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Guia da Disciplina Psicomotricidade

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PSICOMOTRICIDADE 
Me. Roberto Fonseca 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
1 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. CONCEITUAÇÃO 
 
Objetivo 
Compreender o conceito e a importância do estudo da psicomotricidade, da 
motricidade, do psiquismo, sua evolução e desenvolvimento por diversos autores através 
da história. 
 
Introdução 
Psicomotricidade é uma ciência que gera o equilíbrio biopsicossocial, percebendo o 
ser humano sob três perspectivas: a cognitiva, representando a área intelectual, a motora, 
referente aos movimentos do corpo e a afetiva, que é a relação do ser humano com os 
outros. 
 
A Psicomotricidade tem como objetivo específico estimular potenciais psicomotores, 
cognitivos, afetivos e experiências compreendidas pelo cérebro de forma plena e 
consciente. Essa consciência corporal ao ser estimulada conjuntamente com reflexão e 
criatividade favorece o desenvolvimento de um ser pleno, saudável e feliz. 
 
1.1. Evolução Histórica 
A psicomotricidade é uma palavra derivada do termo grego psiché (alma) e do verbo 
latino moto (mover). Em suma, psicomotricidade é a capacidade de definir e organizar 
mentalmente os movimentos corporais. 
 
O termo psicomotricidade surgiu no século XIX, quando neurologistas começaram a 
estudar as zonas do córtex cerebral localizadas distante das regiões motoras com o intuito 
de compreender as estruturas cerebrais de forma conjunta à psiquiatras que buscavam 
conhecimento acerca de patologias mentais. 
 
Em sequência cronológica, segundo Lussac, a psicomotricidade, segue: 
• Época da primeira guerra mundial, com a inserção das mulheres no mercado 
de trabalho gerou a necessidade de que crianças permanecessem em creches. 
O déficit psicomotor observado a partir desse período, foi estudado pela escola 
francesa que influenciou mundialmente no avanço dos estudos referentes a 
psiquiatria infantil, psicologia e pedagogia; 
 
 
2 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• 1909, Dupré: foi de fundamental importância referente ao âmbito psicomotor, 
uma vez que ele é quem afirma a “independência da debilidade motora, 
antecedente do sintoma psicomotor, de um possível correlato neurológico”. 
André Thomas e Saint-Anné Dargassie no mesmo período estudavam os 
“tônus axial”; 
• 1925, Henry Wallon: médico psicólogo, trabalhava na construção do psiquismo, 
dando notória importância para o movimento humano, relacionado ao afeto, 
emoção, ambiente de convívio, seus hábitos e costumes, ocasionando tônus e 
relaxamento; 
• 1935, Edouard Guilmain: neurologista, desenvolveu um exame psicomotor que 
gerasse um diagnóstico, indicação de tratamento e prognóstico; 
• 1947, Julian de Ajuriaguerra: psiquiatra, defendeu que os transtornos 
psicomotores poderiam oscilar entre neurológico e psiquiátrico. No mesmo 
período, se embasou nos estudos de Wallon para se aprofundar sobre o 
diálogo tônico; 
• Na década de 70, diversos autores definiram psicomotricidade como 
“motricidade de relação”; 
• 1977, fundado o Grupo de Atividades Especializadas (GAE): Sendo o 
organizador da parte clínica e do Instituto Superior de Psicomotricidade e 
Educação (ISPE), cuja finalidade é a formação de profissionais especializados 
em psicomotricidade nas áreas de saúde e educação; 
• 1979, 1º Encontro Nacional de Psicomotricidade e a partir deste, o GAE seguiu 
promovendo a partir de 1980 diversos encontros nacionais e latino-americanos; 
• 1980, foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), entidade 
sem fins lucrativos, destinada a regulamentação de profissionais de 
psicomotricidade, organizando congressos, encontros científicos, eventos e 
cursos; 
• 1982, ISPE-GAE: através da Delegação Brasileira da Organisation 
Internationale de Psychomotricité et de Relaxation (OIPR), realizou o vínculo 
científico-cultural com a Escola Francesa. 
 
 
Iniciou-se uma nova visão sobre a psicomotricidade, vendo o corpo de forma 
holística, dando maior importância as relações, a afetividade e ao emocional do 
indivíduo. Para o profissional que trabalha com psicomotricidade, o indivíduo 
 
 
3 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
não é apenas uma ligação entre psico e o soma e nem um conjunto de suas 
inclinações, e sim observado dentro de uma globalidade (SBP,2003) e (ISPE-GAE, 
2007). 
 
 
1.2. Conceito 
O conceito da psicomotricidade é vasto para que haja uma definição precisa e 
definitiva, sendo a junção da concepção neurofisiológica e psicanalítica do ser humano 
(LAPÍERRE, 1982). 
 
Psicomotricidade pode ser definida como uma ciência em que faz o estudo do 
homem baseando-se em seu corpo em movimento em relação ao mundo interno e externo, 
percebendo o ser sob três perspectivas: a cognitiva, representando a área intelectual, a 
motora, referente aos movimentos do corpo e a afetiva, que é a relação do ser humano com 
os outros. 
 
A psicomotricidade vem a possibilitar um meio de convívio onde estimule o ser 
durante seu processo evolutivo, disponibilizando suporte para o desenvolvimento 
intelectual, com conotação na parte motora e cognitiva, usando os movimentos para atingir 
objetivos específicos com relação a aprendizagem, diminuindo as limitações psicomotoras 
que possam surgir ao longo do tempo. 
 
 
 
Vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “O que é PSICOMOTRICIDADE? 
Entenda o conceito de psicomotricidade NeuroSaber”. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=wIHiCBVesX8 
 
 
 
Na psicomotricidade o movimento é resultante de vários componentes que formam 
o ser: 
 
 
 
 
 
COGNITIVO 
AFETIVO 
SOCIAL 
MOTOR 
MOVIMENTO 
https://www.youtube.com/watch?v=wIHiCBVesX8
 
 
4 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Dentro de um âmbito geral, a psicomotricidade tem variadas definições de acordo 
com certas instituições e/ou autores. Ajuriaguerra, conceitua como ciência da Saúde e da 
Educação, uma vez que visa a “representação e a expressão motora, através da utilização 
psíquica e mental do indivíduo” (AJURIAGUERRA apud LUSSAC, 2008). 
 
Para a ISPE-GAE (2007 apud LUSSAC, 2008) a definição se conceitua em “[...] 
neurociência que transforma o pensamento em ato motor harmônico. É a sintonia fina que 
coordena e organiza as ações gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento 
e aprendizado. ” Em suma, a psicomotricidade é a forma de expressão corporal do ser que 
se manifesta do intangível para o tangível. 
 
 “A Psicomotricidade como ciência, é entendida como o campo transdisciplinar que 
estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o 
psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da 
personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas 
múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais, afetivo-emocionais e psico 
sóciocognitivas. ” (FONSECA, 2010) 
 
Nesse sentido, o psiquismo pode ser definido pelos fatores do funcionamento 
mental, ou seja, engloba as sensações, percepções, campo visual, emoções, afetos, 
medos, sonhos, fantasias, perspectivas, representações, símbolos, conceitos e 
preconceitos, dentro de suas relações sociais, favorecendo a atenção e integração 
multissensorial, controlando a execução motora. O estimulo do psiquismo está ligado a 
diversas substâncias neurológicas advindas de origem filogenética, dentro de um âmbito 
sociogenético, sendo submetido a uma neuroplasticidade, no desenvolvimento ao longo da 
ontogênese, tendendo a decriptar-se no processo inevitável do desgaste fisiológico ao 
longo do tempo. (FONSECA, 2008) 
 
Nesse contexto, a motricidade é representada como a agregação de 
representações mentais e corporais, envolvendo os tônus muscular, somática e postural 
que facilitam o desempenho das funções psíquicas. Portanto, a motricidade depende de 
motivaçõesdo meio que está inserido, variando de acordo com os estímulos recebidos, 
associado aos aspectos psicológicos ocasionando ação única entre os seres vivos 
(FONSECA, 2008). 
 
 
 
 
 
5 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Durante o desenvolvimento do homem (filogénese e sociogénese), da criança e 
do jovem (ontogénese), a motricidade possibilita a continuidade da espécie em 
suas diversas expressões, tais como a tecnologia, a arte, as variáveis formas de 
manifestações do pensamento (fala e escrita), favorecendo um prognóstico 
positivo para a evolução da espécie. 
 
 
Seguindo o contexto de Fonseca (2008), a psicomotricidade, tem como objetivo 
básico a análise da unidade e da diversidade humana, através do contexto funcional, ou 
disfuncional, entre o psiquismo e a motricidade, nas diversas ocorrências biopsicossociais 
e nas suas múltiplas expressões, englobando simultaneamente, “a investigação, a 
observação e a intervenção ao nível das suas dissociações, desconexões, perturbações ou 
transtornos ao longo do processo do desenvolvimento. ” 
 
 
 
 
Em suma, o conceito da psicomotricidade visa fundir a motricidade e o psiquismo 
humano, revelando a unidade, diversidade e complexidade do ser. 
 
 
 
Destacado por Le Boulch, nota-se a importância de a psicomotricidade ser 
implantada na escola nas séries iniciais: 
 
A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela 
condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar 
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, 
a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo 
tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra 
idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de 
corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24). 
 
Nos parâmetros da psicomotricidade, a motricidade é vista como um complexo de 
expressões corporais, verbais e não verbais, gestuais e motoras de caráter tônico-
emocional, postural e somático, que fornecem sustentação ao psiquismo humano, 
fornecendo um funcionamento mental total. Enquanto que o psiquismo é entendido como o 
funcionamento mental, fornecido pelas diversas sensações, percepções e emoções, 
 
 
6 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
gerando comportamento interpessoal intencional e inteligível, sendo exclusivo do ser 
humano. 
 
