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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DA LINHA DE TRANSMISSÃO OTIMIZADA ATRAVÉS DA CONFIGURAÇÃO DO FEIXE DE SUBCONDUTORES Nathan Soares da Silva Rio de Janeiro DEZEMBRO/2017 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DA LINHA DE TRANSMISSÃO OTIMIZADA ATRAVÉS DA CONFIGURAÇÃO DO FEIXE DE SUBCONDUTORES Nathan Soares da Silva Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: André Luís da Silva Pinheiro Rio de Janeiro DEZEMBRO/2017 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DA LINHA DE TRANSMISSÃO OTIMIZADA ATRAVÉS DA CONFIGURAÇÃO DO FEIXE DE SUBCONDUTORES Nathan Soares da Silva APROVADO EM: _________________________ BANCA EXAMINADORA: _______________________________________ André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc. - Orientador _______________________________________ Geraldo Motta Azevedo Júnior, D.Sc. _________________________________________ Cláudio Márcio do Nascimento Abreu Pereira, D.Sc. Rio de Janeiro DEZEMBRO/2017 AGRADECIMENTOS Quero expressar meu profundo e sincero agradecimento: Primeiramente a Deus; Aos meus pais Rita e Ivanaldo, que apesar de todas adversidades da vida, sempre investiram na minha educação e me motivaram a seguir em frente; À minha família por ter me acolhido nos momentos que precisei; Minha namorada Luna, pela paciência e motivação em todos momentos, principalmente nos de mais sufoco; Meus professores da UNISUAM, pelo esforço e dedicação; Meus grandes amigos que fiz na faculdade, durante esses 5 anos de muito estudo e noites de sono perdidas. A todos os companheiros de FURNAS e CEPEL que contribuíram direta e indiretamente para que esse trabalho se desenvolvesse. Silva, Nathan Soares. Impacto da utilização da linha de transmissão otimizada através da configuração do feixe de subcondutores. 2017. 57 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2017. RESUMO Este trabalho tem como propósito apresentar uma técnica de otimização de linha de transmissão, que consiste no aumento de capacidade de transmissão de energia elétrica, expandindo o feixe de subcondutores. As linhas de transmissão de feixe expandido, que são linhas de transmissão não convencionais, têm como diferencial um ganho consideravelmente maior que uma linha de transmissão convencional de uma mesma classe de tensão. Esse ganho dar-se a melhor distribuição do campo magnético nos cabos de transmissão, fazendo com que transmissão tenha menos perdas, através da redução da impedância da linha de transmissão. Também sendo apresentado o sistema elétrico e seus diversos níveis e todo seu aspecto construtivo de uma linha de transmissão, citando algumas normas que regulamentam a construção dessa linha. Este estudo foi desenvolvido com a justificativa de demonstrar o potencial econômico dos corredores de transmissão já existentes e de como os custos do aumento expressivo da capacidade de um sistema elétrico são reduzidos como o emprego dessa técnica, demonstrando resultados de uma linha de transmissão já em operação. Palavras-chave: Feixe expandido; Linha de transmissão; LPNE; Linha de transmissão não convencional; Otimização de linhas de transmissão. Silva, Nathan Soares. Impact of the use of optimized transmission line through subconductor beam configuration. 2017. 57 p. Monograph (Graduation in Electrical Engineering) - University Center Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2017. ABSTRACT The purpose of this work is to present a transmission line optimization technique, which consists in increasing the electric power transmission capacity by expanding the cable harness. Expanded beam transmission lines, which are unconventional transmission lines, have a considerably greater gain than a conventional transmission line of the same voltage class. This gain gives the best distribution of the magnetic field in the transmission cables, causing that transmission has less losses, by reducing the impedance of the Transmission Line. Also being presented the electrical system and its several levels and all its constructive aspect of a transmission line, citing some norms that regulate the construction of this line. This study was developed with the justification of demonstrating the economic potential of the existing transmission corridors and how the costs of the significant increase of the capacity of an electric system are reduced as the use of this technique, demonstrating the results of a transmission line already in operation. Keywords: Expanded beam; Transmission line; LPNE; Non-conventional transmission line; Optimization of transmission lines. . LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa do SIN ..................................................................................... 1 Figura 2 - Matriz de produção de energia elétrica no Brasil.............................. 3 Figura 3 - Estrutura básica de um Sistema Elétrico ........................................ 10 Figura 4 - Sistema elétrico com dois níveis de subtransmissão ..................... 12 Figura 5 - Faixa de servidão de uma Linha de transmissão ........................... 16 Figura 6 - Medidas (em metro) de faixas de servidão ..................................... 17 Figura 7 - Forças atuantes em uma estrutura autoportante ............................ 18 Figura 8 - Fundação em grelha metálica ........................................................ 19 Figura 9 - Fundação em sapata de concreto .................................................. 20 Figura 10 - Fundação em bloco de concreto armado ..................................... 21 Figura 11 - Fundação em bloco ancorado em rocha ...................................... 22 Figura 12 - Fundação em Tubulão .................................................................. 23 Figura 13 - Torre estaiada .............................................................................. 24 Figura 14 - Torre Autoportante ....................................................................... 25 Figura 15 - Cabo de aço galvanizado ............................................................. 26 Figura 16 - Cabo de alumínio com alma de aço (CAA) .................................. 27 Figura 17 - Visão de corte do cabo OPGW ..................................................... 27 Figura 18 - Isolador de porcelana tipo pino ..................................................... 28 Figura 19 - Isolador polimérico de pino ........................................................... 29 Figura 20 - Isolador de disco de vidro temperado ........................................... 29 Figura 21 - Cadeia de suspensão e ancoragem (respectivamente) ............... 30 Figura 22 - Cabo de alumínio ......................................................................... 32 Figura 23 - Cabo de alumínio com alma de aço ............................................. 32 Figura 24 - Cabo de alumínio termorresistente (TAL) ..................................... 33 Figura 25 - Vista de corte transversal de cabos condutores ........................... 34 Figura 26 - Espaçadores para condutores múltiplos....................................... 35 Figura 27 – Teste 500 kV realizado pelo CEPEL ............................................ 37 Figura 28 - LPNE 230 kV e 500 kV. ................................................................ 38 Figura 29 - Feixe assimétrico de subcondutores ............................................ 39 Figura 30 - Feixe Expandido de subcondutores ............................................. 39 Figura 31 - Software utilizado para desenvolvimento de LPNE ...................... 44 Figura 32 - Localização da Linha de Transmissão 500 kV ADCH III .............. 45 Figura 33 - Configuração de cadeia de isoladores adotadas .......................... 47 Figura 34 - Silhueta da estrutura A55 ............................................................. 48 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tipos de cabos para raio e suas características ............................ 26 Tabela 2 - Tipos de cabos condutores e suas características ........................ 34 Tabela 3 - Comparativo de capacidade LT tradicional x LPNE ....................... 42 Tabela 4 - Programas computacionais desenvolvidos pelo CEPEL ............... 43 Tabela 5 - Ensaios realizados nos laboratórios do CEPEL............................. 44 Tabela 6 - Tipos de estruturas autoportantes adotadas ................................. 49 Tabela 7 - Comparativo de eficiência das faixas ............................................ 49 Tabela 8 - Linha Convencional x Linha Otimizada .......................................... 50 LISTA DE EQUAÇÕES (1) Potência Caracteristica .............................................................................. 40 (2) Coeficiente de utilização ............................................................................ 40 (3) Potência natural da linha ........................................................................... 41 (4) Impedância da linha .................................................................................. 