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Curso de Graduação em Relações Internacionais Disciplina: História do Mundo Moderno Prof. João Gabriel Burmann A2B – Resenha Cultura e História do Mundo Moderno 2021/01 Nome: Caroline Rodrigues Lopes (ALU202022303) MARIA ANTONIETA, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA As razões para a Revolução Francesa eclodir foram diversas, dentre elas podemos citar a instabilidade econômica que a França estava passando no período de 1780, a grave crise financeira e as dívidas externas do país, a luta entre classes, a fome da população, o surgimento do Iluminismo, o absolutismo monárquico, etc. Em meio aos diversos grupos sociais insatisfeitos com a situação do país, o clero, a realeza e a nobreza feudal desfrutavam da isenção de tributos e se sustentavam por meio do controle das forças produtivas e do uso indiscriminado do dinheiro público. Este artigo baseia-se nas análises da filmografia biográfica de Maria Antonieta, ou Marie Antoinette, dirigido por Sofia Coppola, estreado no ano de 2006, que demonstra a luxuosa vida de ostentação e escândalos da última rainha da França, junto com seu marido Luís XVI da família real Bourbon. Maria Antonieta nasceu na Áustria, a 15ª de 16 crianças nascidas de Francisco I, Sacro Imperador Romano-Germânico e da Imperatriz Austríaca Maria Teresa. Maria Antonieta foi prometida em casamento, a fim de consolidar uma aliança diplomática, simbolizando a nova paz entre os países após um período de conflitos, entre Áustria e França, dentre estes conflitos, podemos citar a Guerra dos Sete Anos. Aos 14 anos Maria Antonieta casou-se com o francês Delphin Louis, com então 15 anos, neto de Luís XV da França em 16 de maio de 1770. Ele subiu ao trono em 1774 como Luís XVI, após a morte de seu pai. Ambos assumiram o trono quando ainda eram muito jovens e inexperientes. A obra relata os acontecimentos reais da vida da então nova rainha que necessitava gerar um filho, como responsabilidade política, para que a aliança franco-austríaca fosse consumada, mas o então rei Luís XVI possuía algum problema íntimo no qual não queria ou conseguia realizar tal ato. Desta forma, a filmografia nos mostra que o impulso de Antonieta por festas e luxúria iniciou-se pois a mesma tinha uma vida infeliz. Deste modo, a rainha desperdiçou as finanças da França (fruto do suor do povo) de uma maneira terrível para satisfazer prazeres desordenados e também desviou dinheiro para a Áustria. A Rainha era considerada uma aristocrata ignorante e insensível que, brincando, roubou dinheiro do povo francês para perseguir seu próprio estilo de vida extravagante. No filme, é demonstrado que a rainha teve três filhos, quando na verdade na vida real a mesma foi mãe de quatro filhos, tendo como rumores que nem todos eram filhos legítimos do rei Luís XVI. A hostilidade da Revolução em relação aos poderes monárquicos estrangeiros e domésticos encontrou seu alvo ideal em Maria Antonieta. Sua vida luxuosa na corte de Versalhes foi contestada como uma das causas da eclosão da Revolução Francesa em 1789, fazendo parte de um jogo político com foco em quem daria continuidade à monarquia absoluta francesa. Também não só os cofres reais estavam esgotados, mas outros problemas estavam afetando o Terceiro Estado que compunha 96% da população francesa. Dentre estes problemas, podemos citar: duas décadas de colheitas pobres, a seca, doenças de gado e preços crescentes do pão acenderam a agitação entre camponeses e pobres urbanos. Para agravar ainda mais a impopularidade da corte real, boatos de que a rainha sugeriu ao povo "Qu'ils mangent de la brioche!" — muitas vezes traduzido como "Deixe-os comer bolo!", faz uma sátira na qual o povo que estava passando fome não tinha nem condições de comprar pão, quanto mais bolos ou brioches. Diante do descontentamento da população parisiense com o governo absolutista, inicia-se a Revolução Francesa, no qual o grande marco que marcou este dia foi a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789. A Bastilha era uma prisão política e símbolo máximo da tirania absolutista. Em sua invasão, guardas foram mortos e presos foram libertados. Depois da Queda da Bastilha, a Assembleia Constituinte aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, inspirada na declaração