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MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE GESTÃO AULA 4 Profª Herminda A. Bulhões S. Hashimoto 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a) mais uma aula de nossa disciplina. Nesta aula, nos aprofundaremos no conceito sobre Eficácia e aprenderemos sobre gestão do conhecimento, gestão estratégica e adhocracia. Saiba mais Para iniciarmos nossos estudos, convidamos você a assistir ao vídeo: “Você é eficiente ou eficaz?”, disponível em: <https://youtu.be/euiHGAJaDJ8>. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Como vimos anteriormente, a administração visa alcançar os objetivos organizacionais da forma mais eficiente e eficaz. Assim, podemos perceber que o conceito de eficiência e eficácia são importantíssimos na profissão do administrador. Antes de começarmos nossas reflexões, vamos recapitular as diferenças entre eficiência e eficácia na figura a seguir. Quadro 1 – Eficiência versus eficácia EFICIÊNCIA EFICÁCIA DEFINIÇÃO Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas certas CARACTERÍSTICAS Solucionar problemas Antecipar-se aos problemas Economizar recursos Otimizar a utilização dos recursos Cumprir obrigações Fazer o que deve ser feito Reduzir custos Aumentar os lucros Curto prazo Longo prazo Fazer bem feito Obter resultados cada vez melhores OBJETIVO NA ADMINISTRAÇÃO Atingir os objetivos com o uso mínimo de recursos, ou seja, fazer o melhor possível utilizando o mínimo de dinheiro, tempo, materiais e pessoas. Atingir os objetivos, resultados e metas organizacionais. FOCO Medir a relação entre os resultados obtidos versus os recursos utilizados Medir a relação entre o que foi planejado versus o resultado obtido ÊNFASE Nos recursos Nos resultados DEFINIÇÃO Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas certas (continua) 3 (Quadro 1 – conclusão) EFICIÊNCIA EFICÁCIA EXEMPLO Você quer construir uma casa em até 1 ano. Depois de feito o projeto de construção, você conseguiu utilizar os recursos financeiros de forma econômica? Conseguiu construir com a quantidade de pessoal necessária? Conseguiu construir antes ou no prazo limite estabelecido? Se suas respostas foram sim para todas as perguntas, então você foi eficiente. Portanto, você gastou menos tempo, menos recursos financeiros, menos recursos de mão de obra e obteve poucos desperdícios. Você quer construir uma casa em até 1 ano. Depois de 11 meses a contar do início do projeto da construção, você está com sua casa pronta. Dessa forma, você foi eficaz, pois atingiu o resultado que buscava dentro do prazo estabelecido: ter a casa construída em até 1 ano. Em resumo, a eficiência é realizar corretamente as tarefas, fazendo o bom uso dos recursos (foco na minimização de custos financeiros, tempo, pessoas). E a eficácia é fazer as tarefas certas para obter os objetivos e resultados propostos. Conseguiu relembrar? Nesta aula nos dedicaremos ao conceito de eficácia e suas aplicações na administração. TEMA 1 – A EFICÁCIA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO No ambiente organizacional, é muito importante reduzir os custos dos recursos e saber utilizá-los da forma mais eficiente possível, porém, isso não é o suficiente. Um administrador também precisa se preocupar com a finalização das tarefas de maneira eficaz. Como vimos, a eficácia significa fazer a tarefa de forma correta. Nas organizações, a eficácia é traduzida como realização de objetivos ou de metas, de maneira certa. Quando falamos de eficácia, não tem como dissociá-la da eficiência, já que ambas estão inter-relacionadas. A necessidade de eficiência possui impacto direto sobre o nível de eficácia. Observe a Figura 1: 4 Figura 1 – Eficiência versus eficácia Fonte: Robbins; Decenzo; Wolter, 2014, p. 7. Muitas vezes é mais fácil ser eficaz do que eficiente. Por exemplo, você poderia confeccionar produtos mais requintados, com mais qualidade, isso se não considerasse os custos de mão de obra e de insumos, mesmo podendo lhe gerar grandes custos financeiros. Desse