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t .. ~!\\:- V:J(Q h lj/u-V? 
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EDITORA ATLAS S.A. ,--'- ' 
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Rua Conselheiro Nébi'as, 1384 (Campos Elfsios), '. 
Caixa Postal 7186 - Tel .: (01 1) 221-9144 (PABXl 
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~': ..;,..: '..... /,01203 São Paulo (SP) 
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ROSELI FISCHMANN - Coordenadora OL{ 
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!J L .~. C 
~ O O () V I /l, I L :i E U S .' I L I, r3 IJ :.! :~ . 1:,1',' " 
C5: P L:-. f .F.O fL!':'~~S .. f:!td-ill-
ESCOLA 
BRASILEIRA 
==Temas e Estudos 
U E S C 
Carlõlen Sylvia Vidigal Moraes 
Oenice Barbara Catani S!~': :- '.~,':~C/~í. 
Fernando Claudio Prestes Motta 
Francisco João Nascimento rÕTCj\D' I~; 'TV\
,~L~-' 
Helenir Suano 
Jair Militão da Silva 
João Pedro 'da Fonseca 
Joaquim Alberto ,Cardoso de Melo 
José Carlos de Araújo Melchior 
José Carlos de Paula Carvalho 
 (, 
Maria Cecília Sanchez Teix~ir'a 
Maria do Rosário Silveira Porto 
Roberto Romano . ' 
Romualdo Portela 'd? Olive'Íra 
Roseli Fischmann" " I 
, I 
SAO PAULO /.j~~; ~:~>~" 
EDITORA ATLAS SA - 1987 
\&'~~ (;. ggÔ\': .. <,~;0V'J t 
.' 
A Educação 
nas Constituições 
Brasileiras 
HELENIR SUANO 
"A Constituição é a declaração da vontade política de um povo, feita de 
modo solene por meio de uma lei que é superior a todas 'as outras e que, visando à 
proteção e à promoção da dignidade humana, estabelece os direitos e as responsa­
bilidades fundamentais dos indivíduos, dos grupos sociais, do povo e do , go­
y-emo. ul 
Esta definição de Dalmo Dallari exprime as características relevantes para o 
entendimento da Constitu.ição e sua importãncia como instrumento jurídico, 
necessáno à garantia, dos direitos fundantentais do homem e à limitaç'ão do exer­
cício do poder político. 
É importante destacar que na Con:;tituição e~contrarnos a declaração dos 
rureitos fundamentais dos cidadãos ,e os modos pelos quais o Estado vai assegurá­
-los. Dentre os direitos fundamentais do homem, a educação aparece nas Consti­
tuições Brasileiras recebendo tratamento diferenciado conforme a época de sua 
elaboração. 
.YID9.LfllQ1~dULdem política, econômica, social e educacional influencia­
nm as diferentes concepções de educação.J!~1itiJjçõerDe--raeã1i1aepe~ 
cla po1ítica até os dias aru:us, o Br3Sil teve várias Conmrulçóes: a Constituiçao de 
]?]4, outorgada por D. Pedro I; a da Prunéifã"""República der8~tãIiTede 
um CongressõTon-sH\liinte; as ire 1934 e de 1946, por uma Assembléia Nacional 
Constituinte; a de 1937, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas; a de 1967, ' 
pelo Congresso a quem se delegou poder constitUinte; e, frnalmente, a emenda 
170. n9.1, de 1969, outorgada por uma Junta Militar. . 
:i '""f:!~.....-~ .; . . .. - ~ ... 
, 
A CONSTITUiÇÃO IMPERIAL DE 1824 
\ 
A primeira ConstituiçãO do Brasil traz duas referéncias à educação: afirman­
do que "a instrução prunária é gratuita il todos os cidadãos" e que haveria Colé- l\ \ 
gios e Universidades para o ensino de Ciências, "Letras e Artes. 
I 
Considerando a época, parece um ganho este tipd de afirmação. pre':endo a 
gratuidade do ensino primário e a criaçilo de estabelecimen tos para os segmentos 
subseqüentes da escolarização. Mas o quadro re:>.! r.ão se altera signii1cativamente, 
pois, de um lado, esta Constituição não apresenta os meios a serem utilizados pelo 
governo para cumprir este dispcsitiyo constitucional e, de outro, as condições 
rustóricas não permitiam a consecução dt:ste objetivo . 
A independência politic~ não ·alterou a situação econômica e social do Bra­
sil; na verdade, a mudança do poder deu-se no interior da classe dos senhores de 
terras e de eng~nho. 
Neste contexto, a demanda pela escolarização por parte de [ninaria da so· 
ciedade significava poder ocupar cargos administrativos e posições pol iticas. Para 
tanto, buscava-;e n:!S Escolas de Direito a formação necessária ao desempenho 
destas fun<;ões.1 
O ensino primiJio continuou abandonado, resumindo-se em poucas escolas 
de primeiras letras e aulas avulsas para o ensino médio. 
Pode-s~ conduir que limitações de ordem econômica, social e política imo 
pediram o cumprimento dos dispositivos constitucionais relativos à educação. 
Em 1834 é decretado o Ato Adicional à Constituição, aparecendo, então, 
a descentraliza<;ão como busca de autonomia das províncias . No artigo 10, lemos: 
"Compete às mesmas Assembléias (Legislativas Provinciais) legislar: sobre instruo 
ção pública e estabelecimentos próprios a promove-la, nJo compreendendo as 
faculdades de medicina, os ·cursos jurídicos, academias atualmente existentes, e 
outros quaisquer estabelecimentos de instrução que para o futuro forem criados 
por lei ge·ral." 
A partir do Ato AJicional, o governo central passou a se responsabilizar pela 
promoção e legislação do ensino no Município da Corte e pela educação superior, 
delegando às Prov meias a competência para législar e organizar a educação primá­
ria e média. 
Esta divisão de competencias teve alg4mas conseqüencias: o ensino primário' 
e médio a cargo dlS Províncias fi cará ao labor das inúmeras mudanças políticas 
' e na dependência dos re cursos dispon iveis;3 o ensino su perior, organizado pelo go­
verno central , íorma a minoria, sendo, portanto, o nível prestigiado pelos diri­
gen teso 
O período im~erial, tcndo como diretriz a Constituição de 1814 e o Ato 
Adicional de 1834, conferiu à educaçJ:o a função desejada pela aristocracia rural 
e pelas camada, médias . 171 
•:';~ ,::.. 1 
~... ' : ... 
