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Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ Transmissão Sináptica Comunicação celular que envolve um ou mais neurônios em sítios de contato especializado. SINAPSES É uma junção especializada onde uma parte do neurônio faz contato e se comunica com outro neurônio ou tipo celular. A informação geralmente flui em uma única direção, de um neurônio para sua célula-alvo. O primeiro neurônio é denominado pré- sináptico, e a célula-alvo é denominada pós-sináptica. TIPOS DE SINAPSES Sinapses Elétricas: - E permitem a transferência direta da corrente iônica de uma célula para outra. - As sinapses elétricas ocorrem em sítios especializados, denominados junções comunicantes.* As junções comunicantes ocorrem em quase todas as partes do corpo e interconectam muitas células não neurais, como células epiteliais, musculares lisas e cardíacas, hepáticas, algumas células glandulares e células gliais. - Quando dois neurônios estão acoplados eletricamente, o potencial de ação no neurônio pré-sináptico induz um pequeno fluxo de corrente iônica para o outro neurônio através da junção comunicante. - Essa corrente causa um potencial pós- sináptico (PPS) eletricamente mediado no segundo neurônio. Sinapses Químicas: - O mediador químico (neurotransmissor) é liberado da célula pré-sináptica para a fenda sináptica e ativa receptores na célula pós-sináptica; - Depende do potencial de ação acontecer no terminal pré-sináptico; Informações de despolarização e hiperpolarização; - Se a membrana pós-sináptica está em um dendrito, à sinapse é chamada de axodendrítica; - Se a membrana pós-sináptica está no corpo celular, a sinapse é chamada de axossomática; - Se a membrana pós-sináptica está em outro axônio, e essa sinapse é chamada de axoaxônica; - Os dendritos fazem contato com outros dendritos, e a sinapse é chamada de dendrodendrítica; - O axônio pré-sináptico contata um espinho dendrítico pós-sináptico, a sinapse é chamada de axoespinhosa. Junção Neuromuscular - Sinapses químicas também ocorrem entre axônios de neurônios motores da medula espinhal e o músculo esquelético. Esta sinapse é chamada de junção neuromuscular; - A transmissão sináptica neuromuscular é rápida e confiável; - Um potencial de ação no axônio motor sempre causa um potencial de ação na fibra muscular que ele inerva. Essa infalibilidade é justificada, em parte, por especializações estruturais da junção neuromuscular; - A membrana pós-sináptica, também chamada de placa motora terminal, contém uma série de dobras na superfície. As zonas Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ ativas pré-sinápticas estão precisamente alinhadas com essas dobras nas junções, e a membrana pós-sináptica das dobras tem uma alta densidade de receptores para neurotransmissores. - Toxina botulínica ataca o complexo SNARE, bloqueando a transmissão colinérgica das junções neuromusculares. Requisitos para a sinapse química - Síntese de neurotransmissores; - “Empacotamento” do NT em vesículas; - Potencial de ação pré-sináptico; - Mecanismo para produzir uma resposta elétrica ou bioquímica ao neurotransmissor no neurônio pós-sináptico; - Mecanismo para remoção dos neurotransmissores da fenda sináptica; Etapas da liberação vesicular - Captação do neurotransmissor; - NT armazenado na vesícula; - Ancoragem; - Ativação; - Entrada de Ca2+ por canais voltagem dependente - Fusão da vesícula - A exocitose das vesículas depende de uma complexa maquina proteica altamente conservada; Receptores para neurotransmissores - Ionotrópicos: é receptor e também canal iônico, possui uma ação mais rápida. Ex: NMDA, AMPA, Cainato (NT glutamato) Colinérgicos nicotínicos ( NT acetilcolina) GABA-A (NT GABA) - Metabotrópico: é receptor e altera canais iônicos, possui uma ação mais disseminada Auto receptores; Receptores para NT no terminal pré- sináptico; Inibem a liberação de NT Remoção de NT’s da fenda sináptica Possibilidades: - Recaptação para terminal pré-sináptico para: (1) ser degradado por enzimas (2) ser recarregado para vesículas (GABA, glutamato, monoaminas) - Recaptação por células glias (GABA, glutamato = sinapse tripartida) - Degradação por enzimas ainda na fenda sináptica (ACH) Alguns medicamentos agem impedindo a receptação - aumentam o efeito do NT Inibidores de recepção de serotonina: - Fluoxetina - Paroxetina - Sertralina - Citolopram Integração sináptica - A integração sináptica é o processo pelo quais múltiplos potenciais sinápticos se combinam em um neurônio pós-sináptico; - Quanto mais distante da zona de disparo, menos chance de desencadear um PA. Potenciais excitatórios pós-sinápticos: A resposta pós-sináptica mais elementar é a abertura de um único tipo de canal iônico ativado por neurotransmissor; É uma entrada excitatória na célula; Promove