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1 Dor abdominal, diarreia e icterícia Colelitíase Reflexo do Vômito ÊMESE Processo coordenado de defesa, que evolve ações coordenadas de músculos abdominais e torácicos, gerando a expulsão forçada de conteúdo gástrico pela boca. ETIOLOGIAS • O reflexo do vômito é comandado por centros neuronais localizados no bulbo. • Mas, recebe estimulo de diversas áreas (centrais e periféricas). • Estímulos: o Pressão intracraniana (ex. meningite); o Inflamação (colecistite, apendicite, pancreatite); o Medicamentos (náuseas, irritação da mucosa gástrica); o Infecção bacteriana (gastroenterite aguda); o Distensão gástrica; o Movimentos (ex. de carro, alterações vestibulares); o Respostas emocionais: odores, depressão, ansiedade, traumas. o Alterações metabólicas (uremia, cetoacidose diabética). FISIOPATOLOGIA COMPONENTES CENTRAIS • O centro do vômito – está no tronco encefálico, mas especificamente no bulbo, organizada dentro da formação reticular lateral. • Existem quatro fontes importantes de influxo aferente para o centro do vômito: 1. ZONA DE GATILHO QUIMIORRECEPTORA (ZGQ) OU ÁREA POSTREMA: → É localizada no 4° ventrículo, fora da barreira hematoencefálica; → É sensível a elementos que causam náuseas no sangue ou no líquido cerebroespinhal; → Também recebe estímulos do labirinto interno, explicando por que sentimos náuseas quando há incompatibilidade entre o que vemos e o que é percebido pelo aparelho vestibular (processo chamado de cinetose); → Essa região também recebe aferências pelo nervo vago do TGI. 2. SISTEMA VESTIBULAR: → Possui fibras com alta concentração de receptores histamínicos e colinérgicos; → São estimulados por infecções e movimentos (ex. citocinese) 3. NERVOS AFERENTES VAGAIS E ESPINAIS DO TRATO GASTROINTESTINAL: Estimulado em situações que irritam a mucosa gastrointestinal (ativa os quimiorreceptores) ou por contração e distensão da mucosa (ativa os mecanorreceptores) → a ativação desses receptores se liga as aferências do NERVO VAGO, que terminam na ÁREA POSTREMA e posteriormente no NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO. 2 Dor abdominal, diarreia e icterícia 4. SISTEMA NERVOSO CENTRAL: Participação na produção de vômitos, a partir de etiologias psiquiátrica, como estresse, estímulo a odores fétidos. COMPONENTES PERIFÉRICOS Para ocorrer o vômito é necessário: 1) Detecção dos ativadores; 2) Enviar informações para o centro do vômito através das aferências supracitadas; 3) Enviar impulsos para que o episódio seja bem sucedido. O NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO é responsável por coordenar as respostas motoras necessária para o acontecimento do vômito. • PRIMEIRO – os músculos do tórax, abdome e o diafragma sofrem contração conjunta contra a glote fechada, resultando na ânsia de vômito. • SEGUNDO – o EEI e o diafragma relaxam e a pressão intra-abdominal elevada força o conteúdo gástrico para o esôfago. Enquanto isso, o encéfalo irá coordenar a contração sincrônica dos músculos inspiratórios e expiratórios: • A alta pressão torácica irá atuar para expulsar o vômito e simultaneamente, a respiração é suprimida e o movimento da laringe e faringe impede a aspiração e a passagem do vômito pela cavidade nasal. Colelitíase ANATOMIA DA VESÍCULA BILIAR → A vesícula biliar é uma espécie de bolsa localizada no trajeto do canal biliar que conduz a bile produzida pelo fígado até o intestino. A bile é importante na digestão, especialmente das gorduras. → Enquanto estamos em jejum, a vesícula armazena a bile produzida pelo fígado, sendo essa a sua principal função. Composição da bile: • Água; (60%) • Eletrólitos; • Bilirrubina; • Colesterol; • Sais biliares; • Fosfolipídios; • Sais biliares CONCEITO • Colelitíase é a formação de cálculos (pedras) no interior da vesícula biliar. • Ocorre quando o colesterol, os sais biliares ou a bilirrubina produzida em excesso, precipitam e formam pequenos grânulos. 