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CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

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6 
CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES 
 
Prof. Dr. Júlio César Teixeira1 
Gustavo Augusto de Andrade2 
 
6.1 INTRODUÇÃO 
As forragens são a “fundação na qual economicamente são 
construídas as rações dos ruminantes”. O papel primário das forragens é 
prover fibra. A fibra provém fonte de carboidratos usados como fonte de 
energia pelos microrganismos do rúmen. Os ácidos graxos voláteis 
produzidos durante a fermentação ruminal são as principais fontes de 
energia para o animal. A fibra também é essencial para estimular a 
mastigação e ruminação. As forragens também provêm vários nutrientes, 
como proteína e minerais. 
As forragens são as principais fontes de nutrientes na nutrição de 
ruminantes. Além da proteína e energia, as forragens provêm a fibra 
necessária nas rações para promover a mastigação, ruminação e saúde do 
rúmen. Na formulação de dietas para bovinos, a qualidade e a quantidade 
de forragens é o primeiro fator a ser analisado no atendimento das 
exigências nutricionais e de fibra. Os componentes concentrados são 
usados para complementar as contribuições nutricionais das forragens. A 
importância das forragens como a fundação das dietas de bovinos leiteiros 
foi ilustrada recentemente por Lundquist em uma pirâmide de alimentação 
para bovino leiteiro (Figura 1). 
 
 
1 Professor Titular do DZO/UFLA - Pós Doctor em Nutrição de Ruminantes. 
2 Doutorando em Zootecnia - DZO/UFLA. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
 
Figura 1. Pirâmide da alimentação. (Adaptada de Linn e Kuehn, 1997). 
 
 
As forragens afetam as rações de ruminantes de dois modos: 1) 
pela contribuição com nutrientes para a dieta, e 2) pelo impacto deles nos 
custos da ração. A qualidade de uma forragem afeta sua habilidade para 
contribuir com nutrientes para a dieta. Forragens de alta qualidade pode 
prover mais nutrientes e terá uma taxa de inclusão maior em dietas que 
forragens de baixa qualidade. 
Os carboidratos são os principais constituintes das plantas 
forrageiras, correspondendo de 50 a 80% da MS das forrageiras e cereais. 
As características nutritivas dos carboidratos das forrageiras dependem dos 
açúcares que os compõem, das ligações entre eles estabelecidas e de 
outros fatores de natureza físico-química. Assim, os carboidratos das 
plantas podem ser agrupados em duas grandes categorias conforme a sua 
menor ou maior degradabilidade, em estruturais e não estruturais, 
respectivamente (Van Soest, 1994). 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Os carboidratos não estruturais, inclui os carboidratos encontrados 
no conteúdo celular tais como os mais simples, como glicose e frutose, e os 
carboidratos de reserva das plantas, como o amido, a sacarose e as 
frutosanas. 
Os carboidratos estruturais incluem aqueles encontrados 
normalmente constituindo a parede celular, representados principalmente 
pela pectina, hemicelulose e celulose, que são normalmente os mais 
importantes na determinação da qualidade nutritiva das forragens (Van 
Soest, 1994). 
 
Carboidratos das plantas
Conteúdo
celular
Parede
celular
HemiceluloseSubstâncias
pécticas
ββ -glucanos
FrutanasAmidosMono+Oligos
sacarídeos
Ácidos
orgânicos
Celulose
FDA
FSDN
CSDN
Galactanos
Substâncias não
amiláceas
FDN
Polissaca rídeos
 
Figura 2. Carboidratos das plantas. FDA = fibra em detergente ácido, FDN = fibra 
em detergente neutro, CSDN = carboidratos solúveis em detergente 
neutro, FSDN = fibra solúvel em detergente neutro, Açúcares = mono e 
oligossacarídeos. Lignina em FDA e FDN não está incluída porque ela 
não é um carboidrato (Adaptado de Hall, 2001). 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
6.2 CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS 
Desde os idos de 1800, carboidratos que não fibra bruta ou fibra 
solúvel em detergente neutro (FSDN) têm sido calculados ou estimado por 
diferença. Estes carboidratos foram chamados de extrativos não 
nitrogenados (ENN e mais recentemente de carboidratos não fibrosos 
(CNF). Os CNF continuam a ser calculados, preferentemente, que 
analisados diretamente, devido aos vários tipos de carboidratos incluídos 
nesta fração (Figura 2). 
A falta de métodos ou problemas com ensaios para carboidratos 
individuais tornam impraticável a medida individual de CNF e a soma dos 
componentes. Geralmente, o conteúdo de CNF dos alimentos é calculado 
baseado nas porcentagens de nutrientes subtraídos de 100% de matéria 
seca (MS): 
 
CNF% = 100% - (PB% + FDN% + EE% + Cinzas%) 
ou 
CNF% = 100% - [PB% + (FDN% - PBFDN%) + EE% + Cinzas%] 
 
Onde: 
PB= proteína bruta, EE=extrato etéreo, FDN=fibra em detergente neutro e 
PBFDN= proteína bruta insolúvel em detergente neutro. 
 
Segundo Hall (2001), embora a primeira equação seja mais 
comumente usada, a segunda equação é preferida, porque ela corrige a 
FDN para proteína bruta (PBFDN) e evita que se subtraia a PBFDN duas 
vezes (como parte de PB e da PBFDN). Efetivamente, a fração CNF 
incluem quaisquer carboidratos solúveis em detergente neutro. 
A fração de carboidratos dos alimentos mais prontamente 
digestível carece ainda de um sistema satisfatório de classificação, embora 
eles representem a principal fonte de energia produzida pelos componentes 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
dos alimentos. A falta de uma definição adequada é em parte uma função 
da diversidade da fração química bem como da falta de pesquisa básica na 
especificidade de suas características nutritivas. Os carboidratos não 
estruturais são aqueles carboidratos não incluídos na matriz da parede 
celular e não são recuperados na fração de fibra em detergente neutro 
(FDN). Por esta definição, os carboidratos não estruturais são compostos de 
açúcares, amido, ácidos orgânicos e outros carboidratos de reserva como 
frutanas. 
Carboidratos não estruturais podem também ser classificados 
como solúveis em água (incluindo monossacarídeos, dissacarídeos, 
oligossacarídeos e algum polissacarídeo) e polissacarídeos maiores que 
são insolúveis em água. Carboidratos não estruturais solúveis em água, 
como açúcares (glicose e frutose) e dissacarídeos (sacarose e lactose) são 
rapidamente fermentados no rúmen e inclui uma fração significante de 
alguns alimentos usados na dieta dos ruminantes (melaço, polpa de 
beterraba, soro de leite, etc). 
O conteúdo de açúcar em gramíneas e leguminosas são 
extremamente variáveis e podem exceder até 10 % da matéria seca (MS), 
mas em forragens conservadas, como fenos, pré-secados e silagem as 
concentrações são baixas devido as perdas na fermentação e respiração. 
Gramíneas temperadas armazenam frutanas em folhas e talos. Desta 
forma, apesar da fração de carboidrato solúvel em água ser alto em alguns 
alimentos individuais, as concentrações são geralmente baixas nas dietas 
dos ruminantes. 
Galactanas são carboidratos de armazenamento em leguminosas, 
e as glucanas são encontradas em farelos ( trigo, cevada, aveia, centeio) e 
na parede celular de gramíneas (Aman e Hesselman, 1985; citados por Hall, 
2001). 
Pectinas são carboidratos associados com a parede celular mas 
não é covalentemente unida às porções lignificadas e são digeridas 
completamente no rúmen (90 a 100 %). As concentrações de pectina são 
altas em polpa cítrica, polpa de beterraba, casca de soja, e em 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
leguminosas, mas geralmente é baixa em gramíneas (Allen e Knowlton, 
1995; citados por Hall, 2001). 
O amido é o principal carboidrato de armazenamento na maioria 
dos grãos de cereais. Ele é composto de duas moléculas principais: amilose 
e amilopectina. A amilose é um polímero linear de 1-4, unidades de D-
glicose, enquanto a amilopectina é um polímero ramificado com cadeias 
lineares de D-glicose que tem um ponto de “quebra”a cada 20 a 25 
unidades de glicose. A maioria das forragens contém pequena quantidade 
de amido com exceção de silagem de grãos, como silagem de milheto (10 a 
20 % da MS), silagem de sorgo (25 a 35 %) e silagem de milho (25 a 35 % 
da MS). A degradação ruminal do amido é extremamente variável, da ordem 
de 40 a 90 %, dependendo de fonte, processamento e outros fatores. 
Segundo Hall (2001), um ponto fraco do cálculo de CNF é que ele 
coloca todos os carboidratos solúveis em detergente neutro (CSDN) em um 
único “pool”. Este grupo, nutricionalmente diverso, inclui tanto carboidratos 
estruturais (parede celular), como carboidratos não estruturais (conteúdos 
celulares), conforme mostrado na Figura 1, e carboidratos fibrosos e não 
fibrosos (Figura 3). A fibra, neste caso é definida, nutricionalmente, como 
carboidrato não digestível por enzimas de mamíferos. As únicas ligações de 
carboidratos que as enzimas de mamíferos hidrolizam são aquelas na 
sacarose, amido e lactose, deixando todos os outros carboidratos 
polimerizados indigestíveis, exceto por microrganismos. 
Os ácidos orgânicos não são carboidratos, mas são, 
frequentemente, agrupados com CSDN a fim de descrever os componentes 
do alimento. Diferentes CSDN tendem a predominar em diferentes 
alimentos (Tabela 1). 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Digeridos por
enzimas de
mamíferos
Sustenta o
crescimento
microbiano
Fermenta
potencialmente
a ácido lático
Fermentação
reduzida em pH
baixo
Ácidos
orgânicos
Açúcares
Amidos
Frutanas
Substâncias
pécticas
ββ-Glucanos
 
Figura 3. Características nutricionais de carboidratos solúveis em fibra em 
detergente neutro (Adaptado de Hall, 2001). 
 
