Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15 PESQUISA DE MERCADO AULA 4 Profª Shirlei Camargo 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo a nossa aula! Vamos conhecer uma interessante técnica de coleta de dados da pesquisa quali: o focus group (ou grupo focal). Aprenderemos também sobre roteiro, pois ele é essencial para várias estratégias qualitativas. Por fim, entenderemos como são analisados os dados qualitativos e como devem ser seu relatório e sua apresentação. A parte de análise é bem complexa e exige do pesquisador um olhar apurado a fim de encontrar entre tanto material pontos convergentes e divergentes, com vistas a oferecer informações relevantes a quem o contratou. Além disso, ele precisa ser objetivo e ter excelente capacidade de síntese para elaborar bons relatórios e apresentações, pois geralmente estes serão mostrados a pessoas importantes (cliente, gestor, empreendedores etc.), que não têm muito tempo disponível. Pronto para começar? Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Vamos iniciar nossa conversa conhecendo como o grupo focal surgiu. Para tanto, recorremos ao relato de Kind (2004, p. 125): Resgatando um pouco do histórico sobre a técnica, o grupo focal surgiu na década de 1950, quando Robert Merton foi convidado por Paul Lazarsfeld para ajudá-lo a avaliar respostas da audiência de um programa de rádio (ROSO, 1997). Merton observou que era difícil para as pessoas expressarem sua opinião sobre filmes e programas em entrevistas individuais. Posteriormente, Merton utilizou a técnica de grupos focais (originalmente chamada de entrevista focalizada em grupo) no Exército, com o intuito de avaliar o treinamento e filmes morais. Esse trabalho resultou na publicação de um livro sobre a técnica – Focus group –, que acabou tendo seus procedimentos modificados pela incorporação de backgrounds teóricos sobre grupos (ROSO, 1997). TEMA 1 – GRUPO FOCAL O grupo focal, também conhecido como focus group ou grupo de foco, é uma técnica de coleta de dados qualitativa que traz resultados muitos interessantes para as empresas. Segundo Oliveira, 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15 Leite Filho e Rodrigues (2007), trata-se de um método que tem origem na sociologia e desde então vem sendo cada vez mais utilizado, inclusive em pesquisas de mercado. Isso porque os grupos focais reúnem poucas pessoas para avaliar conceitos ou identificar problemas, por isso são ideais para analisar as reações de cada uma delas em relação a novos produtos, serviços ou propagandas (Dias, 2000). Além disso, os custos relativamente menores e a obtenção de dados válidos e confiáveis obtidos em pouco tempo fazem aumentar o uso desse método de coleta em pesquisas de marketing (Trad, 2009). Outra definição vem de Morgan (1997), segundo o qual o grupo focal diz respeito a uma técnica de pesquisa que consiste em coletar dados mediante interações grupais ao se discutir um tópico especial que foi proposto pelo pesquisador. Conforme ressaltam Oliveira, Lima Filho e Rodrigues (2007), os grupos focais possuem algumas características: compõem-se de 8 a 13 pessoas, reunidas em um ambiente informal e descontraído, para conversar durante até horas sobre produtos, serviços, anúncios etc. Sugere-se que as reuniões sejam filmadas/gravadas, mas é fundamental que os participantes sejam informados e autorizem isso. Vale salientar que o sucesso de um grupo focal depende também do moderador (que pode ser o próprio pesquisador), que, segundo Malhotra (2006), deve possuir alguns atributos: ser delicado, mas firme quando for necessário; permissivo, porém, atento a sinais de problemas de falta de cordialidade ou foco; estimular a participação de todas as pessoas; solicitar mais informações nos casos em que houver alguma dúvida; e ser capaz de improvisar e alterar o planejado, se for preciso. No entanto, apesar de ser flexível, o pesquisador precisa definir certas etapas (Ribeiro; Milan, 2004 citado por Oliveira; Lima Filho; Rodrigues, 2007, p. 9): 1) Escolha dos entrevistados – Sendo uma abordagem qualitativa, as entrevistas não precisam reunir um grupo de pessoas que seja estatisticamente representativo da população. Contudo, os entrevistados devem ser escolhidos da forma que possam fornecer informações úteis a respeito da população de interesse. 