:.: 
., 
A CONSTITUiÇÃO REPUBLICANA DE 1891 
o iinal do periodo linperia! é marcado pela discussão de vários probiemas, 
como a escravidão, a vida político.partidária, o papel da reügião e dos militares . 
A es~ação sacia! mostrava·se mais comQl~x<!-.Se.lldo-a...camada .rUéilia 
signiJl.Cailte, em núme[Q.J:~ atuação rias esferas.-do...exército~da..lgreja..e.em_atL 
'Ildades mtelectuais. Mas esta camada média não tinha meios para mudar o regime 
·põrrtfC"ó, que se mostrava cada vez mais insatisfatório para seus interesses; logo, 
somente o conflito entre os membros do grupo dominante levaria à modificação 
política; a...I,mião de lídere.~ da ...cart\ad~ m~dia e do setor cafeeiro cria condições 
para a proclàinaçãoda" Repúbifca em 1889./ . 
;~ Constituição de 1891 in~titui~· sis·te~a federativo e, assim, a instituciona' 
)~ação da descentralizaç1l0, que atendia aos interesses dos sei"óresífgãdos à cultura 
do caté,~? meio para concentração do poder e da renda.' ... 
é 
Quanto à educação, encontramos nesta Constituição as seguintes posições: 
"Artigo 34 . Compete privativamente ao Congresso:., ,30 . LegÍiiw sobre a organi· 
zação muriicipal do Ois trito FederaLbem ÇQmO sobre..a polícia. Q emino rupen'or 
'e os demais serviços que na Capital forem reservados para 0....Bovemo da 1Lnil~,. :ft.'l parágr.aio_Q9.....J1.9 artigo 72 reza: "será leigo o ensino rn!nistrado nos estabe~ 
.. -mentos púbücos"; no parágrafo.24 det:te mesmo artigo encontramos a afirmação: 
uÉ g~~l1.d(J ...2....!Jvre exercício d~ualquer profissão moral, intelectual e indus· 
~ no artigo 35, item 3: ", .. incurnl:e ao.Congresso: criar instituições de ensi· 
no superior e secundário nos Estados"; item 4: "prover a instrução secundária no 
Distrito Federal", .
'Jr-. 
r Embora ~sta Constituiç1l0 deClare certos princípios já consagrados pelo 
überalismo, como a igualdade ·de todos perante a lei e a liberdade, a Educação, 
considerada pelosrepubücanos como fator fundiunental para a consagração do
2~ novo regime político, recebe pouca atenção. Fica evidenciado ..9,ue a Rep~ 
r~r.~ya a sep~o já existente entre aeducaçã? oferecida nas escolas secund~ 
i/li ~. superiores às elites do país e a educaçao popularãas escolas primárias e profis. 
sion3.1s, Isto porque a União se responsabiliza pelo Ensino Superior em todo o país 
(privativamen te), pelo ensino · seCu~dárionos.E~tados,(não privativamente) e·pelo 
sistema de ensinodo Distrito Fedcral~ ·enquanto·os Estados incumbem·se de orga· 
nizar o ensino primário e profissiórialiiante ;Ja!'p-3J.1.ilha de reSjJonsabilidades con­
o' sagra a existência de dois sistemas de ensino~e o :esta~ . 
.;.ú' , :f: ,:S-A questão da überdade de ensirio está inscrita no item quê menciona o livre 
'1' c exercício de atividade in.telectual. li.':, i .. . - -' . --:--s, 
O aspecto novo e gerador de muitos conflito~rmaç~o do _efl~ino leig~ 
.llas..J!ScoJas p,ibücas, mostrando um momento de ~.ão entre a Igreja e o~o, _ 
A gratuidade d? eQ,sino primário não é considerada pela Constituição de 
1891, mas pelo Decreton9.510, de . 22·06·1890, do então Governo Provisório, 
onde se le nO I~item-59: "O 'ensino será leigo e livre em todos os graus e 
F2~ ~ " ,, _. . ~ . 
-, i~i r_:;_~:~ ~;;~tc':-;·' :~_ · ( ~ : , 
, . 
.... 1, '- ~.'.f. . ' ~ • i.o t;'. 
-. '. ' 
'" 
A política-adotada para melhorar o sistema educacional pode ser vista nas \ 
refornlas ocorridas neste período, merecendo destaque a de Benjamin CorlStant, 
mais pelas idéias, já que não conseguiu sua implantação. Outras reformas se suce· 
deram, mas de pouco alcance, pois em ni'lel federal não conseguiam mudar subs· 
tancialmente o caráter da educação desejada pela elite e pelas camadas mé dias em 
franca ascensão social e, quando realizadas nos Estados, seguiam as mais diversas 
orientações, gerando os contornos de um quadro onde coexistiam vários sistemas \escolares. 
\ 
\ 
l 
Após a Primeira Guerra Mundial, esta estrutura começou a sofrer i!1terações 
significativas: <!..O.JlQnio...de.....'li..ttu_ocial, assiste·se à crescente demanda po~cola· _I 
rização ligada à urbanização e à industrialização c, quanto ao ide ária , algo novoI 
I ,· surge com os movimentos educacionais. E nos anos 30 que assistiremos a mudan· 
l \) / ças no sistema político e educacional, refletidos nas duas Constituiçt:ies destei '-
;
/;
" 
. período:.a de 1934 e a de ;937 , 
I
I . r 
A CONSTITUiÇÃO DE 1934 
, 
. 1. 
A Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder representa um mo­I \ ,~ 
1 _ mento do. processo iniciado nos anos vinte, com o fim de ultrapassar a velha''-0:-:'. ordem sócio-econômica. 
A crise. e~0!.1~l!.lica,_~ in~atis~ão de setores im....Portant~s...~~~média 
desejosos de participação da vi~~.po[i!!s.ª..,-~rbanizaç.!o cresce_n_te e o aumento do 
operariado urbano marcam O quadro dos primeiros anos da Revolução de 1930. 
Corri-iSSO, a populaçao bras4eira passa a aumentar a pressão em tomo de reivindi· 
cações, eclodindo inúmeros movimentos . 
