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Transtornos de Ansiedade

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1 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
OBJETIVO 01: CARACTERIZAR O TRANSTORNO 
DE ANSIEDADE GENERALIZADA(TAG) 
É provavelmente o transtorno de ansiedade mais comum 
entre as pessoas que procuram um serviço de atenção 
primária. Consiste em uma preocupação excessiva e 
abrangente, acompanhada por uma variedade de sintomas 
somáticos, que causa comprometimento significativo no 
funcionamento sócio-ocupacional ou acentuado 
sofrimento. Não ocorre exclusivamente, nem mesmo de 
modo preferencial, em uma determinada situação, a 
ansiedade tem caráter “flutuante”. 
EPIDEMIOLOGIA 
A prevalência anual é de 3 a 8%, e é mais frequente em 
mulheres (2:1), com início na segunda década de vida. 
Muitas vezes, está relacionado a situações de vida de 
estresse constante. Apenas um terço dos pacientes 
procuram atendimento psiquiátrico. 
A prevalência de 12 meses do transtorno de ansiedade 
generalizada é de 0,9% entre adolescentes e de 2,9% entre 
adultos na comunidade em geral nos Estados Unidos. A 
prevalência de 12 meses para o transtorno em outros 
países varia de 0,4 a 3,6%. O risco de morbidade durante a 
vida é de 9%. Indivíduos do sexo feminino têm duas vezes 
mais probabilidade do que os do masculino de 
experimentar transtorno de ansiedade generalizada. A 
prevalência do diagnóstico tem seu pico na meia-idade e 
declina ao longo dos últimos anos de vida. Os indivíduos de 
descendência europeia tendem a experimentar o 
transtorno de ansiedade generalizada com mais frequência 
do que os descendentes de não europeus (i.e., asiáticos, 
africanos, nativos americanos e das ilhas do Pacífico). Além 
disso, indivíduos de países desenvolvidos têm maior 
probabilidade do que os de países não desenvolvidos de 
relatar que experimentaram sintomas que satisfazem os 
critérios para transtorno de ansiedade generalizada 
durante a vida. 
Em contextos clínicos, o transtorno de ansiedade 
generalizada é diagnosticado com frequência um pouco 
maior no sexo feminino do que no masculino (cerca de 55 a 
60% dos indivíduos que se apresentam com o transtorno 
são do sexo feminino). Em estudos epidemiológicos, 
aproximadamente dois terços são do sexo feminino. Os 
indivíduos de ambos os sexos que experimentam o 
transtorno de ansiedade generalizada parecem ter 
sintomas similares, mas demonstram padrões diferentes de 
comorbidade compatíveis com as diferenças de gênero na 
prevalência dos transtornos. No sexo feminino, a 
comorbidade está em grande parte confinada a transtornos 
de ansiedade e depressão unipolar, enquanto, no 
masculino, a comorbidade tem mais probabilidade de 
também se estender aos transtornos por uso de 
substâncias. 
 ETIOLOGIA 
Neurotransmissores serotoninérgicos e gabaérgicos 
parecem estar envolvidos. Estudos de neuroimagem 
indicam que o lobo occipital, assim como o sistema límbico 
e o córtex frontal, está relacionado ao transtorno. Observa-
se uma taxa de concordância entre gêmeos monozigóticos 
de 50%, e 25% entre parentes de primeiro grau. Teorias 
psicossociais estariam associadas à hipótese de que os 
pacientes estejam respondendo incorretamente aos 
perigos que percebem, ou ainda, que os sintomas de 
ansiedade estão relacionados a conflitos inconscientes não 
solucionados. 
FATORES DE RISCO E PROGNÓSTICO 
Temperamentais. Inibição comportamental, afetividade 
negativa (neuroticismo) e evitação de danos foram 
associadas ao transtorno de ansiedade generalizada. 
Ambientais. Embora as adversidades na infância e a 
superproteção parental tenham sido associadas ao 
transtorno de ansiedade generalizada, não foram 
identificados fatores ambientais específicos para o 
transtorno ou necessários ou suficientes para fazer o 
diagnóstico. 
