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Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista Atendimento em pacientes com Desordem Neurológica Convulsiva Uma desordem neurológica convulsiva é uma descarga elétrica do SNC, e dependendo da intensidade dessa descarga elétrica, tem-se sinais a nível físico, sendo caracterizada por ser bifásica. Essa desordem pode ser de origem genética, tumoral, de um sangramento ocorrido na cavidade craniana, ou uma concussão cerebral, na qual o cérebro foi jogado abruptamente pela calota craniana. Todo sal anestésico é vasodilatador e possui uma ação bifásica no SNC. Ou seja, ele pode tanto excitar quanto deprimir o sistema nervoso central. Sendo assim, quando em excesso, pode estimular o sistema nervoso central, propiciando os quadros de contração excitatória tônico-crônica, que vai ser seguida por um quadro de depressão. Desse modo, quanto maior for o quadro excitatório, maior será o nível da depressão do SNC, sendo de mesma intensidade, seguida de uma parada cardiorrespiratória, levando o paciente a óbito. Sinais e Sintomas ● Loquacidade; ● Apreensão; ● Excitabilidade; ● Fala arrastada ● Excitação generalizada com tremor e contração; ● Euforia; ● Vômito; ● Desorientação; ● Perda de resposta a estímulo ● Pressão arterial; frequência cardíaca assim como a freqûencia respiratória vão estar aumentadas; Tratamento Deve-se tranquilizar o paciente e utilizar da oxigenoterapia, além da monitoração dos sinais vitais (pulso, temperatura, PA e frequência cardíaca). Em casos mais brandos, deve-se evitar o uso de anticonvulsivantes porque eles podem potencializar os quadros de depressão do paciente. Para o paciente controlado, o tubete com a menor quantidade de sal anestésico (Lidocaína 2%, Mepivacaína 2%, Prilocaína 3%). Para isso, o sal anestésico precisa sempre estar associado a um vasoconstritor, respeitando o limite de 2 tubetes anestésicos em injeção lenta. Atendimento Odontológico a paciente gestante "Toda mulher em idade fértil é considerada grávida, até que se prove o contrário.” Durante a gravidez, a mulher passa por uma série de mudanças físicas, destinadas a prepará-la para o parto e a amamentação. A mais fácil de observar é o alargamento dos quadris e o aumento da parte inferior do abdômen à medida que o feto cresce. Os seios aumentam de volume, preparando-se para a lactação. Mudanças físicas menos evidentes dizem respeito ao rearranjo dos órgãos abdominais, que são empurrados à medida que o feto cresce. Certas alterações fisiológicas também ocorrem na gravidez. Acontece um aumento na frequência cardíaca na ordem de 10 bpm a partir da 14ª até a 30ª semana de gestação. A pressão sanguínea arterial mantém-se estável até a 30ª semana, quando a PA diastólica pode diminuir discretamente e a PA sistólica, por sua vez, aumentar levemente. Quanto à capacidade respiratória vital, esta se encontra aumentada, levando a um maior consumo de oxigênio e aumento da frequência respiratória. No entanto, todo tratamento odontológico essencial pode ser feito durante a gravidez, incluindo exodontias não complicadas, tratamento periodontal básico, restaurações dentárias, tratamento endodôntico, colocação de próteses, etc. Por uma questão de bom senso, as reabilitações oclusais extensas e as cirurgias mais invasivas devem ser programadas para o período pós-parto. Terapêutica | UFPE (2021.1) Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista Época de Atendimento O 1° trimestre de gestação não é um período adequado para o tratamento odontológico, quando a maioria das grávidas apresenta indisposição, enjôos matutinos e náuseas à menor provocação. Os tratamentos eletivos devem ser evitados devido à maior vulnerabilidade do feto, o que está relacionado com a maior incidência de abortos espontâneos. O 2º trimestre de gestação constitui-se na melhor época para o atendimento das gestantes. Nesse período a organogênese está completa e o feto, já desenvolvido. A mãe se sente mais confortável do que durante os estágios iniciais ou finais da sua gravidez. Existe apenas o perigo de hipotensão postural (ortostática) se a paciente é tratada na posição supina e houver uma mudança brusca para a posição em pé. O 3º trimestre de gravidez, particularmente nas últimas semanas, também não é o período ideal para um tratamento prolongado. Muitas pacientes, nessa época, têm a frequência urinária aumentada, hipotensão postural, inchaço nas pernas e sentem-se desconfortáveis na posição supina, devido à compressão causada pelo feto. Portanto, quando possível, todo procedimento odontológico eletivo deve ser evitado nas primeiras 12 semanas de gestação e ao final dela. Frente às urgências odontológicas (pulpites, abscessos, etc.), o tratamento não pode ser adiado, independentemente do período gestacional, pois as consequências da dor e da infecção podem ser muito mais maléficas