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Profa. Dra. Lígia Menna
UNIDADE I
Literatura Portuguesa:
Prosa
 Artes plásticas e literatura.
 Contexto cultural, histórico e social europeu.
 Origens e características gerais do Romantismo.
 Romantismo em Portugal.
 Principais autores e principais obras.
 Cena do filme “Orgulho e Preconceito”, 
de Jane Austen.
Romantismo em Portugal (1825-1865)
Fonte: https://giphy.com/gifs
 Eugene Delacroix (1798-1863).
 “A liberdade conduzindo o povo”, 
1830 (Museu do Louvre).
Relações da Literatura com as Artes Plásticas
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Liberdade_guiando_o_povo
 Francisco Goya (1746-1828).
 “Três de maio de 1808”, 1814 
(Museu do Prado).
Relações da Literatura com as Artes Plásticas
Fonte: http://www.ibiblio.org
 Victor Hugo – Os miseráveis, O corcunda de Notre-Dame.
 Goethe – Os sofrimentos do jovem Werther, Fausto.
 Jane Austen – Razão e sensibilidade, Orgulho e preconceito.
 Emily Brönte – O morro dos ventos uivantes.
 Walter Scott – Ivanhoé.
 Henry Melville – Moby Dick.
Literatura romântica
Fonte: https://giphy.com/gifs
 Orgulho e preconceito.
 Danton, o processo da revolução.
 Os segredos de Goya.
 Os miseráveis
Cena do musical Os miseráveis, 2012:
Filmes baseados no Romantismo
Fonte: 
https://giphy.com/gifs
 Revolução Francesa – “Liberdade, igualdade e fraternidade”.
 Ascensão da Burguesia.
 Ecos do Iluminismo – Rousseau: “o bom selvagem”.
 Revolução Industrial.
Contexto geral
Fonte: http://www.prefectures-regions.gouv.fr
 Alemanha: Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto): Goethe, Schiller.
 Grã-Bretanha: Ossianismo (Escócia), Walter Scott e Lorde Byron.
 França (divulgadora): Lamartine, Musset e Victor Hugo.
 Uma cultura de massa e a comercialização das obras de arte.
 Um novo gênero: o romance, porta-voz dos valores, 
ambições e desejos da burguesia
Origens do Romantismo
Johann Wolfgang von Goethe
Fonte: https://revistacult.uol.com.br
 Subjetivismo – a valorização do “eu” é a principal característica romântica.
 Sentimentalismo – sentimentos como amor e ódio são extremamente exagerados.
 Idealização – uso da fantasia e da imaginação (lugares, pessoas). Escapismo –
fuga da realidade, do cotidiano, do presente. Mulher idealizada – a amada é pura 
e perfeita, assim como o amor é eterno.
 Amor intenso – a paixão vigora, o amor leva o ser humano à felicidade ou 
à loucura.
 Espiritualismo, religiosidade – valores medievais cristãos são resgatados.
 Satanismo – por outro lado, há obras que valorizam o 
satânico, o mistério das sombras.
 Fusão entre o grotesco e o sublime – surge uma nova 
concepção de beleza: o “belo-feio”.
 Medievalismo – a figura do herói medieval é resgatada. 
Fuga ao passado e lugares distantes.
Características do Romantismo
 Que a vida humana é apenas um sonho, já ocorreu a muita gente, e esta ideia 
também me persegue por toda parte. Quando vejo os limites que aprisionam a 
capacidade humana de ação e pesquisa; quando vejo que toda a atividade se 
esgota na satisfação de necessidades, cujo único propósito é prolongar a nossa 
pobre existência... e, ainda, que na tranquilidade em relação a certas questões 
não passa de uma resignação sonhadora, pois as paredes que nos aprisionam 
estão cobertas de formas coloridas e perspectivas luminosas... isso tudo, Wilhem, 
me deixa mudo! 
 Volto para dentro de mim mesmo e encontro um mundo! 
[...] 
(GOETHE, W. Os Sofrimentos do Jovem Werther 1999, p. 37-38.)
Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang Von Goethe
 Infeliz! Você está maluco? Enganando a si mesmo? Que fim vai levar essa paixão 
frenética e sem limites? As minhas preces são só para ela, não vejo nenhuma 
outra imagem a não ser a dela e tudo o que vejo no mundo, à minha volta, 
relaciono com ela. E isso me proporciona muitas horas felizes... Até que, 
novamente, sou forçado a me desvencilhar dela ! Ah! Wilhelm! Para onde me 
arrasta este meu coração?”
