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SÍNDROME DO OLHO VERMELHO Olho vermelho é uma queixa comum na prática ambulatorial. Uma pequena porcentagem de pacientes com olhos vermelhos precisa de encaminhamento e tratamento oftalmológicos urgentes, embora a grande maioria possa ser tratada pelo clínico geral. Existem poucos dados epidemiológicos sobre o olho vermelho, mas a conjuntivite (alérgica ou viral) é provavelmente a causa mais comum de olho vermelho na comunidade, mas também podem ocorrer várias condições mais graves. A história do paciente, a medida da acuidade visual e os achados no exame com lanterna elétrica são características importantes na determinação da causa e do manejo do olho vermelho. 1)UNILATERAL - glaucoma agudo - uveítes - ceratites - corpo estranho - hiposfagma 2)BILATERAL - conjutivites alergicas e infecciosas As seguintes perguntas devem ser feitas na anamnese de todos os pacientes com síndrome do olho vermelho: 1) A visão foi afetada ? Você ainda consegue ler impressões comuns com o olho afetado? Considerando que pacientes com deficiência visual requerem um exame clínico mais detalhado e podem, dependendo dos achados, exigir encaminhamento oftalmológico. 2) Existe sensação de corpo estranho? Parece que há algo em seu olho, interferindo em sua capacidade de mantê-lo aberto? Uma sensação de corpo estranho é o principal sintoma de um processo ativo da córnea. Evidência na sensação de corpo estranho, a incapacidade de abrir espontaneamente o olho ou mantê-lo aberto, sugere envolvimento corneano. 3) Existe fotofobia? Há sensibilidade a luz? A presença de fotofobia sugere a necessidade de um exame físico. Pacientes com processo corneano ativo apresentam sinais objetivos de fotofobia e sinais objetivos de sensação de corpo estranho. 4) Houve trauma? 5) Você usa lentes de contato Um histórico de desgaste das lentes de contato no local da alta e olhos vermelhos deve aumentar a suspeita de ceratite. 6) Existe outra secreção além das lágrimas que continua ao longo do dia? As crostas da manhã seguidas de uma secreção aquosa pelo restante do dia são características de muitos processos autolimitados, como alergia, conjuntivite viral, conjuntivite alérgica e olhos secos. Os pacientes geralmente interpretam as crostas matinais como “pus”. 7) Como está o paciente na avaliação geral? A observação geral do paciente pode fornecer orientações sobre a probabilidade de o problema ser benigno e tratável inicialmente pelo clínico ou se é necessário encaminhamento. Pessoas com conjuntivite viral ou alérgica podem apresentar sinais ou queixar-se de rinorreia, linfadenopatia ou outros sintomas do trato respiratório superior. 8) Apresenta vermelhidão em ambos os olhos ou apenas um? ETIOLOGIA OLHO SECO É uma doença multifatorial da lágrima e da superfície ocular que resulta em sintomas de desconforto, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal com potencial lesão da superfície ocular. O quadro é acompanhado por aumento de osmolaridade do filme lacrimal e inflamação da superfície ocular. A síndrome do olho seco pode ser classificada segundo sua etiologia em: evaporativa e por deficiência aquosa. A primeira divide-se em intrínseca (subdividida em: deficiência da glândula de Meibomius, distúrbios da abertura palpebral, redução da frequência dos piscamentos, e, secundariamente, uso de drogas) e extrínseca (subdividida em: deficiência de vitamina A decorrente de preservativos dos colírios, uso de lentes de contato e doença da superfície ocular, por exemplo, alergia). Já o olho seco por deficiência aquosa é subdividido em olho seco associado à síndrome de Sjögren (primário ou secundário) e olho seco sem síndrome de Sjögren (deficiência lacrimal, obstrução do ducto da glândula lacrimal, bloqueio reflexo e drogas de ação sistêmica). Ao exame ocular, nota-se redução do menisco do filme lacrimal, presença de debris no filme lacrimal pré-corneano, hiperemia conjuntival intermitente e ceratopatia ponteada. Em alguns casos pode haver evolução para ceratite filamentar. Blefarite é um achado associado frequente. O tratamento baseia-se na utilização de lágrimas artificiais. Casos mais graves podem necessitar de oclusão do ponto lacrimal e tarsorrafia. PTERÍGIO É um crescimento fibrovascular subepitelial em formato triangular que avança sobre a córnea. Tem como fator causal principal a exposição solar crônica (irradiação UV). O pterígio muitas vezes está associado quadro de irritação crônica, a distribuição irregular do filme lacrimal