 
Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “Aspectos Básicos da 
PSICOMOTRICIDADE - NeuroSaber” dos 17 minutos até 1 hora e 03 minutos”. 
Disponívem em: 
https://www.youtube.com/watch?v=6BdRrepK_IA 
 
 
 
1.3. Elementos Psicomotores 
O movimento é um componente integrante do ser humano. Para que uma evolução 
completa, é necessário que haja profissionais psicomotristas qualificados, que a 
conceituem como ciência que engloba toda a ação executada pelo indivíduo, que retrate 
suas carências e possibilite suas ligações interpessoais (SANTOS; CAVALARI, 2010). O 
movimento pode ser visto como realização intencional, representando e originando seus 
desejos, portanto, deve-se dar atenção não apenas ao tangível, mas também, 
imprescindivelmente, ao intangível como expressão da personalidade (FONSECA, 1988). 
 
Não há movimentos sem intenção e nem coordenação motora na ausência do 
equilíbrio (KLEMPER, 2013). Os elementos básicos da psicomotricidade podem ser 
definidos em: equilíbrio, tônus, lateralidade, esquema corporal (imagem corporal), 
estruturação espaço-temporal, coordenação motora global, coordenação motora fina. 
 
Praxia fina 
Praxia global 
 
 
Estruturação espaço-temporal 
Esquema corporal 
Lateralização 
 
 
 
Tônus e equilíbrio 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=6BdRrepK_IA
 
 
7 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE 
 
Objetivo 
Compreender os padrões de elementos psicomotores, os movimentos, as fases e 
estágios básicos referentes aos tônus, equilíbrio, Lateralização, esquema corporal, 
estruturação espaço-temporal, coordenação motora global e coordenação motora fina, afim 
de trabalhar no processo de desenvolvimento psicomotor e saber identificar os mesmos em 
casos atípicos. 
 
Introdução 
A evolução do desenvolvimento motor é um processo que tem mudanças 
comportamentais desde a concepção até a morte, possibilitando análises de uma 
determinada ordem e coerência no aglomerado de mudanças, permitindo assim, a 
identificação de sequências. Essas determinadas sequências podem oscilar de acordo com 
as limitações, destrezas e experiências de cada indivíduo, no entanto, a sua ordem 
cronológica sempre será invariável (SOUZA, 2012). 
 
A psicomotricidade incorpora uma comunicação não verbal, na qual o profissional 
psicomotrista observa e redireciona o paciente em questão a condutas adequadas, 
ocasionadas por problemas de maturação psicomotora, aprendizagem, comportamental ou 
psicoafetivo (PEREIRA; RODRIGUES). 
 
Saber identificar, os padrões de movimentações, as fases e estágios dos elementos 
da psicomotricidade é de suma importância para o trabalho pedagogo, uma vez que a cada 
atividade desenvolvida acerca dos alunos é possível trabalhar experiências e vivencias 
aprimorando suas habilidades motoras, cognitivas e afetivas. 
 
2.1. Tônus 
Os tônus é a união das informações recebida pelos sentidos, pelas emoções, 
pensamentos e atividades biológicas, sendo sua atuação de extrema importância para o 
corpo e mente. Segundo Le Boulch (1992) “o tônus muscular é a atividade primitiva e 
permanente do musculo; além de traduzir a vivência emocional do organismo, é o alicerce 
das atividades práxicas”. Para a psicomotricidade, ele é o canal de comunicação, 
estabelecendo diálogo tônico especifico para expressão dos contatos corporais, para a voz 
e para o sistema respiratório (ALEXANDER, 1983). 
 
 
8 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Através da propriocepção e do sistema motor, a eutonia produz conexões 
neurológicas, passando a agir diretamente na plasticidade neural, potencializando a 
criatividade e proporcionando o aumento do intelecto e a inserção com o meio ambiente. 
Na eutonia, a definição de tônus muscular é imprescindível, adquirindo um sentido próprio. 
Os tônus age constantemente no corpo-mente do indivíduo, ele atua na matéria corporal 
agindo em toda as regiões musculoesqueléticos (ALEXANDER, 1983). 
 
O tônus muscular é o encarregado pelas ações, é o sustento da postura corporal, 
respondendo de forma adequada a força da gravidade respondendo a ação corporal. Ele 
se associa a emoção e a cognição junto com as informações recebidas intra e extra 
corporal, como definido por Fonseca (2009): 
 
Os tônus garante, como consequência, as atitudes, as posturas e a mimica. A sua 
regulação complexa [...] é dependente das emoções e do controle afetivo e constitui 
um dos meios de preparação da representação mental. A ele, estão ligados os 
diferentes tipos de hipertonicidade em relação próxima com a organização 
progressiva do sistema nervoso central. O tônus tem um papel muito importante na 
tomada de consciência de si e na edificação do conhecimento do mundo e do outro. 
(FONSECA, 2009, p. 192). 
 
O tônus existe em todos os músculos corporais e quando ele está em distonia ou 
uma fixação de tônus, originam-se desconfortos e/ou dores. Essas fixações ocorrem por 
tônus baixo ou tônus alto (hipotonia ou hipertonia), que são tensões musculares 
relacionadas a emoções, pensamento e condicionamentos, reconhecidos pela a postura e 
forma de movimento. (ALEXANDER, 1983). 
 
As alterações do tônus muscular podem ser definidas em: 
 
• Hiperextensividade; 
• Pouca ou nenhuma resistência ao movimento 
• Coordenação da preensão; 
• Menor gasto de energia;• Movimentos mais soltos, leves e coordenados; 
• Distúrbios da fala; 
• Fraqueza muscular; 
• Postura incorreta. 
 
 
Hipotonia 
(Baixo tônus 
muscular) 
 
 
9 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Pode ser encontrada em alguns distúrbios neurológicos tais quais: 
• Paralisia cerebral; 
• AVC (fase aguda); 
• Síndrome de Down; 
• Síndrome de Prader-Willi; 
• Doença de Tay-Sachs; 
• Trissomia do 13. 
• Resistência aumentada ao movimento passivo; 
• Padrões esteriótipos; 
• Hiperextensibilidade; 
• Marcha e conquista do espaço; 
• Alta tensão muscular; 
• Excessiva mobilidade; 
• Mais coléricas e menos fixadas aos pais. 
 
Pode ser encontrada em alguns distúrbios neurológicos tais quais: 
• AVC (fase crônica); 
• Parkinson; 
 
 
 
• Assistir o vídeo “Tônus Muscular: Hipotonia e Hipertonia” do canal do 
YouTube “FisioSlides”. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ajGnYrMacUU 
 
 
 
2.2. Equilíbrio 
Equilíbrio é a habilidade de associar o domínio da gravidade e controle postural, está 
diretamente relacionado com o desenvolvimento da locomoção. É determinado por uma 
característica sensorial-motora que tem como premissa harmonizar o campo visual e 
manter a postura ereta, acontecendo de maneira inconsciente sendo atuado por 
mecanismos sensoriais e reflexos (BARBOSA; MALT, 2007). 
 
Hipertonia 
(Alto tônus 
muscular) 
https://www.youtube.com/watch?v=ajGnYrMacUU
 
 
10 Psicomotricidade 
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Segundo Melo (et al, 2017), “o equilíbrio corporal consiste na manutenção do centro 
de gravidade dentro da base de suporte dos pés e pode apresentar-se como estático ou 
dinâmico. Está incorporada a primeira unidade neurofuncional, envolve neurologicamente 
o tronco cerebral, o cerebelo e o gânglios de base. 
 
O equilíbrio pode ser categorizado por equilíbrio estático e dinâmico (ALVES, 2008). 
No estático, as bases mantem-se fixa e o centro de gravidade em movimento, enquanto 
que no dinâmico a base fica em constante movimento e o centro de gravidade não se alinha 
a base durante os movimentos (MELO; et al, 2017). Em suma, o equilíbrio possibilita que o 
corpo se sustente imóvel de maneira estável ou de maneira precisa. 
O equilíbrio se constitui pelos seguintes segmentos: 
• Proprioceptivo: os pés, as articulações e no pescoço, possuem receptores 
que produzem informações acerca do estado do corpo (parado ou em 
movimento); 
• Vestibular: é estruturado por três canais semicirculares, o vestíbulo, o sáculo 
e o utrículo que são repletos de fluido e se localizam dentro do osso temporal, 
são algumas das estruturas que compõem o ouvido interno. Conforme nos 
movemos o fluido também se movimenta e é enviado mensagens ao cérebro 
nos posicionando a cada movimento; 
• Visual: O sentido visual para o homem é de suma importância para o controle 
do equilíbrio, postura e propriocepção, uma vez que é instrumento de 
desenvolvimento de pensamentos e de comunicação. A visão desempenha 
função reguladora do tônus muscular e monitora outras vias sensoriais tais 
quais a auditiva, labiríntica, coclear e proprioceptiva, que são a base sensório-
motora (BARBOSA; MALT, 2007) 
O controle do equilíbrio e da postura deriva desses três sistemas, uma vez 
que estes “interligam os núcleos do tronco encefálico sob coordenação do 
cerebelo” Essas informações são processadas e organizadas pelo sistema 
nervoso central que também é o encarregado de planejar o ato motor e assim 
as execuções motoras se condicionem corretamente. (BARBOSA; MALT, 
2007). 
 