(GOETHE, W. Os Sofrimentos 
do Jovem Werther , 1999.p. 37-38.)
Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang Von Goethe
Fonte: http://tuporem.org.br
Assinale a alternativa em que todas as características citadas pertencem 
ao Romantismo:
a) Idealização, sentimentalismo, objetividade e uso da razão.
b) Escapismo, subjetividade, amor intenso e culto às regras clássicas.
c) Escapismo, sentimentalismo, subjetividade e liberalismo.
d) Idealização, subjetividade, religiosidade e cientificismo.
e) Nova concepção de belo, idealização amorosa, amor por conveniência.
Interatividade
Assinale a alternativa em que todas as características citadas pertencem 
ao Romantismo:
a) Idealização, sentimentalismo, objetividade e uso da razão.
b) Escapismo, subjetividade, amor intenso e culto às regras clássicas.
c) Escapismo, sentimentalismo, subjetividade e liberalismo.
d) Idealização, subjetividade, religiosidade e cientificismo.
e) Nova concepção de belo, idealização amorosa, amor por conveniência.
Resposta
 Romance e novela são gêneros que se assemelham, mas é difícil 
sua diferenciação.
Características comuns:
 Possuem várias personagens.
 Há diversas tramas e células dramáticas.
 A ação pode ocorrer em diferentes espaços.
 A ação pode durar um longo tempo.
Romance e novela
Contudo, o romance:
 Costuma ser mais longo.
 Há simultaneidade entre as diferentes células dramáticas (acontecimentos, 
tramas), sendo que uma se destaca entre as outras, ou seja, há uma 
trama central.
 Há também densidade e profundidade na construção das personagens e enredo.
Já a novela:
 Às vezes é mais curta.
 Há sucessividade de células dramáticas, ou seja, várias 
tramas vão ocorrendo, umas após as outras, nem sempre 
apenas uma se destaca.
 Há menos densidade dramática do que no romance.
Romance e novela
 O amor como redenção: o herói normalmente possui alguns defeitos. O amor 
aparece como uma redenção, salvando-o, restituindo-lhe a honra.
 Idealização do herói: o herói romântico é bom, forte e belo, defende os fracos e 
elimina os vilões.
 Idealização da mulher: como o herói, a heroína romântica é bela, pura, um ser 
angelical, pleno de benevolência.
 Personagens planas: frequentemente, as personagens 
românticas não nos surpreendem, sabemos desde o 
início quem são os bons e quem são os maus da história. 
Contudo, há personagens esféricas também.
Características do romances e novelas românticos
 Impasse amoroso (final feliz ou trágico): Há sempre um impedimento para os 
amantes: diferentes classes sociais, um antagonista, vilão que disputa a amada 
do herói.
 Oposição aos valores sociais: os heróis românticos se opõem a valores impostos 
pela sociedade, como o casamento por dote, arranjado.
 Sentimentalismo: as personagens românticas amam e odeiam com 
extremo exagero.
 Linguagem metafórica: o escritor romântico abusa de 
metáforas que enaltecem e idealizam pessoas e lugares.
Características do romances e novelas românticos
Observe as afirmações a seguir. Verifique quais estão corretas e assinale a 
alternativa correspondente:
I. O herói romântico é idealizado, defende os fracos e elimina os vilões.
II. Há normalmente um impasse amoroso, mas o final é sempre feliz.
III. Os romances possuem maior densidade na construção das personagens e do 
enredo, se comparadas às novelas.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Somente a I está correta.
c) Somente a I e a II estão corretas.
d) Somente a I e a III estão corretas.
e) Somente a II e III estão corretas.
Interatividade
Observe as afirmações a seguir. Verifique quais estão corretas e assinale a 
alternativa correspondente:
I. O herói romântico é idealizado, defende os fracos e elimina os vilões.
II. Há normalmente um impasse amoroso, mas o final é sempre feliz.
III. Os romances possuem maior densidade na construção das personagens e do 
enredo, se comparadas às novelas.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Somente aI está correta.
c) Somente a I e a II estão corretas.
d) Somente a I e a III estão corretas.
e) Somente a II e III estão corretas.
Resposta
 Volta da família Real.
 Conflitos entre Liberais e absolutistas: D. Pedro I e D. Miguel.
 Período de Regeneração – 1847.
 Início Poema “Camões”, de Almeida Garret (1825).
 Antônio Feliciano de Castilho – divulgador do Romantismo em Portugal.