54 (5) Reatância indutiva da linha ....................................................................... 55 (6) Indutância da linha .................................................................................... 55 (7) Admitância da linha ................................................................................... 56 (8) Susceptância transversal (1 condutor) ...................................................... 56 (9) Susceptância transversal (mais de 1 condutor) ......................................... 56 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANEEL – Agencia Nacional Energia Elétrica AWG - American Wire Gauge CAA – Cabo de Alumínio com Alma de aço CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco LNC – Linha Não Convencional LPNE – Linha de Potência Natural Elevada LT – Linha de Transmissão NBR – Norma Brasileira ONS – Operador Nacional do Sistema OPGW - Optical Ground Wire SIL - Surge Impedance Loading SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ....................................................... 1 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................. 4 1.3. HIPÓTESE ............................................................................................. 5 1.4. OBJETIVO ............................................................................................. 6 1.5. MOTIVAÇÃO .......................................................................................... 6 1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO .................. 6 1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .......................................................... 8 1.8. METODOLOGIA ..................................................................................... 8 1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO.................................................................. 9 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 10 2.1. ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA ELÉTRICO ............................... 10 2.2. TENSÕES USUAIS DE TRANSMISSÃO ............................................. 13 3. LINHAS AÉREAS DE TRANSMISSÃO ..................................................... 14 3.1. CRITÉRIOS DE PROJETO DE LINHA DE TRANSMISSÃO ............... 14 3.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO ...... 16 3.2.1. Faixa de servidão .......................................................................... 16 3.2.2. Fundações ..................................................................................... 17 3.2.3. Estruturas ...................................................................................... 24 3.2.4. Cabos para-raios ........................................................................... 26 3.2.5. Isoladores e ferragens ................................................................... 28 3.2.6. Cabos condutores .......................................................................... 30 3.2.7. Espaçadores .................................................................................. 35 4. OTIMIZAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO .......................................... 36 4.1. LINHA DE POTENCIA NATURAL ELEVADA ...................................... 36 4.1.1. Histórico ......................................................................................... 36 4.1.2. Conceito ........................................................................................ 38 4.1.3. Desenvolvimento ........................................................................... 42 4.1.4. Ferramentas e ensaios de projetos ............................................... 43 4.2. APLICAÇÃO ......................................................................................... 45 4.2.1. LT 500 kV Adrianópolis - Cachoeira Paulista III............................. 45 4.2.2. Aspectos elétricos .......................................................................... 46 4.2.3. Solução estrutural .......................................................................... 48 4.2.4. Resultados obtidos ........................................................................ 49 5. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ............................................. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................. 52 ANEXOS ......................................................................................................... 54 ANEXO A .................................................................................................... 54 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA A transmissão de energia elétrica, no Brasil, ocorre por meio de linhas de transmissão, que constituem circuitos elétricos longitudinais que interligam duas subestações transportando essa energia em altas tensões dos centros geradores aos grandes centros consumidores. Estas linhas são conectadas por um Sistema Interligado Nacional (SIN), como mostra na Figura 1. Figura 1 - Mapa do SIN Fonte: adaptado de http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx, Acessado em 01/05/2017 2 O Sistema Interligado Nacional é formado por empresas estatais e privadas de grande porte, pertencentes a todas regiões brasileiras, que agrega sistemas de produção e transmissão de energia. O objetivo desse sistema é interligar as 5 regiões brasileiras (OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA, 2017), proporcionando assim a distribuição de energia elétrica no território nacional, além de permitir permuta de reservas de energia entre essas regiões, isto é, intercâmbio de energiaentre uma região que se encontre com escassez e outra com excedente. Ainda que o país seja atendido pelo Sistema Interligado Nacional, a crescente demanda requer permanente expansão da rede básica e também ampliação, reforço melhorias das redes de transmissão e distribuição, para que haja qualidade e confiabilidade no atendimento ao consumidor final. (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008) No Brasil a primeira linha de transmissão, que se tem registro, foi construída em Diamantina, Minas Gerais, por volta de 1883. Com a finalidade de transportar a energia gerada por duas rodas d’agua e dois dínamos grame, a uma distância de aproximadamente 2 km. A energia transmitida acionava bombas hidráulicas em uma mina de diamantes. (FUCHS, 1977) Há uma relação de proporcionalidade entre a produção de energia do setor elétrico do Brasil e seu desenvolvimento socioeconômico, o que torna a energia elétrica indispensável para o progresso de um país. Quanto maior a produção energética do país, maior será a produção industrial, maior será o poder aquisitivo da população, e consequentemente mais desenvolvido será esse país. O órgão que regulamenta os parâmetros de energia elétrica no Brasil é a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que tem como objetivos regularizar e fiscalizar a geração, a transmissão, distribuição e a comercialização de energia elétrica no território. (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008) A vasta extensão do território brasileiro, juntamente à abundância de recursos energéticos, permite o país se dispor de diversas fontes de geração de energia. 3 Em março de 2017, a capacidade total instalada de geração de energia elétrica no Brasil chegou a aproximadamente 152 GW, com destaque para a geração hidráulica, que corresponde a 64,6% do total gerado (Figura 2). Porém, apesar de o potencial hidrelétrico brasileiro estar estimado em 260 GW, apenas 25% deste total é efetivamente utilizado para a geração de energia. O restante remete à existência de parque geradores ainda não explorados na região Norte, seja por entraves ambientais, por projetos ainda inviáveis técnico-economicamente ou simplesmente devido à dificuldade de acesso à região. (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA) Figura 2 - Matriz de produção de energia elétrica no Brasil Fonte: adaptado de http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/energia- eletrica/publicacoes/boletim-de-monitoramento-do-sistema-eletrico/boletins-2017, acessado em 20/06/2017 A maior parte das usinas hidrelétricas responsáveis pela geração da energia elétrica brasileira, está afastada dos grandes centros de consumo, tornando primordial viabilizar uma extensa e confiável rede de transmissão de energia elétrica capaz de transportar toda a geração disponível. Quanto maior a distância entra as fontes geradoras e as cargas, maior a necessidade de sistemas de transmissão mais robustos. (MENEZES, 2015) 4 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O Brasil, um país de vasta extensão territorial e bastante populoso, superior a 200 milhões de habitantes, vem enfrentando problemas na distribuição de energia em seu território. Um dos grandes motivos deste problema é na transmissão de energia gerada que não acompanhou o aumento da demanda de consumo devido as mudanças legais e normativas, e também, quanto ao avanço tecnológico. Muitas obras para construção