Para resolver a crise, o Estado deveria ser reformulado i! fim de se ajustar à 
nova conjuntura econõmica e política, e era este objetivo o elo unificador dos gru. 
pos que apoiaram Getúlio Vargas na caminhada em direção ao poder. Estes grupos 
d~fendiam idéias conflitantes , pois uns desejavam mud3!.lÇ.~.lofun..d.a.s e outros, 
mais conservador~ defendiam modi.ficaçõeUlUidicas ou pessoas diferentes nos 
poStos de poder.. ... - . . • 
1 
Gttúüo Vargas assume o govemo' em carltter provisório e enfrenta inúmeros 
conGitos, devido às divergencias de interesSes dos grup9S que o levaram ao poder. 
No início deste novo governo, destaca·se o conflito entre os tlnentes defensores 
de mudanças profundas e de um governo forte e centralizado e aqueles desejosos 
da nova constituição, Em 1932, eclode a_B,..eJ...Pluç.ão-.Co~Q~ de São 
Paulo~~U-..Ç..Qntra a crescente centralização dO.Jlodçs....QQ 
.sovemo federale.m_detrimento .da .autonomia conquistada pelos Estados com ~ 
Proclâmação da República. O Governo federal ·sufoca este moViíIlento; em 1934 173 
-- . ._.- -_...- -- --_. 
. ­
http:a_B,..eJ...Plu�.�o
http:sion3.1s
http:par�grafo.24
http:par�gr.aio_Q9.....J1
~~ COllStituição e neste momento Vargas alif'.h~-se com os grup'os re­ \ 
presentativos dos inte resses mais cons~r/adores. 'bra manter·se no pod~r, Getúlio " I 
'defendida como agente capaz. 	 ,\ Varg'as p.Jocura atender às pressões das Forças Armadas e de poderosos grupos da " 
" e!h~ oligarquia rural d~tentora inclusive do processo eleitoral. Esta duQls:.illt~;:. ·,. .Xp~~piciando mobg.hl..~q<;"~.9cj51. ! 
de ação política acirra os ânimos e as virias facções radicalizam seu pensamento: ~~ . AS ideologias educacionais eram conflitantes; assim convém destacar as li-
r esquerda e direita tentanl afrontar o Governo, de~onstrando seu desagrado com t'nhas centrais da pensamento dos grupo,~ mais intluentes.· \ .- (' a política federal. -. Pelos anos 20, o ~~ colocou-se favoravelmente a 
,- I, D~staca-se no campo ideológico, neste período, a figura de Francisco Cam- certos tem'as educaci6riàís, ~~2.=Ld~.~~a da escola P.iÍ.bii.ç,~_&!:at\1_ita..Lde..LtiMd.a. 
\ 
' o' 	
pos . Corno Secretário do Interior de /l-tinas Gerais, agiu de modo que Minas se a todos, a sua ~uestão fundamentáI. A educação igual para todos propiciaria a 
alinhasse com os ven~edores da Rc:volução de 1930. Como sua secretaria era res­ igualdade de oportunidades e, no processo de escolarização, apa-::eciam os diíeren· 
ponsável pela educação, Campos promove várias reformas no setor, realiz.a a Se­ tes talentos, fruto das qualidades de cada um. Os outros ponto> defendidos eram: 
g':!rlda Conier~il..Na.c.ionaLdLEducação em..Belo Horizollte, em 1918, e convida a ed\!cação como dever do Estado, o ensino leigo e .um c~onjunto de princíp~ 
eJucadore's europeus defensores de uma filosofia de educação nova. dagógico inovadores, como o ensino auvo, a apro:umaçao da e~cola com a ~:.- _.. _- . 
~ 	 .Em ~Q, Francisco SMn-RQ.s..passa a ltuar nof&!'~.lJlll.federal, ficando no O Mov4nento da Escola Nova afirmou, no campo educacional, várias figuras,
seu cargo em Minas Gerais Gustavo Capanema, que terá grande papel no governo 
com pensamento nem sempre coincidente e com vida pública d: maior ou menor
Vargas, anos mais tarde. Francisco Campos passa a elaborar um projeto político destlque __o\lguns foram duramente criticados pela Igreja e não encontr:u:am espa·
assentado numa proposta d&nsora de ')J.m governo forte, ~~~~~o-,~~ ':f!1a,ict.3~.I~_:J '-"'; >0', ço para infundir ruas. idéias; Lourenco Filho, no entanto, atuou como ~ 
gia social bem definida"s .s;ap,M de sepultar a vellia políÜCÃ-ciligái.Quic3.,)nas que r . 
Capanema no Ministério da Edu5_ação e Saúde, 
_desprezaVl a democracia liber'!l. Para alcançar seu if'~tento, julgava necessário agir 
\ em duas direções : na áreii política, procuraria substituir a estmtura política, crian­ A outra força, a 19reja, 'lia a educação como meio import:ulte para o exerç"i· 
tdo a L~giã~(QiJ1UllrO:) e, ao mesmo tempo, atua.ria no sentido de envol'/er a cJ9-d.e...gY-llapel pol ítico. . 
Ç1~g@lJCãtõlica, que daria sustentado oolítica e idwl.Qgil;.U!:l novo r~!'JID.e. 	 ~ ';~J Obtida a aprovação do ensino religioso na escola públicu, a~fai além, .. 
·'Ü Francisco Campos não obtém IT1uito sucesso no canlpo da mobilização poli- .:;% :'i e lutou para que o, Estado favorece~~~ o ensino con~essional S~?li_Ç9, criticando 
~ tica, mas a idéia de Ufr. "pacto com a 19reja" obteve sucesso e teve consequencias "~,~ ~'- certas medidas OfiCl3lS conslde radas flagelo da familia brasilctri .9 Para conquls­
. ...: .~ duradouras e profundas .' ,.;. '<:. ~ tar sua área de influencia, a Igreja utilizou vârios recursos: ~bücacão de livros e 
. ..,..; '. :.U ~ ~s, atuação da Uga Elei toral Católica na Campanha eleitoIaI de representar.­
Nomeado 	Ministro da Educaç~o (do primeiro Ministério de Educação do 
f:". tes na Assembléia Constituinte e ou tros. .i Brasil) reafirnla sua posiç:l:o em relação à Igreja; esta forneceria ao regime a ideo­ ~ ' .. . 
