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AMEBÍASE - Parasitologia Médica

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PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C   
AMEBÍASE   
Entamoeba histolytica  
★ Introdução  
O objetivo desse material é tratarmos da amebíase.                
Uma doença produzida por uma espécie de ameba                
chamada Entamoeba histolytica , que é altamente            
agressiva dependendo da cepa dessa ameba ao              
organismo humano, podendo trazer grandes          
prejuízos à saúde e inclusive determinar óbito na                
dependência do quadro clínico por ela desenvolvido.  
  
Estima-se, a OMS, que 10% da população mundial                
esteja sofrendo de parasitismo por amebíase. Alguns              
indivíduos com formas graves e outros indivíduos,              
entretanto, com formas assintomáticas.   
  
★ Classificação taxonômica   
Reino: Protozoa - é um protozoário   
Filo: Sarcomastigophora (pseudópodes ou flagelos) -            
caso as amebas se locomovem emitindo            
pseudópodes, sendo essa uma característica          
marcante do grupo das amebas.    
  
⇨ Isso nos leva a deduzir que o formato dos                    
trofozoítos desses protozoários, das formas ativas,            
das formas móveis, daquelas que se alimentam,              
daquelas que se multiplicam é irregular. Então não                
há um formato padrão das amebas por causa dessa                  
emissão de pseudópodes.   
  
Subfilo: Sarcodina (pseudópodes) - temos os            
protozoários que emitem exclusivamente os          
pseudópodes, daí as amebas estarem colocadas neste              
grupo.   
Ordem: Amoebida  
Família: Entamoebidae  
Espécie: Entamoeba histolytica - ameba intestinal, é              
capaz de eliminar no seu meio extracelular enzimas                
proteolíticas que vão determinar destruição das            
células epiteliais do intestino quando essa ameba se                
comporta como patogênica e isso vai determinar              
lesões importantes na parede do intestino. São              
parasitos de intestino grosso e vivem nessas              
condições de anaerobiose realizando suas funções            
vitais a base das células epiteliais, eventualmente              
invadindo o epitélio intestinal, destruindo o epitélio              
intestinal podem chegar até a mucosa,            
determinando, inclusive, a invasão dos vasos            
sanguíneos por parte dos trofozoítos, passando a se                
nutrir de hemácias e poderão eventualmente migrar              
para outros órgãos, que não o intestino, por exemplo                  
o fígado determinando o chamados abscessos            
hepáticos amebianos, doença que pode atingir cunho              
grave; ou os trofozoítos da entamoeba histolytica              
podem se comportar como comensais na            
dependência da cepa de ameba, vivendo            
exclusivamente às custas de restos de células              
intestinais e das bactérias que compõem a nossa                
flora bacteriana.   
Doença: Amebíase - presença dos trofozoítos desses              
protozoários no intestino grosso de seres humanos,              
também já foi registrado a presença em outros                
animais, apesar de não conhecer a patogenicidade da                
entamoeba histolytica para outros animais, mas já foi                
registrado em cães, por exemplo. Essa doença pode                
ser sintomática ou assintomática, pode atingir,            
inclusive, cunho grave e levar o indivíduo à morte.   
  
★ Gênero Entamoeba  
Só para termos uma ideia dentro do gênero                
Entamoeba há várias espécies de ameba, abaixo              
destacamos aquelas que são mais importantes:   
  
1. Entamoeba com cistos contendo oito núcleos ,              
também chamada grupo coli : E.coli (homem), E.muris              
(roedores) e E.gallinarum (aves domésticas).  
  
- E.coli : a sua característica é que ela é                
comensal no nosso intestino, ela não é              
patogênica , não produz doença .   
Então vamos comentá-la apenas para dizer da sua                
importância do registro no exame parasitológico de              
fezes de uma E.coli no organismo humano. Essa E.coli                  
tem íntima relação com o intestino grosso humano ,                
se você tem E.coli significa que ingeriu algum                
alimento ou bebeu água contaminada com cistos              
desse protozoário , esse cisto contém 8 núcleo (forma                
cística, forma de resistência) e esse cisto só pode ser                    
oriundo do organismo de um ser humano que esteja                  
contaminada por essa ameba , que tem essa ameba                
frequentado o seu intestino. Isso indica má qualidade                
da água e dos alimentos que esteja consumindo. É                  
comensal, não produz doenças.   
  