 Para que haja o equilíbrio corporal do indivíduo, é necessário a integridade e 
funcionalidade do sistema vestibular. O sistema vestíbulo-coclear possui função dupla, a 
cóclea é responsável por funções auditivas enquanto que o sistema vestibular, pelo 
 
 
11 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
equilíbrio do corpo, sendo a capacidade de ouvir um segmento secundário, uma vez que a 
responsabilidade primeira e principal do órgão auditivo é a capacitação do equilíbrio 
corporal. Todavia, quando há um distúrbios e/ou limitações no sistema vestibular, o 
equilíbrio corporal pode ser prejudicado. O sistema vestibular e a cóclea são 
anatomicamente muito próximos e podem ser prejudicados por um mesmo agente nocivo. 
Os distúrbios vestibulares podem afetar a aquisição de habilidades neuromotoras, ou 
interferir na integração sensorial, ou seja, crianças com distúrbios nesse campo, podem ter 
sensação de desequilíbrio, dificuldade na marcha e apresentar ocorrências de quedas. 
(MELO et al, 2007). 
 
 
 
O equilíbrio é a sustentação imprescindível de todo o movimento corporal 
(ROSA, 2002). Não há possibilidade de movimento sem ação, assim como não 
há coordenação sem equilíbrio corporal, favorecendo um melhor suporte ao 
homem no meio em que vive (ALVES, 2008). 
 
 
 
2.3. Lateralização (Lateralidade) 
A lateralidade é caracterizada pela propensão neurológica que se tem por um lado 
ou outro do corpo, referentes as percepções das mãos, pés, olhos e ouvidos. Durante o 
desenvolvimento da criança, a lateralidade se estabelece naturalmente, e por vezes, 
também, sendo influenciado por fatores sociais. 
 
A lateralidade está diretamente relacionada a todos os níveis do processo de 
aprendizagem, mas se situa definitivamente por volta nos anos escolares iniciais (BELL, 
2005; COSTE, 1992). Durante essa fase, o esquema corporal do indivíduo e a organização 
espacial não depende da estrutura de seu próprio corpo, possibilitando que a criança gere 
a habilidade de interpretar as relações entre noções espaciais, desde fatores externos à 
fatores de seu próprio corpo (MACEDO, ANDREUCCI & MONTELLI, 2004), assim, a 
criança gera as relações referentes a noção espacial com objetos, símbolos, imagens. 
Quando há alterações no entendimento e compreensão dessas noções, tem maior 
probabilidade de manifestar déficits no traçado e na junção de letras e números, 
provocando quadros como de dislexia e discalculia (ROMERO, 1988). 
 
 
 
12 Psicomotricidade 
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 A lateralidade constitui um processo essencial às relações entre a motricidade e a 
organização psíquica inter-sensorial. Representa a conscientização integrada e 
simbolicamente interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, 
o que pressupõe a noção da linha média do corpo. Desse radar vão decorrer, então, 
as relações que pressupõe a noção da linha média do corpo. Desse radar vão 
decorrer, então, as relações de orientação face aos objetos, às imagens e aos 
símbolos, razão pela qual a lateralização vai interferir nas aprendizagens escolares 
de uma maneira decisiva. (FONSECA, 1989. p. 69) 
 
A lateralização se define por indivíduos destros – tem maior facilidade de destreza 
com o lado direito do corpo -, indivíduos canhotos – maior facilidade com o lado esquerdo 
- e os ambidestros que utilizam os dois lados com a mesma habilidade. 
 
A lateralidade cruzada, refere-se à preferência do indivíduo pela utilização da mão 
de um determinado lado do corpo, enquanto os pés e olhos do lado oposto. A lateralidade 
indefinida é o termo usado para crianças que ainda não estipularam sua preferência de 
lados. Algumas das dificuldades de aprendizado se originam pelo fator de crianças que não 
definiram sua lateralidade ou que são canhotas, mas foram obrigadas a desenvolver a mão 
direita, surgindo déficits como disgrafia, má orientação espacial na folha e a postura para 
escrever. 
 
 
 
• Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “#16 Psicomotricidade – 
O que é dominância lateral? – Live NeuroSaber” a partir dos 09 minutos e 
30 segundos. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=JE2cgerXouc 
 
 
2.4. Noção de corpo ou esquema corporal 
Esquema corporal pode ser compreendido como a entidade psicomotorade base. É 
o entendimento acerca se seu próprio corpo e de suas partes, possibilitando que o indivíduo 
estabeleça relações com objetos, pessoas e meio que está inserido. As noções 
proprioceptivas ou cinestésicas, são as que estruturam esse conhecimento em relação ao 
corpo que, conforme cresce, ocorrem mudanças nesse esquema corporal. 
 
A definição de esquema corporal segundo Fonseca (1995) é: 
• É a interpretação coletiva que a criança tem de seu devido corpo; 
• É componente básico e imprescindível para o desenvolvimento individual, ou 
seja, da personalidade do indivíduo; 
https://www.youtube.com/watch?v=JE2cgerXouc
 
 
13 Psicomotricidade 
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• O esquema corporal é a representação do corpo, gerada na mente, isto é, a 
forma pelo qual o corpo se mostra para nós; 
• Por meio das referências auditivas, visuais, cinestésicas, táteis, e vestibulares 
reunidos no cérebro, o corpo produz o estruturamento da memorização de 
ajustamento corporal estático e dinâmico. 
 
O esquema corporal pode ser visto como um conhecimento imediato que temos do 
nosso corpo, na relação de suas diversas partes entre si. A imagem do corpo (esquema 
corporal), corresponde a um conjunto funcional, retrata o equilíbrio entre as funções 
psicomotoras e sua maturidade. As etapas do esquema corporal são segundo Le Boulch 
(1981) são “Corpo Vivido”, “Corpo Descoberto” e “Corpo Representado”. 
 
A etapa do corpo vivido corresponde da fase neonatal até os 3 anos de idade, onde 
a conduta motora é global e sua consequência emocional ainda não é bem controlada. O 
bebe sente-se parte do meio ambiente e conforme ele cresce, ocorre o amadurecimento do 
seu sistema nervoso, ampliando suas experiências e progressivamente diferenciando o 
meio que está inserido. Nesse período há grande influência do adulto para com a criança, 
gerando imitações de ações e falas e aos 3 anos, a consciência do “eu” é constituída 
baseando-se nas práxis globais e na influência recebida pelos adultos. Nessa fase a criança 
tem extrema necessidade de movimentação, porque, a partir disso, começa a ter 
conhecimento acerca de seu corpo, assim aumentando sua capacidade motora. Apesar da 
criança começar e ter maior compreensão acerca da totalidade seu corpo, ela não tem 
pleno domínio de seus movimentos (LEBOULCH, 1981). 
 
A etapa do Corpo percebido acontece entre os 3 e os 7 anos de idade, corresponde 
como a possibilidade de realocar a atenção do meio ambiente para o próprio corpo, 
tomando a consciência do mesmo, ou seja, é onde a perspectiva se reporta a compreensão 
do corpo próprio, colocando em questão a função de interiorização e percepção dos 
agentes externos, propiciando uma nova forma de atenção perceptiva do espaço e de si 
mesmo, propiciando um maior domínio do seu corpo. Com isso, a criança passa a melhorar 
o desempenho de seus movimentos adquirindo maior coordenação motora. O corpo torna-
se referência geoespacial para situar a si mesmo e objetos, a criança passa a assimilar 
alguns conceitos tais como “embaixo e acima”, “direita e esquerda”, começa a ter 
consciência de noções temporais e de ordem de sucessão. Nessa fase, deve-se ser 
trabalhado a percepção espacial e a associação da verbalização. À final etapa, o indivíduo 
 
 
14 Psicomotricidade 
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pode ser caracterizado como pré-operatório, ou seja, ele está inserido à noção num espaço 
em parte representado, porém, ainda é centralizado em seu próprio corpo (LEBOULCH, 
1981). 
 
A etapa do Corpo representado origina-se dos 7 aos 12 anos de idade, a criança, 
progressivamente, passa a desempenhar de forma mais consciente a sua própria 
motricidade. No início dessa etapa a imagem do corpo se restringe apenas a uma forma 
reprodutora, a criança só passa a ter consciência de uma imagem mental do corpo em 
movimento após os 10/12 anos, onde a imagem do corpo torna-se antecipatória, devido a 
evolução das funções cognitivas. A partir dessa fase, o indivíduo passa a ter os pontos de 
referência não mais centralizados no próprio corpo, mas sim, levando em consideração os 
agentes externos, podendo ter discernimento para criar seus próprios pontos de referência 
que irão orientá-lo (LEBOULCH, 1981). 
 
2.5. Estruturação espaço-temporal 
A organização espaço-temporal tem como definição a capacidade de se orientar 
diante de um espaço físico e relacionar a proximidades das coisas entre si. Ela se refere 
aos sentidos de perto e longe, em cima e embaixo, dentro e fora, etc. Relacionado ao 
movimento, a psicomotricidade necessita a associação de espaço e tempo 
associadamente, para que desencadeie ações no espaço físico com determinada 
sequência temporal (MELLO, 1989). A utilização da psicomotricidade irá construir um 
conhecimento acerca de seu corpo e das probabilidades de expressão por meio dele, 
inserido em seu tempo e espaço. 
 
A estrutura espaço-temporal tem por premissa a capacidade do indivíduo de se 
orientar da sucessão de acontecimentos em determinado tempo. É a capacidade de notar 
intervalos e renovações cíclicas de períodos. 
 
É de suma importância para o aprendizado de uma criança, uma vez que para ela 
aprender a ler, há a necessidade de domínio de ritmo, sucessão de sons no tempo, 
diferenciação de sons, memória auditiva e duração dos tons e sons das palavras. 
 