logia que o forta!ec~.ria, Estas idéias serianl concretizadas com a afirmação, na '1 .- ;.~ De modo oposto ao grupo da Escola Nov~a critica o ensjno laico, " 
.~-:, 
Constituição, da religião católica como a da maioria da população brasileir:l. e ..~~ a escola única, a co-;educação, a lflterterencla dõ .~aedl~~ " 
;r 'j" de do enSIno, I, , - - ... - _. " 	 . _­:J do "ensino facultativo da religiãonos estabelecim~ntos de ensino primário e se­
" cundário". S . ~ ~; ~ atividades da Constitulnte têm início neste contex.to IDe um lado, a_ 
;-- -ft ' '> !S~_C~-eE~~Õ1encaminhii suas propost1, onde se desta­
As idéias deiendidas por Francisco Camp.os.~ºincidiam com o pensamento 
cam ps objetivos: ·~.s-l"nSlOQ ollcial, ~ -ed't!ta ao ~ da liáérança ..da Igreja, da qual ~Se: destaca~a_o\lé~'u de Amoroso Lima; afirmavam ~ ~atuidade absoluta e pro.KLess~ educado até os 18 ~'" de ou t~ 
_ ç'l que a democracia liberal estava fat.ida e' apontavam os valores religioso. corno ele­
,~ó~coshpresentilrn um memorial defendendo: "ybe[dadutor.1!~:ino ean~
J 	 merlto fundan.ental para a rldáirioraLdanaçiio . . . 
I 	 . ',ensino religioso facu ltltivo nas escolas públicas e o direito natural dos pais à edu:A aproximação rie VargaS ccim a ig~eja teve resultados imediatos: em l2.~. 
"J " :~ c~ dos fj]ho~C:_LO'" " -	 , r 
_G1Já~ Capanema assumiu O Ministério da Educaç~~~.Jl.a!!4~_~ a Assembléia 
~ .. :' . O conflito foi conternporizadp . .A~~se;nbJéi~_Coll!itit!lÍnlLa(llo'i.O.u...àuJs. J~nsti(1Iloteae ...12J.4 aprQ.'LQu as "emendas religi.ill,as". Nos seus onze anos como 
" .. ~.. "emendl,S re~gios~:': o _nome de D~us él. invOCa?o no pre3m. b.ulo do ant~projet':'1l1 . Ministro, Capaneml perrnmeceu ]",al a .iliu de .~so Lima, cuja influencia é 
, ~ .de ConstltUlçao e a relaçao en~re IgreJa e E.stado..Lreúab.e.l.eJ:iru'_ Li V.." ,) ,"'c ' " • Vsignificativa, principalmer:te em · re;z.ção ao contelido das reformas promovidas í:; 
I) por Cap:menu. '. A Constituição de 1934, considerada a mais liberal, recebe t~bém críticas 
,à'p-üstura conciliadora, .lliLªtend~~ontos de fendidõSPêlos católicos e 
. Co;no Getúlio ,var'gas não deu d~staque à educação no seu programa de.-'1 pelos partidários das "idéias novas'iCon'lém mostrar que, do ponto de vista for- ,Governo. o Ministro da Educa.x.ão atuou com relativa lutonomia e, desse modo, a 
ínãJ; esta Constituição é redigida :de modo mais organizado e dedica um capítulo
~" I~[eja~de ~nciiU_Q:'SQnlcido de v<i,tiaLin.içialli:!~ucacionais deste J:::_­
à.,Educação e Cultura, 	 175!J 174 . nodo, • . .. 
http:Educa.x.�o
http:contex.to
---- - -
/' 
f. no Titulo V - Da f am íli a, Da Educação e Da Cultura que se acha o Capí­
tulo II - Da Ed~ão !! Da Cultura. 
~lo artigQ.J48jinicia ó.S declarações relativas à educação e cultura, afirmando 
~;rpel das instàncias administrativas no campo "das ciências, das artes, da.s letras 
e da cultu ra'em geral". --- ­
? l No artigõTi9Ta educação é declarada como direito de toQQ1, e "deve 
ser m1Jlíiliaga Ee.a amília e pelos poderes públicos". -- - ­- =--­ ~ 
\ Os at1iíLos 150 e l5 ljapresentam as competências da União e dos Es~ e 
do Distrito Federal. ~- ­
Para a União são defmidas tarefas mais gerais : .f}xação do Plano Nacional de 
Educacão, orientado por e)t~pon tos: gratuidade e ob ctgatoriedade do ensino !lli' 
~Q, "e~-0-40.S....ad\11tos", podendo alcançar, também, outros niveis de en· 
;;ino; libe rdade de ensino; ~ino em IÚlgua portu.&lJesa; exames de seleção nos es­
tabelecimentos de en3illíl.J!m.la~d~da superior à sua capacidade . 
~\(.acio.oal de Educacão_deveria ser elaborado pelo ConseUIO Na.cio.:.­
n:ll de Educação e aprovado pe~er LegWativa. 
--~J1a à Uniãoll..{~l1QDsabilidade pelo sistema escolar dos Territórios e 
de Distdto Fed:ral e açI_V_upktlY.aJlos...casQs...de..insuficiên.cia-_d~e_ç0S0~ 
A Constituição cria também os Ççn.~ Estaduai.s de Educação com as 
mesmas funções do Conselho Na.do.ru.Lde Educação. 
\ OsEstados responsabilizam-se1pela organiz.ação e manu te!!5ão de seus siste..: 
mas de ensmo. 
o ensino religioso adota a solução da freqüência facultativa e horário obri­
gatório nas escolas públicas do nível primário e médio. 
~plQ.clamad a-,\ liberd ade...d.e_d~~~ 
Um aspecto inovadC'r desta Constituição é a atenção dada aos instrumentos 
necessários à implementa.;:ão dos princípios defrnidos para a educação, como a 
gratuidade e extensão do ensino para todos . Trata-se do financiamento da educa­
ção(N~~ há a instituição de vinculação de recursos para a educação; 
_~J!nião e os Muni.0pios obdgam-se a despender "nunca menOS d~ da renda 
result:mte dos impostos" com educação e 'õs Estados e o Distrito Federal ''nunca 
menos de ~'. .' ' ''~~.vF ''.' :;:.:.' ';' , '" , ­
{
~ O [l3rágrafo l0 doaí-tig(h5:r~d'ã ' Os" ;'fllnAós especiais" com recursos desti­
nados à educaç~. Uni.-dQ:s..:objetivos'dos fundo-s é o auxilio a ser prestado aos 
~l'DOS pobres compreenden do maÚ~dal escolar, bolsa de e,;tudo, merenda e assis­
téncia dentária e mé,!1ip: ~ - ' 
<CO====­
Completando a modernização do sistema escolar, a Constituição de3 
jnstitui o concurso de títulos e provas para os cargos do ~agistério público $..jI, 
vit~ade e inam ovibilidade nos cargos. 
