Buscar

APG 24 - Embriologia da Cavidade Oral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 @jumorbeck 
 
Microbiota Oral 
O termo Microbioma foi criado por Joshua Lederberg, geneticista e 
Nobel da medicina em 1958, refere-se à comunidade de 
microrganismos que coloniza o organismo (SILVA, 2016). 
Os cientistas acreditam que a nossa saúde, além das condicionantes 
genéticas, depende dos microrganismos que vivem conosco (SILVA, 
2016). 
↠ A microbiota da cavidade bucal começa a ser 
estabelecida logo após o nascimento e sofre alterações 
na quantidade e diversidade de microrganismos ao longo 
da vida, quando se nota a influência epigenética sobre 
esse ambiente (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
↠ A cavidade oral é a principal porta de entrada de 
microrganismos no organismo humano. Estes entram pela 
boca através dos alimentos e do ar que ingerimos, os 
alimentos são mastigados e misturam-se com a saliva 
dirigindo-se para o trato gastrointestinal (SILVA, 2016). 
↠ O número de seres procarióticos que habitam o corpo 
humano chega a ser quase 10 vezes maior do que o 
número de células do próprio indivíduo, e a boca é o 
segundo local de maior concentração desses organismos, 
ficando atrás somente do intestino (GERMANO et. al., 2018) 
↠ A cavidade oral em indivíduos saudáveis tem uma 
microbiota bem equilibrada que consiste em mais de 700 
espécies, conforme determinadopelo Human Oral 
Microbiome Database (HOMD, 2018). Tal confirmação de 
tamanha pluralidade desta microbiota foi permitida por 
uma análise clonal do gene RNAr 16S, quando se revelou 
que, além de algumas espécies de fungos e vírus, diversas 
bactérias, estão presentes neste microhabitat (JÚNIOR; 
IZABEL, 2019). 
↠ A cavidade oral é o local anatômico humano com maior 
diversidade de microrganismos, compreendendo fungos, 
vírus, protozoários, e principalmente bactérias, sendo o 
gênero Streptococcus o mais comum. Estes 
microrganismos vivem num ecossistema que, quando 
está em equilíbrio, mantém a saúde oral (SILVA, 2016). 
COMPOSIÇÃO DA MICROBIOMA ORAL 
↠ Estudos revelam que os microrganismos mais 
abundantes no microbioma oral saudável pertencem aos 
filos Firmicutes, Proteobacteria, Fusobactérias e 
Actinobacteria. O gênero Streptococcus é o mais 
predominante, seguido por Prevotella, Veillonella, Neisseria 
e Haemophilus (SILVA, 2016). 
 
BACTÉRIAS 
↠ A boca contém muitas superfícies e cada superfície 
contém uma enorme quantidade de bactérias, muitas 
delas agregadas num biofilme. Algumas destas bactérias 
são as responsáveis pelas doenças orais bacterianas mais 
comuns no ser humano, como a cárie e periodontite 
(SILVA, 2016). 
Para além destas doenças da boca as bactérias podem 
ainda ser responsáveis por doenças sistémicas como 
endocardite bacteriana e pneumonia (SILVA, 2016). 
BIOFILME 
↠ Na boca, os microrganismos existem maioritariamente 
em biofilmes sobre as superfícies dos dentes, das 
gengivas, da língua e até em próteses quando estas 
existem (SILVA, 2016). 
↠ Os biofilmes são matrizes onde os microrganismos se 
depositam e ficam aderidos às superfícies por meio de 
proteínas ou polissacáridos produzidos por eles próprios. 
Estas proteínas ligam-se à membrana externa das 
bactérias Gram negativo e ao peptidoglicano das bactérias 
Gram positivo (SILVA, 2016). 
↠ Estes biofilmes mantêm-se sempre hidratados com 
cerca de 98% de água e protegem os microrganismos 
da desidratação (SILVA, 2016). 
Tanto os microrganismos patogênicos, quanto os comensais, formam 
biofilme complexos nas superfícies dos dentes, gengiva e língua 
(GERMANO et. al., 2018) 
A placa dentária é a mais prevalente e a mais densa dos biofilmes 
humanos (BROOKS, 26ª ed.). 
FUNGOS 
↠ São capazes de colonizar vários locais anatômicos 
humanos como a boca. Os fungos que estão no ambiente 
(em partículas de poeira, por exemplo) podem penetrar 
na cavidade oral por inalação de partículas ou por 
ingestão de água ou alimentos contaminados (SILVA, 
2016). 
↠ Existem alguns fungos, principalmente do gênero 
Candida, que têm um papel importante no microbioma 
oral. Esta levedura pode estar presente sem causar 
nenhum sintoma, no entanto pode causar várias 
infecções agudas ou crônicas. Estes são influenciados pelo 
estado do sistema imunitário e por medicação (SILVA, 
2016). 
MICROBIOTA ORAL E SALIVA 
2 
 
 @jumorbeck 
 
↠ Muitos dos fungos presentes na cavidade oral são 
fungos saprófitas, mas existem alguns patogénicos e 
oportunistas sendo responsáveis por grande parte das 
doenças orais (SILVA, 2016). 
Foi feito um estudo com o intuito de caracterizar os fungos existentes 
no microbioma oral de 20 indivíduos saudáveis. As amostras foram 
recolhidas uma hora depois de os indivíduos terem comido, 
bochechado e gargarejado com uma solução de lavagem, sendo esta 
a solução amostra. Neste estudo foram identificadas 101 espécies de 
fungos, sendo que 11 não foram cultiváveis e 74 foram cultiváveis. O 
gênero presente em 75% dos participantes foi Candida, seguido de 
Cladosporium em 65%. Aureobasidium foi encontrado em 50% dos 
indivíduos. Aspergillus em 35%, Fusarium em 30% e Cryptococcus 
em 20% (SILVA, 2016). 
 
