Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
5.1 INTRODUÇÃO As vasculites sistêmicas formam um grupo de doenças heterogêneas que apresentam, em comum, um processo inflamatório na parede vascular, podendo levar à diminuição de sua luz e trombose secundária ou à ruptura de sua parede e consequente sangramento. A maioria das vasculites sistêmicas inicia-se com sintomas constitucionais inespecíficos, que podem ser confundidos com uma série de outras doenças, dificultando muito o diagnóstico. Sem tratamento, muitos dos pacientes com vasculites sistêmicas evolui para óbito. O tratamento controla os sintomas e pode levar a remissões prolongadas. As vasculites primárias possuem baixa incidência na população. No que diz respeito à faixa etária de acometimento, esta varia conforme o tipo de vasculite. Por exemplo, a púrpura de Henoch-Schönlein predomina em crianças, a arterite de Takayasu em adultos com idade inferior a 40 anos, e a arterite de células gigantes é predominante em adultos acima de 60 anos. Ainda não foi identificado fator etiológico comum, porém, se sabe que os vírus das hepatites B e C possuem correlação com vasculites, em especial, a poliarterite nodosa e a vasculite por crioglobulinas, respectivamente. Além disso, especula-se que diversos agentes microbianos ou ambientais, como o citomegalovírus ou o estreptococo, podem ocasionalmente desencadear vasculite. De maneira ampla, todos os sintomas que são causados pelas vasculites decorrem de oclusão de vasos com sofrimento a jusante. Com a destruição dos vasos, pode ocorrer também extravasamento de elementos do sangue para os tecidos adjacentes. Quando os vasos estão expostos ao ambiente, como nos vasos dos capilares pulmonares, ocorrem síndromes hemorrágicas. A caracterização das síndromes vasculíticas depende da compreensão desse mecanismo fisiopatológico elementar. Uma vez compreendido o mecanismo básico, toma-se como regra geral que as vasculites nada mais são do que síndromes isquêmicas. A manifestação clínica dependerá, então, do tamanho do vaso que está comprometido. É justamente por essa razão que as classificações de vasculites, sendo a última a do Consenso de Chapel Hill de 2012 (2012 Revised International Chapel Hill Consensus Conference Nomenclature of Vasculitides, 2013), tomam como base o tamanho do vaso acometido (Figura 5.1). Quais são os principais grupos de síndromes clínicas que sugerem vasculite sistêmica? Figura 5.1 - Classificação atual das vasculites primárias Fonte: adaptado de Pathogenesis of antineutrophil cytoplasmic autoantibody-mediated disease, 2014. Por um segundo prisma, pode-se observar as vasculites pelo mecanismo fisiopatológico de doença. Para tanto, lança-se mão da compreensão das vias da autoimunidade que possam estar doentes. Como toda autoimunidade, as vasculites sistêmicas possuem desregulação relevante nas vias de sinalização linfocitária, especialmente nas vias Th1 e Th17. Como discutido no capítulo Noções gerais de imunologia, uma disfunção destas vias pode gerar, no polo mais Th1, ativação e recrutamento de fagócitos aos tecidos, com inflamação e destruição tecidual, e formação de granulomas. Por outro lado, disfunções mais Th17 podem gerar sensibilização dos fagócitos às opsoninas, inflamação tecidual direta e produção de anticorpos com deposição de imunocomplexos em circulação terminal. #importante Quando usadas nessa terminologia de maneira isolada — “vasculites sistêmicas” —, entende-se que tratam-se de disfunções primordialmente imunes, sem outra causa atribuível envolvida. Diz-se, igualmente, tratarem-se de vasculites primárias. Quando se associa ao tamanho do vaso a fisiopatologia envolvida no processo, emergem padrões fenotípicos de doença. Se imaginarmos os vasos de grande calibre, por exemplo, concluiremos que o ataque imune raramente será capaz de ocluí-los de uma só vez, de tal forma que as síndromes relacionadas aos vasos grandes serão compostas por isquemia progressiva de segmentos corporais inteiros ou de órgãos completos — pois um grande vaso origina dezenas de vasos menores que nutrem todo um segmento ou órgão. De fato, as vasculites de grandes vasos acometem preferencialmente aorta e seus ramos, com sintomas de cefaleia, claudicação de mandíbula e membro superior e insuficiência renal renovascular. Daí emerge o nosso primeiro padrão fenotípico: síndromes oclusivas de vasos grandes e nomináveis — ou seja, que são grandes o bastante para receberem um nome individual. Prosseguindo para vasos menores, entraremos em um universo misto de vasos ainda nomináveis, mas, preferencialmente, de vasos macroscópicos, porém, não nominados. Estes vasos têm importância em conjunto, pois nutrem um segmento de um órgão, mas perdem importância individualmente – como ocorrem ramificações progressivas dos vasos para os segmentos orgânicos, raramente se nomina gerações acima da terceira ou quarta ramificações vasculares. Os principais exemplos de vasos de médio calibre, ou seja, vasos que nutrem um segmento de um órgão, são as coronárias, os vasos das extremidades digitais, os vasa nervorum — vasos que nutrem os nervos — e os vasos esplâncnicos. Assim sendo, revela-se um segundo padrão fenotípico: síndromes oclusivas segmentares de órgãos e tecidos, incluindo as neurites isquêmicas. As vasculites de médios vasos geralmente acometem porções dos rins, porções do coração e porções das extremidades, com grande tendência à neuropatia. Por fim, resta o grande universo das vasculites de pequenos vasos. Esses vasos são microscópicos e nutrem a microestrutura dos órgãos. Como são vasos muito pequenos, a reação imune rapidamente os destrói e causa extravasamento de sangue. Na pele, o extravasamento se manifesta como púrpura palpável; no pulmão, como hemorragia alveolar; e, nos glomérulos, como glomerulonefrite. Fecham-se, assim, as principais manifestações clínicas dos pacientes com vasculites. #importante De maneira bastante universalista, vasculites sistêmicas cursarão com um ou mais das seguintes manifestações: oclusão de vasos grandes, oclusão de vasos macroscópicos não nomináveis — causando, entre outros, neurite —, púrpura palpável, glomerulonefrite e capilarite pulmonar — com provável hemorragia alveolar. Tendo em vista a fisiopatologia envolvida, deve-se sempre considerar, também, que as vasculites não são processos necessariamente primários, no sentido de que outras doenças podem causar autoimunidade dirigida contra o vaso. Os principais exemplos são as infecções, as neoplasias, as reações às drogas e as doenças autoimunes — especialmente as conectivopatias. Em todas estas situações, uma grande carga de anticorpos associada à condição primária pode eventualmente depositar nos vasos e causar destruição vascular. Diz-se, nestes casos, que se trata de vasculite secundária. #importante Não é uma definição universal, mas, de uma maneira geral, quadros com alterações hematológicas muito relevantes, especialmente citopenias, sugerem mais causa secundária de vasculite. Tomando como base, especialmente a classificação internacional de Chapel Hill (2012 Revised International Chapel Hill Consensus Conference Nomenclature of Vasculitides, 2013), esta obra agora se deterá em explorar cada um dos grandes grupos de vasculites sistêmicas e as suas principais formas secundárias associadas. 