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Microbiologia Lorena Araújo- 106 1 Antibiose: processo natural de seleção pelo qual um ser vivo destrói um outro para assegurar sua sobrevivência; - Resistência e produção dos antibióticos sempre esteve relacionada - Os seres que produzem esses antibióticos são naturalmente resistentes àquele medicamento; - Fármacos naturais: são aqueles que foram copiados da natureza, produzidos em laboratório sem alteração da sua forma natural. • São chamados de antibióticos. - Fármacos semissintéticos: são aquelas que sofreram alterações na sua forma natural, por exemplo, para aumentar o espectro de ação. Fármacos sintéticos: aqueles produzidos totalmente de forma sintética, em laboratório - Quando usamos o termo antimicrobiano (ao invés de antibiótico), englobamos os naturais os semissintéticos e os sintéticos Quanto a ação: Bacteriostático: inibe a multiplicação bacteriana para que o sistema imune possa agir sem provocar morte celular, inibe o crescimento. Exemplos: Chloramphenicol, Erythromycin, Clindamycin, Sulfonamides, Trimethoprim e Tetracyclines Bactericida: promovem a morte da célula bacteriana por meio da ligação irreversível a seus componentes Bacteriolítico tem relação com o bactericida, porém mata a célula por meio da lise celular. Exemplos: Aminoglycosides, Beta-lactams, Vancomycin, Quinolones, Rifampin e Metronidazol Concentração Inibitória Mínima (CIM) -Mínima concentração necessária de determinado antimicrobiano capaz de inibir a população bacteriana, fazendo com que ele consiga executar sua ação de bacteriostático ou bactericida. - A quantidade mínima que garante o efeito satisfatório do fármaco - Contagem de célula através das células integras e viáveis Vermelha: célula integra (morta, mas sem sofrer lise) Verde: célula viável - Por isso é importante tomar remédio nos intervalos corretos, quando há remoção do antimicrobiano (se deixar de tomar por longo intervalo de tempo) elas começam a se multiplicar novamente - Bacteriostático: teremos um platô (estabilidade) do número total de bactérias assim que ele é inserido - Bactericidas: a contagem total de células fica constante e a de células viáveis reduz, pois elas morrem e continuam com sua estrutura íntegra. -Bacteriolíticos: as duas curvas irão reduzir, pois além de as bactérias morrerem, elas também sofrem lise da sua estrutura (perdem sua estrutura) Quanto ao espectro - Relacionado ao escopo de microrganismos que são suscetíveis a ação da droga • Estreito atuam sobre bactérias gram + ou gram -. Atuam apenas sobre um grupo o Ex.: Penicilina G agindo sobre Gram positivos (apenas) – penicilina atua em parede celular; • Amplo – atuam tanto sobre as gram+ quanto sobre as gram-. Ex.: tetraciclinas agindo sobre Gram-positivos e negativos • Melhor utilizar o estreito, porque o amplo vai afetar vários outros micro-organismos desnecessariamente, provocando resistência bacteriana. • Estes termos não se referem a potência ou eficácia do fármaco, apenas ao grupo que atua. Características desejáveis de um antimicrobiano Toxidade seletiva – substância que tem preferência pela estrutura do patógeno do que da célula humana, possuindo menor efeito possível ao organismo humano, tendo como intenção matar o patógeno. Preferencialmente bactericida - depende do organismo que causa a infecção, pois ele irá matar a célula e pode ser que libere toxinas ao sofrer lise, sendo melhor não usar bacteriolítico. Baixos níveis de resistência – para saber é pela tentativa e erro (saber se vai ser eficaz) e por amostras hospitalares que tem a bactéria e o perfil de resistência. O que mais dá certo; Antialérgico – necessário que não cause nenhum efeito alérgico no paciente. Solubilidade em água e fluidos orgânicos – relacionada com a capacidade do princípio ativo chegar