano para outro, mas o lucro dessas vendas foi menor, porque 
o custo foi maior em 2019. 
b) MARGEM OPERACIONAL 
 
Margem Operacional 2018 = 1.081.591 
15.590.444 
Margem Operacional 2018 = 0,06 
Margem Operacional 2018 = 6% 
 
Margem Operacional 2019 = 1.288.563 
19.886.310 
Margem Operacional 2019 = 0,07 
Margem Operacional 2019 = 7% 
 
Interpretação: A margem operacional em 2018 foi de 6%, e isso reflete a porcentagem 
do lucro das atividades operacionais sobre as vendas realizadas da empresa. Observe 
que esse lucro leva em conta as despesas de vendas, administrativas. Na evolução para 
2019, a empresa apresenta aumento do lucro operacional, que passa a representar 7% 
da receita líquida de vendas. 
c) MARGEM LÍQUIDA 
 
Margem Líquida 2018 = 597.429 
15.590.444 
Margem Líquida 2018 = 0,04 
Margem Líquida 2018 = 4% 
 
Margem Líquida 2019 = 921.828 
19.886.310 
Margem Líquida 2019 = 0,05 
Margem Líquida 2019 = 5% 
62 
 
 
 
Interpretação: A margem líquida apresenta a porcentagem do lucro total da empresa 
em relação às vendas realizadas. Em 2018, foi de 4% e em 2019, 5%, ou seja, mesmo 
depois da empresa deduzirtodas as despesas e acrescentar outras receitas, obteve 5% 
de lucro em 2019. 
 
 2018 2019 
Margem Bruta 29,10% 27,93% 
Margem Operacional 6% 7% 
Margem Líquida 4% 5% 
 
Pela análise das margens, é possível verificar o impacto das despesas gerais, 
administrativas, de vendas, na estrutura da empresa. Após a dedução desses gastos, a 
margem da empresa diminuiu 23% em 2018 e 21% em 2019. Esses dados permitem 
que o usuário faça comparações entre empresas do mesmo segmento para avaliar, por 
exemplo, qual é a mais rentável, ou avaliar a margem dos produtos e traçar 
estratégias. 
A sigla EBITDA, derivada do inglês Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and 
Amortization, é o lucro antes dos juros, impostos sobre o lucro, depreciações e 
amortizações. 
Esse importante indicador é utilizado nas empresas para verificar o desempenho 
operacional. Observe que o EBITDA mostra o lucro gerado somente pela atividade da 
empresa, já que desconsidera itens que não dependem da operação da empresa como 
despesas com juros e depreciação. 
Exemplo: 
 
 
63 
 
 
 
 
 
 
OU 
 
 
OU 
 
 
O cálculo do EBITDA origina da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), com 
objetivo de anular o efeito dos juros, impostos sobre o lucro, depreciação e 
amortização, para chegar-se ao Lucro da operação da empresa. 
De acordo com Assaf Neto (2018), existe também o EBITDA Ajustado, quando algumas 
despesas e receitas não recorrentes são desconsideradas, para medir efetivamente o 
resultado operacional da empresa. As despesas e receitas não recorrentes são 
operações que não ocorrem com frequência, não estando vinculadas à atividade da 
empresa, como créditos fiscais, multas. 
Exemplo: 
 
 
EBITDA = 827,40 + 82,40 
EBITDA = 745,00 
64 
 
 
 
Para o cálculo do EBITDA Ajustado, precisamos da informação dos valores de despesas 
e receitas não recorrentes. Se considerarmos que nesse período as despesas não 
recorrentes totalizaram $11,40, qual seria o valor do EBITDA Ajustado? 
EBITDA AJUSTADO= 745,00 + 11,40 
EBITDA AJUSTADO= 756,40 
 
Conclusão 
 
Os indicadores de rentabilidade possibilitam as análises de retorno da aplicação de 
recursos na empresa. Os principais indicadores são: Giro do ativo, Retorno sobre 
investimento, Retorno sobre o patrimônio líquido, Margens de vendas e EBITDA. 
O indicador giro do ativo aponta o retorno do investimento da empresa em relação as 
vendas do período. Já o retorno sobre investimento possibilita a análise da 
rentabilidade da aplicação de recursos comparado ao custo desse investimento. 
Para calcular o retorno que a empresa gera em relação ao patrimônio líquido, utiliza-se 
o indicador ROE. E, para analisar o lucro, existem os cálculos da margem bruta, 
margem operacional e margem liquida, que mostram por meio dos dados da DRE qual 
é o lucro da empresa em relação às receitas de vendas. 
O EBITDA calcula o Lucro operacional da empresa, desconsiderando operações que 
não derivam da sua atividade principal, como despesas de juros, depreciações e 
amortizações. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, 
comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
MAGAZINE, Luiza. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. 
Disponível em: <https://ri.magazineluiza.com.br/Download/ITR- 
DFP?=EDjHO0Z4QwPGXaBjhVLPhw==>. Acesso em: 07 jun. 2020. 
65 
 
 
Compra de 
materiais 
Recebimento Produção 
Vendas 
 
 
 
6 ANÁLISE DO CICLO DA EMPRESA 
 
Como o cálculo dos prazos médios de cada fase das atividades impactam no controle 
financeiro e operacional das empresas? Este bloco abordará onde iniciam e terminam 
os ciclos operacional e financeiro das companhias, e a importância dessas informações 
para a administração financeira da empresa. 
6.1 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro 
 
 
Figura 6.1 – Ciclo Operacional. 
 
