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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADE METROPOLITANAS UNIDAS LABORATÓRIO DE PRÁTICA PROFISSIONAL EM NEGÓCIOS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RAFAEL ASSUMPÇÃO DUARTE MERCADO, CONCORRENTES E ANÁLISE EMPRESARIAL SÃO PAULO 2021 RAFAEL ASSUMPÇÃO DUARTE MERCADO, CONCORRENTES E ANÁLISE EMPRESARIAL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito obrigatório à obtenção do grau de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. SÃO PAULO/SP 2021 1. ANÁLISE DO SEGMENTO DE BARES E RESTAURANTES Os bares e restaurantes surgiram concomitantemente à Revolução Industrial (meados do Séc. XIX) atrelados ao conceito de hospitalidade e acompanhados de grandes mudanças que ocorreram no estilo de vida da sociedade, que passaram a ter novas necessidades, principalmente mediante o aumento da melhoria de vida e população das metrópoles. Atualmente, esse segmento é extremamente concorrido. Nas palavras de Maricato (2005, p.14): O mercado de restaurantes é disputado e muitos que empreendem nessa área aprendem com a prática dos seus erros e acertos. Estima-se que a “mortalidade” dos empreendimentos em restaurantes atinja aproximadamente 80% nos dois primeiros anos de funcionamento. Existe um infindável tipo de consumidores e clientelas, desde as mais simples, que precisam de uma refeição rápida (fast food), e aqueles que dispõe de um tempo disponível e utilizam a gastronomia como forma de lazer e interação social, ou seja, não dispensam o ritual do serviço em uma refeição. Mas independente do público alvo, uma brigada de trabalho bem treinada e consciente de suas funções torna-se imperativo dentro de uma área cada vez mais concorrida e uma clientela cada vez mais exigente e conhecedora de seus direitos. O mercado de alimentação sofre influências de fatores subjetivos, como: hábitos, costumes e aspectos estacionais e cíclicos que dificultam a previsibilidade, além disso, os restaurantes ofertam produtos que não podem ser testados previamente, influenciando a decisão de escolha do consumidor por comparação com base no preço e nos serviços ofertados pela concorrência. Administrar tais condições pode exigir um longo período de aprendizagem e adaptação, o que nem sempre está de acordo com as expectativas do empresário em relação ao retorno do investimento. O setor também exige por parte do empresário investimento constante em atualização, modernização, aprimoramento da tecnologia dos processos, qualidade dos serviços e, sobretudo um cardápio que atenda aos anseios do seu público-alvo (ZANELLA, 2007, p. 23). De acordo com Agnes e Moyano (2013, p. 321) “o setor de serviços cresce em quase todas as economias mundiais, sobretudo em países desenvolvidos e em desenvolvimento”. O setor de serviços especificamente de restaurantes no Brasil é o que mais proporciona geração de empregos, e que contém uma expressiva participação no PIB nacional, movimentando cerca de um milhão de empresas por todo país, além de empregar aproximadamente seis milhões de pessoas (LEITE; FERNANDES, 2016, p.5). Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL, 2007) o crescimento do setor de restauração objetiva a tendência de a população brasileira cozinhar cada vez menos suas próprias refeições. Dados de pesquisas realizadas pela associação mostram que a cada quatro refeições que uma pessoa faz hoje no Brasil, uma é feita fora de casa. Além disso, o fato de a mulher estar mais presente no mercado de trabalho e, consequentemente, ausente do lar, também tem colaborado para o crescimento desse setor. Do mesmo modo, o Instituto Federal de Brasília (IFB) demonstrou que no ano de 2018, 37% da população brasileira fez suas refeições fora de casa ou comprou alimentos prontos para levar. Tornando-se o setor que movimenta em torno de R$ 170 bilhões por ano e atende cerca de 80 milhões de consumidores a cada mês. Com isso, o mercado de restaurantes movimenta mais de 30% do perfil dos comércios no Brasil, segundo a pesquisa do Panorama das Micro e Pequenas Empresas no Brasil de 2018. No Brasil, estima-se que existam em torno de 1 milhão de negócios, ao considerar bares, restaurantes, lanchonetes, etc. Desses, 650 mil ainda são informais e cerca de 93,4% são micro e pequenos negócios (ABRASEL, 2007). Os serviços de alimentação fora do lar têm muito a oferecer no processo de desenvolvimento social do Brasil, visto que que 81,49% das prestadoras de serviço no turismo são empresas de alimentação, que respondem por 65,37% dos empregos. No que se refere à receita operacional líquida do turismo, o segmento de alimentação também se destaca, sendo responsável por 31,18% do montante dessa receita. Além disso, as empresas de pequeno porte dominam as atividades relacionadas ao turismo no Brasil, representando 97,2% desse universo, com destaque para o setor de alimentação, que corresponde a 79,9% do total (SOLMUCCI JÚNIOR, 2007). No que se refere a estrutura, como todos os setores