Genéticos e fisiológicos. Um terço do risco de experimentar 
transtorno de ansiedade generalizada é genético. Os 
fatores genéticos se sobrepõem ao risco de neuroticismo e 
são compartilhados com outros transtornos de ansiedade e 
humor, particularmente o transtorno depressivo maior. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
O quadro clínico é caracterizado por ansiedade 
generalizada e persistente, não restrita a uma situação 
ambiental ou objeto específico, acompanhada de queixas 
clínicas que envolvem três áreas principais: - tensão 
motora: tremor, abalos, tensão muscular, inquietação, 
fadiga fácil, dores; - hiperatividade autonômica: 
palpitações, sensação de asfixia, sudorese, mãos frias e 
úmidas, dificuldade de deglutir, sensação de nó na 
garganta; - vigilância: impaciência, sobressaltos, sensação 
de incapacidade, dificuldade de concentração, insônia, 
irritabilidade, lapsos de memória. 
As características essenciais do transtorno de ansiedade 
generalizada são ansiedade e preocupação excessivas 
(expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou 
atividades. A intensidade, duração ou frequência da 
ansiedade e preocupação é desproporcional à 
probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado. O 
 
2 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
indivíduo tem dificuldade de controlar a preocupação e de 
evitar que pensamentos preocupantes interfiram na 
atenção às tarefas em questão. 
Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada 
frequentemente se preocupam com circunstâncias diárias 
da rotina de vida, como possíveis responsabilidades no 
trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da 
família, desgraças com seus filhos ou questões menores (p. 
ex., realizar as tarefas domésticas ou se atrasar para 
compromissos). As crianças com o transtorno tendem a se 
preocupar excessivamente com sua competência ou a 
qualidade de seu desempenho. Durante o curso do 
transtorno, o foco da preocupação pode mudar de uma 
preocupação para outra. Várias características distinguem o 
transtorno de ansiedade generalizada da ansiedade não 
patológica. Primeiro, as preocupações associadas ao 
transtorno de ansiedade generalizada são excessivas e 
geralmente interferem de forma significativa no 
funcionamento psicossocial, enquanto as preocupações da 
vida diária não são excessivas e são percebidas como mais 
manejáveis, podendo ser adiadas quando surgem questões 
mais prementes. 
Segundo, as preocupações associadas ao transtorno de 
ansiedade generalizada são mais disseminadas, intensas e 
angustiantes; têm maior duração; e frequentemente 
ocorrem sem precipitantes. Quanto maior a variação das 
circunstâncias de vida sobre as quais a pessoa se preocupa 
(p. ex., finanças, segurança dos filhos, desempenho no 
trabalho), mais provavelmente seus sintomas satisfazem os 
critérios para transtorno de ansiedade generalizada. 
Terceiro, as preocupações diárias são muito menos 
prováveis de ser acompanhadas por sintomas físicos (p. ex., 
inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da 
pele). Os indivíduos com transtorno de ansiedade 
generalizada relatam sofrimento subjetivo devido à 
preocupação constante e prejuízo relacionado ao 
funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes de sua vida. A ansiedade e a preocupação são 
acompanhadas por pelo menos três dos seguintes sintomas 
adicionais: inquietação ou sensação de estar com os nervos 
à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade de concentrar-se 
ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão 
muscular, perturbação do sono, embora apenas um 
sintoma adicional seja exigido para crianças. 
Pode haver tremores, contrações, abalos e dores 
musculares, nervosismo ou irritabilidade associados a 
tensão muscular. Muitos indivíduos com transtorno de 
ansiedade generalizada também experimentam sintomas 
somáticos (p. ex., sudorese, náusea, diarreia) e uma 
resposta de sobressalto exagerada. Sintomas de 
excitabilidadeautonômica aumentada (p. ex., batimentos 
cardíacos acelerados, falta de ar, tonturas) são menos 
proeminentes no transtorno de ansiedade generalizada do 
que em outros transtornos de ansiedade, tais como o 
transtorno de pânico. Outras condições que podem estar 
associadas ao estresse (p. ex., síndrome do intestino 
irritável, cefaleia) frequentemente acompanham o 
transtorno. 
A preocupação excessiva prejudica a capacidade do 
indivíduo de fazer as coisas de forma rápida e eficiente, seja 
em casa, seja no trabalho. A preocupação toma tempo e 
energia; os sintomas associados de tensão muscular e 
sensação de estar com os nervos à flor da pele, cansaço, 
dificuldade em concentrar-se e perturbação do sono 
contribuem para o prejuízo. A preocupação excessiva pode 
prejudicar de forma importante a capacidade desses 
indivíduos de incentivar o sentimento de confiança em seus 
filhos. O transtorno de ansiedade generalizada está 
associado a incapacidade e sofrimento significativos que 
são independentes dos transtornos comórbidos, e a 
maioria dos adultos não institucionalizados com o 
transtorno tem incapacidade moderada a grave. O 
transtorno corresponde a 110 milhões de dias de 
incapacidade por ano na população norte-americana. 