modo, você estaria realizando uma tarefa com eficácia, no entanto, não muito eficiente. No contexto contemporâneo, as organizações e os esforços das pessoas no seu trabalho prevalecem como base fundamental da sociedade, sendo que a atividade primordial da administração é realizar as tarefas por meio das pessoas, de forma eficiente e eficaz. Segundo Chiavenato (2014a, p.10), “a administração vem sendo considerada a principal chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo moderno”. O autor complementa dizendo que “o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si só́, não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir uma aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais”. Diante dessa reflexão de Chiavenato, podemos concluir que ser um bom administrador significa preocupar-se em cumprir as metas (eficácia) realizando- as da forma mais eficiente (bom uso dos recursos) possível. Nas organizações em geral (indústrias, comércio, hospitais, órgãos públicos etc.), a eficiência e a eficácia em que as pessoas trabalham, seja em conjunto ou individual, para alcançarem os objetivos comuns, dependem diretamente da capacidade das pessoas que executam a função administrativa. 5 Leitura complementar Leia a reportagem “Liderança eficaz influencia nos resultados das organizações”. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/ negocios/dino/lideranca-eficaz-influencia-nos-resultados-das-organizacoes- shtml/>. Acesso em: 6 mar. 2019. TEMA 2 – MODELOS DE GESTÃO CONTEMPORÂNEOS BASEADOS NO CRITÉRIO DA EFICÁCIA O que são modelos de gestão? São modos específicos de pensar, sentir e agir da gerência de uma organização no relacionamento com o pessoal. Incluem conceitos e valores prevalecentes, sentimentos e atitudes predominantes quanto aos vários objetos e questões, e comportamentos típicos. Há o pressuposto subjacente de que as formas adotadas de pensar, sentir e agir levem à maior realização dos objetivos organizacionais e, por extensão, empresariais (do negócio). O modelo de gestão pode ser mais racionalmente construído ou menos. Em algumas organizações ele é concebido de maneira cuidadosa para que se torne um real instrumento de eficiência e eficácia. (Rosa, 2012, p. 56) Essa preocupação em determinar o modelo de gestão ideal é tipicamente usual das organizações mais atuais, pois as novas organizações já nascem no contexto da competitividade dos grandes mercados. Com isso, costumam ter essa característica – a de ter seu modelo de gestão pré-estabelecido. Porém, tem empresas em que o modelo de gestão é o resultado da história, que foi evoluindo naturalmente, sem que tenham grandes intenções ou até mesmo consciência do tipo de modelo que criaram. É importante saber que existe uma interdependência entre essas três dimensões: modelo de gestão, modelo de negócio e modelo da organização. “O modelo é condicionado pelo negócio e pela organização e, ao mesmo tempo, os afeta. Eventualmente uma ou mais dessas três dimensões tem reduzidos níveis de eficiência e eficácia, comprometendo a excelência do todo” (Rosa, 2012, p. 57). 6 Figura 2 – Interdependência entre negócio, organização e gestão Fonte: Rosa, 2012, p. 56. O que Rosa (2012) quis dizer? Que, em algumas organizações, o modelo de gestão é mais integrado e fácil de ser identificado, pois observa-se maior semelhança da conduta gerencial em todo o contexto de gestão, organização e negócio. É como se disséssemos que a empresa tem a “cara” do seu administrador. Em outras organizações, o nível de diversidade é maior, dando lugar para diferentes formas de condutas gerenciais, pois possui influência de vários tipos de gerências, podendo criar diferentes modelos de gestão, denegócio e característica da empresa, por não ter uma única referência de gestão. Isso ocorre porque existem diferentes formas de gerenciar os processos de uma organização. Essas diferentes formas são compreendidas conforme o modo com que o gestor lidera sua equipe e como ele obtém os resultados por intermédio de seus colaboradores. Essa