nos tecidos e sítios ativos (capacidade de penetração no interior do organismo) Estabilidade – relacionada principalmente no processo fármaco para a molécula se mantenha estável no organismo. Critérios clínicos, epidemiológicos e microbiológicos • Sítio da Infecção – cada um para determinada infecção • Características do microrganismo: tratamento antimicrobiano baseado em resultado de cultura e antibiograma; • Custo e Disponibilidade; • Avaliar função renal e hepática Microbiologia Lorena Araújo- 106 2 • Função renal comprometida causa acúmulo de fármacos que possuem metabolismo renal e geram uma ação tóxica o Ex.: penicilinas, tetraciclinas, vancomicina, ciprofloxacina e teicoplanina • Função hepática comprometida causa o acúmulo de fármacos que possuem metabolismo hepático. o Ex.: Metronidazol e rifampicina 1) Inibição da duplicação cromossômica ou da transcrição – síntese de ácidos nucleico. • Não vai conseguir se reproduzir, inibir síntese proteica • São as quinolonas e os nitroimidazólicos • Fluoroquinolonas – são inibidores da DNA topoisomerase II (girase) e da topoisomerase IV, as quais estão relacionadas com a desnovelamento da molécula de DNA no processo de replicação o Para muitas bactérias gram-positivas, a topoisomerase IV é a atividade principal inibida pelas quinolonas. o Em contraste, para muitas bactérias gram- negativas (E. coli), o principal alvo das quinolonas é a DNA-girase • Nitroimidazóis – inibem seletivamente várias oxidases sendo eficaz no tratamento das infecções por anaeróbios. Ex.: Metronidazol • Nitrofuranos – furazolidona, nitrofurazona, furaltadona, nitrofurantoína e nifursol são substâncias de amplo espectro que são utilizadas como promotores de crescimento de animais. o Uso de sub-doses de antimicrobianos para que o animal não fique doente e possa crescer mais rápido para abate, o que é algo ruim pelo desenvolvimento da resistência ao antimicrobiano usado. • Rifampicina – age ligando-se e inibindo a RNA polimerase DNA dependente das células procarióticas, não formando o RNAm. 2- Inibição da atuação de enzimas que produzem substâncias essenciais ao metabolismo • Inibição na síntese das purinas (adenina e guanina) e ácido fólico • Análogo de fator de crescimento (sulfa) e análogos estruturais de metabólitos essenciais • Bacteriostática – a sulfa, por competição, se liga ao sítio ativo da bactéria no lugar do PABA (ácido para- aminobenzóico), inibindo a sua incorporação na síntese de ácido dihidrofólico (necessário para síntese das purinas – G e A). Sulfa age como bacteristática. o A sulfa se liga no lugar da PABA, serve para que não produza ácido fólico nem purinas • As sulfonamidas também apresentam efeito sinérgico em associação ao trimetropim – agem juntos inibindo os precursores do ácido fólico, imprescindíveis para a formação das purinas. o Algumas bactérias podem apresentar resistência à sulfa, por isso, acabam fazendo essa via alternativa no lugar do processo abaixo. o A sulfonamida bloqueia a entrada do PABA por competição análoga, não se formando o componente intermediário Ácido diidropteroato. o Posteriormente, teremos o bloqueio pelo trimetoprim, impedindo a formação do Ácido tetrahidrofólico (precursor do ácido fólico). o Por esse motivo, geralmente associamos o trimetropim com a sulfonamida para melhor eficácia. o Para que o ácido fólico se forme, o PABA precisa se ligar à enzima. 