,1\,epresentando um ~vanço em, rei~ção às constituições ante dores, a Consti­
.tuição. ., de 1934 desenha os coâ,tgrÍÍos de 'um sistema educacional mais organiza­
dg ç0l:!l base nal dire trizes ' traçad~ pela União, busca a democratização do ensino 
176 e ériaós meios para implantar_e~tas medidas. 
'\- '.:'~ ;~ . . . 
, , '.. 
• • ' \ lo. 
I .... , 
Se esta Constituição absorveu ' as idéias prLncipais contidas no "Manifesto 
dos Pioneiros da Educação Nova", publicado em 1932. a..c.Q!lS.tiJ1!ição outo~ \ 
~.1l,..-vinda com o Estado Noyo, limitou em muito o tratamento dado à educa­ \ 
I,
ção. Os tempos eram outros. 
\ 
" -, , ))" 
~ 
I , r ~ 
A CONSTITUiÇÃO DE 1937 
O . "Estado Novo." foi o regime institu ido no Brasil em 10 de novembro 
de 1937. 
De 1934 a 1937 algumas mudanças ocorrem no cenário político: os operá­
rios passaram a pressionar agudamente o Governo; ocorreram movimentos de es­
querdae de , direita, dando a Getúlio Vargas os elementos necessários para conven­
cer as Forças Annadas de que a "política aberta" acarretan problemas graves. 
Juntou-se a isso a sucessão presidencial prevista para 1938; pela Constituição de 
1934, Getúlio Vargas não podia ser reeleito . .A-disp_u_ta!r,,"vava-.se _erltre_ José_Amé~ 
rico de Almeida, defensor de um nacionalismo semi-autoritário, e Armando de 
SalIes Oliveira., de postura liberal; em 1937, os \!1tegralistas inscreverri-~ 
to, ~algada.. 
í Armando de Silles Oliveira, apoiado pelo Rio Grande do Sul, desagradava 
\ a Getúlio Vargas que, ao mesmo tempo em que incentivava a campanh7e1eITõrãr,' 
_, passou a tomar !Ilf.d.idas_c.oruraditfuias: interveio em aJg1,1_mJsJJ!.d.Q_L!l~g.9_
I _governadores confiá\eis, libertou políticos esquerdistas e ap.?.Í0u a campanha de 
\ PI_0iy Salgado. 
- Os políticos temiam pelo pior, e em junho de 1937 Vargas solicitou ao Con­
gresso a aprovação do estado de sítio, O gúe lhe foi negaTo. 
------ A 9 de novembro de 1937, SalIes Oliveira, discu~ando no Congresso Na­
cional, afirmou haver no governo partidários da "prorrogação pacífica ou violen­
ta do mandato presidencial": I I 
~Q.d~_n=mbro..d.e 1937, o Congresso foi cercado pelo exército, e 
Vargas convocou o Ministério, outorgando a Constituição. elaborada há bom 
tempo por Francisco Campos. -­
De 1937 a 1945, o poder foi centralizado no Presidente Vargas. Pariu.QJ1Sfr 
lidar o re~~ carente de unidade doutrinária, Vargas exilou os inirni~cercou-
·se de governos estaduais ad:ptos de su'. política. Os industriais e comerciantes' • 
alinharam-se a Vargas, pois a proibição de greves era bem vista. 
_ •• r 
. A Igreja, no inicio, fez-lhe ciíticas, mis habilidosamente foi desfeito o 
desentendimento. Com o pres,tigio assegurado, y'yg~iniciou aconst[]!Ç.~~ 
- Estado (ort.e __ com um sistema político-administratÍ'{Qs.~MLali~do sepJ.1Jtando a 
ãüi~mia do~- EstadQL:.:::----- ---- -- ~---
' ~ O intenso trabalho de propagação das qualidades pesso~is de Vargas e a sua 
h.abilidade politica em lidar com as classes operária e média aumentaram a sua __ 
popularidade e força política. 1/ { 
----------------------------
No plano econõmico, ~arg2,â_ defendeu um desenvolvimento nacionalista, 
priorizandoo setor industrial, obtendo grande sucesso. 
A estrutura social também se alterou; a oligarquia rural entrou em franca 
.~ecadéncia e novos es~~~s_sociais s~rgiram com atuação marcante, S~ <)s no­
vãs nco~, 57a.silei·fósóu imigran"ES":"A classe operiria urbana cresceu c estavãmãis 
or~ãiiiZàdr,em-bo ta o Es tadQ Novo reprlmisse duramente as suas manitestaçoes. 
A legisLação social foi exaltad~ pelos órg:Ios de propaganda dó governo e os sindi· 
catos viviam sob o controle do Estado. --- ­
A Constituiç<fo de 1937.12L.rciigirla., como' j á dissemos, pelo princioal 
ideólogo do Estado Novo, FrançisÇQ(amp.os, cujo pensamento político sintetiZa. 
va'Se na condenação do liberalismo e da participação, bem como na defesa da di· 
r tad~~<I .cLas_rn~~~/l-----" -. , -_ . .... . 
I Em relação à educaç:!o, Ca..-npos foi o primeiro adepto das idéias da Escola 
\ 	 Nova, ~do Secretário do In\t!rior em Minas Gerais e defensor do descnyqlri­
m~to d.9......ho~_com "iniciativa, espírito critico e -mdependéncia d~jufzo, 
Capacidade de duvidar õ de in.rtUtliL-" ( 3 no seu discurso na 4~ Conferencia 
"-< "Naciãnãí de Educação, como Ministro da Educação e Saúde. 
1
/-· Mas como Ministro da Justiça do Estado Novo suas idéias sobre educaç:io 
esta'lam de acordo ,;om o nuvo regi.rr.e pai itico; afirmav~9.ue a.MIIlc;a.ção "pres­
sU~1I3xislrnciLde 'Lalores sobre alguns dos ~discussã,9-1l~º_p_ode2er 
I ~d.witida~. '. .' 