diferença entre os tipos adotados de modelo de gestão pode influenciar positivamente ou negativamente na eficiência e eficácia do modelo de negócio, e na organização, já que todas essas dimensões estão inter- relacionadas. Vídeo Assista ao vídeo “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”. Disponível em: <https://youtu.be/GFqxjWVy094>. Acesso em: 6 mar. 2019. TEMA 3 – GESTÃO DO CONHECIMENTO A economia atual, embasada no conhecimento, tem dado relevância ao conceito de capital intelectual. Segundo Thomas A. Stewart (1998): https://youtu.be/GFqxjWVy094 7 O capital intelectual constitui a matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva. É difícil identificá-lo e mais difícil ainda distribuí-lo de forma eficaz. Porém, uma vez que o descobrimos e o exploramos, somos vitoriosos. As organizações de grande sucesso têm utilizado indicadores (por exemplo, eficiência, crescimento e estabilidade) para gerenciar e monitorar seus ativos intangíveis (como o capital intelectual), já que muitos desses ativos intangíveis são mais valiosos que muitos ativos tangíveis (como as máquinas, imóveis, estoques). Essas organizações perceberam que “administrar pessoas vem antes, durante e depois da administração de qualquer recurso organizacional, seja capital, máquinas, instalações etc.” (Chiavenatto, 2014a, p. 603). Portanto, as empresas estão investindo cada vez mais no conhecimento das pessoas do que em máquinas e ferramentas. Para melhorar a gestão do conhecimento – também conhecida como capital intelectual –, muitas organizações têm desenvolvido estruturas de educação corporativa e universidades corporativas. Essa prática tem sido difundida por meio do conceito de Learning Organization (Organização em constante aprendizagem), criado pelo professor Chris Argyris, da Universidade de Harvard, em que apresenta o conceito baseado no Double-loop Learning (quando os erros são corrigidos por meio da alteração das normas empresariais que os causaram). Ou seja, refere-se às empresas que aprendem conforme seus funcionários vão adquirindo novos conhecimentos. Em 1990, o professor Peter Senge, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), difundiu esse conceito em sua obra A quinta disciplina (seneg, 1990), em que despontou a importância do compartilhamento de conhecimento de maneira coletiva para agregar na visão sistêmica da empresa, bem como para fortalecer o profissional como fornecedor de conhecimento. Para Chiavenato (2014, p. 607): A aprendizagem organizacional requer uma cadeia integrada de líderes e de todas as pessoas que possuem o conhecimento adequado às necessidades da organização para que se construa uma organização maior do que a soma de suas partes e que ultrapasse os resultados esperados. O conceito tradicional de ensinar é diferente do conceito de aprender: ensina-se transmitindo informações e aprende- se com as vivências. No primeiro, usamos somente o pensamento. No segundo, usamos os sentimentos e os pensamentos. A aprendizagem 8 humana é o resultado dinâmico de relações entre as informações e os relacionamentos interpessoais. Dessa forma, o objetivo da aprendizagem organizacional é desenvolver o conhecimento e as habilidades para capacitar as pessoas a aprender e trabalhar de maneira eficaz dentro das organizações. Portanto, empresas que aprendem eficazmente serão empresas bem-sucedidas. Vídeo Para ajudar na compreensão, assista agora ao vídeo “Como a Gestão do Conhecimento pode ajudar sua empresa”. Disponível em: <https://youtu.be/kSUTNtRDNnc>. Acesso em: 6 mar. 2019. Para a formação de aprendizagem organizacional se desenvolver bem nas empresas, é importante atender alguns aspectos. Considerar o conhecimento como ferramenta valiosa para realização dos objetivos. Designar pessoas qualificadas para cada função da empresa. Proporcionar treinamentos e desenvolvimento constante para os funcionários. Permitir-se e estimular-se com o conhecimento dos colegas de trabalho. Ter proatividade e dar auxilio à inovação da empresa. Gerar um ambiente de