 
De acordo com Hall (1999), as taxas de Fermentação Típica das 
frações de carboidratos solúveis em detergente neutro são: ácidos 
orgânicos, ainda não claramente definido, mas em alguns casos 
considerada como 0 %; açúcares, de 80 a 350 %/h; amido de 4 a 30 %/h, 
fibra solúvel em detergente neutro, de 20 a 40 %/h. Segundo a 
pesquisadora, a casca de soja apresenta uma taxa de degradação da FSDN 
de 4%/h. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 1. Biodisponibilidade dos componentes de forrageiras (Adaptado de Van 
Soest, 1994) 
 
Compon ente Digestibili dade 
Verdadeira, % 
Fator Limitante a 
CLASSE I 
Carboidratos solúveis 100 Ingestão 
Amido 90 ou + Passagem, com perda fecal 
Ácidos Orgânicos 100 Ingestão e ou toxicidade 
Proteína 90 ou + Fermentação b 
Pectina 98 Fermentação c 
CLASSE 2 
Celulose Variável d Lignificação, silicificação, cutinização 
Hemicelulose Variável d Lignificação, silicificação, cutinização 
CLASSE 3 
Lignina Indigestível Limita uso da parede celular 
Cutina Indigestível Limita uso da parede celular 
Sílica Indigestível Limita uso da parede celular 
Taninos, óleos essenciais, polifenois Indisponível e Inibe proteases e celulases 
Classe 1 = completamente disponível; Classe 2 = parcialmente indisponível devido 
a Lignificação; Classe 3 = indisponível. a – primeiro fator limitante relativo a 
utilização animal; b – fermentação pode variar pelo catabolismo a AGVs e amônia; c- 
pectina pode ser usada somente pela fermentação microbiana a AGVs e outros 
produtos microbianos; d – fermentabilidade da celulose e hemicelulose é limitada 
pela Lignificação; e – componentes com baixo peso molecular podem ser absorvidos 
mas são excretados na urina sem serem utilizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 2. Valores de composição de alguns alimentos em frações de carboidratos 
não estruturais de análises realizadas na Universidade da Flórida. 
Adaptado de (Hall, 2000) 
 
Cinza PB FDN 
Ácidos 
orgânicos Açúcares Amido 
Fibra 
solúvel Alimento 
% MS 
Feno de Alfafa 9,8 21,0 37,8 0,0 5,8 1,9 16,8 
Silagem de Alfafa, integral 9,5 19,1 45,5 10,4 1,8 0,7 12,1 
Haste de alfafa, madura 7,8 12,4 58,0 4,6 7,2 0,3 10,8 
Haste de alfafa, imatura 14,0 18,5 32,9 - - 0,4 16,9 
Folha de alfafa, matura 10,5 31,5 22,2 - - 1,0 18,4 
Folha de alfafa, imatura 9,2 29,3 18,6 9,1 10,2 3,4 19,4 
Polpa cítrica 6,7 7,2 22,1 9 26,5 1 32,9 
Silagem de milho (inteiro), 4,9 7,5 50,9 10,6 0,9 18,9 4,3 
Silagem de milho (inteiro) 3,8 7,0 41,8 7,9 0,3 30,4 5,8 
Casca de algodão - - - - - < 1 4 
Casca de soja 4,2 9,8 69,0 < 1 < 1 1 17,4 
Polpa de beterraba 8,9 8,0 44,6 0,4 12,8 0 30,0 
Feno de Timothy 5,0 8,2 67,3 4,4 9,1 0,4 6,4 
 
 
A acumulação de carboidratos solúveis nos tecidos das plantas 
ocorre quando a taxa de formação de glicose, durante o processo 
fotossintético, excede a quantidade necessária ao crescimento e respiração. 
Quantitativamente, o carboidrato não estrutural mais importante dos 
alimentos é o amido; entretanto, seus níveis nas partes aéreas das plantas 
forrageiras são muito reduzidos. Contrariamente ao que ocorre com 
gramíneas e leguminosas de clima temperado, que acumulam 
principalmente sacarose e frutosanas, e em menor proporção o amido, 
especialmente no caule, as espécies de clima tropical acumulam 
principalmente amido e sacarose, encontrados tanto nas folhas quanto nos 
caules. O amido acumulado por estas espécies apresenta-se com 
solubilidade bem mais reduzida, que por exemplo o amido acumulado nas 
raízes e sementes, devido ao elevado conteúdo de amilopectina. 
Quantitativamente, esse acúmulo de amido e demais carboidratos não 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
estruturais na parte aérea de gramíneas e leguminosas tropicais mostra-se 
insignificante para a maioria das espécies (Norton, 1982). 
 
6.3 CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS 
A natureza e concentração dos carboidratos estruturais da parede 
celular são os principais determinantes da qualidade dos alimentos 
volumosos, especialmente de forragens. A parede celular pode constituir de 
30 a 80 % da MS da planta forrageira, onde se concentram os carboidratos 
como a celulose, a hemicelulose e a pectina. Além disto, podem constituir a 
parede celular componentes químicos de natureza diversa dos carboidratos, 
tais como tanino, nitrogênio, lignina, sílica e outros. A lignina constitui um 
polímero fenólico que se associa aos carboidratos estruturais, celulose e 
hemicelulose, durante o processo de formação da parede celular, alterando 
significativamente a digestibilidade destes carboidratos das forragens 
(Norton, 1982). 
 
Par
ede
cel
ula
r BA
 
Figura 4. Representação esquemática de uma célula vegetal (A) e fotografia 
microscópica evidenciando a parede celular (B) (Adaptado de Ralph, 
1996). 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
As forrageiras de clima tropical, em relação às espécies de clima 
temperado, são caracterizadas por apresentarem baixos teores de 
carboidratos solúveis e pela elevada proporção de parede celular, 
consequentemente, de carboidratos estruturais. O elevado conteúdo de 
parede celular das gramíneas tropicais está associado a aspectos de 
natureza anatômica das espécies em razão da alta proporção de tecido 
vascular característico das plantas C4 (Van Soest, 1994). 
 
TABELA 3. Composição bromatológica de gramíneas tropicais em função da idade 
de corte 
 
COMPOSIÇÃO* 
MS PB EE FDN FDA LIG. SIL. CIN. Ca P NDT 
IDADE 
(DIAS) 
(%) (% na MS) 
ELL 
Mcal/Kg 
Brachiarão (Brachiaria brizantha) 
30 19,33 11,79 4,55 81,83 40,58 5,33 1,00 10,68 0,94 0,47 57,29 1,26 
60 21,49 10,61 4,04 83,75 43,55 5,60 1,67 10,28 0,71 0,47 54,98 1,17 
120 27,83 9,18 3,94 84,41 47,05 6,64 1,99 7,93 0,58 0,39 52,25 1,07 
240 30,05 7,26 3,60 81,81 54,47 8,66 4,05 6,82 0,50 0,30 46,47 0,87 
360 34,28 9,35 3,78 75,83 57,36 14,97 8,39 5,36 0,28 0,16 44,22 0,78 
MÉDIA 28,54 8,63 3,72 81,87 50,67 9,21 3,88 7,47 0,55 0,34 49,43 0,97 
Decumbens Africana (Brachiaria decumbens) 
30 21,21 10,54 3,42 77,9337,55 4,48 1,22 10,45 0,88 0,69 59,66 1,34 
60 25,75 9,58 3,47 79,96 40,04 5,95 1,52 8,68 0,78 0,55 57,71 1,27 
120 28,99 6,59 3,69 87,01 45,77 7,12 1,98 8,25 0,73 0,48 53,25 1,11 
240 34,81 6,51 2,49 85,77 51,97 10,06 4,21 6,68 0,59 0,39 48,42 0,94 
360 35,52 7,53 2,16 79,88 57,60 15,50 7,41 5,89 0,21 0,29 44,04 0,78 
MÉDIA 32,49 7,40 2,94 83,46 49,28 9,52 3,68 7,56 0,62 0,44 50,52 1,05 
Coastcross (Cynodon dactylon x Cynodon nlemfuensis) 
30 26,02 12,84 3,57 85,07 40,62 4,50 0,64 9,60 0,53 0,43 57,26 1,25 
60 27,20 10,51 3,45 85,21 41,52 5,20 1,75 7,22 0,50 0,41 56,56 1,23 
120 28,82 10,34 3,67 87,17 43,39 6,05 2,26 6,99 0,48 0,31 55,11 1,18 
240 37,81 8,38 3,23 86,91 50,51 7,63 3,63 5,95 0,37 0,26 49,55 0,98 
360 38,19 8,87 2,59 84,99 54,39 13,93 6,19 4,43 0,26 0,21 46,53 0,87 
MÉDIA 33,22 8,59 3,29 86,51 47,81 8,23 3,28 6,44 0,40 0,30 51,66 1,05 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 3. Continuação .... 
 
COMPOSIÇÃO* 
MS PB EE FDN FDA LIG. SIL. CIN. Ca P NDT 
IDADE 
(DIAS) 
(%) (% na MS) 
ELL 
Mcal/Kg 
Tifton 85 (Cynodon spp) 
30 25,86 11,46 3,67 89,19 42,17 4,80 0,24 9,52 0,54 0,25 56,05 1,21 
60 26,03 10,86 3,57 91,23 43,98 5,59 0,98 8,58 0,52 0,22 54,64 1,16 
120 34,67 7,57 2,70 92,36 46,96 6,51 1,75 5,87 0,47 0,21 52,32 1,08 
240 37,62 7,84 2,38 90,64 52,56 9,80 2,95 4,99 0,38 0,18 47,96 0,92 
360 35,60 8,11 2,78 85,43 58,01 14,63 8,19 3,99 0,25 0,15 43,72 0,77 
MÉDIA 34,21 7,93 2,70 89,65 50,73 9,08 3,27 5,81 0,41 0,19 49,39 0,97 
Capim-Gordura (Melinis minutiflora) 
30 22,05 9,22 2,54 82,25 40,61 4,90 0,55 8,12 0,69 0,52 57,27 1,26 
60 25,04 8,26 4,13 83,49 42,65 6,12 1,12 7,20 0,61 0,46 55,68 1,20 
120 28,79 6,28 5,62 90,19 46,26 6,87 1,40 6,25 0,47 0,33 52,87 1,10 
240 34,75 5,19 5,30 93,62 59,60 10,10 5,35 5,27 0,35 0,27 42,48 0,72 
360 34,16 6,47 2,81 86,17 64,39 13,84 8,51 4,07 0,14 0,15 38,75 0,59 
MÉDIA 30,90 6,40 4,42 88,92 54,16 9,24 3,67 5,71 0,41 0,31 46,72 0,88 
 Capim-colon ião (Panicum maximum, Jacq 
30 24,85 13,85 5,61 76,13 42,54 13,78 2,08 8,32 2,18 0,96 55,77 1,20 
60 29,70 7,80 4,13 80,86 46,80 9,08 2,14 6,75 2,29 0,83 52,44 1,08 
120 35,12 6,41 1,75 86,16 48,13 16,01 2,83 5,39 2,57 0,80 51,41 1,04 
240 33,01 5,49 4,00 85,73 60,68 16,82 1,85 5,24 2,55 0,23 41,63 0,70 
360 30,60 5,39 6,12 86,63 59,63 11,81 3,70 5,49 2,24 0,24 42,46 0,72 
MÉDIA 33,57 6,33 3,75 85,04 53,74 13,13 3,27 5,89 2,49 0,49 47,04 0,88 
Capim-cameroon (Penn isetum purpureum, Schum) 
30 21,05 11,56 5,35 74,94 42,56 8,65 1,59 8,71 1,94 0,92 55,75 1,20 
60 19,94 8,86 4,51 80,38 48,14 8,08 1,27 6,19 1,98 0,85 50,23 1,00 
120 36,83 6,31 2,01 84,53 45,97 8,77 2,47 5,99 2,17 0,36 53,09 1,11 
240 49,85 4,53 6,60 83,49 55,64 10,89 2,78 2,43 2,14 0,15 45,56 0,83 
360 38,76 4,49 7,75 83,70 54,15 9,11 2,08 2,90 1,65 0,08 46,72 0,87 
MÉDIA 37,51 6,04 4,99 83,03 50,81 10,51 2,16 4,15 2,02 0,34 49,53 0,97 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 3. Composição bromatológica de gramíneas tropicais em função da idade 
de corte 
 