2. Entamoeba de cistos com quatro núcleos ,              
também chamada grupo histolytica : E.histolytica          
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(homem), E.díspar (homem), E.ranarum (sapo e rã),              
E.invadens (cobra e répteis) e E.moshkoviskii (vida              
livre).   
  
- E.histolytica que o nosso alvo: ela pode se                
comportar como comensal , mas na          
dependência da cepa ela é patogênica , vai              
produzir amebíase .  
- E.díspar : ela é comensal no intestino grosso              
humano  
Acontece que E.histolytica e E.díspar são            
indistinguíveis morfologicamente . Então há casos          
em que o indivíduo supostamente tem uma amebíase                
intestinal sem sintomas, assintomático, mas na            
verdade o que ele tem no seu intestino é a E.díspar ,                      
por isso mesmo que quando se faz o diagnóstico de                    
amebíase em um indivíduo deve-se colocar no              
exame laboratorial que só foi feito o exame                
parasitológico de fezes observando cistos do            
protozoário E.histolytica/E.díspar como diagnóstico ,        
só consegue distinguir as espécies por PCR, fazendo                
um PCR consegue fazer a distinção.   
  
É fundamental que a essa altura esse indivíduo seja                  
tratado para E.coli não há necessidade , mas para                
E.histolytica a presença dela sempre demanda            
tratamento, independentemente se o indivíduo está            
manifestando um quadro patogênico/clínico da          
doença . Então a E.histolytica e E.díspar costumam              
aparecer no intestino humano , quando a E.díspar              
sendo esta comensal, se alimentando de raspas e                
restos de células, de bactérias; e a E.histolytica tem a                    
tendência de agredir as células intestinais ese                
espalhar   
  
- Alguns citam a possibilidade da          
E.moshkoviskii também no organismo        
humano se comportando como comensal,          
não patogênico. 
  
3. Entamoeba de cisto com um núcleo : E.polecki                
(porco, macaco e, eventualmente, humanos), E.suis            
(porco, para alguns sinonímia de E.polecki )  
  
- A E.polecki que alguns indivíduos dizem que              
pode parasitar intestino humano, mas na            
literatura há muito pouco sobre isso.   
  
4. Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou                
não possuem cistos (não produzem formas de              
resistência): E.gingivalis (humanos e macacos) - está              
presente na nossa flora oral, está presente              
juntamente com as bactérias na nossa boca, em geral                  
ela se nutre dessas bactérias, mas alguns              
odontólogos afirmam que essa E.gingivalis possa            
produzir infecções gengivais e infecções dentárias,            
isso não está comprovado e de qualquer forma é                  
mais uma entamoeba que existe no nosso organismo.   
  
★ Entamoeba histolytica  
  
Formas : Entamoeba histolytica  
Trofozoíta : uninucleado, e, em caso de disenteria,              
com eritrócitos fagocitados. Divisão binária. Mede 12              
a 50 micra.   
Pré-cisto : fase intermediária entre trofozoíto e cisto  
Cisto : com até 4 núcleos. Mede 10 a 14 micra   
Metacisto : forma multinucleada que emerge do cisto              
no intestino delgado. Origina os trofozoítos.   
  
As formas do protozoário no organismo humano são                
quatro, basicamente;   
  
A primeira é o trofozoíto que é a forma móvel, a                      
forma ativa, forma que vai produzir lesões              
eventualmente no organismo humano; ele é            
uninucleado e quando se tem a disenteria amebiana,                
ou seja, o parasito está praticando a sua ação sobre                    
organismo do hospedeiro, parasitando, produzindo          
quadros clínicos, ela vai conter em seu interior                
eritrócitos fagocitados, então um achado de um              
trofozoíto de Entamoeba histolytica que contenha            
eritrócitos já dirige para o diagnóstico dessa ameba.   
  
Esses trofozoítos se multiplicam por divisão binária              
e medem entre 12 e 50 micra, seu formato é                    
irregular, de diâmetro.   
  
O pré-cisto vai ser o intermediário entre o trofozoíto                  
quando atinge principalmente a região do colón por                
desidratação, esse trofozoíto acaba formando um            
pré-cisto que inicialmente é uninucleado. Então é              
uma estrutura intermediária entre o trofozoíto e o                
cisto que é aquela estrutura que vai ser eliminada                  
junto com as fezes humanas.   
  
Esse pré-cisto vai se formar e vai evoluir para um                    
cisto.   
  