compartilhamento produtivo de informações e conhecimentos. Desenvolver formas de reconhecimento e premiações para os funcionários referente as contribuições e desempenhos realizados. Desenvolver formas de captação, processamento e distribuição de conhecimento relevante a todos da empresa. Com a prática do modelo de gestão do conhecimento, a aprendizagem corporativa se torna uma das principais estratégias competitivas das organizações, pois ela pode levar à criatividade e à inovação. Portanto, é essencial que a empresa desenvolva com seus colaboradores uma mentalidade de aprendizagem contínua. Dessa maneira, o capital intelectual da organização se tornará a principal vantagem entre seus concorrentes. 9 Leitura complementar Assista ao vídeo “Gestão do conhecimento – a importância de compartilhar!”. Disponível em: <https://youtu.be/emFo3jyXGnQ>. Acesso em: 6 mar. 2019. TEMA 4 – GESTÃO ESTRATÉGICA A gestão estratégica é o processo no qual os administradores avaliam os resultados da estratégia (os meios) em relação ao nível de realização dos objetivos (os fins). Um ponto importante da gestão estratégica é a identificação de um conjunto de critérios capazes de avaliar a estratégia adotada pela empresa. Chiavenato (2014b, p. 147) apresenta três critérios para avaliar a estratégia empresarial. 1. Consistência interna: A estratégia a ser desempenhada deve ser consistente com o que a empresa definiu para realizar. Ela deve estar caracterizada conforme os padrões internos da empresa, identificados por meio das políticas e diretrizes, pela cultura organizacional e pelas metas empresariais. 2. Consistência com o ambiente: A estratégia da empresa deve ser consistente com as situações ambientais existentes, sejam atuais ou futuras. A incoerência da estratégia com o ambiente externo pode gerar custos altos para a empresa ou levá-la ao insucesso nos seus negócios. 3. Adequação aos recursos e competências disponíveis: A estratégia da empresa precisa ser consistente com os recursos e competências que a empresa possui ou pode obter. Por exemplo, em uma empresa que vende produtos de beleza, o principal recurso dela pode ser o seu próprio nome ou a marca de seu produto. Esses dois pontos importantes necessitam ser considerados caso a empresa tome a decisão de conectar sua estratégia com seus recursos disponíveis. Observe a Figura 3 para ajudar a elucidar o conceito em questão. 10 Figura 3 – Avaliação da estratégia empresarial Fonte: Chiavenato, 2014b, p. 147. Analisando o papel do gestor nesse modelo de gestão, para que ele conduza sua equipe (ou empresa) no cumprimento dos objetivos com eficácia, é necessário dar importância ao alinhamento estratégico. Isto é, as estratégias que são fixadas pela gestão precisam chegar ao conhecimento de todos os níveis hierárquicos e operacionais, para se obter uma integração e direcionamento correto dos esforços de todos para a concretização do objetivo em questão. Esse alinhamento requer dois itens essenciais: tecnologia e liderança. A tecnologia, por meio dos sistemas de informação, se torna fator importante por ser um auxílio na delegação, manutenção e controle de tarefas para a gestão. Por exemplo, o Balanced Score Card (BSC), criado por Robert Kaplan e David Norton (2007), é um sistema de divisãoda estratégia e definição de indicadores de desempenho. Seu desenvolvimento é acompanhado de comunicação abundante, em que define planos de ação bem claros, informando as responsabilidades de todos os envolvidos. A liderança é outro fator essencial porque os sistemas de informações e outros métodos não funcionam sozinhos; eles precisam de uma diretriz, de orientação, de liderança. É necessário que as pessoas aceitem e confiem na estratégia, aceitem as metas e os objetivos estipulados pela organização e que busquem cooperar para a sua realização. Dessa forma, é preciso proporcionar um alinhamento 11 intelectual, emocional e comportamental, sendo esta uma função fundamentalmente da gerência. Para favorecer o alinhamento estratégico com foco na eficácia, o gestor