3- Danos a membrana plasmática - Bactericida – também bacteriolítico (ruptura e perda da manutenção da célula) - Alta toxicidade (nefrotóxicos e neurotóxicos) por lesar as membranas do hospedeiro e da bactéria; - Baixa seletividade, por isso o que nos faz escolhê-los como opção terapêutica é uma cultura positiva de que possui esse tipo de bactéria, sendo as Polimixinas a última opção terapêutica - Gram negativas multirresistentes – são resistentes a todos os tipos de beta-lactâmicos, às quinolonas -Uso tópico, geralmente em dermatites, pois assim seu efeito fica localizadoe o efeito colateral fica restrito àquela área -Normalmente, seu uso sistêmico é realizado em ambiente hospitalar, devido à necessidade de controlar os efeitos colaterais tóxicos - As Polimixinas, que atuam em membranas celulares, são polipeptídeos cíclicos + cadeia de ácidos graxos • Os ác. graxos vão se ligar aos fosfolipídeos de membrana, e com a entrada deles, ocorre desequilíbrio eletrolítico levando à desestabilização e a perda da integridade da membrana, com isso a célula morre. 4- Inibição da síntese proteica -Proteínas são vitais para o funcionamento celular; • Atuação tanto sobre ribossomos quanto inibindo a transcrição do DNA em RNAm; • Explora diferenças estruturais entre as células eucariotas e procariotas; • Ex. Tetraciclinas, Cloranfenicol (amplo espectro); • Aminoglicosídeos: principalmente Gram- ; Microbiologia Lorena Araújo- 106 3 • Macrolídeos, Lincosamidas e Estreptograminas(MLS): Gram+ e Micoplasma; 5- Inibição da síntese da parede celular Beta- lactâmicos: tem amplo aspecto, suas diferenças estão nos radicais. - Parede celular é formado por NAM e NAG (ligadas por ligação beta 1-4) - É um dos principais alvos do antimicrobianos - Atuam sobre gram+ e gram-. O mecanismo de ação: • Inibição das transpeptidades (proteínas ligantes de penicilina PBPs) - elas fazem ponte cruzada. Inibindo não vai haver formação das pontes cruzadas, vai produzir uma parede celular defeituosa. • Além disso vão liberar autolisinas(enzimas) que vão terminar de destruir a parede já fragilizada Desafios na escolha do antimicrobiano ideal • Muitos fármacos não são úteis e não funcionam, pois, as bactérias vão possuir informações genéticas que vão promover alterações em seus componentes, impedindo que haja reconhecimento entre fármaco e estrutura bacteriana. • Quando se tem um processo infeccioso causado por bactérias multirresistentes e não se sabe disso, dá-se antibiótico empírico que não ajuda em nada, deixando a bactéria livre para se multiplicar ainda mais e agravar o quadro. Antibiótico não consegue inibir aquela bactéria. Passiva/Natural/Intrínseca - Não possuem função de resistência aos antimicrobianos, porém, devido a sua composição acabam fornecendo essa resistência às bactérias • Não é diretamente relacionada com a resistência, ou seja, não foi o antimicrobiano que deu origem • Evasão – endósporos; o Esporos bacterianos (bacillus e clostridium), cuja função é esporular quando as condições ambientais não estão favoráveis (pouca luz, deficiência de nutrientes ou água, etc) o Quando o esporo é formado, liberado no ambiente e a bactéria fica metabolicamente inativa, o esporo acaba sendo resistente a antimicrobianos. O esporo se ativa quando a bactéria está em condições desfavoráveis • Membrana externa de Gram negativas – bactérias que são naturalmente resistentes a antimicrobianos devido a sua membrana externa que seleciona quem entra na célula. • Formação de granulomas/abscessos – tecidos que estão contendo a infecção acabam inibindo a ação de antimicrobianos que não conseguem ultrapassar a estrutura do granuloma ou abscesso, favorecendo que o microrganismo fique ali dentro se multiplicando. Prejudica a difusão do antimicrobioano, o granuloma protege a bactéria. • Formação de Biofilme – estrutura que pode ser produzida sobre superfícies bióticas (vivas) e abióticas (não vivos). Permite que a bactéria se torna resistência por causa dessa estrutura o Ocorre em pacientes hospitalizados por muito tempo. Ocorre também em materiais que passam tempo com o paciente, como cateter e tubo orotraqueal o As bactérias que formam esse biofilme, aderem à superfície e sintetizam uma matriz extracelular (um polissacarídeo). o Essa matriz dificulta a perfusão do antimicrobiano o Quando o ambiente passa a ficar restrito em nutrientes para os microrganismos, eles começam o processo de dispersão, o biofilme é rompido e as bactérias vão procurar uma nova superfície para viver Adquirida - Fruto do uso de antimicrobianos, sendo diretamente relacionada com o material genético que contém aquela informação cujo produto está intimamente ligado com a resistência. - Cromossômica ou extracromossômica • A cromossômica fica mais restrita às mutações que ocorrem ao acaso, porém isso é mais raro • A extra cromossômica é relacionada à aquisição do material genético de plasmídeos por meio da conjugação (plasmídeo F). o Esse plasmídeo pode carregar informações simples ou múltiplas de resistência, como o plasmídeo R100 que possui 6 genes de resistência o Apenas algumas estirpes (bactérias que se conjugam) Atua de 3 formas • 1- Destruição direta ou modificação do composto; • 2- Prevenção da interação do fármaco com o alvo; • 3- Efluxo do antimicrobiano para fora da célula Mecanismos de Resistência Bacteriana Alteração de permeabilidade – quando a bactéria possui informação genética que modifica a permeabilidade, o antimicrobiano não consegue entrar na célula e chegar ao citoplasma Microbiologia Lorena Araújo- 106 4 Mecanismo enzimático – o antimicrobiano consegue entrar na célula e chegar ao citoplasma para se ligar ao seu alvo, mas antes dele fazer essa ligação, a bactéria produz enzimas que inativam o antimicrobiano. • Ela produz essas enzimas por meio da sua informação genética. Bomba de Efluxo – uma proteína que está relacionada com o bombeamento de antimicrobianos para fora da célula por meio de um processo que demanda um gasto energético. Ele consegue entrar, mas nunca está numa concentração ideal, porque é expulso pela bomba. Alteração do sítio de ação – a bactéria possui informação genética para modificar o sítio de ação, ou seja, produz uma proteína alterada, e com isso não haverá o reconhecimento dele com o antimicrobiano. Antimicrobiano não consegue reconhecer a estrutura nem se ligar (modelo chave- fechadura) Resistência bacteriana: questão de interesse mundial • Aumenta o risco potencial de óbito ou sequelas • Alto custo para o desenvolvimento de novas opções terapêuticas, além do alto custo com hospitalização • As superbactérias são uma ameaça invisível e real, causado pelo uso indiscriminado de antimicrobianos. • Irreversibilidade (?) – estudos indicam que devemos ficar em torno de 15 anos sem utilizar uma base para que as bactérias entendam que aquela informação de resistência não é mais útil, e parar de produzi-la. De onde surgem as superbactérias? • Processo de seleção positiva de antimicrobianos em Medicina Humana e Veterinária • Adição em rações e água - contaminação de derivados (Carne, leite, ovos) e ambiente (resíduos de fármacos no ambiente) • Prescrição terapêutica inadequada – empirismo Alternativas para limitar a dispersão da resistência Pressão Seletiva Negativa • Adoção de medidas restritivas ao uso indiscriminado na agroindústria • Uso consciente entre médicos, veterinários, dentistas, comunidade Utilização racional – prescrição embasada no diagnóstico laboratorial Critérios na eleição de fármacos o Isolamento de doentes portadores de bactérias resistente e assepsia adequada de quem teve contato com eles Terapia antimicrobiana • Uso de antimicrobianos não substitui o diagnóstico adequado da doença • Devem ser considerados os diferentes nichos bacterianos das doenças (trato urinário, respiratório, gastrointestinal, etc). • Requisitos para um tratamento eficaz – compreensão da etiologia e patogênese da doença para o estabelecimento de uma terapia antimicrobiana direcionada e seletiva
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