Esse cisto será a estrutura de resistência,              
inicialmente conterá dois núcleos e posteriormente            
quatro núcleos. Por nucleotomia, o núcleo inicial do                
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trofozoíto que mudou para pré-cisto sofre            
nucleotomia, dando um cisto com dois núcleos e                
posteriormente o cisto com dois núcleos dá um cisto                  
com quatro núcleos. Medidos de 10 a 14 micra de                    
diâmetro. Esse cisto com quatro núcleos é a forma                  
infectante para a Entamoeba histolytica .   
  
Sendo ingerido esse cisto com quatro núcleos,              
chegando às porções iniciais do intestino delgado do                
indivíduo; esse cisto vai liberar uma forma chamada                
metacistica .  
  
Esse metacisto vai sofrer uma nova nucleotomia              
passando a ter oito núcleos e de cada um desses                    
núcleos uma faixa de citoplasma é incorporada a                
cada um desses núcleos dando origem aos              
trofozoítos que serão oito. A partir de um único cisto                    
o indivíduo vai ganhar oito trofozoítos de presente.   
  
Então é um protozoário que a carga parasitária dele                  
tende a crescer muito rapidamente porque já na sua                  
forma de resistência e na liberação da estrutura                
interna dessa forma de resistência você terá a                
possibilidade de uma grande quantidade de            
trofozoítos.   
  
★ Trofozoíto   
Aqui um detalhe da        
Entamoeba histolytica com      
seu formato irregular e há          
vários fagossomas no      
interior, então ela passa o          
tempo todo fagocitando      
estruturas e pode fazê-lo        
com células intestinais.  
  
Nesta outra imagem os        
trofozoítos visto a      
microscopia óptica já      
desestruturando células    
intestinais e presente já no          
conjuntivo do intestino      
grosso. Na imagem já estão com um formato                
redondinho, uninucleado, é uma ameba, estão com              
esse formato por conta da coloração e da fixação do                    
material biológico para a análise microscópica.   
  
★ Cisto  
  
Aqui um indivíduo que seria um pré-cisto              
com um núcleo só.   
★ Cistos com 2 e 4 núcleos   
  
  
Aqui já um cisto binucleado - 2              
cistos  
  
  
  
  
  
Aqui um cisto com quatro          
núcleos. Que é o cisto ou forma              
infectante para os seres        
humanos. Se ingerir esses        
cistos juntamente com água ou          
alimentos contaminados por      
fezes humanas de um indivíduo          
parasitado , esses cistos estarão presentes e o                
indivíduo vai adquirir a infecção por Entamoeba              
histolytica .   
  
★ Habitat   
  
Vivem no lúmen do intestino grosso (ceco, cólon,                
sigmóide e reto), podendo adentrar a mucosa e                
produzir ulcerações intestinais.   
  
Podem invadir a corrente sanguínea e se instalar no                  
fígado, rins, pulmão, e, mais raramente, no cérebro e                  
até na pele.  
  
Vivem no lúmen do intestino grosso, principalmente              
na região do ceco, sigmóide e reto. Vão colonizar o                    
cólon em cargas parasitárias muito elevadas, mas              
preferencialmente no ceco, sigmóide e reto é que                
vamos encontrar as maiores populações de            
Entamoeba histolytica no organismo.   
  
Podem adentrar a mucosa intestinal, então, as que                
vivem no lúmen do intestino podem adentrar a                
mucosa intestinal e produzir as ulcerações. Essas              
ulcerações intestinais podem levar a ruptura de alças                
intestinais.   
  
Esses indivíduos que invadiram a mucosa podemcair na corrente sanguínea e se instalar em órgãos                  
como fígado, rins, pulmão e mais raramente no                
cérebro, onde vão determinar amebíase          
extra-intestinal, mas caracteristicamente essa        
amebíase extra-intestinal ocorre no fígado formado            
os abscessos hepáticos amebianos.   
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★ Nutrição  
  
Ingestão de partículas sólidas, eritrócitos, bactérias e              
restos celulares.   
  
A nutrição desses trofozoítos, basicamente que            
vivem no lúmen do intestino grosso ingerem              
partículas sólidas, restos de células intestinais e              
bactérias, mas aqueles que invadem a mucosa e                
passam a frequentar os tecidos conjuntos do              
indivíduo vão se nutrir fundamentalmente de            
eritrócitos que vão ser encontrados no citoplasma.   
  