PROTOZOÁRIOS 
↠ Os protozoários não são comumente encontrados na 
microbiota oral. As espécies mais frequentes são 
comensais e incluem a Entamoeba gingivalis e a 
Trichomonas tenax (GERMANO et. al., 2018) 
DIFERENTES HABITATS DA BOCA 
↠ A cavidade oral dos indivíduos saudáveis contém então 
centenas de espécies bacterianas e também algumas 
fúngicas. Muitos destes microrganismos podem associar-
se para formar biofilmes, que são resistentes à tensão 
mecânica ou tratamento antibiótico. A maioria são 
também espécies comensais, mas podem tornar-se 
patogénicas em respostas às alterações do ambiente, 
como por exemplo a qualidade de higiene pessoal (SILVA, 
2016). 
↠ A nossa boca contém diferentes habitats que 
albergam vários microrganismos, como os dentes, a 
língua, as bochechas, o palato duro e mole, as amígdalas, 
as glândulas salivares, entre outros, estando todos estes 
locais em contato com a saliva e todos colonizados por 
bactérias. Vários estudos demostram que nos diferentes 
tecidos existem comunidades distintas de bactérias 
(SILVA, 2016). 
Nem todos os microrganismos que entram na boca conseguem 
colonizar este ambiente e se manter nele. Mesmo dentro dessa 
cavidade existem diferentes locais que favorecem a colonização por 
distintos microrganismos. Ou seja, nem todos os microrganismos ao 
qual esta superfície é exposta diariamente são capazes de compor a 
microbiota residente (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
 
 
↠ Nesta imagem estão referidos os 5 filos mais 
predominantes de bactérias (Actinobacteria, 
Bacteroidetes, Firmicutes, Fusobacteria e Proteobacteria) 
e alguns gêneros representantes de cada filo (SILVA, 
2016). 
↠A explicação para a existência de comunidades distintas 
nos diferentes tecidos é o fato de que cada superfície ou 
estrutura oferece condições diferentes aos 
microrganismos que têm, eles próprios, exigências 
diferentes para a sua multiplicação. No entanto, a cavidade 
oral tem várias funções que afetam a multiplicação e a 
atividade dos microrganismos, tal como comer, falar ou a 
ativação do sistema imunitário do hospedeiro através da 
libertação de mediadores inflamatórios (SILVA, 2016). 
↠ Na boca existem dois tipos de superfícies passíveis de 
colonização: (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
➢ superfícies descamativas: nas superfícies 
descamativas como as mucosas, ocorre o 
processo fisiológico de descamação celular 
3 
 
 @jumorbeck 
 
contínua, o que impede o acúmulo e a 
organização de microrganismos em biofilme. 
➢ tecidos duros: isto é, os dentes e as superfícies 
retentivas, como próteses, aparelhos, cálculos 
dentários e restaurações, há o favorecimento da 
colonização microbiana por não ocorrer 
descamação. 
↠ Nesse aspecto biológico vale ressaltar ainda a 
importância da saliva e do fluido do sulco gengival (FSG), 
pois ambos influenciam a colonizaçãode diferentes nichos 
na cavidade bucal, servindo de nutrientes endógenos para 
os microrganismos e modulando seu crescimento 
(JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
FATORES QUE MODULAM A MICROBIOTA ORAL 
↠ Todas as espécies presentes no microbioma oral 
desempenham um papel importante na manutenção do 
bem-estar oral, no entanto, caso as condições não sejam 
adequadas, estes microrganismos podem-se tornar 
prejudiciais e causar doença (SILVA, 2016). 
↠ As condições ambientais, tais como temperatura, 
quantidade de oxigênio e nutrientes (endógenos e 
exógenos), condições de pH e o potencial redox, têm 
impacto sobre o ecossistema e contribuem para a 
composição das espécies presentes no biofilme em cada 
local. A dieta do indivíduo, a variabilidade do fluxo de saliva 
ou até mesmo a toma de antibióticos causam alterações 
no ecossistema (SILVA, 2016). 
↠ A microbiota oral sofre influência tanto de fatores 
externos (tabagismo, alcoolismo, antibioticoterapia, 
permanência em ambientes hospitalares, estado 
nutricional e higiene bucal) quanto intrínsecos ao paciente, 
como a idade e o estado imunológico (JÚNIOR; IZABEL, 
2019). 
↠ A quebra desta harmonia, por alguma alteração no 
ambiente bucal, favorece a proliferação de espécies 
patogênicas e, assim, o desenvolvimento de doenças, 
uma relação de disbiose, em que, a depender do grau de 
comprometimento, pode afetar outros sistemas além do 
sistema estomatognático (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
FATORES 
MODULADORES 
AÇÃO DURANTE A 
SIMBIOSE 
AÇÃO DURANTE A 
DISBIOSE 
TEMPERATURA Condições para 
crescimento e o 
metabolismo de 
espécies 
simbiontes. 
Proliferação de 
periodontopatógenos. 
FATOR PH (SALIVA) Seleção dos 
microrganismos 
Proliferação de 
microrganismos 
aptos para 
colonização. 
acidogênicos (favorece 
cárie dentária). Na 
inflamação gengival 
ocorre proliferação de 
periodontopatógenos. 
GRAU DE 
OXIDAÇÃO-
REDUÇÃO 
Influenciam na 
microbiota 
residente pela 
diferença de 
concentração de 
oxigênio e ação 
dos radicais livres. 
Maior presença de 
anaeróbios restritor 
(espécies disbiontes). 
NUTRIENTES Podem ser 
endógenos 
(saliva e FSG) ou 
exógenos (dieta). 
Síntese de ácidos e 
outros subprodutos 
que modificam o pH 
local e lesam a mucosa 
bucal. 
DEFESA DO 
ORGANISMO 
Efeito bactericida 
e bacteriostático. 
Maior presença de 
quadro de doenças 
infecciosas. 
(JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
 