A estruturação espaço-temporal da criança é construída aos poucos e só será 
plenamente desenvolvida quando estiver com a maturidade cognitiva mais desenvolvida. 
Essa evolução ocorre lentamente, iniciando-se com suas expressões corpórea, ajustando-
 
 
15 Psicomotricidade 
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Simultaneidade 
Ordem e 
sequência 
Duração dos 
intervalos 
 
Renovação 
cíclica de certos 
períodos 
Ritmo 
 
se ao meio em que vive, e, posteriormente, inicia-se as noções de ordem, sucessão, 
duração e alternância entre ações e objetos (EMMEL; FIGUEIREDO, 2011). 
 
É experienciada através do movimento, de forma 
motora. 
 
A sequência é representada pela disposição dos 
acontecimentos em um determinado período de tempo, 
de forma que as relações temporais e a ordem 
cronológica evidenciam-se. 
Os acontecimentos acontecem em intervalos de 
tempo, apresentam duração estabelecida e envolvem 
aprendizados de hora, minuto e segundo 
Renovação cíclica é a percepção do indivíduo acerca 
do período diário – manhã, tarde e noite -, semanas, 
meses, anos, estações. 
 
O ritmo determina a noção de ordem, de duração, de 
sucessão e de alternância. Pode ser distinguido em três 
modelos: motor, auditivo e visual. 
 
 
 
A estruturação espaço-temporal advém da motricidade, onde há interação com 
os objetos inseridos ao seu acesso, associados aos tônus muscular, equilíbrio, 
lateralização e noção corporal do indivíduo (FONSECA, 1995). 
 
 
 
A noção espaço-temporal auxilia a criança na percepção de direita e esquerda, 
facilitando o aprendizado para leitura e escrita. A falta de noção espacial, pode gerar no 
aluno desmotivação e desinteresse, dificultando o processo de aprendizado (LE BOULCH, 
1987). A estrutura espacial é a habilidade de mensurar o tempo de uma ação, sistematizar 
seu próprio ritmo, saber determinar o presente em relação ao passado, o antes e o depois, 
saber diferenciar o rápido do lento, é distinguir o instante do tempo em relação ao outro 
(FREIRE, 1999). 
 
 
16 Psicomotricidade 
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• Assistir vídeo do psicomotricista, Professor Lino Azevedo Junior 
“Psicomotricidade: O que é percepção temporal? ”. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=B-MubUT0qmg 
 
 
 
2.6. Coordenação motora global ou práxia global 
A coordenação motora global é a simultaneidade do trabalho de grupos musculares 
selecionados com a finalidade de realização de movimentos conscientes.É a interação 
entre o sistema muscular, o sistema nervoso e o sensorial, com o objetivo de gerar ações 
motoras equilibradas e reações rápidas. A coordenação motora global depende da 
intensidade da habilidade do indivíduo acerca de seu equilíbrio na postura corporal. Este 
equilíbrio é dependente dos sentidos proprioceptivos, cenestésicos e labirínticos. 
 
O processo de desenvolvimento motor infantil é inserido dentro do contexto global 
de evolução da criança. O desenvolvimento motor infantil pode ser dividido em quatro fases, 
sendo a primeira o sensório-motor, de 0 a 2 anos, onde os movimentos são gerados a 
partir de reflexos que o neonatal aperfeiçoa com treino e estimulo ao longo do tempo, 
quando ele percebe que consegue atingir os objetivos mais distantes se utilizar de 
movimentos coordenados. A segunda fase, pré-operatório, se estabelece dos 2 aos 7/8 
anos, derivada da socialização da criança, que embora ainda possua limitações de 
coordenação motora, vinda da falta de experiências. A terceira fase, operacional concreta, 
se instaura dos 7/8 a 11/12 anos de idade, que se instala quando surge a necessidade do 
contato intelectual e a criança percebe as relações de causa/efeito do meio que está 
inserido; meio/fim de falas e ações e as sequências das ideias baseiam-se em mais de um 
ponto de vista. A quarta e última fase é a das operações formais, acontece a partir dos 12 
anos de idade, onde se forma o pensamento abstrato (PIAGET apud BOCK et al., 2002). 
 
Segundo Piaget, o estágio sensório-motor, descrito por Piaget, pode ser subdividido 
em seis partes: 
1º. 0 a 1 mês de vida: o neonato se limita apenas ao aparelho reflexo inato, 
usando o mínimo de movimentos que só são acessados quando recebem 
estímulos que geram reflexos; 
https://www.youtube.com/watch?v=B-MubUT0qmg
 
 
17 Psicomotricidade 
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2º. De 1 a 4 meses de vida: o bebê começa o processo de assimilação 
funcional, iniciando as intenções de movimentos circulares do corpo. 
Conforme há repetição, o esquema motor vai se desenvolvendo e 
consolidando. 
3º. De 4 a 8 meses de vida: o bebê desenvolve ações circulares secundárias, 
tendendo a prolongar ou reproduzir o que acha interessante; 
4º. De 8 a 12 meses de vida: o bebê promove seus movimentos de forma 
intencional, promovendo meios para que ele alcance seu objetivo com 
coordenação. Brinca de procurar objetos e imita trejeitos de adultos. 
5º. De 12 a 18 meses de vida: ele desenvolve novas formas de alcançar seus 
objetivos, embora seu campo visual ainda esteja limitado baseado e sua 
posição corporal. 
6º. De 18 a 24 meses de vida: ele já cria novos movimentos brincando com 
objetos no plano motor. 
 
A evolução do desenvolvimento motor acontece de maneira constante e é alterada 
durante toda a vida. A cada fase esse desenvolvimento manifesta movimentos com 
peculiaridades específicas e com certos comportamentos motores, ou seja, a cada 
movimento conquistado influencia o anterior. 
 
A coordenação motora global pode ser avaliada acerca de três perspectivas: 
• Biomecânico: é a forma regular dos estímulos de força no movimento motor em 
relação a diversas direções; 
• Fisiológico: são os procedimentos que estabelecem os movimentos de 
contração muscular 
• Pedagógico: é o que organiza as fases de movimento e o aprendizado à novas 
habilidades. 
 
 
 
O Incentivar a coordenação motora global, é desenvolver e conscientizar o 
indivíduo das atividades de seus músculos principais e seu esquema corporal, 
para que ele possa utilizar o corpo coordenadamente e harmonicamente 
dominando o conhecimento de seu próprio corpo e da sua força muscular. 
 
 
 
18 Psicomotricidade 
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2.7. Coordenação motora fina ou praxia fina 
A coordenação motora fina, ou praxia fina, é a capacidade de promover movimentos 
coordenados usando seletos grupos musculares das extremidades do corpo (ANDRADE, 
2013). O desenvolvimento dessa coordenação só é completo quando as mãos puderem ser 
usadas em atividade de preensão, desenvolvendo-se do lado cubital ao radial no antebraço. 
Tornando-se mais dominante gradativamente desenvolvendo a pinça entre o polegar e o 
indicador e posteriormente mais madura, é a postura “tripé dinâmica” - escrever, pintar, etc. 
(DOWNIE, 1987). 
A coordenação visomotora é um processo de ação em que existe coincidência entre 
o ato motor e uma estimulação visual percebida. Esse tipo de dinamismo somente 
pode dar-se em indivíduos videntes. Os não videntes transferem as percepções 
visuais por outros meios de informação: guias sonoros outorgados pela explicação 
verbal, pelas percepções táteis, entre outros, os quais lhes outorgam dados sobre 
os quais elaboram a coordenação dinâmica necessária. (ROSA NETO, 2002, p. 15) 
 
A escrita é uma atividade motora comum que exige o concurso de alguns músculos 
e articulações do membro superior direito e/ou esquerdo, conjuntamente com a função dos 
músculos oculares e visão. A coordenação tende a evoluir através do desenvolvimento 
motor da criança e seu aprendizado. 
 
 
 
Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “5 dicas de como trabalhar a 
coordenação motora fina. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=C7mSh6RwJBk 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=C7mSh6RwJBk
 
 
19 Psicomotricidade 
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3. OBSERVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E AS 
DEFICIÊNCIAS FÍSICO MOTORAS 
 
Objetivo 
Conhecer e identificar os padrões de desenvolvimento psicomotor e o conceito de 
deficiente físico motor e a correlação com a psicomotricidade para que haja melhor 
desempenho no processo de aprendizagem dos educandos. 
 
Introdução 
A psicomotricidade deve-se ser estudada e investigada em três pilares 
fundamentais, o multicomponencial, o multiexperiencial e o multicontextual. O 
multicomponencial, integra as Ciências Biológicas, Humanas e Sociais de forma 
transdisciplinares e biopsicossociais. O multiexperiencial, estuda e pesquisa a 
motricidade no desenvolvimento e na ausência dele, desde o neonatal ao idoso, sadio ou 
portador de qualquer patologia. Por fim, o multicontextual, que tem como objetivo a 
aplicação de seu conhecimento, capacidade e competências no meio onde vive, ou seja, 
desde creches, escolas, âmbito profissional, familiar e em sua comunidade em todas as 
fases da vida (FONSECA, 2010). 
 
As ligações definidas, no processo de evolução motor infantil, entendem-se a partir 
de um procedimento sequencial e continuo proporcional e previsto para cada idade 
cronológica, levando em consideração que as habilidades motoras partem de elementos 
rudimentares e desconexos para organizados e complexos. Deve-se ter em vista o modelo 
físico e estrutural, o ambiente e a tarefa a ser apreendida pelo indivíduo como fator 
primordial na conquista de diferentes habilidades motoras tanto quanto o seu refinamento. 
(HAYWOOD; GETCHELL, 2004). 
 
O movimento psicomotor ocorre na sequência céfalo-caudal, próximo-distal, pré-
estabelecido genéticamente onde cada ser responde aos estímulos em seu tempo 
especifico de acordo com o que lhe é oferecido e assimilado, fornecendo o equilíbrio. Esse 
desenvolvimento psicomotor é variável de acordo com a genética, as tarefas e o ambiente 
em seu entorno tanto quanto qualquer patologia a que esteja sujeito, desnutrição derivada 
de baixa renda, falta de educação familiar ou ao fato de nascer prematuro, podendo 
acarretar um diferencial na sua evolução motora, no caso um atraso. 
 