★ Ciclo biológico   
  
- O indivíduo ingeriu cistos maduros em água ou                  
alimentos contaminados, esses cistos tem 4 núcleos;   
  
- ocorre o desencistamento no final do intestino                
delgado e início do intestino grosso a liberação do                  
metacisto ;   
  
- esse metacisto que antes tinha 4 núcleos vai sofrer                    
uma divisão nuclear , uma nucleotomia e vai dar                
origem a 8 trofozoítos ;   
  
- esses trofozoítos metacistos podem seguir dois              
caminhos na dependência da cepa de Entamoeba              
histolytica :   
 - Eles podem colonizar o intestino grosso              
como comensais , viver às custas de restos celulares,                
bactérias e partículas sólidas que estejam no              
intestino;   
 - chegando às porções finais do intestino              
grosso vão originar pré-cistos ;   
 - esses pré-cistos por sua vez vão dar origem                  
a cistos que vão ser eliminados nas fezes.   
  
Uma outra possibilidade é que:   
 - esses trofozoítos colonizem o lúmen do              
intestino e atacam as células epiteliais desse              
intestino determinando as ulcerações , também          
haverá a formação de pré-cistos que serão              
eliminados nas fezes .   
  
A outra possibilidade é que:   
- esses trofozoítos invadem a mucosa ,            
chegando na submucosa intestinal e chegam            
na corrente circulatória  
- caindo na corrente circulatória esses            
trofozoítos determinaram a amebíase        
extra-intestinal   
- se comportarão exclusivamente como          
hematófagos , vão se alimentar de eritrócitos ,            
vão fagocitar eritrócitos e vão determinar a              
doença extra-intestinal, principalmente no        
fígado nos abscessos hepáticos amebianos .   
  
- Esses indivíduos interiorizados no          
organismo do hospedeiro não produzirão          
cistos . Vão se manter só se multiplicando o                
que acaba agravando o quadro clínico porque              
eles vão lisar (como o próprio nome diz                
histolytica) os tecidos dos órgãos que eles              
estiverem presentes.    
  
★ Epidemiologia da amebíase   
Então temos a amebíase intestinal assintomática;            
amebíase intestinal patogênica e a amebíase            
extra-intestinal.   
  
As principais fontes de infecção amebiana são os                
pacientes crônicos, os assintomáticos e os indivíduos              
portadores sãos. Por isso que é necessário que                
mesmo que o indivíduo não esteja manifestando              
quadro clínico que ele realiza exames parasitológicos              
de fezes anuais e se ele estiver presente em áreas de                      
risco, como áreas de baixo índice socioeconômico ou                
áreas sem sanitização o risco para a infecção dessa                  
parasitose é muito grande. Então é bom que esse                  
indivíduo seja investigado constantemente para          
receber o tratamento adequado.   
  
Muito importante que quando um indivíduo com              
amebíase na família seja diagnosticado que os outros                
se tratem porque o risco deles estarem parasitados é                  
muito grande.   
  
A transmissão é através das mãos sujas, ora por água                    
e alimentos contaminados e as moscas e baratas,                
mais uma vez, podem veicular mecanicamente o              
parasitismo.   
  
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Na imagem podemos ver o indivíduo defecando ao ar                  
livre, as moscas veiculando os cistos ou as fezes                  
contaminando a água; o indivíduo ingerindo essa              
água ou as fezes contaminando os alimentos; e                
podemos ver o cisto com quatro núcleos; liberação                
no final do intestino delgado do metacisto;              
multiplicação; formação de oito trofozoítos; os            
trofozoítos vão fazer o ciclo direto dando novos                
trofozoítos por divisão binária; chegando às porções              
finais do intestino grosso originando novos cistos ou                
invadem a mucosa caem na corrente circulatória e                
vão dar origem a amebíase extra-intestinal a              
presença desses trofozoítos em outras regiões do              
corpo.   
  