de novas linhas de transmissão não são iniciadas nos seus prazos estipulados, para tentar sanar esse problema, por carência de mão de obra qualificada e/ou principalmente por atraso das emissões das licenças ambientais. (PEREIRA, 2015) A construção de uma linha de transmissão, é um projeto que inclui diversos estudos e atividades econômicas de ímpeto social e ambiental e também de viabilidade técnica, com o grande objetivo do melhor aproveitamento da energia elétrica. Destacando que todas etapas do projeto e construção de uma linha de transmissão exigem grande aporte financeiro. A construção de uma linha de transmissão no Brasil, não é uma tarefa livre, pois é necessário inicialmente arrematar o empreendimento em leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e durante a elaboração do projeto é necessário obter várias autorizações de órgãos governamentais. (MENEZES, 2015) Os impactos ambientais gerados durante as fases de preparação e implantação, se estendem por extensas áreas. Os impactos gerados durante a fase de preparação devem-se ao reparo do terreno para implantação das torres e do lançamento dos cabos condutores. Em contrapartida, a fase de implantação da linha de transmissão afeta principalmente o solo, devido às escavações realizadas para a fundação das estruturas, desmatamento para abertura de faixas de servidão e aberturas de faixas de acessos. Como principais exemplos de possíveis impactos ambientais causados pela implementação de uma linha de transmissão, estão: a modificação do sistema natural de drenagem, alteração na paisagem regional, indução a processos de erosão, instabilidades de encostas, alterações na vegetação, aumento da caça, coleta de fauna silvestre e atropelamento, morte de indivíduos da avifauna e risco de incêndios florestais. (PEREIRA, 2015) 5 Além disso, outro grande problema na implantação de novas linhas de transmissão é a dificuldade devido aos altos custos para se construir novas faixas de servidão e da necessidade de pagamentos de indenizações de proprietários pelo direito de passagem, levando as vezes até a desapropriação, muito disputado e questionado. Os dois grandes desafios de viabilidade técnico-econômica a serem solucionados para obter sucesso no projeto são: reduzir as perdas elétricas na transmissão e otimizar os custos na construção. 1.3. HIPÓTESE O setor elétrico brasileiro, atualmente, aponta para a otimização do sistema de transmissão visando a redução de custos e de impactos ambientais tornando-o mais competitivo e confiável. As dificuldades de obtenção de novos corredores de transmissão para o atendimento das demandas e para expansão do sistema elétrico brasileiro vem aumentando a cada dia em função das restrições ambientais, aliados aos questionamentos e as disputas pelo direito de passagem. Neste contexto, o estudo de novas tecnologias de transmissão de energia que unam as premissas básicas de confiabilidade, de redução de custo e de atendimento as restrições ambientais, tem sido uma grande e constante preocupação de diversas empresas do setor elétrico. (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) A solução que vem se tornando a alternativa real, é a necessidade da otimização do sistema com linhas de transmissão capazes de transmitir maiores blocos de potência para o melhor aproveitamento das faixas de servidão, transmitindo mais energia que as antigas linhas, porém, mantendo o mesmo número de circuitos. Neste contexto, surgem novos arranjos de linhas de transmissão, que são chamadas Linhas não convencionais (LNC), capazes de tais realizações, a custo reduzido. (IZYCKI, AMON e GABAGLIA, 2009) 6 1.4. OBJETIVO Aumentar a potência transmitida nos corredores de transmissão congestionados para suprir a crescente demanda de energia do sistema elétrico, avaliando a redução de custos construtivos e territoriais, diminuindo consideravelmente prazos de conclusão do projeto e principalmente a atenuação dos impactos ambientais. 1.5. MOTIVAÇÃO Manter o sistema de transmissão elétrico brasileiro com qualidade e confiabilidade, da geração até o consumidor final, acompanhando o crescimento da demanda de energia elétrica solicitada pelos consumidores devido ao progresso do país. 1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO Algumas técnicas são utilizadas para repotencializar linhas transmissão, dentre elas a substituição do cabo condutorda Linha de transmissão. (OLIVEIRA, 2000) Este método consiste em substituir o condutor em uso por outro que seja capaz de transportar maiores valores de corrente. Para que seja feita a substituição do condutor, deve-se primeiramente, a partir do projeto, identificar quais tipos de condutor foram utilizados nos vãos gravante e médio. Se a substituição feita for por um cabo de diâmetro diferente do original, deve-se considerar a possibilidade de substituição ou reforço das estruturas existentes. Porém se a substituição for por outro cabo de mesmo diâmetro que o original não há necessidade de modificação nas estruturas antigas, visto que não haverá aumento na carga mecânica das mesmas. É sensato optar, primeiramente, por um condutor que suporte mais corrente e que não necessite de substituição ou reforço de estruturas, devido aos menores custos. Caso não seja viável ou não dê bons resultados na elevação da ampacidade, considera-se a utilização de condutores de maior bitola. Este método, somado ao retensionamento dos cabos, possui uma boa aplicabilidade em Linhas de transmissão com tensão operativa de até 230 kV, pois estas dificilmente apresentam feixes de cabos. 7 Outro método, é a adição de mais um subcondutor por fase. Em uma linha com dois condutores por fase, cada condutor atingirá menores temperaturas, visto que transportarão valores menores de corrente se comparado à uma linha com apenas um condutor por fase. Isto é de grande importância, porque conserva as características mecânicas do cabo. Geralmente, na fase de projeto da linha de transmissão, por meio de estudos elétricos e mecânicos já se determina o tipo de cabo, a secção e a posição adequadas deste novo subcondutor na estrutura. O objetivo deste método é aumentar a capacidade de transmissão da linha, com um mínimo de perdas. (OLIVEIRA, 2000) Modificar a tensão operativa da Linha de Transmissão, é outro método, que tem como objetivo alterar a tensão da linha por um nível de tensão superior. Requer grandes alterações no sistema, incluindo também alterações nas subestações ligadas à linha. São elas: redução do comprimento das cadeias de isoladores; retensionamento dos condutores; retensionamento dos cabos para raios; ancoragem do cabo condutor; substituição e/ou implantação de novas estruturas; readequação da posição dos amortecedores. Necessita da realização de estudos de reisolamento da linha, que visam o redimensionamento elétrico das estruturas metálicas da linha. Objetivam aumentar a altura cabo-solo, de forma a atender à nova tensão, procurando manter as estruturas originais, para redução do custo. (OLIVEIRA, 2000) O Retensionamento dos Cabos Condutores é um tipo de trabalho que consiste no aumento da tração dos cabos até seu limite, diminuindo a flecha e aumentando a altura cabo-solo, sendo bem empregado em linhas que possuam temperatura de projeto próxima à temperatura que se deseja alcançar com a repotencialização. Em alguns vãos pode haver a necessidade de substituição de torres, no caso de risco de superar as distâncias mínimas de segurança condutor-solo, o que acarreta aumento dos custos. Assim, permite a reativação da linha em curto espaço de tempo e tem custos reduzidos, desde que não haja a necessidade de substituir estruturas. (CAVASSIN, 2011) 8 No meu trabalho, utilizarei o método da expansão do feixe de subcondutores. Esse método é uma simplificação do conceito de linha de potência natural elevada (LPNE). A LPNE consiste de uma inovação conceitual para a transmissão de energia elétrica. A inovação é a mudança da tradicional distribuição circular dos subcondutores nas fases para uma configuração com uma diferente disposição geométrica, com um número maior de subcondutores, procurando uma combinação adequada entre fases e visando aumentos expressivos na capacidade de transmissão da linha de transmissão. O conceito dessa transmissão é adaptar melhor o uso da superfície dos condutores, ou seja, o aumento da capacidade de transmissão é possível através de uma melhor distribuição do campo elétrico nos condutores, visando seu valor máximo admissível. 1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Os impactos ambientais causados na obtenção de novos corredores de transmissão de energia elétrica têm-se transformado no principal entrave à expansão da capacidade de produção de energia elétrica no Brasil, que tem como consequência, o travamento do desenvolvimento do setor elétrico, este impasse pode prejudicar o crescimento econômico do Brasil nos próximos anos. Tendo em vista essas dificuldades, uma solução possível e vantajosa é a repotencialização dos corredores de transmissão já existentes. Desta forma justificando o presente estudo. 