· ,-:i.=--'A-Constituição de W. incorpora estas idéias autoritárias e, em rdaç:io à 
Constituição de 1934, apresenta em tratamento restrito da educação. 
O item Da Educação e Da Cultura tem início com a declaração da libero 
dade à lniciativa privada, em matéria de ensino. 
àJConlQ... dever do Estado, é destacado "0 ensino ~vocacional e e!Qfiss.illn& 
destina9Q...~~~favorecidas", no arti!)o 129&-.- -__-._--._=-._ .__ _ 
Para rcfQI<tar ~ta orien.tação,.PJ.oç!m1a_o "dev~L~ÊÜmllmrías..L .doUiQ,ct.L 
é1i~n;manu tenção de escolas profissionais para os filhos dos ope rIDos..-,---	 _._--_ .. 
.-º-êOs~.2i!mári(LLdeclarad'1...wMto, introduzindo, porém, a taxa mensa! 
par::' .~~QLaca..~m4'.clo.unais abastados e não faze.ndO-rde.I~ocias nem 
àQt;rigJtoriedade do ensino. nem à gratuidade nos outros n iveis de ensinQ.,...-­
( ' -O\lAfll~iruucligi.t}5~ o tratamento é menos enfático que na Carta de 
34' Dodenclo "ser contemplado como mat<iria do curso ordinário das escollS pri· 
, miiri"as., nOffilais c secundárias", ~.~o_ :~!:.d_~_o~~gatório para o~ . professores e para 
{ os alun os. 
Consoante com a idéia de formar o jovem dentro do esp írito de discif'lina, 
obedi~ncia e IespeitC' ;Í ordem e às illstituições~ ãitl\!oJ1]t!edara aobrigatorie· 
dade da educação íisicJ, do ensi~o cívico e 0ed: trabàIhõs manuais, nas es~as 
primária.:;, secundárias e normais. ,fl 
~o artigo 132, tal princípio é complementado com a criação de instituições, 
pelo'Estado ou por particulares, destinadas à educação d~ juventude nos "campos 
e oficinas", VIsando a formação moral e ao preparo físico , a fll11 de cumprir "seus 
178 devereS para ~om a econonua e a def~5a da Nação" . 
::J..:>.;r_-<;"r",- "",,..­ ·::-;~·",ll::.","""3" D,"·-·n=· ·"""" . -=""_"",,=,,,,,,=""'~~-~~~--~---~----
No plano mais geral no artigo 15, item rx, e reafirmada a competéncia da 
União na nxação de diretrizes e bases da educação nacional. 
A Constituição de 1937 vigc até 1946. Neste período encontrarn'$e impor. 
tantes ini ciativas educacionais realizadas pelo Ministro da Educação e Saú de , Gus­
tavo c.apanema. . 
,. Os embate s ideológicos travados em relação à educaç:lo no início dos anos 30 haviam declir.ado e o Estado Novo colocara no ostracismo os nomes mais no. 
táveis do Movim~nto da Escola Nova. No Ministerio da Educação e Saúde, Capa. 
nema é assessorado, com alguma.s exc~ções, por gru pos mais conse rndores. 
\ 
\ 
I 
As ideias de Francisco Campos, Azevedo Amaral e Lourenço Filh o expres­
sam uma doutrina compatível com os fins da educação adequada ao nol'o regime. 
Mas este pensamento não chegou a se concretizar, pois as reformas do sistema 
escolar ocorreram no m()mer.to em que o regime jâ'mostrava slnais de sua crise. 
) 
As reformas educacionais levldas a cabo por Capanema,-ª-2.M.UJ.M..J.931. são coe­
rer;t~maCónStífüíção]fr9~, _q~BPI!l.d2.~~ellsi!1o .sec~dári~~~~'r~2 
destinado àselites.e ,?_ensino P!ojissio!l~g~t~. ~()~_me~os!av~:'~~.():'..c.~!ll.~~ 
J ÇI1edi~as, a Constituição de 1937. e os atos .educa~ionais de CaP<l!.lema reforçam..2_ 
( dualismo~t~~_e-m.c)c·rá2icoda educação brasileira. 
'---"' 
. . ...­
A CONSTITUIÇAo DE 1946 
Em 194ó, Dutra foi elol to como candidato do PSD, apoiado por políticos 
defensores dos interesses de grupos eCOllômicos ligados ao setor agrário tradi. 
cional. 
Neste pe ríodo de redemocratizaç50 do país, roi promulgada a Constituiçao 
de 1946, inspirada em principios liberais e democr:íticos inscritos no Titulo IV, 
Capítulo rrr, que estabelece os direitos e garantias dos Cidadãos, como a liber. 
dade de pensamento . 
O Clpítulo Il, do Título VI é consagrado à educação 
reencontramos idéias ddendidas pelos educadores .. 
e i cultura e nele 
Reaparece novamente o dispositivo que confere à União o dever de legislar 
sobre as diretrizes e bases da educação nacional, questão consagrada já na Cons. 
tituição d.e 1934. Agora, pClr~r.1 , as . ircunstincius históricas serão favoráveis à 
concretização deste preceito constitucjoaa!, poi3 , em 1948, é enviado à Cãmara 
Fed~ral o projeto de Lei assinado p~\o ' Ministro da Educação e Saúde, Clemente 
Mariani. Após 13 anos, num processo envolvendo acirrados debates ideológico s 
em tomo de questões como centraliZ15ão,descentraliUlção, eS.colJ pública-escola 
particular, em 1961 é aprov ada a Lei d~ Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
sob o nl? 4.024 . 