2) Agenda e horário – Para diminuir os problemas de falta de agenda, é importante programar as entrevistas com um bom prazo de antecedência e confirmar alguns dias antes da entrevista propriamente dita. 3) Local das entrevistas – Cabe ao moderador assegurar que estará disponível uma sala agradável para o encontro (climatização, mesa e cadeiras confortáveis, chá ou café são bem-vindos). 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15 4) Roteiro das questões – No caso de entrevistas não estruturadas, o entrevistador explica os objetivos da pesquisa, confirma a intenção do entrevistado em colaborar e solicita que se inicie a discussão sobre o assunto. Nas entrevistas semiestruturadas, existirá um roteiro, o qual deverá ser coberto durante a entrevista. 5) Forma de registro dos dados – é muito difícil escrever acompanhando o ritmo em que uma pessoa está falando. Ainda mais lembrando que o entrevistador deve estar prestando atenção, pronto para fazer questões que não estão no roteiro, caso necessário. Assim, a forma mais recomendada para o registro das informações é a gravação ou a filmagem. Na sequência do nosso estudo, vamos entender o que é um roteiro e conhecer algumas dicas de como pode ser construído. TEMA 2 – ROTEIRO Como comentado anteriormente, por mais que uma pesquisa qualitativa seja flexível, o pesquisador precisa de um roteiro para ir a campo, pois sem ele corre o risco de se perder e não obter as informações que busca. Vamos fazer um paralelo com um roteiro de viagem. Quando eu vou viajar, costumo sempre montar um roteiro para, assim, aproveitar melhor o tempo; então, listo os lugares que pretendo visitar em cada dia (pensando em uma lógica de localização deles), horário que estarão menos cheios, se a previsão indica chuva ou não etc. É, na verdade, uma espécie de guia. Naturalmente, tenho a flexibilidade de fazer alterações nele. Digamos que eu tinha pensado em ir à praia pela manhã e ao museu à tarde, porém, o dia amanheceu chuvoso. Sem problemas: eu altero a ideia original e deixo para ir à praia no período da tarde. Na pesquisa qualitativa, o roteiro serve para isso também – um guia que oriente o pesquisador durante a coleta de dados, ou seja, como ensina Manzini (2004), o ajuda nessa tarefa. Todavia, ele deve também ser flexível, pois é comum que já no início o entrevistado responda a última pergunta programada, por exemplo. A esse respeito, Godoy (2006) reforça que, quando o pesquisador usa essa ferramenta, não deve ficar “preso” a ela, mas sim permitir que o respondente siga uma lógica e termos próprios, diferente do que havia sido planejado. Isso porque nesse tipo de coleta, principalmente se for um grupo focal – em que várias pessoas estão interagindo ao mesmo tempo –, uma pergunta “puxa” a outra e as informações vão surgindo de forma natural, ainda que muitas vezes diversa da ordem estabelecida. 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15 No entanto, apesar de o roteiro ter esses “desvios”, deve ter todas as perguntas cobertas no processo (Godoy, 2006). Ainda, precisa ser objetivo o suficiente para que o pesquisador não se perca quando for consultá-lo no meio do processo e rapidamente consiga vislumbrar o que ainda não foi abordado e não deixar nada de fora (Ignacio, 2018). Apesar de que vamos abordar nas próximas aulas o questionário, vale diferenciá-lodo roteiro já neste momento a fim de desfazer qualquer confusão. Questionário consiste em um tipo de pesquisa também formado por várias perguntas, porém na sua maioria fechadas, ou seja, o entrevistado precisa escolher uma alternativa dentre várias apresentadas. Além disso, as perguntas devem ser respondidas em sua totalidade e seguindo uma ordem específica. Já o roteiro também é formado por perguntas, mas estas são abertas, isto é, a pessoa vai dar a resposta que achar pertinente, sem necessidade de escolher uma alternativa. Além disso, como já comentado, elas não precisam ser respondidas seguindo alguma ordem. Vale lembrar