★ Patogenia   
As ações que a entamoeba exerce sobre o hospedeiro                  
é basicamente a ação traumática, ação inflamatória e                
ação espoliativa. Essas ações vão ser mais ou menos                  
intensas na dependência de vários fatores:   
- a Idade , por exemplo, estima-se que a faixa                
etária entre 20 e 50 anos seja mais favorável                  
para quadros mais graves de amebíase.   
Apesar de afetar a saúde de crianças, e afeta com                    
certeza, mas entre 20 e 50 anos temos casos clínicos                    
mais numerosos, segundo a literatura.   
- Estado imunológico : indivíduos      
imunodeprimidos, indivíduos que tenham        
tratamento com corticóides, aqui é          
importante a exemplo do strongyloide          
stercoralis a exemplo desse parasito a ameba              
também terá um comportamento muito mais            
agressivo em indivíduos imunodeprimidos;        
havendo a tendência do desenvolvimento da            
amebíase extra-intestinal nesses casos.   
- Estado nutricional : aqui existem duas          
vertentes, os indivíduos desnutridos vão          
sofrer mais com a amebíase (sistema            
imunológico fragilizado, a perda de peso, o              
mau funcionamento do organismo, a          
fisiologia orgânica alterada vai gerar esse            
problema), mas também o tipo de alimentoque o indivíduo ingere.   
Durante um quadro clínico de amebíase um              
indivíduo não deve ingerir grandes taxas de              
carboidratos e nem de fibras, isso vai fazer aumentar                  
a carga por Entamoeba histolytica ; por outro lado a                  
alimentação desse indivíduo deverá ser rica em              
vitaminas, sobretudo C e proteínas, isso inibe a                
multiplicação da Entamoeba histolytica e melhora o              
quadro clínico do paciente.   
  
O estado nutricional vai garantir ao indivíduo              
desnutrido o aumento da carga parasitária, mas a                
correção da nutrição desse indivíduo, retirada da              
dieta carboidratos e fibras, e acrescentar vitaminas e                
proteínas vai trazer uma melhora do seu quadro                
clínico.   
  
- Raça : estima-se que indivíduos da raça            
branca sejam mais frequentemente afetados          
pelas formas graves de E.histolytica do que              
outras raças, mas há especulações sobre isso,              
sem dados contundentes.   
- Sexo : em relação a sexo indivíduos do sexo                
masculino tem maior tendência a          
desenvolver quadros clínicos graves na          
amebíase extra-intestinal, a despeito de          
indivíduos do sexo feminino. Entretanto há            
variações quanto a gravidez, etc.   
  
Em relação a Entamoeba histolytica a patogenicidade              
dela, ou seja, a sua agressividade também pode ser                  
mediada pela flora bacteriana associada, assim            
estando presente E.coli, Shigela, Salmonella,          
Clostridium e Enterobacter, essas bactérias          
potencializam as ações da ameba determinando            
quadros clínicos mais graves de amebíase.            
Obviamente que essas bactérias também são            
produtoras de quadros clínicos nos seres humanos.   
  
Os quadros clínicos costumam se assemelhar entre a                
Entamoeba histolytica e essas bactérias havendo a              
necessidade de um diagnóstico diferencial, porque            
bactérias vamos tratar com antibióticos, já a ameba                
vai ser tratada com antiprotozoário, mas a presença                
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de qualquer uma dessas bactérias ou de algumas                
delas em conjunto potencializam a ação da ameba e é                    
passível de acontecer do indivíduo ter essas              
bactérias e a ameba conjuntamente. A distinção pelo                
exame parasitológico de fezes é simples, as bactérias                
não produzem cistos, já as amebas sim, cistos com                  
quatro núcleos, dirige para o diagnóstico de              
Entamoeba histolytica ou Entamoeba díspar .   
  
★ Sintomatologia  
As lesões que a ameba produz na mucosa intestinal                  
são ulcerações conhecidas como “botões de camisa”              
ou “colo de garrafa”, isso acontece principalmente no                
ceco essas lesões. Ou podem produzir quando estão                
mergulhadas no intestino massas granulomatosas          
por conta da reação inflamatórias chamadas            
amebomas; esses amebomas são pouco comuns, mas              
alguns deles podem atingir diâmetros de 4/5 cm e                  
isso pode gerar a obstrução do intestino. Então as                  
amebas estão lá no conjuntivo, a reação inflamatórias                
a elas determinam a formação dessas massas              
tumorais, granulomatosas que vão se aproximar de              
4/5 cm de diâmetro na dependência das              
características imunológicas, da faixa etária do            
paciente, entre outras, determinando doença          
gravíssima.   
  
Essas úlceras conhecidas como “botão de camisa” ou                
“colo de garrafa” são muito características da ameba.   
  
Na sintomatologia existem formas assintomáticas          
em que o protozoário está se comportando como um                  
comensal e formas sintomáticas.   
  