 
20 Psicomotricidade 
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De acordo com o descrito pelo Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 
1999, o conceito de deficiência físico-motora (DFM) ou deficiência física não sensorial é: 
 
Uma alteração completa ou parcialde um ou mais segmentos do corpo humano, 
acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de 
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tretraparesia, 
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, 
paralisia cerebral, membros com deformidades congênitas ou adquiridas, exceto as 
deformidades estéticas e as que não produzam dificuldade para desempenho de 
funções. 
 
A psicomotricidade é de primordial importância para o deficiente fisio-motor, uma vez 
que favorece o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, ampliando a capacidade do 
indivíduo de autonomia, de liberdade de expressão, de percepção e socialização. 
 
3.1. Observação do desenvolvimento motor 
O comportamento motor tem como definição a área de entendimento que engloba 
os campos de estudo do desenvolvimento motor, de aprendizagem motora e do 
controle motor. As mudanças que acontecem no movimento do indivíduo ao longo de sua 
vida são denominadas desenvolvimento motor. A aprendizagem motora investiga os 
processos implicados na obtenção de novas habilidades de movimento e as causas que as 
geram. O controle motor analisa como o sistema nervoso central (SNC) se organiza para 
coordenar e monitorar os movimentos (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sequência de Harrow (1983), foi baseada no progresso do desenvolvimento motor 
onde elencou-se: 
• Movimentos reflexos: relaciona-se aos reflexos automáticos e 
involuntários que são percebidos nos neonatos, gerando, 
progressivamente, uma interação dele com o meio. 
Comportamento 
motor 
Aprendizagem 
motora Desenvolvimento 
motor 
Controle 
motor 
 
 
21 Psicomotricidade 
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• Habilidades básicas: está relacionada aos movimentos voluntários 
pertencentes ao andar e aquisição em diferentes situações, 
possibilitando tarefas complexas como deambular, correr, pular, 
arremessar, chutar, etc.; 
• Habilidades perceptivas: atividades motoras recebidas através de 
estímulos levados aos centros cerebrais superiores que permitem ao 
indivíduo tomar decisões como resposta; 
• Capacidades físicas: são as habilidades funcionais primordiais na 
evolução da habilidade motora que quanto maior seu desenvolvimento, 
melhor será sua execução como a “força”, a “flexibilidade”, a 
“resistência” e a “agilidade”; 
• Habilidades especificas: são movimentos motores conscientes e com 
objetivos específicos, tal qual um chute ou um arremesso; 
• Comunicação não-verbal: são atividades motoras com maior nível de 
complexidade, organizadas de forma que a capacidade dos 
movimentos realizados, possibilitem ao ser, expressar suas emoções, 
desejos ou necessidades. 
 
Para que a criança alcance certos padrões de movimentos, deve-se aumentar o 
conjunto de informações e repetições realizadas no campo motor, permitindo que ela realize 
uma tarefa ou estimulo quando for fornecido. O ato do movimento é de suma importância 
psicológica, biológica e sociocultural, uma vez que através dos movimentos há a interação 
das pessoas com o meio, aumentando seus conhecimentos acerca de si, dos seus limites 
e das suas capacidades. 
 
 
Para entender o comportamento psicomotor é importante não apenas observar 
o que o corpo está apresentando, mas também o que ele não está. 
 
 
 
 
Para entender um processo avaliativo de psicomotricidade, é primordial considerar 
três etapas: a coleta de dados, a análise dessas informações e a interpretação dos 
resultados obtidos. Deve-se fazer uma coleta de dados acerca de informações como o 
aspecto morfológico do indivíduo (altura, peso, idade, perímetro cefálico e torácico, etc), 
 
 
22 Psicomotricidade 
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seu processo de desenvolvimento pessoal, seu ciclo de funcionamento corporal (pressão 
arterial, frequência cardíaca, índice ósseo, etc) e uma escala de desenvolvimento onde 
leva-se em conta as atitudes, destrezas e informações que possam mapear o nível de 
desenvolvimento que essa criança esteja (BUENO, 2014). 
 
3.2. O desenvolvimento psicomotor no processo de aprendizagem 
Diversos autores, em diferentes épocas, reforçam que a pratica continua dos 
movimentos, melhora o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, como apresentado 
através dos estudos dos autores Fitts em 1954, Adams em 1971, Gentile em 1972, Le 
Boulch em 1987 e Schimidt em 1992. Segundo esses autores o aprendizado ocorre em 
variados números de estágios. Para Fitts e Schmidt, a maneira como o indivíduo se porta 
durante o processo de aprendizado pode ser retratado à vista de: 
• Inexperiente (novato): Inicia suas tentativas no descobrimento da tarefa e de 
como realiza-la, procurando observar as características e estruturas. Embora 
descoordenado e sem clareza, apresentando grandes variações de respostas 
motoras, procurando soluções para realizar a tarefa, sem se ater a detalhes 
importantes apresentando muitos erros, onde os poucos acertos, o leva a dúvidas. 
• Intermediário: Durante as tentativas elimina movimentos desnecessários, 
economizando tempo e energia, com isso, sua atenção é voltada a procurar 
detalhes não sutis. O estimulo visual substitui o cinestésico, enquanto o padrão 
motor se estabiliza, os erros diminuem, aumentando sua confiança. 
• Avançado: o indivíduo tem certeza de como executar a sua ação, limitando ao 
máximo sua energia e tempo, necessitando de mínima atenção para realização 
do seu objetivo, automatizado. 
 
Outro modelo de ensino-aprendizagem de determinada habilidade motora, é 
exemplificado por Fitss e Posner (1967), onde, também composto de três estágios, delimita-
se em: 
• Cognitivo: onde o indivíduo é levado a conquistar novas habilidades enfrentando 
questionamentos dirigidas ao campo cognitivo. Esse estágio tem como 
peculiaridade o número elevado de erros de performance até encontrar a forma 
correta para a obtenção da habilidade. 
 
 
23 Psicomotricidade 
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• Associativo: a criança começa a aprimorar os elementos básicos da habilidade, 
propiciando menos erros e tornando-se capaz de perceber algumas de suas 
próprias falhas, porém ainda não tem a aquisição total do desempenho. 
• Autônomo: esse estágio acontece após muita persistência e vivência com a 
habilidade, onde a criança além de perceber suas falhas, também regula esses 
erros, para corrigi-los. 
 
Le Boulch (1987, p.164), julga importante na educação, levar em conta que o corpo 
e a pessoa são representados como unidade expessiva, devendo agir de forma unificada 
durante seu aprendizado, com o objetivo de levar o indivíduo a se expressar de forma 
humana (emocional, afetivo, motor e cognitivo). A aprendizagem apresenta-se em três 
fases: 
• Exploratória: é identificada pela conquista das informações, que são 
fundamentais para o entendimento do caso, ou seja, a clareza da situação é 
definida pela prática, que significa que o ser deve praticar para melhorar seu 
aprendizado em relação as informações obtidas. 
• Dissociação: prevalece no desenvolvimento de controle/inibição que irá atuar na 
efetivação das contrações selecionadas, promovendo a motricidade. 
• Estabilização do automatismo: nessa fase o automatismo do gesto é adquirido 
em decorrência da repetição dos exercícios de aprendizagem. 
 
A aprendizagem é uma linguagem interior, de onde partem as ações fornecendo os 
ajustamentos as circunstâncias (FONSECA, 1995). O processo de aprendizagem humana 
é composto por processo receptivo de decodificação (sinestésico – audição, visão e tátil), 
processos de integração decorrentes de atenção, planificação, identificação, 
armazenagem, integração, memoria, conceitos, organização, análise, discriminação, 
síntese e decisão, pelo processo expressivo de codificação verbalizada e motora e 
processo feedback. Evidenciando-se que o processocognitivo é o principal indutor do 
desenvolvimento as aspirações humanas. 
 
 
 
Assistir vídeo da psicomotricista, Luciana Brites “Coordenação motora: o que 
esperar em cada idade?”. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=Px2yYUMmt_c 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Px2yYUMmt_c
 
 
24 Psicomotricidade 
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3.3. A deficiência físico-motora 
A deficiência pode prejudicar as probabilidades de movimentação corporal ou de 
manutenção da coordenação motora e do equilíbrio para atividades do dia a dia. O indivíduo 
pode ter ela desde seu nascimento ou ter adquirido com o tempo, tendo a possibilidade de 
ser permanente ou provisória (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). Segundo O MEC (Ministério 
da Educação), a deficiência física engloba uma diversidade de “condições não sensoriais 
que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora global ou da fala, 
como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda de 
malformações congênitas ou adquiridas” (BRASIL, 2000 p.16). 
 
O processo conceitual do termo “deficiência” surgiu com a Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10) em 1983, com o intuito de codificar padrões, 
padronizando uma linguagem em comum. Em 1976, a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) a classificou acerca de “Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades 
e Desvantagens” (CIDID). Em 2003, com a intenção de atualizar as concepções, a OMS 
publicou um novo modelo de classificação “Classificação Internacional de Funcionalidade, 
Incapacidade e Saúde (CIF). 
 
Segundo a CIF, as funções corporais envolvem as funções fisiológicas e 
psicológicas, enquanto as estruturas corporais envolvem as anatomias corporais (ossos, 
órgãos e sistemas), uma vez que esclarecido isso, fica claro que a deficiência denota uma 
variável de problemas na função ou estrutura do corpo. 
 