 Alexandre Herculano – romances históricos: Eurico, o presbítero.
 Camilo Castelo Branco – o escritor maior – destaque 
para as novelas passionais.
 Júlio Dinis – transição para o realismo: Pupilas do 
Senhor Reitor.
Romantismo em Portugal: Contexto e autores
 Pertence à geração dos primeiros românticos.
 Famoso por seus romances históricos. Acreditava que a pesquisa histórica era 
capaz de definir a nacionalidade portuguesa.
 Recebeu influência do escritor Walter Scott e de seu livro Ivanhoé.
 A harpa do crente (1837).
 Lendas e narrativas (2 volumes, 1839-1844).
 O primeiro volume da História de Portugal (1846)
 Eurico, o presbítero (1844).
 O Monge de Cister (1848).
Alexandre Herculano (1810-1877)
Fonte: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=331
 A história se passa no Século VIII.
 Os visigodos e os árabes lutavam na Península Ibérica. Eurico, um godo, resolveu 
dedicar-se ao sacerdócio, ou seja, ser um presbítero, 
como forma de se curar de seu amor impossível por 
Hermengarda, que pertencia a uma classe social mais 
elevada. Com o acirramento da guerra, Eurico larga o 
hábito e transforma-se no Cavaleiro Negro, e se 
consagra como um grande herói, salvando inclusive 
sua amada dos inimigos.
Eurico, o presbítero: Enredo
Fonte: Visigoth Kingdom.jpg: Commons.wikimedia.org
 “XVIII – ‘Impossível! Nada neste mundo me agita o seio, senão o teu amor’.
 Lenda de S. Pedro Confessor, 9.
 Apenas Pelágio transpôs o escuro portal da gruta. Eurico alevantou-se. Aspirava 
com ânsia, como se aquele ambiente tépido não bastasse a saciá-lo. O 
desgraçado resumia num pensamento devorador, numa síntese atroz, o seu 
longe e doloroso passado e o seu torvo e irremediável futuro. 
 Como voltara àquele lugar? Como, sem lhe vergarem os joelhos, tinha ele 
descido das alturas do Vínio com Hermengarda nos braços?”
(HERCULANO, A. Eurico, o presbítero, 1844, cap. XVIII) (domínio público).
Eurico, o presbítero – Excertos
 Nasceu em Lisboa no dia 16 de Março, filho ilegítimo de Manuel Joaquim Botelho 
e Jacinta Maria.
 Ficou órfão aos 10 e aos 16 casou-se, abandonando a 
esposa em seguida.
 Frequentou a sociedade portuense, dedicando-se ao 
jornalismo, e teve uma vida romanticamente agitada, 
desde vários casos amorosos até a prisão por adultério.
Vídeo criativo do Programa Zig Zag, da RTP-Portugal:
 https://youtu.be/9RKvO3OzaWE
Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Fonte: 
https://br.pinterest.com/pin
/349169777345986947/
 Novelas de mistério ou terror (Mistérios de Lisboa, Livro Negro de Padre Dinis).
 Novelas históricas (O judeu, O santo da montanha, A filha do regicida).
 Novelas passionais (Amor de perdição, Carlota Ângela, Amor de salvação, A 
doida do Candal).
 Novelas satíricas (Coração, cabeça, estômago, A queda dum anjo).
 Novelas de influência realista (Eusébio Macário, A corja, 
A brasileira de Prazins e As novelas do Minho).
Algumas obras
 Escritor profissional – conquistar o público.
 Técnica folhetinesca – produção imensa.
 Obras-primas X textos insípidos.
 Excelente prosador, 
sabia contar histórias 
e prender a atenção 
dos leitores.
Estilo camiliano
AMAR É UMA OPERAÇÃO 
DA ALMA SEM DEPENDÊNCIA 
DO CORPO, APAIXONAR-SE É 
UMA OPERAÇÃO DO CORPO 
SEM DEPENDÊNCIA DA ALMA.
CAMILO E O AMOR – AMAR E APAIXONAR-SE
Fonte: Adaptado de www.citador.pt
 Uso da ironia e do humor.
 Diálogo com o leitor.
 Uso da metalinguagem 
e reflexões sobre como 
fazer novelas.
 Adequação da linguagem 
das personagens à 
suas origens.
Estilo camiliano
Fonte: Adaptado de www.citador.pt
ESTA IMPORTANTE 
COISA, CHAMADA 
“RAZÃO”, COM 
RESPEITO AOS 
INCÊNDIO DO AMOR.
