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Izabelle Santana Turma XXIV AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Até hoje não existe um marcador ideal para avaliar a função renal. Até mesmo a creatinina mais utilizada apresenta algumas falhas. Normal: urinar 4-6 vezes durante o dia, e normalmente não urinar a noite. O volume urinário varia entre 700 ml e 2000 ml. Alterações: ∙ anúria (inferior a 100ml/dia); ∙ oligúria (inferior de 400ml/dia) e; ∙ poliúria (superior a 2500 ml/dia). COR DA URINA Normal: varia desde um amarelo claro (urina diluída) até um amarelo escuro (urina concentrada). ∙ Urina turva: presença de leucócitos e bactérias; ∙ Urina de coloração alaranjada: presença de excesso de bilirrubina; ∙ Urina esverdeada: infecções urinárias por Pseudomonas aeruginosa; ∙ Urina avermelhada: observada na presença de sangue (hematúria), hemoglobina (hemoglobinúria) ou mioglobina (mioglobinúria). ∙ Lesão pós barreira glomerular – hemácia com forma intacta; ∙ Lesão na barreira glomerular – hemácia deformada/disforme. FUNÇÃO e DEPURAÇÃO RENAL Necessário utilizar uma substância que seja apenas filtrada, não reabsorvida nem secretada. Apesar da creatinina ser utilizada como marcador, ela ainda é um pouco secretada nos túbulos, porém é a substância mais próxima ao ideal. ∙ Avaliação da função glomerular; ∙ A função de filtração glomerular é avaliada através da concentração plasmática e da capacidade de depuração renal (clearance) das substâncias. ∙ A taxa de filtração glomerular (TFG) corresponde à somatória das taxas de filtração de cada néfron. Portanto, depuração não é só filtração, mas também todo o manuseio que ocorre nos túbulos (reabsorção ou secreção). E o ritmo de filtração glomerular (RFG) pode ser inferido pela técnica de clearance, ou seja, pela quantidade de sangue que é depurada em uma unidade de tempo. TFG = 125 ml/min. A substância ideal para analisar o RFG seria uma que: 1. Fosse livremente filtrada pelo glomérulo; 2. Não fosse reabsorvida pelo túbulo; 3. Não fosse secretada pelo túbulo; 4. Não fosse sintetizada pelo túbulo. ∙ Mas existe também a inulina, uma substância administrada de fonte exógena (é um polissacarídeo isolado de uma raiz tuberosa de vegetal). Porém com as dificuldades de ter que ser realizado a Izabelle Santana Turma XXIV observação em ambiente hospitalar e administrar uma substância exógena, a creatinina acaba sendo mais utilizada; ∙ A creatinina é formada a partir da creatina muscular e é liberada pela célula em velocidade constante; ∙ Sua concentração plasmática varia muito pouco ao longo de 24hrs; ∙ Entretanto é secretada pelo túbulo, superestimando o RFG. CLEARANCE (ml/min) Clearance ou depuração de uma tal substância é o volume de plasma que fica livre dessa tal substância em uma unidade tempo. ∙ Ux = concentração x na urina; ∙ V = volume urinário em 1 minuto (ml/min); ∙ Px = concentração de x no plasma. A dificuldade maior está em se calcular o fluxo urinário/minuto. Exame urina 24hrs – analisar todo o volume urinário de 1 dia, guardado sempre em 1 frasco, e dividir o volume pelo tempo. A capacidade filtrante do glomérulo humano saudável é de ~20% do fluxo sanguíneo glomerular. Um valor de 125 ml/min. O clearance pode ser calculada para qualquer substância do corpo, mas tem algumas que não irão indicar nada, por serem muito reabsorvidas ou secretadas. Já a inulina teria o valor ideal de filtração glomerular, 125 ml/min, em um paciente com TFG perfeita. A creatinina seria um pouco mais superestimada 140 ml/min. Na prática médica a creatinina plasmática é frequentemente utilizada como indicador do RFG. Elevação dos níveis plasmáticos de creatinina indicam redução do RFG. Normalmente os níveis séricos de creatinina variam: ∙ Homem de 0,8 a 1,3 mg/100 ml; ∙ Mulher de 0,6 a 1,0 mg/100 ml. Izabelle Santana Turma XXIV EFEITO DA MASSA MUSCULAR SOBRE [CREATININA] PLASMÁTICA Se todos tiverem 1mg/dL de creatinina, terão RFG diferentes. O indivíduo A produz mais creatinina, como tem uma concentração sérica igual a dos outros dois, que produzem menos, é porque tem uma taxa de filtração melhor. FÓRMULAS PARA CÁLCULO DA TGF Baseando-se nisso, existem algumas fórmulas para o cálculo da TFG (estimada), sem necessidade de coletar urina 24 horas (TFG real). 