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➔ Câncer de pâncreas Menos de 5% dos pacientes sobrevivem por 5 anos após o diagnóstico. Ressecção cirúrgica constitui o único tto curativo, embora a taxa de cura seja apenas de 18 a 25% Pacientes com doença não ressecável podem ter alívio dos sintomas por meio de QT e/ou RT →Incidência e epidemiologia - aumento com a idade (mais comum a partir dos 60 anos) - mais no sexo masculino - mais em afro-americanos ->Fatores de risco -Tabagismo (maior) - DM: a insulina em excesso ou fatores semelhantes a ela associado ao diabetes e sd metabólica podem promover carcinogênese. -Radioterapia prévia - Pancreatite crônica não hereditária - Aumento do IMC: maior ou igual a 30 - Consumo pesado de álcool - Exposição a substâncias como: solventes, tetracloroetileno, cloreto de vinila e agrotóxicos A minoria dos casos está associada a fatores de risco hereditários. Algumas das síndromes de predisposição genética com associação ao câncer de pâncreas são: - Câncer de mama e de ovário associados aos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2 - Síndrome de Peutz-Jeghers (aumenta 132 vezes o risco) - Síndrome da pancreatite hereditária Pacientes com mutação BRCA2 ou PALB2, o outras mutações que o livro cita – parentes devem ser encaminhados para uma clinica de avaliação do alto risco e considerar o tto com um PARP História familiar está associada a um aumento de 13 vezes no risco de doença. Risco tbm é maior se um parente desenvolve a doença antes dos 55 anos. É mais comum nos países desenvolvidos →Patologia Os tipos de células pancreáticas normais incluem células ductais, acinares,endócrinas/neuroendócrinas, de sustentação do tecido conectivo, endoteliais e linfócitos. Nos adultos, aproximadamente 90% consistem em adenocarcinomas derivados de células ductais, e cerca de dois terços surgem na cabeça do pâncreas, enquanto um terço origina-se do corpo/cauda do pâncreas ou é multicêntrico -Localização: localização posterior do órgão colabora para o diagnóstico tardio. Os adenocarcinomas de pâncreas frequentemente já terão produzido invasão local e/ou metástases por ocasião de sua detecção inicial. Ocorre disseminação local diretamente para os tecidos moles e órgãos adjacentes Os CAs podem ser divididos em neoplasias do pâncreas endócrino e tumores do pâncreas exócrino. Neoplasia mais comum do pâncreas exócrino (e a mais fatal): adenocarcinoma ductal infiltrante -Canceres não neuroendócrinos: carcinoma de células acinares, carcinoma medular, adenoescamoso e outros mais raros. O gene mais comumente mutado nos adenocarcinomas é o gene KRAS (praticamente 100% dos casos). Se essa mutação não for encontrada deve- se considerar uma origem diferente para o tumor. →Manifestações clinicas - apresentação clássica: dor abdominal + perda de peso, com ou sem icterícia Dor mesoepigástrica, dor lombar – exacerbadas pela ingestão de alimento ou pelo decúbito - coloração clara das fezes, esteatorreia - inicio da diabetes no ano anterior - icterícia (BR: 2,5 a 3) geralmente associada a tumor na cabeça do pâncreas - depressão -prurido (BR: 6 a 8) - sinais de perda de peso, vesícula biliar palpável (Courvoisier), hepatomegalia, massa abdominal, aumento do tamanho do baço (trombose da V. porta) - linfonodo supraclavicular palpável (nódulo de Virchow), metástases subcutâneas na área periumbilical (acometimento peritoneal) (ir maria jose) Os pacientes que desenvolvem obstrução da veia porta ou da veia esplênica podem apresentar hematêmese (devido a varizes) ou ascite. A ascite também pode ser produzida por doença metastática no peritônio →Diagnóstico TC e RM costumam detectar a doença antes dos sintomas -Por imagem: TC helicoidal contrastada de dupla fase (estadiamento e avaliação da ressecabilidade) PET para detectar doença metastática - Diagnóstico histológico: biópsia por agulha cortante Possibilita: teste molecular para mutações KRAS, instabilidade de microssatélites e outras anormalidades moleculares