na a superfície corneana e a quadro intermitente de inflamação e de hiperemia. O uso de lágrimas artificiais e, em alguns casos, esteroides fracos, por curto tempo podem interromper esse crescimento. Conforme avança sobre a córnea, o pterígio pode induzir astigmatismo e, nos casos em que o eixo visual é comprometido, ou quando se deseja corrigir a parte estética, a abordagem cirúrgica é indicada. CERATITES SUPERFICIAIS ETIOLOGIA : bacteriana , fúngica ou viral É a inflamação da córnea com alterações que podem ser consequentes de diversas patologias como síndrome o olho seco, trauma, toxicidade, drogas de uso tópico, queimaduras ou infecciosas. A história clássica de ceratite infecciosa é de um paciente com história de trauma ocular, uso de lentes de contato ou corticoide tópico que evolui com dor, lacrimejamento, fotofobia, redução visual, edema palpebral e hiperemia conjuntival. ● dor ocular intensa de início súbito ● fotofobia e diminuição da acuidade visual ● presença de opacidade corneana (infiltrado ● corticóide piora o caso ( tratamento errado por diagnóstico errôneo por conjuntivite) casos suspeitos → devem ser encaminhados ao oftalmologista Dentre as etiologias das ceratites infecciosas, estão: CERATITES BACTERIANAS A ceratite bacteriana constitui causa importante de déficit visual, associando-se frequentemente a situações em que ocorrem alterações nos mecanismos de defesa corneal. Diagnóstico e tratamento imediatos podem limitar a perda de tecido, minimizar a cicatrização e reduzir a necessidade de cirurgia futura. Neisseria gonorrhoeae e Haemophilus influenzae são as duas bactérias capazes de invadir o epitélio corneano intacto. Pseudomonas sp., Staphylococcus sp. e Streptococcus pneumoniae são os agentes etiológicos mais frequentes. Em ceratite bacteriana associada a mau uso de lentes de contato, a Pseudomonas aeroginosa é o agente causador mais comumente isolado No quadro clínico inicial, tipicamente há história de traumatismo ocular, de doença corneal pré-existente, de uso de lentes de contato ou de corticosteroide tópico. Sinais e sintomas incluem dor, lacrimejamento, fotofobia, diminuição de visão, edema palpebral, secreção purulenta e hiperemia conjuntival. A progressiva ulceração pode causar perfuração corneal e endoftalmite bacteriana. Antes de se iniciar o tratamento, é imprescindível coleta de material para citologia e cultura. O tratamento consiste basicamente em utilização de antibioticoterapia tópica efetiva contra um amplo espectro de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Durante o tratamento, é importante não confundir dificuldade de reepitelização corneal por toxicidade medicamentosa com persistência da infecção. CERATITE FÚNGICA As ceratites fúngicas são raras, porém podem evoluir com efeitos devastadores. Podem ser causadas por uma grande variedade de agentes. Os patógenos mais comuns são fungos filamentosos, Aspergillus spp. e Fusarium spp., e Candida albicans. A ceratite causada por fungos filamentosos é mais prevalente em áreas de agricultura e é tipicamente precedida por trauma ocular envolvendo matéria orgânica como madeira e plantas. A ceratite por Candida ocorre tipicamente em associação a doenças corneanas pré-existentes ou em pacientes com comprometimento imunológico. Os sintomas mais comuns das ceratites fúngicas são sensação de corpo estranho, fotofobia, diminuição de acuidade visual e secreção. Ao exame oftalmológico, há diversos achados inespecíficos como hiperemia conjuntival, defeitos epiteliais, reação de câmara anteriore edema corneal. Os achados específicos de infecção fúngica são infiltrados estromais com bordas mal definidas e margens hifadas, bordas elevadas, lesões satélites digitiformes, infiltrados imunes em anel, placa endotelial subjacente à úlcera e pigmentação acastanhada ou acinzentada. Antes de se iniciar a terapêutica, deve ser realizado raspado corneal, para reduzir a quantidade de fungos e aumentar a penetração dos agentes antifúngicos, além do envio de amostra a laboratório para pesquisa e cultura de fungos. O tratamento é realizado através de antifúngicos tópicos em geral por tempo prolongado. Em fungos filamentosos, a terapia inicial é com natamicina a 5% tópica de 1 em 1 hora, podendo ser associados cetoconazol sistêmico 400-800 mg/dia CERATITES VIRAIS As ceratites virais representam um grupo de doenças causadas na sua grande maioria por vírus do grupo herpes. Dentre os vírus desse grupo, a doença ocular é geralmente causada pelo herpes simples (VHS) e pelo