DIAGNÓSTICO 
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa 
apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 
seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como 
desempenho escolar ou profissional). 
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. 
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três 
(ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos 
alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis 
meses). 
Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da 
pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou 
sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. 
Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em 
conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e 
inquieto). 
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos 
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no 
funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de 
uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a 
outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). 
 
3 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação 
quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, 
avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia 
social], contaminação ou outras obsessões no transtorno 
obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no 
transtorno de ansiedade de separação, lembranças de 
eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-
traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas 
físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de 
problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, 
ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de 
doença ou o conteúdo de crenças delirantes na 
esquizofrenia ou transtorno delirante). 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. 
O diagnóstico de transtorno de ansiedade devido a outra 
condição médica deve ser dado se a ansiedade e a 
preocupação são consideradas, com base na história, em 
achados laboratoriais ou em exame físico, efeito fisiológico 
de outra condição médica específica (p. ex., 
feocromocitoma, hipertireoidismo). 
Transtorno de ansiedade induzido por 
substância/medicamento. Um transtorno de ansiedade 
induzido por substância/medicamento se diferencia do 
transtorno de ansiedade generalizada pelo fato de que uma 
substância ou medicamento (p. ex., droga de abuso, 
exposição a uma toxina) está etiologicamente relacionada 
com a ansiedade. Por exemplo, a ansiedade grave que 
ocorre apenas no contexto de consumo pesado de café 
seria diagnosticada como transtorno de ansiedade induzido 
por cafeína. 
Transtorno de ansiedade social. Os indivíduos com 
transtorno de ansiedade social frequentemente têm 
ansiedade antecipatória que está focada nas próximas 
situações sociais em que devem apresentar um 
desempenho ou ser avaliados por outros, enquanto aqueles 
com transtorno de ansiedade generalizada se preocupam 
independentemente de estarem ou não sendo avaliados. 
Transtorno obsessivo-compulsivo. Diversas características 
distinguem a preocupação excessiva do transtorno de 
ansiedade generalizada dos pensamentos obsessivos do 
transtorno obsessivo-compulsivo. No transtorno de 
ansiedade generalizada, o foco da preocupação são os 
problemas que estão por vir, e a anormalidade é o excesso 
de preocupação acerca dos eventos futuros. No transtorno 
obsessivo-compulsivo, as obsessões são ideias inadequadas 
que assumem a forma de pensamentos, impulsos ou 
imagens intrusivos e indesejados. 
Transtorno de estresse pós-traumático e transtornos de 
adaptação. A ansiedade está invariavelmente presente no 
transtorno de estresse pós-traumático. O transtorno de 
ansiedade generalizada não é diagnosticado se a ansiedade 
e a preocupação são mais bem explicadas por sintomas de 
TEPT. A ansiedade também pode estar presente no 
transtorno de adaptação, mas essa categoria residual deve 
ser usada apenas quando os critérios não são satisfeitos 
para qualquer outro transtorno (incluindo o transtorno de 
ansiedade generalizada). Além disso, nos transtornos de 
adaptação, a ansiedade ocorre em resposta a um estressor 
identificável dentro de três meses do início do estressor e 
não persiste por mais de seis meses após o término do 
estressor e das suas consequências. 
Transtornos depressivo, bipolar e psicótico. A ansiedade 
generalizada/medo é uma característica em geral associada 
dos transtornos depressivo, bipolar e psicótico e não deve 
ser diagnosticada separadamente se a preocupação 
excessiva ocorreu exclusivamente durante o curso dessas 
condições. 
PROGNÓSTICO E TRATAMENTO 
O curso tende a ser crônico e flutuante. Em casos leves, os 
pacientes podem ser encaminhados para psicoterapia, 
muitas vezes sem que seja necessária intervenção 
medicamentosa. Orientações gerais como a prática de 
exercícios e redução do uso de cafeína e álcool também 
podem ser úteis. O tratamento medicamentoso é baseado 
no uso de antidepressivos tricíclicos. Benzodiazepínicos 
podem ser utilizados em associação, com o cuidado de 
reduzir a dose ou descontinuar gradativamente após 2-3 
semanas. Usar a menor dose eficaz no alívio da ansiedade e 
optar por medicações de meia-vida mais longa, como o 
diazepam, pois são mais fáceis de retirar. Buspirona e ISRS 
também podem ser usados. A duração do tratamento pode 
ser longa, em alguns casos por toda a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
TRANSTORNO DO PÂNICO 
O transtorno do pânico se caracteriza pela ocorrência 
espontânea, inesperada de ataques de pânico, de forma 
recorrente. Os ataques de pânico são ataques agudos e 
graves de ansiedade, de curta duração, e seus sintomas 
podem ser confundidos com outras condições clínicas. Por 
este motivo, os pacientes frequentemente procuram 
serviços de emergência clínica. O transtorno do pânico 
costuma ser acompanhado por agorafobia, isto é, medo de 
estar sozinho em locais públicos – especialmente aqueles 
onde sair possa ser difícil ou o auxílio pode não estar 
disponível, caso sobrevenha um ataque de pânico. 