1.8. METODOLOGIA Fazer um estudo sobre otimização das linhas de transmissão, entendendo os conceitos e parâmetros elétricos, para obter resultados e compará-los com uma linha convencional verificando a viabilidade do assunto abordado, tentando demonstrar que a proposta será uma solução vantajosa ou não para otimização dos corredores de transmissão. Serão consultados livros, trabalhos acadêmicos, artigos e documentos das agências reguladoras do setor elétrico brasileiro e profissionais envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia. 9 1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO Neste primeiro capítulo introdutório, apresenta-se a estrutura do setor elétrico brasileiro, mostrando as agências reguladoras e as dificuldades encontradas para suprir a demanda expansão do setor. No capítulo 2 apresenta a estrutura do sistema elétrico e seus níveis, da geração até os consumidores finais e fazendo uma breve explanação e utilizações das tensões usuais de transmissão. No capítulo 3 foram apresentadas as normas para elaboração de projetos de construção de Linhas de transmissão, em seguida, foram abordadas as características físicas das Linhas de transmissão e suas funcionalidades. O capítulo 4 apresenta o desenvolvimento da técnica de otimização de linhas de transmissão, através da LPNE de feixe expandido, abordando os conceitos, histórico e desenvolvimento da tecnologia através do melhoramento dos parâmetros elétricos e utilização dos softwares, logo, uma aplicação dessa tecnologia já em operação e seus resultados para análise, sendo feita uma comparação com linhas convencionais. No capítulo 5, se encontra a conclusão, baseada nos conceitos e resultados obtidos nos capítulos anteriores. 10 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA ELÉTRICO Figura 3 - Estrutura básica de um Sistema Elétrico Fonte: (FUCHS, 1977, p. 4) A Figura 3, ilustra a estrutura de um sistema elétrico. Verticalmente, cada sistema se divide geralmente em cinco níveis: geração ou produção, linhas de interligação, transmissão, subtransmissão, distribuição. Horizontalmente cada nível é composto por inúmeros subsistemas vizinhos isolados eletricamente entre si. Estes 11 subsistemas podem ser ligados entre si, se necessário, através de linhas de interligação horizontais. (FUCHS, 1977) As centrais geradoras são responsáveis por transformar outras formas de energia disponíveis na natureza em energia elétrica. São representadas pelas termelétricas (utilizam carvão, gás como matéria-prima), pelas centrais nucleares, que utilizam o átomo como matéria-prima, e hidrelétricas, que produzem energia elétrica a partir de coleções de água. Também é possível a geração de energia elétrica por meio de fontes alternativas, como a eólica e a solar. O sistema de transmissão consiste em um sistema de condução da energia elétrica, produzida nas centrais geradoras, sob altas tensões e a longas distâncias. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) O sistema de Distribuição representa a parte do Sistema de Potência que conduz energia diretamente ao consumidor. Para isso, é necessárioque a energia seja transportada sob tensões menores. A energia é gerada em média tensão. Logo após uma subestação elevadora, eleva a tensão adequando ao nível de transmissão. Antes de ser conduzida pelo nível de distribuição, uma subestação abaixadora reduz a tensão da energia transportada, para que esta chegue a níveis adequados de tensão ao consumidor. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) A integração dos sistemas regionais, pela interligação dos sistemas isolados é fundamental devido principalmente: a) a possibilidade de intercambio de energia entre os sistemas; b) ao aumento da confiabilidade de abastecimentos em situações anormais ou de emergências; c) a possibilidade de uma operação do sistema mais eficiente, com alto grau de automatização e otimização Como já foi dito, o transporte de energia ocorre em todos os níveis, diferenciando-se apenas pela quantidade de energia e pelo nível de tensão transportada em cada um. Os elementos-base são as linhas aéreas, cabos subterrâneos ou cabos submarinos. (FUCHS, 1977) 12 Há quatro tipos de linhas aéreas: de transmissão, de subtransmissão, de distribuição primária e de distribuição secundária (Figura 4). Figura 4 - Sistema elétrico com dois níveis de subtransmissão Fonte: (FUCHS, 1977, p. 6) Linhas de transmissão: transportam energia sob alta tensão: têm como função principal o transporte de energia entre os centros de produção e de consumo, mas também interligam centros geradores e sistemas isolados. Isto é de extrema importância em casos de emergência, para suprir o fornecimento final de energia quando uma parte do sistema for afetada por qualquer motivo. É comum haver em um mesmo sistema linhas de transmissão em dois ou mais níveis de tensão. Linhas de subtransmissão: por sua vez, transportam energia sob tensões menores ou iguais às linhas de transmissão. Sua função é distribuição a granel da energia transportada pelas linhas de transmissão. Linhas de Distribuição Primária: operam em média tensão, geralmente 11,4 ou 13,8 kV. Às vezes desempenham o papel de linhas de subtransmissão em pontes de sistemas. Linhas de Distribuição Secundária: operam com as tensões mais baixas do sistema e em geral seu comprimento não excede 300 m. Sua tensão é apropriada para uso direto do consumidor residencial. (FUCHS, 1977) 13 2.2. TENSÕES USUAIS DE TRANSMISSÃO A tensão nominal de uma linha de transmissão de corrente alternada é definida como valor eficaz (RMS) da tensão entre as suas fases, e uma linha de corrente contínua bipolar como o valor da tensão entre os polos positivo e negativo. No Brasil existe uma padronização quanto as tensões nominais de transmissão. As tensões padronizadas são: -Linhas de distribuição: 13,8 kV e 34,5 kV -Linhas de alta tensão (transmissão e subtransmissão): 69 kV, 138 kV e 230 kV -Linhas de extra alta tensão: 345 kV, 500 kV e 765 kV Muito embora existam linhas, construídas antes dessa padronização, que operam em tensões, por exemplo, de 88 kV, 161 kV e 440 kV. Com aumento de carga dos grandes centros consumidores a necessidade cada vez maior de se elevar a tensão de transmissão, já é usual se utilizarem tensões de 69 kV, 138 kV e 230 kV em circuitos urbanos de subtransmissão. (SANTIAGO, 1983) 14 3. LINHAS AÉREAS DE TRANSMISSÃO 3.1. CRITÉRIOS DE PROJETO DE LINHA DE TRANSMISSÃO A elaboração de projetos de Linhas de transmissão se baseia em inúmeras normas técnicas. A principal delas é a NBR 5422 (1985), que normatiza o projeto de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica; Esta norma fixa as condições básicas para o projeto de Linhas de Transmissão de energia elétrica, com tensão máxima, valor eficaz fase- fase, acima de 38 kV e não superior a 800 kV, de modo a garantir níveis mínimos de segurança e limitar perturbações em instalações próximas. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1985). A seguir, serão citadas outras normas aplicáveis à construção de Linhas de Transmissão: NBR 6535 (2005) - Sinalização de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica com vista à segurança da inspeção aérea – Procedimento; NBR 6547 (1986) - Ferragem de linha aérea; NBR 6548 (1981) - Eletrotécnica e eletrônica - Transmissão de energia elétrica em corrente contínua de alta tensão; NBR 7095 (1981) - Ferragens eletrotécnicas para linhas de transmissão e subestações de alta tensão e extra alta tensão; NBR 7276 (2005) - Sinalização de advertência em linhas aéreas de transmissão de energia elétrica – Procedimento; NBR 7430 (1982) - Manuseio e lançamento de cabos CAA em linhas de transmissão de energia elétrica; NBR 7563 (1982) - Grupo de acoplamento para sistemas de ondas portadoras em linhas de alta tensão; NBR 8146 (1983) - Equipamento terminal de ondas portadoras em linhas de alta tensão; NBR 8449 (1984) - Dimensionamento de cabos para-raios para linhas aéreas de transmissão de energia elétrica; NBR 8664 (1984) - Sinalização para identificação de linha aérea de transmissão de energia elétrica; 15 NBR 8842 (1985) - Suportes metálicos treliçados para linhas de transmissão - Resistência ao carregamento; NBR 8850 (1985) - Execução de suportes metálicos treliçados para linhas de transmissão; NBR 8853 (1982) - Porca sextavada de segurança para estruturas metálicas de linhas de transmissão e subestações; NBR 9980 (1987) - Parafuso de cabeça redonda, para uso como escada de torres de linha de transmissão de energia elétrica - Características e dimensões; NBR 9319 (1986) - Linhas aéreas de tração elétrica - Disposições gerais; NBR 9381 (1986) - Projeto de linhas aéreas de trólebus e bondes; NBR 12524 (1991) - Símbolos gráficos de usinas geradoras, subestações e linhas para sistemas energéticos e para sistemas de telecomunicação; NBR 13018 (1993) - Corda para trabalho em instalação energizada – Transmissão; NBR 14074 (2004) - Cabos para-raios com fibras ópticas (OPGW) para linhas aéreas de transmissão; NBR 15237 (2005) - Esfera de sinalização diurna para linhas aéreas de transmissão de energia elétrica – Especificação; NBR 15238 (2005) - Sistema de sinalização para linhas aéreas de transmissão de energia elétrica. 