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DEFINIÇÃO A maioria dos cânceres colônicos (> 95%) tem como precursores os pólipos neoplásicos adenomatosos. A sequência adenoma-carcinoma costuma se desenvolver de forma assintomática e silenciosa durante anos. O prognóstico da doença está diretamente relacionado à detecção precoce, à triagem e ao tratamento de lesões precursoras pré-malignas e malignas. CLASSIFICAÇÃO Segundo a histologia: - Pólipo neoplásico epitelial ou pólipos adenomatosos ou adenomas: adenoma tubular, adenoma tubuloviloso e adenoma viloso. - Pólipo neoplásico não epitelial: leiomiomas, lipomas, neurofibromas e hemangiomas. - Pólipo hamartomatoso: pólipo juvenil, pólipo de Peutz-Jeghers. - Pólipo inflamatório: pólipo linfoide benigno (não costumo ser maligno). - Pólipo hiperplásico: geralmente não é maligno, porém. Segundo a forma de crescimento: - Pólipo pediculado: tem um pedículo de implantação com cerca de 1,5 cm e implica menos malignidade, porque a degeneração cancerosa tarda em chegar à base de fixação. - Pólipo séssil: tem uma base de implantação ampla (sem pedículo), com cerca de 2 cm e implica maior malignidade, porque a degeneração maligna chega antes à base da lesão. HISTOLOGIA DOS PÓLIPOS ADENOMATOSOS Adenoma tubular: formado por túbulos epiteliais, é pequeno e pode ser séssil ou pediculado. Adenoma viloso: formado por processos digitiformes ou papilares, constituídos por tecido conectivo recoberto de células epiteliais. Costuma ser mais volumoso que os adenomas tubulares, e de morfologia séssil na maioria dos casos. O adenoma viloso, por sua histologia e maior tamanho, é o subtipo que possui maior potencial de malignidade. Adenoma tubuloviloso ou misto: apresenta as características de ambos os tipos. Adenoma serrilhado: corresponde a um pólipo com áreas hiperplásicas e áreas adenomatosas, com maior potencial maligno que o adenoma puro. Somente os adenomas são claramente pré-malignos e se transformam em câncer (lesões pré-neoplásicas). Os fatores que determinam a transformação maligna de um adenoma são: 1.O tamanho do adenoma ou do pólipo, de tal maneira que quanto maior for o tamanho, maior será a probabilidade de câncer, sendo alta (45%) em lesões acima de 2,5 cm. 2.O tipo histológico, no qual a probabilidade de transformação em um carcinoma é de 40% em adenoma viloso e de 5% em adenoma tubular. 3.A presença de displasia (por default os adenomas têm displasia) epitelial, aumenta a probabilidade de malignização do pólipo. 4.Parâmetros clínicos: idade avançada, história familiar de polipose, recidiva após excisão local, obesidade, tabaco, álcool, doença inflamatória intestinal (doença de Crohn ou retocolite ulcerativa). 5.Parâmetros morfológicos: tamanho maior que 2 cm, múltiplos, adenomas vilosos, tempo de evolução. FISIOPATOLOGIA Para que um pólipo adenomatoso transforme-se em um carcinoma é preciso a ativação de oncogenes por mutações que promovem a proliferação alterada da mucosa do cólon, seguida da perda de genes que suprimem a gênese tumoral. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO Os pólipos definem-se como protrusões circunscritas da mucosa, sejam elas sésseis, planas ou pediculadas. Habitualmente são assintomáticos, em especial quando são de pequeno tamanho. Entretanto, quando crescem, podem dar lugar a complicações mais importantes, como hemorragia, oclusão intestinal, dor ou a já mencionada transformação maligna. Na maioria dos casos, são descobertas casuais em uma colonoscopia realizada por rastreamento ou por sintomas ou sinais inespecíficos, sem relação clara com a presença deles. Entre as manifestações clínicas que se associam com a presença de pólipos, cabe destacar as perdas sanguíneas, que costumam ser muito escassas e podem fazer-se evidentes, mediante teste de sangue oculto nas fezes nos programas de prevenção de CCR. Em geral, os sintomas produzidos pelas lesões epiteliais do cólon estão condicionados por tamanho, localização e número, assim como por suas características histológicas. Os pólipos colônicos podem ter diferentes composições anatomopatológicas, apresentando-se de maneira isolada, em pequeno número ou múltiplos. As duas principais classes histológicas de lesões colorretais pré-neoplásicas são os adenomas convencionais e as lesões serrilhadas. Os adenomas, por sua vez, podem classificar-se histologicamente em tubulares, tubulovilosos e vilosos, com base na porcentagem do componente viloso do pólipo. Todos os adenomas, por definição, possuem displasias citológicas, que podem, se dividir em displasia de baixo