5.2 VASCULITES DE GRANDES VASOS As vasculites de grandes vasos possuem forte componente Th1 e Th17 e, como dito anteriormente, tendem a ocluir lentamente os grandes vasos do corpo — especialmente aorta e seus ramos. Como o bloqueio de citocinas relacionadas à resposta Th17, como a IL-6, parece controlar a doença (2018 Update of the EULAR recommendations for the management of large vessel vasculitis, 2019), é possível que seja o mecanismo predominante. A presença Th1 na fisiopatologia das vasculites de grandes vasos, porém, as torna doenças com presença de granulomas vasculares. Na análise patológica dos pacientes, o achadomais típico, será, portanto, o de invasão das camadas vasculares por infiltrados organizados de linfócitos e macrófagos. São duas as vasculites de grande calibre de interesse: a artrite de células gigantes e a arterite de Takayasu. 5.2.1 Arterite de células gigantes A arterite de células gigantes (ACG), outrora conhecida como arterite temporal, ocorre exclusivamente em indivíduos acima dos 50 anos, com aumento da incidência conforme a idade. É duas vezes mais frequente em mulheres do que em homens. De causa desconhecida, afeta, primariamente, ramos extracranianos das carótidas. O arco aórtico também pode ser acometido, em especial, os ramos proximais dos membros superiores. Trata-se de uma panarterite, já que todas as camadas da parede arterial são acometidas por um infiltrado inflamatório constituído por células T e macrófagos. O infiltrado pode ser granulomatoso, com acúmulo de histiócitos e células gigantes multinucleadas. #importante Diferentemente da arterite de Takayasu — abaixo de 40 anos —, a arterite temporal tem início após 50 anos. As manifestações mais comuns são sintomas constitucionais , como fadiga, perda de peso, febre e mialgia. Após os sintomas constitucionais, a cefaleia é o sintoma mais comum da ACG, classicamente descrita como dor moderada a intensa no território da artéria temporal, que pode estar espessada (Figura 5.2) ou dolorida. Os sintomas visuais são comuns — 20% dos casos (Giant cell arteritis: disease patterns of clinical presentation in a series of 240 patients, 2005) —, com eventual evolução para perda visual ou diplopia. A perda visual é a complicação mais temida, geralmente precedida por episódios de borramento visual ou amaurose fugaz, estabelecendo-se alguns meses após o início dos sintomas sistêmicos. Reflete neuropatia óptica anterior isquêmica (NOIA) e pode ser prevenida pelo tratamento com doses altas de corticoide. A diplopia acontece por oftalmoplegia — paralisia dos nervos motores devido à isquemia. Pode ocorrer claudicação intermitente da mandíbula e da língua pela isquemia dos músculos da mastigação, sintoma mais específico de ACG. Também é possível claudicação dos membros superiores por arterite em artérias braquiais. #importante Neurite óptica isquêmica anterior (NOIA) é a principal causa de perda visual na arterite de células gigantes. Como a avaliação do fundo de olho, em geral, é alterada nos casos de NOIA, um bom exame físico oftalmológico é um divisor de águas. Figura 5.2 - Espessamento da artéria temporal em paciente com arterite de células gigantes Frequentemente, a ACG se manifesta de maneira muito semelhante à polimialgia reumática (PMR) — ver capítulo Doenças sistêmicas do tecido conectivo — com dor e rigidez nos músculos do pescoço, nas cinturas escapular e pélvica, associada a sinais de inflamação sistêmica, como fadiga, perda de peso, sudorese e febre baixa, além de anormalidades laboratoriais, como aumento da velocidade de hemossedimentação (VHS), da Proteína C Reativa (PCR) e anemia. Cerca de 30 a 50% dos pacientes com ACG possuem uma síndrome clínica inicial que lembra muito a PMR, sendo o diagnóstico verdadeiro só obtido com a evolução desfavorável — incomum na PMR —, com a documentação de acometimento vascular ou com o aparecimento de outras formas clínicas de ACG (Giant cell arteritis and polymyalgia rheumatica: current challenges and opportunities, 2017). A elevação das proteínas de fase aguda é um achado típico e auxilia no diagnóstico e no seguimento dos pacientes após o tratamento: a VHS encontra-se elevada, acima de 50 mm na primeira hora. Outras provas de fase aguda podem estar alteradas. Fator antinúcleo (FAN) e Fator Reumatoide (FR), em geral, são negativos. O diagnóstico de ACG deve ser considerado a pacientes acima de 50 anos com história inexplicada de cefaleia, sinais de isquemia em território vascular extracraniano, perda da visão ou síndrome clínica semelhante à PMR associada à evidência laboratorial de inflamação — aumento de proteínas de fase aguda. Como exame complementar disponível, há a ultrassonografia com Doppler de artéria temporal, que classicamente demonstrará o sinal “do halo” — edema no interior do vaso sanguíneo. Em pacientes com quadro clínico clássico e ultrassonografia positiva, o histopatológico não se faz necessário. A biópsia da artéria temporal, o padrão-ouro para o diagnóstico, pode ser realizada para confirmação diagnóstica em casos duvidosos. Recomenda-se biópsia unilateral de segmento com 2 cm de artéria temporal em até duas semanas após o início do tratamento. Caso seja negativa, pode-se realizar a biópsia da artéria contralateral, porém, os exames não devem retardar o tratamento. Os exames de imagem, muitas vezes, são necessários e constituem importante método diagnóstico. Entre os principais exames de imagem disponíveis para o diagnóstico do comprometimento extracraniano na ACG, podemos citar angiotomografia de aorta e/ou angiorressonância de aorta. É fundamental que o tratamento seja iniciado precocemente na suspeita do diagnóstico. Para tanto, recomenda-se prednisona em doses de até 1 mg/kg, com redução lenta e progressiva. Na vigência de quadro ocular, deve-se proceder rapidamente com pulsoterapia com metilprednisolona, 1 g/d, por 3 dias, para evitar amaurose definitiva; após a pulsoterapia, o tratamento com corticoide é semelhante. A maioria dos pacientes responde bem ao corticoide, mas pode haver recidiva ou corticodependência. Nesses casos, podem ser utilizadas drogas imunossupressoras, como metotrexato ou inibidor de IL-6 (2018 Update of the EULAR recommendations for the management of large vessel vasculitis, 2019). Sintomas de inflamação sistêmica e provas de atividade inflamatória, como VHS ou PCR, são úteis na detecção de recidivas e má resposta. Baixas doses de ácido acetilsalicílico (AAS) eram indicadas para reduzir o risco vascular, mas as recomendações mais recentes do European League Against Rheumatism (EULAR) excluíram essa medida (2018 Update of the EULAR recommendations for the management of large vessel vasculitis, 2019), sendo usada apenas para pacientes que já tinham outras indicações de ácido acetilsalicílico. 