à mãe e ao feto do que aquelas decorrentes do tratamento odontológico Horários de duração das consultas e posicionamento na cadeira As sessões de atendimento devem ser curtas, agendadas preferencialmente para a segunda metade do período da manhã, quando os episódios de enjoo são menos comuns. Outra preocupação seria a de marcar consultas para as gestantes em horários diferentes dos das crianças que frequentam o consultório, prevenindo dessa forma o possível contágio das doenças viróticas da infância (rubéola, sarampo, etc.). Nesse mesmo sentido, deve-se evitar o agendamento de consultas às gestantes quando o dentista ou auxiliar estiverem acometidos de gripe ou resfriado. Sedação Mínima em gestantes Nas gestantes que apresentam sinais de ansiedade ou medo do tratamento dentário, deve-se optar primeiramente pela verbalização ou “tranquilização verbal” (ou outros métodos de condicionamento psicológico), evitando-se o uso de meios farmacológicos. Os benzodiazepínicos se enquadram na categoria D de risco fetal. Existem evidências de risco fetal em humanos, mas o benefício do uso em gestantes pode ser aceitável, apesar do risco potencial. (p. ex., se o fármaco é necessário para uma situação de risco de morte, ou no caso de doenças muito graves para as quais os fármacos seguros não podem ser usados ou são ineficazes). A sedação mínima por via inalatória pela mistura de óxido nitroso e oxigênio é um método seguro para uso na gravidez. O óxido nitroso atravessa a barreira placentária, embora não haja evidências de teratogenicidade ao feto com o emprego dessa técnica. Para maior segurança da gestante, deve-se limitar o tempo de administração para 30 min, administrar pelo menos 50% de oxigênio na mistura, evitar administrações repetidas e preferir o 2º e o 3º trimestres de gestação para o tratamento. Atualmente, tem sido proposto que uma classe de hipnóticos denominados agonistas de receptores de benzodiazepínicos (zaleplon, zolpidem e zopiclona), enquadrados na categoria C, seriam seguros para a sedação de gestantes, sem evidência de efeitos teratogênico. Resultados de estudos em animais revelaram efeitos adversos no feto (teratogênicos, embriológicos ou outros), mas não existem estudos controlados em mulheres. O benefício potencial do fármaco pode justificar o risco potencial ao feto. Anestesia Local em gestantes Sempre que possível, as soluções anestésicas para uso em gestantes devem conter um vasoconstritor em sua composição, com o objetivo de retardar a absorção do sal anestésico para a corrente sanguínea, aumentando o tempo Terapêutica | UFPE (2021.1) Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista de duração da anestesia e reduzindo o risco de toxicidade à mãe e ao feto. Todos os anestésicos locais, por serem lipossolúveis, atravessam facilmente a placenta por meio de difusão passiva. Os fatores que determinam a quantidade e a velocidade de transferência placentária dos anestésicos são: Tamanho da molécula: a prilocaína atravessa a placenta mais rapidamente do que os demais anestésicos locais. Se doses excessivas de prilocaína forem empregadas nas gestantes, pode ocorrer o fenômeno de metemoglobinemia na grávida ou no feto, alteração que será mais bem detalhada adiante.Grau de ligação do anestésico às proteínas plasmáticas: quando um anestésico local é absorvido para o sangue materno, uma proporção deste liga-se às proteínas plasmáticas, restringindo sua passagem pela placenta, ou seja, o agente anestésico somente atravessa a placenta se estiver na forma livre. Teoricamente, quanto maior for o grau de ligação proteica, maior o grau de proteção ao feto. A lidocaína, após absorção, apresenta uma ligação proteica de ~ 64%, maior do que a da prilocaína (55%) e menor do que a bupivacaína (95%). Com base nesses dados, a bupivacaína seria o anestésico mais seguro para uso em gestantes. Entretanto, a longa duração de sua ação anestésica limita seu emprego em pacientes grávidas. A articaína, por suas características farmacocinéticas (baixa lipossolubilidade, alta taxa de ligação proteica e rápida metabolização e eliminação renal), parece reunir as condições ideais de se tornar o anestésico de escolha para uso rotineiro em gestantes e lactantes. Porém, faltam ainda evidências clínicas para confirmar tal assertiva. Com base no exposto, é proposto o seguinte protocolo para a anestesia local em gestantes, quanto ao tipo de procedimento (eletivo ou de urgência) e à história da gestação. Seja qual for a solução anestésica escolhida, o volume máximo recomendado é igual ao contido em dois tubetes anestésicos (3,6 mL), por sessão de atendimento, em injeção lenta, após aspiração negativa. Procedimentos Eletivos Programar preferencialmente para o 2° trimestre de gestação Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000. Urgências (dor ou infecção) Intervir em qualquer período da