COMPOSIÇÃO* 
MS PB EE FDN FDA LIG. SIL. CIN. Ca P NDT 
IDADE 
(DIAS) 
(%) (% na MS) 
ELL 
Mcal/Kg 
Capim-napier (Pennisetum purpureum, Schum), 
30 18,33 13,66 5,40 75,93 42,31 8,41 1,43 6,94 1,87 1,29 55,94 1,21 
60 20,05 8,61 4,56 78,08 49,13 9,13 2,06 6,07 1,95 1,08 50,63 1,02 
120 36,98 5,44 2,59 85,34 51,55 13,55 1,16 3,12 2,00 0,62 48,75 0,95 
240 47,87 4,12 2,80 87,63 58,13 15,40 1,85 2,16 2,11 0,16 43,62 0,77 
360 45,91 5,42 3,24 85,28 55,37 9,40 1,01 2,63 1,68 0,14 45,76 0,84 
MÉDIA 41,58 5,87 3,08 84,56 53,14 11,14 1,95 3,37 1,98 0,38 47,50 0,90 
Capim-elefante roxo (Pennisetum purpureum, Schum 
30 20,30 13,51 6,57 74,94 45,76 8,83 2,37 8,64 2,04 1,06 53,26 1,11 
60 17,54 9,21 4,90 80,38 45,57 9,56 2,96 8,06 1,90 0,85 53,40 1,12 
120 23,62 6,69 2,21 84,53 48,92 12,89 1,21 3,82 2,06 0,69 50,79 1,02 
240 46,02 5,03 2,19 84,90 55,71 11,62 1,76 2,33 1,76 0,19 45,51 0,83 
360 33,83 5,06 3,86 83,70 47,47 9,47 1,61 3,36 0,46 0,26 51,93 1,06 
MÉDIA 32,09 6,74 3,18 83,36 51,76 12,41 2,28 4,20 1,72 0,46 48,58 0,94 
Adaptado de Reis (2000) e David (2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 4. Equações de regressão e coeficiente de determinação da fibra em 
detergente neutro e fibra em detergente ácido de gramíneas tropicais 
em função da idade de corte 
 
Gramíneas Equações de regressão* Coeficiente 
determinação (R2) 
Fibra em detergente neutro 
Brachiarão Y = 80,9275 + 0,0474X - 0,0002X2 0,9515 
Coastcross Y = 83,8518 + 0,0421X - 0,0001X2 0,7260 
Tifton 85 Y = 88,7100 + 1,2872X - 0,1372X2 0,9351 
Capim-Gordura Y = 77,3123 + 0,1315X - 0,0003X2 0,8274 
Decumbens Africana Y = 74,4920 + 3,8668X - 0,2985X2 0,8771 
Fibra em detergente ácido 
Brachiarão Z = 40,6702 + 0,0513X 0,9448 
Coastcross Z = 39,2248 + 0,0440X 0,9690 
Tifton 85 Z = 41,5358 + 0,0471X 0,9824 
Capim-Gordura Z = 39,0905 + 0,0773X 0,9597 
Decumbens Africana Z = 37,8801 +0,0585X 0,9653 
Adaptado de Reis (2000) 
Y = Teor de Fibra em detergente neutro (%); 
Z = teor de fibra em detergente ácido(%); X = Idade (dias). 
 
 
Os níveis de carboidratos estruturais são bem mais elevados em 
gramíneas do que em leguminosas, e no caule em relação às folhas. Com o 
avançar da maturidade, verificam-se aumentos nos teores de carboidratos 
estruturais e redução nos carboidratos de reserva, o que depende, em 
grande parte, das proporções de caule e folhas. Isso se reflete na 
digestibilidade da forragem, que declina de maneira especialmente mais 
drástica para as gramíneas do que para as leguminosas (Reis e Rodrigues, 
1993). 
Estudos visando a determinação da cinética ruminal da fibra em 
detergente neutro de forrageiras tropicais, têm sido realizados em vários 
Centros de Pesquisas no Brasil, experimentos utilizando a técnica in situ 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
situ e técnicas in vitro. Reis (2000) estudando a cinética da degradação 
ruminal da FDN de gramíneas tropicais em diferentes idades de corte, 
observou taxas de degradação da FDN em níveis variando de 1,0 a 12,0 
%/hora, influenciado pela espécie e idade de corte. Os valores encontrados 
para fração solúvel (A) apresentaram-se baixos em função da baixa 
solubilidade da FDN em água, principalmente com o avanço da idade, 
justificando, assim, os altos valores da fração potencialmente degradada 
(B). Nota-se, também, à medida que avança a idade da planta, que ocorre 
um aumento da fração indegradável (C), possivelmente devido aos altos 
teores de lignina encontrados nesta fração. 
Alguns dados obtidos por este autor podem ser visualizados na 
Tabela 5. 
 
TABELA 5. Fração solúvel (A), fração potencialmente degradável (B), taxa de 
degradação (c), coeficiente de determinação (R2), fração indegradável 
(C), degradabilidade potencial e efetiva de gramíneas tropicais em 
diferentes idades de corte 
 
Fibra em Detergente Neutro 
Frações Degradabili dade 
IDADE 
(Dias) 
A B c R2 C Potencial Efetiva 
Brachiarão (Brachiaria brizantha) 
30 3,6089 53,1789 0,0384 0,9802 43,2122 56,79 26,72 
60 3,5688 63,5384 0,0363 0,9798 32,8928 67,11 30,28 
120 1,7053 59,8867 0,0675 0,9333 38,4081 61,59 36,11 
240 4,1230 46,8616 0,0362 0,9812 49,0154 50,98 23,80 
360 3,6975 49,9239 0,0476 0,9926 46,3786 53,62 28,04 
Coastcross (Cynodon dactylon x Cynodon nlemfuensis) 
30 3,8503 53,4308 0,0641 0,9811 42,7190 57,28 33,86 
60 4,3718 40,6186 0,1079 0,9787 55,0096 44,99 32,13 
120 2,3720 60,0727 0,0492 0,9675 37,5553 62,44 32,17 
240 4,8998 41,9437 0,0362 0,9648 53,1566 46,84 22,53 
360 3,9455 64,9117 0,1507 0,9647 31,1428 68,86 52,69 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 5. Continuação ..... 
 
Fibra em Detergente Neutro 
Frações Degradabili dade 
IDADE 
(Dias) 
AB c R2 C Potencial Efetiva 
Tifton 85 (Cynodon spp) 
30 4,7004 54,3403 0,1359 0,9525 40,9593 59,04 44,42 
60 5,9845 27,4112 0,0434 0,9425 66,6043 33,40 18,73 
120 4,2877 44,0697 0,0363 0,9849 51,6426 48,36 22,83 
240 3,5441 79,4087 0,0219 0,9875 17,0472 82,95 27,75 
360 4,5147 36,3356 0,0297 0,9649 59,1497 40,85 18,04 
Capim-Gordura (Melinis minutiflora) 
30 4,9673 47,3116 0,0355 0,9690 47,7212 52,28 24,61 
60 4,6120 50,3816 0,0305 0,9826 45,0064 54,99 23,69 
120 4,6852 44,5390 0,0403 0,9633 50,7758 49,22 24,55 
240 2,9627 56,9513 0,0247 0,9768 40,0860 59,91 21,78 
360 2,3781 68,1319 0,0359 0,9794 29,4900 70,51 30,85 
Decumbens Africana (Brachiaria decumbens) 
30 4,5993 64,5292 0,0576 0,9583 30,8715 69,13 39,13 
60 4,0208 70,2779 0,0374 0,9474 25,7013 74,30 34,10 
120 4,8098 73,9375 0,0147 0,9780 21,2527 78,75 21,58 
240 2,2833 68,7702 0,0498 0,9603 28,9465 71,05 36,59 
360 4,4169 54,2297 0,0386 0,9861 41,3534 58,65 28,04 
Adaptado de Reis (2000). 
 
 
Henriques et al. (1998), avaliando a degradabilidade da FDN do 
feno de Tifton 85 em quatro idades de rebrota (28, 35 42 e 56 dias), 
observaram queda nos coeficientes de degradabilidade em função da idade, 
sendo que as degradabilidades efetivas apresentaram pequena diminuição 
em seus valores. Lira et al. (2000) avaliaram a cinética da degradação 
ruminal da FDN para o capim-braquiária na estação chuvosa e seca, 
também observando valores pequenos para a fração solúvel e valores mais 
elevados para a fração potencialmente degradável no rúmen. Os mesmos 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
autores verificaram um aumento na degradabilidade potencial (54,92 e 
61,92%; respectivamente estação seca e chuvosa) e efetiva (19,88 e 
23,25%, respectivamente estação seca e chuvosa). 
 
6.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DETERMINAÇÃO ANALÍTICA 
DE CARBOIDRATOS EM FORRAGENS 
6.4.1 Carboidratos não estruturais 
Carboidrato não estrutural totais (CNE) inclui amido, açúcar e 
frutanas medidas usualmente pelo procedimento de Smith (1981). Variação 
considerável pode ser associada com a especificidade das enzimas usadas 
na análise de amido e CNE. A tabela provê um resumo de várias fontes de 
alimento comuns com valores medidos para CNE e valores de CNF 
calculados como uma porcentagem da MS. O conteúdo de amido da 
silagem de milho (35 por cento de MS) é em função da maturidade da 
planta e proporção de grão na planta inteira. Silagem com 32 % de grãos 
contém aproximadamente 22% de amido. Feno de alfafa ou silagem contém 
de 2,7 a 20 % de amido. 
Hall et al. (1999) desenvolveram um sistema para partição de 
CSDN em ácido orgânico, açúcar, amido e frações fibrosas solúveis. O 
sistema usa uma extração com 80% de etanol para separar açúcares e 
ácidos orgânicos de baixo peso molecular dos polissacarídeos (amido e 
fibra solúvel). Os açúcares são medidos diretamente no extrato de etanol e 
o amido no resíduo insolúvel em etanol. Os ácidos orgânicos e CSDN, que 
são as duas frações mais diversas, em termos de composição, são 
calculadas por diferença. 
Os cálculos para ácidos orgânicos e fibra solúvel em detergente 
neutro são: 
AO = (Matéria orgânica da amostra - PB) - (MOIE - PBIE) - EE - Açúcares; 
CSDN= (MOIE - PBIE) - (MORDN – PBRDN) – AIE 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Onde: 
AO = Ácido orgânicos; PB= proteína bruta, EE= extrato etéreo, PBIE= 
proteína bruta insolúvel em etanol a 80%, MOIE= matéria orgânica insolúvel 
em etanol a 80%, PBRDN= proteína bruta insolúvel no resíduo de 
detergente neutro, MORDN= matéria orgânica no resíduo de detergente 
neutro (FDN) e MO= matéria orgânica, AIE=amido insolúvel em etanol a 
80%. 
Um esquema representativo é mostrado na Figura 4. 
 
Ácidos
Orgânicos
Açúcares
Amido
FSDN
FDN
Carboidratos
extraídos 80%
EtOH
Carboidratos
insolúveis no resíduo
80% EtOH
Analises de
CSET
Análise RDN
 Análise
de amido
EtOH
ExtractEtOH
Extrato
EtOH
Insolúvel
Resíduo
Calculados
Calculado 
 
Figura 5. Partição do CSDN com etanol (80%), em análise direta e estimativas de 
calculo. Etanol 80%= 80:20 etanol:agua (v:v), FDN = fibra em detergente 
neutro, RDN = resíduo em detergente neutro, FSDN = fibra solúvel em 
detergente neutro, CSET = carboidratos solúveis em etanol 80%. 
(Adaptado de HALL et al., 1999). 
 
 
Segundo os autores da técnica descrita, exceto as análises de 
extração em etanol a 80%, todas as outras análises envolvidas neste 
sistema, são comumente disponíveis nos laboratórios de análise de 
alimentos, e entre os valores fornecidos, a estimativa do ácido orgânico é o 
valor mais propenso a erros, em parte, devido ao fato de que ele assume o 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
multiplicador 6,25 que se aplica para PB, até mesmo, a compostos 
nitrogenados de baixo peso molecular extraídos por etanol a 80%. 
 