A temperatura adequada, por volta de 35-36°C, proporciona 
condições para o crescimento e metabolismo de espécies que 
compõem a microbiota normal (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
O pH do meio propicia a seleção dos microrganismos aptos para 
colonizar a boca e se desenvolver. Muitas espécies requerem um pH 
próximo do neutro para crescerem (o pH normal da cavidade bucal 
em sua maioria), sendo sensíveis a meios extremamente ácidos ou 
alcalinos. Biofilme dental: microorganismos acidogênicos (capazes de 
produzir ácidos) e acidúricos, capazes de sobreviver em meio ácido. 
Já em sítios de inflamação gengival é favorecida a proliferação de 
microrganismos álcali-tolerantes, como é o caso dos 
periodontopatógenos (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
O crescimento microbiano depende da disponibilidade de nutrientes, 
os quais podem ser endógenos, presentes na saliva e no FSG, ou 
exógenos, provenientes da dieta do hospedeiro. Entre as fontes de 
nutrientes presentes na dieta, os carboidratos fermentáveis são os 
nutrientes exógenos que mais interferem na modulação de população 
da microbiota oral. As bactérias, principalmente, utilizam esses 
carboidratos para obtenção de energia, produzindo ácidos como 
produto final do metabolismo, modificando o pH local (JÚNIOR; IZABEL, 
2019). 
Outro fator que afeta este crescimento é a diferença na concentração 
de oxigênio nos diferentes locais que constituem a cavidade bucal. A 
maioria dos microrganismos presentes são anaeróbios facultativos ou 
anaeróbios restritos. Dessa forma, alguns locais em que a concentração 
de oxigênio é reduzida, como a parte interna dos biofilmes e a região 
de fundo de sulco, ocorre maior presença de anaeróbios restritos. 
Além disso, os radicais livres formados a partir do oxigênio são 
extremamente deletérios aos microrganismos, em especial à célula 
bacteriana. Ou seja, nota-se que é o grau de oxidação-redução em 
um local que governa a sobrevivência e crescimento relativo desses 
microrganismos (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
Ainda no quesito modulação da microbiota oral, pode-se elencar os 
mecanismos de defesa do hospedeiro. Esta é estabelecida, além do 
sistema imunológico, pela barreira física das mucosas e por fatores de 
defesa específica e não específica. No componente de defesa do tipo 
não específica entra a ação de glicoproteínas (mucinas), de enzimas 
4 
 
 @jumorbeck 
 
(lactoferrina e lisozima) e de peptídeos antimicrobianos presentes na 
saliva. Essas biomoléculas auxiliam na aglutinação de microrganismos, 
facilitando sua deglutição juntamente com a saliva e na degradação de 
componentes vitais da célula bacteriana – efeito bactericida. Os 
componentes de defesa específica do organismo é composta pelos 
linfócitos, células de Langherans e imunoglobulinas, em especial as IgG 
e IgA (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
PATOLOGIAS ASSOCIADAS À MICROBIOTA ORAL 
CÁRIE DENTÁRIA 
↠ Esta é uma patologia infecciosa polimicrobiana 
caracterizada pela desmineralização dos tecidos dentais e 
disbiose da microbiota, devido a alterações em seus 
fatores moduladores (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
↠ As lesões de cárie estão bastante associadas com o 
Streptococcus mutans (GERMANO et. al., 2018) 
↠ É salutar ressaltar que, por mais que a cárie tenha 
como etiologia a presença de alguns microrganismos, ela 
é uma doença multifatorial e somente a presença das 
diferentes espécies de microrganismos não serão capaz 
de desencadear o processo de desmineralização que irá 
culminar na cárie (GERMANO et. al., 2018) 
DOENÇA PERIODONTAL 
↠ Um dos fatores etiológicos mais importantes da 
doença periodontal é a presença dos 
periodontopatógenos (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
↠ Em condições de saúde, o sulco gengival é colonizado 
principalmente por microrganismos Gram-positivos, que 
incluem Streptococcus spp. e espécies de Actinomyces, 
mas com a alteração na microbiota ocorre a colonização 
por bactérias Gram-negativa (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
CORRELAÇÕES COM PATOLOGIAS SISTÊMICAS 
↠ Microrganismos podem adentrar na corrente 
sanguínea, quando a mucosa oral é danificada por 
traumas, ou procedimentos cirúrgicos, ou devido a 
doenças periodontais. (GERMANO et. al., 2018) 
↠ Estudos vêm demonstrando a relação das doenças 
bucais e sistêmicas (cardiopatias e infecções respiratórias, 
principalmente), ressaltando-se que inúmeras pesquisas se 
desenvolveram com resultados que evidenciam cada vez 
mais esta possível relação (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
↠ Como as bactérias orais sempre invadem os vasos 
sanguíneos por meio da mucosa bucal, elas são causas 
potenciais de bacteremia e outras infecções sistêmicas 
(JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
CARDIOPATIAS 
↠ A teoria de que a aterosclerose passa por um 
processo inflamatório acentuou o interesse no papel de 
que alguns agentes infecciosos possam desempenhar no 
início ou mesmo na modelação da aterogênese. Nesta 
perspectiva inseriu-se na literatura a hipótese de as 
doenças periodontais terem um papel na formação de 
ateromas (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
↠ Efetivamente, vários agentes patógenos periodontais 
foram detectados em placas de ateroma, como é o caso 
da Porphyromonas gengivalis e o Actinobacillus 
actinomycetemcomitan (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS 
↠ A higiene bucal deficiente é comum em pacientes 
internados em UTI, o que propicia a colonização do 
biofilme bucal por microrganismos patogênicos, 
especialmente por patógenos respiratórios, alterando a 
microbiota oral para uma relação que penderá para a 
origem de doenças bucais e, provavelmente, na 
sequência, sistêmicas(JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
ATENÇÃO: apesar de os estudos indicarem a associação entre a 
microbiota oral e patologias sistêmicas (principalmente as cardiopatia e 
infeções respiratórias), ainda não há a certeza dessa conexão (JÚNIOR; 
IZABEL, 2019). 
ATENÇÃO: Diante disso, a microbiota oral tem influência no binômio 
saúde-doença, especialmente sobre a saúde bucal ao atuar tanto na 
manutenção do equilíbrio quanto na origem de diversas doenças 
bucais (JÚNIOR; IZABEL, 2019). 
Problemas gestacionais, como partoprematuro, pré-eclâmpsia, aborto 
espontâneo, baixo peso neonatal e sepse neonatal são condições que 
também podem ser relacionadas com microrganismos orais e as 
toxinas produzidas por eles. Estudos mostram uma associação entre a 
ocorrência de complicações gestacionais e a presença de espécies 
específicas da microbiota oral no líquido amniótico, como 
Streptococcus spp. e Fusobacterium (GERMANO et. al., 2018) 
Saliva 
COMPOSIÇÃO 
↠ Quimicamente, a saliva é composta por 99,5% de 
água e 0,5% de solutos. Entre os solutos estão íons, 
incluindo o sódio, o potássio, o cloreto, o bicarbonato e o 
fosfato. Também estão presentes alguns gases 
dissolvidos e substâncias orgânicas, incluindo a ureia e 
ácido úrico, o muco, a imunoglobulina A, a enzima 
bacteriolítica lisozima e a amilase salivar, uma enzima 
digestória que atua sobre o amido (TORTORA, 14ª ed.). 
5 
 
