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PSICOMOTRICIDADE Me. Roberto Fonseca GUIA DA DISCIPLINA 2021 1 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. CONCEITUAÇÃO Objetivo Compreender o conceito e a importância do estudo da psicomotricidade, da motricidade, do psiquismo, sua evolução e desenvolvimento por diversos autores através da história. Introdução Psicomotricidade é uma ciência que gera o equilíbrio biopsicossocial, percebendo o ser humano sob três perspectivas: a cognitiva, representando a área intelectual, a motora, referente aos movimentos do corpo e a afetiva, que é a relação do ser humano com os outros. A Psicomotricidade tem como objetivo específico estimular potenciais psicomotores, cognitivos, afetivos e experiências compreendidas pelo cérebro de forma plena e consciente. Essa consciência corporal ao ser estimulada conjuntamente com reflexão e criatividade favorece o desenvolvimento de um ser pleno, saudável e feliz. 1.1. Evolução Histórica A psicomotricidade é uma palavra derivada do termo grego psiché (alma) e do verbo latino moto (mover). Em suma, psicomotricidade é a capacidade de definir e organizar mentalmente os movimentos corporais. O termo psicomotricidade surgiu no século XIX, quando neurologistas começaram a estudar as zonas do córtex cerebral localizadas distante das regiões motoras com o intuito de compreender as estruturas cerebrais de forma conjunta à psiquiatras que buscavam conhecimento acerca de patologias mentais. Em sequência cronológica, segundo Lussac, a psicomotricidade, segue: • Época da primeira guerra mundial, com a inserção das mulheres no mercado de trabalho gerou a necessidade de que crianças permanecessem em creches. O déficit psicomotor observado a partir desse período, foi estudado pela escola francesa que influenciou mundialmente no avanço dos estudos referentes a psiquiatria infantil, psicologia e pedagogia; 2 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • 1909, Dupré: foi de fundamental importância referente ao âmbito psicomotor, uma vez que ele é quem afirma a “independência da debilidade motora, antecedente do sintoma psicomotor, de um possível correlato neurológico”. André Thomas e Saint-Anné Dargassie no mesmo período estudavam os “tônus axial”; • 1925, Henry Wallon: médico psicólogo, trabalhava na construção do psiquismo, dando notória importância para o movimento humano, relacionado ao afeto, emoção, ambiente de convívio, seus hábitos e costumes, ocasionando tônus e relaxamento; • 1935, Edouard Guilmain: neurologista, desenvolveu um exame psicomotor que gerasse um diagnóstico, indicação de tratamento e prognóstico; • 1947, Julian de Ajuriaguerra: psiquiatra, defendeu que os transtornos psicomotores poderiam oscilar entre neurológico e psiquiátrico. No mesmo período, se embasou nos estudos de Wallon para se aprofundar sobre o diálogo tônico; • Na década de 70, diversos autores definiram psicomotricidade como “motricidade de relação”; • 1977, fundado o Grupo de Atividades Especializadas (GAE): Sendo o organizador da parte clínica e do Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação (ISPE), cuja finalidade é a formação de profissionais especializados em psicomotricidade nas áreas de saúde e educação; • 1979, 1º Encontro Nacional de Psicomotricidade e a partir deste, o GAE seguiu promovendo a partir de 1980 diversos encontros nacionais e latino-americanos; • 1980, foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), entidade sem fins lucrativos, destinada a regulamentação de profissionais de psicomotricidade, organizando congressos, encontros científicos, eventos e cursos; • 1982, ISPE-GAE: através da Delegação Brasileira da Organisation Internationale de Psychomotricité et de Relaxation (OIPR), realizou o vínculo científico-cultural com a Escola Francesa. Iniciou-se uma nova visão sobre a psicomotricidade, vendo o corpo de forma holística, dando maior importância as relações, a afetividade e ao emocional do indivíduo. Para o profissional que trabalha com psicomotricidade, o indivíduo 3 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância não é apenas uma ligação entre psico e o soma e nem um conjunto de suas inclinações, e sim observado dentro de uma globalidade (SBP,2003) e (ISPE-GAE, 2007). 1.2. Conceito O conceito da psicomotricidade é vasto para que haja uma definição precisa e definitiva, sendo a junção da concepção neurofisiológica e psicanalítica do ser humano (LAPÍERRE, 1982). Psicomotricidade pode ser definida como uma ciência em que faz o estudo do homem baseando-se em seu corpo em movimento em relação ao mundo interno e externo, percebendo o ser sob três perspectivas: a cognitiva, representando a área intelectual, a motora, referente aos movimentos do corpo e a afetiva, que é a relação do ser humano com os outros. A psicomotricidade vem a possibilitar um meio de convívio onde estimule o ser durante seu processo evolutivo, disponibilizando suporte para o desenvolvimento intelectual, com conotação na parte motora e cognitiva, usando os movimentos para atingir objetivos específicos com relação a aprendizagem, diminuindo as limitações psicomotoras que possam surgir ao longo do tempo. Vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “O que é PSICOMOTRICIDADE? Entenda o conceito de psicomotricidade NeuroSaber”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wIHiCBVesX8 Na psicomotricidade o movimento é resultante de vários componentes que formam o ser: COGNITIVO AFETIVO SOCIAL MOTOR MOVIMENTO https://www.youtube.com/watch?v=wIHiCBVesX8 4 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Dentro de um âmbito geral, a psicomotricidade tem variadas definições de acordo com certas instituições e/ou autores. Ajuriaguerra, conceitua como ciência da Saúde e da Educação, uma vez que visa a “representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo” (AJURIAGUERRA apud LUSSAC, 2008). Para a ISPE-GAE (2007 apud LUSSAC, 2008) a definição se conceitua em “[...] neurociência que transforma o pensamento em ato motor harmônico. É a sintonia fina que coordena e organiza as ações gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado. ” Em suma, a psicomotricidade é a forma de expressão corporal do ser que se manifesta do intangível para o tangível. “A Psicomotricidade como ciência, é entendida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais, afetivo-emocionais e psico sóciocognitivas. ” (FONSECA, 2010) Nesse sentido, o psiquismo pode ser definido pelos fatores do funcionamento mental, ou seja, engloba as sensações, percepções, campo visual, emoções, afetos, medos, sonhos, fantasias, perspectivas, representações, símbolos, conceitos e preconceitos, dentro de suas relações sociais, favorecendo a atenção e integração multissensorial, controlando a execução motora. O estimulo do psiquismo está ligado a diversas substâncias neurológicas advindas de origem filogenética, dentro de um âmbito sociogenético, sendo submetido a uma neuroplasticidade, no desenvolvimento ao longo da ontogênese, tendendo a decriptar-se no processo inevitável do desgaste fisiológico ao longo do tempo. (FONSECA, 2008) Nesse contexto, a motricidade é representada como a agregação de representações mentais e corporais, envolvendo os tônus muscular, somática e postural que facilitam o desempenho das funções psíquicas. Portanto, a motricidade depende de motivaçõesdo meio que está inserido, variando de acordo com os estímulos recebidos, associado aos aspectos psicológicos ocasionando ação única entre os seres vivos (FONSECA, 2008). 5 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Durante o desenvolvimento do homem (filogénese e sociogénese), da criança e do jovem (ontogénese), a motricidade possibilita a continuidade da espécie em suas diversas expressões, tais como a tecnologia, a arte, as variáveis formas de manifestações do pensamento (fala e escrita), favorecendo um prognóstico positivo para a evolução da espécie. Seguindo o contexto de Fonseca (2008), a psicomotricidade, tem como objetivo básico a análise da unidade e da diversidade humana, através do contexto funcional, ou disfuncional, entre o psiquismo e a motricidade, nas diversas ocorrências biopsicossociais e nas suas múltiplas expressões, englobando simultaneamente, “a investigação, a observação e a intervenção ao nível das suas dissociações, desconexões, perturbações ou transtornos ao longo do processo do desenvolvimento. ” Em suma, o conceito da psicomotricidade visa fundir a motricidade e o psiquismo humano, revelando a unidade, diversidade e complexidade do ser. Destacado por Le Boulch, nota-se a importância de a psicomotricidade ser implantada na escola nas séries iniciais: A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24). Nos parâmetros da psicomotricidade, a motricidade é vista como um complexo de expressões corporais, verbais e não verbais, gestuais e motoras de caráter tônico- emocional, postural e somático, que fornecem sustentação ao psiquismo humano, fornecendo um funcionamento mental total. Enquanto que o psiquismo é entendido como o funcionamento mental, fornecido pelas diversas sensações, percepções e emoções, 6 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância gerando comportamento interpessoal intencional e inteligível, sendo exclusivo do ser humano. Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “Aspectos Básicos da PSICOMOTRICIDADE - NeuroSaber” dos 17 minutos até 1 hora e 03 minutos”. Disponívem em: https://www.youtube.com/watch?v=6BdRrepK_IA 1.3. Elementos Psicomotores O movimento é um componente integrante do ser humano. Para que uma evolução completa, é necessário que haja profissionais psicomotristas qualificados, que a conceituem como ciência que engloba toda a ação executada pelo indivíduo, que retrate suas carências e possibilite suas ligações interpessoais (SANTOS; CAVALARI, 2010). O movimento pode ser visto como realização intencional, representando e originando seus desejos, portanto, deve-se dar atenção não apenas ao tangível, mas também, imprescindivelmente, ao intangível como expressão da personalidade (FONSECA, 1988). Não há movimentos sem intenção e nem coordenação motora na ausência do equilíbrio (KLEMPER, 2013). Os elementos básicos da psicomotricidade podem ser definidos em: equilíbrio, tônus, lateralidade, esquema corporal (imagem corporal), estruturação espaço-temporal, coordenação motora global, coordenação motora fina. Praxia fina Praxia global Estruturação espaço-temporal Esquema corporal Lateralização Tônus e equilíbrio https://www.youtube.com/watch?v=6BdRrepK_IA 7 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE Objetivo Compreender os padrões de elementos psicomotores, os movimentos, as fases e estágios básicos referentes aos tônus, equilíbrio, Lateralização, esquema corporal, estruturação espaço-temporal, coordenação motora global e coordenação motora fina, afim de trabalhar no processo de desenvolvimento psicomotor e saber identificar os mesmos em casos atípicos. Introdução A evolução do desenvolvimento motor é um processo que tem mudanças comportamentais desde a concepção até a morte, possibilitando análises de uma determinada ordem e coerência no aglomerado de mudanças, permitindo assim, a identificação de sequências. Essas determinadas sequências podem oscilar de acordo com as limitações, destrezas e experiências de cada indivíduo, no entanto, a sua ordem cronológica sempre será invariável (SOUZA, 2012). A psicomotricidade incorpora uma comunicação não verbal, na qual o profissional psicomotrista observa e redireciona o paciente em questão a condutas adequadas, ocasionadas por problemas de maturação psicomotora, aprendizagem, comportamental ou psicoafetivo (PEREIRA; RODRIGUES). Saber identificar, os padrões de movimentações, as fases e estágios dos elementos da psicomotricidade é de suma importância para o trabalho pedagogo, uma vez que a cada atividade desenvolvida acerca dos alunos é possível trabalhar experiências e vivencias aprimorando suas habilidades motoras, cognitivas e afetivas. 2.1. Tônus Os tônus é a união das informações recebida pelos sentidos, pelas emoções, pensamentos e atividades biológicas, sendo sua atuação de extrema importância para o corpo e mente. Segundo Le Boulch (1992) “o tônus muscular é a atividade primitiva e permanente do musculo; além de traduzir a vivência emocional do organismo, é o alicerce das atividades práxicas”. Para a psicomotricidade, ele é o canal de comunicação, estabelecendo diálogo tônico especifico para expressão dos contatos corporais, para a voz e para o sistema respiratório (ALEXANDER, 1983). 8 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Através da propriocepção e do sistema motor, a eutonia produz conexões neurológicas, passando a agir diretamente na plasticidade neural, potencializando a criatividade e proporcionando o aumento do intelecto e a inserção com o meio ambiente. Na eutonia, a definição de tônus muscular é imprescindível, adquirindo um sentido próprio. Os tônus age constantemente no corpo-mente do indivíduo, ele atua na matéria corporal agindo em toda as regiões musculoesqueléticos (ALEXANDER, 1983). O tônus muscular é o encarregado pelas ações, é o sustento da postura corporal, respondendo de forma adequada a força da gravidade respondendo a ação corporal. Ele se associa a emoção e a cognição junto com as informações recebidas intra e extra corporal, como definido por Fonseca (2009): Os tônus garante, como consequência, as atitudes, as posturas e a mimica. A sua regulação complexa [...] é dependente das emoções e do controle afetivo e constitui um dos meios de preparação da representação mental. A ele, estão ligados os diferentes tipos de hipertonicidade em relação próxima com a organização progressiva do sistema nervoso central. O tônus tem um papel muito importante na tomada de consciência de si e na edificação do conhecimento do mundo e do outro. (FONSECA, 2009, p. 192). O tônus existe em todos os músculos corporais e quando ele está em distonia ou uma fixação de tônus, originam-se desconfortos e/ou dores. Essas fixações ocorrem por tônus baixo ou tônus alto (hipotonia ou hipertonia), que são tensões musculares relacionadas a emoções, pensamento e condicionamentos, reconhecidos pela a postura e forma de movimento. (ALEXANDER, 1983). As alterações do tônus muscular podem ser definidas em: • Hiperextensividade; • Pouca ou nenhuma resistência ao movimento • Coordenação da preensão; • Menor gasto de energia;• Movimentos mais soltos, leves e coordenados; • Distúrbios da fala; • Fraqueza muscular; • Postura incorreta. Hipotonia (Baixo tônus muscular) 9 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Pode ser encontrada em alguns distúrbios neurológicos tais quais: • Paralisia cerebral; • AVC (fase aguda); • Síndrome de Down; • Síndrome de Prader-Willi; • Doença de Tay-Sachs; • Trissomia do 13. • Resistência aumentada ao movimento passivo; • Padrões esteriótipos; • Hiperextensibilidade; • Marcha e conquista do espaço; • Alta tensão muscular; • Excessiva mobilidade; • Mais coléricas e menos fixadas aos pais. Pode ser encontrada em alguns distúrbios neurológicos tais quais: • AVC (fase crônica); • Parkinson; • Assistir o vídeo “Tônus Muscular: Hipotonia e Hipertonia” do canal do YouTube “FisioSlides”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ajGnYrMacUU 2.2. Equilíbrio Equilíbrio é a habilidade de associar o domínio da gravidade e controle postural, está diretamente relacionado com o desenvolvimento da locomoção. É determinado por uma característica sensorial-motora que tem como premissa harmonizar o campo visual e manter a postura ereta, acontecendo de maneira inconsciente sendo atuado por mecanismos sensoriais e reflexos (BARBOSA; MALT, 2007). Hipertonia (Alto tônus muscular) https://www.youtube.com/watch?v=ajGnYrMacUU 10 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Melo (et al, 2017), “o equilíbrio corporal consiste na manutenção do centro de gravidade dentro da base de suporte dos pés e pode apresentar-se como estático ou dinâmico. Está incorporada a primeira unidade neurofuncional, envolve neurologicamente o tronco cerebral, o cerebelo e o gânglios de base. O equilíbrio pode ser categorizado por equilíbrio estático e dinâmico (ALVES, 2008). No estático, as bases mantem-se fixa e o centro de gravidade em movimento, enquanto que no dinâmico a base fica em constante movimento e o centro de gravidade não se alinha a base durante os movimentos (MELO; et al, 2017). Em suma, o equilíbrio possibilita que o corpo se sustente imóvel de maneira estável ou de maneira precisa. O equilíbrio se constitui pelos seguintes segmentos: • Proprioceptivo: os pés, as articulações e no pescoço, possuem receptores que produzem informações acerca do estado do corpo (parado ou em movimento); • Vestibular: é estruturado por três canais semicirculares, o vestíbulo, o sáculo e o utrículo que são repletos de fluido e se localizam dentro do osso temporal, são algumas das estruturas que compõem o ouvido interno. Conforme nos movemos o fluido também se movimenta e é enviado mensagens ao cérebro nos posicionando a cada movimento; • Visual: O sentido visual para o homem é de suma importância para o controle do equilíbrio, postura e propriocepção, uma vez que é instrumento de desenvolvimento de pensamentos e de comunicação. A visão desempenha função reguladora do tônus muscular e monitora outras vias sensoriais tais quais a auditiva, labiríntica, coclear e proprioceptiva, que são a base sensório- motora (BARBOSA; MALT, 2007) O controle do equilíbrio e da postura deriva desses três sistemas, uma vez que estes “interligam os núcleos do tronco encefálico sob coordenação do cerebelo” Essas informações são processadas e organizadas pelo sistema nervoso central que também é o encarregado de planejar o ato motor e assim as execuções motoras se condicionem corretamente. (BARBOSA; MALT, 2007). Para que haja o equilíbrio corporal do indivíduo, é necessário a integridade e funcionalidade do sistema vestibular. O sistema vestíbulo-coclear possui função dupla, a cóclea é responsável por funções auditivas enquanto que o sistema vestibular, pelo 11 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância equilíbrio do corpo, sendo a capacidade de ouvir um segmento secundário, uma vez que a responsabilidade primeira e principal do órgão auditivo é a capacitação do equilíbrio corporal. Todavia, quando há um distúrbios e/ou limitações no sistema vestibular, o equilíbrio corporal pode ser prejudicado. O sistema vestibular e a cóclea são anatomicamente muito próximos e podem ser prejudicados por um mesmo agente nocivo. Os distúrbios vestibulares podem afetar a aquisição de habilidades neuromotoras, ou interferir na integração sensorial, ou seja, crianças com distúrbios nesse campo, podem ter sensação de desequilíbrio, dificuldade na marcha e apresentar ocorrências de quedas. (MELO et al, 2007). O equilíbrio é a sustentação imprescindível de todo o movimento corporal (ROSA, 2002). Não há possibilidade de movimento sem ação, assim como não há coordenação sem equilíbrio corporal, favorecendo um melhor suporte ao homem no meio em que vive (ALVES, 2008). 