6.4.2 Fibra em Detergente neutro 
A fração de fibra em detergente neutro inclui celulose, 
hemicelulose e lignina como os componentes principais. Existem três 
modificações principais no método de FDN, cada qual gerando valores 
diferentes que dependem do alimento que é analisado. O método original de 
FDN descrito por Van Soest e Wine, 1967 usa sulfito de sódio para remover 
proteínas contaminantes da FDN partindo ligações disulfídicas e 
dissolvendo muitas ligações de proteína (Mertens, 2001). Foi demonstrado 
que o método original não remove adequadamente amido dos grãos e de 
silagem de grãos. Uma modificação no resíduo de detergente neutro foi 
desenvolvido, incluindo uma amilase estável a quente no procedimento para 
remover amido, porém, sulfito foi removido do procedimento por causa de 
preocupações sobre a possível perda de lignina e compostos fenólicos 
(Van Soest et al.,1991). A FDN amilase-tratada modificada (aFDN) foi 
desenvolvida para medir FDN em todos os tipos de alimentos e usa amilase 
e sulfito de sódio para obter FDN com contaminação mínima de amido ou 
proteína. Este método modificado foi adotado como o método de referência 
para FDN pela National Forage Testing Association e está sendo avaliado 
em um estudo colaborativo para aprovação pela AOAC como um método 
oficial. O uso de sulfito de sódio é crucial para a remoção de contaminação 
de nitrogênio de alimentos tratados com calor. Se o objetivo é medir a fibra 
total com precisão em alimentos com contaminação mínima através de 
proteína digestível ou amido o método de aFDN é preferido. 
O método de determinação de FDN tem a reputação por ser mais 
difícil e variável que outros métodos de fibra. As maiores fontes de variação 
em FDN entre laboratórios são devido a diferenças em método e técnica de 
laboratório. Ambos os problemas podem ser minimizados seguindo um 
método de FDN padronizado. Embora o conceito de fibra seja baseado em 
um critério nutricional, a medida química de fibra é definida pelo método de 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
laboratório que é usado. Modificações do método de FDN afetam a "fibra" 
que está sendo medida, causas de valores diferentes entre laboratórios, dá 
a impressão errônea que FDN não pode ser medido com precisão. 
O método de FDN original não remove amido adequadamente do 
concentrado ou silagem que contiveram grãos. Robertson e Van Soest 
(1980) desenvolveram o método de resíduo de detergente neutro (RDN) 
que usa uma amilase termo-estável e detergente-estável para remover o 
amido. Eles também eliminaram o uso de sulfito de sódio porque poderia 
remover componentes fenólicos pensando ser lignina. Sulfito de sódio foi 
incluído no método original para reduzir a contaminação da proteína no 
FDN. Embora o método de RDN resolva muitos problemas para medir fibra 
em alimentos com amido, não eliminou todas das dificuldades para 
estabelecer o FDN como um método preciso, rotineiro. 
Infelizmente, os resultados de todos os três métodos (FDN, NDR,e aFDN) são chamados "freqüentemente FDN" embora os resultados dos 
três métodos possam ser bastante diferentes (Tabela 5). Então, é 
importante saber que "está sendo informado FDN" e entender que algumas 
das discrepância entre laboratórios, e os resultados de FDN podem ter 
diferenças devido ao método utilizado. Embora as diferenças possam ser 
pequenas para forragens, quando alimentos estão aquecidos (como 
destilados ou grãos de cervejaria) o uso de sulfito de sódio fica crucial para 
a remoção da proteína que é desnaturada ou é incrustada com o 
carboidrato em Reação de Maillard. Porque sulfito remove contaminação de 
proteína, os valores de aFDN darão substancialmente mais baixos para 
fibra em alimentos secos do que o método de RDN e resultará em 
estimativas mais precisas de fibra. 
 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 6. Valores obtidos usando vários métodos para medir FDN (Mertens, 2001) 
 
FDNa RDNb FDNac FDNa/RDN (%) 
Alimento 
(----------% de MS-------) 
Capim Timóteo 67,2 68,0 65,1 95,7 
Feno de alfafad 47,2 50,4 46,3 91,9 
Feno de alfafa - 45,5 44,3 97,4 
Silagem de alfafa - 43,6 42,2 96,8 
Silagem de milho 55,9 55,0 52,6 95,6 
Trevo - 31,9 30,3 95,0 
Grãos de cervejaria - 52,3 40,9 78,2 
Grãos de destilaria - 38,6 27,9 72,3 
Farelo de soja - 18,5 12,4 67,0 
Grão de milho - 11,4 10,1 88,6 
Polpa cítrica - 21,3 20,2 94,8 
a Fibra em detergente neutro – método original com sulfito, mas sem amilase (Van 
Soest e Wine, 1967). 
b Resíduo em detergente neutro – sem sulfito, mas com amilase (Robertson e Van 
Soest, 1980). 
c Fibra em detergente neutro tratada com amilase – com sulfito e amilase 
(Undersander et al., 1993). 
 
 
6.4.3 Fibra em Detergente ácido 
A fração de fibra em detergente ácido (FDA) dos alimentos inclui 
celulose e lignina como componentes primários além de quantidades 
variáveis de cinza e compostos nitrogenados. A concentração de nitrogênio 
insolúvel em detergente ácido (NIDA) é usada para determinar a 
disponibilidade de proteína em alimentos tostados. Taninos, se presente, é 
uma possibilidade para aumentar a proteína insolúvel associada com a 
parede celular da planta. Outro é a reação de Maillard ou não enzimática 
causada pelo aquecimento e secagem. O nitrogênio nestas frações tem 
baixa disponibilidade biológica e tende a ser recuperado na FDA. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
A concentração de NIDA em forragens tem uma alta correlação 
negativa com a digestibilidade aparente da proteína. A composição química 
do NIDA (Weiss et al., 1986) e a relação entre concentrações de NIDA e 
digestibilidade é diferente entre concentrados e forrageiras, portanto, o uso 
de uma única equação para relacionar NIDA com digestibilidade para todos 
os alimentos não está correto. 
 
6.4.4 Lignina 
A lignina é um composto, não carboidrato, de alto peso molecular 
que constitui uma classe diversa de compostos fenólicos. O procedimento 
para determinação de lignina em detergente ácido (LDA) inclui ambos os 
métodos hidrolítico (ácido sulfúrico) e oxidativo (permanganato de potássio); 
a variante ácida sulfúrica de LDA é o mais popular. A lignina de Klason é o 
resíduo remanescente depois de um hidrólise por ácido sulfúrico em duas 
fases, que é comumente usada para determinar os componentes de açúcar 
neutro dos polissacarídeos da parede celular. A lignina de Klason é um 
melhor marcador para a digestibilidade que a lignina de permanganato. A 
correlação entre a digestibilidade de forragem e concentrações de lignina 
em detergente ácido e lignina de Klason foram estudadas por Jung et al., 
1997 citada por Mertens, 2001. Neste trabalho, trinta e seis forragens, 
incluindo C3, leguminosas e gramíneas C3 e C4, foram analisadas para 
lignina de detergente ácido, lignina de Klason, e digestibilidade in vitro da 
MS e FDN. Vinte destas forragens também eram usadas em um 
experimento com cordeiros, com ingestão restrita para medir a 
digestibilidade da MS e da FDN. Digestibilidade in vivo e in vitro da MS e 
FDN das forragens foram negativamente correlacionadas com as medidas 
de lignina. 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
6.5 SISTEMA DE FRACIONAMENTO DOS CARBOIDRATOS 
Atualmente, os sistemas de avaliação de alimentos para 
ruminantes, que dão suporte à formulação de rações, requerem que os 
alimentos utilizados pelos animais sejam fracionados para melhor 
caracterizá-los (Sniffen et al., 1992). 
 
6.5.1 Partição de carboidrato de alimento 
A composição, degradação ruminal e digestão intestinal de 
frações de carboidrato divididas pelo sistema de detergente está mostrada 
na tabela (Van Soest, 1994). As frações A e B1 são solúveis em detergente 
neutro. De acordo com as definições do modelo, a fração A consiste de 
açúcares, a Fração B1 consiste de amido, pectinas, e glucanas (Sniffen et 
al., 1992). 
 
TABELA 7. Composição, degradação ruminal e digestão intestinal das frações de 
carboidratos 
 
Fração Composição Degradabili dade Ruminal, %/hora 
Digestibili dade 
Intestinal, % 
Açucares Chega muito pouco 
A 
Ácidos Orgânicos 
200 a 350 
100% 
B1 Amido, Pectinas e Glucanas 20 a 40 75 % 
B2 
Fibra disponível, celulose e 
Hemiceluloce 
2 a 10 20 % 
C Lignina e fibra associada à 
lignina 
0 0 
 
 
Devido a degradação ruminal da fração A ser de 200 a 300 % 
/hora, menos de 5% chegam no intestino. Schofield e Pell (1995) 
questionaram estas altas taxas de degradação ruminal. Estes 
pesquisadores mostraram taxas de degradação de 15 a 19% /hora para 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
solúveis em detergente neutro de forragens. Solúveis em detergente neutro 
contêm mais que açúcar, como amido e substâncias pécticas e frações não 
carboidrato, como proteína, compostos fenólicos solúveis, cinza e lipídeos. 
Apesar disto, até mesmo quando estas baixas taxas de degradação são 
aplicadas, menos que 20 a 25% da fração A escapa da fermentação 
ruminal. A quantidade limitada de Fração A que escapa da fermentação 
ruminal é completamente digerida no intestino. 
A degradação ruminal da Fração B1 é 20 a 40%/h. Esta taxa é 
variável e depende da fonte de amido, dos métodos de processamento e 
armazenamento. Entre 70 e 90% do amido do alimento é fermentado no 
rúmen. O amido que escapa da degradação ruminal tem uma digestibilidade 
intestinal de 75%. 
A hemicelulose, celulose e lignina são insolúveis em detergente 
neutro. O modelo fraciona a fibra fração disponível (B2) e fração 
indisponíveis em base de lignina e fibra. A fibra indisponível é lignina x 2,4, 
e representa o material remanescente após 72 horas de fermentação in vitro 
(Mertens, 1973). A lignina não impede a digestão simplesmente pelo 
encrustamento ou encobrindo os nutrientes. Ao contrário, a lignina protege o 
carboidrato "associado" da digestão. Este mecanismo ainda não é 
inteiramente conhecido (Van Soest, 1994). 
A degradação ruminal da Fração B2 é de 2 a 10%/hora. Entre 30 e 
70% da fibra disponível (Fração B2) é fermentado no rúmen. A fração de 
FDN disponível que escapa do rúmen tem uma baixa digestibilidade 
intestinal (20%). A fibra indisponível (Fração C) não é fermentada nem no 
rúmen e nem é digerida no intestino. 
O modelo prediz que 25 a 50% da fibra do alimento (Fração B2 
mais Fração C) é fermentada no rúmen. Devido a fração C (fibra 
indisponível) ser definida como lignina x 2,4, a proporção de lignina na FDN 
tem um grande impacto na fermentação ruminal da fibra dos alimentos do 
que a taxa de degradação ruminal da fibra disponível (Fração B2). 
A partição dos carboidratos dos alimentos tem uma ligação fraca 
no Sistema de Carboidrato e Proteína de Cornell (The Net Carbohydrate 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
and Protein System). Isto é especialmente verdadeiropara a fração A que é 
definida como açúcar, mas também contém, como em alimentos 
fermentados (silagens), ácidos orgânicos. Durante a fermentação da 
silagem, alguns dos componentes solúveis do conteúdo celular são 
metabolizados a componentes principalmente a ácidos láctico e acético. 
Estes ácidos orgânicos são úteis ao animal como um componente da 
energia metabolizável, mas não representam nenhuma fonte de ATP para o 
crescimento microbiano (Van Soest, 1994). Desta maneira, alimentos 
fermentados apresentam pouco efeito na estimativa do valor energético, 
mas pode afetar substancialmente a nutrição proteíca pelo decréscimo na 
produção de proteína bacteriana. 
Um esquema alternativo para partição de carboidrato do alimento 
é proposto na Tabela 8, que mostra uma separação dos ácidos orgânicos 
dos açúcares e a separação de pectinas e glucanas da fração de fibra 
solúvel. 
 