deve preocupar-se em: Comunicar as instruções da alta gestão para todo o restante da equipe; Identificar as aprovações/rejeições da equipe referente às instruções dadas; Difundir a importância do cumprimento dessas instruções a serem realizadas; Deixar claro os prazos e recursos que são pertinentes a tarefa delegada; Realizar uma avaliação prévia dos possíveis riscos (de custos extras, necessidade de aumentar o prazo, utilização de mais recurso de pessoal etc.) para se antecipar dos problemas; Realizar acompanhamento constante do desempenho da equipe para poder obter resultados cada vez mais eficazes. Em resumo, a gestão estratégica requer monitoramento e acompanhamento constante, podendo ser definida como função da administração de topo (nível institucional da empresa) que analisa, desenvolve e modifica os processos internos e externos da organização para torná-la eficiente e eficaz sob condições constantemente mutáveis (Chiavenato, 2014b, p. 145). Leitura complementar Leia este artigo sobre “Formular a estratégia é uma das maiores dificuldades de administradores”. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/fo rmular-a-estrategia-e-uma-das-maiores-dificuldades-de-administradores/>. Acesso em: 6 mar. 2019. TEMA 5 – ADHOCRACIA Para entendermos o conceito de adhocracia, primeiro temos que compreender sobre a dinâmica do ambiente organizacional. O que seria essa dinâmica? Refere-se às influencias e condições de como o ambiente empresarial se comporta. Isto é, o ambiente corporativo não é como uma massa homogênea e estável, mas um campo dinâmico, onde opera em uma 12 diversidade de forças, direções, influencias e naturezas distintas, que interagem entre si. Nessa dinâmica, algumas forças podem influenciar positivamente na empresa, auxiliando nos negócios, já em outras, podem influenciar negativamente, gerando obstáculos em suas atividades. No entanto, o que se vê̂ até́ agora a respeito do ambiente é que ele pode ser desdobrado, pelo menos teoricamente, em estratos – indo desde o ambiente geral até o ambiente de tarefa, onde a empresa exerce seu domínio e realiza suas atividades. Contudo, apenas esses conceitos são insuficientes para retratar a enorme complexidade ambiental, sobretudo a dinâmica ambiental, isto é, como o ambiente se comporta. (Chiavenatto, 2014b, p. 103) Precisamos compreender que o ambiente é dinâmico e complexo. Alguns autores buscam caracterizá-lo por meio do grau de diversidade dos elementos que compõem o ambiente, podendo variar dentro de dois extremos de um continuum: de um lado, homogeneidade e, de outro, heterogeneidade, e não simplesmente dois tipos de ambientes. Vejamos as classificações de ambientes, segundo Chiavenato (2014a): Quanto à sua estrutura: os ambientes podem ser classificados em homogêneos e heterogêneos: Ambiente homogêneo: quando é composto de fornecedores, clientes e concorrentes semelhantes, isto é, quando os clientes, fornecedores, concorrentes etc. demonstram as mesmas características homogêneas entre si. Esse tipo de ambiente é simples e pouco diferenciado. Quando há pouca segmentação ou diferenciação dos mercados, também caracteriza um ambiente mais homogêneo. Ambiente heterogêneo: quando ocorre muita diferenciação entre os fornecedores, clientes e concorrentes, provocando uma diversidade de problemas à organização. Quanto maior a heterogeneidade do ambiente, maior será a sua complexidade e diferenciação. A combinação entre esses dois aspectos do ambiente – homogeneidade versus heterogeneidade – influenciam fortemente as empresas e condicionam suas características e comportamento, juntamente com outros dois aspectos – estáveis e instáveis: ambiente estável e ambiente instável. Quanto à sua dinâmica, os ambientes podem ser classificados em estáveis e instáveis: 13 Ambiente estável: é o ambiente caracterizado por pouca ou nenhuma mudança. É o ambiente em que as mudanças são lentas e previsíveis ou quase não ocorrem mudanças. É um ambiente tranquilo e previsível. Ambiente instável: é o ambiente dinâmico que se caracteriza