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Resenha Crítica Do Filme - Gênio Indomável E Sua Relação Com A Psicologia

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Resenha Crítica Do Filme “Gênio Indomável” E Sua Relação Com A Psicologia 
 
Gênio Indomável (Good Will Hunting) é um filme de drama norte-americano 
produzido na década de 90, dirigido por Gus Van Sant com roteiro de Matt Damon e Ben 
Affleck. O longa conta a história do jovem rebelde chamado Will Hunting (interpretado por 
Matt Damon) que mora em South Boston “Southie”, um bairro simples em Massachusetts. 
Sem dinheiro no bolso ou qualquer plano para o futuro, ele trabalha como faxineiro na 
conceituada Massachusetts Institute of Technology (MIT). A partir dessa descrição é possível 
imaginá-lo como um rapaz comum semelhante a qualquer outro. 
Certo dia, o professor Gerald Lambeau (interpretado por Stellan Skaersgard) desafia 
os alunos a resolver um teorema matemático até o final do semestre, em uma lousa no 
corredor da instituição, que o mesmo demorou anos para resolvê-lo. O que o renomado 
professor não esperava era que o problema seria resolvido em apenas um dia. Surpreso, ele 
descobre que quem realizou tal feito foi o faxineiro da instituição. Assim, Will é descoberto 
pelo seu talento matemático. 
 Criado em um orfanato, o jovem rapaz teve uma infância e adolescência bem 
complicada ao passar por três lares adotivos diferentes, no qual, em um deles, sofria maus 
tratos sendo constantemente espancado por seu pai adotivo. Desde bem cedo teve acesso a 
drogas e bebidas, passando pela polícia repetidas vezes devido ao comportamento 
inadequado, violência e brigas. 
Ao perder o controle, Will acaba se envolvendo em uma briga de rua e é preso. 
Interessado em torná-lo seu pupilo, o professor Lambeau assume a responsabilidade de tirá-lo 
da cadeia com duas condições: que o garoto frequente as aulas de matemática avançada e que 
vá ao terapeuta, no mínimo, uma vez por semana. As aulas de matemática não são um 
problema para Hunting, mas a ideia de ter que se submeter a uma sessão de terapia o 
incomoda muito e por isso, manipulava os terapeutas fazendo piadas e agressões verbais. Ele 
acaba passando por vários profissionais até, finalmente, chegar ao Dr. Sean Maguire 
(interpretado por Robin Williams). Sujeito pouco ortodoxo, esse psicoterapeuta é o único com 
quem o garoto consegue, após vários atendimentos, conversar e se abrir. Diante disso, 
desenvolve-se a trama do filme. 
Sean Maguire é um psicoterapeuta viúvo que sofre após a morte de sua amada esposa 
pelo câncer. Apesar de ter sido ex-colega de faculdade do professor Lambeau e ainda possuir 
problemas mal resolvidos com o mesmo, Gerald o convence a orientar o garoto. Após uma 
primeira sessão bastante conturbada, em que Will o provoca e o faz perder o controle, Sean 
consegue vencer o senso de humor ácido e a agressividade do jovem tornando-se, 
posteriormente, grandes confidentes. 
Gerald Lambeau é um renomado professor do MIT que vive se gabando por ter 
ganhado uma medalha Fields (Medalha Internacional de Descobrimentos Proeminentes em 
Matemática – que acontece a cada quatro anos). Assim, através das suas falas e expressões, é 
possível perceber um sentimento de superioridade em relação a todos a sua volta. Contudo, 
quando conhece Hunting, um faxineiro que não tem nem a metade da sua escolaridade, fica 
perplexo com sua inteligência e resolve ajudá-lo, dizendo-lhe que poderia conquistar as 
premiações que ele jamais conseguira. Gerald considerava o garoto melhor do que ele, 
cogitando a compará-lo aos eminentes da matemática como o gênio indiano Srinivasa 
Ramanujan. 
De acordo com David G. Myers, autor do livro Psicologia, 9ª Edição, inteligência é a 
habilidade de aprender a partir da experiência, solucionar problemas e usar o conhecimento 
para se adaptar a novas situações. Vários estudos foram construídos ao longo do século 
passado para definir a inteligência para além do brilhantismo acadêmico de Spearman e 
Thurstone. 
 
Gardner, por sua vez, propõe uma visão de inteligência que 
tenha abrangência em aspectos biológicos e de funcionamento mental 
do indivíduo, as interações do indivíduo com o meio ambiente e as 
formas como a cultura pode influenciar os conceitos e 
desenvolvimento. Gardner expõe que não existe apenas uma 
inteligência e que essas estão enraizadas nos planos biológicos e 
psicológicos do indivíduo, e seus potenciais realizam-se por fatores 
culturais e motivacionais. As inteligências assinaladas por Gardner 
são: linguística, lógico-matemática, musical, cinestésica, interpessoal, 
intrapessoal, espacial e naturalística (Gama, 2006). 
 