3 Dor abdominal, diarreia e icterícia EPIDEMIOLOGIA • É uma das principais causas de hospitalização por doença gastrointestinal no mundo; • Nos EUA cerca de 700 mil colecistectomias são realizadas por ano; • A doença predomina a partir da 5° década de vida; • A incidência é maior no sexo feminino até a 5° década de vida, sugerindo o estrogênio como causa: • Aumenta a secreção de colesterol na bile; • Causa redução da motilidade vesicular. FATORES DE RISCO Outros: • Idade – aumenta a incidência ao longo dos anos; • Sexo feminino – mulheres aos 40 anos; • Anemia hemolítica crônica – produção de B.I e consequentemente o aumento da conjugação hepática, produzindo mais B.D. • Pacientes que realizaram cirurgia gástrica; • Uso de ACOs; • Ulceras duodenais; • Dieta do padrão ocidental. FISIOPATOLOGIA Alguns fatores são responsáveis pela formação de cálculo na vesícula: 1. DESEQUILÍBRIO ENTRE SOLUTO E SOLVENTE: • Colesterol, fosfolipídios (lecitina) e bilirrubina não conjugada são insolúveis em água e para serem solúveis é necessário a formação de micelas, que são agregados de várias moléculas de sais biliares, fosfolipídios e colesterol. • Com isso, quando a quantidade de colesterol aumenta ou as de sais biliares e lectina diminuem, a bile torna-se HIPERSATURADA em colesterol e é denominada bile litogênica, que leva a formação de colesterol em estado cristalizado. • A secreção dessa bile pelo fígado não é a única condição necessária para formar cálculos, já que mais de 50% dos indivíduos normais secretam bile hipersaturada em colesterol (bile litogênica) após uma noite de jejum. Sendo também importante, outras alterações, como estase e secreção de muco. 2. HIPOMOTILIDADE VESICULAR: • A bile é concentrada na vesícula biliar durante o jejum; E após refeição, seu volume reduz cerca de 70 a 80% pela ação da colecistocinina (CCK), que é o estimulador fisiológico da contração vesicular. 4 Dor abdominal, diarreia e icterícia • Com isso, casos de hipomotilidade ou de jejum intensos favorecem a estase da bile e consequentemente a formação de cristais de lipídios. 3. NUCLEAÇÃO DOS CRITAIS: • Os cristais microscópicos inicialmente são formados por um processo chamado de nucleação, que ocorre quando a bile está supersaturada. • A nucleação é influenciada por várias proteínas pró e anti-nucleação. As proteínas promotoras desse processo, são principalmente, as mucinas e o cálcio. • A mucina, o cálcio e o colesterol juntos formam o BARRO BILIAR, que é um precursor dos cálculos. TIPOS DE CÁLCULOS CÁLCULOS DE COLESTEROL (AMARELOS): São os cálculos formados dentro da vesícula biliar pelo excesso de colesterol, que se precipita em microcristais sólidos. CÁLCULOS PIGMENTADOS: ➢ PRETOS: • Ocorrem quando há elevação da bilirrubina indireta; o Excesso de BI → conjugação → aumento de BD. o O excesso de BD estimula a enzima betaglucuronidase → desconjuga BD em BI. o A BI é insolúvel e se precipita na forma de cálculos pretos. • Estão associados a doenças hemolíticas crônicas e eritropoiese ineficaz; • São pequenos e duros; • Compostos de bilirrubinato de cálcio e sais de cálcio inorgânicos; • É o único tipo de cálculo identificável em raio- x – devido o cálcio. ➢ MARROM: • Amolecidos e engordurados; • Formados por bilirrubinato e ácidos graxos; • Formam-se durante processos infecciosos, inflamações e infestações parasitárias. • Esse tipo de cálculo normalmente se forma dentro dos ductos, mas podem ser formados dentro da vesícula também. QUADRO CLÍNICO • Maioria dos pacientes são assintomáticos (75%); Obs. O diagnóstico desses pacientes ocorre de forma acidental durante a realização de USG abdominal na procurade outras patologias. PACIENTES SINTOMÁTICOS: • Intolerância ao ingerir alimentos gordurosos → 5 Dor abdominal, diarreia e icterícia cólica biliar. o