herpes varicela-zoster (HVZ). A infecção ocular primária pelo VHS geralmente acomete crianças e pode estar associada a sintomas de virose sistêmica. Há o aparecimento de vesículas ao redor do olho com cicatrização em até duas semanas. Quando ocorre acometimento ocular na infecção primária (relativamente incomum), a infecção manifesta-se como conjuntivite folicular aguda unilateral associada a linfadenopatia pré-auricular. A apresentação inclui desconforto ocular leve, lacrimejamento e turvação visual. Ao exame oftalmológico, manifesta-se por ceratite ponteada com posterior evolução para úlcera dendrítica, com diminuição de sensibilidade corneana. O tratamento inclui uso de agentes antivirais, com preferência pelo uso do aciclovir. Nos casos de infecção ocular primária, aplicação de aciclovir pomada a 3% sobre as lesões da pele (cinco vezes/dia por 2 a 3 semanas). → O uso de corticosteróide está contraindicado em casos com presença de ulceração corneal. OBS: O herpes zoster pode acometer o ramo oftálmico do nervo trigêmeo em até 15% dos casos. Essa condição recebe o nome de “herpes zoster oftálmico”, independentemente da presença ou não do envolvimento ocular. CORPO ESTRANHO ● história de trauma ocular ● lacrimejamento , sensação de corpo estranho , fotofobia ● pode ser corneana , tarsal ou intraocular ● avaliação sob lâmpada de fenda HIPOSFAGMA È uma hemorragia subconjuntival ● geralmente paciente chega sem nenhuma queixa (indolor) ● mancha vermelho sangue , indolor de inicio súbito ● autolimitado ● sem sinais de alarme → observar ● uso de lágrimas artificiais → só para conforto porque mesmo sem tratamento esse sangramento vai ser reabsorvido UVEÍTE É a inflamação do trato uveal cuja principal classificação baseia-se em sua localização anatômica: uveíte anterior (envolvendo íris e/ou corpo ciliar), intermediária (pars plana e extrema periferia da retina), posterior (atrás da borda posterior da base vítrea) e panuveíte (comprometimento de todo o trato uveal). A uveíte também é classificada de acordo com a fase de estabelecimento e com o tempo de evolução em aguda ou crônica. Ainda com base nas características fisiopatológicas, a uveíte pode ser dividida em granulomatosa e não-granulomatosa. Os sintomas clássicos da uveíte são fotofobia, dor ocular leve a moderada, hiperemia pericerática, redução da acuidade visual com alteração visual (visão borrada) e lacrimejamento. Convém lembrar que casos crônicos frequentemente se apresentam com ausência de hiperemia e mínimos sintomas, mesmo na presença de inflamação ativa. ● pode ser bilateral , porém não é comum ● quadro clínico com piora gradual por conta da inflamação PRINCIPAIS CAUSAS ● infecciosas ● reumatológicas → no brasil a principal causa é toxoplasmose (panveíte) ● é pedido exames de sangue para fazer diagnóstico caso suspeito → deve ser encaminhado ao oftalmologista → corre risco de cegueira se não tratado adequadamente O tratamento da uveíte envolve uso de esteroides tópicos ou sistêmicos, de acordo com a severidade do quadro. Além disso, é imprescindível a realização de investigação sistêmica para a definição etiológica. → prednisolona tópica + midriático GLAUCOMA AGUDO PRIMÁRIO (GAP) É uma das principais emergências oftalmológicas. Do ponto de vista epidemiológico, essa doença é comum na raça amarela, menos frequente na população caucasiana e na negra. De modo geral, os olhos acometidos possuem diâmetro ântero-posterior reduzido, a câmara anterior é menor e mais rasa que a população normal e o cristalino tem diâmetro axial aumentado. Essas características anatômicas fazem com que o ângulo da câmara anterior seja estreito, propiciando o seu fechamento com consequente aumento da pressão intra-ocular (PIO). → fechamento angular = feixe de luz na írirs e na cornea não tem espaço entre eles que seria a câmera anterior Em relação à fisiopatogenia, observa-se uma dificuldade da passagem do humor aquoso da câmara posterior para a câmara anterior devido ao maior contato da face posterior da íris com a face anterior do cristalino. Esse evento é denominado “bloqueio pupilar” e ocorre durante uma eventual semimidríase pupilar. Essa dificuldade de trânsito do aquoso faz com que ele se acumule na câmara posterior, aumentando a pressão nesse local e empurrando a periferia da íris para frente, fechando o seio camerular ou o ângulo da câmara anterior. O fechamento angular impede a drenagem do aquoso acarretando súbito aumento da PIO. Na grande maioria dos casos, a crise aguda é unilateral, e clinicamente