que durante o processo podem surgir outras questões, e o pesquisador poderá inseri-las em seu roteiro – se for o caso, até retomar a conversa com os primeiros entrevistados somente para obter tal informação. Trata-se, pois, de um método de coleta extremamente flexível e, até por isso, muito utilizado nas pesquisas qualitativas. Você se lembra de que dissemos que é muito importante gravar a coleta de dados, a entrevista em si? Isso se justifica pelo fato de que é muito difícil ao entrevistador prestar atenção, interagir e ainda anotar tudo com fidelidade. Portanto, depois da coleta realizada, o conteúdo gravado deve ser totalmente transcrito –preferencialmente, com as mesmas pausas, interjeições e até erros de português, pois, muitas vezes, esses detalhes contribuem com informações importantes. Após feita todas as transcrições, o pesquisador deverá analisar as mesmas, conforme veremos adiante no Tema 4. TEMA 3 – DICAS DE CONSTRUÇÃO DE ROTEIRO Conforme já conversamos, o roteiro é flexível, logo, não existe uma “receita de bolo” para construí-lo. Ainda assim, indicamos algumas dicas que ajudarão você a elaborar um quando necessário. Manzini (2004) apresenta certos cuidados que o pesquisador deve ter ao fazer o roteiro: 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15 Cuidados quanto à linguagem: a linguagem deve ser adequada às pessoas que vão participar da pesquisa. Por exemplo, analise se os termos técnicos, jargões ou gírias que porventura estão no roteiro serão compreendidos pelos envolvidos. Cuidados quanto à forma das perguntas: o item se refere à estrutura do roteiro – se será em forma de perguntas ou tópicos (para pesquisadores iniciantes, as perguntas são mais indicadas). Cuidados quanto à sequência das perguntas: apesar de o pesquisador não precisar seguir uma ordem, pode haver perguntas que devem ser feitas em sequência. Outra dica para evitar muitas idas e vindas no raciocínio dos entrevistados é separar o roteiro em blocos e, se necessário, seguir uma ordem desses blocos (mas com liberdade na ordem das perguntas dentro de cada um). Outro questionamento que sempre é feito diz respeito à quantidade ideal de perguntas. A resposta é: depende do objetivo da pesquisa. Para oferecer um “norte”, acreditamos que entre 6 e 15 perguntas é um bom número. Isso porque é muito difícil obter informações relevantes com apenas com três questões; por outro lado, 30, além de tornar a tarefa cansativa, resultarão em um número muito grande de informações, o que dificultará as análises. Lembre-se de que aqui não são questões de marcar X, mas sim abertas, em que a fala do entrevistado será transcrita para posterior análise. Complementando, Ignácio (2018) aponta mais orientações relevantes: Antes de elaborar o roteiro, faça uma pesquisa sobre o tema; isso o ajudará a compreender mais o objeto de pesquisa. Defina bem o público: quem serão os entrevistados ou grupos observados e o que busca compreender ou descobrir com cada um deles. Liste todas as dúvidas e perguntas possíveis, desde as mais banais até as mais estúpidas; depois que tiver um conjunto grande delas, comece a refiná-las e a cortá-las a fim de organizar e estruturar o roteiro. Tenha muita atenção com o texto das perguntas. Se você incluir uma gíria na frase, é possível que a repita quando for apresentá-la ao entrevistado. Sempre que possível, evite termos técnicos. Leve em conta o nível de conhecimento dos entrevistados e sobre o que estão aptos a discutir. Evite perguntas dúbias ou negativas (que contenham a palavra “não”), aquelas com frases soltas e, principalmente, as muito longas, que exigem muitos exemplos ou explicações. 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15 Se for cabível, utilize imagens, músicas, frases e peça ao entrevistado para comentar a respeito delas. Sempre leve esse material impresso, pois descrever na hora da entrevista tornará a pergunta em si muito mais longa. Veja no Quadro 1 o exemplo de um roteiro que utilizamos na realização de um grupo focal em um colégio internacional que queria melhorar a sua comunicação interna (colaboradores). Quadro 1 – Exemplo de roteiro para grupo focal 1. Defina a escola em poucas palavras. Cite cinco diferenciais. 