gestação. Gestação normal Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000 Grávidas com história de anemia Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000 Grávidas diabéticas ou com hipertensão arterial controlada Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000 Grávidas com hipertensão arterial não controlada Prilocaína 3% com felipressina ou Mepivacaína 3% sem vasoconstritor Grávidas com hipertensão não controlada e história de anemia Mepivacaína 3% sem vasoconstritor Paciente Pediátrico O dentista deve saber selecionar a medicação apropriada para o uso em odontopediatria, bem como, saber estabelecer a dosagem correta, calculado sempre, em função do peso da criança, com objetivo de obter o efeito máximo da droga com o mínimo efeito adverso. Terapêutica | UFPE (2021.1) Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista Cálculo de dosagem para a criança Peso em KG x Dose do Adulto / 70KG (peso médio de um adulto) = Dose recomendada para a criança obs.: é prudente aplicar em crianças com até 30kg, e descontar 20 a 30% do peso do paciente em crianças obesas. Sedação Mínima em crianças Os benzodiazepínicos são as drogas de escolha: ● Diazepam: 0,2 a 0,5 mg/kg de peso, administrada por VO, com tempo de latência em torno de 35 a 40 minutos. desvantagem: sonolência de 6 à 8 h. ● Midazolam: 0,2 a 0,3 mg/Kg de peso, administrado por VO, com tempo de latência em torno de 30 minutos. vantagem: sonolência em torno de 3 a 4h. Anestesia Local em crianças Para evitar reações adversas dos anestésicos locais em criança, é necessário: ● Usar anestésico com vasoconstritor ● Evitar injeção intravascular; ● Usar menor volume e menor concentração; ● Reduzir a dose em ⅓ quando a criança estiver sedada ou muito debilitada. Dose máxima em número de tubetes em função do peso corporal: Lidocaína ou Mepivacaína a 2% c/ epinefrina 1:100.000 1 Tubete a cada 10kg Prilocaína 3% com Felipressina - evitar em crianças portadoras de anemia. Quando houver contra-indicação do vasoconstritor, deve-se optar pela mepivacaína 3% sem vaso, reduzindo a dose máxima em 30% devido a maior concentração do sal. A articaína 4% com Epinefrina 1:100.000 não é recomendada para crianças abaixo dos 4 anos. A dose máxima é de 7mg/kg. Paciente Geriátrico O Brasil revela um número crescente de idosos a cada dia. O aspecto técnico do tratamento dental para estes pacientes é semelhante àqueles utilizados nos mais jovens. Em relação à prescrição de medicamentos, alguns cuidados devem ser tomados devido às modificações orgânicas relacionadas à idade. Podem também apresentar efeitos nocivos, diminuindo a ação daqueles medicamentos ou levando a outras doenças. O processo de distribuição e excreção são os mais alterados, devido a diminuição do volume plasmático, da quantidade de água e da massa muscular, proporcionando um aumento da porcentagem de gordura. O aumento da quantidade de gordura pode ocasionar a maior concentração dos fármacos hidrossolúveis, resultando em uma maior atividade, enquanto as drogas lipossolúveis ficam armazenadas, propiciando ação prolongada. Nesses pacientes há a diminuição do débito sanguíneo hepático e do sistema enzimático, diminuindo a metabolização da droga. Da mesma forma, ocorre diminuição do débito sanguíneo nos rins, diminuindo a filtração glomerular e a função dos túbulos secretores. Anestesia Local em idosos Lidocaína e mepivacaína 2% com adrenalina 1: 100.000 ou 1:200.000 Quantidade máxima de tubetes: 3. obs.: pacientes com atividade hepática ou filtração glomerular reduzida, devem tomar dose máxima de 3 tubetes. Contraindicação absoluta da utilização de vasoconstritor, pode optar pela mepivacaína 3% em procedimentos com duração de 30 minutos (pacientes que tiveram doenças isquêmicas em menos de 6 meses ou tiveram cirurgia de revascularização cardíaca). A prilocaína pode ocasionar metemoglobinemia, apresenta menor taxa de ligação plasmática, induzindo ainda mais essa doença. Quantidade máxima de tubetes: 2. A articaína tem meia vida plasmática curta, cerca de 27 minutos, e infiltrativa maxilar ela tem Terapêutica | UFPE (2021.1) Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista anestesia em torno de 2 a 4 horas, sobre metabolização hepática e excreção renal, podendo causar metahemoglobinemia em altas doses. Portanto, recomenda-se evitar o uso de articaína em idosos com história de anemia, insuficiência cardíaca ou respiratória com evidência de hipóxia, tendo risco de agravar o quadro. Além disso, idosos alérgicos também são contra indicados, pois uma catecolamina ou amina simpatomimética. Referência Eduardo Dias de Andrade. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ª Edição. Terapêutica | UFPE (2021.1) Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista São Paulo: Artes Médicas, 2014. Terapêutica | UFPE (2021.1)
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