 @jumorbeck 
 
↠ As glândulas salivares produzem saliva, uma mistura 
complexa de água, íons, muco e enzimas (MARIEB, 7ª 
ed.). 
↠ A saliva tem pH entre 6,0 e 7,0, uma faixa favorável 
à ação digestiva da ptialina (GUYTON, 13ª ed.). 
GLÂNDULAS SALIVARES 
 
↠ Todas as glândulas salivares são glândulas 
tubuloalveolares compostas (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ As glândulas salivares menores (intrínsecas) estão 
espalhadas na mucosa da língua, palato, lábios e 
bochechas. A saliva dessas glândulas mantém a boca 
úmida o tempo inteiro. Por outro lado, as glândulas 
salivares maiores (extrínsecas), situadas fora da boca e 
conectadas a ela através de seus ductos, secretam saliva 
apenas durante, ou antes, da refeição, tornando a boca 
molhada. (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ As principais glândulas salivares são as glândulas 
parótidas, submandibulares e sublinguais; além delas, há 
diversas minúsculas glândulas orais. A secreção diária de 
saliva, normalmente, é de 800 a 1.500 mililitros, com valor 
médio de 1.000 mililitros (GUYTON, 13ª ed.). 
GLÂNDULA PARÓTIDA 
↠ É a maior glândula. Fiel ao seu nome (par = perto; 
ótida = a orelha), ela se situa anterior à orelha, entre o 
músculo masseter e a pele (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ Seu ducto parotídeo segue em paralelo com o arco 
zigomático, perfura o músculo bucinador (da bochecha) e 
se abre no vestíbulo da boca, lateral ao segundo molar 
superior (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ A secreção do ducto parotídeo é estimulada pelo 
nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX). Como os ramos 
do nervo facial passam pela glândula parótida em seu 
caminho até os músculos da face, a cirurgia nessa glândula 
pode levar à paralisia facial (MARIEB, 7ª ed.). 
GLÂNDULA SUBMANDIBULAR 
↠ Tem aproximadamente o tamanho de uma noz, situa-
se ao longo da face medial do corpo da mandíbula, 
imediatamente anterior ao ângulo da mandíbula (MARIEB, 
7ª ed.). 
↠ Seu ducto se abre no assoalho da boca, imediatamente 
lateral ao frênulo da língua (MARIEB, 7ª ed.). 
GLÂNDULA SUBLINGUAL 
↠ Situa-se no assoalho da cavidade oral, inferior à língua. 
Seus 10 a 12 ductos se abrem na boca, diretamente 
superiores à glândula (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ As glândulas sublingual e submandibular são inervadas 
pelo nervo facial (nervo craniano VII) (MARIEB, 7ª ed.). 
As células secretórias das glândulas salivares são células serosas que 
produzem uma secreção aquosa contendo enzimas e íons de saliva e 
células mucosas que produzem muco (MARIEB, 7ª ed.). 
↠ A saliva contém dois tipos principais de secreção de 
proteína: (GUYTON, 13ª ed.). 
➢ a secreção serosa contendo ptialina (uma alfa-
amilase), que é uma enzima para a digestão de 
amido; 
➢ a secreção mucosa, contendo mucina, para 
lubrificar e proteger as superfícies. 
 
 
As glândulas parótidas produzem quase toda a secreção de tipo 
seroso, enquanto as glândulas submandibulares e sublinguais produzem 
secreção serosa e mucosa. As glândulas bucais só secretam muco 
(GUYTON, 13ª ed.). 
 
Obs.: Porém, como hoje se 
sabe que as células serosas nas 
glândulas salivares humanas 
também secretam uma 
pequena quantidade de muco, 
alguns cientistas se referem a 
essas células como células 
seromucosas.) (MARIEB, 7ª ed.). 
 
6 
 
 @jumorbeck 
 
SECREÇÃO DE SALIVA 
↠ A secreção de saliva é uma operação de dois estágios: 
o primeiro envolve os ácinos e o segundo envolve os 
ductos salivares (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Os ácinos produzem secreção primária contendo 
ptialina e/ou mucina em solução de íons em 
concentrações não muito diferentes das típicas dos 
líquidos extracelulares (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ À medida que a secreção primária flui pelos ductos, 
ocorrem dois importantes processos de transporte: 
➢ O ativo que modificam bastante a composição 
iônica da saliva. Primeiro, íons sódio são 
reabsorvidos ativamente nos ductos salivares, e 
íons potássio são ativamente secretados por 
troca do sódio. Portanto, a concentração de íons 
sódio da saliva diminui, enquanto a concentração 
de íons potássio fica maior. Entretanto, a 
reabsorção de sódio excede a secreção de 
potássio, o que cria negatividade elétrica de 
cerca de -70 milivolts nos ductos salivares; por 
sua vez, essa negatividade faz com que íons 
cloreto sejam reabsorvidos passivamente. Por 
conseguinte, a concentração de íons cloreto no 
líquido salivar cai a nível muito baixo, comparado 
à concentração de íons sódio (GUYTON, 13ª ed.). 
➢ Segundo, íons bicarbonato são secretados pelo 
epitélio dos ductos para o lúmen do ducto. Essa 
secreção é, em parte, causada pela troca de 
bicarbonato por íons cloreto e, em parte, resulta 
de processo secretório ativo (GUYTON, 13ª ed.). 
 