Conforme o desenvolvimento da legislação brasileira, em 1999, na Política Nacional 
para a Integração da Pessoa com Deficiência, foi definido que: 
 
I. Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função 
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho 
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; 
II. Deficiência Permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um 
período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade 
de que se altere, apesar de novos tratamentos; 
III. Incapacidade – é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de 
integração social. Com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou 
recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou 
 
 
25 Psicomotricidade 
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transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho 
de função ou atividade a ser exercida. 
 
O aprendizado, auxilia de diversas formas o desenvolvimento de habilidades e 
superação de limites do DFM, possibilitando um melhor convívio familiar, educacional, 
profissional, de lazer e em todos os outros âmbitos sociais. 
 
Em todo o processo de aprendizado, o indivíduo fica acessível a estímulos sensoriais 
através de tudo e todos que interagem com ele e desenvolve sua compreensão corporal. É 
de suma importância que o aluno DFM vivencie o escrever, a alimentação, o movimentar-
se e ter relações interpessoais, mesmo que seja através de tecnologias adequadas que 
estimule tal fim (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
A execução de atividades motoras, na abordagem sistêmica, baseia-se em 
“mecanismos de adaptação das ações motoras, pois [...] admite a possibilidade do 
desenvolvimento de flexibilização do sistema neural” (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
Conforme a adaptabilidade é reconhecida, a percepção da aprendizagem possibilita a 
adaptação neural. É necessário criar técnicas de intervenção, que julguem as variações e 
a adaptações dos movimentos em diferentes situações para solucionar desafios motores, 
levando em consideração que a facilidade no processo de aprendizagem motora está 
intrinsicamente relacionada às carências de cada indivíduo (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
 
 
Assistir vídeo da psicomotricista Luciana Brites “Estimulação psicomotoras nas 
crianças com deficiência intelectual’. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=6Pqjc_7VFb8 
 
 
3.4. Interação entre os conceitos 
A CIF auxilia em maior compreensão o indivíduo com deficiência, por ter claro os 
seus fundamentos e funcionalidades, integrativo e interativos, por ter características 
operacionais semelhantes. 
 
Em sala de aula, notar a evolução do desenvolvimento do aluno ao longo do tempo 
(levando em consideração sua CIF) é de suma importância, para que ele atinja com 
https://www.youtube.com/watch?v=6Pqjc_7VFb8
 
 
26 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
plenitude suas habilidades educacionais e de vida. No processo de aprendizado do 
indivíduo com DFM, é primordial a interação da equipe educacional, equipe de saúde, 
familiar e a própria dedicação afim de que os objetivos de vida e sua cidadania sejam 
alcançadas. (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
É primordial ao educador compreender o que acontece com seu aluno DFM e os 
recursos pedagógicos que ele precisa, para que assim, haja o melhor desempenho 
educacional possível. 
 
3.5. Características das principais deficiências motoras 
Para que a construção de habilidades seja desenvolvida com o aluno DFM, desde 
educacional à social, é necessário que haja uma boa interação entre o ele e o professor. 
Para que essa interação ocorra é imprescindível a compreensão e o entendimento do 
professor acerca das características das DFM. É necessário o entendimento dos padrões 
motores ao longo do desenvolvimento, na reabilitação de pessoas com atraso no 
desenvolvimento, assim como, favorecer a adaptação e estruturação de ambientes e 
tarefas motoras ao longo do desenvolvimento para impulsionar corretamente cada indivíduo 
(ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
Em cada deficiência o processo de aprendizagem irá variar conforme a abordagem 
do professor, o ambiente inserido, o domínio de conceituação teórica e as aplicações 
práticas. É preciso levar em consideração que os DFMs podem ter déficits de estruturas e 
funções corporais e que para a manutenção da postura e realizar certos tipos de 
movimentos, o tônus muscular precisa estar dentro dos padrões de normalidade, assim 
possibilitando o aluno a realizar funções e tarefas escolares, sociais, esportivas, 
profissionais e cotidianas. Em caso de lesões neurológicas, o tônus pode estar hipertônico 
ou hipotônico e a motricidade do indivíduo pode estar comprometida e irá depender do 
local, intensidade e da lesão sofrida. 
 
 
 
Assistir vídeo da psicomotricista Luciana Brittes “Estimulação Psicomotora – 
NeuroSaber “. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=0I4K-7koGLY 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=0I4K-7koGLY
 
 
27 Psicomotricidade 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. DEFICIÊNCIA FÍSICO MOTORA - DISTURBIOS E ALTERAÇÕES 
(PARTE I) 
 
Objetivo 
Compreender os conceitos, limitações e formas psicomotoras de abordagem acerca 
das deficiências físicos motoras relacionadas a paralisia cerebral, hidrocefalia, distrofias 
musculares e Sindrome de Willians. 
 
Introdução 
Todo e qualquer trabalho realizado no ensino-aprendizagem de educação especial 
deve ser antecipadamente planejado detalhadamente para cada realidade, para cada 
situação educacional e familiar, e primordialmente para a condição de cada DFM. 
 
O desenvolvimento educacional e profissional com pessoas DFM buscar ampliar ao 
máximo as habilidades e potencialidades desses indivíduos, desde hábitos corriqueiros á 
competências de aprendizado escolar. É notório que a deficiência física traz consigo 
limitações funcionaisespecificas de cada deficiência, que precisam ser trabalhadas para 
um melhor desenvolvimento do aluno. 
 
A reeducação psicomotora em DFM deriva de vários âmbitos profissionais que vão 
de pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais entre 
outros. É primordial entender a deficiência instalada no indivíduo e suas limitações para 
que o trabalho psicomotor seja efetivo. Nesse capitulo, estaremos relatando acerca das 
conceituações, limitações e abordagens psicomotoras nas DFMs: Paralisia cerebral, 
hidrocefalia, distrofias musculares e a Sindrome de Willians. 
 
4.1. Paralisia cerebral 
A Paralisia cerebral (PC) deriva de alguma lesão ou anomalia durante o 
desenvolvimento do feto ou nos primeiros anos de vida (até 4 anos). É uma das maiores 
DFMs, apresentando nos indivíduos em geral uma espasticidade, limitando os movimentos 
voluntários, embora em graus variáveis, que complicam a relação do indivíduo com o meio. 
A PC não evolui, porem normalmente altera a coordenação muscular devido a 
espasticidade, limitando posturas voluntárias e simples como sentar, andar etc (ISRAEL; 
BERTOLDO, 2010). 
 
 
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As causas provenientes dessa deficiência podem ser durantes os pré-natais, 
perinatais ou pós-natais. As razões pré-natais são referentes a drogas, infecções, 
traumatismos, desordens circulatórias, ameaça de aborto, hipertensão arterial sistêmica 
(HAS), toxoplasmose, exposição a radiografia, etc. Durante o período perinatais podem ser 
durante o parto, quando há o caso de falta ou redução de oxigênio. No caso de pós-natais 
os motivos podem ser derivados de quedas, afogamento, febre alta (maior que 39º), 
meningite, trauma ou envenenamento (ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
A PC é dividida em vertentes como descrito abaixo: 
• Monoplegia (monoparesia): É caracterizada por afetar apenas um membro do 
corpo. 
 
 
• Hemiplegia (hemiparesia): É caracterizada por afetar um lado inteiro do corpo 
(direito ou esquerdo). 
 
 
 
• Diplegia (diparesia): É caracterizado pelo melhor desempenho do indivíduo nos 
membros superiores do que nos inferiores. 
 
 
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• Triplegia (triparesia): É caracterizado por afetar 3 membros do corpo (independe 
quais). 
 
 
• Paraplegia (paraparesia): É caracterizado por afetar apenas os membros inferiores. 
 
 
• Tretaplegia ou quadriplegia (Tretraparesia ou Quadriparesia): É caracterizado 
pelo acometimento dos 4 membros e do tronco. 
 
Fonte: Elaborado pelo autor com embasamento em Israel; Bertoldo, 2010. 
 
 
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As vertentes de acometimentos da PC podem apresentar características especificas 
de DFM. Os padrões de movimento e tônus, segundo Leite e Prado (2004) podem ser: 
• Espástica: em média 75% das crianças com PC tendem a ter um padrão 
muscular de espasticidade, onde o músculo espástico tem crescimento anormal 
levando a rigidez ao movimento, isso faz com que haja deformidades osseas; 
• Hipotônica: é caracterizado quando o tônus da musculatura apresenta-se de 
forma flácida, limitando a manutenção da postura corporal; 
• Discinética: as estruturas dos glânglios da base, que fazem parte do SNC 
apresentam lesões especificas levando a criança a desenvolver movimentos 
involuntários e desconexos, como exemplo são os PC atetóide, distonias e 
coreoapetose; 
• Atáxica: está vinculada a leões no cerebelo, que é parte do SNC ou nas vias do 
cerebelo que controlam o equilíbrio e os movimentos. A criança com ataxia 
apresenta dificuldade na coordenação motora e falta de equilíbrio, desenvolvendo 
marcha ataxia; 
• Mista: Denominado quando ocorre associação das alterações anteriormente 
mencionadas, normalmente com ações musculares distônicas e córeoatetoides 
ou ataxias associadas a plegia, principalmente a diplegia. 
 
Em alguns casos de PC também é encontrado, eventualmente, associação com 
deficiência intelectual, presença de convulsões ou eplipsias, dificuldades para falar, 
alimentar-se, e dificuldades respiratórias ou sensoriais. 
 
O desenvolvimento psicomotor auxilia o indivíduo com PC nas suas limitações de 
suas atividades do dia a dia. Através desse desenvolvimento, favorece suas atividades 
básicas, dos sentidos sensoriais, das percepções e dos movimentos, facilitando o aumento 
da aprendizagem e essa abordagem terapêutica poderá ocorrer desde a educação infantil 
de forma interdisciplinar. 
 