2. Vocês acreditam que a diversidade de cultura do colégio dificulta ou facilita a comunicação? Por quê? 3. Qual a sua percepção sobre a comunicação do colégio? 4. Quais os pontos positivos? E negativos? 5. Em sua opinião, como é o acesso à comunicação com a gestão? 6. Como vocês ficam sabendo sobre o que acontece no colégio? (Verificar canais e fluxos, comunicação da liderança, qualidade da informação) Portal Educacional SMS Cartazes espalhados pela escola WhatsApp – site – Facebook – Instagram E-mail Revista interna Informativo eletrônico Agenda Livro (recepção) Conversas paralelas (entre pais, com funcionários ou professores etc.) Eles esclarecem mais ou geram dúvidas? Qual canal é mais eficaz? 7. As mensagens transmitidas, em sua opinião, têm adesão? São entendidas? Qual o melhor padrão? (Verificar idioma, linguagem formal ou coloquial, padronização etc.) 8. O que você acha que pode melhorar na comunicação? Fonte: Camargo, 2021. Após coletados, os dados precisam ser analisados. Em uma pesquisa qualitativa, essa é uma das etapas mais trabalhosas, porém também mais importantes. TEMA 4 – ANÁLISE DE DADOS QUALITATIVOS 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15 Como você deve ter percebido, a elaboração de um roteiro é muito mais simples do que a construção de um questionário, já que neste o pesquisador precisa pensar no máximo de alternativas que deverá oferecer ao respondente, além de ser mais extenso na maioria das vezes. Então, algumas vezes a opção recai em pesquisas qualitativas por conta disso. Por outro lado, a parte de análise é muito mais trabalhosa. Só para você ter uma ideia, uma hora de entrevista pode resultar em aproximadamente 15 páginas de transcrição, e o pesquisador ainda precisará ler e reler tudo para encontrar similaridades e divergências a fim de elaborar suas considerações. Isso quer dizer que as pesquisas qualitativas geram um volume de dados muito grande que deve ser organizado e compreendido. Como Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998) comentam, são gravações, fotos, filmagens, documentos e anotações a serem analisados. Assim sendo, a quantidade de resultados de uma pesquisa qualitativa é muito grande e, assim como no caso dos roteiros, não há uma regra específica para avaliá-los. No entanto, Mattos (2006) aponta cinco passos que devem ser seguidos a fim de se realizar uma boa análise qualitativa. Vamos a eles. Fase 1 – recuperação: trata-se da recuperação do momento da entrevista (coleta dos dados). Primeiramente, deve-se ouvir atentamente a gravação, já fazendo algumas anotações de significados que vão aparecendo; depois, o material gravado precisa ser transcrito. Os textos resultantes, com suas referências – local, hora, contexto, dados do entrevistado etc. – devem estar organizados e ficar à disposição para consultas rápidas. Quanto mais próxima da entrevista for executada essa fase, melhor poderá ser o resultado dessa tarefa, pois as falas estão ainda “frescas” na memóriado pesquisador. Fase 2 – análise do significado: contempla duas etapas. Na primeira, a leitura do material deve ser feita com um olhar prático no contexto da entrevista – o que aconteceu ao longo da entrevista? Como o assunto foi se desenvolvendo? Quais foram os pontos altos e as ausências? Que respostas se ligam a outras? Esses pareceres devem ser anotados em forma de comentário juntamente com o texto: se forem em papel, imprima tudo com margens largas para poder escrevê-los ali; se forem no computador, basta clicar em “revisão”, “inserir comentários” e ir anotando tudo o que achar pertinente. Na segunda etapa, deve-se responder a três perguntas: a) o significado central das respostas; b) o significado incidente (não responde à pergunta em si, mas traz informações importantes); e c) as suposições implícitas. 