5.2.2 Arterite de Takayasu A arterite de Takayasu, também conhecida como doença sem pulsos — pulseless disease —, tem predomínio entre mulheres — relação 10:1 —, e seu início ocorre entre 15 e 40 anos — doença de adolescentes e adultos jovens. É uma poliarterite granulomatosa, com formação de granulomas e células gigantes, que podem destruir a camada média e substituí-la por tecido fibrótico. O processo pode enfraquecer a parede do vaso, favorecendo a formação de aneurisma, ou proliferá-la, provocando o estreitamento da luz arterial. Pode acometer a aorta e quaisquer de seus ramos, bem como as artérias pulmonares. Até 10% dos pacientes são assintomáticos ao diagnóstico. Aproximadamente 40% dos pacientes apresentam sinais e sintomas inflamatórios, como febre, sudorese noturna, fadiga, mialgia, anorexia e perda de peso. Os sintomas mais sugestivos, entretanto, são dor à palpação de trajetos vasculares — por exemplo, a carotidínea —, claudicação de extremidades, diminuição de pulsos, diferença de pressão entre os membros e presença de sopros vasculares. Comprometimento de territórios nobres podem culminar com angina cardíaca ou mesentérica, acidente vascular encefálico ou acidente isquêmico transitório e hipertensão renovascular. Os exames de imagem, como arteriografia (Figura 5.3), angiotomografia e angiorressonância fornecem informações sobre o lúmen dos vasos, a distribuição e a gravidade da doença. Figura 5.3 - Arteriografia que mostra dilatação do arco aórtico e múltiplas estenoses em carótidas e, especialmente, em artérias subclávias Fonte: Justin Ly. As imagens vasculares são fundamentais para o diagnóstico, sendo a arteriografia reservada para procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico diferencial é amplo e difícil,necessitando de minuciosa investigação laboratorial e de imagem. Devemos excluir arterite de células gigantes — compromete indivíduos com mais de 50 anos —, doença de Kawasaki, doenças vasculares congênitas, aterosclerose, entre outras. Corticosteroide é a terapia de escolha no tratamento da arterite de Takayasu, na dose de 1 mg/kg de prednisona ou equivalente para controle inflamatório da doença, com posterior desmame da medicação. A última diretriz do EULAR recomenda associação de imediato com imunossupressores, como o metotrexato (2018 Update of the EULAR recommendations for the management of large vessel vasculitis, 2019). Em casos de estenose ou formações aneurismáticas, cirurgia e angioplastia são importantes no tratamento da arterite de Takayasu. 5.3 VASCULITES DE MÉDIOS VASOS As vasculites de médios vasos acometem artérias de calibre intermediário e cursam com sofrimento orgânico segmentar. Possuem como principal fisiopatologia o ataque direto aos vasos sanguíneos por células inflamatórias, especialmente por neutrófilos e macrófagos. O ataque à parede do vaso é intenso, com perda da estrutura muscular e substituição por tecido cicatricial fibrinoide. Nas regiões de cicatrização, ocorre abaulamento da parede vascular e formação de aneurismas e microaneurismas. A presença de microaneurismas renais e aneurismas coronarianos sugere vasculite de médios vasos. Os órgãos mais acometidos pelas vasculites de médio calibre são o coração, as extremidades, o rim e os nervos. As suas duas principais representantes são a poliarterite nodosa e a doença de Kawasaki. 5.3.1 Poliarterite nodosa A poliarterite nodosa (PAN) é uma forma de vasculite que afeta artérias de médio e pequeno calibres. Pode surgir em qualquer idade, mas o pico ocorre entre 40 e 50 anos, sendo três vezes mais comum em homens do que em mulheres. Vacinas ou infecções podem estar relacionadas ao desencadeamento da doença. Em 30% dos casos, associa-se à infecção por hepatite B e C, apresentando melhora após o tratamento do quadro, quando possível. Acomete mais comumente rins, trato gastrintestinal e sistema nervoso central. Como dito anteriormente, o comprometimento inflamatório da parede arterial leva à formação de aneurismas. A imagem à arteriografia de segmentos de várias artérias com abaulamentos em suas paredes originou o nome da doença (Figura 5.4). Caracteristicamente, as lesões histológicas estão em diferentes estágios de evolução, acompanhadas de necrose fibrinoide, ausência de granulomas e presença de aneurismas da parede arterial. Figura 5.4 - Arteriografia renal em paciente com poliarterite nodosa Nota: observar aneurismas saculares intraparenquimatosos em artérias de médio calibre. A doença costuma começar com queixas vagas, febre baixa e emagrecimento. As lesões cutâneas incluem nódulos subcutâneos (Figura 5.5), livedo reticularis (Figura 5.6), úlceras vasculíticas (Figura 5.7) e gangrena digital. A PAN cutânea é uma variante da PAN clássica, em que só a pele é acometida, sem envolvimento visceral. Mais de 80% dos pacientes têm neuropatia periférica por vasculite, tipicamente uma mononeurite múltipla, que afeta nervos específicos, com frequência, os nervos fibular, tibial, ulnar, mediano e radial, levando a sintomas e sinais nas extremidades distais, como pé e mão caídos (Figura 5.8). O acometimento de vasos mesentéricos leva à manifestação clássica de angina intestinal: dor periumbilical pós-prandial. Pode haver perfuração ou isquemia do intestino, com sangramento intestinal maciço. Envolvimento renal, presente universalmente nas autópsias, pode provocar insuficiência renal e hipertensão. Orquiepididimite também é possível. Lesões cardíacas podem levar a infarto do miocárdico e falência cardíaca congestiva, mas, em geral, são subclínicas. A PAN costuma poupar o leito arterial pulmonar. Figura 5.5 - Nódulos subcutâneos em paciente com poliarterite nodosa Fonte: site Logical Images. Figura 5.6 - Livedo reticularis em paciente com poliarterite nodosa Fonte: ABC of Rheumatology, 2009. Figura 5.7 - Úlcera cutânea em paciente com poliarterite nodosa Fonte: Livedo reticularis ulcerado em paciente com anticorpo anticardiolipina tipo IgA, 2005. Figura 5.8 - Mão caída por acometimento do nervo radial em paciente com poliarterite nodosa Quanto às alterações laboratoriais, as mais encontradas são leucocitose, elevação da VHS e anemia discreta. FR e FAN podem estar presentes em títulos baixos, mas é uma doença tipicamente soronegativa. Para o diagnóstico, entretanto, é necessário excluir outras doenças sistêmicas infecciosas, neoplásicas ou inflamatórias. Para a confirmação por achados mais específicos de PAN, biópsias mostrando a vasculite necrosante em parede arterial podem ser realizadas em lesões cutâneas, músculos ou nervos. Os microaneurismas podem ser demonstrados em angiografias renais ou mesentéricas. #importante São associações fortemente sugestivas de PAN: livedo, mononeurite múltipla, dor muscular e perda da função renal com hipertensão em paciente com provas de atividade inflamatória elevadas. No diagnóstico diferencial dessa patologia, entram as demais vasculites sistêmicas — granulomatose com poliangiite, Wegener; granulomatose com poliangiite e eosinofilia, Churg-Strauss —, além das pseudovasculites, como ateroembolismo, linfoma, neurofibromatose, displasia fibromuscular, pseudoxantoma elástico, amiloidose, mixoma atrial, coarctação de aorta, síndrome de Sweet, sepse, endocardite, calcifilaxia, púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome de Ehlers- Danlos, síndrome do desfiladeiro torácico etc. O tratamento da PAN idiopática — primária, não associada ao vírus da hepatite B — inclui corticoide em altas doses e terapia com imunossupressor – por exemplo, azatioprina ou ciclofosfamida (Rheumatology Secrets, 2015). No caso de PAN associada ao vírus B, é requerido o tratamento antiviral. A plasmaférese também é uma opção nessas situações. 