 
 
O resultado efetivo desses processos de transporte é que, em 
condições de repouso, as concentrações de íons sódio e cloreto na 
saliva são de apenas 15 mEq/L, cerca de um sétimo a um décimo de 
suas concentrações no plasma. Por outro lado, a concentração de íons 
potássio é aproximadamente 30 mEq/L, sete vezes maior do que a 
concentração no plasma; e a concentração de íons bicarbonato é de 
50 a 70 mEq/L, cerca de duas a três vezes a do plasma (GUYTON, 
13ª ed.). 
Quando a secreção salivar atinge sua intensidade máxima, as 
concentrações iônicas salivares se alteram consideravelmente, porque 
a velocidade de formação de saliva primária pelos ácinos pode 
aumentar em até 20 vezes. Essa secreção acinar, então, flui tão 
rapidamente pelos ductos que a modificação no ducto da saliva é muito 
reduzida (GUYTON, 13ª ed.). 
REGULAÇÃO NERVOSA DA SECREÇÃO SALIVAR 
 
↠ As glândulas salivares são controladas principalmente 
por sinais nervosos parassimpáticos que se originam nos 
núcleos salivatórios superior e inferior, no tronco cerebral 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Os núcleos salivatórios estão localizados 
aproximadamente na junção entre o bulbo e a ponte e 
são excitados por estímulos gustativos e táteis, da língua 
e de outras áreas da boca e da faringe (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Muitos estímulos gustativos, especialmente o sabor 
azedo (causado por ácidos), provocam copiosa secreção 
de saliva — com frequência, 8 a 20 vezes a secreção 
basal. Além disso, estímulos táteis, como a presença de 
objetos de superfície lisa na boca (p. ex., um seixo), 
causam salivação acentuada, enquanto objetos ásperos 
causam menor salivação e, às vezes, até mesmo a inibem 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ A salivação pode também ser estimulada, ou inibida, 
por sinais nervosos que chegam aos núcleos salivatórios 
7 
 
 @jumorbeck 
 
provenientes dos centros superiores do sistemanervoso 
central. Por exemplo, quando a pessoa sente o cheiro ou 
come os alimentos preferidos, a salivação é maior do que 
quando ela come ou cheira alimento de que não gosta 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Um fator secundário que afeta a secreção salivar é o 
suprimento de sangue para as glândulas, porque essa 
secreção sempre requer nutrientes adequados do 
sangue. Os sinais nervosos parassimpáticos que induzem 
salivação abundante também dilatam moderadamente os 
vasos sanguíneos. Além disso, a própria salivação dilata, de 
modo direto, os vasos sanguíneos, proporcionando, assim, 
maior nutrição das glândulas salivares, necessária às 
células secretoras. Parte desse efeito vasodilatador 
adicional é causado pela calicreína, secretada pelas células 
salivares ativadas que, por sua vez, agem como enzima a 
qual cliva uma das proteínas do sangue, alfa2-globulina, 
para formar a bradicinina, potente vasodilatador (GUYTON, 
13ª ed.). 
FUNÇÕES DA SALIVA 
➢ Umedece a boca (MARIEB, 7ª ed.). 
➢ Dissolve substâncias químicas alimentares para 
que possam ser degustadas (MARIEB, 7ª ed.). 
➢ Molha o alimento e compacta o alimento como 
um bolo. Suas enzimas, a amilase e a lipase 
salivares, começam a digestão dos carboidratos 
e gorduras (MARIEB, 7ª ed.). 
A saliva contém um tampão de bicarbonato que neutraliza os ácidos produzidos 
pelas bactérias orais e que iniciam a cárie dentária. Além disso, ela contém 
enzimas bactericidas, substâncias antivirais, anticorpos e um composto de 
cianeto — todos eles são capazes de eliminar microrganismos orais nocivos. A 
saliva também contém proteínas que estimulam o crescimento de bactérias 
benéficas que superam competitivamente as bactérias nocivas na boca. 
(MARIEB, 7ª ed.). 
↠ A saliva ajuda a evitar os processos de deterioração 
de diversas maneiras: (GUYTON, 13ª ed.). 
➢ O fluxo de saliva ajuda a lavar a boca das 
bactérias patogênicas, bem como das partículas 
de alimentos que provêm suporte metabólico a 
essas bactérias. 
➢ A saliva contém vários fatores que destroem as 
bactérias. São eles os íons tiocianato e diversas 
enzimas proteolíticas — a mais importante é a 
lisozima — que: atacam as bactérias; ajudam os 
íons tiocianato a entrar nas bactérias, onde se 
tornam bactericidas; e digerem partículas de 
alimentos, ajudando, assim, a remover, ainda 
mais o suporte metabólico das bactérias. 
➢ A saliva frequentemente contém quantidades 
significativas de anticorpos proteicos, que podem 
destruir as bactérias orais, incluindo algumas das 
que causam cáries dentárias. Na ausência de 
salivação, os tecidos orais, com frequência, ficam 
ulcerados e até infectados, e as cáries dentárias 
podem ser comuns. 
 
Embriologia da Cavidade Oral 
↠ Ao final da segunda semana, o endoderma da parte 
média do terço cefálico do disco apresenta um 
espessamento arredondado, denominado placa precordal, 
que adere firmemente ao ectoderma. Essa região de 
firme adesão entre ectoderma e endoderma constitui o 
que será a membrana bucofaríngea (KATCHBURIAN, 4ª 
ed.). 
↠ Fusão similar ocorre na região caudal, entre as 
pequenas regiões arredondadas dos dois folhetos, 
formando a membrana cloacal. Nesse período, 
determinam-se as duas extremidades do tubo digestivo 
que irá se formar: a boca e o ânus (KATCHBURIAN, 4ª 
ed.). 
 
DESENVOLVIMENTO DA CAVIDADE ORAL PRIMITIVA 
↠ Na extremidade cefálica, a cavidade oral primitiva, ou 
estomódeo, originada por uma invaginação do ectoderma, 
é separada do intestino anterior ou cefálico por uma fina 
membrana ectodérmica/endodérmica - a membrana 
bucofaríngea -, que se forma no 22º dia do 
desenvolvimento (KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
↠ Logo em seguida, no 27º dia, ocorre a perfuração da 
membrana, estabelecendo-se a comunicação entre a 
8 
 
 @jumorbeck 
 
cavidade oral primitiva e o intestino anterior 
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
ARCOS, BOLSAS, SULCOS E MEMBRANAS BRANQUIAIS 
↠ O aparelho branquial é composto de arcos, bolsas e 
sulcos branquiais. Essas estruturas contribuem para a 
maior parte da formação da face e do pescoço 
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
↠ Os arcos branquiais iniciam seu desenvolvimento nos 
primeiros dias da quarta semana de gestação, quando 
também ocorre a migração das células da crista neural. 
Os arcos são separados externamente pelos sulcos 
branquiais, que também são numerados em sequência 
craniocaudal (KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
↠ O primeiro arco branquial é subdividido em dois 
processos: mandibular – o maior, que formará a 
mandíbula –, e maxilar – que formará a maxila, o arco 
zigomático e a porção escamosa do osso temporal. Esses 
processos delimitam a cavidade oral (KATCHBURIAN, 4ª 
ed.). 
 