CAMILO E O AMOR – A CHAMADA RAZÃO
É UMA ESPÉCIE DE 
BOMBA QUE CHEGA.
QUANDO O MELHOR 
DA CASA TEM SIDO 
DEVORADO PELAS 
CHAMAS.
Quanto ao autor Alexandre Herculano e sua obra, é incorreto afirmar que:
a) Uma de suas obras mais importantes é Eurico, o presbítero.
b) É um dos grandes representantes do Ultrarromantismo.
c) Seus romances são nacionalistas e primam pelos fatos históricos.
d) O seu rigor histórico compromete o valor estético de sua obra.
e) Um dos escritores que o influenciou foi o inglês Walter Scott, com Ivanhoé.
Interatividade
Quanto ao autor Alexandre Herculano e sua obra, é incorreto afirmar que:
a) Uma de suas obras mais importantes é Eurico, o presbítero.
b) É um dos grandes representantes do Ultrarromantismo.
c) Seus romances são nacionalistas e primam pelos fatos históricos.
d) O seu rigor histórico compromete o valor estético de sua obra.
e) Um dos escritores que o influenciou foi o inglês Walter Scott, com Ivanhoé.
Resposta
 É um paradigma para as demais novelas passionais.
 Foi publicado em folhetins em 1862, quando o autor estava preso, acusado de 
adultério, como já dissemos.
 O narrador (neste caso confunde-se com o próprio autor) nos revela que, quando 
esteve preso, teve acesso ao registro de seu tio Simão Botelho, 
irmão de seu pai Manuel Botelho, de quem era filho bastardo.
 Seria uma história de Romeu e Julieta à portuguesa.
 Pintura a óleo de 1870 por Ford 
Madox Brown retratando a famosa 
cena do terraço de Romeu e Julieta.
Amor de perdição
Fonte: www.commonswikpedia.org
 Simão Botelho e Teresa de Albuquerque.
 A família de Simão (D. Rita, Domingos Botelho) X Tadeu de Albuquerque 
(pai de Teresa).
 Baltazar Coutinho, um vilão da história.
 Mariana, moça simples, extremamente dedicada a 
Simão, resignada e consciente da impossibilidade 
desse amor.
Amor de perdição, enredo
 “Não seria fiar demasiadamente na sensibilidade do leitor se cuido que o degredo 
de um moço de dezoito anos lhe há-de fazer dó. Dezoito anos! O arrebol dourado e 
escarlate da manhã da vida! As louçanias do coração que ainda não sonha em 
frutos e todo se embalsama no perfume das flores! [...] Dezoito anos! O amor 
daquela idade! A passagem do seio da família, dos braços da mãe, dos beijos das 
irmãs, para as carícias mais doces da virgem, que se lhe abre ao lado como flor da 
mesma sazão e dos mesmos aromas, e à mesma hora da vida!
 Dezoito anos! [...] E degredado da pátria, do amor e da família! Nunca mais o 
céu de Portugal, nem mãe, nem reabilitação, nem dignidade, nem 
um amigo!... É triste!
 O leitor decerto se compungia; e a leitora, se lhe 
dissessem em menos de uma linha a história daqueles 
dezoito anos, choraria! [...]
(CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 2008, p.17-18.)
Ultrarromantismo
 [...] Chorava, chorava! Assim eu lhe soubesse dizer o doloroso sobressalto que 
me causaram aquelas linhas, de propósito procuradas, e lidas com amargura e 
respeito e, ao mesmo tempo, ódio.[...] Ódio, sim... A tempo verão se é perdoável o 
ódio, ou se antes me não fora melhor abrir mão desde já de uma história que me 
pode acarear enojos dos frios julgadores do coração e das sentenças que eu aqui 
lavrar contra a falsa virtude de homens, feitos bárbaros, em nome da 
sua honra”. 
(CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 2008, p.17-18.)
Ultrarromantismo – continuação
 “Domingos Botelho casou com D. Rita Preciosa. Rita era uma formosura, que 
ainda aos cinquenta anos se podia prezar de o ser. E não tinha outro dote. se não 
é dote uma série de avoengos, uns bispos, outros generais, e entre estes o que 
morrera frígido em caldeirão de não sei que terra da mourisma, glória, na 
verdade, um pouco ardente. mas de tal monta que os descendentes do general 
frito se assinaram Caldeirões. [...]