5.3.2 Doença de Kawasaki A doença de Kawasaki, também conhecida como síndrome linfonodo-mucocutânea, é uma doença aguda, febril, exantemática e de etiologia desconhecida. Trata-se de vasculite aguda e multissistêmica, que compromete vasos predominantemente de médio calibre. Predomina no sexo masculino, em crianças menores de 5 anos, sendo, na maioria das vezes, autolimitada. A doença de Kawasaki pode causar vasculite em vários órgãos e aparelhos, como pulmão, intestino, vesícula biliar, sistema nervoso central, entre outros, porém, o comprometimento cardíaco é o mais significativo, com formação de aneurismas coronarianos. É de ocorrência universal e atinge todas as faixas etárias pediátricas, ainda que 85% dos casos acometam crianças com menos de 5 anos, sendo infrequente em pacientes com menos de 6 meses ou mais de 8 anos, nos quais, entretanto, há maior risco de formação de aneurismas coronarianos. Sua causa permanece desconhecida, apesar das características clínicas — doença febril autolimitada — e epidemiológicas — sazonalidade e caráter epidêmico — favorecerem a hipótese de um agente infeccioso ser o determinante causal, hipótese que, entretanto, ainda não está comprovada. As alterações histológicas precoces mostram infiltrado inflamatório macrofágico, síncrono e circunferencial nas paredes dos vasos. Após alguns dias, a inflamação reduz e o processo cicatricial gera a formação de aneurismas (Kawasaki disease: basic and pathological findings, 2013). A doença de Kawasaki é dividida em três fases clínicas distintas: aguda, subaguda e de convalescença. A fase aguda dura de uma a duas semanas e caracteriza-se por febre, conjuntivite, hiperemia de mucosas, linfadenopatia e rash cutâneo. Outros achados clínicos podem estar associados, como miocardite, derrame pericárdico, meningite asséptica (10 a 25%), diarreia (15%), disfunção hepática (5%), uveíte (17%) e artrite e/ou artralgia (30%). A fase subaguda inicia-se quando a febre, o rash e alinfadenopatia cessam, em média, de uma a duas semanas depois do início da doença. A duração dessa fase é de cerca de quatro semanas, na qual ocorrem descamação periungueal (Figura 5.9), trombocitose, formação de aneurismas coronarianos e risco maior de morte súbita. Complicações neurológicas também podem surgir em 1% dos casos e incluem paralisia do nervo facial, ataxia, encefalopatia, hemiplegia e infarto cerebral. Figura 5.9 - Descamação palmoplantar em paciente com doença de Kawasaki Fonte: Doença de Kawasaki, 2009. A fase de convalescença inicia-se quando os sinais clínicos desaparecem e dura até a normalização da VHS, em média de seis a oito semanas após início do quadro febril. Na doença de Kawasaki, a febre, sinal característico da fase aguda da doença, é, em geral, acima de 39 a 40 °C e remitente. O primeiro dia de febre é considerado o primeiro dia de doença, no entanto, alguns pacientes ocasionalmente apresentam outras manifestações clínicas antecedendo o quadro febril. A febre dura, em média, de uma a duas semanas, podendo, na ausência de tratamento, estender-se até três a quatro semanas, e tem resposta apenas parcial ao uso de antipiréticos. Porém, ao se iniciar a terapêutica apropriada — imunoglobulina intravenosa e ácido acetilsalicílico —, a febre cessa em dois dias. A conjuntivite (Figura 5.10) bilateral não exsudativa envolve, principalmente, a conjuntiva bulbar em relação às conjuntivas palpebral e tarsal; é indolor e ocorre na fase aguda da doença. A iridociclite pode acompanhar o quadro clínico, com rápida resolução, e é raramente associada à fotofobia. Figura 5.10 - Conjuntivite em paciente com doença de Kawasaki As alterações vistas na mucosa labial são caracterizadas por eritema, edema com fissuras, descamação e exsudação; a mucosa orofaríngea apresenta-se com enantema, e a língua, com eritema intenso e papilas gustativas proeminentes, o chamado aspecto framboesiforme (Figura 5.11). Figura 5.11 - Língua com aspecto framboesiforme em menor com doença de Kawasaki Fonte: Natr, 2011. O rash cutâneo que surge no paciente é polimórfico, não pruriginoso e geralmente aparece até o quinto dia de febre. O exantema cutâneo pode compreender lesões maculopapulares eritematosas e difusas (Figura 5.12), a forma mais comum, além de rash tipo urticariforme, escarlatiniforme, eritrodérmico, purpúrico, eritema multiforme-like e, mais raramente, com micropústulas em superfície extensora dos membros. Figura 5.12 - Intenso eritema labial e rash maculopapular na face de criança com doença de Kawasaki Fonte: Cardiovascular Lesions of Kawasaki Disease: From Genetic Study to Clinical Management, 2012. As manifestações cardíacas podem ser exacerbadas na fase aguda da doença, conferindo aumento na mortalidade e na morbidade. Pode haver miocardite, pericardite, endocardite, além de comprometimentos valvular e coronariano com repercussão hemodinâmica. Ao exame, pode haver precórdio hiperdinâmico, taquicardia, sopro pansistólico em caso de regurgitação mitral significativa e ritmo “de galope”, devido à instalação de insuficiência cardíaca. O dano coronariano pode variar de dilatação a estenose, até a formação de aneurisma. A frequência do envolvimento coronariano é maior nos lactentes com menos de 6 meses em relação àqueles de 6 a 12 meses. Os aneurismas fusiformes e saculares aparecem de 18 a 25 dias depois de instalada a doença (Figura 5.13). Figura 5.13 - Arteriografia evidenciando aneurisma da artéria coronária esquerda Outras possíveis manifestações incluem poliartrites e rabdomiólise. Pelo comprometimento cardiovascular, é possível o achado de aneurismas coronarianos, miocardite, pericardite e regurgitação valvar. Pacientes com comprometimento gastrintestinal evoluem com dor abdominal e diarreia, colangite, pancreatite e ascite. O comprometimento pulmonar apresenta-se como quadros influenza-like ou derrames pleurais. O paciente pode evoluir ainda com cistite e prostatite. Na presença de sintomas neurológicos, podemos encontrar quadros de meningites assépticas e surdez neurossensorial. #importante Na doença de Kawasaki, há conjuntivite bilateral não exsudativa, edema labial com fissuras, língua “em framboesa”, rash cutâneo polimórfico, maculopapular eritematoso e difuso e envolvimento cardíaco, com formação de aneurismas coronarianos. São fatores de risco para surgimento de aneurismas: sexo masculino, idade abaixo de 1 ano, febre recorrente apesar do tratamento, aumento de VHS, anemia e hipoalbuminemia, trombocitopenia e hiponatremia. Recentemente, a American Heart Association apresentou critérios para complementar os critérios originais propostos por Tomisaku Kawasaki (Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of Kawasaki Disease: A Scientific Statement for Health Professionals From the American Heart Association, 2017), tornando possível, teoricamente, o diagnóstico de formas incompletas da doença. Assim, pacientes com febre alta de início abrupto presente por cinco ou mais dias preenchem critério se apresentarem quatro ou mais dos seguintes achados: • Conjuntivas oculares hiperemiadas; • Alterações da cavidade oral, incluindo eritema, secura, mucosa e orofaringe hiperemiada; • Alterações nas extremidades distais dos membros, incluindo rubor e edema endurado das mãos e dos pés e descamação periungueal; • Exantema eritematoso polimorfo — morbiliforme, escarlatiniforme, maculopapular, eritema marginado —, propagando-se das extremidades para o tronco e durando cerca de uma semana; • Aumento não supurado dos linfonodos cervicais. Pacientes que não preenchem critério e possuem alta suspeita, podem, então, ser avaliados para os critérios de Kawasaki incompletos: Quadro 5.1 - Critérios diagnósticos propostos pela American Heart Association para doença de Kawasaki incompleta Fonte: adaptado de Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of Kawasaki Disease: A Scientific Statement for Health Professionals From the American Heart Association, 2017. Laboratorialmente, observam-se aumento da VHS ou PCR, leucocitose e trombocitose caracteristicamente a partir da segunda semana de doença. Podemos ainda evidenciar hipoalbuminemia, aumento moderado de transaminases, piúria estéril, hiponatremia e líquido sinovial com leucocitose. O liquor demonstra pleocitose com predomínio de mononucleares. O diagnóstico diferencial inclui síndrome de Stevens-Johnson, farmacodermias, exantemas virais, artrite reumatoide juvenil, síndrome da pele escaldada, síndrome do choque tóxico e linfadenites cervicais bacterianas. A imunoglobulina intravenosa é o principal medicamento na doença de Kawasaki, sendo utilizada na fase aguda, preferencialmente nos primeiros 10 dias da doença. Deve-se utilizar a dose de 2 g/kg, em infusão única, durante período de 10 a 12 horas, associada ao ácido acetilsalicílico na dose de 30 a 100 mg/kg/d. Na fase aguda, o ácido acetilsalicílico é utilizado dividido em 4 tomadas diárias para potencializar o efeito anti-inflamatório da imunoglobulina intravenosa, porém, não diminui a frequência de anormalidades coronarianas. O tempo de uso do ácido acetilsalicílico em altas doses varia, sendo, em geral, reduzido à dose de 3 a 5 mg/kg/d, após um período de 48 a 72 horas afebril. Essa nova dose é mantida por 4 a 6 semanas (Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of Kawasaki Disease: A Scientific Statement for Health Professionals From the American Heart Association, 2017). Para crianças com anormalidades cardíacas, o ácido acetilsalicílico é mantido até a melhora. 5.4 VASCULITE DE PEQUENOS VASOS As vasculites de pequenos vasos acometem vasos microscópicos e aparelhos relacionados à microestrutura dos órgãos, como o aparelho glomerular e a interface alveolocapilar. O mecanismo envolvido nas vasculites de pequenos vasos é amplo, mas, de maneira geral, é mais relacionado às vias Th17, com produção de anticorpos ou inflamação tecidual direta. Quandohá grande produção de anticorpos voltados contra antígenos que são disponíveis em circulação, ocorre formação de imunocomplexos circulantes e deposição vascular com vasculite como consequência; neste caso, teremos vasculite por imunocomplexos, um dos subgrupos de vasculite de vasos de pequeno calibre. Quando não há grande produção de anticorpos, ou quando os anticorpos produzidos não encontram os seus antígenos prontamente disponíveis na circulação – como é o caso do citoplasma neutrofílico (Overview of the Pathogenesis of ANCA-Associated Vasculitis, 2015) –, ocorre ataque direto ao vaso sanguíneo, com infiltração fagocitária e destruição vascular. Neste subgrupo, encontram-se as vasculites ditas pauci-imune, ou seja, com lesão não relacionada à deposição de imunocomplexos. Nas vasculites relacionadas ao anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA), ainda há mais mecanismos, como hiperativação Th1 com formação de granulomas e hiperativação Th2 com recrutamento de eosinófilos. Assim sendo, as vasculites relacionadas ao ANCA possuem uma das fisiopatologias mais ricas e intrigantes da Reumatologia, com inúmeras perguntas ainda não respondidas. 5.4.1 Vasculites relacionadas aos ANCA Como dito, as vasculites pauci-imunes são assim chamadas porque o mecanismo de dano à parede vascular não se faz por meio de depósitos de imunocomplexos à histologia. Isso as difere das vasculites por imunocomplexos. São ditas relacionadas ao ANCA porque a maioria dos pacientes com vasculite de pequenos vasos pauci-imune apresenta anticorpos contra determinadas proteínas específicas encontradas dentro dos grânulos citoplasmáticos dos neutrófilos. Há dois padrões clássicos de ANCA pela imunofluorescência: o citoplasmático (c-ANCA) e o perinuclear (p-ANCA). Um padrão atípico, quando não há c-ANCA nem p-ANCA, também foi descrito. Por método ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay), podemos encontrar anticorpos antiproteinase-3 (anti-PR3) e antimieloperoxidase de neutrófilos (anti- MPO). O c-ANCA é relativamente específico para granulomatose com poliangiite — outrora chamada de granulomatose de Wegener — e pode correlacionar-se com a atividade da doença. O p-ANCA, por sua vez, é mais relacionado à poliangiite microscópica e à granulomatose eosinofílica com poliangiite — outrora chamada de síndrome de Churg-Strauss. 5.4.1.1 Poliangiite microscópica A poliangiite microscópica (PAM) é uma desordem que acomete vasos de pequeno calibre, incluindo capilares, vênulas e arteríolas. É uma vasculite necrosante pauci- imune com tropismo pelos rins — glomerulonefrite rapidamente progressiva — e pulmões — capilarite pulmonar. As manifestações mais comuns são glomerulonefrite com hematúria, perda de função renal, hipertensão, perda de peso, lesões cutâneas purpúricas (Figura 5.14) e febre. Capilarite pulmonar pode acarretar hemorragia alveolar (Figura 5.15) e hemoptise. A hemorragia pulmonar ocorre em até 30% dos casos e pode causar dispneia e hemoptise, com radiografia mostrando infiltrado alveolar focal (Figura 5.16). Figura 5.14 - Púrpura palpável nos membros inferiores Figura 5.15 - Radiografia de tórax de paciente com poliangiite microscópica e hemorragia pulmonar Figura 5.16 - Tomografia computadorizada evidenciando hemorragia alveolar no pulmão direito Embora a PAM possa cursar com manifestações neurológicas — eminentemente mononeurite múltipla — e inflamação de vias aéreas altas (Rheumatology, 2019), não é infrequente que se apresente apenas com síndrome pulmão-rim pura, sem muitos outros achados (Long-term followup of polyarteritis nodosa, microscopic polyangiitis, and Churg-Strauss syndrome: analysis of four prospective trials including 278 patients, 2001). Quando ocorre acometimento do parênquima pulmonar, geralmente se dá mais na forma de intersticiopatia (Rheumatology Secrets, 2015). Sessenta a oitenta por cento dos pacientes com PAM são positivos para o ANCA (Rheumatology, 2019), sendo o padrão perinuclear (p-ANCA) o mais encontrado na imunofluorescência. Em geral, esse padrão simboliza o anticorpo anti-MPO. A titulação do p-ANCA pode, eventualmente, se associar à atividade de doença (Serial ANCA titers: useful tool for prevention of relapses in ANCA-associated vasculitis, 2003), mas jamais deve ser avaliada de maneira isolada (Rheumatology, 2019). Apresentam-se ainda achados incaracterísticos, como anemia normo/normo, trombocitose, hipoalbuminemia e elevação de provas inflamatórias — VHS e PCR. #importante O p-ANCA é geralmente positivo, em 70% dos casos, em pacientes com PAM, e seus títulos podem eventualmente se relacionar à atividade dentro de um contexto clínico pertinente. Para pacientes com PAM que apresentam glomerulonefrite, hemorragia alveolar, mononeurite múltipla ou outras manifestações graves, está indicado o tratamento com a combinação de corticoide em forma de pulsoterapia – acompanhada de corticoide oral dose alta – e ciclofosfamida. Rituximabe é uma outra opção possível (EULAR/ERA-EDTA recommendations for the management of ANCA-associated vasculitis, 2016). 