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AULA 1 METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROJETOS Prof. Sandro Fabiano da Luz 2 INTRODUÇÃO Projetos podem ser entendidos como uma importante ferramenta na gestão organizacional e de grande auxílio para o aumento da dinamicidade corporativa na atualidade. Na esfera pública, por exemplo, o seu papel é extremamente relevante, pois contribuem sobremaneira no processamento de ações coordenadas que promovam o bem-estar social. Na esfera privada, as empresas têm se utilizado, em grande medida, das suas possibilidades nas mais diversas áreas de atuação. Assim, o conhecimento fundamentado de como o gerenciamento de projetos funciona, bem como os seus componentes, formas distintas e otimizadas de gerenciamento, papel dos responsáveis pelo projeto e suas ferramentas, servem como bagagem importante para a tomada de decisão. Neste capítulo introdutório, vamos entender como os projetos operam no mercado, seus componentes e estrutura. TEMA 1 – PROJETOS E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO A utilização de projetos já faz parte da história humana desde os períodos mais remotos. Porém, muitas vezes não percebemos quanto tempo a humanidade já se utiliza de noções de gerenciamento deles. Evidentemente, cada civilização, povo ou cultura os administrava de forma particular, porém na antiguidade sempre recorreu a noções de projeto. Naquela época, era mais comum o gerenciamento estar ligado à esfera arquitetônica, como por exemplo as pirâmides do Egito ou mesmo construções de cidades antigas. Hoje, os projetos continuam sendo úteis à engenharia, mas também são utilizados para concepção de um novo produto, criação de serviços ou softwares ou até mesmo lançamento de foguetes espaciais. Em tempos atuais, o setor de computação emprega fundamentos da gestão de projetos como grandes aliados nas suas ações. As noções e gerenciamento de projetos são similares a todas essas áreas, e assim se faz necessário o entendimento do conceito de projetos, bem como os motivos de sua existência. 1.1 Conceito de projetos e sua função Muito se discute sobre o conceito de projetos ao redor do mundo, porém, de forma geral, os teóricos entendem que os projetos são empreendimentos que 3 possuem um término identificado para a criação de um bem tangível ou intangível único. Para Vargas (2016), um projeto pode ser definido como um empreendimento não repetitivo realizado pela instituição; também é caracterizado pela organização de uma sequência clara e lógica de evento devidamente coordenado, o qual possui início, meio e fim. Segundo o autor, os projetos se destinam a atingir um objetivo claro e definido, e são conduzidos por diferentes pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade (Vargas, 2006). Já o Guia PMBOK (2017, p. 4) indica um conceito mais sintético sobre projetos: “é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”. Assim, projetos podem ser identificados como uma organização de recursos corporativos combinados para a criação de alguma coisa que não existia anteriormente. Esses trabalhos são regidos por questões sobre tempo, custo, qualidade e devem ser concluídos com a entrega do produto final. Figura 1 – Elaboração de um projeto Crédito: Chaosamran_Studio / Shutterstock. Nesse sentido, sobre o conceito de projetos para o Guia PMBOK, é importante salientar os dois pilares que sustentam o processo de definição utilizado pelo guia: o objetivo do projeto, que está dividido entre “produto, serviço ou resultado único”; e a temporariedade deles, identificada como “esforço temporário” (PMBOK, 2017). Sobre os objetivos dos projetos e sua concepção para criação de um produto, serviço ou resultado único, vale ressaltar que a combinação única, ou seja, exclusiva, é o que define uma importante função dos projetos. Essa concepção revela como os projetos podem auxiliar na entrega de algum produto 4 não existente anteriormente ou até mesmo no aprimoramento de algo desatualizado. Dessa forma, são utilizados como apoio a construção civil, fusão de duas organizações, exploração de petróleo em determinada região ou ainda na realização de uma pesquisa de mercado importante para uma empresa. Já o caráter de “empreendimento temporário” indica a importante visão temporal dos projetos, ou seja, eles possuem um prazo definido. Depois do alcance dos objetivos previamente identificados, eles são concluídos, ou