Ciclo operacional: etapas da atividade principal da empresa, como ela funciona em 
relação aos prazos. Ela é dividida entre compra de materiais, produção, vendas e 
recebimentos. 
• Compra de materiais: é a fase de estocagem de matérias-primas para utilização 
do processo produtivo, quanto tempo permanecem no estoque. 
• Produção: é o tempo necessário para fabricar o produto. 
• Vendas: é a fase de estocagem do produto acabado, quanto tempo permanece 
no estoque até ser vendido. 
• Recebimento: é a fase de cobrança do produto vendido, o tempo necessário 
para receber dos clientes. 
66 
 
 
 
Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC 
 
Essas fases são importantes para uma administração financeira organizada, e a soma 
dessas etapas que determina o ciclo operacional da empresa. Quanto maior esse ciclo, 
mais recursos a empresa precisa para manter a operação. Por exemplo: se o processo 
produtivo da empresa é longo, ela demora para vender e consequentemente para 
receber. Percebe-se que a empresa precisa de alguma forma manter suas operações, 
uma maneira para contornar essa situação seria utilizar os passivos de funcionamento, 
como comprar dos fornecedores a prazo. E para saber o melhor prazo para negociar 
com os fornecedores, as empresas precisam antes conhecer o seu ciclo operacional. 
 
 
 
Figura 6.2 – Ciclo Operacional: 115 dias. 
 
Observe que, no exemplo, essa empresa tem um ciclo operacional de 115 dias. 
 
 
PME = 25 dias 
PMF = 35-25 
PMF = 10 dias 
 
PMV = 75-35 
PMV = 40 dias 
 
PMC = 115-75 
PMC = 40 dias 
 
CICLO OPERACIONAL = 25+10+40+40 
CICLO OPERACIONAL = 115 
67 
 
 
Recebimentos 
Pagamentos 
 
O ciclo financeiro das empresas compreende o ciclo do fluxo de caixa, o tempo gasto 
no recebimento e pagamento financeiro. 
 
 
Figura 6.3 – Ciclo Financeiro. 
 
Organizar quanto tempo a empresa leva para receber de um cliente ajuda na 
determinação do prazo de pagamento com os fornecedores. 
Receber antes de pagar é o ideal para uma melhor administração de caixa nas 
empresas. A falta de recursos financeiros para pagar seus compromissos levará a 
aquisição de passivos onerosos que aumentam as despesas financeiras da empresa e 
consequentemente as dívidas. Observe que o ciclo financeiro da empresa auxilia as 
empresas controlarem suas finanças. 
Esse ciclo começa no pagamento aos fornecedores até o recebimento das vendas. 
Observe na figura abaixo que o ciclo operacional é o processo inteiro da operação da 
empresa, enquanto o ciclo financeiro é o intervalo entre o pagamento e recebimento. 
 
Figura 6.4 – Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro. 
68 
 
 
 
6.2 Prazos médios dos estoques 
 
Os índices relacionados aos estoques são: 
 
✓ Prazo médio de estocagem de matéria-prima (PME) 
✓ Prazo médio da fabricação (PMF) 
✓ Prazo médio de vendas (PMV) 
 
• Prazo médio de estocagem de matéria-prima: apura a permanência das 
matérias-primas nos estoques até o consumo no processo produtivo. 
Fórmula: 
 
 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
 
1º) Calcular o estoque médio de matérias-primas: 
 
Estoque médio de matérias-primas = 70.000+112.000 
2 
Estoque médio de matérias-primas = 91.000 
 
2º) Cálculo PME: 
 
 
69 
 
 
 
PME = 160,6 dias 
GIRO = 360 
160,6 
GIRO = 2,2 
 
Interpretação: Essa empresa leva em média 160 dias para consumir as matérias-primas 
no processo produtivo, o giro desse estoque revela que ele se renova 2,2 vezes 
durante o ano. 
• Prazo médio de fabricação (PMF): apura a duração da fabricação de uma 
mercadoria. 
Fórmula: 
 
 
 
Exemplo: 
 
 
 
1º) Calcular o estoque médio de produto em elaboração: 
 
Estoque médio de produto em elaboração = 34.000+42.000 
2 
Estoque médio de produto em elaboração = 38.000 
 
2º) Cálculo PMF: 
 
 
70 
 
 
 
PMF = 30,6 dias 
GIRO = 360 
30,6 
GIRO = 11,7 
 
Interpretação: essa empresa leva em média 30 dias para produzir seu produto, o giro 
desse estoque revela que ele se renova 11,7 vezes durante o ano. 
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