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ANATOMIA TRAUMA Inclui cortes/abrasão da córnea ou corte de camadas mais externas do olho, feridas punctórias ou presença de corpo estranho. O paciente pode apresentar dor ocular, olho vermelho e redução de acuidade visual. Alguns tipos de fratura de crânio podem causar hematoma periorbital e que, eventualmente, será necessário algum exame de imagem complementar. Contuso e penetrante: a redução da movimentação ocular sugere ruptura ou fratura da parede da órbita. Encaminhar ao oftalmo com urgência para avaliação, mesmo que o trauma não aparente lesão visível ao olho nu. Laceração de pálpebra: tratamento na emergência e referência ao oftalmo assim que possível. Se suspeita de corpo estranho associado ou fratura de órbita, realizar exames de imagem. Exposição a materiais químicos: podem causar dor ocular, hiperemia conjuntival, lacrimejamento e diminuição da acuidade visual. Realizar lavagem ostensiva do olho com 1L de solução salina ou água filtrada. Everter a pálpebra e limpar restos e debris com cotonete. Se disponível, pingar anestésico local e reavaliar após 10 min. Queimaduras químicas sempre devem ser avaliadas pelo oftalmologista. CORPO ESTRANHO Corpos estranhos e abrasões são as lesões mais comuns da conjuntiva e da córnea. As técnicas de remoção de corpo estranho variam dependendo do tipo de corpo estranho: Corpos estranhos de superfície são removidos por irrigação e um aplicador com algodão umedecido na ponta. Corpos estranhos entranhados precisam ser removidos com um spud, ou lanceta de oftalmologia (instrumento projetado para remover corpos estranhos oculares) estéril ou uma agulha de calibre 25 ou 27, geralmente sob orientação de uma lâmpada de fenda. A retirada de corpos estranhos intraoculares, ou o tratamento de qualquer lesão penetrante, devem ser feitos cirurgicamente por um oftalmologista. Procedimento: - Utilizar lâmpada de fenda. - Exame oftalmológico sem anestesia tópica, usando pequena lanterna, examinar externamente o olho para deflação do globo ocular ou da câmara anterior. Verificar acuidade visual, movimentos oculares, tamanho, forma e reflexos pupilares. Sinal de perfuração → oftalmologista. - Anestésico tópico no fórnice inferior do olho atingido. - Aplicar fluoresceína e examinar se há sinal de Seideln (alteração da superfície da fluoresceína por um fluxo escuro de humor aquoso por perfuração de córnea ou esclera). Se houver sinal de Seidel → oftalmologista. - Irrigar a região para umedecer a área e desalojar o corpo estranho. - Superficiais: usar aplicador de ponta de algodão umedecido. - Entranhados: escardilho, uma rebarba rotativa de baixa velocidade ou uma agulha de calibre 25 ou 27 acoplada a uma seringa pequena. OLHO VERMELHO Glaucoma de ângulo fechado: aumento súbito na pressão do fluido dentro do olho. Os sintomas geralmente são: dor ocular, hiperemia conjuntival, náusea, vômitos e alterações visuais e pressão intraocular elevada. O tratamento agudo consiste em controle pressórico e uso de colírios para redução e pressão intraocular. Hemorragia subconjuntival: vermelhidão em conjuntiva com aspecto de sangue, localizada e precisamente circunscrita. Indolor e sem secreção. Possível associação com traumas menores, pacientes anticoagulados, manobra de valsalva ou pico hipertensivo. Conduta: conservadora. PERDA VISUAL SÚBITA Amaurose fugaz: perda visual que pode durar de 1 a 2h. Possibilidade de acidente isquêmico transitório. Oclusão de veia/artéria retiniana: caracterizada pela perda visual súbita e indolor, com o bloqueio de artérias ou veias que irrigam a retina. Atentar-se no caso de pacientes idosos, diabéticos e hipertensos. Neurite óptica: perda visual por horas ou dias. Geralmente unilateral. Usualmente apresenta dor em órbita à movimentação ocular. Descolamento de retina: retina se desloca da sua posição usual no fundo do olho. Isso ocasiona flashes e sensação de pontos escuros ou sombras no campo visual. Geralmente indolor. Pode levar à perda visual irreversível. Arterite de células gigantes: comum em pacientes com mais de 50 anos. Pode apresentar cefaléia e rigidez temporal, febre, fraqueza muscular generalizada. Em todos os casos de perda súbita da visão um oftalmologista deve ser consultado. GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO FECHADO Ocorre quando o fluxo de drenagem do humor aquoso é bloqueado parcial ou totalmente pela íris periférica. O diagnóstico depende mais das alterações da câmara anterior e da gonioscopia do que do fundo de olho (escavação do disco óptico), e campos visuais normais não excluem o diagnóstico. Pode ser crônico e apresentar crises agudas –glaucoma agudo. O glaucoma agudo acontece por fechamento abrupto e total do ângulo, apresentando perda dolorosa da visão. Constitui uma urgência que, se não tratada de imediato, ocasiona perda total da visão. Os principais fatores de risco são idade maior que 60 anos, sexo feminino, com incidência de 4:1, histórico