A educação na Constituição de 1946, coerente com os principios liberais, 
é declarada como direito de lodus, pode ser ministrada pela iniciativa privada 
e apreser.ta a orientlção para a organização da legjslJção escolar. 179 
~:"'.i•. .. 
http:afirmav~9.ue
http:Fran�is�Q(amp.os
------:-------......,-~'~" '~,-~---, 
A gratuidade e obrigatoriedade são garantidas para o ensino primário, não 
especifican do, porém, a faixa etária abrangida por estes dispositivos legais, Quanto 
aos níve is de ensino subseqüentes ao primário, a gratuidade atingirá os alunos 
carentes de recur.;os, Em matc'ria de ensino primário, estabelece a cooperação 
das empresas indllstriais, agrícolas e comercLais, obrigando-as a manter escolas 
para os seus funcionários e seus ftinGI , o. que originaria, posteriormente, o salá­
rio-educação, I' 
A profissionalização do trabalhado r menor deve ser garantida pelas empresas 
industriais e comerciais, em cooperaçao com o Estado, 
O ensino religioso, de matricula facultativa e constante no horário da escola, 
deve atender ao credo religioso declarado pelo aluno ou por sua fam ma_ 
A liberdade de cátedra é consagrada e reafirma-se, como em 34, a exigência 
de concurso público de títulos e provas para o ingresso no ensino oficial, garanti­
da a vitaliciedade do cargo, 
Volta à Constituição de 1946 a obrigação de vincular um percentual míni­
mo de recursoS financeiros para a educação, assim estipulado: 10% para a União 
e 20% para os Estados, Municípios e Distrito Federal. 
Quanto à competéncia para organizar o sistema de ensino, a Constituição 
de 1946 estabelece: para a União, o controle do sistema federal de ensino com 
caráter supletivo para atender as regiões deficitárias e o dos Territórios; para os 
Estados e o Distrito Federal, a organização de seus respectivos sistemas de ensino, 
A União deve cooperar fmanceiramente com os Estados e o Distrito Federal, 
provendo o Fundo Nacional para o ensino primário, 
Um elemento novo é a criação do serviço de assistê~cia educacional aos alu­
nos necessitados, em caráter obrigatório, em todo sistema de ensino do país_ 
A aplicação dos princípios constitucionais de 1946 concretiza-se na LDB 
n9 4,024/61, representandoa unificação do sistema educacional_ Mas, se os prin­
cipios eram democráticos, a lei votada pelo legislativo refletiu a uruão de grupos 
tradicionais com grupos antidemocráticos do setor moderno em detrimento dos 
liberais-democráticos, A expansão e orientação da educação se fez, então sob a 
influencia das correntes conservadoras, do seguinte modo: a expansão do ensino 
foi contida em face da demanda por educação dai canJadas populares, já que a 
legislação criava a "rig;idez, a inelasticidade, a seletividade e a discriminação"; 
a ou tra forma de controle da educação operou ria estrutura do ensino orientada 
por valores dos grupos dominantes, "ligados à velha ordem social aristocrática e 
oligárquica", caracterizando a escola secundária e superior, com alto prestígio 
social e íormadoras de profissionais liberais, Isto marcou profundamente a busca 
do ramo de ensino que assinalava a ascensão social l S 
A CONSTITUiÇÃO DE 1967 E A EMENDA DE 1969 
Os fatos políticos entre os anos de 1930 a 1964 mostram as crises da velha 
180 sociechde oligárquica e o assentamento de uma sociedade burguesa e capitalista 
industrial. Neste período predominou o estilo político populista, iniciado com 
Getúlio Vargas e extinto com a destituição do poder de João Goulart, 16 
De 1930 a 1964, o modelo político e o modelo econômico, objetivando a 
expansão industrial, desenvolveram-se dentro de relativa adequação , No momento 
em que teve início a entrada do capital ,estrangeiro, o equilíbrio entre a economia 
e a política começou a desestabilizar,e o desenvolvimento do país passou a neces­
sitar de uma redefInição: a manutenção da ideologia do desenvolvimento naciona­
lista implicava uma mljdança de ordem econômica e social de esquerda ou a ado­
ção de nova ideologia - o desenvolvimento interdependente - defmindo a poli, 
tica e a economia ligada ao capital internacionaL O golpe de 1%4 escolheu o 
segundo carninho, 
-,- O novo modelo econômico~i:oncentrador de rendd, exigia a redeflnição das 
i funções do Estado, através das medidas de fortalecimento do poder e conseqüente 
/ enfraquecimento de outros setores; maior controle do Conselho Nacional de Se­
gurança; modernização e centralização da administração pública e proibição de 
mani(estações sociais, I 7 
: A educação, tida como setor prioritário, integraria o Plano Nadonal de 
Desenvol~imento_1 a 
Várias medidas foram adotadas pelo Governo pós-64 para enfrentar a crise 
no campo t'ducacior.al agudizada pela , crescente demanda pelo ensino, afetando 
o sistema escolar no sentido de alcançar modemização cornpat(vel com o novo 
modelo ,econõmico,;' 
A Constituição de 1967 considera a educação sob a inspiração dos prlncí­
'< pios liberais: liberdade e igualdade,como o fizeram as Constituições anteriores, 
As diferenças entre a Constituição de 1967 e a de 1946 s.ão pequenas em 
dispositivos de ordem geral, como a declaração do direlto de todos à educação, o 
tratamento do ensino religioso, concurso público, a liberdade de cátedra, a organi- ' 
zação dos sistemas de ensino e a obrigatoriedade de assistência educacional aos 
alunos carentes, ' 
Mas, coerente com a orientação político~conômica de 1964, pontos' consi­
derados como conquista da população e necessários à democratização do ensino 
são eXcluídos ou modificldos substancialmente, Ao lado de posicionamentos nada 
populares, aparece o dispositivo que garante a gratuidade e obrigatoriedade do en­
sino primário dos 7 aos 14 anos de idade, nos estabelecimentos públicos; a exten­
são da escolaridade primária era objeto de lutas desde a elaboração da LDB nO 
4,024/61. 
J 
Especificando estas questões, merece 'atenção a possibilidade de ajuda 
financeira; dada pela União ao ensino particular; considerando a endêmica escas­
sez. de recursos financeiros para a educação públiça, é de se lamentar que a 
empresa escolar privada possa ser contemplada pela União, 
Ainda em relação ao 5nanciamento do ensino, a Constituição de 1967 
não inclui nenhum dispositivo referente aos gastos mínimos obrigatórios por parte 
do sistema público, Em 1985, com a regulamentação da Emenda Calmon, foi res- 181 
http:t'ducacior.al
m=-..·,--t1· ·....4Çi·~;::" '1 ';.J:l", -1 .....* .g," 1õ,"'~.' ~'?=.-:' ._- ; ,.;.. ' 5''' - . , ( 	 .. 