↠ Nas etapas iniciais, cada arco contém escasso 
mesênquima, recoberto externamente por ectoderma e 
internamente por endoderma. Em seguida, o mesênquima 
é invadido por células provenientes da crista neural. Essas 
células, apesar de serem de origem ectodérmica, formam 
o tecido denominado ectomesênquima, responsável pelas 
estruturas ósseas, dentárias (com exceção do esmalte), 
conjuntivas e musculares da região craniofacial 
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA 
↠ A língua tem origem na parede ventral da orofaringe, 
na região dos quatro primeiros arcos branquiais 
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
↠ Na quarta semana de gestação, duas saliências do 
ectomesênquima aparecem no aspecto interno do 
primeiro arco branquial, formando, assim, as saliências 
linguais. Atrás e entre essas saliências, aparece uma 
eminência medial, denominada tubérculo ímpar; sua 
margem caudal forma o forame cego (KATCHBURIAN, 
4ª ed.). 
 
↠ As saliências linguais crescem e fundem-se, cobrindo 
o tubérculo ímpar, de modo a formar a mucosa dos dois 
terços anteriores da língua, cujo epitélio é de origem 
ectodérmica. As porções centrais do segundo, terceiro e 
quarto arcos branquiais elevam-se juntamente para 
formar uma proeminência denominada cópula. O 
endoderma desses arcos branquiais e a cópula formam a 
superfície do terço posterior da língua (KATCHBURIAN, 
4ª ed.). 
↠ A combinação das diferentes origens embriológicas da 
língua é demonstrada pela sua complexa inervação. O 
primeiro arco branquial, cujo nervo é o trigêmeo, dá 
origem ao ramo lingual, responsável pela sensação tátil 
geral da língua. O segundo arco branquial, cujo nervo é o 
facial, pelo ramo corda do tímpano, é responsável pela 
sensação gustativa. Os terceiro e quarto arcos 
contribuem para as sensações tátil e gustativa da região 
da base da língua, por meio dos nervos glossofaríngeo e 
vago (KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
SEGMENTO INTERMAXILAR 
↠ Como resultado do crescimento das proeminências 
maxilares, as duas proeminências nasais mediais se 
fusionam não apenas superficialmente, mas também em 
nível mais profundo (LANGMAN, 13ª ed.). 
↠ A estrutura formada pela fusão das duas 
proeminências é o segmento intermaxilar. Ela é formada 
por: (LANGMAN, 13ª ed.). 
 
9 
 
 @jumorbeck 
 
➢ um componente labial, que forma o filtro do lábio 
superior 
➢ o componente da mandíbula superior, que 
carrega os quatro dentes incisivos; 
➢ um componente palatal, que forma o palato 
primário triangular. 
 
 
 
↠ O segmento intermaxilar da origem ao filtro do lábio 
superior (LANGMAN, 13ª ed.). 
DESENVOLVIMENTO DO PALATO 
↠ No início do desenvolvimento do palato, as cavidades 
oral e nasal comunicam-se, e o espaço entre elas é 
ocupado pela língua em desenvolvimento e delimitado 
anteriormente pelo palato primário (KATCHBURIAN, 4ª 
ed.). 
↠ O palato primário é derivado do segmento intermaxilar 
(LANGMAN, 13ª ed.). 
 
 
↠ As cristas palatinas (prateleiras palatinas), a princípio, 
estão voltadas para baixo, a cada lado da língua. Com o 
contínuo crescimento, após a sétima semana, ocorre um 
rebaixamento aparente da língua, possibilitando que as 
cristas palatinas sejam elevadas, fundindo-se entre si e 
com o palato primário, formando opalato secundário 
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
 
 
 
10 
 
 @jumorbeck 
 
 
↠ Somente quando o palato secundário se desenvolve 
é que as cavidades oral e nasal se separam. A formação 
do palato secundário ocorre entre a sétima e a oitava 
semana de gestação, decorrente de uma fusão medial 
das cristas palatinas, formadas a partir dos processos 
maxilares (KATCHBURIAN, 4ª ed.). 
 
 
↠ Anteriormente, as prateleiras se fusionam com o 
palato primário triangular, e o forame incisivo torna-se a 
referência na linha média entre os palatos primário e 
secundário (LANGMAN, 13ª ed.). 
A movimentação e o fechamento das cristas palatinas envolvem uma 
força intrínseca, tendo talvez relação com a grande quantidade de 
proteoglicanos e de fibroblastos contráteis da região. Durante a fusão 
dos epitélios do palato secundário, ocorre adesão (KATCHBURIAN, 4ª 
ed.). 
DESENVOLVIMENTO DAS GLÂNDULAS 
↠ Durante a sexta e sétima semanas, as glândulas 
salivares, sob a influência da via de sinalização Notch, 
desenvolvem-se como uma estrutura altamente 
ramificada pela morfogênese de ramificação a partir de 
brotos epiteliais maciços a partir da cavidade oral primitiva 
(MOORE, 10ª ed.). 
↠ O tecido conjuntivo das glândulas é derivado de células 
da crista neural. Todo tecido do parênquima (secretor) 
surge pela proliferação do epitélio oral (MOORE, 10ª ed.). 
GLÂNDULAS PARÓTIDAS 
↠ As glândulas parótidas são as primeiras a se 
desenvolverem e aparecem no início da sexta semana 
(MOORE, 10ª ed.). 
↠ Elas se desenvolvem a partir de brotos que surgem 
do revestimento ectodérmico oral próximo aos ângulos 
do estomodeu (MOORE, 10ª ed.). 
↠ O alongamento das mandíbulas causa estiramento do 
ducto da parótida, com a glândula remanescente próxima 
ao seu local de origem (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Posteriormente os brotos se canalizam (desenvolvem 
um lúmen) e se tornam ductos por volta da 10ª semana. 
As extremidades arredondadas dos cordões diferenciam-
se em ácinos (estruturas em forma de uva). A atividade 
secretora começa com 18 semanas. A cápsula e o tecido 
conjuntivo desenvolvem-se a partir do mesênquima 
circundante (MOORE, 10ª ed.). 
GLÂNDULAS SUBMANDIBULARES 
↠ As glândulas submandibulares aparecem no final da 
sexta semana (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Elas se desenvolvem de brotos endodérmicos no 
assoalho do estomodeu. Processos celulares sólidos 
crescem lateral e posteriormente à língua em 
desenvolvimento. Mais tarde, elas se ramificam e se 
diferenciam (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Os ácinos começam a se formar com 12 semanas e a 
atividade secretora inicia-se com 16 semanas. O 
crescimento das glândulas continua após o nascimento 
com a formação de ácinos mucosos. Lateralmente, à 
 