o paciente apresenta dor intensa no globo ocular, a qual pode irradiar para a cabeça e/ou para a hemiface acometida, e pode ser acompanhada de náuseas e vômitos. → alteração visual = borramento da imagem O olho acometido fica vermelho, de intensidade variável, acompanhado de lacrimejamento, fotofobia, diminuição da acuidade visual e visualização de halos coloridos ao redor das lâm- padas. NA ECTOSCOPIA se visualiza A córnea está edemaciada, perdendo, portanto, seu brilho e transparência, e a pupila está em semi midríase fixa. FATORES DE RISCO ● hipermetropia ● história familiar positiva ● uso de colírios midriáticos ● permanência em ambiente de baixa iluminação MEDICAMENTOS QUE CAUSAM FECHAMENTO ANGULAR ● adrenérgico e anticolinérgicos tópicos e derivados da sulfa A crise de glaucoma agudo é uma das mais importantes urgências em oftalmologia, e o tratamento deve ser instituído o mais rapidamente possível. A intensa isquemia produzida pela elevação aguda da PIO exige medidas de urgência as quais devem ser instituídas pelo médico especialista. Assim sendo, o encaminhamento para o oftalmologista deve ser imediato. ● caso suspeito → sempre deve ser encaminhado para o oftalmologista TRATAMENTO ● controle da pressão intraocular → Manitol (endovenoso) → assim que possível fazer iridotomia para passagem do humor aquoso CONJUNTIVITES Conjuntivite é a inflamação da conjuntiva tarsal e bulbar, podendo ocorrer em qualquer grupo etário, sem predileção por sexo. Pode ser classificada de várias formas, por exemplo: 1. Considerando-se o tempo de início dos sintomas: • Hiperaguda: menos de 12 horas • Aguda: menos de 3 semanas • Crônica: mais de 3 semanas • Neonatal: do nascimento até 28 dias de vida 2. Considerando-se o agente causal: • Infecciosa ◊ Bacteriana ◊ Viral → é proibido o uso de antinflamatórios e corticoide tópico → aumentos o período de transmissão ◊ Clamídia • Alérgica - comum na infância - sintomas : prurido , bilateral , secreção aquosa , papilas - quadro insidioso e recorrente - evitar contato com agente causador - compressas frias + lágrimas artificiais - escalonamento de antialérgico a depender da gravidade MODERADO = estabilizador de membrana de mastócitos tópicos GRAVE = corticoide tópico milesimial • Irritativa • Relacionada a alterações palpebrais (floppy eyelid, lagoftalmo) • Associada a doenças sistêmicas(síndrome de Sjögren, doença de Graves, Síndrome de Reiter, penfigóide, psoríase) 3. Considerando-se o tipo de respostaconjuntival: • Papilar • Folicular • Membranosa • Cicatricial • Granulomatosa • Flictenular 4. Considerando-se a lateralidade: • Unilateral • Bilateral Os principais sinais e sintomas são DOR OCULAR , secreção, podendo ser aquosa (lacrimejamento), mucóide, mucopurulenta ou purulenta; prurido; queimação; sensação de corpo estranho; hiperemia conjuntival; edema da conjuntiva (quemose); edema palpebral e pseudoptose. ● tem inicio unilateral com evolução para o olho contralateral Os pacientes com conjuntivite têm mais desconforto e ardor do que propriamente dor. A dor não é um sintoma frequente. Além disso, devemos pensar em outras causas de olho vermelho que não a conjuntivite. GRUPO DE RISCO ● recém-nascido ● imunossuprimidos ● usuários de lente de contato → maioria dos casos são VIRAIS , autolimitada ( lágrima artificial,compressa e repouso melhoram) - papilas são alterações são alterações relacionadas com conjuntivites atópicas e bacterianas → folículos são não vasculares enquanto papilas são vasculares A investigação laboratorial não é necessária na maioria das vezes, exceto se o processo é crônico ou recidivante, ou se é fulminante. A pesquisa laboratorial inclui: 1) Exames citológicos 2) Culturas SINAIS DE URGÊNCIA A seguir são listados 10 sinais de alerta na síndrome do olho vermelho a serem obrigatoriamente pesquisados à primeira avaliação do paciente. Esses são sinais de urgência, pois na maioria dos casos representam doenças que levam a complicações severas e, assim, devem ser excluídas no primeiro momento da consulta. • Dor ocular severa • Perda visual súbita • Exposição química: necessidade de lavagem abundante com soro fisiológico, preferencialmente, ou água antes do encaminhamento ao oftalmologista. • Trauma ocular: urgência oftalmológica com necessidade de atendimento rápido. • Presença de corpo estranho • Anormalidades corneanas • Anormalidades da pupila • Cirurgia recente • Olho cronicamente vermelho ● conjuntivite que persiste por mais de 7 dias
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