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Gabrielli Lopes Pinto - Enfermagem UFES 88 Antibacterianos e resistência bacteriana Conceitos importantes Antibióticos: palavra usada para designar as substâncias químicas produzidas por organismos vivos que possuem capacidade de inibir o crescimento de outros e que podem eventualmente destruí-los ▪ Alguns são produzidos de forma sintética e in vitro, o que fez com que ganhassem a nomenclatura de quimioterápicos antimicrobianos Quimioterápico: é um termo geral que se refere à capacidade de uma substância quimicamente ativa produzir benefícios terapêuticos Antimicrobiano: agente quimioteráp. com capacidade para reduzir ou eliminar microorganismos Classificação dos antimicrobianos Quanto à sua estrutura química Derivados de aminoácidos: as penicilinas, vancomicina, etc. Derivados de açúcares: a estreptomicina, canamicina, etc. Derivados de acetato e propionato: são a anfotericina B, nistatina, etc. Quanto à sua natureza Natural Semi-sintético Sintético Quanto ao seu efeito Microbicida: causa a “morte” bacteriana; lesão irreversível Microbiostático: inibe o crescimento do micróbio, sendo seu efeito reversível com a retirada da droga Características de um antimicrobiano ideal Não produzir efeitos adversos que sejam desagradáveis Ter toxicidade seletiva Ter amplo espectro de ação Atingir concentrações ideais nos tecidos Solúvel em líquidos corpóreos Não induzir resistência Não ter efeito teratogênico Não ser destruído por enzimas tissulares Facilmente obtido em escala industrial Ter baixo custo Tipos de resistência bacteriana Intrínseca Característica natural de determinados grupos de bactérias (própria de certas espécies ou gêneros) ▪ Exemplo: a Serratia spp., que é resistente às polimixinas pois sua membrana externa não possui o sítio de ligação ▪ Outro exemplo de resistência intrínseca é quando uma bactéria possui alguma enzima capaz de degradar o fármaco Adquirida Decorrente de mutações no material genético bacteriano ou da aquisição de material genético móvel, com genes que codificam resistência ▪ Cromossomial: mutações que não são transmissíveis ▪ Elementos genéticos móveis: um exemplo é o plasmídeo; essa é transmissível Gabrielli Lopes Pinto - Enfermagem UFES 88 Mecanismo de ação dos antibacterianos Inibição da síntese da parede celular Beta-lactâmicos (a penicilina, a oxacilina, os carbapenêmicos, as cefalosporinas e outros), vancomicina e bacitracina Exemplo: eles podem atuar inibindo as enzimas transpeptidases, interrompendo a reação de transpeptidação (importante para formar a parede celular bacteriana) Inibição da síntese de proteínas Alteram funcionamento das subunidades ribossômicas 30S (como as tetraciclinas, estreptomicina e os aminoglicosídeos) ou 50S, como o cloranfenicol, macrolídeos, a lincomicina e a clindamicina, inibindo a síntese protéica Alguns impedem a síntese protéica por se ligarem ao RNAt, como a mupirocina e a puromicina Atuam como análogos estruturais de metabólitos essenciais (anti-metabólitos) Trimetoprima, sulfas e isoniazida (para micobactérias) ▪ As sulfas são similares ao PABA, que é essencial para a síntese do ác. fólico (agem através de uma competição por sítio ativo) Atuam diretamente na membrana celular do microorganismo Polimixina: permeabilidade e leva ao extravasamento do conteúdo que é intracelular, ou seja, desestrutura a membrana celular bacteriana Daptomicina: ela forma um poro na membrana e provoca a despolarização, que perde a capacidade de síntese das moléculas Alteram o metabolismo do ácido nucléico Rifampicina: inibe a RNA polimerase Quinolonas e fluoroquinolonas, que inibem a DNA-girase Resistência bacteriana às drogas Resistência decorrente de alterações do sítio- alvo da droga Esse mecanismo geralmente decorre de mutações espontâneas A bactéria vai sintetizar moléculas-alvo alteradas e o antimicrobiano irá perder a capacidade de ligação à ela Resistência a beta-lactâmicos por conta de alterações nas enzimas que sintetizam a parede celular Resistência a tetraciclinas por conta da ligação de uma proteína protetora ao ribossomo Resistência a quinolonas por conta de alterações na DNA girase Resistência decorrente da síntese de altos níveis de enzimas cuja ação é bloqueada pela droga Já foi observada para os beta-lactâmicos ▪ Ocorre um aumento de produção pelas bactérias das enzimas da síntese da parede celular (PBPs) ▪ É como se houvesse competição com a dose do fármaco, que não pode ser muito aumentada, visto que há o risco de toxicidade para o organismo humano Resistência que é decorrente da redução da permeabilidade celular Geralmente decorrente da ação de um sistema (MAR) que impede a entrada da droga por diminuir a permeabilidade da célula Resistência decorrente de um mecanismo de efluxo da droga Mediada por proteínas que expulsam o antimicrobiano após sua entrada; pode ocorrer em bactérias Gram + e – Resistência decorrente da presença de uma 2ª enzima que executa a reação inibida Sulfas, meticilina e mupirocina Gabrielli Lopes Pinto - Enfermagem UFES 88 Resistência decorrente da produção de enzimas modificadoras da droga Geralmente associada à presença de plasmídeos A droga torna-se inativa pela ação da nova enzima produzida pela bactéria Cloranfenicol e produção da enzima CAT Eritromicina e produção de uma esterase Beta-lactâmicos e a produção de beta- lactamases Pressão seletiva Terapia com antibióticos → morte das bactérias sensíveis → proliferação das bactérias resistentes Detecção da resistência A eficácia da droga depende do tipo de antimicrobiano, do paciente e patógeno Técnica qualitativa Fornece resultados nas categorias: sensível, intermediário e resistente Sensível: indica que a infecção pode ser tratada com a dose recomendada Intermediário: implica que a infecção pode ser tratada em sítios corpóreos onde a droga é concentrada ou quando uma alta dosagem da droga pode ser usada Resistente: o microorganismo não será inibido pela concentração normalmente usada da droga Um exemplo de técnica qualitativa é o teste de disco-difusão Teste de disco-difusão Inóculo: transferência de 4-5 colônias crescidas por 24h para 5 ml de salina 0,85% turbidez 0,5 da escala McFarland Inoculação no meio: no máx. em 15 minutos após o ajuste do inóculo, com SWAB embebido e comprimido contra a parede do tubo; semeadura convergente Aplicação dos discos: retirar discos 1h antes do freezer e aplicá-los após 15 min. da inoculação bacteriana com uma pinça e pressionar no máx. 12 discos em placas de 15 x 150 mm e 5 discos em placas de 15 x 90 mm Incubação e leitura: as placas devem ser invertidas e incubadas por cerca de 18h a 35 ºC, em atmosfera ambiente; usar régua milimetrada e medir o diâmetro do halo de inibição com luz refletida sobre o fundo da placa, tendo como contraste um fundo escuro; comparar os valores com tabela do CLSI Técnica quantitativa Determina a quantidade da droga capaz de eliminar ou impedir o crescimento bacteriano, ou seja, a concentração mínima inibitória (CMI) As técnicas mais usadas são a diluição em caldo, diluição em ágar, teste-E, etc. Os comitês de padronização fornecem sugestões de grupos de antibióticos que devem ser testados para cada gênero ou espécie bacteriana Macrodiluição em caldo: a interpretação da menor concentração da droga no teste é feita onde não há turvação; deve-se comparar com valores do CLSI
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