ainda quando não são mais úteis ou possíveis. Essas duas características que identificam conceitos de temporariedade e esforço único são os dois grandes itens que diferenciam projetos de processos organizacionais. Assim, os projetos existem em auxílio no desenvolvimento de algo que não existia previamente e incluem aperfeiçoamento organizacional em aderência à realização de estratégias corporativas. Eles podem ser criados para aumento na competitividade, adequação legal, construção civil, exploração espacial, pavimentação de ruas etc. 1.2 Projetos e processos De forma geral, é importante entender que uma empresa necessita tanto de processos quanto de projetos; ambos atuam em consonância e cooperam para a existência da instituição. As organizações precisam de ferramental para a gerência tanto de projetos quanto de processos, que coexistem simultaneamente. Em algumas ocasiões, são de difícil observação porque realizados pelas mesmas pessoas em momentos diferentes. Porém, de maneira geral, os processos podem ser entendidos como funções organizacionais contínuas e repetitivas, diferentemente dos projetos, que são exclusivos e com fim determinado. Nesse sentido, aqui reside o grande diferencial entre os dois conceitos: processo acontece sem prazo definido para o término e de forma repetitiva, ao passo que projeto possui prazo para conclusão com objetivos definidos. As semelhanças entre eles se evidenciam no fato de que ambos são realizados por recursos organizacionais limitados e geridos por um planejamento, e também são executados e controlados. Em muitas instituições, antes da existência de um processo, quase sempre se constata que há um projeto. Um exemplo disso pode ser visualizado na linha de produção de um tênis: antes de 5 ser fabricado em série (processo), é preciso uma ação para idealizar suas características, cores, preços de venda e mercado-alvo (projeto). O Quadro 1, a seguir, apresenta a síntese das diferenças entre processos e projetos. Quadro 1 – Estrutura processos/projetos Processos e projetos nas organizações Processos Projetos Proximidades Realizados por recursos limitados da organização (pessoas/máquinas); são planejados e estruturados Diferenças Repetitivo e contínuo Único e temporário Vale destacar que ambos são importantes para a sobrevivência organizacional e atuam em conjunto no mercado. Dessa forma, sua composição, gerenciamento e controle são ferramentas diferenciais para um profissional. Isso ocorre muito por conta de que as empresas necessitam de pessoal capaz de responder de forma robusta a eventos correlatos a processos e a projetos. TEMA 2 – COMPOSIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE PROJETOS Os projetos podem ser organizados sob diferentes óticas na instituição. É importante a realização de sua ordenação em grupos de afinidade para melhor gerenciamento e controle das atividades. Porém, para que essa função ocorra de forma otimizada, é necessário o entendimento dos processos e do ciclo de vida de um projeto. 2.1 Ciclo de vida dos projetos e seus processos O ciclo de vida de um projeto possui relação com a sua linha do tempo, que apresenta informações quanto ao progresso das atividades e auxiliam na tomada de decisão. Em comparação com outros projetos de qualquer área ou particularidade, percebe-se que possuem uma linha do tempo semelhante. Por isso, o ciclo de vida de um projeto, via de regra, ésemelhante em qualquer ocasião. 6 De acordo com Vargas (2016), todo projeto pode ser subdividido em determinadas fases de desenvolvimento, que ocorrem sistematicamente e acompanham o progresso das atividades. O real entendimento dessas fases leva aos interessados no projeto um eficiente controle dos recursos exigidos e também melhor monitoramento das metas estabelecidas. O conjunto das fases é chamado ciclo de vida do projeto. A análise do projeto por meio do ciclo de vida permite a avaliação de variadas similaridades que podem ser visualizadas em diferentes projetos. Desse modo, o ciclo de vida apresenta oportunidades de otimização da atuação do gerenciamento do projeto em si, assim como o acompanhamento das atividades correlatas ao andamento dele. A análise do ciclo de vida auxilia na visão de como o projeto está progredindo e numa análise de intensidade de esforço necessário de acordo com o planejado. Normalmente, um projeto é composto por atividades de diferentes intensidades ao longo do seu ciclo de