(CASTELO BRANCO, Camilo.Amor de perdição. São Paulo: Ática, 2008,)
Capítulo I – humor, oposição aos valores sociais
 “No espaço de três meses fez-se maravilhosa mudança nos costumes de Simão. 
As companhias da relé desprezou- as. Saía de casa raras vezes, ou só, ou com a 
irmã mais nova, sua predileta. O campo, as árvores e os sítios mais sombrios e 
ermos eram o seu recreio. Nas doces noites de estio demorava-se por fora até ao 
repontar da alva. [...] Aqueles que assim o viam admiravam- lhe o ar cismador e o 
recolhimento que o sequestra. Em casa encerrava-se no seu quarto, e saía 
quando o chamavam para a mesa. D. Rita pasmava da transfiguração, e o 
marido, bem convencido dela, ao fim de cinco meses da vida vulgar, consentiu 
que seu filho lhe dirigisse a palavra”. 
(CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 2008)
Capítulo II – Amor como redenção: Idealização do herói
 “A nossa madre entrou nos seus aposentos, e disse a Teresa que era sua 
hóspeda enquanto ali estivesse; e ajuntou que não sabia se seu pai escolheria 
aquele convento ou outro.
 - Que importa que seja um ou outro? - disse Teresa. É conforme. Seu pai pode 
querer que a menina professe em ordem rica das bentas ou bernardas.
 Professe! - exclamou Teresa. - Eu não quero ser freira aqui, nem noutra parte.
 A senhora há de ser o que seu pai quiser que seja. Freira?! A isso não pode 
ninguém obrigar- me! -recalcitrou Teresa.
 Isso assim é - retorquiu a prioresa – mas, como a menina 
tem de noviciado um ano, sobra-lhe tempo para se 
habituar a esta vida, e verá que não há vida mais 
descansada para o corpo, nem mais saudável 
para a alma”.
Capítulo VII – Humor, ironia, oposição aos valores sociais
Mas a nossa madre - tornou Teresa, sorrindo, como se a ironia lhe fosse habitual já 
disse que a estas casas ninguém vem para se sentir bem... É um bom modo de 
falar, menina. Todos temos as nossas mortificações e obrigações de coro e de 
serviços para que nem sempre o espírito está bem disposto. Ora vês aí. Mas, em 
comparação do que lá vai pelo mundo, o convento é um paraíso. Aqui não há 
paixões, nem cuidados que tirem o sono, nem a vontade de comer, bendito seja o 
Senhor! Apenas a prioresa voltou as costas, disse a organista à mestra de noviças:
 Que impostora! E que estúpida! - acudiu a outra. – A menina não se fie nesta 
trapalhona, e veja se seu pai lhe dá outra companhia enquanto cá estiver, que a 
prioresa é a maior intriguista do convento. Depois que fez 
sessenta anos, fala das paixões do mundo como quem as 
conhece por dentro e por fora. Enquanto foi nova, era a 
freira que mais escândalos dava na casa”.
(CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 2008,)
Capítulo VII – Humor, ironia, oposição aos valores sociais (cont.)
Assinale a alternativa incorreta quanto à novela Amor de perdição, de Camilo 
Castelo Branco:
a) Logo na introdução, o narrador antecipa ao leitor o fim trágico de Simão Botelho, 
tanto em relação a seu exílio, como à sua morte.
b) A novela é repleta de sentimentalismo e o amor passional, típicos 
do Romantismo.
c) Por meio da análise científica do caráter de Simão, Camilo Castelo Branco quer 
comprovar sua tese de que não existe amor verdadeiro.
d) O autor procura sensibilizar seus leitores, chegando a 
supor qual seria sua reação perante a história que 
contará.
e) Simão Botelho é um herói romântico e como tal é 
guiado por suas emoções, não pela razão.
Interatividade
Assinale a alternativa incorreta quanto à novela Amor de perdição, de Camilo 
Castelo Branco:
a) Logo na introdução, o narrador antecipa ao leitor o fim trágico de Simão Botelho, 
tanto em relação a seu exílio, como à sua morte.
b) A novela é repleta de sentimentalismo e o amor passional, típicos 
do Romantismo.
c) Por meio da análise científica do caráter de Simão, Camilo Castelo Branco quer 
comprovar sua tese de que não existe amor verdadeiro.
d) O autor procura sensibilizar seus leitores, chegando a 
supor qual seria sua reação perante a história que 
contará.
e) Simão Botelho é um herói romântico e como tal é 
guiado por suas emoções, não pela razão.
Resposta
ATÉ A PRÓXIMA!