 
 
• Filme: De porta em porta. Direção: Steven Scachter. Produção: Warren Car. 
EUA: Turner Network Television, 2002. 91 min. 
 
 
 
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4.2. Hidrocefalia 
A hidrocefalia é uma patologia 
comum, muito presente na forma 
congênita que entre 1000 nascidos 
vivos, 3 ou 4 nascem com ela. É uma 
circunstância decorrente da 
alteração da circulação do liquor, que 
protege o sistema nervoso central, 
ocasionando dilatação do ventrículo 
cerebral de forma progressiva. Esse 
acumulo de liquor pode ocorrer antes 
ou depois do nascimento, ocasionando o aumento da pressão intracraniana (ISRAEL; 
BERTOLDO, 2010). 
 
Podendo ocorrer em qualquer idade, a hidrocefalia pode ser originada de duas 
formas, congênita ou adquirida. Em casos adquiridos, as causas podem por: processos 
inflamatórios crônicos, hemorragia subaracnóidea, tumores ou hidrocefalia por redução 
excessiva do líquor. Em casos congênitos, pode originar-se no nascimento ou até nas 
primeiras semanas de vida do neonato. 
 
O principal sintoma de uma criança com até 2 anos que tenha hidrocefalia, é o 
tamanho da cabeça, macrocrania ou macrocefalia (cabeça grande) associado ao retardo 
do desenvolvimento neurológico, psicológico e motor (JORGE, 2004). Esse retardo, pode 
levar a criança a ter além do atraso motor e muitas vezes o atraso intelectual também 
(ISRAEL; BERTOLDO, 2010). 
 
 A criança não consegue sustentar o peso da cabeça, não senta, não engatinha, não 
anda, não fala ou tem contato social na idade que se almeja. Em indivíduos maiores há 
queixas de dores de cabeça constantes conjuntamente com pode apresentar vômitos, 
irritabilidade, sonolência, convulsões e visão dupla (JORGE, 2004). 
 
O tratamento nos casos de hidrocefalia, é a intervenção cirúrgica, para que seja 
introduzido uma válvula denominada DVP (Derivação do Ventriculo Peritoneal), que irá 
drenar o líquor excessivo, esse procedimento costuma aliviar as pressões que o indivíduo 
sente na cabeça (PINTO, 2015). 
 
 
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O portador de hidrocefalia pode apresentar dificuldades escolares, derivadas da falta 
de concentração, raciocínio lógico, memória de curto prazo, coordenação motora, 
organização, localização espaço-temporal, problemas de visão e amadurecimento precoce. 
 
A psicomotricidade deve ser trabalhada em crianças com hidrocefalia para melhorar 
os âmbitos psicológicos, motores e sociais. O professor deve primeiramente realizar uma 
avaliação abordando o tipo de hidrocefalia, o que originou a patologia, qual tratamento está 
sendo realizado, qual e como está o acompanhamento médico e se faz uso 
medicamentoso. (PINTO, 2015) 
 
Deve-se trabalhar com o aluno os sentidos multissensoriais, através de luzes; sons; 
aromas; instrumentos musicais; objetos com diversas texturas, formas e cores; espelhos; 
jogos; e ambientes que ele possa vivenciar experiências e desenvolver o seu lado cognitivo, 
melhorando assim, suas habilidades sociais e podendo ampliar seu desenvolvimento 
intelectual. 
 
4.3. Distrofias musculares 
A doença neuromuscular alcança a periferia do corpo nos comandos nervosos dos 
músculos. Essas doenças estão conjuntas devido aos 
fatores comuns entre elas, que ocorrem na unidademotora. Em âmbito geral, as distrofias provem de origem 
genética e podem parecer na infância ou na fase adulta. 
 
Em cada tipo de doença neuromuscular a 
evolução é diferente, em algumas há a fraqueza 
muscular, outros problemas intelectuais e/ou cardíacos 
etc. É primordial que na escola o professor tenha atenção 
para sinais de enfraquecimento (tropeços ou quedas 
constantes) dos alunos, assim, podendo ajudar 
precocemente com o diagnóstico do indivíduo (ISRAEL; 
BERTOLDI, 2010). 
 
As maiores dificuldades para um indivíduo com distrofia muscular estão relacionadas 
ao tônus muscular, a coordenação global e ao equilíbrio. Explorar as práticas da 
psicomotricidade em atividades multidisciplinares e de ludoterpia, pode-se atenuar essas 
 
 
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problemáticas, sendo possível estabelecer uma relação com do tônus muscular com o 
indivíduo, melhorando sua qualidade de vida. Atividades recomendadas por Bueno (2014) 
são: “[...] jogos que abranjam o restabelecimento e desenvolvimento do seu esquema 
corporal, estimular a sensibilidade próprio sensitiva do aluno, deslocamentos no chão para 
favorecer a descoberta e amplitude de seu corpo e gestos”. 
 
4.4. Síndrome de Williams 
A Síndrome de Williams Beuren (SWB) é uma alteração genética devido a ausência 
de genes no cromossomo 7, incluindo a elastina (ELN), que ocasiona distúrbios em relação 
ao desenvolvimento cognitivo, de comportamento e motor. 
 
As características fisionômicas dessa síndrome são fronte larga, fenda da pálpebra 
curta, cristas orbitais sobressaltadas, epicanto, excesso de pele subcutânea em volta dos 
olhos, lábios inferiores grossos e superiores finos e ponta do nariz mais funda. As 
características geradas por essa síndrome são problemas cardiovasculares, oculares, 
dificuldade de alimentação, déficit no aprendizado, desenvolvimento estatal baixo, aumento 
de cálcio, perda dentária e personalidade demasiadamente social (ALMEIDA; TAVARES, 
2010). 
 
Conforme o desenvolvimento do indivíduo, em fase adulta, as características físicas 
se alteram, tornando o rosto em formato mais alongado, os lábios mais grossos e tendem 
a ter os cabelos grisalhos e a pele enrugada (amadurecimento precoce). 
 
O perímetro cefálico (PC) dos pacientes com SWB é inferior ao da população 
normal. Apesar da velocidade de crescimento do PC nas crianças com SWB ser 
baixa, o padrão de crescimento é semelhante ao da população normal. A 
microcefalia foi observada em um terço dos afetados pela SWB e pode persistir em 
alguns pacientes (PANKAU; et al., 1994). 
 
A deficiência mental em indivíduos com SWB normalmente é de grau leve a 
moderado. Costumam ter dificuldades em cognição espaço-temporal, o trabalho com 
números, coordenação motora, solução de problemas e podem apresentar comportamento 
impulsivo. Em contrapartida, crianças com SWB possuem maior desenvolvimento de 
sociabilização, tendem a falar muito e possuem o vocabulário extenso. 
 
Algumas características de personalidade são particularmente comuns nas crianças 
com SW: grande sociabilidade; entusiasmo exuberante; sensibilidade com as 
emoções alheias; sentem-se excessivamente a vontade com estranhos; pequeno 
intervalo de atenção; medo de altura, escadas e superfícies irregulares; 
 
 
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preocupação excessiva com determinados assuntos ou objetos (ANTONELL; et al., 
2006). 
 
A psicomotricidade é de suma importância para um melhor desenvolvimento em 
indivíduos com essa síndrome, auxiliando em seu processo cognitivo e motor. Precisa ser 
trabalhado o desenvolvimento espaço-temporal, equilíbrio, lateralidade, imagem do corpo, 
coordenação motora global e fina. Para ampliar as habilidades de coordenação motora 
global, equilíbrio e lateralidade do aluno, é importante inicialmente realizar atividades como 
pular em cama elástica, subir escadas rapidamente, andar de joelhos, saltar, se rastejar, 
rolar de lado, fazer corridas com obstáculos, pular corda, jogos com bolas, andar e correr 
em linha reta, etc (ALMEIDA; TAVARES, 2010). 
 
Nas habilidades de coordenação motora fina, algumas atividades podem favorecer 
esse desenvolvimento, aumentando seu domínio com mãos melhorando seu desempenho, 
tais como, picotar papel com as mãos, fazer bolinhas de papeis, amarrar o cadarço, torcer 
papel de bala, abrir e fechar garrafas, amassar massinha de modelar (ALMEIDA; 
TAVARES, 2010). 
 
 
 
Assistir vídeo do neuropediatra Dr. Clay Brites "Sindrome de Williams – Beuren 
| NeuroSaber” Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=yBH_eERuJd0&t=136s 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=yBH_eERuJd0&t=136s
 
 
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5. DEFICIÊNCIA FÍSICO MOTORA – DISTURBIOS E ALTERAÇÕES 
(PARTE II) 
 
Objetivo 
Compreender os conceitos, limitações e formas psicomotoras de abordagem acerca 
das deficiências físicos motoras relacionadas a lesão medular, espinha bífida, deficiência 
visual e deficiência auditiva. 
 
Introdução 
O trabalho realizado na aprendizagem com DFM, deve ser antecipadamente 
planejado para cada realidade, para cada situação educacional e familiar, e 
primordialmente para a condição de cada indivíduo. 
 
O desenvolvimento educacional com pessoas DFM deve buscar ampliar ao máximo 
as habilidades e potencialidades dessas crianças, desde hábitos corriqueiros á 
competências de aprendizado escolar. É notório que a deficiência física traz consigo 
limitações funcionais especificas de cada deficiência, que precisam ser trabalhadas para 
um melhor desenvolvimento do aluno. 
 
A reeducação psicomotora em DFM deriva de vários âmbitos profissionais que vão 
de pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, fonodiólogos, terapeutas ocupacionais entre 
outros. É de suma importância entender a deficiência instalada no indivíduo, suas 
limitações, acompanhamento médico e tratamentos que estejam sendo realizados para que 
o trabalho psicomotor seja efetivo. 
 