1. Equação de Cockcroft-Gault (CG); 2. Equação do estudo MDRD; 3. Equações do estudo (CKD-EPI). EQUAÇÃO DE COCKCROFT GAULT Exemplo 1: ∙ Cr plasmática – 1,3 mg/dL ∙ Idade – 70 anos; ∙ Peso – 60 kg; ∙ Sexo – mulher. Clearance = (140 – 70) x 60 x 0,85 / 72 x 1,3 = 38 mL/min ∙ Exemplo 2: ∙ Cr plasmática – 1,3 mg/dL ∙ Idade – 25 anos; ∙ Peso – 70 kg; ∙ Sexo – homem. Clearance = (140 – 25) x 70 / 72 x 1,3 = 86 mL/min Em ambos os exemplos, a taxa de creatinina sérica é igual, porém a depuração no exemplo 2 é muito maior, por se tratar de um homem, com maior peso e massa muscular, e consequente maior produção de creatinina. Izabelle Santana Turma XXIV UREIA PLASMÁTICA Este é o principal metabólito nitrogenado derivado da degradação de proteínas pelo organismo. Valor de referência: 10 a 45 mg/dL. Se aumentar a ureia plasmática pode indicar falha na função renal, apesar de poder ter outras justificativas sem relação renal. Pode indicar: ∙ Trato urinário bloqueado; ∙ Infecção nos rins; ∙ Insuficiência renal; ∙ Desidratação (ureia elevada); ∙ Rabdomiólise (ureia elevada). PROTEINÚRIA ∙ Presença de proteínas na urina, deixa a urina mais espumosa; ∙ Proteinúria é um marcador de doença renal; ∙ Valor de referência < 150 mg/24hrs. Amostra isolada: ∙ Em amostra isolada os resultados devem ser expressos em proteinúria por creatinina; ∙ Valor de referência: <200 mg de proteína/grama de creatinina. ALBUMINÚRIA e MICROALBUMINÚRIA ∙ Avaliação da quantidade de albumina na urina; ∙ A utilização clínica da microalbuminúria é como marcador inicial de lesão renal; ∙ Valor de referência (microalbuminúria): <300 mg albumina/24hrs. ∙ Marcador inicial de doença renal crônica (diabetes e hipertensão); ∙ Na lesão inicial pode ser ainda mais apurado que a creatinina, pode aparecer na urina mais cedo. CASO CLÍNICO 1 Para avaliar a função renal em uma mulher de 45 anos com diabetes tipo 2, você pediu a ela para coletar sua urina por um período de 24 horas (1440 min). Ela recolhe 2880 mililitros de urina neste tempo. Os exames laboratoriais retornam com os seguintes resultados após análise da amostra de urina e do plasma da paciente: creatinina plasmática: 4 mg/dL; creatinina urinária: 160 mg/dL. Qual é a taxa de filtração glomerular da paciente. Dado: clearance = Ux x Fluxo urinário/Px ∙ Fluxo urinário = volume/tempo = 2880/1440 = 2 ml/min ∙ Clearance = 160 x 2 / 4 = 80 ml/min CASO CLÍNICO 2 Um rapaz de 23 anos, branco, 1,82 cm de altura/83 Kg, previamente hígido, é encaminhado ao nefrologista porque em um check-up de rotina evidenciou-se creatinina de 3,26 mg/dL (repetição: 3,22 mg/dL). Nada havia de antecedentes mórbidos relevantes e o exame físico do paciente, exceto pela pressão arterial de 142/94 mmHg era normal. A investigação diagnóstica mostrou urina I com densidade de 1020, hematúria e ++/+++ de proteinúria. Proteinúria de 24 horas: 3,97 g/dia, Albumina sérica de 3,0 g/dL (2,5-5 g/dl), Colesterol total de 350 mg/dL (LDL:292 mg/dL), Ht: 39%, frações do complemento normais, ultra-som com Rim D de 10 cm e Rim E de 11 cm. Sorologias para HIV, HCV e HBV negativas. Izabelle Santana Turma XXIV Se o paciente apresenta hematúria, faz sentido o hematócrito dele diminuir, pois está perdendo hemácias na urina. Isto faz com que diminua o nível de hemácias no sangue, podendo até causar uma anemia de origem renal. Apesar da proteinúria, a albumina sérica ainda está normal, podendo estar compensada pela produção no fígado.
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