5.4.1.2 Granulomatose com poliangiite A granulomatose com poliangiite (GPA), chamada anteriormente de granulomatose de Wegener, é uma doença sistêmica caracterizada pela vasculite necrosante granulomatosa do trato respiratório superior e inferior, com ou sem glomerulonefrite. É uma doença incomum, que afeta ambos os sexos igualmente e surge em todas as faixas etárias, sendo mais encontrada em caucasianos, em 97%. Sua causa é desconhecida. Como sintomas gerais iniciais, o paciente costuma apresentar febre, anorexia, emagrecimento, fadiga e fraqueza. As vias aéreas superiores — seios da face, ouvidos, nasofaringe, orofaringe e traqueia —, o trato respiratório inferior — brônquios e pulmões — e os rins são caracteristicamente envolvidos. Nas vias aéreas superiores, podem ocorrer obstrução nasal crônica com rinorreia persistente — sanguinolenta e/ou purulenta —, ulceração e edema da mucosa nasal. Perfuração do septo nasal e ulceração e erosão do vômer, levando à deformidade de nariz “em sela” (Figura 5.17), são achados clássicos. É comum o envolvimento granulomatoso dos seios da face, podendo haver invasão das estruturas contíguas, como a órbita (Figura 5.18). Tais lesões são com frequência infectadas, secundariamente, por Staphylococcus aureus. Podem ocorrer otite média secretora, otite média crônica, com perfuração da membrana timpânica, otalgia e otorreia, assim como disfonia, estridor laríngeo, sibilos, ulceração oral, edema oral e gengivite (Figura 5.19). As manifestações oculares incluem pseudotumor orbital (Figura 5.18), massa inflamatória retrobulbar — que pode levar à proptose —; dor; diplopia e perda visual devido à isquemia do nervo óptico; esclerite, com dor e vermelhidão ocular, podendo complicar com escleromalácia perfurante e cegueira; ceratite ulcerativa periférica, que pode evoluir com perfuração da córnea e cegueira; além de outras manifestações inflamatórias e vasculíticas, como uveíte, conjuntivite, episclerite e obstrução do ducto lacrimal. #importante A granulomatose com poliangiite acomete principalmente as vias aéreas superiores — incluindo as órbitas e os olhos — e inferiores e os rins. Figura 5.17 - Nariz “em sela” e ulceração cutânea em paciente com granulomatose com poliangiite Figura 5.18 - Pseudotumor orbital na granulomatose com poliangiite Figura 5.19 - Paciente com granulomatose com poliangiite Legenda: (A) ulceração na língua; (B) “gengivas de morango”. O envolvimento pulmonar também é extremamente comum. Tosse produtiva, dispneia, hemoptise, dor e desconforto torácico são os principais sintomas. Anormalidades nas radiografias de tórax são vistas em mais de 90% dos casos e incluem lesões nodulares escavadas não calcificadas, largas, múltiplas e bilaterais (Figura 5.20). Figura 5.20 - Nódulo pulmonar em paciente com granulomatose com poliangiite As característicasnefrológicas da GPA são, predominantemente, representadas por glomerulonefrite focal necrosante, que leva a hematúria, leucocitúria e anormalidades nos níveis de ureia e creatinina, podendo provocar falência renal e morte. Esse acometimento está presente em 80% dos pacientes em algum momento da evolução, porém, apenas 20% dos casos como manifestação inicial. A síndrome pulmão-rim pode aparecer na GPA, assim como na PAM. Manifestações no sistema nervoso, como mononeurite múltipla, neuropatia sensorial, anormalidades de nervos cranianos e perda auditiva neurossensorial, podem ocorrer, mas em frequência menor do que nas demais vasculites relacionadas ao ANCA (Rheumatology, 2019). Os achados laboratoriais encontrados são anemia de doença crônica e aumento das provas de atividade de fase aguda, como a VHS e a PCR. O FAN costuma ser negativo, e o complemento, normal. A associação entre GPA e ANCA é bem estabelecida. O ANCA, mais frequentemente de padrão citoplasmático e representando geralmente o anticorpo anti-PR3, ocorre em mais de 90% dos pacientes com GPA (Rheumatology, 2019) e é relativamente específico, podendo correlacionar-se com a atividade da doença (Serial ANCA titers: useful tool for prevention of relapses in ANCA-associated vasculitis, 2003). O diagnóstico diferencial inclui outras vasculites, síndrome pulmão-rim, infecções fúngicas ou micobacterioses, neoplasias, sarcoidose e doenças autoimunes sistêmicas — lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide. #importante A positividade do ANCA é encontrada em mais de 90% dos pacientes com granulomatose com poliangiite. O padrão mais comum é o citoplasmático — aproximadamente 70%. O tratamento atual é semelhante ao preconizado para a PAM e geralmente consistirá em pulsoterapia com metilprednisolona — 1 g/d, por 3 dias —, acompanhada de ciclofosfamida — oral ou em pulsos mensais. Nessa fase de indução, o rituximabe também pode ser utilizado (EULAR/ERA-EDTA recommendations for the management of ANCA-associated vasculitis, 2016). A plasmaférese pode ser usada nos casos de síndrome urêmica associada à glomerulonefrite rapidamente progressiva, com indicação de terapia dialítica, ou na hemorragia alveolar grave, mas o ensaio PEXIVAS, que não demonstrou diferenças na sobrevida renal e na mortalidade dos pacientes tratados com plasmaférese, rebaixou a evidência do uso desta modalidade (Plasma Exchange and Glucocorticoids in Severe ANCA-Associated Vasculitis, 2020). 5.4.1.3 Granulomatose eosinofílica com poliangiite A granulomatose eosinofílica com poliangiite, anteriormente chamada de síndrome de Churg-Strauss, é uma vasculite rara, que afeta vasos de médio e pequeno calibres, com predileção por pequenas artérias, arteríolas, capilares e vênulas. Caracteriza-se pela síndrome que apresenta asma, rinite alérgica, eosinofilia — em mais de 10% — e febre, acompanhada por vasculite de vários sistemas orgânicos. Também se trata de vasculite associada ao ANCA. É descrita, na literatura, a ocorrência de três fases da doença: fase prodrômica, com sintomas atópicos; fase eosinofílica, com infiltração dos tecidos por eosinófilos, como na gastrenterite eosinofílica; e fase vasculítica, com acometimento sistêmico e fulminante. O espectro total da doença pode levar anos para se desenvolver, mas não é obrigatório que todas as fases estejam nessa ordem, nem que todas ocorram. Como manifestações pulmonares, há asma de início tardio, de maior frequência e intensidade até a terceira fase, quando tende a entrar em remissão. Alterações cutâneas podem estar presentes em 66% dos casos, e, entre as manifestações mais comuns, estão a púrpura (Figura 5.21), urticária, eritema e nódulos. Nesse subtipo das vasculites associadas ao ANCA, sintomas neurológicos são bem mais comuns, na forma de mononeurite múltipla e, muito raramente, alterações do sistema nervoso central. Manifestações renais são ainda possíveis — glomerulonefrite focal e segmentar necrosante, com presença de crescentes —, mas menos frequentes do que nas demais vasculites associadas ao ANCA (Rheumatology, 2019). Figura 5.21 - Lesões purpúricas em paciente com granulomatose com poliangiite e eosinofilia Os achados laboratoriais incluem: anemia e provas de atividade inflamatória elevadas em 80% dos casos; eosinofilia constante, geralmente acima de 1.000/ mm3 e logo reduzida após uso de corticosteroide, sendo o aumento na contagem precedente ao período de atividade da doença. Pode ocorrer elevação dos níveis séricos de IgE — 75% dos casos. O p-ANCA — anti-MPO —, por sua vez, está positivo em cerca de 40% dos casos. #importante Uma causa importante de morbidade na granulomatose eosinofílica com poliangiite é a infiltração cardíaca por eosinófilos, gerando insuficiência cardíaca e distúrbios de ritmo. O diagnóstico diferencial se faz com pneumonia eosinofílica crônica — comprometimento exclusivamente pulmonar — e síndromes hipereosinofílicas. Para o tratamento, são utilizadas altas doses de prednisona — 1 mg/kg/d. Agentes citotóxicos, como a ciclofosfamida, devem ser reservados a casos individuais graves e progressivos, com envolvimentos renal, intestinal, cardíaco ou pulmonar. 