Então se tem na amebíase intestinal a colite                
amebiana disenterica com 8, 10 ou mais evacuações                
por dia; colite amebianas não disentéricas com 2 a 4                    
evacuações por dia; pode haver a formação de                
amebomas; pode haver apendicite amebiana dentro            
desse contexto das colites; e além disso, pode haver                  
febre e tenesmo nesses quadros clínicos, sobretudo              
na colite disentérica que é uma forma mais grave de                    
amebíase.   
  
A complicação oriunda dessa colite disentérica em              
geral é perfuração da parede intestinal, peritonite e                
hemorragia.   
  
Na amebíase extra-intestinal quando as amebas            
caem na corrente circulatória e migram para outro                
órgãos, podemos ter:   
● o abscesso hepático amebiano (amebíase          
hepática), que é um dos mais frequentemente              
diagnosticado;   
  
● amebíase cutânea com lesões na pele, na              
região anal ou no períneo, então as amebas                
vão chegar até essas regiões vinda do              
intestino, elas não vão ser exteriorizadas            
juntos com as fezes do indivíduo, elas vão                
fazer esse ciclo migratório interno,          
atravessando a parede do intestino, via            
corrente circulatória e chegando até essas            
regiões, principalmente região anal e períneo.            
Isso porque as infecções de sigmóide e reto                
são muito frequentes, então a proximidade            
bastante grande com essas regiões as amebas              
acabam por atingir, vão ser formadas lesões              
ulcerativas e quando colhe o material dessas              
úlceras você identifica trofozoítos da          
E.histolytica .   
  
● amebíase em outros órgãos: pulmões,          
cérebro, etc que podem determinar quadros            
clínicos gravíssimos. (amebíase      
extra-intestinal)  
  
Aqui temos o perfil clínico, as manifestações clínicas                
de um indivíduo que tem amebíase intestinal :   
  
* sangue oculto ou macroscópico nas fezes: já que as                  
amebas lisam as células epiteliais e também o                
conjuntivo haverá sangramento nas fezes.   
* não há perda de peso porque é um parasito de                    
intestino grosso, é óbvio que essas disfunções a                
partir do processo inflamatório e as ulcerações no                
intestino vão determinar náuseas e eventualmente            
vômitos, cólicas intestinais que vão impedir o              
indivíduo de se alimentar normalmente, mas isso              
não quer dizer que ele vá perder peso por falta de                      
absorção de nutrientes porque é um parasito de                
intestino grosso.   
  
  
  
  
  
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PARASITOLOGIA MÉDICABruna Pitanga MED 104C   
Aqui temos os achados na amebíase hepática              
(extra-intestinal):   
  
* indivíduos que vão para áreas onde há amebíase,                
mas nunca experimentaram ter uma infecção por              
Entamoeba histolytica antes - então é uma              
característica de doença do viajante.   
* tosse independente de ela estar nos pulmões  
* a sorologia é o principal exame utilizado para o                  
diagnóstico de amebíase hepática e outros órgãos ou                
prova de imagem  
* elevação de diafragma na radiografia torácica            
independentemente do aparecimento do        
comprometimento pulmonar.   
  
★ Resumo  
A infecção pode ser:   
- assintomática   
- colite amebiana não-disentérica : diarréia/CI        
(com alternância com constipação intestinal);          
dores abdominais; sangue e muco nas fezes   
- colite amebiana disentérica (com mais de 10              
evacuações por dia): febre, fezes          
mucopiosanguinolentas (já está havendo        
colonização por bactérias naquelas lesões de            
“botão de camisa” ou “tampa de garrafa” e                
posteriormente essas lesões vão se unindo e              
vão determinar a formação de úlceras), cólica,              
tenesmo, perda de peso   
- colite necrotizante : febre elevada, diarréia          
com sangue e muco e purulência, e dor de                  
ovo podre ( muito grave - vai haver necrose                
dos tecidos intestinais por conta desse            
assédio das amebas e presença de bactérias e                
também por conta da eliminação de enzimas              
proteolíticas pelas amebas e a reação            
inflamatória violenta). Se não tratada com            
urgência potencializa grande chance de          
morte para o indivíduo  
- infecções extra-intestinais : abscesso      
hepático e outros  
Contaminação: alimentos ou água  
  
Exames: parasitológico de fezes, PCR em abscesso              
hepático; elisa (exames imunológicos - para            
identificar a espécie de ameba e ameba histolytica);                
tomografia, ultra-sonografia, (para esse abscesos          
hepáticos e amebíase extra-intestinal) e também            
pode-se realizar as colonoscopias (exames de            
imagens) para observar quadros de colite amebiana              
disentérica ou não disentérica até a colite              
necrotizante, guardados os cuidados porque o            
intestino estará muito frágil para um exame              
colonoscópico, etc  
  
★ Localização das lesões amebianas  
Aqui vemos a      
Entamoeba histolytica :    
vários trofozoítos,    
vemos o epitélio      
intestinal que foi      
lesado (lisado) e as        
amebas invadindo o      
tecido conjuntivo; elas estão redondinhas por conta              
da fixação do material biológico e da utilização de                  
corantes.   
  