2.3. Lateralização (Lateralidade) A lateralidade é caracterizada pela propensão neurológica que se tem por um lado ou outro do corpo, referentes as percepções das mãos, pés, olhos e ouvidos. Durante o desenvolvimento da criança, a lateralidade se estabelece naturalmente, e por vezes, também, sendo influenciado por fatores sociais. A lateralidade está diretamente relacionada a todos os níveis do processo de aprendizagem, mas se situa definitivamente por volta nos anos escolares iniciais (BELL, 2005; COSTE, 1992). Durante essa fase, o esquema corporal do indivíduo e a organização espacial não depende da estrutura de seu próprio corpo, possibilitando que a criança gere a habilidade de interpretar as relações entre noções espaciais, desde fatores externos à fatores de seu próprio corpo (MACEDO, ANDREUCCI & MONTELLI, 2004), assim, a criança gera as relações referentes a noção espacial com objetos, símbolos, imagens. Quando há alterações no entendimento e compreensão dessas noções, tem maior probabilidade de manifestar déficits no traçado e na junção de letras e números, provocando quadros como de dislexia e discalculia (ROMERO, 1988). 12 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A lateralidade constitui um processo essencial às relações entre a motricidade e a organização psíquica inter-sensorial. Representa a conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha média do corpo. Desse radar vão decorrer, então, as relações que pressupõe a noção da linha média do corpo. Desse radar vão decorrer, então, as relações de orientação face aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela qual a lateralização vai interferir nas aprendizagens escolares de uma maneira decisiva. (FONSECA, 1989. p. 69) A lateralização se define por indivíduos destros – tem maior facilidade de destreza com o lado direito do corpo -, indivíduos canhotos – maior facilidade com o lado esquerdo - e os ambidestros que utilizam os dois lados com a mesma habilidade. A lateralidade cruzada, refere-se à preferência do indivíduo pela utilização da mão de um determinado lado do corpo, enquanto os pés e olhos do lado oposto. A lateralidade indefinida é o termo usado para crianças que ainda não estipularam sua preferência de lados. Algumas das dificuldades de aprendizado se originam pelo fator de crianças que não definiram sua lateralidade ou que são canhotas, mas foram obrigadas a desenvolver a mão direita, surgindo déficits como disgrafia, má orientação espacial na folha e a postura para escrever. • Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “#16 Psicomotricidade – O que é dominância lateral? – Live NeuroSaber” a partir dos 09 minutos e 30 segundos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JE2cgerXouc 2.4. Noção de corpo ou esquema corporal Esquema corporal pode ser compreendido como a entidade psicomotorade base. É o entendimento acerca se seu próprio corpo e de suas partes, possibilitando que o indivíduo estabeleça relações com objetos, pessoas e meio que está inserido. As noções proprioceptivas ou cinestésicas, são as que estruturam esse conhecimento em relação ao corpo que, conforme cresce, ocorrem mudanças nesse esquema corporal. A definição de esquema corporal segundo Fonseca (1995) é: • É a interpretação coletiva que a criança tem de seu devido corpo; • É componente básico e imprescindível para o desenvolvimento individual, ou seja, da personalidade do indivíduo; https://www.youtube.com/watch?v=JE2cgerXouc 13 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • O esquema corporal é a representação do corpo, gerada na mente, isto é, a forma pelo qual o corpo se mostra para nós; • Por meio das referências auditivas, visuais, cinestésicas, táteis, e vestibulares reunidos no cérebro, o corpo produz o estruturamento da memorização de ajustamento corporal estático e dinâmico. O esquema corporal pode ser visto como um conhecimento imediato que temos do nosso corpo, na relação de suas diversas partes entre si. A imagem do corpo (esquema corporal), corresponde a um conjunto funcional, retrata o equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade. As etapas do esquema corporal são segundo Le Boulch (1981) são “Corpo Vivido”, “Corpo Descoberto” e “Corpo Representado”. A etapa do corpo vivido corresponde da fase neonatal até os 3 anos de idade, onde a conduta motora é global e sua consequência emocional ainda não é bem controlada. O bebe sente-se parte do meio ambiente e conforme ele cresce, ocorre o amadurecimento do seu sistema nervoso, ampliando suas experiências e progressivamente diferenciando o meio que está inserido. Nesse período há grande influência do adulto para com a criança, gerando imitações de ações e falas e aos 3 anos, a consciência do “eu” é constituída baseando-se nas práxis globais e na influência recebida pelos adultos. Nessa fase a criança tem extrema necessidade de movimentação, porque, a partir disso, começa a ter conhecimento acerca de seu corpo, assim aumentando sua capacidade motora. Apesar da criança começar e ter maior compreensão acerca da totalidade seu corpo, ela não tem pleno domínio de seus movimentos (LEBOULCH, 1981). A etapa do Corpo percebido acontece entre os 3 e os 7 anos de idade, corresponde como a possibilidade de realocar a atenção do meio ambiente para o próprio corpo, tomando a consciência do mesmo, ou seja, é onde a perspectiva se reporta a compreensão do corpo próprio, colocando em questão a função de interiorização e percepção dos agentes externos, propiciando uma nova forma de atenção perceptiva do espaço e de si mesmo, propiciando um maior domínio do seu corpo. Com isso, a criança passa a melhorar o desempenho de seus movimentos adquirindo maior coordenação motora. O corpo torna- se referência geoespacial para situar a si mesmo e objetos, a criança passa a assimilar alguns conceitos tais como “embaixo e acima”, “direita e esquerda”, começa a ter consciência de noções temporais e de ordem de sucessão. Nessa fase, deve-se ser trabalhado a percepção espacial e a associação da verbalização. À final etapa, o indivíduo 14 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância pode ser caracterizado como pré-operatório, ou seja, ele está inserido à noção num espaço em parte representado, porém, ainda é centralizado em seu próprio corpo (LEBOULCH, 1981). A etapa do Corpo representado origina-se dos 7 aos 12 anos de idade, a criança, progressivamente, passa a desempenhar de forma mais consciente a sua própria motricidade. No início dessa etapa a imagem do corpo se restringe apenas a uma forma reprodutora, a criança só passa a ter consciência de uma imagem mental do corpo em movimento após os 10/12 anos, onde a imagem do corpo torna-se antecipatória, devido a evolução das funções cognitivas. A partir dessa fase, o indivíduo passa a ter os pontos de referência não mais centralizados no próprio corpo, mas sim, levando em consideração os agentes externos, podendo ter discernimento para criar seus próprios pontos de referência que irão orientá-lo (LEBOULCH, 1981). 2.5. Estruturação espaço-temporal A organização espaço-temporal tem como definição a capacidade de se orientar diante de um espaço físico e relacionar a proximidades das coisas entre si. Ela se refere aos sentidos de perto e longe, em cima e embaixo, dentro e fora, etc. Relacionado ao movimento, a psicomotricidade necessita a associação de espaço e tempo associadamente, para que desencadeie ações no espaço físico com determinada sequência temporal (MELLO, 1989). A utilização da psicomotricidade irá construir um conhecimento acerca de seu corpo e das probabilidades de expressão por meio dele, inserido em seu tempo e espaço. A estrutura espaço-temporal tem por premissa a capacidade do indivíduo de se orientar da sucessão de acontecimentos em determinado tempo. É a capacidade de notar intervalos e renovações cíclicas de períodos. É de suma importância para o aprendizado de uma criança, uma vez que para ela aprender a ler, há a necessidade de domínio de ritmo, sucessão de sons no tempo, diferenciação de sons, memória auditiva e duração dos tons e sons das palavras. A estruturação espaço-temporal da criança é construída aos poucos e só será plenamente desenvolvida quando estiver com a maturidade cognitiva mais desenvolvida. Essa evolução ocorre lentamente, iniciando-se com suas expressões corpórea, ajustando- 15 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Simultaneidade Ordem e sequência Duração dos intervalos Renovação cíclica de certos períodos Ritmo se ao meio em que vive, e, posteriormente, inicia-se as noções de ordem, sucessão, duração e alternância entre ações e objetos (EMMEL; FIGUEIREDO, 2011). É experienciada através do movimento, de forma motora. A sequência é representada pela disposição dos acontecimentos em um determinado período de tempo, de forma que as relações temporais e a ordem cronológica evidenciam-se. Os acontecimentos acontecem em intervalos de tempo, apresentam duração estabelecida e envolvem aprendizados de hora, minuto e segundo Renovação cíclica é a percepção do indivíduo acerca do período diário – manhã, tarde e noite -, semanas, meses, anos, estações. O ritmo determina a noção de ordem, de duração, de sucessão e de alternância. Pode ser distinguido em três modelos: motor, auditivo e visual. A estruturação espaço-temporal advém da motricidade, onde há interação com os objetos inseridos ao seu acesso, associados aos tônus muscular, equilíbrio, lateralização e noção corporal do indivíduo (FONSECA, 1995). A noção espaço-temporal auxilia a criança na percepção de direita e esquerda, facilitando o aprendizado para leitura e escrita. A falta de noção espacial, pode gerar no aluno desmotivação e desinteresse, dificultando o processo de aprendizado (LE BOULCH, 1987). A estrutura espacial é a habilidade de mensurar o tempo de uma ação, sistematizar seu próprio ritmo, saber determinar o presente em relação ao passado, o antes e o depois, saber diferenciar o rápido do lento, é distinguir o instante do tempo em relação ao outro (FREIRE, 1999). 