e alto grau. A probabilidade de displasia de alto grau e de transformação maligna aumenta com o tamanho do pólipo, fundamentalmente quando são maiores que 1 cm, com um componente viloso e em pacientes com idade acima de 60 anos. Tradicionalmente, os pólipos hiperplásicos (PH) eram considerados lesões inócuas, sem potencial maligno, e acreditava-se que os pólipos adenomatosos ou adenomas eram as únicas lesões precursoras de CCR esporádico, por meio de uma sequência bem definida de trocas moleculares e genéticas mediante a via da instabilidade cromossômica. Nos últimos anos esse paradigma tem mudado: atualmente sabe-se que nem todos os CCR esporádicos se desenvolvem por meio dessa sequência. Considera-se que os PH são parte de um grupo heterogêneo denominado pólipos serrilhados, por uma aparência de “dentes de serra” das criptas colônicas, que incluem lesões pré-malignas. DETECÇÃO ENDOSCÓPICA E CARACTERIZAÇÃO Detecção: detectando-se uma área anormal na superfície mucosa sem magnificação nem cromoscopia por qualquer dos seguintes elementos: 1. Elevação ou depressão evidente; 2. Descoloração da mucosa; 3. Interrupção do curso de capilares superficiais. Classificação de Paris: diferenciação de lesão polipóide e não polipóide. Utilização de magnificação e a cromoendoscopia, sendo essa associação de grande utilidade na área da endoscopia avançada, uma ferramenta amplamente utilizada para otimizar a detecção e a caracterização das lesões mucosas colorretais. Atualmente, há duas modalidades de uso da endoscopia com magnificação: a cromoendoscopia convencional, na qual se usa uma substância corante (índigo-carmim ou cresil-violeta) para delinear o padrão mucoso, e a cromoendoscopia virtual, na qual se utiliza uma tecnologia eletrônica de realce de imagem, em tempo real, que permite destacar os vasos da superfície mucosa e a superfície da mucosa. Classificação de Kudo: baseada no padrão das criptas (pit pattern), é empregada para os pólipos de cólon que descrevem padrões de superfície mediante endoscopia magnificada após a coloração com índigo-carmim ou cresil-violeta, e é a que se utiliza, com maior fre quência, para a caracterização das lesões. Sensibilidade de 89% e especificidade de 85,7%. Classificação do padrão capilar de Sano-Emura: mostra a relação entre o calibre dos capilares e o tipo de lesão. OS capilares invisíveis ou pouco visíveis são mais frequentes nos pólipos hiperplásicos, os capilares finos são mais comuns nos adenomas com displasia de baixo grau e os capilares de maior calibre e mais tortuosos estão presentes em lesões mais avançadas. Classificação de NICE: predizer o tipo histológico das lesões pré-neoplásicas (adenomas convencionais e lesões serrilhadas). Analisa de acordo com a coloração, a vasculatura e o padrão mucoso da superfície. Sensibilidade de 96% e especificidade de 92% para diferenciar adenomas e pólipos hiperplásicos. TRATAMENTO A polipectomia deve ser realizada sempre que as características do pólipo a permita e que o benefício do procedimento supere os potenciais riscos. Para isso, deve realizar-se a detecção e a adequada caracterização das lesões, utilizando o endoscopista sua perícia e os complementos técnicos que estejam a seu alcance, com a finalidade de otimizar esse objetivo. O tamanho, a localização e a morfologia, com os padrões mucosos e vasculares, poderão ser fatores limitantes para o procedimento terapêutico. Contraindicações: pacientes com tratamento anticoagulante ativo, INR > 1,5, em uso de Clopidogrel ou com inadequada preparaçãodo cólon, deveriam ter reprogramado o procedimento para realizá-lo em condições ideais. Lesões que ocupam mais de um terço da circunferência colônica, englobam duas haustrações contíguas, não permitem a correta identificação da base de implantação, que comprometam o óstio apendicular ou que não possam posicionar adequadamente o endoscópio diante da lesão, a ressecção endoscópica não deveria ser realizada. Em virtude dos recursos e da expertise do endoscopista, algumas dessas dificuldades poderão ser superadas. Polipectomia: Deve-se avaliar a morfologia superficial da lesão mediante a classificação de Paris e, dessa maneira, as lesões neoplásicas superficiais classificam-se em polipóides e não polipóides. Tratamento dos tipos 0-Ip (pediculadas), 0-Is (sésseis) e 0-Isp (subpediculadas). A escolha correta da técnica de ressecção é fundamental para conseguir a remoção completa da lesão e diminuir, assim, o risco de recidiva e a prevalência do câncer de intervalo. A utilização das técnicas de magnificação, bem como a