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15 Fase 3 – validação: o ideal é enviar o material ao entrevistado para ele ler o que o pesquisador entendeu e validar ou não. Também se pode recorrer a outras fontes como documentos, fotos ou outros entrevistados para ratificar o que foi encontrado. Fase 4 – consolidação: cria-se uma tabela, colocando-se nas linhas os entrevistados, e nas colunas, as perguntas. Veja, no Quadro 2, um exemplo retirado de uma pesquisa que fizemos com uma indústria de ferragens para móveis que queria analisar como estava a imagem dela no mercado. Trata-se de um recorte, e foram omitidos os nomes dos respondentes e das marcas por questões de sigilo). Fase 5 – análise dos conjuntos: um dos momentos mais importantes é quando se analisam as respostas, olhando-se a fala de cada entrevistado e também o contexto geral do que foi dito em relação às perguntas. No pequeno exemplo apresentado no Quadro 2, fizemos um resumo da percepção que tivemos de cada cliente (última coluna) e também do resultado de cada pergunta, analisando as respostas de todos os entrevistados para cada questão proposta (última linha). Quadro 2 – Exemplo de quadro com resultado de pesquisa qualitativa Cliente 01 – Percepção de qualidade do produto 02 – Visibilidade da marca 03... Observações pesquisador sobre entrevistado Entrevistado 1 Não tem reclamações, só elogios. Produto bom, preço competitivo (ele disse que hoje em dia a questão preço é muito importante e às vezes até diminuiu um pouco a qualidade devido ao preço). A visibilidade poderia ser melhor, deveria investir mais em marketing. Por exemplo, para participar na Casa Cor, a marca concorrente X patrocinou ele. A marca pesquisada não faz esse tipo de ação. Cliente satisfeito acha um produto de qualidade, acha o preço bom (e valoriza isso), mas sente falta de um relacionamento mais próximo e de um marketing e comercial mais agressivos (impacta na visibilidade). Gostaria também de mais demonstrações de produtos, de mais apoio, mais eventos etc. Entrevistado 02 Boa, muito boa a qualidade dos produtos. Quanto ao serviço, acha que fazem poucas visitas (mas também Sim, uma marca muito forte. Mas acha a marca “X” superior à marca pesquisada, porém acaba comprando Cliente acha a marca boa, porém acha que a parte comercial da região não está atendendo bem (poucas 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15 não sabe se as visitas fossem mais frequentes se ele compraria mais). Contudo, a parte comercial (não a de Curitiba a qual o atende muito bem), o representante da região dele, está deixando a desejar. outras como “Y”, “Z” (parecida com a pesquisada). visitas). Outro grande problema é que a maioria dos produtos não têm disponibilidade, sendo necessário importar, o que aumenta muito os prazos e custos. Senti que se a marca pesquisada fizer algum tipo de proposta, eles podem comprar mais. Observações do pesquisador sobre respostas Percebe-se que os clientes em geral tiveram experiências positivas e percebem a marca como de qualidade. Contudo, um ponto que precisa ser repensado é o setor de atendimento (vendas), que foi criticado por poucas visitas ou com estratégias inadequadas de venda (vendendo até produtos concorrentes). A visibilidade é um ponto a ser trabalhado. A marca está deixando a desejar nesse quesito, inclusive mais de um respondente comentou que a concorrente “X” é muito mais presente e usaram como exemplo que a mesma patrocina a Casa Cor, o que traz muita visibilidade, tornando- se fator importante para atingir influenciadores com clientes finais, arquitetos e decoradores. Fonte: Camargo, 2021. Depois desse processo, o pesquisador poderá ir para a fase seguinte: montar um relatório e a apresentação, tópicos abordados no próximo tema. TEMA 5 – RELATÓRIOS E APRESENTAÇÃO DA PESQUISA QUALITATIVA A primeira coisa que o pesquisador precisa ter em mente é que o relatório deve ser facilmente entendido, até mesmo por leigos; então, a linguagem precisa se adequar ao público que terá acesso a ele. Além disso, é necessária uma boa capacidade de síntese, pois gestores e empreendedores têm pouca disponibilidade de tempo e não ficarão felizes em ler um relatório com 100 páginas, por exemplo. Um recurso importante nos relatórios qualitativos é trazer a fala dos respondentes; trechos relevantes devem ser transcritos para ilustrar alguma consideração do pesquisador. Veja um exemplo 