TABELA 8. Composição, degradação ruminal e digestão intestinal das frações de 
carboidratos 
 
Fração Composição Degradabili dade 
Ruminal, %/hora 
Digestibili dade 
Intestinal, % 
A1 Açúcares 200 a 350 Chega muito pouco 
A2 Ácidos Orgânicos 1 a 2 100 % 
B1 Amido 20 a 40 75 % 
B2 
Fibra disponível, Pectina e 
Glucanas 
40 a 60 
ID = 0 
IG = 100 % 
B3 
Fibra indisponível, Celulose 
e Hemicelulose 
2 a 10 
ID = 0 
IG = 100 % 
C Lignina, fibra associada e lignina 0 0 
ID = Intestino delgado; IG = Intestino grosso. 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Os carboidratos totais são divididos em carboidratos estruturais, 
não estruturais e fibra indigestível, fracionados de acordo com a taxa de 
degradação. Os carboidratos não estruturais são solúveis em detergente 
neutro. De acordo com o CNCPS, os carboidratos podem ser fracionados 
em componentes A (açúcares solúveis e ácidos orgânicos, com rápida 
degradação ruminal), B1 (amido e pectina, com degradação intermediária), 
B2 (correspondente à fibra potencialmente degradável, com taxa de 
degradação mais lenta) e C, que apresenta características de 
indigestibilidade. Este fracionamento foi descrito por Sniffen et al. (1992) e 
objetiva minimizar as perdas nitrogenadas, estimar as taxas de degradação 
ruminal de diferentes frações dos alimentos, além de maximizar a 
sincronização do fornecimento de proteína e carboidratos para o rúmen e, 
consequentemente, a produção microbiana. 
Para predizer o desempenho animal, tal procedimento deverá ser 
utilizado empregando-se o sub-fracionamento de carboidratos e proteínas 
que compõem os alimentos e o conhecimento do comportamento destas 
frações ao longo do TGI (Fox et al., 1992). 
O sistema CNCPS desenvolvido por Fox et al. (1992), Russell et 
al. (1992), Sniffen et al. (1992) tem, basicamente, o objetivo de melhor 
avaliar as dietas completas, visando à minimização das perdas de 
nutrientes e à busca da maximização da eficiência de crescimento dos 
microrganismos no rúmen (Van Soest, 1994). 
Este sistema sugere divisão do ecossistema ruminal em dois 
grupos microbianos: os microrganismos que utilizam carboidratos 
estruturais e aqueles que utilizam carboidratos não estruturais. Esta 
segregação reflete as diferenças quanto às fontes de energia e compostos 
nitrogenados utilizados, bem como a eficiência do crescimento microbiano, 
pois as bactérias que fermentam carboidratos estruturais (celulose e 
hemicelulose) necessitam de amônia como principal fonte de N, ácidos 
graxos de cadeia ramificada e não utilizam peptídeos e aminoácidos, sob 
condições limitantes de N, apresentam menor crescimento, decorrente dos 
maiores custos de mantença dos microrganismos. As bactérias que 
fermentam carboidratos não estruturais (amido e pectina) apresentam 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
crescimento mais rápido e utilizam, em média, 66% de peptídeos e 
aminoácidos e 34% de amônia como fonte de N para seu crescimento 
(Russell et al., 1992). 
 
6.5.2 Determinação do fracionamento de carboidratos 
Para obtenção do fracionamento dos carboidratos, conforme o 
sistema CNCPS, inicialmente foram analisados matéria seca (MS), matéria 
mineral (MM), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) seguindo 
procedimentos padrões (AOAC, 1990) e fibra em detergente neutro (FDN) 
e proteína indisponível em detergente neutro (PIDN) (Van Soest e Wine, 
1968). 
De acordo com Sniffen et al. (1992), os carboidratos totais 
(CHOT), fibra indigestível, representada pela fração C, fração lentamente 
degradável (B2), carboidratos com elevadas taxas de degradação ruminal (A 
+ B1) = CNE e os carboidratos estruturais (CE) foram determinados por 
meio das seguintes expressões: 
 
CHOT (%MS) = 100 – [PB (%MS) + EE (%MS) + MM (%MS)]; 
C (%CHOT) = 100 x [FDN (%MS) x 0,01 x Lignina (%FDN) x 2,4]/CHOT 
(%MS); 
B2 (%CHOT) = 100 x [FDN (%MS) – PIDN (%PB) x 0,01 x PB (%MS) – FDN 
(%MS) x 0,01 x lignina (%FDN) x 2,4]/CHOT (%MS); 
CNE (%CT) = MO – (PB + EE + FDNcp). 
 
Onde: 
FDNcp constitui a parede celular vegetal corrigida para cinzas e proteínas. 
CE = CHOT – CNE 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Os carboidratos não estruturais contêm açúcares (fração A), 
amido e pectina (fração B1). Estes representam os carboidratos que são 
solúveis em detergente neutro (Sniffen et al., 1992). 
 
TABELA 9. Fracionamento de carboidratos totais (CT) em carboidratos estruturais 
(CE), carboidratos não estruturais (CNE), carboidratos rapidamente 
degradáveis (A + B1 ) carboidratos lentamente degradáveis (B2) e 
carboidratos indigestíveis (C) de diferentes gramíneas tropicais 
 
 
Forrageira 
CT 
% da MS 
CE 
% da MS 
CNE 
% da MS 
A + B1 
% CT 
B2 
% CT 
C 
% CT 
Referências 
Aeroceres 14 d 56,78 43,23 13,55 11,25 66,02 22,73 Vittori et al., 2000 
Aeroceres 28 d 65,29 48,51 16,78 23,27 48,85 27,89 Vittori et al., 2000 
Aeroceres 42 d 66,52 41,48 25,04 33,76 36,67 29,57 Vittori et al., 2000 
Aeroceres 56 d 72,98 44,00 28,98 39,14 31,89 28,97 Vittori et al., 2000 
Angola 14 d 56,27 44,71 11,56 4,25 66,28 29,47 Vittori et al., 2000 
Angola 28 d 63,57 43,75 19,82 22,15 54,21 23,64 Vittori et al., 2000 
Angola 42 d 70,05 40,86 29,19 40,30 41,88 17,82 Vittori et al., 2000 
Angola 56 d 79,70 58,32 21,38 27,79 47,70 24,50 Vittori et al., 2000 
Brachiaria brizanta - - - 11,25 69,99 18,76 Valadares, 2000 
Brachiaria decumbens - - - 11,62 72,06 16,32 Valadares, 2000 
Cana-de-açúcar 83,62 50,38 33,24 35,99 41,27 22,74 Pereira et al., 2000 
Cana-de-açúcar 91,32 55,33 35,99 38,36 38,90 22,74 Pereira et al., 1999 
Cana-de-açúcar 93,82 32,95 21,53 45,52 Cabral et al., 1999 
Canarana 14 d 59,34 48,29 11,05 12,38 62,24 25,38 Vittori et al., 2000 
Canarana 28 d 65,08 47,61 17,47 26,75 46,74 26,51 Vittori et al., 2000 
Canarana 42 d 75,75 58,87 16,88 23,01 42,53 34,46 Vittori et al., 2000 
Canarana 56 d 80,44 69,98 10,46 18,29 51,33 30,43 Vittori et al., 2000 
Capim-elefante - - - 9,85 69,31 20,84 Valadares, 2000 
Capim-elefante 42 d 75,31 - - 5,58 69,32 25,10 Cabral et al., 1999 
Capim-elefante 42 d 75,47 - - 7,76 67,87 24,37 Cabral et al., 1999 
Capim-elefante 63 d 77,79 - - 5,54 68,45 26,01 Cabral et al., 1999 
Capim-elefante 63 d 79,47 - - 7,22 66,77 26,01 Cabral et al., 1999 
Capim-gordura - - - 7,37 76,79 15,84 Valadares, 2000 
Coastcross - - - 5,45 74,38 20,17 Valadares, 2000 
Feno de alfafa 71,64 - - 30,25 48,09 21,66 Cabral et al., 1999 
Feno de Brachiaria - - - 1,65 73,15 25,20 Valadares, 2000 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 9. Continuação .... 
 
Forrageira 
CT 
% da MS 
CE 
% da MS 
CNE 
% da MS 
A + B1 
% CT 
B2 
% CT 
C 
% CT 
Referências 
Feno de coastcross - - - 0,74 76,58 22,68 Valadares, 2000 
Feno de coastcross 83,88 - - 12,79 65,45 21,76 Cabral et al., 1999 
Hemarthria 14 d 65,53 40,25 25,28 27,78 37,08 35,14 Vittori et al., 2000 
Hemarthria 28 d 73,37 43,40 30,3339,69 26,71 33,60 Vittori et al., 2000 
Hemarthria 42 d 80,32 56,93 23,39 29,67 47,02 23,31 Vittori et al., 2000 
Hemarthria 56 d 83,63 60,03 23,60 29,18 40,85 29,96 Vittori et al., 2000 
Setaria 14 d 58,32 50,97 7,35 4,95 74,63 20,42 Vittori et al., 2000 
Setaria 28 d 68,96 50,96 18,00 27,00 48,26 24,64 Vittori et al., 2000 
Setaria 42 d 76,82 56,27 20,55 26,60 36,90 36,50 Vittori et al., 2000 
Setaria 56 d 82,16 68,47 13,69 18,73 52,79 28,48 Vittori et al., 2000 
Silagem de Milho 87,25 - - 28,02 43,60 9,56 Backes et al., 2000 
Silagem de Milho 89,11 - - 27,08 53,88 8,12 Backes et al., 2000 
Silagem de Milho - - - 37,76 49,53 12,71 Valadares, 2000 
Silagem de Milho 85,51 - - 17,32 58,6 24,08 Cabral et al., 1999 
Silagem de sorgo 87,28 - - 25,25 54,89 19,86 Cabral et al., 1999 
Soja perene - - - 29,29 33,92 36,76 Valadares, 2000 
T. grass 14 d 62,60 50,46 12,14 14,91 59,22 25,87 Vittori et al., 2000 
T. grass 28 d 68,16 43,50 24,66 33,37 40,94 25,69 Vittori et al., 2000 
T. grass 42 d 76,87 56,92 19,95 26,03 46,65 27,32 Vittori et al., 2000 
T. grass 56 d 79,13 52,54 26,59 34,73 38,07 27,20 Vittori et al., 2000 
Tifton 85 14 d 61,78 50,53 11,25 14,06 63,61 22,32 Vittori et al., 2024 
Tifton 85 28 d 69,54 43,67 25,87 37,16 43,21 19,72 Vittori et al., 2000 
Tifton 85 30 cm 78,12 - - 14,67 68,73 16,60 Cabral et al., 1999 
Tifton 85 42 d 76,80 64,82 11,98 12,14 46,10 41,76 Vittori et al., 2000 
Tifton 85 50 cm 81,47 - - 11,87 68,76 19,37 Cabral et al., 1999 
Tifton 85 56 d 82,35 67,99 14,36 17,82 49,87 32,30 Vittori et al., 2000 
 