cromoendoscopia convencional ou virtual, e as classificações resultantes delas, como as de Kudo, Sano-Emura e NICE, contribuem para melhor avaliação sobre o risco de invasão submucosa das lesões e otimizam as decisões sobre o manejo endoscópico. As lesões polipóides pediculadas (0-Ip) são extraídas com alça quente. O corte deve realizar-se aproximadamente no terço médio do pedículo, de maneira a evitar, por um lado, a extração incompleta da lesão, e por outro, o risco de perfuração. Para aquelas que apresentem pedículos grossos de 1 cm ou mais, sugere-se avaliar a injeção do mesmo com solução de adrenalina diluída 1 em 10.000 para diminuir o risco de sangramento. As lesões polipóides sésseis (0-Is) menores que 5 mm podem ser ressecadas mediante a utilização de alça fria. É importante destacar que não se recomenda a utilização de pinça de biópsia para lesões maiores que 5 mm, pelo alto risco de ressecção incompleta e que, eventualmente, poderia utilizar-se de pinça de biópsia para a remoção de lesões com até 3 mm, enquanto as lesões com 4 e 5 mm poderiam ser retiradas com alça fria. Quando for usada alça fria, recomenda-se laçar a lesão com uma margem circunferencial de 1 a 2 mm, com o objetivo de minimizar o risco de lesão residual. As lesões sésseis entre 5 e 10 mm podem ser ressecadas com alça fria ou quente (eletrocoagulação). Aqueles pólipos >10 mm devem ser extraídos com alça quente. Nessas lesões e em outras de menor tamanho, fundamentalmente localizadas no cólon ascendente, ou quando a caracterização do pólipo sugira risco de invasão submucosa, deve-se considerar a técnica de mucosectomia. Esta consiste na injeção na base da lesão, de proximal a distal, com solução fisiológica ou de adrenalina (diluída 1 em 10.000 ou 1 em 20.000), com a finalidade de elevar a lesão e facilitar o enlace, com posterior ressecção e redução do risco de sangramento e perfuração. Para lesões acima de 20 mm, recomenda-se a técnica de mucosectomia em fragmentos(piecemeal). Caso não seja possível a elevação (lifting negativo ou non-lifting sign), não se deve realizar a ressecção, já que isso poderá significar invasão submucosa, no entanto, também poderá equivaler à fibrose causada por biópsias prévias ou técnica de injeção inadequada. Quando o endoscopista observar lesão residual no momento da polipectomia, deve-se tentar a retirada da lesão remanescente com alça quente sempre que for possível ou utilizar plasma de argônio no tecido residual/recorrente. Tanto neste último caso como na remoção em piecemeal há aumento do risco de recidiva, de maneira que a colonoscopia de seguimento deverá ser realizada entre três e seis meses, e se considerará a marcação com tinta da índia para facilitar a localização do procedimento no estudo posterior. Finalmente, resulta de vital importância a recuperação do material, tanto para avaliar a remoção completa como para classificar anatomopatologicamente a lesão. Tecnicamente, isso pode-se conseguir mediante a aspiração direta em caso de lesões pequenas ou com a utilização de cestas tipo Roth Net. Complicações: sangramento e a perfuração. Resumo: 2º mais comum em homens e mulheres (próstata e mama). Prevenção: lesões precursoras → adenomas e lesões serrilhadas. - Adenomas: tubulares, tubulovilosos e vilosos. - Lesões serrilhadas: cacho de uva, minoria. Chance maior de invadir a submucosa. Ulceram, invadem e malignizam mais. Mais do lado esquerdo (sigmóide e reto). Adenoma avançado: >1cm, displasia de alto grau, componente viloso. Câncer de intervalo: entre duas colonoscopias de vigilância. Pólipos perdidos, via do CA dnv, ressecção incompleta. Screening: - Indicação: 45-50 anos. Se antecedente familiar de câncer com menos de 60 anos → 10 anos antes da idade. Pesquisa de sangue oculto: FIT Testes de rastreamento: Invasivos: - Colonoscopia - Retossigmoidoscopia Não invasivos: - PSOF: gFOBT, FIT, DNA fecal - Radiológicos: colonografia por TC (virtual), cápsula de cólon - Detecção da mutação na metilação Septin9 → teste genético Follow-up: Pólipos hiperplásicos: glândulas hiperplasiadas. Piecemeal: pólipo retirado em pedaços. Colonoscopia: Ânus: linha pectínea → para cima é mucosa do reto. Reto: 2-3 válvulas → segunda marca o início do retroperitoneal. Sigmóide: padrão em sigma. Descendente - Ângulo esplênico: impressão do baço (variações). Transverso: padrão em T - Ângulo hepático: impressão do fígado Ascendente → válvula ileocecal Ceco: confluência das tênias, óstio apendicular Manobra de retroversão: íleo terminal → vilosidades.
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