16 3.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO O desempenho de uma linha de transmissão depende quase exclusivamente de suas características físicas. Estas características definem seu comportamento quando submetidas a um regime normal de operação e também as sobre tensões de qualquer natureza. (FUCHS, 1977) Para o entendimento ideal do conceito de otimização de uma linha de transmissão, é necessário repassar de maneira concisa todos os aspectos construtivos empregados nas linhas de transmissão modernas. 3.2.1. Faixa de servidão Consiste em uma faixa do terreno (Figura 5), por meio da qual passará a LT. Também designada faixa de segurança, tem como objetivo reduzir as interferências que a linha poderá causar na vizinhança, como ruídos audíveis, interferências em sinais de TV, balanço dos cabos condutores devido à ação do vento. Esta faixa tem dimensões variáveis (Figura 6), que são proporcionais ao nível de tensão. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012). Figura 5 - Faixa de servidão de uma Linha de transmissão Fonte: adaptado de http://www.furnas.com.br/arcs/pdf/folder_LT_queimadas.pdf, acessado em 20/06/2017 17 Figura 6 - Medidas (em metro) de faixas de servidão Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) 3.2.2. Fundações Aproximadamente 30% do custo total da construção de uma nova LT referem-se às fundações. A confiabilidade operacional de uma LT está intimamente ligada à segurança oferecida pelas fundações. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) “[...] uma estrutura de transição entre os esforços criados por condições detrabalho, peso próprio e o terreno subjacente. Esta estrutura de transição, nada mais é que a fundação da obra”. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) Geralmente, a última etapa do projeto de construção de uma linha é o projeto de fundação, que consiste no dimensionamento da fundação, e é composto por duas etapas: cálculo das cargas que são suportadas pela estrutura e transmitidas à fundação e estudo das características geotécnicas do terreno suporte. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) Os terrenos apresentam solos com características variáveis. Sendo assim, as fundações das estruturas de uma linha se diferem umas das outras, sendo algumas executadas externamente a superfície, outras nas camadas superficiais e outras ainda em camadas profundas do terreno, sempre permitindo que o solo seja capaz de suportar os esforços solicitantes da fundação, provenientes principalmente do peso da estrutura e dos cabos, da ação do vento sobre os mesmos e das trações mecânicas dos cabos. 18 As solicitações sobre as fundações variam, tanto na magnitude, como no sentido, direção e até no tempo de duração dos esforços, visto que, existem diferentes tipos de torres, autoportantes, estaiadas, postes, etc. (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) De acordo com a Figura 7, as fundações devem resistir às seguintes cargas: Figura 7 - Forças atuantes em uma estrutura autoportante Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) Cargas Verticais: resultante do peso dos condutores, das cadeias de isoladores, dos equipamentos eletromecânicos, das torres, das estruturas de fundações, e de sobrecargas (acidentais, de montagem e de manutenção); Cargas Horizontais: tensionamento dos condutores, variação de tensões devido a variações de temperaturas, ação de ventos, sobrecargas de montagem, rompimento de condutores, etc. As solicitações que atuam no plano horizontal podem ser longitudinais, transversais ou oblíquas em relação à LT; Cargas de Arrancamento: são cargas atuantes na vertical, porém no sentido de baixo para cima (ancoragem de estais ou estruturas no fundo de depressões do terreno). FV Fc Fa VISTA FRONTAL FV FV FV 21 Fundação em Bloco: fundação superficial de concreto armado com profundidade variando de 2,5 a 3,5 m (Figura 10). Aplicadas em terrenos de difícil escavação manual, cuja resistência ideal encontra-se a pequenas profundidades. É desaconselhada em encostas íngremes. Podem ter pilares de concreto armado para receber os stubs (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012). Figura 10 - Fundação em bloco de concreto armado Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) 24 3.2.3. Estruturas Popularmente chamadas de torres, são os elementos que proporcionam a sustentação de todos os outros elementos até aqui citados. A quantidade de estruturas a serem usadas em uma linha de transmissão dependerá dentre outros fatores da extensão da mesma. Suas dimensões são definidas a partir de fatores diversos, como a tensão nominal que será empregada na linha, tipo de estrutura (estaiada ou autoportante), sua função na linha, quantidade de circuitos na linha e o arranjo dos condutores na estrutura. (FUCHS, 1977) São classificadas quanto à sua forma em: - Estruturas estaiadas: são sustentadas através de estais, que absorvem parcialmente os esforços horizontais, transmitindo-os ao solo por meio de âncoras (Figura 13). São fabricadas apenas em aço galvanizado e em seus estais são utilizados cabos de aço (FUCHS, 1977). Segue abaixo algumas ilustrações deste tipo de torre. Figura 13 - Torre estaiada Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) 13,40 m 2 ,8 5 m 4 ,1 0 m 6 ,3 0 m E X T . 6 ,0 0 m 16,40 m 4 3 ,5 0 m E X T . 6 ,0 0 m E X T . 3 ,0 0 m 25 - Estruturas autoportantes: estes tipos de torres se auto suportam (Figura 14). Transmitem todos os esforços diretamente para suas fundações. São fabricadas de aço galvanizado ou de concreto armado (postes). (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) Figura 14 - Torre Autoportante Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) 2,70 m 3,90 m 5,80 m 2, 00 m 4, 00 m 4, 00 m 11 ,0 0 m 6, 00 m 9, 00 m TO R R E B Á SI CA EX TE N SÃ O P ER N A (1 ,5 -3 ,0 -4 ,5 -6 ,0 -7 ,5 e 9, 0 m ) 27 - Cabos de alumínio com alma de aço (Figura 16): São muito utilizados quando a linha apresenta corrente de curto-circuito muito elevada. (FUCHS, 1977) Figura 16 - Cabo de alumínio com alma de aço (CAA) Fonte: adaptado de http://www.induscabos.com.br/portfolio-item/fios-e-cabos-de-aluminio-nu- caa-acsr-extra-forte-acsr/, acessado em 20/06/2017 - Cabos OPGW (Optical Ground Wire): são constituídos por fios de alumínio liga e/ou aço alumínio, encordoados em torno de um núcleo onde se encontram as fibras óticas (Figura 17). Elas permitem a transmissão de dados por meio digital, aumentando a confiabilidade e facilitando o gerenciamento do sistema de transmissão. (FUCHS, 1977) Figura 17 - Visão de corte do cabo OPGW Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) ELEMENTO CENTRAL DIELÉTRICO FIBRAS ÓPTICAS TUBOS TERMOPLÁSTICOS PREENCHIDOS COM GELEIA FITAS DE TUBO DE ALUMÍNIO FIOS METÁLICOS 28 3.2.5. Isoladores e ferragens Isoladores são peças que mantém os cabos condutores isolados eletricamente de suas estruturas. Devem resistir às solicitações mecânicas e elétricas (FUCHS, 1977). As forças ou solicitações mecânicas que incidem sobre o conjunto cabos e isoladores são basicamente: a) Forças verticais: representadas pelo próprio peso dos cabos; b) Forças horizontais axiais: constituem forças que se propagam no eixo longitudinal das linhas e são necessárias para que as linhas se mantenham suspensas sobre o solo; c) Forças horizontais transversais: se propagam em sentido ortogonal aos eixos longitudinais das linhas devidas às ações de pressão do vento sobre os cabos. (FUCHS, 1977) Em relação ao material de fabricação, existem basicamente três tipos: isolador polimérico, de vidro temperado e de porcelana. Já quanto ao tipo de uso, podemos citar os: - Isoladores de pino: são fixados nas estruturas por pinos de aço rosqueados. São empregados em menores tensões, normalmente em linhas até 69 kV. Podem ser de porcelana ou poliméricos (Figura 18 e Figura 19). Figura 18 - Isolador de porcelana tipo pino Fonte: adaptado de http://www.eletricrs.com.br/eletric_novo/produtos/lista_sub_categoria/isoladores/220/, acessado em 20/06/2017 29 Figura 19 - Isolador polimérico de pino Fonte: adaptado de http://www.jsisoladores.com.br/jsnet/pt/produtos.php, acessado em 20/06/2017 - Isoladores de disco (Figura 20): São discos de material isolante, que fixados uns aos outros formam cadeias, que podem ser tanto de suspensão quanto de ancoragem. (FUCHS, 1977) Figura 20 - Isolador de disco de vidro temperado Fonte: adaptado de http://pt.made-in-china.com/co_cmeecjs/product_Toughed-Glass-Disc- Insulator_esyhyrung.html, acessado em 20/06/2017 30 As ferragens fazem a conexão entre os isoladores, a estrutura e o cabo condutor (Figura 21). Elas também conectam os isoladores entre si formando as cadeias, que podem ser classificadas em: - Cadeia de suspensão: tem como finalidade suportar os cabos condutores e transmitir à estrutura todos os esforços resultantes. - Cadeia de ancoragem: além dos esforços suportados pelas cadeias de suspensão, suportam também esforços resultantes do tracionamento dos cabos. (FUCHS, 1977) Figura 21 - Cadeia de suspensão e ancoragem (respectivamente) Fonte: adaptado de http://www.plp.com.br/site/transmissao-catalogo/item/62-cadeias-de- ferragens-para-linhas-de-transmiss%C3%A3o, acessadoem 20/06/2017 3.2.6. Cabos condutores Representam os elementos ativos das linhas de transmissão. Um cabo ideal deve ter como características: alta condutibilidade elétrica, mantendo as perdas por efeito Joule dentro do limite tolerável; baixo custo; boa resistência mecânica, a fim de assegurar sua integridade e a segurança às propriedades por onde passam as linhas e às pessoas que nelas vivem; baixo peso específico, porque quanto mais pesado for o cabo, mais robusta e cara será a estrutura que a sustentará, aumentando o custo total da linha de transmissão; alta resistência à oxidação e corrosão por agentes químicos, evitando redução em sua secção com o passar do tempo (FUCHS, 1977). 