vida. Logo no início, a concentração delas é relativamente menor, até o momento da metade de sua vida, quando começam a se intensificar. Já mais próximo ao fim, acontece uma desaceleração até o final efetivo do projeto. Assim, de acordo com a intensidade das atividades, um ciclo de vida se assemelha ao Gráfico 1, a seguir. Gráfico 1 – Ciclo de vida de um projeto A intenção desse tipo de conhecimento facilita o gerenciamento e a tomada de decisão, pois, sabendo-se em que momento do ciclo de vida o projeto se encontra, é possível ter mais efetividade em alguma alteração necessária, por 7 exemplo. Assim, quanto mais cedo as alterações forem processadas, maior o seu percentual de capacidade de aceitação e menor a rejeição. Isso ocorre porque o quanto antes uma possível alteração for identificada, menor será o número de atividades concluídas, e mais calculado o impacto nos trabalhos futuros. Normalmente, a linha de um projeto se assemelha à letra “S”, por isso esse gráfico é comumente conhecido como curva S – na maioria dos casos, se assemelha a uma curva com a letra S, independentemente das variáveis. No caso apresentado anteriormente, as variáveis são tempo e atividade, porém se fossem tempo e custo ou, ainda, tempo e utilização de recursos, a curva seria semelhante. Importante entender que, dentro dessa linha de atuação de um projeto, o ciclo de vida se divide em processos, cuja identificação é importante para constatar em que momento as atividades relativas ao progresso dele estão relacionadas. De acordo com Kerzner (2015), os processos de um projeto são: inicialização; planejamento; execução; monitoramento e controle; e encerramento. Independentemente do tamanho, do orçamento ou ainda do tempo para a conclusão do projeto, ele é subdividido desse modo. É necessário o entendimento de cada um desses momentos, pois são compostos por algumas atividades relacionadas ao projeto e vitais à conclusão dele. A seguir é apresentado figura que ilustra uma forma de ordenação destes processos dentro de um projeto, porém é importante citar que estes processos ocorrem de forma fluída e não necessariamente é sabido exatamente o momento onde um processo se inicia e outro termina. O mais importante é que eles atuam em conjunto e dão uma noção para os envolvidos, de como deve ser a postura e os trabalhos dentro de projeto. 8 Figura 2 – Processos de um projeto Crédito: Gulman/Shutterstock. Cada um desses processos é independente, e muitas vezes é difícil perceber quando uma fase efetivamente é encerrada e outra é iniciada. Porém, o mais importante é a noção de que todas elas atuam em sincronia dentro de um projeto. 2.2 Projetos, portfólios e programas Assim como os projetos são divididos em ciclos de vida para melhor gerenciamento, assim também podem ser reunidos em programas com vistas também a otimizar o seu gerenciamento. Dessa forma, pode-se identificar os programas como a junção de projetos com determinada afinidade estratégica. Eles podem ser agrupados por questões relativas à sua afinidade ou ainda por otimização de recursos. A função dos programas é integrar projetos de forma coordenada. Já os portfólios são semelhantes aos programas, contudo também podem ser um conjunto de programas ou até mesmo de projetos que também serão coordenados de forma estratégica. Assim, a utilização de projetos, programas e portfólios dentro de uma organização se assemelha à Figura 3, a seguir. 9 Figura 3 – Projetos, programas e portfólios Importante citar que tanto os programas quanto os portfólios que a organização possa administrar devem ter relação com o planejamento estratégico. Dessa forma, a estratégia da empresa auxiliará no funcionamento e no alcance dos objetivos atendidos por todos os projetos. TEMA 3 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E A MATURIDADE EM PROJETOS Não existe uma única maneira de se planejar e monitorar um projeto de qualquer natureza. Dentro de cada instituição, isso está muito ligado à maturidade dela com relação a essa ferramenta e também com a estrutura organizacional que possui. Assim como tal estrutura altera os projetos e é alterada por eles, esse campo se transforma em uma importante vertente de estudos. A intenção é perceber como a utilização de projetos pode ser realizada em cada cenário e como tirar o melhor proveito do seu resultado final. 