Nesse capitulo, estaremos relatando acerca das conceituações, limitações e 
abordagens psicomotoras nas DFMs: lesão medular, deficiência visual, deficiência auditiva. 
 
5.1. Lesão medular 
A lesão medular (LM) é uma síndrome que tem como característica a perda da 
função motora associada a alterações biopsicossociais (SANTINO; et al, 2013). 
Normalmente ocorre devido a acidentes, porém em alguns casos específicos, pode ocorrer 
em crianças com tumores medulares que geram a mesma deficiência. 
 
 
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Geralmente as sequelas são 
físico-motoras, sendo as variáveis 
de tetraplegia, ou paraplegia, 
incompleta – quando há vestígios de 
movimentos e sensibilidade- ou 
completa – quando não há vestígios 
de movimentos e tão pouca 
sensibilidade. 
 
Além da problemática física e 
sensorial, as sequelas da lesão medular podem incluir a atrofia do sistema muscular, a 
“espasticidade, redução da capacidade respiratória e das dimensões das estruturas 
cardíacas, as quais juntamente com o estado sedentário, podem limitar as respostas 
fisiológicas à atividade motora” (ISRAEL, BERTOLDI, 2010 p.83). 
 
Em casos de lesão medular é primordial que o aluno esteja tendo o 
acompanhamento interdisciplinar para que haja evolução no seu quadro, pois existem 
diversos níveis dessa lesão que devem ser premeditadamente avaliados por equipes 
médicas para que, academicamente, o professor possa aplicar os recursos da 
psicomotricidade da melhor forma, respeitando os limites de cada um. 
 
É importância ressaltar que o indivíduo com LM precisa ser trabalhado acerca de 
noção corporal, atividades funcionais, equilíbrio, coordenação motora global e fina, controle 
da respiração, lateralidade e equilíbrio, (desde que o indivíduotenha condições 
consideráveis de se movimentar) ou seja, precisa ser aplicado todos os itens que a 
psicomotricidade inclui. É preciso estimular a percepção, atenção, memória, coordenação 
do aluno, originando-se em melhores resultados nas habilidades motoras. 
 
5.2. Espinha Bífida 
A espinha bífida posterior é uma lesão congênita (má formação) que ocorre na 
medula espinhal e que é causada pelo “fechamento incompleto do canal vertebral (coluna 
vertebral) ” (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). Quando esse processo ocorre, o tecido nervoso 
fica exposto e se forma uma proeminência mole, deixando a medula espinhal exposta. Essa 
lesão pode ocorrer em qualquer nível da coluna vertebral, porem normalmente acontece na 
 
 
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região lombossacral. Entre as causas para essa lesão estão as genéticas, nutricionais e 
ambientais. (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). 
 
A espinha bífida pode ser 
caracterizada por três tipos: a oculta, a 
meningocele e a mielomeningocele. A 
lesão pode ter desde aparência normal do 
lado externo da coluna, como um 
traumático especifico na pele, que indica a 
má formação (estigmas cutâneos). 
Podendo ser com característica de formas 
de bolas de gordura, de pequenas 
cavidades ou buracos na pele, de veias anormais, apresentar tufos de pelos, etc. (ISRAEL; 
BERTOLDI, 2010). 
Os dois tipos de espinha bífida não ocultam são: 
• Meningocele: formação de uma protuberância nas meninges com liquido 
cefalorraquidiano. Nessa patologia normalmente as raízes nervosas não estão 
muito lesionadas e estão aptas a funcionar. 
• Mielomeningocele: mais comumente encontrado, além de uma lesão mais 
grave, onde tem mais intensificação na coluna lombossacra. Compromete a 
medula espinhal e suas raízes nervosas, dura-mater, ossos e pele. Nessa 
patologia a medula e as raízes nervosas podem estar deslocadas do lado 
externo do canal vertebral, gerando alteração de sensibilidade e atraso motor 
abaixo do nível medular lesionado, além de paralisia flácida, com encurtamento 
dos músculos. Apresentam incontinência esfincteriana do reto e da bexiga. A 
hidrocefalia pode estar em comorbidade com a mielomeningocele (ISRAEL; 
BERTOLDI, 2010). 
 
As crianças com essa patologia necessitam de atenção especial durante o seu 
desenvolvimento, tendo orientação adequada de profissionais relacionados a área da 
saúde para seus métodos e tratamentos, precisam de adequação na dieta, horário regular 
de evacuação e uso medicamentoso, com isso, sua inclusão social pode ser mais 
facilmente adquirida. 
 
 
 
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Quanto menor o nível de lesão medular, melhor será o desenvolvimento motor do 
aluno, podendo, mesmo com dificuldades, ter marcha independente. Normalmente essas 
crianças precisam de auxilio de equipamentos para andar (bengalas ou andadores), para 
terem maior segurança na locomoção (ISRAEL; BERTOLDI, 2010). 
 
As crianças com mielomeningocelo manifestam problemas musculares devido a falta 
de tónus muscular. A paralisia e a fragilidade muscular atingem diretamente a coordenação 
motora global, a força e a rapidez, assim como a coordenação motora fina, fazendo com 
que o indivíduo tenha dificuldades em habilidades manuais e o uso dos dedos. Essas 
dificuldades podem ser atenuadas com a intervenção da psicomotricidade, através de 
práticas acentuadas a nível de macromotricidade (circuitos de habilidades motoras) 
fortalecendo a musculatura, e de micromotricidade (desenho, contorno de imagens, pintura) 
focando no domínio manual mais detalhado (SILVA, 2014). 
 
O tônus e a lateralidade dessas crianças também precisam ser trabalhados através 
de atividades de posicionamento correto de postura ou por relaxamento corporal que 
incentivem o toque afim do indivíduo identificar e eliminar tensões desnecessárias. Para o 
fortalecimento do tônus, a marcha é de suma importância e urgência, uma vez que os 
mielomeningocelos tem grande problemática acerca disso. Realizar atividades que incitem 
a criança a andar em base da sua linha média de seu corpo e/ou linha reta, que englobem 
a ação do “pular”, andar em cima de superfícies irregulares como colchões ou esponjas, 
são benéficas para fortificar o tônus, o equilíbrio e reajustar a postura dessa criança (SILVA; 
2014). 
 
Para a melhor mobilidade dos membros superiores, a musculatura posterior do 
tronco é de suma importância e quando são realizadas atividades em posturas decúbito 
ventral, ou seja, de barriga para baixo, são trabalhados todos esses músculos posteriores, 
desde os da coluna vertebral aos músculos escapulares. As atividades que podem ser 
realizadas para o fortalecimento desses músculos são, como exemplo, circuitos onde a 
criança rasteje em cima de colchões, role sob ele, ou até mesmo engatinhe (SILVA, 2014). 
 
5.3. Deficiência visual 
A deficiência visual (DV) é uma limitação das experiências necessárias para o 
conhecimento do mundo exterior a partir do indivíduo. A deficiência visual é segmentada 
em duas vertentes, a cegueira e a baixa visão. O aluno DV, assim como as demais crianças, 
 
 
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tem o desejo de aprender, brincar e se comunicar e para isso, é necessário que o meio e 
as pessoas o estimule para tais atividades, favorecendo sua aprendizagem. 
 
[...] necessitam de um ambiente estimulador, de mediadores e condições favoráveis 
à exploração de seu referencial perceptivo particular. No mais, não são diferentes 
de seus colegas que enxergam no que diz respeito ao desejo de aprender, aos 
interesses, à curiosidade, às motivações, às necessidades gerais de cuidados, 
proteção, afeto, brincadeiras, limites, convívio e recreação dentre outros aspectos 
relacionados à formação de identidade a aos processos de desenvolvimento e 
aprendizagem. (SÁ; CAMPOS; SILVA; 2007, p.14) 
 
É de suma importância ressaltar que a evolução do processo de aprendizagem de 
DV (cegueira ou baixa visão), o trabalho com objetos e materiais específicos de textura e 
relevo possibilita o melhor aprendizado. É necessário, além do ambiente favorável, 
estímulos ao aluno e para isso é de suma importância que o professor possibilite esse 
conhecimento e reconhecimento de espaços físicos e objetos escolares. O braile deve ser 
incentivado ao aluno, para que ele possa desenvolver conjuntamente aos outros alunos, 
aprendendo a leitura e a escrita (SILVA; OLIVEIRA). 
 
A visão possui grande importância no desenvolvimento motor, uma vez que os 
estímulos externos orientam no controle dos movimentos. O problema visual implica em o 
indivíduo, não ter os estímulos necessários carretando déficits em funções motoras que a 
princípio o DV não possui. Quando não trabalhados, o DV pode acarretar 
comprometimentos que podem ser primários (nível orgânico) ou secundários (nível 
psicossocial) que se direciona a déficits de autoconhecimento do corpo e de sensações 
corporais e orientações espaciais no meio, gerando atrasos no desenvolvimento do 
esquema corporal. Normalmente esse estágio secundário se origina com maior intensidade, 
em consequência as barreiras sociais, educacionais e físicas, sendo necessário a 
intensificação de trabalhos específicos acerca da mobilidade do indivíduo (SOARES; et al, 
2012). 
 
A nível psicomotor, os DVs costumam apresentar problemas de organização e 
orientação espacial, tendo como consequência, dificuldades nas informações perceptivas 
que deve ser levado ao sistema nervoso central para nortear o indivíduo (BUENO, 2014). 
Assim sendo, os fundamentos da psicomotricidade são de suma importância uma vez que 
resgata a funcionalidade e proporciona independência ao indivíduo, através de exercícios 
para coordenação motora, lateralidade, marcha, equilíbrio, orientação espaço-temporal e 
esquema corporal (SOARES; et al, 2012). 
 
 
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