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15 de uma pesquisa que fizemos com supermercados em que uma das perguntas era sobre quais seriam os principais setores de uma loja. Ilustramos o texto com a fala de um entrevistado (grifo nosso): Também foi destacada a importância do setor [perecíveis] que atualmente é um dos que têm maior giro de estoque e que, portanto, dá maior rentabilidade. Além disto, ele [respondente B] ressaltou que esta categoria é extremamente estratégica, pois: “Porque a parte de mercearia e bazar todo mundo tem igual. O Nescau... é... o Nescau é o mesmo, o óleo é o mesmo, o arroz é o mesmo, então o diferencial é muito pouco. Então onde você busca o diferencial hoje? [...] Então o diferencial hoje em supermercado, hoje... supermercado, tá mais na área de perecíveis” (RESPONDENTE B). Perceba que, conforme comentado quando falamos de transcrição das entrevistas, costuma-se deixar as pausas e até erros de português, até quando vamos inserir trechos nos relatórios e apresentações. Sobre a formatação do relatório, o ideal é considerar as seguintes orientações: papel A4; margens esquerda e superior de 3 cm, e direita e inferior de 2 cm; espaço entre linhas de 1.5; fonte Arial ou Times New Roman tamanho 12. Contudo, nos trechos que representam a fala de algum participante e que ultrapassam três linhas (aqui se inserem aspas), usa-se fonte 10, espaço simples entre as linhas e recuo da margem esquerda de 4 cm. Essa formatação se aplica também para citações diretas (quando copiamos o trecho de algum lugar), e nesse caso as aspas são dispensadas. Depois de pronto, é muito importante que o relatório seja lido por alguém preferencialmente não envolvido com a pesquisa, a fim de testar o entendimento, achar incorreções de digitação, concordância etc. Nada mais desagradável do que entregar um relatório com erros para um cliente, chefe ou professor, não é mesmo? Contudo, além do relatório, pode ser necessário que o pesquisador faça uma apresentação, que pode ser em softwares como Power Point ou Prezi. Aqui valem as mesmas regras dos relatórios – linguagem adequada a quem vai assistir à apresentação: mais formal ou informal? Entenderão os termos técnicos? Gírias combinam? Também é necessário ter uma boa capacidade de síntese: considerando-se que cada slide leva de dois a três minutos para ser explicado, se o material tiver 40 slides, a apresentação levará aproximadamente duas horas! Como já mencionamos, gestores e empresários são pessoas muito atarefadase muitas vezes não dispõem de todo esse tempo (além de ser muito cansativo!). 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15 Outras dicas para sua apresentação incluem: use pouco texto, e quando o fizer prefira dispô-lo em tópicos; o tamanho da fonte deve ser entre 24-26; abuse de imagens; evite muitos efeitos mirabolantes (tiram a atenção de quem assiste); cuidado com o contraste das cores de fundo e de texto (evite fundo vermelho e letra verde, ou vice-versa, letras brancas em fundos claros etc.). Por fim, assim como no caso do relatório, peça para alguém revisar o material em buscas de erros. TROCANDO IDEIAS Você sabia que os grupos focais podem ser realizados on-line? Veja o trecho de um artigo científico que fala sobre isso (Abreu; Baldanza; Gondim, 2009): O grupo focal on-line é um método de coleta de informações semelhante ao grupo focal presencial. Sua principal característica, não obstante, é a de ser realizado em ambiente virtual, dispensando a presença física dos participantes para que haja interação e consequente comunicação entre eles. Essa diferenciação é apontada como uma das principais vantagens dos grupos focais on-line. Por ser realizado em um ambiente relativamente novo, levando em conta o tempo em que a Internet efetivamente está sendo utilizada de modo mais amplo, bem como o avanço dos estudos na área que ainda são recentes, os grupos focais on-line apresentam outras vantagens e desvantagens em relação aos grupos presenciais. Leia o artigo na íntegra e identifique as vantagens e desvantagens do uso dos grupos focais on- line. O material está disponível no seguinte link: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1807-17752 009000100002&script=sci_arttext>. Observação: este exercício é para ampliação de seu conhecimento e, por isso, não precisa ser entregue. NA PRÁTICA Que tal pesquisar empresas que já realizaram grupos focais e ver o que aprenderam com eles? Então, procure na Internet alguns casos para conhecer mais possibilidades que essa técnica pode proporcionar. Observação: este exercício é para ampliação de seu conhecimento e, por isso, não precisa ser entregue. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1807-17752009000100002&script=sci_arttext 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15 FINALIZANDO Nesta aula, você aprendeu a técnica de coleta de dados conhecida como focus group (ou grupo focal), oriunda da sociologia e muito utilizada em pesquisas de mercado, pois traz muitas informações. Também entendeu a diferença entre roteiro e questionário e até conheceu algumas dicas de como fazer um bom roteiro. Este é essencial para várias estratégias de pesquisa qualitativa, como entrevistas em profundidade e grupo focal. Na sequência, você identificou como pode analisar os dados qualitativos, além de dicas interessantes para fazer um relatório e apresentá-lo. Como ressaltamos em vários momentos da aula, a pesquisa qualitativa, por ser extremamente flexível, não possui regras fixas a serem seguidas em relação ao seu roteiro, relatório e apresentação. No entanto, é relevante conhecer dicas que irão ajudá-lo caso seja necessário contratar pesquisadores ou até mesmo se você se propuser realizar alguma pesquisa qualitativa. REFERÊNCIAS ABREU, N. R.; BALDANZA, R.F.; GONDIM, S. M. Os grupos focais on-line: das reflexões conceituais à aplicação em ambiente virtual. Journal of Information Systems and Technology Management, v. 6, n. 1, p. 5-24, 2009. ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. DIAS, C. A. Grupo focal: técnica de coleta de dados em pesquisas qualitativas. Informação & Sociedade, v. 10, n. 2, p. 141-158, 2000. GODOY, A. S. Estudo de caso qualitativo. In: GODOI, C. K.; BANDEIRA–DE-MELLO, R.; SILVA, A. B. (Org.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 115-143. IGNACIO, E. A arte de elaborar roteiros de pesquisa qualitativas. LinkedIn, 31 jan. 2018. Disponível em: <https://pt.linkedin.com/pulse/arte-de-elaborar-roteiros-pesquisa-qualitativas- elizete- ignacio#:~:text=No%20entanto%2C%20%C3%A9%20importante%20dizer%20o%20que%20um%20r 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15 oteiro%20n%C3%A3o%20%C3%A9.&text=O%20roteiro%20de%20pesquisa%20n%C3%A3o,quest%C 3%B5es%20que%20n%C3%A3o%20estavam%20previstas>. Acesso em: 25 jan. 2021. KIND, L. Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista, v. 10, n. 15, p. 124-138, 2004. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. MANZINI, E. J. Entrevista semiestruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PESQUISAS E ESTUDOS QUALITATIVOS, 2., Bauru, 2004. Anais... Bauru: USC, 2004. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Instituicao/Docentes/EduardoManzini/Manzini_2004_ entrevista_semi-estruturada.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2021. MATTOS, P. L. Análise de entrevistas não estruturadas: da formalização à pragmática da linguagem. In: GODOI, C. K.; BANDEIRA–DE-MELLO, R.; SILVA, A. B. (Org.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 347-373. MORGAN, D. Focus groups as qualitative research. Newbury Park, CA: Sage, 1997. OLIVEIRA, A. A.; LEITE FILHO, C. A.; RODRIGUES, C. M. O processo de construção dos grupos focais na pesquisa qualitativa e suas exigências metodológicas. In: ENCONTRO DA ANPAD, 31., Rio de Janeiro, 22-26 set. 2007. Anais... Maringá: ANPAD, 2007. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EPQ-A2615.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2021. ROSO, A. Grupos focais em Psicologia Social: da teoria à prática. Psico, v. 28, n. 2, p. 155-169, 1997. TRAD, L. A. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Physis – Revista de Saúde Coletiva, v. 19, n. 3, p. 777-796, 2009. 19/09/2021 18:02 UNINTER - PESQUISA DE MERCADO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15
Compartilhar