norte-americana. Entre outros, ela defende a liberdade de expressão, afirmando que todos podem falar, escrever e registrar livremente seus pensamentos, devendo, porém, responder pelos abusos desta liberdade. Em outubro de 1789, depois que a Bastilha foi invadida, a pressão popular obrigou a família real a retornar de Versalhes para Paris. Dois anos depois, o rei Luís XVI e Maria Antonieta, com medo, tentaram fugir da França para a Áustria, mas foram capturados e levados de volta a Paris, onde se tornaram reféns do movimento revolucionário. Maria Antonieta pediu ajuda à Áustria para deter a revolução, e isso irritou ainda mais o povo francês. Em 1793, o rei foi executado. Maria Antonieta foi julgada e condenada à guilhotina. Ela morreu no dia 16 de outubro de 1793, com 38 anos. Na filmografia as cenas de captura e morte dos nobres não são apresentadas. O Iluminismo surgiu no começo do século, inspirando-se na Revolução Americana, e seguiu influenciando pensadores e até a própria burguesia, sendo uma das causas da Revolução Francesa. Defendia, dentre outros valores, o humanismo e a razão. Todavia, os princípios iluministas colocavam o ser humano e a busca pelo conhecimento científico como toda a razão das quais a sociedade deteria poder e basearia as suas decisões. Não havia mais o pensamento absolutista da época. Dessa forma, o Iluminismo defendia, também, que tampouco a crença religiosa seria uma justificativa para a escolha do rei e suas estruturas de poder. A frase símbolo do Iluminismo é liberté, égalité, fraternité, liberdade igualdade e fraternidade, os chamados princípios da República. A revolução quebrou a hegemonia da monarquia feudal e abriu o caminho para a emissão de uma nova constituição que determinava a monarquia constitucional como uma forma de governo. A nova constituição acabou constituindo os pilares de uma grande declaração para o mundo: A Declaração dos Direitos do Homem. A servidão, os privilégios do clero e a nobreza terminaram com a nova constituição e a separação dos três poderes públicos foi devolvida ao país: executivo, legislativo e judicial. A vida de Maria Antonieta foi considerada um símbolo do que havia de errado com o antigo regime. A partir desta filmografia, foi possível constatar um pretexto da futilidade e da inconsequência da juventude, sempre sob um ponto de vista bastante feminino. Entre outras coisas, sua extravagância durante a crise financeira mostrou a divisão entre a família real e as pessoas comuns. No entanto, podemos concluir que sua morte pode ser considerada não como um passo essencial para completar a Revolução, mas sim como uma vítima da situação na França, pois a Maria Antonieta não era francesa, se tornou rainha muito cedo e mal possuía contato com o Terceiro Estado, assim não conhecendo a real situação do povo, mesmo assim, após a sua morte, a última rainha da França continua sendo uma figura histórica importante ligada ao conservadorismo, à Igreja Católica, à riqueza e à moda. REFERÊNCIAS BEZERRA, Juliana. Iluminismo. Toda Matéria, 2020. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/iluminismo/>. DRUMMOND NETO, Renato. Rainhas trágicas: Quinze mulheres que moldaram o destino da Europa. Lisboa: Vogais Portugal, 2016. Acesso em 06 de abril de 2021. FRASER, Antonia. Maria Antonieta. São Paulo: Record, 2006. HIGA, Carlos César. Queda da Bastilha. Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/queda-da-bastilha.htm>. Acesso em 06 de abril de 2021. HUNT, Lynn. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das 83 Letras, 2007. MARIA Antonieta (título original: Marie Antoinette). Direção: Sofia Coppola. Produção: Ross Katze Sofia Coppola. Intérprete: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Judy Davis, Rip Torn, Rose Byrne, Asia Argento, Molly Shannon, Steve Coogan. Roteiro: Sofia Coppola. [S. l.]: American Zoetrop, 2006. 5 rolos de filme (123 min), son., color., 35 mm. MERTEN, Luiz Carlos. Maria Antonieta, a rainha que ridicularizou Versalhes. O Estado de S. Paulo, 15 mar. 2007. Disponível em: <https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,maria-antonieta-a-rainha-que-ridicul arizou-versailles,20070315p829>. Acesso em 06 de abril de 2021. WEBER, Caroline. Queen of Fashion: What Marie Antoinette Wore to the Revolution. Nova York: Henry Holt and Co., 2006.