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Capítul� 45 d� Tratad� d� Cirurgi� Parede abdominal, umbigo, peritônio, mesentérios, omento e retroperitônio. Parede abdominal e umbigo Embriologia: a parede abdominal vem do mesoderma lateral, que tem duas partes: a somática- que desenvolve a parede abdominal propriamente dita- e a esplâncnica- que vai ajudar nas vísceras por diferenciação em músculo, vasos sanguíneos e linfáticos e tecidos conjuntivos. Próximo do final do terceiro mês a parede abdominal já estará toda obliterada, com exceção do anel umbilical. Durante um tempo no desenvolvimento, o intestino se desloca e localiza-se intimamente ao cordão umbilical (que é constituído de um ducto onfalomesentérico, alantóide e vasos sanguíneos fetais), Ao nascer, o certo é que essa comunicação esteja rompida, o ducto deve estar reduzido a um cordão fibroso e as veias não terão passagem de sangue. Anatomia: Camadas da parede abdominal: 1. Pele 2. Tecido subcutâneo Composto por duas fáscias: a de Camper que contém massa de gordura subcutânea e a de Scarpa que é de tecido conjuntivo fibroso. 3. Fáscia superficial 4. M. Oblíquo externo 5. M. Oblíquo interno 6. M transverso do abdome 7. Fáscia transversalis 8. Tecido adiposo pré-peritoneal 9. Tecido areolar e peritônio Os músculos retos do abdome serão revestidos por uma ampla aponeurose. Além disso eles estão mantidos firmemente em posição pela linha alba, que se estende do processo xifóide até a sínfise púbica, sendo mais larga acima do umbigo O espaço pré-peritoneal tem 4 elementos importantes que passam por ele: A. epigástrica inferior e V. epigástrica inferior, ligamentos umbilicais mediais (vestígios das Aa. umbilicais fetais), ligamento umbilical mediano (remanescente do pedículo alantóide fetal) e o ligamento falciforme do fígado (que se estende do umbigo ao fígado) Na margem livre do ligamento falciforme há o ligamento redondo (v. umbilical obliterada). Já o peritônio parietal é a parte mais profunda da parede abdominal, ele é bem fino e consiste em uma camada de TC denso e irregular, coberto por mesotélio escamoso. Anomalias congênitas da parede abdominal Hérnias umbilicais- são classificadas em 3 tipos: 1. Onfalocele e gastrosquise Onfalocele: protrusão visceral na base do cordão umbilical. Causa: falha na junção da musculatura na linha média. Condição: não existe pele recobrindo essas hérnias, apenas peritônio e âmnio. Gastrosquise: Causa: rompimento da membrana umbilical intra-útero. Condição: não é recoberta nem por âmnio e, normalmente, o intestino aqui não sofreu rotação mesentérica completa e nem fixação. Agravos: essa falha na rotação pode gerar isquemia intestinal e necrose. 2. Hérnia umbilical infantil Causa: fraqueza na aderência entre o remanescente cicatrizado do cordão umbilical e o anel umbilical. Condição: recoberta por pele, geralmente na margem superior do anel umbilical. Geralmente resolve-se espontaneamente. 3. Hérnia umbilical adquirida Essa hérnia se desenvolve após o fechamento do anel umbilical. Causa: distensão excessiva da parede abdominal, principalmente. Condição: ocorre mais comumente na margem superior e resulta da fraqueza do tecido cicatricial, que, em geral, oblitera o anel umbilical. Agravantes: não se resolvem sozinhas, tendem a aumentar progressivamente e o anel herniário fibroso e denso, no colo dessa hérnia, torna o estrangulamento uma preocupação. Anormalidades resultantes da persistência do ducto onfalomesentérico Divertículo de Meckel: persistência do ducto onfalomesentérico em sua extremidade intestinal. Complicações: obstrução, perfuração, hemorragia ou inflamação. Fístula entre o intestino delgado distal e o umbigo: quando o ducto fica presente em todo o trajeto. Anormalidades adquiridas Diástase dos retos: Causa: adelgaçamento da linha alba na região epigástrica Manifestação: “abertura dos retos” na região da linha alba. Aqui a fáscia transvesalis fica intacta, então não é considerada uma hérnia. Assim, não há risco de estrangulamento intestinal e nem precisa de correção cirúrgica. Hernias da Parede Abdominal Anterior Causa: situações em que os nervos ou vasos perfuram a linha alba em direção ao tecido subcutâneo-isso pode ocasionar extravasamento do tecido areolar extraperitoneal e do peritônio. Normalmente, elas são pequenas mas doem muito e o tratamento é cirúrgico. Tumores malignos da Parede Abdominal ● Tumor desmóide ● Sarcoma da Parede Abdominal ● Doença metastática Sintomas de Doença Intra-abdominal Referida na Parede Abdominal Quando falamos de dor abdominal, ela é dividida em 3: visceral, somato parietal e referida. Dor visceral: causada pela estimulação dos nociceptores por processos inflamatórios, distensão ou isquemia. A dor é surda e mal localizada na região epigástrica, periumbilical ou hipogástrica. ❖ Periumbilical: intest. delgado, apêndice e cólon direito ❖ Hipogástrico: cólon esquerdo e reto ❖ Epigástrico: estômago, duodeno e trato biliar. Dor Surda: dor contínua, imprecisa e de baixa intensidade. Dor lombar e dor em vísceras maciças. Dor somatoparietal : inflamação do peritônio parietal é mais localizada e intensa do que a visceral, pode haver lateralização. Dor referida: percepção de dor diferente do órgão acometido. Peritônio e cavidade peritoneal Anatomia O peritônio é dividido em parietal e visceral (parte que reveste as vísceras). As duas lâminas consistem em mesotélio. Enquanto o parietal é bem inervado e vascularizado, o visceral só é estimulado por distensão e irritação química. Os órgãos na região são divididos em: ● Intraperitoneais: são órgãos invaginados para o saco fechado- ficam “revestidos” ● Extraperitoneais, retroperitoneais(rins) e subperitoneais(bexiga): parcialmente revestidos Cavidade peritoneal: espaço entre as lâminas preenchido de líquido peritoneal A cavidade peritoneal é completamente fechada nos homens. Nas mulheres, porém, há uma comunicação com o exterior do corpo através das tubas uterinas, cavidade uterina e vagina O mesentério é uma lâmina dupla de peritônio formada pela invaginação do peritônio por um órgão, e é a continuidade dos peritônios visceral e parietal. Constitui um meio de comunicação neurovascular entre o órgão e a parede do corpo. O mesentério do intestino delgado costuma ser denominado simplesmente “mesentério”; entretanto, os mesentérios relacionados a outras partes específicas do sistema digestório recebem denominações de acordo – por exemplo, mesocolos transverso e sigmoide (Figura 5.25B), mesoesôfago, mesogástrio e mesoapêndice O omento é uma extensão ou prega de peritônio em duas camadas que vai do estômago e da parte proximal do duodeno até os órgãos adjacentes na cavidade abdominal Um ligamento peritoneal consiste em uma dupla camada de peritônio que une um órgão a outro ou à parede do abdome. Uma prega peritoneal é uma reflexão de peritônio elevada da parede do corpo por vasos sanguíneos, ductos e ligamentos formados por vasos fetais obliterados subjacentes Um recesso ou fossa peritoneal é uma bolsa de peritônio formada por uma prega peritoneal Cavidad� peritonea� A cavidade peritoneal é dividida em: ● Cavidade peritoneal propriamente dita ● Bolsa omental ➔ omento maior: se fixa no colo transverso ➔ omento menor: posteriormente E em 2 compartimentos: ● Supracólico ● Infra Cólico: dividido entre direito e esquerdo pelo mesentério, ele vai da flexura duodenal até a flexura íleo-terminal. 1- Omento maior 2-Compartimento supracólico 3- Estômago 4- Fígado https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527734608/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-25 1- Omento maior “aberto” 5- Raiz do mesentério Compartimento direito do infracólico 6- Colo transverso grudado no omento 7- Infracólico esquerdo 8- Apêndice 9- Ceco 10- Flexura duodenojejunal 11- Flexura ileo-terminal 12- Cólon ascendente 13-Cólon transverso 14- Cólon descendente 15- sigmóide- um pouco móvel por causa do mesocólon sigmóide 16- Reto 17- Ligamento hepatogástrico 18- Ligamento hepatoduodenal Em amarelo forame omental- limitado pelo ligamento hepatoduodenalque possui a tríade portal -A bolsa omental fica posterior a toda essa estrutura -Omento menor é formado por esses dois ligamentos 19- Cólon transverso, no qual o omento maior foi “retirado” Fisiologia do peritônio É uma membrana semipermeável e bidirecional, vai fazer o controle de fluídos na cavidade, sequestro e remoção de bactérias, além de facilitar a migração de células inflamatórias, graças a sua microvasculatura Bomba diafragmática A circulação de líquidos dentro da cavidade peritoneal é feita em parte pelo movimento do diafragma, a partir de poros intercelulares, os estomas. Com o relaxamento do diafragma, os estomas são abertos e a pressão intratorácica negativa drena os fluidos, já na inspiração quando contrai há o impulsionamento de linfa. Retroperitônio: posterior à cavidade peritoneal Ele é usado na abordagem cirúrgica de: ● Rins ● Vasos ilíacos ● Adrenais ● Veia cava ● Aorta Hérnias As hérnias inguinais são as mais prevalentes, essas podem ser divididas em diretas e indiretas (mais comuns). Seguidas das hérnias incisionais, epigástricas e umbilicais e femorais. Fatores de risco- doença do TC: ● Histórico familiar ● Sexo masculino ● Idade ● Doenças colagenosas ● Obesidade (correlação inversa) ● Fumo ● Aumento da pressão abdominal (DPOC, HPB, ascite) Em um indivíduo saudável não existe comunicação entre cavidade abdominal e a bolsa escrotal. O canal inguinal atravessa todas as camadas, é por onde o testículo passa no desenvolvimento; A região inguinal nas mulheres só tem o ligamento redondo do útero.
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