familiar, etnia asiática e hipermetropia. O paciente procura o pronto-socorro referindo baixa visual dolorosa, associada a sintomas inespecíficos, como náuseas e mal-estar. O olho apresenta-se congesto com os sinais relacionados a seguir: 1. Injeção ciliar pela hiperemia dos vasos do limbo e da conjuntiva; 2. Edema de córnea; 3. Câmara anterior rasa; 4. Reação celular no humor aquoso; 5. Pupila oval no sentido vertical, em midríase média paralítica; 6. Vasos irianos dilatados; 7. PIO severamente aumentada, de 50 a 100 mmHg; 8. Edema e hiperemia do disco óptico. Entre os fatores precipitantes, estão: iluminação fraca; fármacos anticolinérgicos, como atropina, tropicamida, antidepressivos, anti-histamínicos e antiparkinsonianos, e fármacos adrenérgicos, como fenilefrina tópica, broncodilatadores, depressores de apetite e agentes alucinógenos; estresse emocional, provavelmente pela midríase secundária ao aumento do tônus simpático. Tratamento No glaucoma de ângulo fechado, deve-se realizar a iridotomia a laser, que consiste na abertura na periferia da íris, que comunica a câmara anterior com a posterior, para ajudar a prevenir as crises agudas ou a sair delas. Na crise aguda, além de colírios hipotensores, pode-se instilar colírio miótico, usar soluções hipertônicas intravenosas ou orais e hipotensores oculares sistêmicos, além de analgesia para a dor. DESCOLAMENTO DE RETINA O Descolamento de Retina (DR) é uma separação entre a retina neurossensorial e o Epitélio Pigmentado da Retina (EPR). É um quadro muito grave, caracterizando uma urgência oftalmológica, e o procedimento cirúrgico é quase inevitável para minimizar as sequelas. Clínica A maioria dos DRs ocorre espontaneamente em retinas com fragilidades anatômicas que predispõem ao descolamento, associadas ou não às trações vítreas, levando à baixa visual súbita, sem outros sintomas. Entre as predisposições, destacam-se as retinas de pessoas com alto grau de miopia. Outras causas são traumatismos oculares/cranianos, retinopatia diabética proliferativa, degenerações retinianas, retinopatia da prematuridade (ROP), alterações congênitas da retina e do vítreo, retinopatia hipertensiva avançada e inflamações da retina e da coróide. Diagnóstico Deve-se realizar exame oftalmológico com mapeamento de retina – oftalmoscopia indireta. Caso haja opacidades de meios, como catarata densa e hemorragia vítrea associada, a ultrassonografia ocular será necessária. Tratamento Aplicações de laser na retina de forma isolada são úteis na prevenção do descolamento de retina. Intervenções cirúrgicas variam conforme o tipo do DR e a sua localização, podendo ser retinopexia pneumática, introflexão escleral ou vitrectomia. OCLUSÃO ARTERIAL A oclusão arterial da retina pode ser dividida em oclusão da artéria central da retina e oclusão do ramo arterial da retina. As causas são as mesmas, porém a primeira tende a ser mais grave. Causas 1. Trombose relacionada à aterosclerose; 2. Embolismo proveniente da bifurcação da artéria carótida comum, podendo ser êmbolo de colesterol, fibrinoplaquetário ou de cálcio; 3. Arterite de células gigantes; 4.Embolismo cardíaco; 5. Periarterite; 6. Doenças trombolíticas. Em casos de oclusão total, o exame de fundo de olho mostra retina pálida e opaca decorrente do edema difuso. A fóvea apresenta cor vermelho-cereja e o fluxo sanguíneo dos vasos da retina está segmentado. Já na obstrução parcial, a retina se apresenta pálida no local acometido, e estreitamento de artérias e veias, além de êmbolos, são encontrados em 66% dos casos. Clínica Perda súbita da visão total na oclusão da artéria central e localizada na região irrigada pelo ramo da artéria comprometida. Diagnóstico O diagnóstico da oclusão arterial é feito com exame oftalmológico com mapeamento de retina; a angiofluoresceinografia, é o melhor exame para confirmar o diagnóstico. Investigação sistêmica é sempre importante nesses casos, como verificação do pulso e da pressão arterial, avaliação de carótidas, eletrocardiograma, hemograma, velocidade de hemossedimentação, glicemia e lipídios. Às vezes, também é necessário realizar ecocardiograma, triagem de trombofilia, autoanticorpos e homocisteína. Tratamento É uma urgência, pois, na maioria das vezes, leva à perda irreversível da visão, principalmente quando ocorreu há mais de 24 horas. Há alguma chance de sucesso em pacientes com menos de 48 horas de oclusão. São medidas que visam mobilizar o trombo ou êmbolo na oclusão arterial: massagem ocular, Isordil®, diminuição da pressão intraocular e estreptoquinase intravenosa. Avaliar: - Visão - Reflexo pupilar → quando perfura olho não tem. Queimadura química: - Ácido: coagulação - Base: liquefação, mais comum, pior Conduta: lavar em abundância Úlcera de córnea: dor intensa, vermelhidão, pós-trauma e mancha branca na córnea. Uveíte: visão ruim e olho vermelho. Glaucoma: manitol 20%, 30-60 min. Descolamento de retina: sem dor, perda da visão, flashes.
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