5.4.2 Púrpura de Henoch-Schönlein A púrpura de Henoch-Schönlein (PHS) pode desenvolver-se em qualquer idade, mas, em 90% dos casos, acontece em crianças. Nesse grupo, dois terços dos pacientes relatam antecedente de infecção do trato respiratório superior, sugerindo que o processo infeccioso possa ser o desencadeador da doença. O paciente apresenta, tipicamente, quadro agudo de febre, púrpura palpável nos membros inferiores e nas nádegas (Figura 5.22), dor abdominal — tipo cólica pós- prandial —, artrite — grandes articulações — e glomerulonefrite com hematúria. A púrpura pode ser extensa e confluente e envolver braços e tronco. Dor abdominal pode ser causada por edema intestinal e isquemia mesentérica. Doença articular pode manifestar-se como artralgia e artrite, em especial, de grandes articulações, como joelhos e tornozelos e, menos comumente, punhos e cotovelos. A principal manifestação da glomerulonefrite é hematúria microscópica acompanhada por proteinúria. Em geral, é benigna, mas pode evoluir com insuficiência renal em 10% dos casos. Figura 5.22 - Púrpura nos membros inferiores em paciente com púrpura de Henoch-Schönlein Fonte: Púrpura de Henoch-Schönlein com anticorpo c-ANCA em um adulto, 2016. A púrpura palpável em menores de 20 anos, com angina abdominal, é altamente indicativa do diagnóstico. À histologia, tem-se o achado de granulócitos nas paredes dos vasos com depósito de IgA. Apesar de ser mediada por imunocomplexos, a PHS não necessariamente provoca hipocomplementenemia, pois a IgA é uma fraca indutora das vias do complemento. O tratamento inclui anti-inflamatórios não hormonais para artralgias e corticoides para os sintomas gastrintestinais, se necessário. A maioria dos pacientes evolui bem, sem maiores necessidades de imunossupressão. Casos de glomerulonefrite grave, com crescentes, podem ser tratados com pulsoterapia de corticoide e altas doses de corticoterapia oral, além de imunossupressores, como azatioprina e ciclofosfamida. 5.4.3 Vasculite por crioglobulinas As crioglobulinas são anticorpos que se precipitam em condições de baixa temperatura, dissolvem no calor e ocorrem em associação a inúmeras condições sistêmicas, podendo levar a complicações que incluem vasculites e hiperviscosidade. As crioglobulinemias são classificadas em tipos I, II ou III: • Crioglobulinemia tipo I: contém anticorpos monoclonais — IgG ou IgM —, sem atividade de FR; estes estão associados a certas doenças hematológicas malignas, como mieloma múltiplo e macroglobulinemia de Waldenström; • Crioglobulinemia tipos II e III: são chamadas “mistas”, pois contêm anticorpos IgM e IgG. O componente IgG é sempre policlonal. Já o componente IgM, diferencia a do tipo II, quando é monoclonal, da do tipo III, queé policlonal. Em ambos os casos, o FR é positivo. Crioglobulinemias II e III ocorrem em associação a algumas doenças, como hepatite C, síndrome de Sjögren e lúpus. Podem provocar vasculite predominantemente de pequenos vasos do tipo hipocomplementêmica. A glomerulonefrite membranoproliferativa é a forma mais comum de comprometimento renal. A manifestação mais comum na crioglobulinemia é a púrpura palpável nos membros inferiores (Figura 5.23). Outras manifestações são neuropatia, glomerulonefrite, artralgia, mialgia e fadiga. O diagnóstico é tipicamente feito com base na história, nas manifestações típicas da doença, como púrpura e hipocomplementenemia, e na presença de crioglobulinas. Os testes sorológicos positivos para o vírus da hepatite C reforçam o diagnóstico da crioglobulinemia relacionada a este vírus. Figura 5.23 - Púrpura palpável em paciente com crioglobulinemia Fonte: Crioglobulinemia: relação entre hepatite C e glomerulonefrite, 2018. O tratamento depende se há doença de base associada, mas quase sempre passará por imunossupressão. Caso seja crioglobulinemia por vírus C, o tratamento antiviral está sempre indicado, mas, se houver doença ameaçadora, a imunossupressão deve vir primeiro (Recommendations for the management of mixed cryoglobulinemia syndrome in hepatitis C virus-infected patients, 2011). Para pacientes com mononeurite múltipla ou outras manifestações graves, podem ser usados corticosteroides, ciclofosfamida e o rituximabe. A plasmaférese pode ser indicada em casos de glomerulonefrite grave. 5.5 VASCULITE DE VASOS VARIÁVEIS As vasculites de vasos variáveis incluem doenças de difícil classificação inicial, por acometerem vasos de vários tipos — artérias e veias — e calibres — todas as espessuras. Por essa característica, a fisiopatologia dessas entidades clínicas é pouco conhecida e o seu comportamento é mais incerto do que nas demais vasculites. A maioria dessas síndromes são extremamente infrequentes e fogem ao escopo desta obra, contudo, a doença de Behçet é aqui classificada e merece especial atenção pela sua singularidade. 5.5.1 Doença de Behçet A doença de Behçet é uma doença vascular inflamatória crônica de etiologia desconhecida que ocorre em todo o mundo, com prevalência mais elevada em países do Mediterrâneo, do Oriente Médio e da Ásia. Acomete, principalmente, adultos jovens, com idade entre 15 e 40 anos — pico aos 20 anos. As aftas orais são, usualmente, os primeiros sintomas. Em geral, são múltiplas e dolorosas e podem estar presentes na língua, na gengiva e no palato (Figura 5.24). Úlceras genitais podem aparecer na vulva, na vagina, no escroto e, muito raramente, no pênis (Figura 5.25). #importante Sempre se deve pensar em doença de Behçet quando há úlceras orais, úlceras genitais e uveíte. Figura 5.24 - Aftas orais em paciente com doença de Behçet Figura 5.25 - Ulceração na bolsa escrotal de paciente com doença de Behçet Fonte: Doença de Behçet: revisão com ênfase em aspectos dermatológicos, 2017. Lesões cutâneas são comuns e incluem paniculite — que lembra muito um eritema nodoso na apresentação, mas a patologia revela ser, na verdade, paniculite com vasculite —, pseudofoliculites, lesões papulopustulosas ou nódulos acneiformes. O teste da patergia positivo — uma resposta exacerbada da pele ao trauma, resultante da hiperatividade dos neutrófilos — pode auxiliar no diagnóstico, mas não é específico de doença de Behçet. Para reproduzir o teste, uma agulha