 
11 
 
 @jumorbeck 
 
língua em desenvolvimento, forma-se um sulco linear que 
logo se fecha para formar o ducto submandibular 
(MOORE, 10ª ed.). 
GLÂNDULAS SUBLINGUAIS 
↠ As glândulas sublinguais aparecem durante a oitava 
semana, aproximadamente 2 semanas mais tarde do que 
outras glândulas (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Elas se desenvolvem a partir de múltiplos brotos 
epiteliais endodérmicos que se ramificam e se canalizam 
para formar entre 10 e 12 ductos, que se abrem 
independentemente no assoalho da boca (MOORE, 10ª ed.). 
 
Fendas Labiopalatais 
↠ A fissura labial e/ou fenda palatina são malformações 
congênitas faciais mais comuns, e vêm apresentando 
tendência de aumento no Brasil e no mundo 
(SHIBUKAWA, 2019). 
↠ A fissura labial e/ou fenda palatina é decorrente de 
problemas no processo de desenvolvimento durante o 
período embrionário ou fetal, provocando a deficiência ou 
falta de fusão entre os tecidos que compõem estas 
estruturas (SHIBUKAWA, 2019). 
A etiologia da anomalia de lábio e/ou palato ainda não se encontra 
bem definida; porém, estudos apontam que entre 25 e 30% dos casos 
são resultantes de fatores hereditários e, de 70 a 80% possuem 
etiologia multifatorial, envolvendo entre outros aspectos, hábitos de 
vida maternos durante a gestação (dieta, álcool, fumo e drogas) 
(SHIBUKAWA, 2019). 
Uma fenda labial com ou sem uma fenda palatina ocorre em 
aproximadamente um a cada 1.000 nascimentos, mas a frequência varia 
amplamente entre os grupos étnicos. Entre 60% a 80% dos recém-
nascidos afetados são do sexo masculino (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Estas são malformações que se inicia ainda no primeiro 
trimestre, mais exatamente na quarta semana de vida 
intrauterina devido à falta de fusão do maxilar e do nariz 
e sãos responsáveis por casos de morte perinatal no 
Brasil (SANTOS, 2016). 
↠ O forame incisivo é considerado o marco divisor entre 
fendas anterior e posterior (LANGMAN, 13ª ed.). 
↠ As deformidades anteriores ao forame incisivo incluem 
a fenda labial lateral, a fenda mandibular superior e a fenda 
entre os palatos primário e secundário (LANGMAN, 13ª 
ed.). 
↠ Essas fendas são especialmente conspícuas, pois elas 
resultam em uma aparência facial anormal e fala com 
defeito. (MOORE, 10ª ed.). 
 
 
FENDAS LABIAIS 
↠ As fendas labiais podem ser unilaterais ou bilaterais 
(MOORE, 10ª ed.). 
↠ Uma fenda labial unilateral resulta de uma falha da 
proeminência maxilar no lado afetado de unir-se com as 
proeminências nasais mediais. A falha das massas 
mesenquimais em fundir-se e do mesênquima em 
proliferar e suavizar o epitélio sobrejacente resulta em 
um sulco labial persistente (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Uma fenda labial bilateral resulta de uma falha das 
massas mesenquimais de ambas proeminências maxilares 
em se encontrar e se fundirem com as proeminências 
nasais mediais (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Uma fenda labial mediana é um defeito raro que resulta 
de uma deficiência mesenquimal. Esse defeito causa falha 
parcial ou completa das proeminências nasais mediais em 
se fundir e formar os processos palatinos medianos. Uma 
Fendas labial e palatina unilateral 
12 
 
 @jumorbeck 
 
fenda labial mediana é um aspecto característico da 
síndrome de Mohr, que é transmitida como um traço 
recessivo autossômico (MOORE, 10ª ed.). 
 
 
FENDAS PALATINAS 
↠ Uma fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre 
aproximadamente em 1 a cada 2.500 nascimentos, e ela 
é mais comum em meninas do que em meninos 
(MOORE, 10ª ed.). 
↠ A fenda pode envolver apenas a úvula (uma úvula 
fendida apresenta a aparência de uma cauda de peixe; ou 
a fenda pode se estender através das regiões do palato 
mole e do duro. Em casos graves, quando associados à 
fenda labial, a fenda no palato estende-se através da parte 
alveolar da maxila e dos lábios em ambos os lados 
(MOORE, 10ª ed.). 
↠ Uma fenda palatina completa indica o grau máximo de 
fenda de qualquer tipo particular. Por exemplo, uma fenda 
completa do palato posterior é um defeito no qual a fenda 
estende-se através do palato mole e anteriormente à 
fossa incisiva. O marco para distinguir defeitos de fenda 
anterior da posterior é a fossa incisiva. Fendas unilaterais 
e bilaterais do palato são classificadas em três grupos: 
(MOORE, 10ª ed.). 
➢ Fendas do palato anterior (fendas anteriores à 
fossa incisiva) resultam da falha de massas 
mesenquimais dos processos palatinos laterais 
de se encontrarem e se fundirem com o 
mesênquima no palato primário 
➢ Fendas do palato posterior (fendas posteriores 
à fossa incisiva) resultam da falha das massas 
mesenquimais dos processos palatinos laterais 
de se encontrarem e se fundirem entre si e 
com o septo nasal 
➢ Fendas das partes secundárias do palato (fendas 
dos palatos anterior e posterior) resultam da 
falha das massas mesenquimais dos processos 
palatinos laterais de se encontrarem e se 
fundirem com o mesênquima no palato primário 
entre si e com o septo nasal 
POSSÍVEIS CAUSAS 
↠ A maioria das fendas do lábio superior e do palato 
resulta de múltiplos fatores genéticos e não genéticos 
(herança multifatorial) com cada um causando um 
pequeno distúrbio do desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.). 
↠ Ascausas das malformações orais constituem, até 
hoje, um desafio para a ciência. Sua etiologia é bastante 
complexa e multifatorial, ou seja, pode envolver fatores 
tanto genéticos quanto ambientais, isolados ou em 
associação (SANTOS, 2016). 
↠ Dentre os fatores etiológicos que parecem estar mais 
frequentes relacionados a essa anomalia estão: (SANTOS, 
2016). 
➢ Hipervitaminose A; 
➢ estresse emocional; 
➢ corticoides; 
➢ consanguinidade; 
➢ viroses; 
➢ radiações ionizantes; 
➢ alcoolismo; 
➢ trauma mecânico; 
➢ hereditariedade e idade avançada dos pais 
(principalmente do pai) 
 
