Buscar

Resumo - Neurociência e Transmissão Sináptica

Prévia do material em texto

1 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
 
Transmissão 
Sináptica 
 
Dentro do sistema nervoso, a informação nervosa se propaga, sendo 
transmitida de neurônio para neurônio até alcançar o seu destino. O local onde 
se faz essa transmissão é chamado de sinapse. A sinapse entre duas células 
nervosas é chamada de sinapse neurônio-neurônio, e a sinapse entre uma 
célula nervosa e uma célula muscular é normalmente denominada de junção 
neuromuscular. 
Nas sinapses, a célula transmissora 
é chamada de pré-sináptica e a célula que 
recebe a informação, de pós-sináptica. Tal 
contato envolve um terminal axônico, ou 
seja, a ponta de um ramo de um axônio, 
que é denominado terminal pré-
sináptico. Este faz contato com uma 
pequena área da membrana da célula pós-
sináptica. 
No caso da sinapse neurônio-neurônio, o terminal pré-sináptico pode 
estabelecer contato com uma pequena área sobre: (1) soma, determinando 
uma sinapse axo-sômica; (2) o dendrito, sinapse axo-dendrítica; ou (3) o 
axônio do neurônio pós-sináptico estabelecendo uma sinapse axo-axônica. 
Com base nas suas características morfológicas e seus mecanismos de 
transmissão da informação, as sinapses são classificadas em dois tipos: 
sinapse elétrica e sinapse química. 
 
Sinapse Elétrica 
 
Nas sinapses elétricas, a transmissão nervosa resulta de um fenômeno 
puramente elétrico. Nestas, a membrana do neurônio pré-sináptico e a do pós-
 
2 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
sináptico são separadas por uma 
fenda de 2 nm, onde se encontram 
estruturas especiais, configurando o 
que é chamado de junção gap. 
Essas estruturas especiais 
são tubos de proteínas que 
atravessam a fenda e estabelecem 
conexões de canais aquosos 
intercelulares, formando pontes de 
baixa resistência para trocas iônicas 
entre as duas células. Os canais permitem a passagem bidirecional de íons. 
Tais sinapses são mais frequentes no sistema nervoso embrionário, onde 
podem atuar no desenvolvimento das conexões sinápticas orientado pelo 
sincronismo das descargas das populações de neurônios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinapse Química 
 
Nas sinapses químicas, a transmissão de informação envolve a 
participação de uma substância química chamada de neurotransmissor. 
Os elementos de uma sinapse química são: a membrana pré-sináptica, a 
fenda sináptica, a vesícula sináptica, o neurotransmissor, a membrana pós-
sináptica e o receptor sináptico. 
A membrana pré-sináptica é membrana do terminal pré-sináptico, onde 
se encontra um grande número de vesículas sinápticas que contém o 
neurotransmissor. Essas vesículas são grânulos de diferentes tamanhos (cerca 
de 50 nm de diâmetro) e formas, com um conteúdo líquido, que é, na realidade, 
uma solução salina contendo o neurotransmissor e algumas enzimas 
relacionadas com a síntese deste. O neurotransmissor é a substância 
química que promove a transmissão da informação da membrana pré-sináptica 
até a membrana pós-sináptica. 
A membrana pós-sináptica é a porção da membrana citoplasmática da 
célula pós-sináptica que faz contato com o terminal pré-sináptico, sendo o local 
onde se encontram os receptores sinápticos. As membranas pré e pós-
 
3 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
sinápticas são separadas por uma distância de 30 a 50 nm, sendo este espaço 
chamado de fenda sináptica. O receptor sináptico é uma molécula protéica 
que faz parte da constituição da membrana pós-sináptica. 
 
 
Mecanismo Geral da Transmissão 
Sináptica 
 
O esquema elementar da sequência de eventos que ocorrem ao nível 
sinápatico, durante a transmissão sináptica, é o seguinte: 
1. O potencial de ação propagado chega ao botão sináptico (terminal 
axônico) e despolariza a 
membrana pré-sináptica; 
 
2. A despolarização abre 
canais de cálcio (Ca2+), 
que são controlados pela 
voltagem. A entrada de 
Ca2+ estimula a exocitose 
de vesículas pré-sinápticas, 
liberando o 
neurotransmissor contido em seu interior para a fenda sináptica; 
 
3. O neurotransmissor se difunde pela fenda sináptica e atinge a 
membrana pós-sináptica, alcançando o receptor sináptico; 
 
4. A interação do neurotransmissor com o receptor sináptico provoca uma 
alteração na permeabilidade da membrana pós-sináptica; 
 
5. Essa alteração de permeabilidade leva a uma mudança do potencial de 
membrana pós-sináptica, que é chamada de potencial pós-sináptico 
(PPS); 
 
6. Conforme o tipo de sinapse (ou seja, do receptor sináptico), a mudança 
do PPS pode ser no sentido de despolarizar ou de hiperpolarizar a 
membrana. A despolarização ocorre nas sinapses excitatórias e, neste 
caso, o potencial é chamado de potencial pós-sináptico excitatório 
 
4 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
(PPSE). A hiperpolarização é característica das sinapses inibitórias e, 
neste caso, observa-se um potencial pós-sináptico inibitório (PPSI); 
 
7. As moléculas do neurotransmissor que são liberadas pelas vesículas, ao 
se difundirem pela fenda sináptica, terão três possíveis destinos: 
interagir com receptores sinápticos, cair na corrente sanguínea ou ser 
reabsorvidas para vesículas pré-sinápticas. Durante qualquer um desses 
trajetos, o neurotransmissor pode sofrer ação de enzimas existentes na 
fenda sináptica, sendo inativado. Dessa forma, a ação de cada descarga 
pré-sináptica é limitada no tempo. 
 