por muitas mudanças. É o ambiente em que os agentes estão constantemente provocando mudanças e influências recíprocas, formando um campo dinâmico de forças. A instabilidade provocada pelas mudanças gera a incerteza para a organização. As duas tipologias podem ser reduzidas a dois continua: homogeneidade-heterogeneidade e estabilidade-instabilidade. (Chiavenato, 2014a, p. 516) Podemos observar melhor esse conceito nas Figuras 4 e 5. Figura 4 – Continuum homogeneidade-heterogeneidade ambiental Fonte: Chiavenato, 2014a, p. 516. Figura 5 – Correlação entre estrutura e dinâmica ambiental Fonte: Chiavenato, 2014a, p. 517. A empresa sobrevive na medida em que ela se adapta às condições ambientais e ainda aproveita as ameaças e circunstâncias que lhes são impostas pelo ambiente. Para melhor entendimento, observe a Figura 6. 14 Figura 6 – Continuum estabilidade-instabilidade ambiental Fonte: Chiavenato, 2014a, p. 517. Diante de um ambiente instável, podemos identificar uma tendência à adhocracia. A partir de agora, vamos conhecer melhor este outro modelo de gestão contemporâneo. O que é adhocracia? “A adhocracia significa uma estrutura flexível capaz de amoldar-se continua e rapidamente às condições ambientais em mutação” (Chiavenatto, 2014a, p. 529). Em outras palavras, adhocracia é o inverso de burocracia e possui característica de gestão extremamente flexível e adaptável às mudanças. Origina-se do latim – ad hoc = pessoa ou coisa preparada para determinada missão ou circunstância; para isto ou para este fim (Chiavenatto, 2014b). Figura 7 – Burocracia versus adhocracia Fonte: Chiavenato, 2014a, p. 530. 15 O termo adhocracia foi propagado por Toffler (1972), em que apontava que a sociedade do futuro seria intensamente dinâmica e mutável. Para que as empresas pudessem acompanhar o ambiente turbulento, seria necessário que tornassem orgânicas, inovadoras, temporárias e antiburocráticas. As mudanças internas precisariam ocorrer com tanta frequência que cargos seriam alterados semanalmente e as responsabilidades teriam rotatividades constantes. Para isso, as estruturas empresariais necessitariam de flexibilidade e mudanças. Departamentos seriam divididos ou extintos para se integrarem em outras organizações. Havendo flexibilidade nos projetos, equipes se reunirão a fim de solucionar problemas específicos, temporários e passageiros. Emergindo assim, uma nova forma de organização: a adhocracia, que é o oposto da burocracia. Essa organização temporária – que se agrupa e se dissolve, que se modifica e se altera a cada momento – leva as pessoas a passar rapidamente de um lugar para o outro, em vez de preencher cargos ou posições fixas no quadro organizacional. A hierarquia dentro das organizações sofrerá um colapso: haverá́ a exigência de maior número de informações dentro de um ritmo mais rápido, o que derrubará a hierarquia vertical típica da burocracia.Os sistemas deverão ser temporários, capazes de rápida adaptação e de mutações rápidas e substanciais (Chiavenato, 2014a, p. 529) A seguir, algumas características da adhocracia apontadas por Chiavenato (2014a, p. 529-530). Equipes temporárias e multidisciplinares de trabalho, isto é, autônomas e autossuficientes. Autoridade totalmente descentralizada por meio de equipes auto gerenciáveis ou auto administradas. Atribuições e responsabilidades fluidas e mutáveis. Poucas regras e procedimentos, ou seja, muita liberdade de trabalho. Esse modelo de gestão adhocrático é muito utilizado em empresas de inovação. Exemplos de empresas que utilizam a adhocracia em seus negócios são a Microsoft e o Google. Leitura complementar Leia a reportagem “Os gigantes podem embarcar na moda dos negócios ágeis?”. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/os-gigantes- podem-embarcar-na-moda-dos-negocios-ageis/>. Acesso em: 6 mar. 2019. 16 Leia também a reportagem: “Futurismo: as ideias de Alvin Toffler”. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/futurismo-as-ideias-de- alvin-toffler/>. Acesso em: 6 mar. 2019. Vídeo Assista ao vídeo “Como é trabalhar no Google?”