16 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Assistir vídeo do psicomotricista, Professor Lino Azevedo Junior “Psicomotricidade: O que é percepção temporal? ”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=B-MubUT0qmg 2.6. Coordenação motora global ou práxia global A coordenação motora global é a simultaneidade do trabalho de grupos musculares selecionados com a finalidade de realização de movimentos conscientes.É a interação entre o sistema muscular, o sistema nervoso e o sensorial, com o objetivo de gerar ações motoras equilibradas e reações rápidas. A coordenação motora global depende da intensidade da habilidade do indivíduo acerca de seu equilíbrio na postura corporal. Este equilíbrio é dependente dos sentidos proprioceptivos, cenestésicos e labirínticos. O processo de desenvolvimento motor infantil é inserido dentro do contexto global de evolução da criança. O desenvolvimento motor infantil pode ser dividido em quatro fases, sendo a primeira o sensório-motor, de 0 a 2 anos, onde os movimentos são gerados a partir de reflexos que o neonatal aperfeiçoa com treino e estimulo ao longo do tempo, quando ele percebe que consegue atingir os objetivos mais distantes se utilizar de movimentos coordenados. A segunda fase, pré-operatório, se estabelece dos 2 aos 7/8 anos, derivada da socialização da criança, que embora ainda possua limitações de coordenação motora, vinda da falta de experiências. A terceira fase, operacional concreta, se instaura dos 7/8 a 11/12 anos de idade, que se instala quando surge a necessidade do contato intelectual e a criança percebe as relações de causa/efeito do meio que está inserido; meio/fim de falas e ações e as sequências das ideias baseiam-se em mais de um ponto de vista. A quarta e última fase é a das operações formais, acontece a partir dos 12 anos de idade, onde se forma o pensamento abstrato (PIAGET apud BOCK et al., 2002). Segundo Piaget, o estágio sensório-motor, descrito por Piaget, pode ser subdividido em seis partes: 1º. 0 a 1 mês de vida: o neonato se limita apenas ao aparelho reflexo inato, usando o mínimo de movimentos que só são acessados quando recebem estímulos que geram reflexos; https://www.youtube.com/watch?v=B-MubUT0qmg 17 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2º. De 1 a 4 meses de vida: o bebê começa o processo de assimilação funcional, iniciando as intenções de movimentos circulares do corpo. Conforme há repetição, o esquema motor vai se desenvolvendo e consolidando. 3º. De 4 a 8 meses de vida: o bebê desenvolve ações circulares secundárias, tendendo a prolongar ou reproduzir o que acha interessante; 4º. De 8 a 12 meses de vida: o bebê promove seus movimentos de forma intencional, promovendo meios para que ele alcance seu objetivo com coordenação. Brinca de procurar objetos e imita trejeitos de adultos. 5º. De 12 a 18 meses de vida: ele desenvolve novas formas de alcançar seus objetivos, embora seu campo visual ainda esteja limitado baseado e sua posição corporal. 6º. De 18 a 24 meses de vida: ele já cria novos movimentos brincando com objetos no plano motor. A evolução do desenvolvimento motor acontece de maneira constante e é alterada durante toda a vida. A cada fase esse desenvolvimento manifesta movimentos com peculiaridades específicas e com certos comportamentos motores, ou seja, a cada movimento conquistado influencia o anterior. A coordenação motora global pode ser avaliada acerca de três perspectivas: • Biomecânico: é a forma regular dos estímulos de força no movimento motor em relação a diversas direções; • Fisiológico: são os procedimentos que estabelecem os movimentos de contração muscular • Pedagógico: é o que organiza as fases de movimento e o aprendizado à novas habilidades. O Incentivar a coordenação motora global, é desenvolver e conscientizar o indivíduo das atividades de seus músculos principais e seu esquema corporal, para que ele possa utilizar o corpo coordenadamente e harmonicamente dominando o conhecimento de seu próprio corpo e da sua força muscular. 18 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.7. Coordenação motora fina ou praxia fina A coordenação motora fina, ou praxia fina, é a capacidade de promover movimentos coordenados usando seletos grupos musculares das extremidades do corpo (ANDRADE, 2013). O desenvolvimento dessa coordenação só é completo quando as mãos puderem ser usadas em atividade de preensão, desenvolvendo-se do lado cubital ao radial no antebraço. Tornando-se mais dominante gradativamente desenvolvendo a pinça entre o polegar e o indicador e posteriormente mais madura, é a postura “tripé dinâmica” - escrever, pintar, etc. (DOWNIE, 1987). A coordenação visomotora é um processo de ação em que existe coincidência entre o ato motor e uma estimulação visual percebida. Esse tipo de dinamismo somente pode dar-se em indivíduos videntes. Os não videntes transferem as percepções visuais por outros meios de informação: guias sonoros outorgados pela explicação verbal, pelas percepções táteis, entre outros, os quais lhes outorgam dados sobre os quais elaboram a coordenação dinâmica necessária. (ROSA NETO, 2002, p. 15) A escrita é uma atividade motora comum que exige o concurso de alguns músculos e articulações do membro superior direito e/ou esquerdo, conjuntamente com a função dos músculos oculares e visão. A coordenação tende a evoluir através do desenvolvimento motor da criança e seu aprendizado. Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “5 dicas de como trabalhar a coordenação motora fina. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=C7mSh6RwJBk https://www.youtube.com/watch?v=C7mSh6RwJBk 19 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. OBSERVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E AS DEFICIÊNCIAS FÍSICO MOTORAS Objetivo Conhecer e identificar os padrões de desenvolvimento psicomotor e o conceito de deficiente físico motor e a correlação com a psicomotricidade para que haja melhor desempenho no processo de aprendizagem dos educandos. Introdução A psicomotricidade deve-se ser estudada e investigada em três pilares fundamentais, o multicomponencial, o multiexperiencial e o multicontextual. O multicomponencial, integra as Ciências Biológicas, Humanas e Sociais de forma transdisciplinares e biopsicossociais. O multiexperiencial, estuda e pesquisa a motricidade no desenvolvimento e na ausência dele, desde o neonatal ao idoso, sadio ou portador de qualquer patologia. Por fim, o multicontextual, que tem como objetivo a aplicação de seu conhecimento, capacidade e competências no meio onde vive, ou seja, desde creches, escolas, âmbito profissional, familiar e em sua comunidade em todas as fases da vida (FONSECA, 2010). As ligações definidas, no processo de evolução motor infantil, entendem-se a partir de um procedimento sequencial e continuo proporcional e previsto para cada idade cronológica, levando em consideração que as habilidades motoras partem de elementos rudimentares e desconexos para organizados e complexos. Deve-se ter em vista o modelo físico e estrutural, o ambiente e a tarefa a ser apreendida pelo indivíduo como fator primordial na conquista de diferentes habilidades motoras tanto quanto o seu refinamento. (HAYWOOD; GETCHELL, 2004). O movimento psicomotor ocorre na sequência céfalo-caudal, próximo-distal, pré- estabelecido genéticamente onde cada ser responde aos estímulos em seu tempo especifico de acordo com o que lhe é oferecido e assimilado, fornecendo o equilíbrio. Esse desenvolvimento psicomotor é variável de acordo com a genética, as tarefas e o ambiente em seu entorno tanto quanto qualquer patologia a que esteja sujeito, desnutrição derivada de baixa renda, falta de educação familiar ou ao fato de nascer prematuro, podendo acarretar um diferencial na sua evolução motora, no caso um atraso. 20 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De acordo com o descrito pelo Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, o conceito de deficiência físico-motora (DFM) ou deficiência física não sensorial é: Uma alteração completa ou parcialde um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tretraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidades congênitas ou adquiridas, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldade para desempenho de funções. A psicomotricidade é de primordial importância para o deficiente fisio-motor, uma vez que favorece o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, ampliando a capacidade do indivíduo de autonomia, de liberdade de expressão, de percepção e socialização. 