*OBS.: As sinapses excitatórias funcionam de forma a promover a 
transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio para outro. Já as 
sinapses inibitórias funcionam segundo um mecanismo oposto ao das 
excitatórias, gerando resistência à transmissão dos impulsos. 
 
 
 
 
 
Neurotransmissores e seus 
Receptores 
 
 
 
 
5 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
Um neurotransmissor normalmente é uma molécula simples: um aminoácido, uma 
monoamina ou um polipeptídeo. Como todas as monoaminas os 
neurotransmissores monoamínicos são moléculas sintetizadas a partir de um 
aminoácido e os polipeptídicos são constituídos por uma cadeia de três ou mais 
aminoácidos. 
 
AMINOÁCIDOS 
 
AMINAS PEPTÍDEOS 
Ácido gama-aminobutírico (GABA) Acetilcolina (ACh) Colecistocinina (CCK) 
Glutamato (Glu) Dopamina (DA) Dinorfina 
Glicina (Gly) Adrenalina Encefalinas (Enk) 
 Histamina N-acetilaspartilglutamato (NAAG) 
 Noradrenalina (NA) Neuropeptídeo Y 
 Serotonina (5-HT) Somastotatina 
 Substância P 
 Hormônio liberador de tireotropina (TSH) 
 Polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) 
 
 
*OBS.: Na literatura atual são encontradas várias menções equivocadas de 
neurotransmissores. Há autores que designam como neurotransmissor certas 
substâncias endógenas que são, na realidade, moduladores da função neural ou 
neuromoduladores. É importante lembrar que o termo neurotransmissor se refere 
ás substâncias que são sintetizadas nos terminais axônicos sinápticos e que 
funcionam como transmissores de informação nervosa entre um neurônio e uma 
outra célula, enquanto o neuromodulador sináptico é uma substância que pode ou 
não ser sintetizada por células do tecido nervoso e que, na sinapse, tem a função 
de modular a transmissão, não sendo diretamente responsável pela informação. 
Assim, a função do neuromodulador é alterar a liberação ou a ação do 
neurotransmissor, ampliando ou minimizando o seu efeito global sobre a célula 
pós-sináptica. 
 
Acetilcolina (ACh) 
A Acetilcolina (ACh) é uma molécula simples, sintetizada a partir de colina e 
acetil-CoA. Os neurônios, ou terminações, que sintetizam e liberam ACh são 
chamados de colinérgicos. 
 
 
6 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
Catecolamina 
As catecolaminas recebem essa designação por serem constituídas pelo 
radical catecol e por uma cadeia lateral de etilamina. A dopamina e a 
noradrenalina são catecolaminas que partilham uma via comum para sua 
biossíntese enzimática. As catecolaminas são sintetizadas a partir do 
aminoácido tirosina. A tirosina é transportadapelo sangue e captada pelos 
neurônios, onde entra em uma sequência de reações. 
 
Serotonina 
O neurotransmissor 5-HT é sintetizado no corpo do neurônio a partir do 
triptofano. Os neurônios que secretam 5-HT são denominados 
serotoninérgicos. Após a sua liberação na fenda sináptica, a 5-HT começa a 
ser removida por mecanismos de recaptação ativa para o terminal pré-
sináptico. 
 
Histamina 
A histamina é uma substância encontrada em vários tecidos. Está presente 
principalmente nos mastócitos e em células sanguíneas, que são ricas em 
grânulos histamínicos, estando relacionada com uma série de reações 
periféricas, em especial a resposta alérgica. No SNC, a histamina é encontrada 
em neurônios do hipotálamo, onde pode atuar como neurotransmissor. É 
formada a partir da descarboxilização do aminoácido histidina. 
 
Aminoácidos 
Neurotransmissores 
 
7 Ana Letícia Rios – P2 – Psicologia - UFAL 
O glutamato (GLU) e o aspartato (ASP) são dois aminoácidos que podem 
funcionar como neurotransmissores. São encontrados em sinapses excitatórias 
de várias áreas do SNC, sendo que o GLU é responsável por 75% de toda 
neurotransmissão excitatória do cérebro. Suas sinapses são chamadas de 
glutaminérgicas. O GLU e o ASP são removidos de suas fendas sinápticas por 
mecanismos de alta especificidade, sendo recaptados pelos terminais pré-
sinápticos, onde retornam para vesículas. 
 
Ácido Gama-aminobutírico 
O ácido gama amino-butírico (GABA) é um derivado de aminoácido, tendo sido, 
até hoje, encontrado em sinapses inibitórias. Os neurônios que secretam GABA 
são chamados de GABAérgicos.

Continue navegando