3.1 Maturidade e estrutura organizacional O ambiente em que os projetos são realizados é regido por uma série de restrições que podem influenciar, em alguma medida, o andamento deles. Essas restrições podem tem a ver com cronograma, recursos (pessoas ou finanças) ou qualidade, entre vários fatores. Existem outros que afetam de algum modo o desenrolar das atividades relacionadas aos projetos, que diz respeito à própria estrutura em que a organização opera. Questões associadas à estrutura organizacional vão muito além de cenário político ou da forma de gerenciar a instituição; dizem respeito a como o processo de informação ocorre dentro das empresas. Segundo o Guia PMBOK (2017, p. 42): 10 Projetos operam dentro das restrições impostas pela organização por meio de sua estrutura de governança. Para operar de forma eficaz e eficiente, o gerente de projeto precisa entender onde a responsabilidade, a prestação de contas e autoridade residem na organização. Este entendimento ajuda o gerente de projetos a usar com eficácia o seu poder, influência, competência, liderança e capacidades políticas para concluir com sucesso o projeto. É importante salientar que a interação de diferentes fatores em uma organização individual cria um sistema único que afeta o projeto que está sendo realizado dentro do sistema. O sistema organizacional resultante auxilia na identificação de poder, influência, interesses e também das competências políticas das pessoas capazes de agir no sistema e que, consequentemente, atuam no projeto de forma direta ou indireta. Os fatores do sistema incluem elementos de gerenciamento, estrutura de governança e tipos de estrutura organizacional. De forma geral, existem diferentes tipos de estruturas organizacionais que indicam o poder do gerente do projeto e também revelam a maturidade de cada instituição para com os projetos. Vale salientar que, com relação a essas estruturas, não existe uma categoria certa ou errada, mas sim um sistema que opera na instituição e que está relacionado com o seu histórico e com as pessoas que lá estão inseridas. As principais estruturas organizacionais serão apresentadas no Quadro 2, a seguir, juntamente com suas principais características: Quadro 2 – Estruturas organizacionais Tipo de estrutura Autoridade do gerente do projeto Papel do gerente de projeto Disponibilidade de recursos Quem gerencia o orçamento Funcional Poucaou nenhuma Em tempo parcial Pouca ou nenhuma Proprietário ou operados Matricial fraca Baixa Em tempo parcial Baixa Gerente funcional Matricial forte Moderada ou alta Função em tempo parcial Moderada Gerente de projeto Balanceada Baixa a moderada Em tempo parcial Baixa Misto Projetizada Alta Função designada em tempo integral Alta Gerente de projetos Fonte: elaborado com base em PMBOK, 2017. 11 Esses são apenas alguns exemplos de estruturas organizacionais possíveis de serem encontradas nas instituições; existem diversos outros ou mesmo a combinação de alguns desses grupos dispostos anteriormente. O que se observa, principalmente no mercado brasileiro, é que a maioria das instituições opera nessas categorias citadas, porém ainda existe a estrutura orgânica, multidivisional, virtual ou híbrida. O principal foco a notar é que essas estruturas dão um sinal de como o planejamento e principalmente a execução dos projetos podem ocorrer em cada cenário. Fatores como capacidade de delegação, controle orçamentário, simplicidade dos projetos e capacidade de especialização podem ser evidenciados com a identificação desses tipos de estruturas. Toda a estrutura organizacional não apenas evidencia o fluxo de decisão, mas, sobretudo, características sobre a maturidade institucional para com os projetos. Quando mais importância e especialização para com os projetos, maior é a autonomia do gerente de projetos na organização. TEMA 4 – PAPEL DO GERENTE DE PROJETOS É importante citar que o papel do gerente de projetos pode ser exercido por uma ou mais pessoas, respeitando as particularidades de cada instituição e de cada projeto. Em projetos consideravelmente menores, com cenários menos complexos e com escopo administrável, é comum a observação de um gerente de projeto, operando junto aos objetivos estimados. Porém, naqueles grandiosos, com grandes expectativas e quantidade enorme de recursos alocados, é razoável que o papel de gerente de projetos seja respondido por um grupo de pessoas, cada um com a respectiva responsabilidade dentro do grupo. 