3.1. Observação do desenvolvimento motor O comportamento motor tem como definição a área de entendimento que engloba os campos de estudo do desenvolvimento motor, de aprendizagem motora e do controle motor. As mudanças que acontecem no movimento do indivíduo ao longo de sua vida são denominadas desenvolvimento motor. A aprendizagem motora investiga os processos implicados na obtenção de novas habilidades de movimento e as causas que as geram. O controle motor analisa como o sistema nervoso central (SNC) se organiza para coordenar e monitorar os movimentos (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). A sequência de Harrow (1983), foi baseada no progresso do desenvolvimento motor onde elencou-se: • Movimentos reflexos: relaciona-se aos reflexos automáticos e involuntários que são percebidos nos neonatos, gerando, progressivamente, uma interação dele com o meio. Comportamento motor Aprendizagem motora Desenvolvimento motor Controle motor 21 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Habilidades básicas: está relacionada aos movimentos voluntários pertencentes ao andar e aquisição em diferentes situações, possibilitando tarefas complexas como deambular, correr, pular, arremessar, chutar, etc.; • Habilidades perceptivas: atividades motoras recebidas através de estímulos levados aos centros cerebrais superiores que permitem ao indivíduo tomar decisões como resposta; • Capacidades físicas: são as habilidades funcionais primordiais na evolução da habilidade motora que quanto maior seu desenvolvimento, melhor será sua execução como a “força”, a “flexibilidade”, a “resistência” e a “agilidade”; • Habilidades especificas: são movimentos motores conscientes e com objetivos específicos, tal qual um chute ou um arremesso; • Comunicação não-verbal: são atividades motoras com maior nível de complexidade, organizadas de forma que a capacidade dos movimentos realizados, possibilitem ao ser, expressar suas emoções, desejos ou necessidades. Para que a criança alcance certos padrões de movimentos, deve-se aumentar o conjunto de informações e repetições realizadas no campo motor, permitindo que ela realize uma tarefa ou estimulo quando for fornecido. O ato do movimento é de suma importância psicológica, biológica e sociocultural, uma vez que através dos movimentos há a interação das pessoas com o meio, aumentando seus conhecimentos acerca de si, dos seus limites e das suas capacidades. Para entender o comportamento psicomotor é importante não apenas observar o que o corpo está apresentando, mas também o que ele não está. Para entender um processo avaliativo de psicomotricidade, é primordial considerar três etapas: a coleta de dados, a análise dessas informações e a interpretação dos resultados obtidos. Deve-se fazer uma coleta de dados acerca de informações como o aspecto morfológico do indivíduo (altura, peso, idade, perímetro cefálico e torácico, etc), 22 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância seu processo de desenvolvimento pessoal, seu ciclo de funcionamento corporal (pressão arterial, frequência cardíaca, índice ósseo, etc) e uma escala de desenvolvimento onde leva-se em conta as atitudes, destrezas e informações que possam mapear o nível de desenvolvimento que essa criança esteja (BUENO, 2014). 3.2. O desenvolvimento psicomotor no processo de aprendizagem Diversos autores, em diferentes épocas, reforçam que a pratica continua dos movimentos, melhora o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, como apresentado através dos estudos dos autores Fitts em 1954, Adams em 1971, Gentile em 1972, Le Boulch em 1987 e Schimidt em 1992. Segundo esses autores o aprendizado ocorre em variados números de estágios. Para Fitts e Schmidt, a maneira como o indivíduo se porta durante o processo de aprendizado pode ser retratado à vista de: • Inexperiente (novato): Inicia suas tentativas no descobrimento da tarefa e de como realiza-la, procurando observar as características e estruturas. Embora descoordenado e sem clareza, apresentando grandes variações de respostas motoras, procurando soluções para realizar a tarefa, sem se ater a detalhes importantes apresentando muitos erros, onde os poucos acertos, o leva a dúvidas. • Intermediário: Durante as tentativas elimina movimentos desnecessários, economizando tempo e energia, com isso, sua atenção é voltada a procurar detalhes não sutis. O estimulo visual substitui o cinestésico, enquanto o padrão motor se estabiliza, os erros diminuem, aumentando sua confiança. • Avançado: o indivíduo tem certeza de como executar a sua ação, limitando ao máximo sua energia e tempo, necessitando de mínima atenção para realização do seu objetivo, automatizado. Outro modelo de ensino-aprendizagem de determinada habilidade motora, é exemplificado por Fitss e Posner (1967), onde, também composto de três estágios, delimita- se em: • Cognitivo: onde o indivíduo é levado a conquistar novas habilidades enfrentando questionamentos dirigidas ao campo cognitivo. Esse estágio tem como peculiaridade o número elevado de erros de performance até encontrar a forma correta para a obtenção da habilidade. 23 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Associativo: a criança começa a aprimorar os elementos básicos da habilidade, propiciando menos erros e tornando-se capaz de perceber algumas de suas próprias falhas, porém ainda não tem a aquisição total do desempenho. • Autônomo: esse estágio acontece após muita persistência e vivência com a habilidade, onde a criança além de perceber suas falhas, também regula esses erros, para corrigi-los. Le Boulch (1987, p.164), julga importante na educação, levar em conta que o corpo e a pessoa são representados como unidade expessiva, devendo agir de forma unificada durante seu aprendizado, com o objetivo de levar o indivíduo a se expressar de forma humana (emocional, afetivo, motor e cognitivo). A aprendizagem apresenta-se em três fases: • Exploratória: é identificada pela conquista das informações, que são fundamentais para o entendimento do caso, ou seja, a clareza da situação é definida pela prática, que significa que o ser deve praticar para melhorar seu aprendizado em relação as informações obtidas. • Dissociação: prevalece no desenvolvimento de controle/inibição que irá atuar na efetivação das contrações selecionadas, promovendo a motricidade. • Estabilização do automatismo: nessa fase o automatismo do gesto é adquirido em decorrência da repetição dos exercícios de aprendizagem. A aprendizagem é uma linguagem interior, de onde partem as ações fornecendo os ajustamentos as circunstâncias (FONSECA, 1995). O processo de aprendizagem humana é composto por processo receptivo de decodificação (sinestésico – audição, visão e tátil), processos de integração decorrentes de atenção, planificação, identificação, armazenagem, integração, memoria, conceitos, organização, análise, discriminação, síntese e decisão, pelo processo expressivo de codificação verbalizada e motora e processo feedback. Evidenciando-se que o processocognitivo é o principal indutor do desenvolvimento as aspirações humanas. Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “Coordenação motora: o que esperar em cada idade?”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Px2yYUMmt_c https://www.youtube.com/watch?v=Px2yYUMmt_c 24 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.3. A deficiência físico-motora A deficiência pode prejudicar as probabilidades de movimentação corporal ou de manutenção da coordenação motora e do equilíbrio para atividades do dia a dia. O indivíduo pode ter ela desde seu nascimento ou ter adquirido com o tempo, tendo a possibilidade de ser permanente ou provisória (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Segundo O MEC (Ministério da Educação), a deficiência física engloba uma diversidade de “condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora global ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda de malformações congênitas ou adquiridas” (BRASIL, 2000 p.16). O processo conceitual do termo “deficiência” surgiu com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) em 1983, com o intuito de codificar padrões, padronizando uma linguagem em comum. Em 1976, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificou acerca de “Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens” (CIDID). Em 2003, com a intenção de atualizar as concepções, a OMS publicou um novo modelo de classificação “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Segundo a CIF, as funções corporais envolvem as funções fisiológicas e psicológicas, enquanto as estruturas corporais envolvem as anatomias corporais (ossos, órgãos e sistemas), uma vez que esclarecido isso, fica claro que a deficiência denota uma variável de problemas na função ou estrutura do corpo. Conforme o desenvolvimento da legislação brasileira, em 1999, na Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, foi definido que: I. Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II. Deficiência Permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; III. Incapacidade – é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social. Com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou 25 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. O aprendizado, auxilia de diversas formas o desenvolvimento de habilidades e superação de limites do DFM, possibilitando um melhor convívio familiar, educacional, profissional, de lazer e em todos os outros âmbitos sociais. Em todo o processo de aprendizado, o indivíduo fica acessível a estímulos sensoriais através de tudo e todos que interagem com ele e desenvolve sua compreensão corporal. É de suma importância que o aluno DFM vivencie o escrever, a alimentação, o movimentar- se e ter relações interpessoais, mesmo que seja através de tecnologias adequadas que estimule tal fim (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). A execução de atividades motoras, na abordagem sistêmica, baseia-se em “mecanismos de adaptação das ações motoras, pois [...] admite a possibilidade do desenvolvimento de flexibilização do sistema neural” (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Conforme a adaptabilidade é reconhecida, a percepção da aprendizagem possibilita a adaptação neural. É necessário criar técnicas de intervenção, que julguem as variações e a adaptações dos movimentos em diferentes situações para solucionar desafios motores, levando em consideração que a facilidade no processo de aprendizagem motora está intrinsicamente relacionada às carências de cada indivíduo (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Assistir vídeo da psicomotricista Luciana Brites “Estimulação psicomotoras nas crianças com deficiência intelectual’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6Pqjc_7VFb8 3.4. Interação entre os conceitos A CIF auxilia em maior compreensão o indivíduo com deficiência, por ter claro os seus fundamentos e funcionalidades, integrativo e interativos, por ter características operacionais semelhantes. Em sala de aula, notar a evolução do desenvolvimento do aluno ao longo do tempo (levando em consideração sua CIF) é de suma importância, para que ele atinja com https://www.youtube.com/watch?v=6Pqjc_7VFb8 26 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância plenitude suas habilidades educacionais e de vida. No processo de aprendizado do indivíduo com DFM, é primordial a interação da equipe educacional, equipe de saúde, familiar e a própria dedicação afim de que os objetivos de vida e sua cidadania sejam alcançadas. (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). É primordial ao educador compreender o que acontece com seu aluno DFM e os recursos pedagógicos que ele precisa, para que assim, haja o melhor desempenho educacional possível. 3.5. Características das principais deficiências motoras Para que a construção de habilidades seja desenvolvida com o aluno DFM, desde educacional à social, é necessário que haja uma boa interação entre o ele e o professor. Para que essa interação ocorra é imprescindível a compreensão e o entendimento do professor acerca das características das DFM. É necessário o entendimento dos padrões motores ao longo do desenvolvimento, na reabilitação de pessoas com atraso no desenvolvimento, assim como, favorecer a adaptação e estruturação de ambientes e tarefas motoras ao longo do desenvolvimento para impulsionar corretamente cada indivíduo (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Em cada deficiência o processo de aprendizagem irá variar conforme a abordagem do professor, o ambiente inserido, o domínio de conceituação teórica e as aplicações práticas. É preciso levar em consideração que os DFMs podem ter déficits de estruturas e funções corporais e que para a manutenção da postura e realizar certos tipos de movimentos, o tônus muscular precisa estar dentro dos padrões de normalidade, assim possibilitando o aluno a realizar funções e tarefas escolares, sociais, esportivas, profissionais e cotidianas. Em caso de lesões neurológicas, o tônus pode estar hipertônico ou hipotônico e a motricidade do indivíduo pode estar comprometida e irá depender do local, intensidade e da lesão sofrida. Assistir vídeo da psicomotricista Luciana Brittes “Estimulação Psicomotora – NeuroSaber “. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0I4K-7koGLY https://www.youtube.com/watch?v=0I4K-7koGLY 27 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. DEFICIÊNCIA FÍSICO MOTORA - DISTURBIOS E ALTERAÇÕES (PARTE I) Objetivo Compreender os conceitos, limitações e formas psicomotoras de abordagem acerca das deficiências físicos motoras relacionadas a paralisia cerebral, hidrocefalia, distrofias musculares e Sindrome de Willians. Introdução Todo e qualquer trabalho realizado no ensino-aprendizagem de educação especial deve ser antecipadamente planejado detalhadamente para cada realidade, para cada situação educacional e familiar, e primordialmente para a condição de cada DFM. O desenvolvimento educacional e profissional com pessoas DFM buscar ampliar ao máximo as habilidades e potencialidades desses indivíduos, desde hábitos corriqueiros á competências de aprendizado escolar. É notório que a deficiência física traz consigo limitações funcionaisespecificas de cada deficiência, que precisam ser trabalhadas para um melhor desenvolvimento do aluno. A reeducação psicomotora em DFM deriva de vários âmbitos profissionais que vão de pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais entre outros. É primordial entender a deficiência instalada no indivíduo e suas limitações para que o trabalho psicomotor seja efetivo. Nesse capitulo, estaremos relatando acerca das conceituações, limitações e abordagens psicomotoras nas DFMs: Paralisia cerebral, hidrocefalia, distrofias musculares e a Sindrome de Willians. 4.1. Paralisia cerebral A Paralisia cerebral (PC) deriva de alguma lesão ou anomalia durante o desenvolvimento do feto ou nos primeiros anos de vida (até 4 anos). É uma das maiores DFMs, apresentando nos indivíduos em geral uma espasticidade, limitando os movimentos voluntários, embora em graus variáveis, que complicam a relação do indivíduo com o meio. A PC não evolui, porem normalmente altera a coordenação muscular devido a espasticidade, limitando posturas voluntárias e simples como sentar, andar etc (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 28 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As causas provenientes dessa deficiência podem ser durantes os pré-natais, perinatais ou pós-natais. As razões pré-natais são referentes a drogas, infecções, traumatismos, desordens circulatórias, ameaça de aborto, hipertensão arterial sistêmica (HAS), toxoplasmose, exposição a radiografia, etc. Durante o período perinatais podem ser durante o parto, quando há o caso de falta ou redução de oxigênio. No caso de pós-natais os motivos podem ser derivados de quedas, afogamento, febre alta (maior que 39º), meningite, trauma ou envenenamento (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). A PC é dividida em vertentes como descrito abaixo: • Monoplegia (monoparesia): É caracterizada por afetar apenas um membro do corpo. • Hemiplegia (hemiparesia): É caracterizada por afetar um lado inteiro do corpo (direito ou esquerdo). • Diplegia (diparesia): É caracterizado pelo melhor desempenho do indivíduo nos membros superiores do que nos inferiores. 29 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Triplegia (triparesia): É caracterizado por afetar 3 membros do corpo (independe quais). • Paraplegia (paraparesia): É caracterizado por afetar apenas os membros inferiores. • Tretaplegia ou quadriplegia (Tretraparesia ou Quadriparesia): É caracterizado pelo acometimento dos 4 membros e do tronco. Fonte: Elaborado pelo autor com embasamento em Israel; Bertoldo, 2010. 30 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As vertentes de acometimentos da PC podem apresentar características especificas de DFM. Os padrões de movimento e tônus, segundo Leite e Prado (2004) podem ser: • Espástica: em média 75% das crianças com PC tendem a ter um padrão muscular de espasticidade, onde o músculo espástico tem crescimento anormal levando a rigidez ao movimento, isso faz com que haja deformidades osseas; • Hipotônica: é caracterizado quando o tônus da musculatura apresenta-se de forma flácida, limitando a manutenção da postura corporal; • Discinética: as estruturas dos glânglios da base, que fazem parte do SNC apresentam lesões especificas levando a criança a desenvolver movimentos involuntários e desconexos, como exemplo são os PC atetóide, distonias e coreoapetose; • Atáxica: está vinculada a leões no cerebelo, que é parte do SNC ou nas vias do cerebelo que controlam o equilíbrio e os movimentos. A criança com ataxia apresenta dificuldade na coordenação motora e falta de equilíbrio, desenvolvendo marcha ataxia; • Mista: Denominado quando ocorre associação das alterações anteriormente mencionadas, normalmente com ações musculares distônicas e córeoatetoides ou ataxias associadas a plegia, principalmente a diplegia. Em alguns casos de PC também é encontrado, eventualmente, associação com deficiência intelectual, presença de convulsões ou eplipsias, dificuldades para falar, alimentar-se, e dificuldades respiratórias ou sensoriais. O desenvolvimento psicomotor auxilia o indivíduo com PC nas suas limitações de suas atividades do dia a dia. Através desse desenvolvimento, favorece suas atividades básicas, dos sentidos sensoriais, das percepções e dos movimentos, facilitando o aumento da aprendizagem e essa abordagem terapêutica poderá ocorrer desde a educação infantil de forma interdisciplinar. • Filme: De porta em porta. Direção: Steven Scachter. Produção: Warren Car. EUA: Turner Network Television, 2002. 