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Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador Valadares Departamento de Economia Prof.: Geraldo Moreira Bittencourt PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia,7ª edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. (Capítulo 12) VARIAN, Hal R. Microeconomia: uma abordagem moderna, 9ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. (Capítulo 25) 1) Considerações Iniciais É uma estrutura de mercado, sob concorrência imperfeita, que apresenta: Equilíbrio de curto prazo com aspectos de Monopólio. 1) Cada firma é a única produtora da sua própria marca ou versão diferenciada de certo bem ou serviço, sendo esta diferenciação de acordo com a qualidade, localização, aparência (design), reputação, propaganda, entre outro critérios. 2) Neste sentido, os produtos que as firmas vendem são diferenciados, substituíveis uns pelos outros, mas não são, entretanto, substitutos perfeitos, ou seja, não são idênticos (homogêneos). 3) Logo, as firmas apresentam poder de mercado (P > CMg), o que gera lucro positivo no curto prazo. Equilíbrio de longo prazo com aspectos de Concorrência Perfeita. 1) Há livre entrada e saída das firmas nesta estrutura de mercado. 2) Número de firmas elevado, ou seja, muitos concorrentes no mercado. 3) Lucro tendendo a zero no longo prazo. 1) Considerações Iniciais A diferenciação é a palavra-chave do mercado sob concorrência monopolística, onde o tamanho do poder de mercado depende do grau (sucesso) da diferenciação frente a concorrência. Exemplos dessa estrutura de mercado são comuns no dia a dia do consumidor: a) Mercado de creme dental, café em pó, antigripais, sabonetes, desodorantes, ... b) Comércio varejista, restaurantes, bares, prestadores de serviços, onde cada firma diferencia na qualidade, localização, aparência (design), reputação, propaganda, atendimento, infraestrutura, entre outro critérios. Observação: Uma diferença importante da estrutura de concorrência monopolística para o oligopólio é o fato de que nesta última há barreiras de escala e custos de produção. Ou seja, no oligopólio é muito mais difícil que uma firma entre no mercado lançando uma versão concorrente de certo bem ou serviço. 2) Equilíbrio no curto prazo e longo prazo, sob Concorrência Monopolística Longo Prazo Curto Prazo - Demanda negativamente inclinada para o produto de cada firma. - Há poder de mercado, cada firma estabelece o P*C.M. do seu produto. - Logo, no curto prazo, como P > CMe, a firma obtém lucro positivo. - Lucro + induz a entrada de concorrentes com produtos substitutos. - Com mais firmas, a demanda de cada torna-se mais elástica (plana). - Logo, no L.P., lucro tende a zero pois o P = CMe. - Porém, ainda há poder de mercado pois (P*C.M. = CMe) > CMg - O que gera ineficiência, onde o peso morto é o custo social da C.M. $ CMg CMe RMg Q D = RMe = P CMe Lucro > 0 RMg = CMg $ CMg CMe RMg Q P*C. Perf. RMg = CMg Q*C. Perf. P*C. M. Q*C. M. Q*C. M. P*C. M. P = CMe Lucro Zero D = RMe = P Peso Morto Capacidade ociosa (menor escala de produção) É o custo da diferenciação. 3) Equilíbrio de longo prazo: Conc. Monopolística X Conc. Perfeita Longo Prazo: Conc. Monopolista Longo Prazo – Conc. Perfeita - Demanda da firma é plana (perfeitamente elástica). - Logo, não há poder de mercado (pois P = CMg) e o lucro é zero (pois P = CMe). - Portanto, o equilíbrio de L.P. sob concorrência perfeita é eficiente no sentido de Pareto, onde demanda e oferta do produto se coincidem no ponto em que P = CMeMínimo $ CMg CMe Q D = RMe = P = RMg $ CMg CMe RMg Q P*C. Perf. RMg = CMg Q*C. Perf. Q * C. M. P*C. M. P = CMe Lucro Zero D = RMe = P Peso Morto Capacidade ociosa (menor escala de produção) É o custo da diferenciação. P*C. Perf. Q*C. Perf. P = RMg = CMg = CMe Lucro Zero - Na competição monopolística, a concorrência faz com que cada firma perca parcela de mercado e seu lucro tenda a zero. - Embora haja lucro zero no L.P., a firma em conc. monopolista detém poder de mercado e demanda negativamente inclinada. - Na prática, o empresário inovador não deixará o lucro chegar a zero, pois sempre estará diferenciando a versão do seu produto. - A ineficiência no sentido de Pareto, representa o custo social (peso morto) dos mercados em concorrência monopolística. Conclusões: 4) Competição Monopolística X Eficiência Econômica Existem duas fontes de ineficiência que geram o custo social (peso morto) na concorrência monopolística: 1) P > CMg fazendo com que a demanda não seja totalmente atendida. 