No filme Gênio Indomável, o protagonista tem uma inteligência Lógico-matemática 
bastante desenvolvida que o permite solucionar problemas matemáticos com extrema 
facilidade. Todavia, é possível notar que o jovem não tinha um ambiente propício ao 
desenvolvimento da sua capacidade. Sua cultura geral, além da lógico-matemática, vinha da 
frequente estimulação da leitura que ele mesmo proporcionava para si. Posto isso, sem nunca 
ter tido a oportunidade de ingressar em uma instituição educacional, é através do seu 
autodidatismo e memória fotográfica que suas competências são aprimoradas. 
“Também distinta da inteligência acadêmica é a inteligência social – o know-how 
envolvido na compreensão de situações sociais e no autogerenciamento bem-sucedido” 
(MYERS, David, G., 2012, p. 312). Dessa forma, inteligência emocional é a habilidade de 
perceber, entender, gerenciar e usar as emoções. No longa, Will é um jovem com a 
inteligência emocional pouco desenvolvida sendo, em parte, decorrente da sua história de 
vida, uma vez que este nunca recebeu um suporte familiar numa das etapas mais importantes 
do desenvolvimento humano, a infância. 
Se sentir aceito e merecedor do amor daqueles que estão a sua volta é fundamental 
para o desenvolvimento do individuo. Todavia, a perda desse amor fez com que ele criasse 
mecanismos de defesa não se permitindo conhecer e ter um relacionamento mais profundo 
com as pessoas por medo de perdê-las e, por isso, acaba afastando-as antes que a abandonem. 
Exemplo maior é o caso de Skylar (interpretada por Minnie Driver), estudante de Medicina de 
Harvard que se apaixona por Will, começa a namorá-lo, mas ele, rapidamente, trata de afastá-
la. Outro ponto interessante são os amigos de Will: Chuckie (interpretado por Ben Affleck), 
Billy (interpretado por Cole Hauser) e Morgan (interpretado por Casey Affleck). O garoto 
escolhe os três como amigos, uma vez que percebe que são leais e fariam qualquer coisa por 
ele. Ademais, o comportamento rebelde e anti-social se caracteriza fortemente pela não 
aceitação de sua capacidade superior, preferindo conversas sem profundidade e trabalhos 
menores, que não precise utilizar seu potencial, visto que, assim, poderia esconder seu talento 
e não se sentir fora do grupo que andava. 
Diante disso, o Dr. Sean Maguire tem o difícil desafio de ajudar Will com seus 
sentimentos, insatisfações e incapacidades, para que o jovem promissor consiga assumir 
possibilidades mais felizes para si mesmo, tanto no amor quanto na vida profissional. Apesar 
da relutância, o garoto acaba cedendo às dúvidas e questionamentos do psicoterapeuta, que 
passa a orientá-lo, desenvolvendo uma relação de confiança entre ambos a partir de então. 
Maguire, ao perceber que Will não se envolve em seus relacionamentos, focaliza no tema a 
fim de tentar entender melhor a dinâmica do garoto. Inicialmente, conta sobre sua vida 
pessoal para Hunting e, após várias sessões, o psicológico vai se comovendo com a história 
do cliente, tornando-se amigos no final do filme. Desse modo, apesar de Will ter ajudado 
Sean com suas dificuldades relacionadas à morte de sua esposa e Sean tê-lo ajudado com seus 
problemas emocionais, eles ultrapassam os limites da ética e do profissionalismo, visto que 
Sean acaba abrindo espaço para que o jovem entre em sua vida pessoal, perdendo a postura 
terapêutica e violando a relação médico-paciente. 
Em algumas cenasdo filme, é possível evidenciar os preconceitos relacionados a 
questões sociais. Um exemplo é a cena em que Will e seus amigos vão para um bar em 
Havard e, Clark, um estudante de História, começa a se gabar diante do protagonista, pois 
pensava que, como eles eram pobres e não tinham formação acadêmica, tinha o direito de 
humilhá-los. Dessa forma, a valorização do conhecimento científico em decorrência da 
produção de outros saberes, vistos como ignorantes pela comunidade, e a associação do poder 
econômico com o nível de inteligência de um indivíduo ainda está enraizada na sociedade nos 
dias de hoje. É inegável que quanto melhor a condição financeira, maiores são as 
oportunidades de ter uma educação de qualidade. No entanto, isso não significa que pessoas 
de baixa renda não possam estudar, ter conhecimento, desenvolver sua capacidade de 
raciocínio e ser inteligente. Junto a isso, podemos observar também o antagonismo em que os 
ambientes são retratados quando a questão é pobreza/riqueza. O mundo de Will é marcado 
pela informalidade, linguagem coloquial, brigas de rua, bebidas e drogas. Já no cenário 
universitário, mundo com o qual Skylar está ligada, há a presença da formalidade, 
investimento em educação e cultura. 
Ao assistir o filme, pode-se concluir que, existe um grande problema no âmbito 
educacional quando o assunto é a contemplação de programas específicos e sistematizados de 
reconhecimento de crianças e adolescentes com superdotação ou autodidatismo. Ao invés 
disso, estes ficam à margem e são excluídos por seus próprios colegas, uma vez que não se 
encaixam nos grupos e nem gostam das mesmas coisas daqueles ditos como normais. Dessa 
forma, ao invés de ignorá-los é necessário que tanto a escola quanto a sociedade aceitem esses 
indivíduos como realmente são e passem a conviver harmoniosamente com a diferença, pois 
se não orientados da maneira correta, não desenvolverão todas as suas capacidades. 
Gênio Indomável é um filme surpreendente. Primeiramente por ter sido escrito por 
uma dupla de jovens roteiristas inexperientes na indústria cinematográfica. Entretanto, 
conseguiu convencer os críticos e telespectadores com seus diálogos bem estruturados e 
personagens com grande peso emocional, explorando temas de grande relevância. Não é a toa 
que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante para Robin Williams pela 
brilhante atuação. O longa tem um final não tão inesperado, uma vez que termina com um 
desfecho clichê em que o protagonista vai atrás da sua amada, dando um toque romântico no 
filme. Assim sendo, para a época em que foi lançado, aborda um tema pouco explorado no 
cinema que é a inteligência e a superdotação. Por fim, é um bom filme para os amantes da 
psicologia e para aqueles que gostam de uma obra cinematográfica com uma boa crítica 
social. 
 
REFERÊNCIAS 
 
MYERS, David. Introdução à Psicologia Geral. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 
 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752012000200010

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