importantes. Pode-se obter biópsia com agulha grossa guiada por USG endoscópica ou no caso de lesões hepáticas ou nódulo de Virchow uma biópsia percutânea - Marcadores séricos: amostra de soro – determinar os níveis de CA19-9 e de CEA -> caso sejam negativos -> dosar CA125 →Considerações imediatas do cuidado - Atentar para ocorrência de obstrução do trato biliar: pode-se usar um stent - Possibilidade de TVP com TEP ou tromboflebite migratória: esses pacientes geralmente tem hipercoagulabilidade - Controle da dor ou dos sintomas. Uso de uma enzima pancreática de reposição pode ser adequado Na atualidade, a tomografia computadorizada (TC) constitui a modalidade mais comumente utilizada para avaliação de massa pancreática, possibilidade de invasão vascular e determinação da ocorrência de metástase do tumor. →Estadiamento clínico ->Extensão da doença e abordagem terapêutica →Tratamento -Doença ressecável Cirurgia constitui a melhor opção. - Tumores na cabeça ou no processo uncinado: duodenopancreatectomia com preservação do piloro - Tumores do corpo ou da cauda: pancreatectomia distal Doença localmente avançada: RT+QT ou QT para tentar tornar a doença ressecável Doença metastática avançada: O irinotecano lipossomal foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em combinação com 5- fluorouracila + leucovorina para pacientes cujos tumores progrediram com o uso da gencitabina, com base na melhora da sobrevida global. A gencitabina isoladamente (ou em associação com erlotinibe) pode ser considerada para pacientes que não seriam candidatos a uma terapia mais agressiva, devido a uma performance clínica diminuída ou a fatores comórbidos. Estudos pré-clínicos sugeriram que a vitamina D pode inibir o desenvolvimento e o crescimento do câncer. Em modelos de câncer de pâncreas, análogos sintéticos da vitamina D tiveram um efeito tanto nas células tumorais quanto no microambiente do tumor -Doença localizada irresecável: A radioterapia definitiva não é curativa na grande maioria dos pacientes cujos tumores não podem ser ressecados. Todavia, ela pode aliviar os sintomas (particularmente a dor) e, possivelmente, levar a um pequeno prolongamento da sobrevida Não há evidências de que a terapia hormonal ou a imunoterapia tenham qualquer benefício antitumoral significativo ->Tratamento dos sintomas Em algum momento, a maioria dos pacientes irá apresentar dor significativa. O tratamento consiste em alguma associação de opioides, agentes não esteroides, paracetamol, gabapentina e outros analgésicos. Pode-se utilizar o bloqueio do plexo celíaco se não for possível controlar a dor abdominal ou a dor lombar por meio de medicação A desnutrição representa um problema significativo. As enzimas pancreáticas podem ajudar nesse ponto e antiácidos podem ser usados para melhorar sua atividade. →Tumores pancreáticos neuroendócrinos Tumores que se originam das células das ilhotas respondem por menos de 10% dos canceres pancreáticos Diferentes turmores funcionais podem ocorrer Tumores pouco diferenciados tendem a metastizar precocemente e apresentam prognóstico pouco favorável Os tipos de tumores bem diferenciados ou moderadamente bem diferenciados incluem insulinomas, glucagonomas, somatostatinomas, gastrinomas, VIPomas (polipeptídeo vasointestinal), PPomas (polipeptídeo pancreático), GRFomas (fator de liberação do hormônio do crescimento), ACTHomas (adrenocorticotrofina), carcinoides, tumores que produzem hipercalcemia e tumores não funcionantes O tratamento inclui ressecção cirúrgica, quando possível, particularmente para a obtenção de cura. Mesmo quando a cirurgia curativa pode não ser viável, a citorredução paliativa (por meio de cirurgia e/ou ablação por radiofrequência [ARF]) pode ter valorno controle dos sintomas Algumas vezes, pode-se obter melhora dos sintomas com o uso de agentes que bloqueiam os efeitos dos hormônios produzidos ➔ Colangiocarcinoma e câncer de vesícula biliar →Introdução Tumores do trato biliar se originam do revestimento