A fenda labial unilateral esquerda e fenda palatina. B 
fenda labial bilateral e fenda palatina 
13 
 
 @jumorbeck 
 
IMPACTOS CAUSADOS NA VIDA DO PORTADOR E DOS 
FAMILIARES 
↠ A fissura labiopalatal é uma anomalia que causa grande 
impacto na vida do indivíduo portador, provocando 
problemas funcionais, estéticos e psíquicos (SANTOS, 
2016). 
↠ Diversos problemas decorrentes da presença de 
fissura labial e/ou fenda palatina podem acometer seu 
portador desde o nascimento, tais como dificuldades no 
aleitamento materno devido a sucção, deglutição e 
respiração prejudicadas, distúrbios na audição e fonação, 
com prejuízos na comunicação, além da baixa aceitação 
social. A soma desses fatores pode implicar ainda em 
complicadores psicológicos, afetando tanto a criança 
quanto sua família (SHIBUKAWA, 2019). 
↠ A mesma provoca danos físicos que se refletem no 
sistema respiratório, auditivo, digestivo, dentição e na 
articulação da fala, além de um forte impacto psicológico 
trazido pelo preconceito. Esse quadro se agrava quando 
a deformidade não é tratada no primeiro ano de vida do 
paciente - problema que ocorre mais comumente nas 
camadas carentes da população (SANTOS, 2016). 
↠ Estas disfunções nem sempre corrigíveis e mesmo 
com cirurgia corretiva, nem sempre é possível evitar 
sequelas anátomo-fisiológicas na face, sequelas 
psicossociais e/ou distúrbios na comunicação oral. Estas 
podem se tornar barreiras para inserção social das 
pessoas com fissura labiopalatal e para o desenvolvimento 
de suas habilidades individuais, seja na escola, no trabalho 
ou na comunidade (SANTOS, 2016). 
↠ O portador de fissura labiopalatal depara-se com uma 
sociedade de fetiches, que valoriza o que é bonito e 
perfeito, e o julga como incapaz e inabilitado para uma 
aceitação social plena. O fissurado pode vir a sentir-se 
desajustado socialmente, já que pode ser visto como 
diferente, sendo passível de discriminação e 
estigmatização (SANTOS, 2016). 
↠ Os comprometimentos psicossocias que o indivíduo 
com fissura pode apresentar são sentimentos como: 
(SANTOS, 2016). 
➢ Isolamento; 
➢ Retraimento; 
➢ Timidez; 
➢ Vergonha; 
➢ Indiferença ao meio social, que favorecem o 
desenvolvimento de uma autoimagem negativa. 
↠ Estes sentimentos podem comprometer suas 
relações interpessoais, bem como sua adaptação social, 
com implicações na formação e estruturação de sua 
identidade (SANTOS, 2016). 
Realizaram um estudo para compreender a experiência emocional e 
social das mães de crianças com fissura labiopalatal, a partir de uma 
avaliação de respostas de enfrentamento empregadas por elas, para 
lidar com a condição de ter um filho com fissura. O estudo contou 
com a participação de 14 mães, donas de casa, com filhos com fissura 
de 0 a 5 anos, residente em Deli e nos seus subúrbios (SANTOS, 
2016). 
Os resultados mostram que a maioria das mães passaram por um 
processo de negação e tiveram uma aceitação gradual da criança 
fissurada, devido às tensões das alterações físicas e questões 
financeiras voltadas para o cuidado (SANTOS, 2016). 
A presença de apoio social melhorou a qualidade de vida das crianças 
e da mãe. As intervenções precisam ser desenvolvidas para ajudar os 
pais a lidarem com o impacto social da estigmatização e com as 
preocupações referentes ao lábio e palato (SANTOS, 2016). 
TRATAMENTO 
↠ O tratamento consiste na realização de procedimento 
cirúrgico, garantindo um resulta estético funcional e a 
redução das sequelas que possam aparecer com o 
tempo (SANTOS, 2016). 
↠ A época do procedimento cirúrgico realizado, técnica 
utilizada, gravidade da lesão, ambiente socioeconômico, 
sequência de tratamento, com os profissionais adequados 
e, ainda, fatores intrínsecos individuais e fatores sociais 
podem comprometer a reabilitação do fissurado 
(SANTOS, 2016). 
↠ A atuação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo: 
Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia, Psicologia, 
Enfermagem, Serviço Social e Nutrição é de fundamental 
importância para o sucesso da reabilitação (SANTOS, 
2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 @jumorbeck 
 
Referências: 
JUNIOR, J. C. C. S.; IZABEL, T. S. S. Microbiota Oral e sua 
implicação no binômio saúde-doença. Revista Contexto & 
Saúde, v. 19, n. 36, p. 91-99, 2019. 
GERMANO et. al. Microrganismos habitantes da cavidade 
oral e sua relação com patologias orais e sistêmicas: 
revisão de literatura. Revista de ciências da saúde, v. 16, n. 
2, p. 91-99, 2018. 
SILVA, A. S. M. Microbioma Oral: O seu papel na saúde e 
na doença. Dissertação apresentada na Universidade 
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2016. 
SHIBUKAWA et. al. Fatores associados à presença de 
fissura labial e/ou fenda palatina em recém nascidos 
brasileiros Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, v.19, n.4, 
p.957-966, 2019. 
SANTOS, L. B. As experiências com a fissura labiopalatal 
e os processos de estigmatização. Dissertação de 
Mestrado, 2016. 
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed. 
Editora Elsevier Ltda., 2017 
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia 
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível 
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

Continue navegando