4.1 Conceito de gerente de projeto De forma geral, gerente de projeto é uma função exercida dentro das organizações, responsável pela administração dos projetos. Segundo o PMBOK (2017), executa um papel crítico na liderança da equipe envolvida. Esse papel é visível ao longo do projeto e, via de regra, é designado nos momentos iniciais do planejamento. Porém, em algumas organizações, o gerente de projeto pode se envolver com as atividades, mesmo antes do início do projeto, principalmente com 12 organização de cenários e planejamento de atividades iniciais. De acordo com Gasnier (2012), trata-se de uma pessoa proativa e responsável pelo projeto e cujo papel é coordenar os recursos com vistas a atingir o resultado planejado. Porém, essa não é uma tarefa simples e demanda do gerente uma posição de ação para com as inúmeras ocorrências que devem ser administradas ao longo do ciclo de vida do projeto. Vale salientar que até mesmo o termo gerente de projetos pode ser observado de diferentes formas, de acordo com cada estrutura organizacional. Em algumas instituições, o papel desempenhado por essa figura é de pouca ou nenhuma autonomia, se assemelhando a um analista ou auxiliar de projetos. Porém, em outras, ele possui esse nome, mas o seu poder se assemelha ao de direção-geral e pode definir orçamentos de forma decisiva ou até mesmo contratações e demissões na empresa. Via de regra, o mercado denomina essa função como a de um gerente de projetos, mas essa não é uma nomenclatura que aglutine todas as particularidades da função. Figura 4 – Atuação de um gerente de projeto Crédito: Matej Kastelic/Shutterstock. É possível perceber que o sucesso ou o fracasso obtido pelo projeto está relacionado à qualidade e à objetividade do papel exercido pelo gerente de projeto. Isso ocorre porque ele é responsável por informações importantes, como o planejamento, e também por questões relativas à centralização de decisões sobre as atividades. Dessa forma, se a função for administrada sem a devida atenção, a probabilidade de o projeto não alcançar seus objetivos é considerável (Vargas, 2016). 13 4.2 Habilidades necessárias a um gerente de projetos São diversas as estruturas organizacionais e suas particularidades; assim, as habilidades necessárias para desempenhar um bom papel dentro delas também são muito abrangentes. Porém, de forma geral, é percebido que a habilidade mais utilizada pelo gerente de projetos é a comunicação, o que significa que também deveria ser a que maior demandasse por especialização. Ele passa a maior parte do tempo alocado no projeto se comunicando. Dessa forma, a percepção sobre a comunicação clara, concisa e coerente é essencial. A comunicação não verbal, quando possível, é um elemento que dá maior nível de detalhe ao que está sendo conversado, de forma a ampliar o leque de como o entendimento foi retido. Segundo Vargas (2016), as habilidades de comunicação devem ser aliadas às de planejamento como estabelecimento de objetivos, análises e organização do projeto em si. O autor também indica que habilidades de equipe como empatia, motivação, liderança e flexibilidade são importantes ferramentas no trabalho de gerenciamento de projetos. Camargo (2018) avalia que se espera que o gerente de projeto atenda aos objetivos com o nível de qualidade, custos e prazo previamente estabelecidos. Para isso, ele articula com todas as restrições do projeto, como orçamento, tempo e qualidade, a fim de atingir as metas. Dessa forma, necessita de liderança, experiência, habilidades de negociação e conhecimento de tecnologia em auxílio ao gerenciamento. No quesito tecnologia, é muito importante, além do conhecimento, a atualização constante. O papel do gerente requer orquestrar diferentes recursos em sintonia para concluir o projeto; para isso, ele deve se utilizar de habilidades de mediação de conflito, uma boa montagem de equipe, compreensão de como a instituição opera e das interfases organizacionais. Essas habilidades são muito importantes, sobretudo em projetos em que os recursos estão separados por grandes distâncias. Nesses casos, o conhecimento sobre ferramentas tecnológicas de comunicação e sobre as possíveis barreiras apresentadas por cada uma delas são de vital relevância. 