Nesta outra imagem      
podemos ver as lesões em          
“Colo de garrafa” ou        
“botão de camisa” são        
lesões redondinhas,    
circunscritas e    
aprofundadas. Podemos ver bastante purulências          
nessas lesões.   
  
  
Mais um detalhe de uma lesão            
com bastante purulência.   
  
  
Nesta imagem podemos      
ver grandes úlceras      
intestinais produzidas    
pela E.histolytica , então      
vai havendo a fusão        
daquelas pequenas    
lesões, a carga parasitária crescendo e essas              
ulcerações intestinais. A gente pode observar            
claramente grande quantidade de purulência.   
  
  
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PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C   
Elevação da temperatura, a febre pode chegar a                
38/39ºC nessa colite amebiana disentérica.  
  
Aqui mais um detalhe de          
lesões purulentas na      
parede do intestino, sem        
visualização do parasito      
porque eles são      
microscópicos.   
  
  
Temos aqui uma lesão        
típica, bem característica.  
  
  
  
  
Temos aqui um      
abscesso hepático    
amebiano , quando    
você colhe material      
desse abscesso    
podemos observar a      
presença desse    
líquido que lembra calda de chocolate, bem              
característico e toda a área destruída pela Entamoeba                
histolytica em relação a essa fígado é uma doença                  
muito grave. Em geral, a correção será cirúrgica,                
existe a possibilidade de tratamento precoce,            
diagnóstico precoce, mas a correção cirúrgica            
costuma ser a mais indicada nesses casos com a                  
remoção da fração do fígado que foi afetada.   
  
Aqui um detalhe do        
abscesso hepático no      
início, ainda não      
houve supuração,    
ainda não houve      
ruptura e a gente        
observa essa lesão.   
  
Aqui temos os amebomas        
(ceco, cólon ascendente e        
sigmóide) que são aquelas        
massas granulomatosas na      
parede do intestino, as        
amebas estão na mucosa e          
na submucosa e a reação          
imunológica determina a      
formação dessas massas      
granulomatosas.  
Algumas delas podem      
atingir 4/5 cm de diâmetro.          
Nesta imagem podemos      
ver algumas lesões em        
forma de “colo de garrafa”          
ou “ botão de camisa” e            
podemos ver um ameboma        
gigantesco.   
  
Aqui na colite      
necrotizante que    
ocorre no ceco e        
no cólon    
ascendente  
tipicamente  
podemos ver a      
destruição ampla    
por Entamoeba    
histolytica , invadiu o tecido epitelial, invadiu o              
epitélio e chegou ao conjuntivo e a gente observa                  
essa grave reação do tecido, essa grave necrose e                  
muita purulência o que dá aquele odor das fezes de                    
ovo podre.   
  
  
Aqui temos as localizações dos abscesso, como:              
abscesso pulmonar, absceso subdiafragmático,        
úlceras na pele, úlceras de intestino grosso, infecção                
de apêndice; via veia porta pode se atingir a pele,                    
pulmão, cérebro porque esses trofozoítos podem cair              
na corrente circulatória, enfim, uma gama de              
quadros clínicos relacionados a Entamoeba          
histolytica .  
  
Costuma-se dizer que o indivíduo que tenha              
amebíase pulmonar o escarro desse indivíduo e o                
odor quando ele tosse, por exemplo, lembra cheiro de                  
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PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C   
morango, chocolate e algum cheiro de gelatina.              
Então é uma característica da presença de ameba                
nos pulmões por conta do seu metabolismo.   
  
★ Profilaxia  
⇨ combater moscas, baratas que veiculam os cistos;   
  
⇨ lavar bemverduras, legumes e frutas;   
  
⇨ consumir água de qualidade;   
  
⇨ sanitização, construção de redes de esgoto;  
  
⇨ fundamental o diagnóstico e tratamento dos              
indivíduos parasitados, porque se não faz esse              
diagnóstico e tratamento não resolve o problema;  
  
⇨ animais potencialmente podem veicular          
Entamoeba histolytica , então esses animais de            
companhia devem ser diagnosticados e tratados;   
  
⇨ os hábitos de higiene, como: lavar bem as mãos                    
antes das refeições.  
  