. Disponível em: <https://youtu.be/Gg4GHGoqu3o>. Acesso em: 6 mar. 2019. TROCANDO IDEIAS O gestor, para ser eficaz e levar sua equipe (ou empresa) a atingir os objetivos com eficácia, precisa dar importância ao alinhamento estratégico, isto é, às estratégias, que são fixadas pela gestão, precisam chegar ao conhecimento de todos os níveis hierárquicos e operacionais, para se obter uma integração e direcionamento correto dos esforços de todos para a concretização do objetivo em questão. Considerando os conteúdos estudados sobre gestão estratégica, responda à questão a seguir: Você é estratégico em suas atividades? Considere as situações a seguir para auxiliá-lo na reflexão. Em todo trabalho, você sabe antecipadamente: Quais são suas prioridades de curto prazo? O que posso projetar a médio prazo? O que devo pensar a longo prazo? Quais metas de curto, médio e longo prazo devo alcançar? Faça uma reflexão sobre o assunto e tente chegar a uma conclusão. Depois discuta com seus colegas e tutor a sua resposta, apresentando suas considerações no Fórum. NA PRÁTICA Diante do conteúdo estudado sobre adhocracia – expressão criada por Alvin Toffler –, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 17 I. O objetivo da adhocracia é romper com a hierarquia vertical, não havendo designação de cargos e funções. O funcionário escolhe sua atividade e trabalha em uma equipe fixa com as mesmas habilidades e conhecimentos. II. É o modelo de gestão que mais se utiliza em empresas de inovação, pois é a que menos acredita nos princípios tradicionais de gestão, e especialmente em cargos de chefias. III. Pode ser conceituada como qualquer forma de empresa que utiliza procedimentos específicos das organizações burocráticas, porém, com foco em equipes temporárias para solucionar problemas específicos e passageiros. IV. Essa estrutura exige uma formação de grupos de profissionais em unidades funcionais autônomas, com responsabilidades fluidas e mutáveis. V. Tem por característica o elevado grau de descentralização, equipes autogerenciáveis, além das poucas regras e procedimentos de trabalho. a. Estão corretas apenas as afirmativas I e II. b. Estão corretas apenas as afirmativas III e IV. c. Estão corretas apenas as afirmativas I, II e V. d. Estão corretas apenas as afirmativas II, IV e V. e. Estão corretas apenas as afirmativas III, IV e V. A resposta está ao final deste documento. FINALIZANDO Nesta aula, aprofundamos o conhecimento sobre a eficácia nos modelos contemporâneos de gestão. Abordamos alguns modelos, como o de gestão do conhecimento, que tem por objetivo a aprendizagem organizacional e a promoção do conhecimento e das habilidades, capacitando as pessoas a aprender e trabalhar de maneira eficaz dentro das organizações. Vimos também o modelo de gestão estratégica, que é a função da alta administração que analisa, desenvolve e modifica os processos internos e externos da organização para torná-la eficiente e eficaz. Por fim, conhecemos o modelo adhocrático, que possui uma estrutura flexível, capaz de amoldar-se contínua e rapidamente às condições ambientais em mudanças, sendo muito utilizado pelas empresas de inovação. 18 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Barueri: Manole, 2014a. _____. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. Barueri: Manole, 2014b. KAPLAN, R.; NORTON, D. A estratégia em ação: balanced score-card. Rio de Janeiro: Campus, 2007. ROBBINS, S. P.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. A nova administração. Tradução de L. A. Gomide. São Paulo: Saraiva, 2014. ROSA, J. A. Modelos de negócios: organização e gestão. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SENGE, P. M. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1990. STEWART, T. A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. TOFFLER, A. O choque do futuro. Rio de Janeiro: Artenova, 1972. 19 RESPOSTA Alternativa correta: d. Estão corretas apenas as afirmativas II, IV e V.
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