 
6.6 CONCEITOS DE EFETIVIDADE E FIBROSIDADE 
Uma das principais características dos carboidratos, 
principalmente relacionada aos de forragens é a efetividade em promover a 
atividade física motora do trato gastro intestinal. Seletivamente as vacas 
retêm fibra no rúmen por um tempo adequado de digestão, ingerindo 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
partículas grandes enquanto comem. Estas partículas grandes formam um 
mat flutuante no rúmen e provêm o "incentivo" de arranhão que estimula a 
atividade de ruminação. Depois de vários ciclos de ruminação ou de 
mastigação, as partículas fibrosas são reduzidas a um tamanho tal que 
pode escapar do rúmen. Entretanto, quando vacas são alimentadas com 
rações contendo um mínimo de fibra, pode haver muito pouca fibra efetiva 
para promover ótima fermentação ruminal e produção. 
Desta maneira, vários pesquisadores têm sugerido que relações 
ideais para forragem:concentrado (F:C) para vacas leiteiras estaria entre 
40:60 e 60:40. Mertens (1992) propôs um sistema que usa o nível ideal de 
FDN da forragem e as exigências de energia de vacas leiteiras para 
determinar a relação ideal de Forragem:Concentrado que maximiza 
utilização da forragem na dieta. Segundo este autor, quando a maioria da 
fibra de dietas de vacas leiterias está na forma fibra longa ou de forrageiras 
grosseiramente picadas, a FDN também pode ser usada para formular 
rações com mínimo de fibra, o que não e recomendado quando as 
forragens são finamente picadas ou fontes de fibra de origem não forrageira 
(subprodutos) são utilizadas. 
Segundo Mertens (2001), com o advento de programas de 
formulação de ração de mínimo-custo, estimulou-se o interesse no 
desenvolvimento de um método quantitativo para assegurar que um mínimo 
no requerimento de forragens seja estabelecido. Foi observado que, se 
concentrados eram fontes de menor custo relativo de nutrientes que 
forragens, estes programas formulariam rações para vacas leiteiras que 
contivessem níveis pequenos ou praticamente nenhuma forragem, o que 
seria fatal a saúde e a produtividade de vacas leiteiras a longo prazo, não 
havendo suficiente estímulo para o funcionamento normal do rúmen e 
manutenção da porcentagem de gordura do leite. 
Tentativas iniciais para descrever a efetividade dos alimentos em 
relação as exigências de forragem foram baseadas em equivalentes feno, 
no ajuste de valores de fibra bruta como uma exigência mínima, ajuste de 
valores como FDN. Deve-se ressaltar que determinações químicas da fibra, 
seja como fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
ácido, nem sempre satisfazem as necessidades de fibra efetiva. Algumas 
formas físicas da fibra (finamente moída) nem sempre são efetivas na 
manutenção da porcentagem de gordura do leite, o que conduz ao conceito 
de fibra efetiva. Na literatura ainda existem poucos dados disponíveis e 
poucos claros sobre a determinação da efetividade dos alimentos. Embora o 
critério para determinar fibra efetiva fosse porcentagem de gordura no leite, 
foi aceito que ambas as propriedades, físicas e químicas da fibra são 
importantes na determinação da efetividade. 
Da mesma maneira em que se desenvolveu o conceito de fibra 
efetiva, determinou-se que as propriedades físicas dos alimentos afetam a 
digestibilidade, a taxa de passagem e a função ruminal. Balch (1971), citado 
por Mertens (2001), propôs que a atividade de mastigação por unidade de 
matéria seca (MS) poderia ser uma medida biológica das propriedades 
físicas de um alimento, o que ele chamou de característica de fibrosidade. 
Sudweeks et al. ,1979 e 1981, citados por Mertens (2001) unificaram o 
procedimento medindo a atividade de mastigação e definindo um índice de 
valor de forragem (IVF) para uma variedade de alimentos (minutos de 
mastigação total por quilograma de MS). Além disso, eles propuseram que 
um mínimo de IVF de 30 minutos de mastigação/kg de MS era necessário 
em rações de vacas leiteiras para manter a porcentagem de gordura do 
leite. 
Considerando estas características, foi definido o índice de 
fibrosidade de um alimento como os minutos gastos na atividade de 
mastigação por kg de MS e avaliaram o seu potencial como uma ferramenta 
na formulação de rações de vacas leiteiras. Estes pesquisadores 
observaram que o índice de fibrosidade era altamente correlacionado com a 
concentração de fibra bruta nos alimentos e com o nível de ingestão de 
matéria seca. Deve-se considerar que a atividade mastigatória (soma do 
tempo de mastigação e ruminação) é afetada pela raça, tamanho corporal, 
idade, ingestão de matéria seca, concentração de fibra e tamanho de 
partícula do alimento e possivelmente pelo método de medir a atividade 
mastigatória (monitoramento automatizado ou visual, tempo não monitorado 
durante a ordenha, etc.), Mertens (2001). 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Mertens em 1986 observando que a atividade mastigatória foi 
correlacionada a FDN (característica química) e tamanho de partícula 
(propriedade física), propôs o termo unidade de valor forrageiro (UVF) para 
definir a efetividade dos alimentos em estimular a atividade de mastigação, 
sendo que a UVF foi baseado em uma definição clara de padrão. O máximo 
UVF para um alimento é 100 que representa um alimento hipotético que 
contém 100% de FDN em uma forma física que estimula o máximo de 
atividade mastigatória/kg de FDN (feno de gramínea de fibra longa que 
contenha 100% de FDN). Neste sistema, o UVF de um alimento seria 
diretamente proporcional a sua concentração de FDN multiplicada por um 
fator de ajuste forrageiro (0 a 1) que é baseado no tamanho de partícula do 
alimento (Mertens, 2001). 
 
6.6.1 Conceito de FDN efetivo e fisicamente efetivo 
Segundo Mertens (2001) a efetividade da fibra na manutenção da 
porcentagem de gordura do leite é diferente da efetividade de fibra em 
estimular a atividade de mastigação. Para esclarecer estes conceitos dois 
novos termos foram desenvolvidos: FDN efetivo (eFDN), que está 
relacionado à habilidade total de um alimento em substituir a forragem de 
forma que a porcentagem de gordura do leite seja mantida e FDN 
fisicamente efetivo (peFDN), que esta relacionado às propriedades físicas 
da fibra (principalmente tamanhoda partícula) que estimula a atividade 
mastigatória e estabelece a estratificação bifásica do conteúdo ruminal 
(flutuam no mat partículas grandes em um conteúdo líquido e partículas 
pequenas). O peFDN deveria ser sempre menor do que o FDN, ao passo 
que eFDN pode ser menor ou maior que a concentração de FDN em um 
alimento. Estes conceitos podem ser visualizados na Figura 6. 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Gordura
Tampão
Proteína
solúvel
Carboidratos
solúvel
NDFpeNDFeNDF
 
Figura 6. Ilustração das relações entre FDN, FDN fisicamente efetivo, e FDN efetivo 
(Mertens, 2001). 
 
 
Conceitualmente, peFDN é relacionado a característica de 
fibrosidade, índice de valor forrageiro, estrutura física e índice de fibrosidade 
porque todos foram relacionados a atividade mastigatória. Porém, peFDN 
difere destes conceitos porque é um atributo do alimento que está baseado 
em uma escala fixa de valores de referência (idêntico ao conceito de UVF 
proposto por Mertens em 1986, em vez de ser apenas uma resposta 
biológica (minutos de mastigação/kg de MS) que varia com as condições 
sobre as quais foram feitas as medidas. O peFDN fornece uma medida mais 
consistente da fibra efetiva que a atividade mastigatória, porque está 
baseado em duas propriedades fundamentais dos alimentos: fibra e 
tamanho de partícula, e independência de fatores animais. 
O conceito de eFDN pode representar todas as características do 
alimento que ajudam a manter a síntese de gordura do leite. Embora baixa 
porcentagem de gordura de leite seja um indicador de dietas inadequadas, 
podem ser observado laminite em rebanhos, sem depressão de gordura do 
leite que sugere que a depressão na gordura do leite não seja o melhor 
indicador de função ruminal ou saúde animal. Assim, eFDN pode ser um 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
indicador menos sensível que peFDN da efetividade da fibra prevenindo 
depressão de consumo, acidose, laminite, ou deslocamento de abomaso 
em vacas leiteiras. 
De acordo com Mertens (2001) uma redução no nível de fibra 
efetiva na dieta, resulta numa série de eventos que ocorrem em cascata: 
menor mastigação pelo animal, menor secreção de saliva “tamponante”, 
maior produção de ácidos graxos voláteis, decréscimo no pH ruminal, 
mudança nas populações microbianas, redução na relação 
acetato:propionato (A:P), depressão da gordura do leite e “desvio” de 
nutrientes para engorda. 
 
TABELA 10. Conteúdo de Fibra em detergente neutro e ácido e tempo gasto na 
mastigação de alguns alimentos. (Adaptado de Mertens, 2001) 
 
Alimentos FDN, % MS FDA, %MS Tempo d e mastigação, 
minutos/Kg 
Forragens 
Longa 52 38 60 
Peletizada 52 38 37 Alfafa 
Silagem 52 38 57 
Corte grosseiro 50 27 66 
Corte médio 50 27 60 
Silagem 
de milho 
Corte fino 50 27 40 
Corte precoce 50 29 75 Feno de 
capim Corte tardio 72 42 90 
Casca de algodão 89 71 31 
Polpa de citrus 28 22 31 
Caroço de algodão inteiro 39 28 28 
Resíduo de cervejaria 52 23 15 
Espiga de milho 88 39 15 
Resíduos de destilaria 45 16 13 
Sub produtos 
Casca de soja 65 47 9 
Milho 9 3 9 
Cevada 23 7 15 Grãos 
Farelo de soja 10 6 7 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 11. Efeitos típicos da variação nas proporções de fibra e forragem em 
rações, nas respostas fisiológicas de vacas leiteiras. (Mertens, 2001) 
 
% de feno longo d e gramínea na dieta 
Item 
100 80 60 40 20 0 
% de FDN 70 59 48 36 25 14 
% de FDN fisicamente efetiva 70 57 44 32 18 6 
Tempo de mastigação (min/d) 1080 1040 970 820 520 320 
Secreção de saliva (L/d) 200 196 189 174 143 123 
Bicarbonato salivar (kg/d) 2,5 2,4 2,3 2,2 1,8 1,5 
pH ruminal 6,8 6,7 6,5 6,2 5,8 5,0 
AGV ruminal (mM) 85 95 105 115 125 135 
Acetato ruminal (%molar) 70 66 61 55 48 40 
Propionato ruminal (%molar) 15 18 22 27 33 40 
Relação acetato:propionato 4,7 3,7 2,8 2,0 1,4 1,0 
Gordura no leite (%) 3,7 3,6 3,5 3,4 3,0 1,0 
 