epitelial da vesícula biliar e dos ductos biliares. Colangiocarcinomas: tem a sua origem na arvore biliar intra-hepática, peri-hilar ou distal, não incluindo os cânceres de vesícula biliar e da ampola de Vater Os tumores que acometem a bifurcação do ducto hepático principal são coletivamente designados como tumores de Klatskin A grande maioria dos CC e dos CVBs consiste em adenocarcinomas Cada neoplasia tem sua apresentação clínica, características moleculares, padrão metastático e prognóstico. Ressecção cirúrgica completa oferece a nica chance de cura. Porém as taxas de recidivas são altas CCs extra-hepáticos tem as maiores taxas de ressecabilidade Apenas minoria dos CVBs apresentam tumores confinados a vesícula →Epidemiologia e fatores de risco CC intra-hepático é classificado como carcinoma hepatocelular -Muito mais comum no sudeste da Ásia (relacionado a infecção parasitária típica desse local) - acomete principalmente pessoas mais velhas (acima dos 70 anos) ->Fatores de risco CC: - Colangite esclerosante primária (CEP) - Anormalidades congênitas da árvore biliar (síndrome de Caroli, fibrose hepática congênita, cistos de colédoco) - Infecção parasitária por trematódeos hepáticos - Hepatolitíase - Exposições tóxicas, incluindo thorotrast - Síndrome de Lynch II e papilomatose biliar múltipla - Infecção pelo vírus da hepatite C CVBs: - Cálculos biliares Vesícula biliar de porcelana - Pólipos da vesícula biliar Infecção crônica por Salmonella - Cistos biliares congênitos - Anormalidade da junção do ducto pancreaticobiliar →Patologia Maioria dos canceres consiste em adenocarcinomas. Outros tipos ocasionalmente identificados: câncer de pequenas células, carcinoma de células escamosas, linfoma e sarcoma →Manifestações clínicas Variam de acordo com localização da doença CC extra-hepático: sintomas relacionados à obstrução do sistema de drenagem biliar ->icterícia indolor Outros: prurido, dor abdominal, perda de peso e febre, fezes cor de argila, urina escura CC intra-hepático: dor surda no quadrante superior direito e perda de peso, níveis elevados de fosfatase alcalina e níveis normais ou pouco aumentados de bilirrubina. CVB invasivo no estágio inicial: frequentemente assintomático ou sintomas inespecíficos similares a colelitíase ou colecistite. Deve-se considerar o diagnóstico de CVB se houver compressão do ducto hepático comum por um cálculo impactado no colo da vesícula biliar (síndrome de Mirizzi). CVB mais avançado: dor abdominal, anorexia, náuseas ou vômitos, mal-estar e perda de peso. →Diagnóstico - Exames de imagem USG frequentemente é o exame inicial. CC intra-hepáticos: aparece como lesão expansiva Canceres peri-hilar e extra-hepático: mais difíceis de serem identificados -> sinais indiretos: dilatação dos ductos biliares TC: Útil para tumores intra-hepáticos, avaliar o nível de obstrução biliar, confirmar atrofia hepática e metástases distantes A dilatação dos ductos em ambos os lobos hepáticos com vesícula biliar contraída sugere um tumor de Klatskin, que se localiza na bifurcação dos ductos hepáticos comum, direito e esquerdo - distensão da vesícula biliar sem dilatação dos ductos intra-hepáticos ou extra-hepáticos sugere a obstrução do ducto cístico por cálculo ou tumor. - A distensão da vesícula biliar com dilatação dos ductos intra-hepáticos e extra-hepáticos é mais típica de tumores que acometem o colédoco, visto que o segmento obstrutivo é mais distal. - A dilatação dos ductos dentro de um lobo hepático atrofiado, juntamente com lobo contralateral hipertrófico (o complexo atrofia-hipertrofia), sugere invasão da veia porta do fígado. Colangiopancreatografia por RM: Técnica não invasiva para avaliar ductos biliares intra e extra-hepáticos. É mais vantajosa do que a TC -> cria uma imagem tridimensional da arvore biliar. Diferentemente da pancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) convencional, a CPRM não necessita da administração de meio de contraste no sistema ductal Informações sobre: extensão da doença e potencial de ressecabilidade A colangiografia direta envolve uma injeção de meio de contraste radiográfico para opacificar os ductos biliares; pode ser realizada por CPRE ou por meio de abordagem percutânea (colangiografia trans-hepática percutânea [CTP]) USG endoscópica: Útil nos canceres de ductos biliares distais. Pode visualizar a extensão do tumor primário e o estado dos linfonodos regionais e também orienta a aspiração com agulha fina e a biópsia de tumores primários e linfonodos aumentados Biópsia: A obtenção de amostra de bile guiada por USE para análise citológica tem uma sensibilidade de 73% para o diagnóstico de CVB A biopsia ou escovado da lesão suspeita para exame citológico aumenta o rendimento diagnóstico. Para pacientes com achados característicos de obstrução biliar maligna ou lesão expansiva, pode não ser necessária a realização de biópsia pré-operatória. A colecistectomia deve ser fortemente considerada para pacientes com pólipos na vesícula biliar de > 1 cm Deve-se obter um diagnóstico histológico para pacientes a serem submetidos à quimioterapia ou radioterapia ou que participam de um ensaio clínico terapêutico Deve ser considerado para pacientes com estenoses biliares de origem clinicamente indeterminada ->Marcadores séricos Marcadores presentes no soro ou na bile podem ter valor diagnóstico - níveis séricos do CA 19-9 são amplamente usados (acurácia variável) nos colangiocarcinomas. CEA não é sensível nem específico o suficiente - Os níveis de CEA e de CA 19-9 não são úteis para o diagnóstico de CVB →Sistemas de estadiamento Os sistemas de estadiamento de tumores para o colangiocarcinoma intra-hepático e o colangiocarcinoma extra-hepático são ligeiramente diferentes, e ambos se baseiam no sistema TNM →Tratamento A cirurgia representa a única modalidade de tratamento potencialmente curativa nos CVBs. Menos de 30% dos pacientes com colangiocarcinoma apresentam doença passível de ressecção cirúrgica As taxas de ressecabilidade são mais altas para os colangiocarcinomas distais Contraindicações absolutas: metástases hepáticas ou peritoneais, ascite, encarceramento ou oclusão de vasos principais, incluindo veia porta e artérias hepáticas, e comprometimento extenso dos linfonodos regionais. O procedimento cirúrgico necessário varia - Colangiocarcinoma distal: procedimento de Whipple- pancreaticoduodenectomia - CC peri-hilar: ressecção dos ductos biliares exclusiva tem alta taxa de recidiva - CC intra-hepático: está indicada a ressecção hepática -CVB: colecistectomia radical ou estendida, incluindo a remoção da vesícula biliar e pelo menos 2 cm do leito da vesícula biliar + dissecção de linfonodos regionais Se houver invasão do fígado: ressecção do segmento acometido Diagnóstico incidental por ocasião da colecistectomia, justificam-se uma reexploração e ressecção radical se a extensão da doença for T2 ou mais (grande chance de linfonodos acometidos) Considerar reexploração se doença T1b (tumor invadindo a camada muscular) Devido à raridade do câncer de ducto biliar e de vesícula biliar, o papel da radioterapia adjuvante não foi definitivamente avaliado em ensaios clínicos randomizados. Embora, tanto o CVB quanto o colangiocarcinoma tenham taxas elevadas de recidiva local, o CVB exibe um padrão mais prevalente de disseminação metastática. Por esse motivo, a quimioterapia sistêmica costuma ser priorizadano CVB ressecado. ->Doença localmente avançada, não ressecável: Radioterapia + quimioterapia concomitante à base de 5-FU Quimioterapia com gencitabina-cisplatina para a doença avançada, também é considerada como padrão nesses pacientes. ->Doença avançada A quimioterapia sistêmica para o CTB melhora, ocasionalmente, os sintomas e pode melhorar a sobrevida A gencitabina mais platina (cisplatina ou oxaliplatina) tornou-se o padrão de cuidados no tratamento de primeira linha de pacientes com boa performance clínica, portadores de TTB avançado
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