Dor de forte intensidade na parte superior do abdome (quadrante superior direito - QSP). • Sintomas associados: mal-estar, náuseas e vômitos (alívio dos sintomas). COMPLICAÇÕES COLECISTITE AGUDA A pedra fica presa na saída da vesícula por um período prolongado, levando a inflamação aguda da vesícula, com dor intensa e constante, além de febre. • SINAL DE MURPHY PRESENTE • Diagnóstico: USG. • Tratamento: colecistectomia. COLEDOCOLITÍASE Migração da pedra da vesícula para o colédoco, obstruindo-o e consequentemente dificultando a chegada da bile até o intestino (ICTERÍCIA COLESTÁTICA). • Clínica: icterícia, dor localizada, náuseas, vômitos. • Diagnóstico: USG, CPRE ou colangioressonânia. • Tratamento: CPRE (colagiopancreotografia retrógada endoscópica). COLANGITE Infecção dos canais biliares por bactérias, após a obstrução. Isso ocorre, pois a estase da bile favorece a proliferação de bactérias. • Associação de colangite a coledocolitíase ou tumores perambulares (ex. tumor de cabeça de pâncreas). • Clínica: tríade de Charcot + icterícia colestática (obstrução). • Tratamento: antibiótico + desobstrução (CPRE) + drenagem da secreção do colédoco. Tríade de Charcot: ✓ Dor em hipocôndrio direito; ✓ Icterícia; ✓ Febre com calafrios. Pêntade de Reynolds: ✓ Dor em hipocôndrio direito; ✓ Icterícia; ✓ Febre com calafrios; ✓ Hipotensão; ✓ Rebaixamento de consciência. PANCREATITE BILIAR Inflamação do pâncreas, que ocorre quando o suco pancreático fica retido no pâncreas após uma obstrução do cálculo biliar ao ducto pancreático. DIAGNÓSTICO Obs. Pacientes com dor biliar, normalmente, tem exames laboratoriais normais, pois o aumento da bilirrubina, fosfatase alcalina, amilase e outros sugerem coledocolitíase. USG DE ABDOME • É o exame de escolha; • Sensibilidade e especificidade de 95%; • O barro biliar pode ser detectado; • Consegue se observar os cálculos > de 2mm, se há 6 Dor abdominal, diarreia e icterícia líquido ao redor (sinais de colecistite) e o diâmetro do colédoco e dos ductos hepáticos. USG ENDOSCÓPICA • Detecta cálculos <3mm; • Utilizada quando outros exames não confirmam o diagnóstico. RADIOGRAFIA • Conseguem revelar os cálculos radiopacos – são os pigmentares com cálcio na composição. TC E RM • A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são pouco utilizadas, mas também são alternativas. TRATAMENTO CASOS ASSINTOMÁTICOS • Não é recomendado colecistectomia, devido o baixo risco de desenvolver dor biliar, complicações e câncer de vesícula. • A colecistectomia profilática deve ser considerada em pacientes com risco aumentado. CASOS SINTOMÁTICOS • Cólica biliar → alívio com o uso de AINEs e nos casos mais graves, sem alívio da dor, pode se usar opioides. • Tratamento definitivo consiste na realização cirúrgica: o Colecistectomia videolaparoscópica; o Sempre operar após primeira crise. Obs. Recomendação cirúrgica para outros pacientes: Pacientes assintomáticos: • Cálculos >3cm; • Vesículas em porcelanas; • Pólipos associados; • Vesículas com anomalias congênitas; • Anemias hemolíticas. Pacientes diabéticos sintomáticos ou não: • Não devem esperar muito pela colecistectomia, devido o risco de desenvolver complicações mais graves que a população geral. Gestantes com sintomas recorrentes: • A cirurgia deve ser feita no 2° trimestre da gravidez. TRATAMENTO ALTERNATIVO • Pacientes que se recusam a operar ou em risco cirúrgico proibitivo, podem optar pela terapia conservadora com solventes de cálculo. • Objetivo: tornar a bile menos saturada; • Uso: ursodesoxicolato (URSO) – 8 a 13mg/kd/dia. • Contraindicação: grávidas (teratogênico) e pacientes com cálculo >5mm ou pigmentados (preto e marrom). • Outra indicação: Ezetimiba; • Objetivo: inibidor da absorção de colesterol intestinal, prevenindo altas concentrações de lipídios e seu acúmulo no fígado.
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