91 min. 31 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4.2. Hidrocefalia A hidrocefalia é uma patologia comum, muito presente na forma congênita que entre 1000 nascidos vivos, 3 ou 4 nascem com ela. É uma circunstância decorrente da alteração da circulação do liquor, que protege o sistema nervoso central, ocasionando dilatação do ventrículo cerebral de forma progressiva. Esse acumulo de liquor pode ocorrer antes ou depois do nascimento, ocasionando o aumento da pressão intracraniana (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Podendo ocorrer em qualquer idade, a hidrocefalia pode ser originada de duas formas, congênita ou adquirida. Em casos adquiridos, as causas podem por: processos inflamatórios crônicos, hemorragia subaracnóidea, tumores ou hidrocefalia por redução excessiva do líquor. Em casos congênitos, pode originar-se no nascimento ou até nas primeiras semanas de vida do neonato. O principal sintoma de uma criança com até 2 anos que tenha hidrocefalia, é o tamanho da cabeça, macrocrania ou macrocefalia (cabeça grande) associado ao retardo do desenvolvimento neurológico, psicológico e motor (JORGE, 2004). Esse retardo, pode levar a criança a ter além do atraso motor e muitas vezes o atraso intelectual também (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). A criança não consegue sustentar o peso da cabeça, não senta, não engatinha, não anda, não fala ou tem contato social na idade que se almeja. Em indivíduos maiores há queixas de dores de cabeça constantes conjuntamente com pode apresentar vômitos, irritabilidade, sonolência, convulsões e visão dupla (JORGE, 2004). O tratamento nos casos de hidrocefalia, é a intervenção cirúrgica, para que seja introduzido uma válvula denominada DVP (Derivação do Ventriculo Peritoneal), que irá drenar o líquor excessivo, esse procedimento costuma aliviar as pressões que o indivíduo sente na cabeça (PINTO, 2015). 32 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O portador de hidrocefalia pode apresentar dificuldades escolares, derivadas da falta de concentração, raciocínio lógico, memória de curto prazo, coordenação motora, organização, localização espaço-temporal, problemas de visão e amadurecimento precoce. A psicomotricidade deve ser trabalhada em crianças com hidrocefalia para melhorar os âmbitos psicológicos, motores e sociais. O professor deve primeiramente realizar uma avaliação abordando o tipo de hidrocefalia, o que originou a patologia, qual tratamento está sendo realizado, qual e como está o acompanhamento médico e se faz uso medicamentoso. (PINTO, 2015) Deve-se trabalhar com o aluno os sentidos multissensoriais, através de luzes; sons; aromas; instrumentos musicais; objetos com diversas texturas, formas e cores; espelhos; jogos; e ambientes que ele possa vivenciar experiências e desenvolver o seu lado cognitivo, melhorando assim, suas habilidades sociais e podendo ampliar seu desenvolvimento intelectual. 4.3. Distrofias musculares A doença neuromuscular alcança a periferia do corpo nos comandos nervosos dos músculos. Essas doenças estão conjuntas devido aos fatores comuns entre elas, que ocorrem na unidademotora. Em âmbito geral, as distrofias provem de origem genética e podem parecer na infância ou na fase adulta. Em cada tipo de doença neuromuscular a evolução é diferente, em algumas há a fraqueza muscular, outros problemas intelectuais e/ou cardíacos etc. É primordial que na escola o professor tenha atenção para sinais de enfraquecimento (tropeços ou quedas constantes) dos alunos, assim, podendo ajudar precocemente com o diagnóstico do indivíduo (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). As maiores dificuldades para um indivíduo com distrofia muscular estão relacionadas ao tônus muscular, a coordenação global e ao equilíbrio. Explorar as práticas da psicomotricidade em atividades multidisciplinares e de ludoterpia, pode-se atenuar essas 33 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância problemáticas, sendo possível estabelecer uma relação com do tônus muscular com o indivíduo, melhorando sua qualidade de vida. Atividades recomendadas por Bueno (2014) são: “[...] jogos que abranjam o restabelecimento e desenvolvimento do seu esquema corporal, estimular a sensibilidade próprio sensitiva do aluno, deslocamentos no chão para favorecer a descoberta e amplitude de seu corpo e gestos”. 4.4. Síndrome de Williams A Síndrome de Williams Beuren (SWB) é uma alteração genética devido a ausência de genes no cromossomo 7, incluindo a elastina (ELN), que ocasiona distúrbios em relação ao desenvolvimento cognitivo, de comportamento e motor. As características fisionômicas dessa síndrome são fronte larga, fenda da pálpebra curta, cristas orbitais sobressaltadas, epicanto, excesso de pele subcutânea em volta dos olhos, lábios inferiores grossos e superiores finos e ponta do nariz mais funda. As características geradas por essa síndrome são problemas cardiovasculares, oculares, dificuldade de alimentação, déficit no aprendizado, desenvolvimento estatal baixo, aumento de cálcio, perda dentária e personalidade demasiadamente social (ALMEIDA; TAVARES, 2010). Conforme o desenvolvimento do indivíduo, em fase adulta, as características físicas se alteram, tornando o rosto em formato mais alongado, os lábios mais grossos e tendem a ter os cabelos grisalhos e a pele enrugada (amadurecimento precoce). O perímetro cefálico (PC) dos pacientes com SWB é inferior ao da população normal. Apesar da velocidade de crescimento do PC nas crianças com SWB ser baixa, o padrão de crescimento é semelhante ao da população normal. A microcefalia foi observada em um terço dos afetados pela SWB e pode persistir em alguns pacientes (PANKAU; et al., 1994). A deficiência mental em indivíduos com SWB normalmente é de grau leve a moderado. Costumam ter dificuldades em cognição espaço-temporal, o trabalho com números, coordenação motora, solução de problemas e podem apresentar comportamento impulsivo. Em contrapartida, crianças com SWB possuem maior desenvolvimento de sociabilização, tendem a falar muito e possuem o vocabulário extenso. Algumas características de personalidade são particularmente comuns nas crianças com SW: grande sociabilidade; entusiasmo exuberante; sensibilidade com as emoções alheias; sentem-se excessivamente a vontade com estranhos; pequeno intervalo de atenção; medo de altura, escadas e superfícies irregulares; 34 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância preocupação excessiva com determinados assuntos ou objetos (ANTONELL; et al., 2006). A psicomotricidade é de suma importância para um melhor desenvolvimento em indivíduos com essa síndrome, auxiliando em seu processo cognitivo e motor. Precisa ser trabalhado o desenvolvimento espaço-temporal, equilíbrio, lateralidade, imagem do corpo, coordenação motora global e fina. Para ampliar as habilidades de coordenação motora global, equilíbrio e lateralidade do aluno, é importante inicialmente realizar atividades como pular em cama elástica, subir escadas rapidamente, andar de joelhos, saltar, se rastejar, rolar de lado, fazer corridas com obstáculos, pular corda, jogos com bolas, andar e correr em linha reta, etc (ALMEIDA; TAVARES, 2010). Nas habilidades de coordenação motora fina, algumas atividades podem favorecer esse desenvolvimento, aumentando seu domínio com mãos melhorando seu desempenho, tais como, picotar papel com as mãos, fazer bolinhas de papeis, amarrar o cadarço, torcer papel de bala, abrir e fechar garrafas, amassar massinha de modelar (ALMEIDA; TAVARES, 2010). Assistir vídeo do neuropediatra Dr. Clay Brites "Sindrome de Williams – Beuren | NeuroSaber” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yBH_eERuJd0&t=136s https://www.youtube.com/watch?v=yBH_eERuJd0&t=136s 35 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. DEFICIÊNCIA FÍSICO MOTORA – DISTURBIOS E ALTERAÇÕES (PARTE II) Objetivo Compreender os conceitos, limitações e formas psicomotoras de abordagem acerca das deficiências físicos motoras relacionadas a lesão medular, espinha bífida, deficiência visual e deficiência auditiva. Introdução O trabalho realizado na aprendizagem com DFM, deve ser antecipadamente planejado para cada realidade, para cada situação educacional e familiar, e primordialmente para a condição de cada indivíduo. O desenvolvimento educacional com pessoas DFM deve buscar ampliar ao máximo as habilidades e potencialidades dessas crianças, desde hábitos corriqueiros á competências de aprendizado escolar. É notório que a deficiência física traz consigo limitações funcionais especificas de cada deficiência, que precisam ser trabalhadas para um melhor desenvolvimento do aluno. A reeducação psicomotora em DFM deriva de vários âmbitos profissionais que vão de pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, fonodiólogos, terapeutas ocupacionais entre outros. É de suma importância entender a deficiência instalada no indivíduo, suas limitações, acompanhamento médico e tratamentos que estejam sendo realizados para que o trabalho psicomotor seja efetivo. Nesse capitulo, estaremos relatando acerca das conceituações, limitações e abordagens psicomotoras nas DFMs: lesão medular, deficiência visual, deficiência auditiva. 