 
Dos métodos de determinação de fibra a FDN é a melhor medida 
do conteúdo de fibra total de um alimento, servindo como base para 
determinar fibra efetiva. Mertens (1997) usou a atividade mastigatória para 
desenvolver os fatores de efetividade física que são necessários para 
calcular peFDN do FDN e compilando os dados de atividade de mastigação 
de 45 experimentos publicados. Mertens (1994) concluiu que duas variáveis 
(ingestão de FDN e forma física) eram as maiores características dos 
alimentos que afetam a atividade mastigatória. Assim, ingestão de FDN de 
cada fonte e forma física foram determinadas para cada uma das 274 
combinações de vacas e tratamentos. 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
6.6.2 Fatores de medida da efetividade física 
Mertens propôs que deveriam ser relacionadas só partículas de 
fibra longa bastante para ser retido no rúmen e requerer mastigação para 
ser relacionada a valores de forragem (ou peFDN). Para medir peFDN, é 
crucial determinar o tamanho de partículas que são retidas no rúmen e são 
ruminadas. Dixon e Milligan (1981) citados por Mertens (2001) informaram 
que partículas retidas em peneiras com aberturas >3,2 mm passam 
lentamente do rúmen e requerem mastigação adicional e que partículas 
retidas em uma peneira de 1,18-mm tem uma resistência alta a passagem 
em bovinos e ovinos. Cardoza, 1985 citados por Mertens (2001) medindo o 
tamanho das partículas nas fezes de vacas leiterias observou que <5% das 
partículas foram retidas em peneiras 3,35-mm (movimento vertical). Estes 
resultados têm sugerido que partículas que atravessam uma peneira de 
1,18-mm passam prontamente pelo rúmen e promovem pequeno incentivo 
para mastigar. 
Como a fibra em detergente neutro mede somente as 
características químicas mas não mede as propriedades físicas, como 
tamanho de partícula, que afeta a efetividade da fibra satisfazendo as 
exigências mínimas de vacas, Mertens (2001) propõe um método de 
laboratório combinando métodos químicos e físicos para calcular peFDN. 
Um alimento seria medido quimicamente para FDN e a proporção de MS 
retida em uma peneira de 1,18 mm seria medida, sendo o pef de um 
alimento igual à proporção de MS retida em uma peneira de 1,18-mm. O 
peFDN de um alimento é o produto da sua concentração de FDN e seu pef. 
Para calcular um peFDN para um alimento obtém-se o pef para sua classe 
de alimento da Tabela 3 e multiplica-se pelo FDN medido (peFDN = FDN x 
pef). 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 12. Fatores de efetividade física (PEF) por kg de fibra em detergente 
neutro a partir de várias fontes e formas físicas. (Adaptado de 
Mertens, 2001) 
 
Classificação 
Feno d e 
gramínea 
Silagem de 
gramínea 
Silagem 
de milho 
Feno d e 
alfafa 
Silagem 
de alfafa 
Concentra
dos 
Sub-
produ tos 
1.Longa 1,00 - - 0,95 - - - 
2.Grosseiramente picada 0,95 0,95 0,90 0,90 0,85 - - 
3.Medianamente picada 0,90 0,90 0,85 0,85 0,80 - - 
4.Finamente picada - 0,85 0,80 0,70 0,70 - - 
5.Milho laminado - - - - - 0,80 - 
6.Cevada laminada - - - - - 0,70 - 
7.Laminado ou 
grosseiramente moída - - - - - 0,60 - 
8.Medianamente moída 0,40 - - 0,40 - 0,40 0,40 
9.Moída/peletizada - - - - 0,30 
 
 
TABELA 13. FDN fisicamente efetiva (FDNfe) de alguns alimentos. (Adaptado de 
Mertens, 2001) 
 
Alimento Forma física FDN PEF FDNfe 
Alfafa desidratada Peletizada 45,0 0,40 18,0 
Feno de alfafa (florescência) Longa 42,0 0,95 39,9 
Feno de alfafa (florescência) Medianamente picada 42,0 0,85 35,7 
Silagem de alfafa (florescência) Finamente picada 42,0 0,70 29,4 
Gramínea (estágio vegetativo tardio) Longa 73,0 1,00 73,0 
Grama bermuda (15-28 dias) Grosseiramente picada 74,0 0,95 70,3 
Silagem de milho, bem maduro Grosseiramente picada 40,0 0,90 36,0 
Silagem de milho, bem maduro Finamente picada 40,00,80 32,0 
Cascas de caroço de algodão 90,0 0,90a 81,0 
Silagem de sorgo Grosseiramente picada 65,0 0,95 61,8 
Cascas de soja 67 0,40 26,8 
a Estimado com base no tamanho e densidade da partícula quando é utilizado feno 
longo na dieta. 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
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TABELA 14. Estimativa da FDN fisicamente efetiva (FDNfe) de alimentos, usando 
medidas químicas (FDN) e físicas (retenção de MS) no laboratório. 
(Adaptado de Mertens, 2001) 
 
Alimento FFEa MS retida em peneira 
de 1,18 mmb 
X FDN = FDNfe 
Padrão 1,00 1,00 100,0 100,0 
Feno de gramínea, longo 1,00 0,98 65,0 63,7 
Feno de leguminosa, longo 0,95 0,92 50,0 46,0 
Silagem de leguminosa, cortada grosso 0,85 0,82 50,0 41,0 
Silagem de leguminosa, cortada fino 0,70 0,67 50,0 33,5 
Silagem de milho 0,85 0,81 51,0 41,5 
Grãos de cervejaria 0,40 0,18 46,0 8,3 
Milho moído 0,40 0,48 9,0 4,3 
Farelo de soja 0,40 0,23 14,0 3,2 
Cascas de soja 0,40 0,03 67,0 2,0 
Farelo de arroz 0,40 0,005 56,0 0,3 
a Fatores efetivamente físicos padronizados baseados na atividade de mastigação 
(Tabela 3). 
b Foi feita uma movimentação vertical para separação das partículas. 
 
 
Lammers et al. (1996) descreveu um sistema simples de 2 
peneiras (4 e 6 mm), que é agitado manualmente usando de movimento 
horizontal (Penn State Separator). Os autores mostraram que a retenção de 
proporções nas peneiras correspondem ao pef medido na atividade 
mastigatória (Tabela 3) para silagem de milho e outros alimentos. 
Segundo Mertens (2001) os valores de peFDN são fundamentais 
no balanceamento de rações para vacas leiteiras. Este autor, sumarizando 
dados de vários experimentos relacionando porcentagem de gordura no 
leite e pH ruminal concluiu que o mínimo de peFDN necessário para manter 
a porcentagem de gordura do leite de vacas holandesas a 3,4% e de 19,7 % 
e de no mínimo 22,3% de peFDN para manter um pH ruminal de 6,0, 
sugerindo um valor mínimo de 21,0 % em rações de vacas leiterias. 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 15. Características de rações formuladas para conter um mínimo de FDNfe 
de 21% da MS, para uma vaca de 600 kg, produzindo 30 kg de leite 
corrigido para 4% de gordura por dia. (Adaptado de Mertens, 2001) 
 
Ingrediente Silagem 
de milho 
Feno d e 
bermuda 
Cascas de algod ão 
+ feno d e bermuda 
Sub-produ tos + 
feno d e bermuda 
Fibra 
média 
Feno de bermuda, % 0 25,2 11,6 12,0 12,2 
Silagem de milho, % 51,9 0 0 0 13,0 
Grão de milho, % 28,6 61,3 59,9 29,3 44,8 
Farelo de soja, % 19,5 13,5 16,8 5,0 13,7 
Cascas de algodão, % 0 0 11,7 0 2,9 
Sub-produtosa, % 0 0 0 53,7 13,4 
Características 
Consumo de MS 
(kg/dia) 
18,5 18,4 18,6 18,0 18,4 
ELL (Mcal/kg MS) 1,75 1,76 1,74 1,80 1,76 
Proteína bruta (%) 16,8 16,9 16,7 17,3 16,9 
FDN (%) 26,0 26,4 27,6 40,5 30,1 
CNF (%) 49,3 49,0 49,0 33,0 45,1 
a 25% de protenose de milho, 25% de grãos de cervejaria, 25% de grãos de 
destilaria e 25% de cascas de soja. 
 
 
6.7 QUALIDADE DE FORRAGEIRAS ASSOCIADAS COM 
CARBOIDRATOS 
A qualidade de leguminosas e gramíneas pode ser avaliada pelo 
tipo e quantidade de material fibroso na planta, caracterizado pelas frações 
de carboidratos presentes na FDN e FDA. O aumento dos níveis de FDN 
em forrageiras e, ou dietas esta associado a limitação na ingestão de 
matéria seca. Da mesma maneira, a fibra em detergente ácido (FDA) está 
associada com a digestibilidade. Um aumento no complexo lignina 
indigestível, reduz a digestibilidade da forrageira (correlação negativa). O 
conteúdo de proteína das forrageiras é importante, mas não afeta as duas 
características de qualidade mais importantes: ingestão e digestibilidade. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
6.7.1 Índice de valor relativo 
O valor relativo de uma forrageira, "relative feed value - RFV", é 
um índice que combina os fatores nutricionais importantes de digestibilidade 
e ingestão em um número que serve como um método fácil e efetivo para 
avaliar a qualidade de leguminosas e gramíneas. Este método foi proposto 
para as condições de forrageiras nos Estados Unidos da América (Linn et 
al., 1987, citados por Linn e Kuehn, 1997) As análises de FDN e FDA são 
usadas para calcular o potencial de ingestão de MS (equação 1) e 
digestibilidade da matéria seca (equação 2), que, são usadas na equação 
de valor relativo (equação 3). 
O RFV não tem nenhuma unidade e é usado somente como um 
índice para avaliar leguminosas, gramíneas, fenos, pré-secados, etc. O RFV 
compara o valor das diferentes forrageiras com um padrão, que é a alfafa, 
com um RFV de 100. Os fenos ordenados por RFV são caracterizados a um 
grau padrão de qualidade, ranqueados de superior, e em ordem 
decrescente grau 1, 2, 3, 4 e 5 (Tabela 16 ). 
As equações propostas para o cálculo do RFV, são: 
 
MSI (% do peso vivo) = 120 / % FDN da MS das forragens (equação 1) 
 
MSD (%) = 88,9 - 0,779 × % FDA da M S das forragens (equação 2) 
 
RFV = (MSI x MSD) / 1,29 (equação 3) 
 
Onde: 
MSI (matéria seca ingerida); FDN (fibra em detergente neutro); MSD 
(matéria seca digestivel); MS (matéria seca); FDA (fibra em detergente 
ácido); RFV (índice de valor relativo). 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Algumas considerações devem ser feitas com relação a este 
sistema, principalmente por sua aplicabilidade nas condições de forrageiras 
tropicais, mas de certa maneira, é um indicador prático das características 
de volumosos e que se adaptado pode ser um bom indicativo para as 
condições de Brasil. 
Procurando uma maneira semelhante de avaliar as forrageiras 
tropicais, propomos um índice de valor forrageiro (IVF) que tenta de certa 
maneira comparar de maneira simples e sem nenhuma metodologia 
complicada, as diferentes forrageiras tropicais. Baseado nas informações 
práticas e de literatura, tomamos por base um padrão, que poderia ser 
considerado como uma silagem de milho de excelente qualidade, em que os 
valores de FDN e FDA estariam nos níveis de 50% e 30 %, 
respectivamente. Acho, que poderíamos considerar que uma silagem de 
milho, principal forrageira de “qualidade” encontrada nas condições de 
Brasil com estes níveis, seria a principal forrageira denominada padrão. Da 
mesma forma que é proposto para o RFV, e devido as equações serem 
extremamente práticas e apropriadas, o IVF usa as mesmas equações do 
RFV, ou seja: 
MSI (% do peso vivo) = 120 / % FDN da MS das forragens (equação 1) 
MSD (%) = 88,9 - 0,779 × % FDA da MS das forragens (equação 2) 
VF = (MSI x MSD) / 1,29 (equação 3) 
 