★ Diagnóstico  
⇨ Exame parasitológico de fezes - na forma                
intestinal   
  
⇨ na forma extra-intestinal - sorologia ou biópsias e                  
também exames de imagens  
  
★ Tratamento  
O tratamento é feito com Metronidazol (FLAGYL ® ) -                    
30-40 mg/Kg/dia por 7 dias.   
  
Também pode ser feito com Tinidazol, Ornidazol e                
Nimorazol ou nitrimidazina.   
  
Destacando que a Entamoeba histolytica é mais um                
protozoário monoxênico e que vai se multiplicar no                
organismo do hospedeiro garantindo permanência e            
manutenção da carga parasitária ou até aumento.   
  
É necessário que se faça o tratamento conforme a                  
indicação e que se repita o tratamento se o indivíduo                    
voltar a manifestar os quadros clínicos. E              
simultaneamente ao diagnóstico da amebíase          
intestinal deve-se fazer pesquisa para amebíase            
extra-intestinal porque esse indivíduo pode estar            
sofrendo outro quadro clínico oriundo da migração              
dos trofozoítos para outros órgãos.   
  
⇨ As formas graves requerem repouso no leito, dieta                  
branda, rica em proteínas e vitaminas, mas pobre em                  
carboidratos e fibras. Tomar líquido em abundância.   
  
Tem um detalhe que é importante destacar:   
⇨ Há dois tipos de amebicidas:   
- Amebicidas não absorvíveis, que atuam          
apenas na luz intestinal. São as            
dicloracetamidas  
Que podem ser usadas no tratamento da amebíase                
intestinal, são: Teclosan , Furamida ou furoato de              
diloxamida e Clefamida . Agem sobre os trofozoítos              
por contato, destruindo e interrompendo o ciclo              
reprodutivo do parasito na luz intestinal (agem sobre                
os trofozoítos que estão no lúmen do intestino,                
destruindo os trofozoítos).   
  
Indicados para tratar infecções assintomáticas e os              
eliminadores de cistos. Mas, por não afetarem os                
parasitos que se encontrem nos tecidos, devem ser                
associados aos amebicidas do 2 o grupo.   
  
Para a amebíase é sempre recomendado usar sempre                
dois princípios medicamentosos: um não absorvível            
para resolver o problema dos trofozoítos que estão                
no lúmen intestinal e um outro grupo de                
antiprotozoários que são os absorvíveis.   
  
- Amebicidas teciduais que, sendo absorvidos          
pelo intestino, são capazes de destruir as              
formas invasivas do parasito em qualquer            
tecido onde se encontrem.   
São os nitroimidazóis, utilizados especificamente          
para tratar amebíase (que vão fazer via sistêmica e                  
poderão destruir os trofozoítos fora do intestino na                
amebíase extra-intestinal) doença:   
- Metronidazol (Flagil ® )  
- Tinidazol (Fasigyn ® )  
- Ornidazol  
- Nimorazol (ou nitrimidazina)   
- Secnidazol   
- Nitazoxanida (Annita®): que vem sendo muito              
indicado para o tratamento da amebíase por conta                
dessa característica que parte da composição            
química faz a passagem pelo intestino e parte é                  
absorvida, então ela pode tratar tanto amebíase              
intestinal quanto amebíase extra-intestinal.   
  
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PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C   
É importante se fazer o diagnóstico da amebíase                
intestinal e iniciar o tratamento e averiguar se esse                  
indivíduo já tem uma sorologia para a amebíase                
extra-intestinal e então proceder a esse tratamento.   
  
Exigem associação com as dicloracetamidas para            
uma cura radical, visto serem rapidamente            
absorvidos no intestino delgado e não chegarem ao                
intestino grosso, onde as amebas colonizam.   
  
Referências:   
NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 12ª. ed.              
São Paulo: Atheneu, 2016.Capítulo 15; pág 137-149.              
(Biblioteca biomédica) ISBN 9788538802204   
  
REY, Luís. Bases da parasitologia médica. 3ª. ed. Rio                  
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.Capítulo 9;            
pág.97-109 ISBN 9788527706933 (AV)  
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