5.1. Lesão medular A lesão medular (LM) é uma síndrome que tem como característica a perda da função motora associada a alterações biopsicossociais (SANTINO; et al, 2013). Normalmente ocorre devido a acidentes, porém em alguns casos específicos, pode ocorrer em crianças com tumores medulares que geram a mesma deficiência. 36 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Geralmente as sequelas são físico-motoras, sendo as variáveis de tetraplegia, ou paraplegia, incompleta – quando há vestígios de movimentos e sensibilidade- ou completa – quando não há vestígios de movimentos e tão pouca sensibilidade. Além da problemática física e sensorial, as sequelas da lesão medular podem incluir a atrofia do sistema muscular, a “espasticidade, redução da capacidade respiratória e das dimensões das estruturas cardíacas, as quais juntamente com o estado sedentário, podem limitar as respostas fisiológicas à atividade motora” (ISRAEL, BERTOLDI, 2010 p.83). Em casos de lesão medular é primordial que o aluno esteja tendo o acompanhamento interdisciplinar para que haja evolução no seu quadro, pois existem diversos níveis dessa lesão que devem ser premeditadamente avaliados por equipes médicas para que, academicamente, o professor possa aplicar os recursos da psicomotricidade da melhor forma, respeitando os limites de cada um. É importância ressaltar que o indivíduo com LM precisa ser trabalhado acerca de noção corporal, atividades funcionais, equilíbrio, coordenação motora global e fina, controle da respiração, lateralidade e equilíbrio, (desde que o indivíduotenha condições consideráveis de se movimentar) ou seja, precisa ser aplicado todos os itens que a psicomotricidade inclui. É preciso estimular a percepção, atenção, memória, coordenação do aluno, originando-se em melhores resultados nas habilidades motoras. 5.2. Espinha Bífida A espinha bífida posterior é uma lesão congênita (má formação) que ocorre na medula espinhal e que é causada pelo “fechamento incompleto do canal vertebral (coluna vertebral) ” (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). Quando esse processo ocorre, o tecido nervoso fica exposto e se forma uma proeminência mole, deixando a medula espinhal exposta. Essa lesão pode ocorrer em qualquer nível da coluna vertebral, porem normalmente acontece na 37 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância região lombossacral. Entre as causas para essa lesão estão as genéticas, nutricionais e ambientais. (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). A espinha bífida pode ser caracterizada por três tipos: a oculta, a meningocele e a mielomeningocele. A lesão pode ter desde aparência normal do lado externo da coluna, como um traumático especifico na pele, que indica a má formação (estigmas cutâneos). Podendo ser com característica de formas de bolas de gordura, de pequenas cavidades ou buracos na pele, de veias anormais, apresentar tufos de pelos, etc. (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). Os dois tipos de espinha bífida não ocultam são: • Meningocele: formação de uma protuberância nas meninges com liquido cefalorraquidiano. Nessa patologia normalmente as raízes nervosas não estão muito lesionadas e estão aptas a funcionar. • Mielomeningocele: mais comumente encontrado, além de uma lesão mais grave, onde tem mais intensificação na coluna lombossacra. Compromete a medula espinhal e suas raízes nervosas, dura-mater, ossos e pele. Nessa patologia a medula e as raízes nervosas podem estar deslocadas do lado externo do canal vertebral, gerando alteração de sensibilidade e atraso motor abaixo do nível medular lesionado, além de paralisia flácida, com encurtamento dos músculos. Apresentam incontinência esfincteriana do reto e da bexiga. A hidrocefalia pode estar em comorbidade com a mielomeningocele (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). As crianças com essa patologia necessitam de atenção especial durante o seu desenvolvimento, tendo orientação adequada de profissionais relacionados a área da saúde para seus métodos e tratamentos, precisam de adequação na dieta, horário regular de evacuação e uso medicamentoso, com isso, sua inclusão social pode ser mais facilmente adquirida. 38 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Quanto menor o nível de lesão medular, melhor será o desenvolvimento motor do aluno, podendo, mesmo com dificuldades, ter marcha independente. Normalmente essas crianças precisam de auxilio de equipamentos para andar (bengalas ou andadores), para terem maior segurança na locomoção (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). As crianças com mielomeningocelo manifestam problemas musculares devido a falta de tónus muscular. A paralisia e a fragilidade muscular atingem diretamente a coordenação motora global, a força e a rapidez, assim como a coordenação motora fina, fazendo com que o indivíduo tenha dificuldades em habilidades manuais e o uso dos dedos. Essas dificuldades podem ser atenuadas com a intervenção da psicomotricidade, através de práticas acentuadas a nível de macromotricidade (circuitos de habilidades motoras) fortalecendo a musculatura, e de micromotricidade (desenho, contorno de imagens, pintura) focando no domínio manual mais detalhado (SILVA, 2014). O tônus e a lateralidade dessas crianças também precisam ser trabalhados através de atividades de posicionamento correto de postura ou por relaxamento corporal que incentivem o toque afim do indivíduo identificar e eliminar tensões desnecessárias. Para o fortalecimento do tônus, a marcha é de suma importância e urgência, uma vez que os mielomeningocelos tem grande problemática acerca disso. Realizar atividades que incitem a criança a andar em base da sua linha média de seu corpo e/ou linha reta, que englobem a ação do “pular”, andar em cima de superfícies irregulares como colchões ou esponjas, são benéficas para fortificar o tônus, o equilíbrio e reajustar a postura dessa criança (SILVA; 2014). Para a melhor mobilidade dos membros superiores, a musculatura posterior do tronco é de suma importância e quando são realizadas atividades em posturas decúbito ventral, ou seja, de barriga para baixo, são trabalhados todos esses músculos posteriores, desde os da coluna vertebral aos músculos escapulares. As atividades que podem ser realizadas para o fortalecimento desses músculos são, como exemplo, circuitos onde a criança rasteje em cima de colchões, role sob ele, ou até mesmo engatinhe (SILVA, 2014). 5.3. Deficiência visual A deficiência visual (DV) é uma limitação das experiências necessárias para o conhecimento do mundo exterior a partir do indivíduo. A deficiência visual é segmentada em duas vertentes, a cegueira e a baixa visão. O aluno DV, assim como as demais crianças, 39 Psicomotricidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância tem o desejo de aprender, brincar e se comunicar e para isso, é necessário que o meio e as pessoas o estimule para tais atividades, favorecendo sua aprendizagem. [...] necessitam de um ambiente estimulador, de mediadores e condições favoráveis à exploração de seu referencial perceptivo particular. No mais, não são diferentes de seus colegas que enxergam no que diz respeito ao desejo de aprender, aos interesses, à curiosidade, às motivações, às necessidades gerais de cuidados, proteção, afeto, brincadeiras, limites, convívio e recreação dentre outros aspectos relacionados à formação de identidade a aos processos de desenvolvimento e aprendizagem. (SÁ; CAMPOS; SILVA; 2007, p.14) É de suma importância ressaltar que a evolução do processo de aprendizagem de DV (cegueira ou baixa visão), o trabalho com objetos e materiais específicos de textura e relevo possibilita o melhor aprendizado. É necessário, além do ambiente favorável, estímulos ao aluno e para isso é de suma importância que o professor possibilite esse conhecimento e reconhecimento de espaços físicos e objetos escolares. O braile deve ser incentivado ao aluno, para que ele possa desenvolver conjuntamente aos outros alunos, aprendendo a leitura e a escrita (SILVA; OLIVEIRA). A visão possui grande importância no desenvolvimento motor, uma vez que os estímulos externos orientam no controle dos movimentos. O problema visual implica em o indivíduo, não ter os estímulos necessários carretando déficits em funções motoras que a princípio o DV não possui. Quando não trabalhados, o DV pode acarretar comprometimentos que podem ser primários (nível orgânico) ou secundários (nível psicossocial) que se direciona a déficits de autoconhecimento do corpo e de sensações corporais e orientações espaciais no meio, gerando atrasos no desenvolvimento do esquema corporal. Normalmente esse estágio secundário se origina com maior intensidade, em consequência as barreiras sociais, educacionais e físicas, sendo necessário a intensificação de trabalhos específicos acerca da mobilidade do indivíduo (SOARES; et al, 2012). A nível psicomotor, os DVs costumam apresentar problemas de organização e orientação espacial, tendo como consequência, dificuldades nas informações perceptivas que deve ser levado ao sistema nervoso central para nortear o indivíduo (BUENO, 2014). Assim sendo, os fundamentos da psicomotricidade são de suma importância uma vez que resgata a funcionalidade e proporciona independência ao indivíduo, através de exercícios para coordenação motora, lateralidade, marcha, equilíbrio, orientação espaço-temporal e esquema corporal (SOARES; et al, 2012). 40
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