da economia, a área de restauração sofreu grandes alterações através os tempos, principalmente após o surgimento do turismo nos moldes que conhecemos atualmente. Por esse motivo surgiram vários tipos de locais para agradar os mais diferentes gostos, tais como: Tradicional: atende a clientela mais eclética e seu ambiente é mais simples; Internacional: culinária e ambiente mais requintado e atende a clientela de várias culturas; Típico: retrata a culinária de um determinado país ou região; Catering: fornecimento de alimentos prontos; Fast Food: refeições rápidas. Ex. Bob´s, McDonald´s, coffee shop; Outros estabelecimentos: choperia, casa de chá, doceria, pubs, loja de conveniência, casa de suco e vitaminas, etc. Com a pandemia da Covid-19, o setor de alimentos e bebidas foi desestruturado e isso mostrou uma fragilidade no setor. Segundo a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) através de pesquisas realizadas entre julho e agosto de 2020, com seus associados, em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, constatou que pelo menos 22% das empresas do setor de Alimentação Fora do Lar não conseguirá resistir à pandemia e em números absolutos estimam que cerca de 200 mil estabelecimentos devem encerrar suas operações, sendo a perda de empregos diretos um número superior a 100 mil trabalhadores (MARTINS, 2020). A pesquisa apontou também que mesmo com a possibilidade de abertura em alguns estados, 30% dos estabelecimentos seguem fechados devido a fatores como falta de segurança dos consumidores (79%), horário limitado de funcionamento (59%) e a falta de renda do consumidor (52%). Com base na performance financeira comparada a julho de 2019, pouco mais de 60% dos entrevistados afirmaram que o faturamento não chega a 30%, sendo que 86,5% afirmaram não chegar nem a metade se comparado ao período do ano anterior. Ainda segundo essa pesquisa, os estabelecimentos que já reabriram estão trabalhando com menos de 50% dos funcionários que tinham antes do início da pandemia, e 64% dos entrevistados dizem que não irão recontratar imediatamente (MARTINS, 2020). Por fim, de acordo com dados do IBGE (2020), o volume do setor de serviços caiu 7,8% no acumulado de 2020, em relação ao ano anterior, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Essa queda foi puxada principalmente pelas atividades de serviços prestados às famílias, que inclui os restaurantes (-35,6%), além de alojamento e alimentação (-36,6%) e transporte aéreo (-36,9%). 2. AS FORÇAS DE PORTER NOS SERVIÇOS DE BARES E RESTAURANTES As cinco forças de Porter são compreendidas como um conjunto que estabelece a intensidade da concorrência, além daspossibilidades no ambiente competitivo, “assim como a entrada de novos concorrentes, poder de barganha do fornecedor, poder de negociação dos clientes, assim como nível de retorno financeiro, tomando por base a configuração das forças no ambiente”. A utilização dessa ferramenta pode auxiliar na compreensão de como estas influenciam a concorrência e a lucratividade de uma empresa em um determinado segmento do mercado; como esta empresa pode se posicionar no presente e no futuro, estimando os lucros almejados; pode, ainda, revelar oportunidades para entrada de pequenas empresas em marcados não atrativos de empresas maiores (HARRISSON, 2005, p. 24). As organizações devem, então, apresentar posicionamentos em um ambiente competitivo, com o intuito de garantir a sua sobrevivência no ambiente mercadológico, além de adotar estratégias que sejam coerentes com as forças do determinado ambiente. Especificamente no que refere à Laje 98 e com base nas pesquisas realizadas, as 05 forças de Porter podem ser definidas da seguinte maneira: 1. Rivalidade entre concorrentes: Na área nobre da Península da Ponta D´areia são identificados fortes concorrentes, essa concorrência se entende até o Calhau. 2. Poder de barganha dos fornecedores: Bom poder de barganha devido ao poder que o Laje 98 está exercendo e seu reconhecimento na cidade. 3. Poder de barganha dos compradores: Baixo poder de barganha; 4. Ameaça de novos entrantes: Alta ameaça, especificamente no que se refere à restaurantes que realizam delivery. 5. Ameaça de produtos ou serviços substitutos: Existe somente a possibilidade de novas empresas da economia compartilhada, restaurantes inovadores, etc. 3. FATORES CHAVE DE SUCESSO Os fatores chave de sucesso, inseridos no planejamento estratégico e na gestão de qualidade, são todos os elementos responsáveis para que a empresa atinja a sua missão. Tratam- se de resultados econômico-financeiros atrelados à inovação, tecnologia e melhoria de processos e é fundamental que a liderança e gestão de recursos humanos estejam direcionados à uma cultura de qualidade, aprendizagem e melhoria. Salaheldin (2009) enfatiza que os fatores chave de sucesso são elementos imprescindíveis que a empresa não pode deixar de considerar para o êxito da integração entre todos os envolvidos. Sendo assim, a partir de dados obtidos