31 Os primeiros cabos eram de cobre por apresentar maior resistência mecânica e devido ao elevado preço do alumínio na época. Em 1908, surgiram os cabos de alumínio com alma de aço (CAA) e o alumínio passou a ser mais utilizado na confecção de cabos condutores. Com a evolução da tecnologia, de 1938 a 1945, o custo da produção de alumínio foi reduzido enormemente, e foi a partir daí que o cobre ficou economicamente inviável para a utilização em linhas de transmissão. Atualmente utilizam-se nas linhas de transmissão, cabos que são constituídos de encordoamento de fios elementares, em camadas concêntricas em torno de um fio central. São inúmeras as composições possíveis para a obtenção de uma mesma secção útil de condutores; os fabricantes por sua vez, padronizaram a fabricação, não só quanto ao número de filamentos como também suas secções, surgindo diversas tabelas de padronização nos Estados Unidos e na Europa (FUCHS, 1977). No Brasil, a padronização das secções adotadas pela ABNT, baseia-se na padronização norte-americana AWG (American Wire Gauge), que se assenta em uma unidade de área denominada circular mil, que corresponde à área de um círculo cujo diâmetro é igual a um milésimo de polegada, ou 0,00064516 mm². De acordo com esse sistema, os condutores são numerados em ordem decrescente de secção de nº0 a nº46 e crescente de 00, 000 e 0000, mantendo-se relações constantes entre diâmetros e secções. Secções maiores do que 0000 são especificados em CM ou MCM (mil CM). (FUCHS, 1977) O encordoamento normal dos cabos condutores, quando compostos de fios de mesmos diâmetros, têm a seguinte formação: - Para 1 camada, 7 fios; - Para 2 camadas, 19 fios; - Para 3 camadas, 37 fios. 32 Tipos de Cabos: - Cabos de alumínio (AAC) ou CA: compostos de uma ou mais camadas de fios de alumínio encordoados (ALUBAR). Figura 22. Figura 22 - Cabo de alumínio Fonte: (FURNAS, 2012, p. 59) - Cabos de alumínio com alma de aço (ACSR) ou CAA: compostos de uma ou mais camadas de fios de alumínio encordoados em torno de um fio ou cabo de aço, denominado alma. A função da alma de aço é aumentar a resistência mecânica do cabo (ALUBAR). Figura 23. Figura 23 - Cabo de alumínio com alma de aço Fonte: (FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS, 2012) - Cabos de Liga de alumínio (AAAC) ou CAL: constituídos por fios de alumínio- liga. Estes cabos possuem resistência mecânica maior do que o dos cabos de alumínio (CA) (ALUBAR). 33 - Cabos de Alumínio Reforçados com Alumínio Liga (ACAR): em comparação à um CAA de mesmo diâmetro, são mais leves e possuem menor resistência mecânica. São constituídos internamente por fios de alumínio liga (ALUBAR). - Cabo de Alumínio Termorresistente: o alumínio termorresistente (TAL) é uma liga onde são acrescentados alguns aditivos ao alumínio puro (Figura 24). A bibliografia especializada sobre metalurgia cita alguns destes componentes aditivos que podem melhorar as características do alumínio submetido a temperaturas mais elevadas. Os cabos fabricados com esta liga apresentam características de recozimento e fluência em alta temperatura, significativamente melhoradas em relação ao alumínio 1350. Devido a estas características, um condutor com esta liga pode ser utilizado em regime contínuo de trabalho em temperaturas de até 150ºC, sem que haja deterioração das características mecânicas tais como tração, alongamento e dureza. Com condutores de alumínio 1350, a temperatura máxima recomendável para regime contínuo de trabalho, conforme bibliografia internacional pertinente, está em torno de 90ºC. Figura 24 - Cabo de alumínio termorresistente (TAL) Fonte: adaptado de https://www.nexans.com.br/eservice/Brazil- pt_BR/navigate_210590/Cabos_de_Alum_nio_Termorresistente_T_CA_Serie_AWG_.html, acessado em 20/06/2017 35 3.2.7. Espaçadores Em linhas de transmissão com feixe de condutores, mecanicamente, são utilizados entre os subcondutores com intuito de se manter as distâncias entre eles e evitar que os mesmos se choquem sob a ação do vento, danificando os respectivos fios das camadas externa. Eletricamente, eles mantem constantes a impedância e a capacitância dos condutores múltiplos sob quaisquer condições meteorológicas, é preciso que eles se mantenham paralelos entre si ao longo de toda linha. Isso é obtido através de espaçadores montados a intervalos regulares ao longo dos vãos das linhas (Figura 26). Esses espaçadores, sendo de material condutor, ajudam a dividir as correntes e os potenciais dos subcondutores. (FUCHS, 1977) Figura 26 - Espaçadores para condutores múltiplos Fonte: adaptado de http://www.plp.com.br/site/transmissao-catalogo/item/53- espa%C3%A7ador-amortecedor-preformado, acessado em 20/06/2017 36 4. OTIMIZAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO 4.1. LINHA DE POTENCIA NATURAL ELEVADA Com o crescimento do sistema elétrico, torna-se cada vez mais importante a otimização do sistema de transmissão com perdas reduzidas. Neste contexto, deve- se prestar uma atenção especial na determinação dos parâmetros fundamentais da linha (resistência, indutância, condutância e capacitância). Os parâmetros unitários das linhas de transmissão, resistência por unidade de comprimento (R), indutância por unidade de comprimento (L) e capacitância por unidade de comprimento (C) não podem, em geral, ser considerados como concentrados e ser supostos igualmente distribuídos ao longo da LT (ANEXO A). A representação da linha através de seus parâmetros por unidade de comprimento é válida quando a linha tem características homogêneas e o efeito dos seus terminais pode ser desprezado. (RODRIGUES, 2010) 4.1.1. Histórico Em 1989, um especial projeto de estudo se iniciou, com o foco em transmissão de longas distâncias e LPNE, patrocinado pela ELETROBRÁS. Visando o interesse nessa tecnologia, criou-se um acordo de cooperação entre empresas brasileiras e pesquisadores russos, adequado especialmente para o Brasil, devido suas características. Desde 1992, estudos são desenvolvidos por FURNAS, CEPEL e CHESF, visando projeto, construção e operação de LPNE nas tensões de 69 kV a 500 kV, incentivados pela ELETROBRÁS. (DOMINGUES, DART, et al., 1999) Em 1994, um trecho de linha experimental com a tecnologia LPNE foi construído e energizado, com extensão de 1,6 km, 230 kV e 3 subcondutores por fase, pela CHESF. O CEPEL realizou detalhadamente estudos e ensaios prévios, logo, posteriormente realizou medições de campo para verificação de desempenho. A CHESF nesse mesmo ano aplicou o conceito do feixe expandido para teste de recapacitação da LT Paulo Afonso – Milagres, 230 kV, num trecho de linha experimental com 3 km operando com dois condutores. Em 1996, a LT Banabuiú – Fortaleza com arranjo de feixe expandido entrou em operação, num trecho de linha com 180 km construída pela CHESF. 37 Em 1997, a LT de transmissão Paulo Afonso – Milagres – Banabuiú, foi feita a recapacitação nos restantes 480 km, aplicando uma solução com feixe expandido, circuito duplo totalizando 660 km de linha.