Na Tabela 16 são mostrados os valores de RFV e IFV, o qual o 
grau de qualidade do volumoso tem os mesmo níveis de variação. 
Com base em alguns resultados de literatura, a Tabela 17 mostra 
os valores de FDN, FDA, MSI, MSD e IFV de várias forrageiras tropicais. O 
intuito básico desta proposição é provocar uma discussão para que 
possamos no futuro aprimorá-lo e definir um índice ajustável para que possa 
ser utilizado de forma prática, no campo, para uma avaliação mais 
adequada dos diferentes volumosos tropicais. 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 16. Graus de qualidade padrão de volumosos determinados pelo RFV e 
proposição de um IVF (índice de valor forrageiro) para volumosos 
tropicais 
 
Grau RFV (Estados Unidos) IVF (Forrageiras Tropicais) 
Superior > 151 > 122 
1 125 – 151 97 – 121 
2 103 – 124 80 – 97 
3 87 – 102 64 – 79 
4 75 – 86 52 – 63 
5 < 75 < 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 17. Índice de valor relativo de algumas forrageiras. (Dados de literatura 
brasileira) 
 
Forrageiras FDN FDA MSD MSI IVF 
Alfafa verde 38,31 29,99 65,5 3,13 159 
Padrão50,00 30,00 65,5 2,40 122 
Feno de alfafa, média 49,81 38,06 59,3 2,41 111 
Silagem de sorgo, média 54,85 30,81 64,9 2,19 110 
Silagem de aveia 52,79 35,04 61,6 2,27 109 
Cana-de-açúcar, 0-120 d 54,77 35,38 61,3 2,19 104 
Silagem de milho, média 58,03 32,22 63,8 2,07 102 
Soja perene, média 57,18 44,05 54,6 2,10 89 
Silagem de girassol 65,88 34,95 61,7 1,82 87 
Bagaço de tomate 57,26 48,01 51,5 2,10 84 
Sorgo 67,50 38,93 58,6 1,78 81 
Capim-elefante, média 68,50 40,79 57,1 1,75 78 
Capim-andropogon 71,42 42,00 56,2 1,68 73 
Feno S. guianensis 63,65 50,09 49,9 1,89 73 
Capim-taiwan 67,56 46,22 52,9 1,78 73 
Brachiaria brizanta, média 74,94 39,42 58,2 1,60 72 
Capim-jaraguá 69,35 45,94 53,1 1,73 71 
Brachiaria decumbens, média 75,60 43,05 55,4 1,59 68 
Capim-coastcross 76,39 42,43 55,8 1,57 68 
Capim-colonião 75,73 43,85 54,7 1,58 67 
Feno de aveia, média 73,21 47,36 52,0 1,64 66 
Capim-Buffel 75,52 47,60 51,8 1,59 64 
Capim-gordura, média 78,45 45,12 53,8 1,53 64 
Tifton 85 79,78 45,29 53,6 1,50 63 
Bagaço hidrolisado, média 77,22 49,00 50,7 1,55 61 
Feno de Tifton 79,85 47,41 52,0 1,50 61 
Bagaço de cana 72,76 57,96 43,7 1,65 56 
Feno de coast-cross 89,86 45,33 53,6 1,34 55 
Capim-estrela 85,50 52,50 48,0 1,40 52 
Feno B. decumbens 93,49 53,20 47,5 1,28 47 
 
 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
6.7.2 Avaliação energética de forrageiras 
Da mesma maneira, os alimentos podem ser avaliados por sua 
características principalmente por seu conteúdo nas frações de 
carboidratos. De acordo com Weiss (1999), o principal sistema de energia 
usado nos Estados Unidos é o NDT (nutriente digestíveis totais) que tem 
sido usado por mais de 100 anos, e ainda é utilizado para calcular a maioria 
das formas de energia, tais como, ED (energia digestível), EM (energia 
metabolizável) e energia líquida para ganho (Elg) e lactação (ELl). 
 
O NDT é calculado classicamente como: 
 
NDT % = PBD(%) + FBD(%) + ENND(%) + 2,25 x EED(%) 
 
Sendo que PBD, FBD, ENND e EED, significam, respectivamente, 
proteína bruta digestível, fibra bruta digestível, extrativo não nitrogenado 
digestível e extrato etéreo digestível. 
 
No sistema de Cornell, o NDT é calculado como: 
 
NDT(%) = PBD (%)+ 2,25 EED(%) + CHOTD (%) 
 
Sendo que CHOTD é definido como carboidratos totais 
digestíveis. 
 
Weiss (1999) sugere que o NDT seja calculado como: 
 
NDT (%)= PBD(%) + 2,25 x EED(%) + CNFD (%) + FDND(%) 
 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Sendo CNFD carboidratos não fibrosos digestíveis e FDND fibra 
em detergente neutro digestível. 
Uma maneira pratica de se estimar a fração de FND digestível é 
através da seguinte equação: 
 
FDND (%) = 0,75 x (FDN – lignina) x [(1 – lignina / FDN) 0,67 ] 
 
A Universidade de Ohio, desenvolveu uma série de equações para 
estimar o valor energético dos alimentos, considerando todas os 
componentes e principalmente as frações associadas a carboidratos. Estas 
equações podem ser visualizadas na Tabela 18. 
 
TABELA 18. Equações da Universidade de Ohio para estimar NDT e Ell dos 
alimentos volumosos. (Adaptado de Weiss, 1999) 
 
Fração do alimento Equações para estimar a digestibili dade 
verdadeira 
[ 1 ] PB das forragens (PBd) PB x e –0,012 x NIDA 
[ 2 ] Carboidratos não fibroso (CNFd) 0,98 x ( 100 – FDNPB - PB – Cinzas – EE) 
[ 3 ] Gordura (EEd) 0,90 x (EE – 1) x 3,0 
[ 4 ] Fibra em detergente neutro (FDNd) 0,75 x ( FDNPB - L) x [ 1 - (L / FDNPB ) 
0,667 ] 
NDT, % { [ 1 ]+ [ 2 ] + [ 3 ] + [ 4 ] – 7 } 
ELl ( Mcal / Kg ) 0,0244 x NDT – 0,1200 
PB – proteína bruta em %; NIDA – nitrogênio insolúvel em detergente neutro (% do 
N total);FDNPB – FDN livre de proteína bruta em %; EE – extrato etéreo em %; 
L = lignina em ácido sulfúrico em %. 
 
 
Segundo o NRC (1996), o uso de NDT não tem nenhuma 
vantagem ou desvantagem sobre a energia digestível (ED) para descrever o 
valor energético dos alimentos ou expressar as exigências dos animais e 
considera que 1 kg de NDT equivale a 4,4 Mcal de ED. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Para converter ED em energia metabolizável (EM) o NRC (1989) 
utiliza a equação descrita por Moe e Tyrrell (1976) em que: 
 
EM (Mcal/kg MS) = -0,45 + 1,01 ED (McaL/kg MS). 
 
O NRC(1996) considera que EM = 0,82 . ED. 
 
Mertens (1992) sugere estimar a ELl para volumosos como sendo: 
 
EL de gramíneas = 2,863 – 0,0262% FDN; 
EL de leguminosas = 2,323 – 0,0216% FDN. 
 
Weiss (1999) comparou os valores de ELl, usando os valores 
tabelados do NRC (1989) e os calculados dividindo-se a soma dos 
requerimentos de energia líquida pelo consumo de MS, a partir dos 
resultados de pesquisa publicados pelo Journal of Dairy Science de 1991 a 
1996. Encontrou que os valores de ELl calculados a partir dos valores de 
energia tabelados foram 7% maiores do que os calculados pelos 
requerimentos, o que significa estarem os valores de energia líquida dos 
alimentos superestimados, ou os requerimentos subestimados ou uma 
combinação de ambos. 
Para determinar o teor de ED dos alimentos, Weiss (1999) sugere 
calculá-lo como: 
 
ED (Mcal/kg) = 0,0415 CNFD + 0,056 PBD + 0,094 EED + 0,0415 FDND - 0,3 
 
Sendo que 0,3 representa a energia metabólica fecal e esses 
valores são considerados para mantença. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
Para animais em produção, sugere-se o desconto padrão de 4% 
no valor energético dos alimentos para cada aumento no nível de 
alimentação acima da mantença recomendado pelo NRC (1989). 
Weiss (1999) sugere calcular EM de acordo com NRC (1989) e a 
ELl (Mcal/kg) = 0,7 EM - 0,19. 
 
TABELA 19. Resultados de digestibilidade in vitroa (Adaptado de Chase e Overton, 
2000) 
 
Alimento Análi ses Média Desvio Mínimo Máximo 
IVTD, % b 67,5 11,2 45,3 85,8 
DFDN, %c 41,0 9,0 24,0 62,0 
Feno 
IVTD-ELI, Mcal/Kgd 0,55 0,11 0,32 0,70 
IVTD, % b 70,8 10,5 40,9 83,8 
DFDN, %c 48,0 8,0 28,0 61,0 
Pré-secado 
IVTD-ELI, Mcal/Kgd 0,57 0,11 0,28 0,71 
IVTD, % b 72,5 10,5 47,3 87,4 
DFDN, %c 43,0 7,0 28,0 54,0 
Silagem de Milho 
IVTD-ELI, Mcal/Kgd 0,63 0,12 0,36 0,81 
IVTD, % b 81,7 3,3 74,5 87,1 
DFDN, %c 51,0 7,0 41,0 62,0 
Ração Total 
IVTD-ELI, Mcal/Kgd 0,73 0,04 0,64 0,81 
A - DAIRY ONE FORAGE LAB; B - digestibilidade verdadeira in vitro; C - 
digestibilidade da FDN; D – ELI calculada do valores de dFDN. 
 
 
Muitas estimativas de NDT e energia de forrageiras e de grãos 
são baseadas em equações de regressão que usam fibra em detergente 
ácido e algumas vezes fibra em detergente neutro como indicativos. 
Segundo Ishler et al. (1998) nem todos os laboratórios computam estas 
estimativas da mesma maneira. As principais equações utilizadas são 
mostradas na Tabela 20. 
Júlio César Teixeira 
 
II Simpósio de Forragicultura e Pastagens – NEFOR – UFLA 
TABELA 20. Equações de regressão para estimar o valor de energia de forrageiras. 
(Adaptado de Ishler et al., 1998) 
 
Forrageira Energia Líquida de lactação ELl 
(Mcal / kg) 
Nutrientes Digestíveis Totais 
(%) 
Leguminosas ELl = 2,30 – (0,0262 x FDA) NDT = 4,898 + (ELI X 40,767) 
Gramíneas e Leguminosas ELl = 2,39 – (0,0280 x FDA) NDT = 4,898 + (ELI X 40,767) 
Gramíneas, sorgo ELl = 2,39 – (0,0273 x FDA) NDT = 4,898 + (ELI X 40,767) 
Silagem de Milho ELl = 2,30 – (0,0273 x FDA) NDT = 31,4 + (ELI X 24,107) 
 
 
6.8 CONCLUSÕES 
Os carboidratos são os principais componentes das dietas de 
ruminantes e estão presentes em todas as forrageiras tropicais em níveis 
acima de 65 %. O conhecimento de suas frações, permite o entendimento 
de suas características e importância no balanceamento das dietas, na 
avaliação da qualidade de alimentos e em estimativas de seu valor 
nutricional. 
No Brasil temos poucos dados associados ao fracionamento de 
carboidratos e ainda falta uma uniformização nos métodos de determinação 
para melhor avaliação e comparação

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