por meio de entrevistas com os gestores, pesquisa de campo e documental, os fatores chave de sucesso do Laje 98 estão dispostos abaixo: FIGURA 01: FATORES CHAVE DE SUCESSO DO LAJE 98 Fonte: Elaborado pelo autor SUCESSO Arquitetura e design diferenciados Qualidade dos produtos e serviços Recursos Humanos Localização Atendimento ao cliente 4. MODELO DE ANÁLISE EMPRESARIAL 7S Desenvolvido no final da década de 1970 por Tom Peters e Robert Waterman, o Modelo de Análise Empresarial 7S tem por objetivo identificar as dimensões de uma empresa. São elas: strategy (estratégia), structure (estrutura), systems (sistemas), skills (habilidades), staff (colaboradores), style (estilo) e shared values (valores compartilhados. Todas essas dimensões são sinérgicas e inter-relacionadas. A aplicação desse modelo permite o alinhamento de unidades e processos, facilitando a implementação de estratégias. Ele é dividido em duas dimensões “hard skills” e “soft skills”, conforme descrição abaixo: Hard skills, as habilidades técnicas Structure (Estrutura): a maneira que a organização está estruturada e como funciona a sua hierarquia – O Laje 98 conta com 03 sócios com ampla e bem sucedida experiência no setor gastronômico e desempenham funções correlatas às suas áreas de formação, o que beneficia sobremaneira a gestão dos recursos humanos que são qualificados e capacitados para o exercício de suas funções com excelência. • Strategy (Estratégia): o plano estabelecido para construir e manter vantagens competitivas frente à sua concorrência - A estratégia do LAJE 98 é a busca constante por uma posição competitiva favorável e pioneira em São Luís, apostando na qualidade dos serviços, produtos, na arquitetura e design do ambiente. Systems (Sistemas): atividades diárias e procedimentos que os funcionários realizam para cumprir suas tarefas diárias – O Laje 98 enquanto um restaurante e gastrobar desempenha funções relacionadas ao preparo e serviço gastronômico, rodeado por atividades culturais em 03 ambientes. Para tanto, dispõe de um software de gestão de bares e restaurantes, de forma a otimizar a realização dos serviços. No que tange o Marketing, a gestão é descentralizada, sendo responsabilidade de uma empresa especializada e conceituada na cidade. Soft skills, as habilidades comportamentais Shared values (Valores compartilhados): é dado como o fator central do modelo e diz respeito aos valores centrais da organização, que evidenciam a cultura corporativa e a ética de trabalho – O Laje 98 é gerido por 03 empresários que compartilham os mesmos valores que são, ainda, prolongados a todo o corpo de recursos humanos. A excelência na prestação de serviços e na ambientação e paisagismo do restaurante é evidente e um singular diferencial. Style (Estilo): Diz respeito ao estilo de liderança – No Laje 98 a gestão é compartilhada por 03 sócios-proprietários e as suas atribuições e funções são bem delimitadas. A Gestão embora rígida e hierárquica, é afetiva. Staff (Equipe): Diz respeito aos funcionários e suas capacidades – Os colaboradores do Laje 98 são recrutados por Julcynara Teixeira com base em preceitos e ferramentas da Gestão de Pessoas e da Psicologia, os melhores e mais se adequam aos valores e perspectivas do restaurante são contratados e continuamente treinados. Skills (Habilidades): As habilidades e competências dos funcionários – Tanto os colaboradores quanto os sócios-proprietários possuem competências, habilidades e atitudes (CHA) cruciais para o exercício de suas funções, o que fica evidente em visita in loco para degustação no ambiente. REFERÊNCIAS ABRASEL. Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Brasileiro aumenta despesa com alimentação fora de casa. Disponível em: Disponível em: https://abrasel.com.br/noticias/noticias/brasileiro-aumenta-despesa-comalimentacao-fora-de- casa/. Acesso em 06 nov. 2021. ANGNES, Derli Luís; MOYANO, Carlos Alberto Mello. Atributos de escolha em serviços de restaurantes: Um estudo exploratório. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. São Paulo, 2013. BRASIL. Portal da Transparência divulga gastos federais específicos para combate ao coronavírus. 2020. LEITE, Ana Patrícia Rodrigues; DE OLIVEIRA FERNANDES, Luana. A importância do uso de estratégias de marketing para obtenção de vantagem competitiva em restaurantes: o caso do Camarões Potiguar. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia (Seget). Resende (RJ), 2008. MARICATO, P. Como montar e administrar bares e restaurantes. (6ª ed.). São Paulo: Editora Senac. 2005. MARTINS, Maria Lúcia Almeida. A pandemia pela Covid-19 e o impacto no setor de alimentação fora do lar (AFL): Um panorama. UFRRJ: Rio de Janeiro, 2020. SALAHELDIN; S.I. Critical success factors for TQM implementation and their impact on performance of SMEs. International journal of productivity and performance management; v. 58; n. 3; p. 215-237; 2009. Zanella, L. C. Instalação e administração de restaurantes. São Paulo: Editora Metha. 2007.