estéril é inserida perpendicularmente na pele e no subcutâneo, na região anterior do antebraço. Após 48 horas, aparece eritema ou pústula — com mais de 2 mm de diâmetro — nos locais onde ocorreu o trauma, considerando o teste positivo. O achado ocular clássico na doença de Behçet é a uveíte aguda bilateral, eventualmente com formação de hipópio (Figura 5.26). Além de uveíte anterior, a doença de Behçet pode fazer uma verdadeira panuveíte, acometendo todas as câmaras oculares. Ademais, vasculite de retina é outro achado possível. As manifestações oculares frequentemente cursam com perda de acuidade visual. Figura 5.26 - Hipópio Nota: observar a formação do nível líquido. O envolvimento de grandes vasos, tanto no território venoso quanto no arterial, é comum, sendo a maior causa de morbimortalidade. Trombose venosa profunda é a complicação vascular mais comum. Podem, ainda, ocorrer trombose de veia cava, síndrome de Budd-Chiari, trombose venosa cerebral e varizes de esôfago. Lesões arteriais podem ocorrer na circulação sistêmica e no leito arterial pulmonar, causando estenoses, oclusões e aneurismas. Do ponto de vista neurológico, além das síndromes trombóticas, pode cursar com vasculite de sistema nervoso central, com consequências graves ao paciente por acometer preferencialmente o rombencéfalo. O diagnóstico de doença de Behçet é difícil, sendo apenas facilitado pela presença de úlceras bipolares. Quando não estão presentes — ou estão presentes na forma unipolar —, faz-se necessário grande esforço para confirmá-lo, baseando-se, quase que exclusivamente, em achados clínicos. Deste modo, é uma doença que desperta interesse entre os reumatologistas. Não existem testes específicos ou biomarcadores confirmatórios. Os reagentes de fase aguda geralmente estão aumentados, mas são inespecíficos, e as dosagens do complemento, fator reumatoide, crioglobulinas e fator antinúcleo são caracteristicamente normais ou negativas. A biópsia de eventuais lesões acessíveis pode contribuir se mostrar vasculite neutrofílica, dentro de um contexto adequado, mas é comum que retornem com achados inespecíficos. Assim, existe, acima de tudo, uma importância em excluir outros diagnósticos mais comuns antes de concluir se tratar de doença de Behçet, como infecções por herpes-simples, HIV ou citomegalovírus e doença inflamatória intestinal. #importante As espondiloartrites e a doença inflamatória intestinal são dois grandes mimetizadores de doença de Behçet. As lesões aftosas são tratadas agudamente com corticoide tópico. Colchicina, talidomida e metotrexato são utilizados como drogas profiláticas no tratamento de manifestações mucocutâneas. A azatioprina e a ciclosporina têm sido utilizadas no envolvimento ocular. A ciclofosfamida é usada em casos oculares incontroláveis, doença do sistema nervoso central e vasculites. Inibidores do TNF-alfa também podem ser utilizados no tratamento das formas refratárias. Quais são os principais grupos de síndromes clínicas que sugerem vasculite sistêmica? As vasculites sistêmicas cursam com um ou mais dos seguintes grupos de síndromes clínicas: oclusão vascular de grandes vasos, oclusão vascular de vasos macroscópicos não nomináveis — incluindo neurites —, púrpura palpável, glomerulonefrite e capilarite pulmonar — hemorragia alveolar. Quais são os principais grupos de síndromes clínicas que sugerem vasculite sistêmica? 5.1 INTRODUÇÃO Figura 5.1 - Classificação atual das vasculites primárias Fonte: adaptado de Pathogenesis of antineutrophil cytoplasmic autoantibody-mediated disease, 2014. #importante #importante #importante 5.2 VASCULITES DE GRANDES VASOS 5.2.1 Arterite de células gigantes #importante #importante Figura 5.2 - Espessamento da artéria temporal em paciente com arterite de células gigantes 5.2.2 Arterite de Takayasu Figura 5.3 - Arteriografia que mostra dilatação do arco aórtico e múltiplas estenoses em carótidas e, especialmente, em artérias subclávias Fonte: Justin Ly. 5.3 VASCULITES DE MÉDIOS VASOS 5.3.1 Poliarterite nodosa Figura 5.4 - Arteriografia renal em paciente com poliarterite nodosa Nota: observar aneurismas saculares intraparenquimatosos em artérias de médio calibre. Figura 5.5 - Nódulos subcutâneos em paciente com poliarterite nodosa Fonte: site Logical Images. Figura 5.6 - Livedo reticularis em paciente com poliarterite nodosa Fonte: ABC of Rheumatology, 2009. Figura 5.7 - Úlcera cutânea em paciente com poliarteritenodosa Fonte: Livedo reticularis ulcerado em paciente com anticorpo anticardiolipina tipo IgA, 2005. Figura 5.8 - Mão caída por acometimento do nervo radial em paciente com poliarterite nodosa #importante 5.3.2 Doença de Kawasaki Figura 5.9 - Descamação palmoplantar em paciente com doença de Kawasaki Fonte: Doença de Kawasaki, 2009. Figura 5.10 - Conjuntivite em paciente com doença de Kawasaki Figura 5.11 - Língua com aspecto framboesiforme em menor com doença de Kawasaki Fonte: Natr, 2011. Figura 5.12 - Intenso eritema labial e rash maculopapular na face de criança com doença de Kawasaki Fonte: Cardiovascular Lesions of Kawasaki Disease: From Genetic Study to Clinical Management, 2012. Figura 5.13 - Arteriografia evidenciando aneurisma da artéria coronária esquerda #importante Quadro 5.1 - Critérios diagnósticos propostos pela American Heart Association para doença de Kawasaki incompleta Fonte: adaptado de Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of Kawasaki Disease: A Scientific Statement for Health Professionals From the American Heart Association, 2017. 5.4 VASCULITE DE PEQUENOS VASOS 5.4.1 Vasculites relacionadas aos ANCA 5.4.1.1 Poliangiite microscópica Figura 5.14 - Púrpura palpável nos membros inferiores Figura 5.15 - Radiografia de tórax de paciente com poliangiite microscópica e hemorragia pulmonar Figura 5.16 - Tomografia computadorizada evidenciando hemorragia alveolar no pulmão direito #importante 5.4.1.2 Granulomatose com poliangiite #importante Figura 5.17 - Nariz “em sela” e ulceração cutânea em paciente com granulomatose com poliangiite Figura 5.18 - Pseudotumor orbital na granulomatose com poliangiite Figura 5.19 - Paciente com granulomatose com poliangiite Legenda: (A) ulceração na língua; (B) “gengivas de morango”. Figura 5.20 - Nódulo pulmonar em paciente com granulomatose com poliangiite #importante 5.4.1.3 Granulomatose eosinofílica com poliangiite Figura 5.21 - Lesões purpúricas em paciente com granulomatose com poliangiite e eosinofilia #importante 5.4.2 Púrpura de Henoch-Schönlein Figura 5.22 - Púrpura nos membros inferiores em paciente com púrpura de Henoch-Schönlein Fonte: Púrpura de Henoch-Schönlein com anticorpo c-ANCA em um adulto, 2016. 5.4.3 Vasculite por crioglobulinas Figura 5.23 - Púrpura palpável em paciente com crioglobulinemia Fonte: Crioglobulinemia: relação entre hepatite C e glomerulonefrite, 2018. 5.5 VASCULITE DE VASOS VARIÁVEIS 5.5.1 Doença de Behçet #importante Figura 5.24 - Aftas orais em paciente com doença de Behçet Figura 5.25 - Ulceração na bolsa escrotal de paciente com doença de Behçet Fonte: Doença de Behçet: revisão com ênfase em aspectos dermatológicos, 2017. Figura 5.26 - Hipópio Nota: observar a formação do nível líquido. #importante Quais são os principais grupos de síndromes clínicas que sugerem vasculite sistêmica?
Compartilhar