despolarização sináptica na fenda que ele esta presente; Abre canais de sódio dependente de ligantes, o sódio entra na célula e o potencial de -65mV fica mais positivo. Somação de PEPSs: neurônios executam computações sofisticadas, requerendo que muitos PEPSs sejam adicionados para produzir uma significante despolarização pós-sináptica. Somação Espacial: consiste em adicionar PEPSs gerados simultaneamente em muitas sinapses em um dendrito. Há uma Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ positividade maior e tem mais chance de chegar a uma zona de disparo. Somação Temporal: consiste em adicionar PEPSs gerados na mesma sinapse e que ocorrem em uma rápida sucessão, dentro de intervalos de 1 a 15 ms. A Contribuição das Propriedades Dendríticas à Integração Sináptica Antes que o potencial de ação possa ser gerado, a corrente que entra pelos sítios da região de contato sináptico deve se propagar ao longo do dendrito e através do corpo neuronal até causar, na zona de gatilho, uma despolarização além do limiar de excitação. A efetividade de uma sinapse excitatória em desencadear um potencial de ação depende, portanto, de quão longe a sinapse está da zona de gatilho e das propriedades de condução da membrana dendrítica. (a) Uma corrente iônica é injetada dentro do dendrito e a despolarização é registrada. À medida que a corrente se difunde ao longo do dendrito, boa parte dela se dissipa através da membrana. Portanto, a despolarização medida a uma determinada distância do local da injeção é menor do que a medida feita exatamente nesse local. (b) Um gráfico da despolarização da membrana em função da distância ao longo do dendrito. Em uma distância λ, uma constante de comprimento, a despolarização da membrana (Vλ) é 37% da despolarização na origem. Inibição A ação de algumas sinapses é afastar o potencial de membrana do limiar do potencial de ação; essas são chamadas de sinapses inibitórias. As sinapses inibitórias exercem um poderoso controle sobre o sinal de saída de um neurônio. Potenciais inibitórios pós-sinápticos: - Os canais ativados por neurotransmissores da maioria das sinapses inibitórias são permeáveis unicamente a um íon natural, o Cl– . A abertura do canal de cloreto permite que o Cl− atravesse a membrana no sentido que traz o potencial de membrana para o potencial de equilíbrio do cloreto, ECl, cerca de −65 mV. Se o potencial de membrana for menos negativo que −65 mV quando o neurotransmissor for liberado, a ativação desses canais causaria um PIPS hiperpolarizante. - Inibição por derivação é o movimento de entrada dos íons cloreto negativamente carregados, os quais formalmente equivalem a uma corrente positiva de saída. - Os PIPS reduzem o tamanho dos PEPS, reduzindo a probabilidade de disparo de potenciais de ação pelo neurônio pós- sináptico. Além disso, a inibição por derivação age reduzindo drasticamente a rm e, consequentemente, a constanteλ, permitindo, portanto, que a corrente positiva flua para fora através da membrana, em vez de fluir internamente no dendrito rumo à zona de gatilho. Modulação pelo receptor β da NA. 1. A ligação da NA ao receptor ativa a proteína G na membrana. 2. A proteína G ativa a enzima adenilato-ciclase. Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ 3. A adenilato-ciclase converte ATP em um segundo mensageiro, o AMPc. 4. O AMPc ativa uma proteína-cinase. 5. A proteína-cinase causa o fechamento do canal de potássio pela fosforilação de uma proteína do canal. Sistemas de Neurotransmissores Critérios que devem ser atingidos para que uma molécula possa ser considerada um neurotransmissor: 1. A molécula deve ser sintetizada e estocada no neurônio pré-sináptico. 2. A molécula deve ser liberada pelo terminal axonal pré-sináptico sob estimulação. 3. A molécula, quando aplicada experimentalmente, deve produzir na célula pós-sináptica uma resposta que mimetiza a resposta produzida pela liberação do neurotransmissor do neurônio pré-sináptico. Imunocitoquímica A imunocitoquímica pode ser utilizada para localizar qualquer molécula para a qual um anticorpo específico possa ser produzido, incluindo as enzimas que sintetizam os candidatos a transmissores. A demonstração de que o candidato a transmissor e a enzima que o sintetiza estão contidos no mesmo neurônio – ou ainda melhor, no mesmo terminal axonal – pode ajudar a satisfazer o critério de que a molécula está localizada e é sintetizada em um neurônio específico. Hibridização In Situ A hibridização in situ é um método empregado para localizar transcritos específicos de RNAm para certas proteínas. Juntos, esses métodos nos permitem observar se um neurônio contém e sintetiza um candidato a transmissor, assim como moléculas associadas a ele. Estudando os Receptores Cada neurotransmissor exerce seus efeitos pós-sinápticos por meio da ligação a receptores específicos. Como regra, dois neurotransmissores diferentes não se ligam a um mesmo receptor; entretanto, um neurotransmissor pode ligar-se a diferentes tipos de receptores. Análise Neurofarmacológica: A neurofarmacologia da transmissão sináptica colinérgica: Determinados sítios em receptores de transmissores podem ligar-se ao próprio transmissor (ACh), a um agonista que mimetiza a ação do transmissor ou a um antagonista que bloqueia os efeitos do transmissor ou dos agonistas. A neurofarmacologia da transmissão sináptica glutamatérgica: Existem três principais subtipos de receptores de glutamato, cada um dos quais liga glutamato e é ativado seletivamente por um agonista diferente. Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ União de Ligantes: Qualquer composto químico que se liga a um sítio específico em um receptor é denominado ligante desse receptor. A técnica empregada para estudar receptores utilizando ligantes marcados de forma radioativa ou não radioativa é denominada método de ligação ao ligante. QUÍMICA DE NEUROTRANSMISSORES Neurônios Colinérgicos: - A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor presente na junção neuromuscular, e, portanto, é sintetizada por todos os neurônios motores do tronco encefálico e da medula espinhal. Outras células colinérgicas contribuem para as funções de circuitos específicos no SNP e no SNC. - A síntese da ACh requer uma enzima específica, denominada colina- acetiltransferase (ChAT) Como todas as proteínas pré-sinápticas, a ChAT é sintetizada no corpo celular e transportada até o terminal axonal. - Os neurônios colinérgicos também produzem a enzima que degrada ACh, a acetilcolinesterase (AChE). A AChE é secretada na fenda sináptica e está associada às membranas dos terminais axonais colinérgicos. - A inibição de AChE previne a quebra da ACh, prejudicando a transmissão em sinapses colinérgicas no músculo esquelético e no músculo cardíaco. Os efeitos agudos incluem marcada diminuição da frequência cardíaca e da pressão arterial; no entanto, a morte causada por inibição irreversível da AChE normalmente resulta de parada respiratória. Neurônios Catecolaminérgicos: - Os neurônios catecolaminérgicos são encontrados em regiões do sistema nervoso envolvidas na regulação do movimento, do humor, da atenção e das funções viscerais - Todos os neurônios catecolaminérgicos contêm a enzima tirosina hidroxilase (TH), a qual catalisa o primeiro passo na síntese das catecolaminas, a conversão da tirosina em um composto denominado dopa (l-di- hidroxifenilalanina) - Os neurotransmissores do tipo catecolamina são a dopamina (DA), a noradrenalina (NA) e a adrenalina, também chamada de epinefrina - Uma vez no interior do terminal axonal, as catecolaminas podem ser recarregadas em vesículas sinápticas para reutilização, ou podem ser enzimaticamente destruídas pela ação da monoaminoxidase (MAO), uma enzima encontrada na membrana externa das mitocôndrias. Neurônios Serotoninérgicos: - Desempenha um papel importante nos sistemas encefálicos que regulam o humor, o comportamento emocional e o sono. - O neurotransmissor do tipo amina serotonina, também chamado de 5- hidroxitriptamina e abreviado como 5-HT, é derivado do aminoácido triptofano. - A síntese de serotonina ocorre em duas etapas, da mesma forma que a síntese da dopamina. O triptofano é convertido inicialmente no intermediário 5- hidroxitriptofano (5-HTP) pela enzima triptofano hidroxilase. O 5-HTP é, então, convertido em 5-HT pela enzima 5-HTP descarboxilase. A síntese de serotonina parece ser limitada pela disponibilidade de triptofano no líquido extracelular que banha os neurônios. A fonte encefálica de triptofano é o sangue, e a fonte de triptofano no sangue é a dieta (grãos, carne, produtos lácteos e chocolate são especialmente ricos em triptofano). Neurônios Aminoacidérgicos: - Os aminoácidos glutamato (Glu), glicina (Gli) e ácido gama-aminobutírico (GABA) atuam como neurotransmissores na maioria das sinapses do SNC - O glutamato e a glicina são sintetizados a partir da glicose e de outros precursores, utilizando enzimas que existem em todas as células. - A distinção mais importante entre neurônios glutamatérgicos e não glutamatérgicos, contudo, é o transportador que carrega esse aminoácido para dentro das vesículas sinápticas. Roberto Eduardo Enfermagem - UFRJ - O precursor para o GABA é o glutamato, e a enzima-chave de síntese é a glutamato descarboxilase (GAD) - A ação sináptica dos aminoácidos transmissores é finalizada pela captação seletiva para o interior do terminal pré-sináptico e para as células gliais, mais uma vez por transportadores específicos dependentes de Na+. Dentro do terminal ou das células gliais, o GABA é metabolizado pela enzima GABA transaminase.
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