2) Capacidade ociosa o nível de produção de cada firma é menor que o nível capaz de alcançar o CMeMínimo. Contudo, pode-se dizer que a competição monopolística é indesejável? Não, pois: a) Em geral, o peso morto (ineficiência) e o poder de mercado das firmas não são tão elevados. b) Além disso, a competição monopolística gera o grande benefício da diversidade de produtos e estimulo à inovação. 5) Modelo de Diferenciação de Produtos por Localização SITUAÇÃO 1: Alguns sorveteiros, com carrocinhas, querem vender seus sorvetes em um calçadão ao longo de uma praia, onde os consumidores se distribuem de maneira homogênea. Se um desses sorveteiros (A) recebesse a concessão para trabalhar no local, onde ele deveria ficar? Se agora 2 sorveteiros (A e B) recebessem a permissão para trabalhar no local, com preços tabelados para os sorvetes e apenas seja perguntado onde eles deveriam ficar para minimizar a distância total percorrida pelos consumidores, qual seria a localização escolhida? No entanto, este padrão socialmente ótimo não é um equilíbrio final. O equilíbrio ocorrerá quando os vendedores estiverem na mesma localização no calçadão, muito provavelmente no meio do calçadão. Pois, se A mover-se para a direita, este aumenta sua parcela de mercado e o mesmo ocorre com B, se este mover- se para esquerda, aumentará sua parcela de mercado sem perder os clientes de antes. Neste caso, a competição pelos clientes resulta num padrão ineficiente de localização e no final tem-se: A 0,5 0,5 A B 0,5 0,5 A B 0,25 0,25 0,25 0,25 A localização ótima seria na metade do calçadão, minimizando a distância total a ser percorrida por todos os consumidores. Esta seria a melhor situação para os consumidores, onde aquele que estiver na metade do caminho entre os dois sorveteiros será indiferente entre eles. E cada sorveteiro terá metade da fatia de mercado. Neste caso, os consumidores acabam andando duas vezes mais. 5) Modelo de Diferenciação de Produtos por Localização Este é o Princípio da Diferenciação Mínima de Hotelling: Onde novos produtos tendem a ser muito parecidos com os primeiros, para que tenham tantos compradores quanto possível. Desse modo, fazendo um paralelo com um mercado em competição monopolística, tem-se que, pelo Princípio da Diferenciação Mínima de Hotelling, este mercado resultaria em pouquíssima diferenciação de produtos. Como exemplo, pode-se pensar no caso de mercados onde há demasiada imitação em relação ao produto pioneiro ou produto padrão. Observação importante: No caso de três firmas (sorveteiros), não é possível assegurar a estabilidade de um equilíbrio estratégico puro no modelo de localização de Hotelling, dado que em qualquer configuração pelo menos uma das empresas deseja mudar (desviar) sua localização. Se houver quatro ou mais concorrentes, surgirá necessariamente um padrão de localização de equilíbrio. A C B 5) Modelo de Diferenciação de Produtos por Localização SITUAÇÃO 2: no entanto, os mercados nem sempre funcionam desta forma. Suponhamos agora que a localização seja fixa e os preços possam variar, além disso, o calçadão sejamuito extenso. Resposta: Não ocorrerá o princípio da diferenciação mínima, pois se os vendedores estiverem muito distantes e não desejarem colocar seus preços tão baixos, a ponto de cobrir os custos de transporte dos consumidores, o lucro não aumentará tanto. Logo, eles escolherão se localizar nos extremos do calçadão, praticando a diferenciação (distanciamento) máxima, estabelecendo preços particularmente diferentes e evitando a concorrência direta. Desse modo, fazendo um paralelo com um mercado em competição monopolística, este mercado seria marcado pela diferenciação excessiva de produtos. Ou seja, com objetivo de elevar o poder de mercado, as firmas em competição monopolística tentariam convencer os clientes (por meio da diferenciação máxima possível) que seu produto é único, sem substituto próximo, podendo, assim, cobrar preços mais elevados e evitar a concorrência direta. *CONCLUSÃO: A competição monopolística pode, geralmente, resultar em uma diferenciação de produtos muito grande ou muito pequena.
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