tabdecida a obrigatoriedade de vinculação de parte da receita de impostos para o 
ensino, defmindo-se: "nunca menos de 13 por cento" para a União e "nunca 
men os de 25 por cento" para os Estados, Municípios e o Distrito Federal. 19 
No plano geral de organização do sistema de ensino, o Capitulo II estabele­
ce a competência da União na elaboração do Plano Nacional de Educação; o arti­
go 99 deste Capítulo dispõe sobre as relações de colaboração entre a União, E~­
tados, Municípios e o Distrito Federal e as Igrejas, "notadamente no setor educa­
cional" e, finalmente, que compete à União legislar sobre as diretrizes e bases da 
educação nacional_ 
Alguns princípios orientam a legislação do ensino pós Constituição de 
1967: obrigatoriedade do ensino primário em língua nacional; gratuidade, como 
já foi afirmado anteriomlente, atingindo a faixa etária dos 7 aos 14 anos; nos ní· 
veis ulteriores ao primário, será "gratuito p;lfa quantos, demonstrando efetivo 
aplOveitamento, provarem falta ou insuficiéncia de recursos"; além desta medida 
antidemocrática afirma-se que o Poder Público poderá substituir o sistema gratui­
to "pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o posterior reembolso no caso 
de ensino de grau supnior" (artigo 168, parágrafo 39, item IlI). 
Os Estados e o Distrito Federal são résponsáveis pela organização de seus 
,istemas de ensino, enquanto a União se incumbe do etlsino nos Territórios, seno 
do o sistema federal de natureza supletiva, conforme as necessidades de cada 
região do pais. 
As empresas industriais, agrícolas e comerciais obrigam·se a manter ensino 
prirnirio gratuito para os empregados e seus filhos e, em cooperação, atividades 
de apr~ndizagem . 
A Emenda Constitucional n9 1, de 17 de outubro de 1969, mantém as pres­
crições da Constituição de 1967, ressaltando as seguintes alterações : "a liberda­
de de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério", ressalvado o 
disposto no artigo 154 com a redaçao: "O abuso de direito individual ou político, 
. com o propósito de subversão do regime democrático ou de corrupção, importará 
a suspensão daqueles direitos de dois a dez anos ... " 
No. tocante à colaboração das empresas para o ensino, a no'IJ redação adi­
cionl a contribuição do salário-educação para o des.e nvolvimento do ensino pri­
mário. O parágrafo único do artigo 178 dá nova redação às obrigações das em· 
presas quanto às condições de aprendizagem dos trabalhadores menores e à prepa­
ração de pessoal qualificado. 
A Constituição de 1967, ao repetir o espírito da Carta Magna de 1946, 
rel'ela que o capitulo sobre educação não reflete o ideário orientador das refor· 
mas do ensino de 19, 29 e 39 graus, inscritas nas Leis n9s 5.692/71 e 5.540/68, 
r"spectivarnent~. Afora o dispositivo sobre a extensãó da escolaridade para oito 
séries, é nessa legislação que se encontra a orientação do sistema de ensino tendo 
como fim a sua modernizaç~o e unifomlização. 
Concluindo, a Constituição de 1967 reforçou a centralização fundada em 
motivos ideológicos e eC0nõmico-financ~iros, manteve as disposições de 1946 e 
182 estimulou e reforçou a privatização do ensino, marcad<!!Tlente o superior. 
o exarne das várias constituições brasileiras revela que nenhuma é superior 
à outra, ma.s que em cada período histórico a Constituição estava adequada à 
sociedade do momento. 
A analise das Constituições mostrou ser o liberalismo o seu ideário orienta. 
dor. A ideologia libera! tem servido à bu rguesia para deUnfar 03 limites da ação 
estatal quanto aos objetivos, seja no campo ecunõmico, s~ja no ,aeial e político, 
de modo que o Estato intervenha eliminando as oposições ao domínio do ca­
pitalismo. 
O Estado atua de modo normativo,prestando serviços COnlO na área educa­
cional . As classes dominantes nem pensam na saída do Estado destes setores 
.:riando limites , porém para que as camadas politicamente [[1ais fracas utilize~ 
destes ser/iças de modo pleno. As camadas populares, por seu lado, esperam que o 
Estado ofereça todos este.\ serviços de interesse social. Estas duas posturas diferen. 
tes deverão estar presentes nas discussóes desta nova Constituinte . 
Alguns temas sigclificativos, como o papel do Estado, mudanças estruturais 
no sistema político e econômico, as relações do Brasil com o eXl~rior mostram as 
modificações operadas, pós-1964, no processo do desenvolvimento brasileiro. 
As questões intem.s de ordem econômica e social ainda exist~m com a intensi­
I· 
dade e significado de 1%4. Os resultados do crescimento econômico do país 
receberam distrihuição desigual. O sistema escolar, de modo eSj1(cífico, apresen. 
ta-se com inúmeras deficiencias e não atinge toda a população em idade de escola. 
rização. 
Atualmente, estes aspectos constituem tema central nos debates e anseios 
da populaçio bnsileira. . 
A Constituição, ainda que democrática, não produz a mudança social e 
econômica do país, mas é n~cessária, .pois pode sig!1ific:\r a e;(pressão de que o 
povo deseja uma sociedade mais justa onde todos possam participar em igual. 
dade de condições. 	 . 
NOTAS E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. 	 DALLARI, Daimo de Abreu. COllsn·ruição e consciruince. 2 . • d. São Paulo, Saraiva, 
1984. p. 21. 
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polis , Vozes, 1978. p. 39. 
3. 	 HAlDAR, Marü de L. M.,iott o. A instrução popular no Brasil , a"I.:s da república. In: 
BREJON, Moyses, arg. DrfIJlUra e ;iá',ciqnameneq do ensino de /0 e 2? graus. 11. ed. 
·S50 Paulo, P'oneira, 19 78. p. 39 .56. . 
A auto ra. mosua que a,S deficiências quantitativas e qualit~tiv3.s do ~nsino público, n~.ste 
período, princip.a~ne n t< <m relação ao nivel secundário,. podem Ser atribuído s à omis. 
são do poder público, ;rerrnitindo, assim, a cresc"nte privat(zação do <nsino. 
4. 	 RIBE[RO, MariJ Luiz. Santos. Hiscória da educação brarileira. São P'.\.lo,Cortez eManes, 
1978. p. 47. 
S. 	 SCHW.-I.RTZM AN , Simon; BOMENY, Helena ~[aria B. & COSTA, VúndJ Maria R. Tempos 
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p.36. 	 183 
_ _ _ t~ti!;<:,.,..,

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