(DOMINGUES, DART, et al., 1999) A tecnologia foi aprovada após a solução em feixe expandido 230 kV ter sido testada exaustivamente, mostrando-se confiável, logo, iniciou-se estudos buscando a solução em tensão de 500 kV. Próximo da usina hidrelétrica de Paulo Afonso, foi construído um trecho de linha com 1,9 km e 4 condutores em cada fase, com vários protótipos de ferragens para torre de suspenção, testado pelo CEPEL, construído pela CHESF e fabricantes. (Figura 27) Figura 27 – Teste 500 kV realizado pelo CEPEL Fonte: (DOMINGUES, DART, et al., 1999) 38 Foram construídas duas linhas de potência natural elevada experimentais, projetos independentes patrocinados pela ELETROBRÀS na parceria de fabricantes, uma da CHESF num trecho de linha com 10 km, 230 kV e a de FURNAS num trecho de linha com 1,6 km, 500 kV. (Figura 28). Figura 28 - LPNE 230 kV e 500 kV. Fonte: (DOMINGUES, DART, et al., 1999) 4.1.2. Conceito A tecnologia LPNE consiste numa otimização dos parâmetros elétricos e geométricos permitindo aumentar a capacidade de transmissão de energia elétrica de uma linha através da disposição adequada dos condutores das fases de modo a otimizar a distribuição de campo elétrico. A inovação, é a mudança da tradicional distribuição circular dos subcondutores nas fases para uma configuração com diferente disposição geométrica (feixe assimétrico como na Figura 29 ou feixe expandido como na Figura 30), com um número maior de subcondutores, procurando uma combinação adequada entre fases e visando alcançar aumento expressivos na capacidade de transmissão da linha. (OLIVEIRA, 2000) 39 Figura 29 - Feixe assimétrico de subcondutores Fonte: (IZYCKI, AMON e GABAGLIA, 2009) Figura 30 - Feixe Expandido de subcondutores Fonte: (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) 40 O conceito dessa transmissão é adaptar melhor o uso da superfície dos condutores, ou seja, o aumento da capacidade de transmissão é possível através de uma melhor distribuição do campo elétrico nos condutores, visando seu valor máximo admissível. (OLIVEIRA, 2000) Através de simplificações, partindo das equações tradicionais de eletromagnetismo na análise das relações entre tensões e correntes, chega-se a equação de potência característica (Equação 1): 𝑃𝑐 ≈ 1 20 ∗ 𝑛 ∗ 𝑟0 ∗ 𝑈 ∗ 𝐸𝑎𝑑 ∗ 𝑘𝑢𝑡 (1) Onde: 𝑘𝑢𝑡 = 𝐸𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑎𝑑 ∗ 1 𝑘𝑖 (2) PC - Potência característica; n – Número de condutores; r0 – Raio do condutor; U – Tensão fase-terra; Ead – Campo elétrico admissível dos condutores; Kut – Coeficiente de utilização; Emax – Campo elétrico máximo na superfície dos condutores; Ki – Coeficiente de irregularidade da distribuição das cargas e campos superficiais nos condutores. Pela equação, a potência característica da linha é diretamente proporcional a tensão, número de condutores no feixe, raio do condutor, campo elétrico superficial admissível e coeficiente de utilização (Equação 2). Essas variáveis, contudo, são interdependentes, mas, definindo uma tensão e o tipo do condutor, é possível obter um acréscimo na potência característica aumentando o número de condutores, para um determinado fator de utilização. Isso 41 só é possível fazendo modificações na configuração geométrica do feixe, pois para um arranjo convencional, o aumento do número de condutores, mantendo-se o raio constante, produz reduções no coeficiente de utilização, pela alteração nas relações geométricas, e consequente alteração na distribuição de cargas e campos superficiais nos condutores, tornando-os mais irregular. O emprego dessa tecnologia, para uma mesma potência a ser transmitida, garante um projeto mais econômico que os projetos tradicionais de linhas de transmissão. A tecnologia LPNE pode ser utilizada tanto para novos projetos quanto para recapacitação de linhas em operação. As modificações das variáveis que definem a potência características devem ser feitas de modo a maximizar o resultado. Para isso é necessário um maior grau de liberdade na concepção das configurações geométricas dos feixes de condutores das linhas de transmissão. Essa tecnologia pode viabilizar projetos de linhas com acréscimos na potência característica que podem superar o dobro do valor de linhas tradicionais. (OLIVEIRA, 2000) As configurações resultantes exigirão soluções alternativas de ferragens e estruturas, estudos de desempenho das novas configurações com relação a isolamento, interferências, impactos ambientais, manutenção em linha viva, características dinâmicas exigidas pela estabilidade de operação das linhas em vazio e com níveis de potência diferentes de potência natural, limitações impostas pelas sobretensões de manobra, características dos equipamentos de compensação. Para fazer uma análise simplificada onde se deseja verificar a influência de pequenas alterações em feixe de condutores na Potência Natural de uma linha (Equação 3), pode-se dizer que a potência natural de uma linha de transmissão está relacionada com sua impedância característica, onde: 𝑃𝑁 = 𝑈2 𝑍𝐶 (3) Onde: PN – Potência natural da linha; U – Tensão de operação ZC – Impedância característica da LT 42 4.1.3. Desenvolvimento Originária da Rússia, a LPNE, também conhecida como HSIL (High Surge Impedance Loading Line), foi trazida para o Brasil em 1992 e teve um alto grau de desenvolvimento nacional nos laboratórios do CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), no Rio de Janeiro, ligado à Eletrobrás. Para que a técnica se adaptasse ao Brasil, foram necessários alguns anos de pesquisa e a criação de softwares específicos para as LPNE nacionais, o que aumentou a capacitação brasileira no desenvolvimento de distribuição de energia. (Energia, Crise e Planejamento, 2001) As linhas de transmissão tradicionais são projetadas dimensionando um parâmetro por vez (espaçamento entre fases, diâmetro dos condutores, altura, etc.) e alguns parâmetros fixos são mantidos durante todo o projeto (espaçamento entre condutores). A técnica LPNE utiliza os avanços obtidos nos últimos anos (métodos de simulação, recursos computacionais, modelagem, etc.), o que permite o dimensionamento das LT’s através da otimização dos campos elétrico e magnético, consequentemente, a otimização da capacidade de transporte, distribuição de correntes, etc. (DOMINGUES, DART, et al., 1999) Na maioria dos projetos de otimização das linhas de transmissão são desenvolvidos com a intenção de colocar adequadamente cada condutor em posições otimizadas de modo a alterar somente o feixe de subcondutores, tentando manter os atuais padrões de condutores, estruturas e isoladores. O sucesso dessa técnica nos empreendimentos chamou a atenção, possibilitando projetos sob medida, onde as LT’s seriam calculadas se ajustando de acordo com as exatas necessidades do sistema. Contudo esta possibilidade requer necessariamente integração entre projeto, planejamento, operação e manutenção, o que exige uma grande dose de tempo e esforço para colocá-la em funcionamento. (DOMINGUES, DART, et al., 1999) Em projetos de linha novas ou na recapacitação de linhas existentes, a tecnologia LPNE, ou sua derivada, a técnica de feixe expandido, tem sido utilizada no sistema da CHESF com sucesso, sendo uma alternativa com resultados muito interessantes. (Tabela 3) 45 4.2. APLICAÇÃO 4.2.1. LT 500 kV Adrianópolis - Cachoeira Paulista III Em decorrência da crise de energia elétrica do ano de 2001, conhecida como a crise do apagão, surgiu o projeto emergencial da linha de transmissão 500 kV Adrianópolis - Cachoeira Paulista III (Figura 32), com o qual Furnas disponibilizou cerca de 1200 MW de potência, visando reduzir o risco de déficit de energiada região sudeste do Brasil, exatamente no eixo Rio de Janeiro – São Paulo, reforçando a ligação entre os dois maiores centros consumidores do país. A solução adotada foi o desenvolvimento de uma nova série de estruturas autoportantes acomodando um feixe expandido de 1200 mm, com elevada capacidade de transmissão. Optou-se, por uma otimização do corredor através do aumento do seu gradiente de transmissão elétrica ao invés de uma simples otimização mecânica. Com um comprimento total de 178 km, a LT foi construída com um circuito trifásico simples, composto com feixe expandido de 4 condutores por fase e de tensão nominal 500 kV. (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) Figura 32 - Localização da Linha de Transmissão 500 kV ADCH III Fonte: (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) 46 4.2.2. Aspectos elétricos A linha de transmissão Adrianópolis - Cachoeira Paulista III, foi desenvolvida para transmitir uma potência natural de 1200 MW, através do feixe expandido (solução genérica de uma LPNE), numa silhueta de torre autoportante compatível com o relevo do terreno a ser atravessado. Foi realizado, por Furnas, estudos dos condutores, do espaçamento entre os subcondutores e coordenação de isolamento visando o objetivo da potência de 1200 MW atendendo aos critérios de gradiente superficial dos condutores e efeitos eletromagnéticos ao nível do solo. Resultando em um feixe de disposição quadrada com espaçamento de 1200 mm dos 4 subcondutores Rail (954kcmil). Ensaios no laboratório de alta tensão do CEPEL foram realizados para validar o tal feixe de subcondutores. Ensaios de tensão de rádio interferência, distribuição de potencial ao longo da cadeia de isoladores, corona visual e tensão suportável de impulso atmosférico e de manobra, sendo extremamente satisfatório o desempenho da ferragem. (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) A partir desta configuração desenvolvida, foram gerados os seguintes parâmetros elétricos de sequência positiva: Resistência = 0,0172 /km Reatância = 0,2642 /km Susceptância = 6,2583 S/km SIL = 1216 MW, referente à tensão de 500 kV Para esta configuração, foram adotadas cadeias de isoladores compostas de 22 isoladores de 170mm de passo e 280mm de diâmetro, sendo nas torres de suspensão isoladores de 160 kN e nas de ancoragem isoladores de 240kN. Com a preocupação na qualidade e confiabilidade das ferragens eletromecânicas e também com o alto custo das matérias-primas, um projeto foi desenvolvido permitindo um melhor aproveitamento dos materiais durante a sua fabricação. Chegando então à concepção de construir um balancim com chapas de aço subdivididas em braços superiores, braços inferiores e chapas centrais, que depois de aparafusadas garantissem o espaçamento desejado (1200mm x 1200mm), 47 permitindo a execução da manutenção em linha viva através da disposição de entalhes especiais. Na linha de transmissão 500 kV Adrianópolis - Cachoeira Paulista III, foi adotada uma configuração de fases laterais com cadeias de suspensão com uma única penca de isoladores e fase central com cadeia de suspensão fixadas com duas pencas de isoladores separadas com um ângulo de 92°das cadeias. Esse tipo de configuração e conhecido como IVI (Figura 33). Figura 33 - Configuração de cadeia de isoladores adotadas Fonte: (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) 48 4.2.3. Solução estrutural A configuração final das estruturas desenvolvida (Figura 34), com objetivo de obter uma otimização nos pesos, seguindo à risca os requisitos básicos do projeto, como as distâncias elétricas mínimas necessárias para o feixe expandido simétrico de 4 condutores por fase. Resultou numa família composta de seis tipos de estruturas autoportantes conforme a Tabela 6. Figura 34 - Silhueta da estrutura A55 Fonte: (UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO, 2003) 51 5. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS A demanda energética da população brasileira vem aumentando cada vez mais nos últimos anos e com isso a necessidade de ampliação do sistema de transmissão de energia elétrica cresce proporcionalmente, de forma a atender a essa demanda crescente. Com este objetivo em vista, a otimização do projeto de transmissão passa a ser um fator fundamental, visando o aumento de confiabilidade e eficiência. Devido à impossibilidade ou grande dificuldade, em alguns casos, de se obter novos corredores de transmissão, torna-se viável a otimização de corredores de transmissão já existentes. A otimização é um processo que visa o aumento de capacidade de transmissão de uma linha de transmissão. Este objetivo pode ser alcançado através da tecnologia de linhas de potência natural elevada (LPNE), que requerem configurações diferenciadas em seus feixes de subcondutores em relação a um projeto original de uma linha convencional, conforme foi explorado no capítulo 4 desse trabalho. Os ganhos na transmissão em uma Linha de Potência Natural Elevada são expressivos, em alguns casos, uma LPNE pode ter o triplo de capacidade de transmissão em relação a uma linha de transmissão convencional. Em alguns modelos implantados de LPNE podem até ser mais caros, mas o custo por MW/km é sempre bem menor que o de uma linha de transmissão convencional. A utilização desta tecnologia no Sistema Interligado Nacional é um marco importante que demonstra claramente a viabilidade e aplicabilidade da mesma, podendo se tornar a tendência de expansão como em outros países. A otimização de linhas de transmissão pode-se tornar um investimento atraente pelos seguintes fatores: redução dos impactos ambientais na sua construção, menos custo de construção por capacidade instalada, flexibilidade do sistema, dentre outros. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do Brasil, BRASÍLIA, 2008. Disponivel em: <http://www.eletrobras.com/elb/natrilhadaenergia/energia-eletrica/main.asp?View= ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 5422: Projetos de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica. Rio de Janeiro. 1985. AZZAM. Transmissão de Energia Elétrica: Cálculo Elétrico. [S.l.]. 2014. CAVASSIN, R. S. Um abordagem multicritérios para recapacitação de linhas de transmissão. UFPR. Curitiba. 2011. DOMINGUES, L. A. et al. XV Seminário de Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Novas Concepções de Linha de Transmissão, Foz do Iguaçu, Outubro 1999. ENERGIA, CRISE E PLANEJAMENTO. Comciência, 2001. Disponivel em: <http://www.comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/energiaeletrica/energia05.htm>. Acesso em: Novembro 2017. FUCHS, R. D. Transmissão de energia elétrica: Linhas aéreas. Rio de Janero: LTC/EFEI, 1977. FURNAS, CENTRAIS ELÉTRICAS. Construção de linhas de transmissão: noções de projeto e construção. Rio de Janeiro. 2012. IZYCKI, M.; AMON, J.; GABAGLIA, R. Otimização de linha de transmissão não convencional de alta capacidade em 500kV. [S.l.]. 2009. MENEZES, V. P. Linha de Transmissão de Energia Elétrica aspectos técnicos, orçamentários e construtivos. Rio de Janeiro. 2015. 53 MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Boletim monitoramento do sistema elétrico, Brasília. Disponivel em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/energia- eletrica/publicacoes/boletim-de-monitoramento-do-sistema-eletrico/boletins-2017>. Acesso em: 30 maio 2017. OLIVEIRA, C. M. Recapacitação de linhas de transmissão. Rio de Janeiro. 2000. OLIVEIRA, C. M. et al. Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Uma elevada capacidade de transmissão em um corredor congestionado, Uberlândia , Outubro 2003.OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA. O que é SIN (Sistema Interligado Nacional, 2017). Disponivel em: <http://www.ons.org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx>. Acesso em: 10 maio 2017. PEREIRA, F. R. Repotencialização de linha de transmissão. Rio de janeiro. 2015. RODRIGUES, R. M. Cálculo de parâmetros e custos em LPNE. UFRJ. Rio de Janeiro, p. 52. 2010. SANTIAGO, N. Linha Aéreas de Transmissão. [S.l.]: [s.n.], 1983. SOARES, B. R.; YAMAGUTI, V. M. Metodologia para elaboração de projetos para linha de transmissão e redes de distribuição de energia elétrica. CURITIBA. 2016. UMA ELEVADA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO EM UM CORREDOR CONGESTIONADO. Uma Elevada Capacidade de Transmissão em um Corredor Congestionado. Grupo de Estudo de Linhas de Transmissão, Uberlândia, Outubro 2003. Disponivel em: <http://www.mfap.com.br/pesquisa/arquivos/20081212161021- GLT-03.pdf>. Acesso em: 2017 jun. 01. 54 ANEXOS ANEXO A CÁLCULO ELÉTRICO 1. PARÂMETROS LONGITUDINAIS E TRANSVERSAIS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO TRIFÁSICAS 1.1. SEQUÊNCIA POSITIVA A maioria dos cabos utilizados em LT’s é de alumínio com alma de aço. Atualmente também está sendo usado o alumínio liga por ser mais leve. Os cabos têm denominação de aves. A formação do cabo Partridge (Pardal), por exemplo, é 26/7, isto é, são 26 cabos de alumínio com 7 cabos de aço. Isto aumenta a suportabilidade mecânica do condutor permitindo o aumento do comprimento dos vãos. 1.1.1. Parâmetros Longitudinais Os parâmetros Longitudinais (Equação 4) são a Resistência e a Reatância Indutiva (Campo Magnético proveniente da corrente na LT). 𝐙 = 𝐑 + 𝐣𝐗𝐋 [Ohm] (4) a) Resistência (R) Fornecida pelo fabricante do cabo. Geralmente para 50ºC A maioria dos cabos é de alumínio com alma de aço. Atualmente também está sendo usado o alumínio liga por ser mais leve. 55 b) Reatância indutiva (XL) e Indutância (L) Circuito Simples com um cabo por fase: 𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 [Ohm / km] (5) 𝐿 = 2𝑥10−4 ∗ ln 𝐷𝑒𝑞 𝑑𝑠 [H / km] (6) Onde: 𝐷𝑒𝑞 = √𝑑1 ∗ 𝑑2 ∗ 𝑑3 3 f - Frequência Deq - Distancia média geométrica mútua; d1 - Distância do condutor 1 ao condutor 2; d2 - Distância do condutor 2 ao condutor 3; d3 - Distância do condutor 1 ao condutor 3; ds - característica do condutor fornecida pelo fabricante. Circuito simples com mais de 1 cabo por fase (cabos geminados): Quando a corrente é alta é mais vantajoso usar mais de um cabo por fase do que cabos de seções muito grandes. Isto contribui também para reduzir o valor da reatância indutiva, pois aumenta o valor da distância média geométrica própria. Na expressão somente é alterado o cálculo de ds que passa a se denominar Ds (distância média geométrica própria). 2 cabos por fase afastados pela distância “a”: Ds = √𝑑𝑠 ∗ 𝑎 3 cabos por fase formando um triângulo equilátero de lado “a”: 𝐷𝑠 = √𝑑𝑠 ∗ 𝑎2 3 4 cabos por fase formando um quadrado de lado “a”: 𝐷𝑠 = √√2 2 ∗ 𝑑𝑠 ∗ 𝑎3 4 56 1.1.2. Parâmetros Transversais Os parâmetros transversais (Equação 7) são a condutância transversal (G) e a susceptância, (B) proveniente da capacitância (Campo Elétrico proveniente da Tensão na LT). 𝐘 = 𝐆 + 𝐣𝐁 [Siemens] (7) a) Condutância Transversal (G) A condutância representa a fuga de corrente pelos isoladores e o efeito corona. O efeito corona é utilizado para cálculo de ruído audível, estudos de Rádio e TV interferência e amortecimento das descargas elétricas na LT. Normalmente são desprezados na modelagem de LT’s para cálculos de queda de tensão e fluxo de potência. b) Susceptância Transversal (B) Circuito Simples com um condutor por fase: Cn = 0,0555 ln Deq r [µF / km] (8) Onde: D - Distância entre os condutores (m); r - Raio do condutor (m). Circuito simples com mais de 1 condutor por fase: Cn = 0,0555 ln 𝐷𝑒𝑞 𝑅𝑒𝑞 [µF / km] (9) 57 2 cabos por fase afastados pela distância “a”: 𝑅𝑒𝑞 = √𝑟 ∗ 𝑎 3 cabos por fase formando um triângulo equilátero de lado “a”: 𝑅𝑒𝑞 = √𝑟 ∗ 𝑎2 3 4 cabos por fase formando um quadrado de lado “a”: 𝑅𝑒𝑞 = √√2 ∗ 𝑟 ∗ 𝑎3 4 (AZZAM, 2014)
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