14 TEMA 5 – CAUSAS DE FRACASSOS E SUCESSOS EM PROJETOS No mercado dinâmico e complexo da atualidade, os objetivos institucionais sofrem influências dos mais diversos fatores. Nesse sentido, os projetos servem para auxiliar na dinamicidade organizacional em consonância com os objetivos. Ou seja, a administração de projetos é uma importante arma empresarial que, com o auxílio do gerente ou centralizador do projeto (vale para cada particularidade), pode readequar algum ponto que precisa de otimização. Percebe-se que quanto mais cedo o papel de gerente de projetos for designado, maiores as chances de se obter sucesso nessa empreitada. Em alguns cenários, é possível notar o gerente de projeto tomando conhecimento do projeto, de seus objetivos e do planejamento quando muitos eventos já aconteceram. Assim, a possibilidade de atuação dele se torna muito limitada. 5.1 Principais causas de sucesso e fracasso em projetos O mercado empresarial atual vem dando cada vez mais atenção a uma metodologia comprovadamente satisfatória para o gerenciamento dos projetos. Assim, um dos fatores de sucesso pode ser identificado como a escolha de uma metodologia ou forma de gerenciamento que mais se adeque a cada instituição. Existem diversas disponíveis no mercado, porém o total conhecimento de suas propostas e a facilidade de entendimento por parte dos envolvidos no projeto têm se mostrado um diferencial importantepara o sucesso. Analisando pelo prisma do fracasso em relação aos resultados esperados em projetos, Vargas (2016) indica que mudanças organizacionais, alteração do cenário político, metas e objetivos mal estabelecidos, treinamento inadequado e falta de liderança do gerente de projeto são fatores decisivos. Também é importante identificar a ausência de integração entre os envolvidos, a falta de experiência e a escolha de diferentes padrões dentro do projeto como aspectos que levam ao insucesso. Capítulo importante se percebe no tocante a objetivos mal estabelecidos, principalmente no quesito cronograma. Algumas instituições definem prazos desafiadores ou nunca antes obtidos, somados a um cenário complexo para a realização do projeto. Erros como esses comprometem os projetos e muito da 15 qualidade que poderia ser extraída deles. Situações com esses componentes se configuram como causas de insucesso ou insatisfação em projetos. Esse item pode ser relacionado ao planejamento malsucedido, mas também vale para a área financeira, qualidade, ou até mesmo recursos humanos estabelecidos para o projeto. É necessário que nessa fase, mesmo que seja de rápida decisão para projetos ágeis, as estimativas sejam possíveis dentro de cada particularidade. Para esses casos, o papel do gerente de projeto é importante como norteador e aglutinador de justificativas às decisões relativas ao projeto na organização. Pelo prisma do sucesso, é possível perceber o apoio da alta direção da empresa como um fator primordial. Aliado à realização de um bom planejamento e à seleção correta do grupo envolvido, é de importante valia para o êxito da iniciativa. É também possível observar que a correta utilização de documentos dos projetos se constitui em um fator de sucesso importante para a organização. Para isso, a instituição deve utilizar-se de um documental de decisões assertivas ou não, tomadas em projetos anteriores. Esse conjunto de informações pode servir como base para a tomada de decisão em projetos futuros e facilitar a equipe alocada no projeto. Porém, para que isso aconteça com exatidão, são importantes o apoio e a organização da instituição para com a documentação de práticas utilizadas pela empresa no passado. Também é adequado o emprego de um sistema coerente, o qual pode representar um dos fatores importantes para o sucesso na experiência com projetos. Esse sistema deve contemplar as particularidades da instituição e sua organização interna, além de proporcionar dinamicidade de práticas e servir como um repositório de decisões obtidas em projetos anteriores. Tudo isso comporá a base para boas experiências em projetos. 16 REFERÊNCIAS CAMARGO, M. R. Gerenciamento de projetos: fundamentos e prática integrada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. GASNIER, D. G. Guia prático para gerenciamento de projetos: manual de sobrevivência para os profissionais de projetos. São Paulo: IMAM, 2012. KERZNER, H. Gerenciamento de projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Editora Blucher, 2015. PMBOK. A guide to the project management body of knowledge (PMBOK Guide). 6. ed. Newtown Square: PMI, 2017. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2016.
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