EPIDEMIOLOGIA 
O transtorno de pânico apresentauma prevalência de 1,5 a 
5% e os ataques de pânico, de 3 a 5,6%, durante o período 
de vida. É mais frequente em mulheres (2:1) e a idade 
média de início é de 25 anos. O único fator social 
identificado que parece estar envolvido no 
desenvolvimento do transtorno é história recente de 
divórcio. A prevalência de agorafobia é de 0,6 a 6% e pode 
estar presente sem que haja transtorno de pânico 
associado. Em muitos casos, o início do quadro pode estar 
relacionado a um evento traumático. Frequentemente, 
outros transtornos mentais, como depressão, risco de 
suicídio e abuso de substâncias, podem estar associados. 
ETIOLOGIA 
Alguns pacientes apresentam tônus simpático aumentado. 
Os principais neurotransmissores envolvidos são 
norepinefrina, serotonina e GABA. Algumas substâncias 
podem induzir os ataques de pânico em indivíduos 
portadores deste transtorno. Algumas dessas substâncias, 
também chamadas panicogênicas, são: dióxido de carbono, 
bicarbonato e lactato. Estudos com neuroimagem parecem 
indicar alterações nos lobos temporais, principalmente 
atrofia do lobo temporal direito. Quanto aos fatores 
genéticos, observou-se um aumento de quatro a oito vezes 
no risco de parentes de pacientes com transtorno do 
pânico, em comparação aos parentes em primeiro grau de 
outros pacientes psiquiátricos. Mecanismos psicodinâmicos 
de defesa, como a regressão, também parecem estar 
relacionados 
FATORES DE RISCO 
Temperamentais. Afetividade negativa (neuroticismo) (i.e., 
propensão a experimentar emoções negativas) e 
sensibilidade à ansiedade (i.e., disposição a acreditar que os 
sintomas de ansiedade são prejudiciais) são fatores de risco 
para o início de ataques de pânico e, separadamente, para 
preocupação acerca do pânico, embora seu status de risco 
para o diagnóstico de transtorno de pânico seja 
desconhecido. História de “períodos de medo” (i.e., 
ataques com sintomas limitados que não satisfazem todos 
os critérios para um ataque de pânico) pode ser um fator 
de risco para ataques de pânico posteriores e transtorno de 
pânico. Embora a ansiedade de separação na infância, 
especialmente quando grave, possa preceder o 
desenvolvimento posterior de transtorno de pânico, não se 
trata de um fator de risco consistente. 
Ambientais. Relatos de experiências infantis de abuso 
sexual e físico são mais comuns no transtorno de pânico do 
que em alguns outros transtornos de ansiedade. Fumar é 
um fator de risco para ataques de pânico e para o 
transtorno. A maioria dos indivíduos relata estressores 
identificáveis nos meses anteriores ao seu primeiro ataque 
de pânico (p. ex., estressores interpessoais e estressores 
relacionados ao bem-estar físico, como experiências 
negativas com drogas ilícitas ou de prescrição, doença ou 
morte na família). 
Genéticos e fisiológicos. Acredita-se que múltiplos genes 
confiram vulnerabilidade ao transtorno de pânico. No 
entanto, os genes exatos, produtos de genes ou funções 
relacionadas às regiões genéticas implicadas permanecem 
desconhecidos. Os modelos atuais dos sistemas neurais 
para o transtorno de pânico enfatizam a amígdala e 
estruturas relacionadas, assim como em outros transtornos 
de ansiedade. Existe risco aumentado para transtorno de 
pânico entre filhos de pais com transtornos de ansiedade, 
depressivo e bipolar. Distúrbios respiratórios, como asma, 
estão associados ao transtorno de pânico, em termos de 
história passada, comorbidade e história familiar. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
O primeiro ataque de pânico, na maioria das vezes, ocorre 
de forma completamente espontânea. No entanto, pode 
ter início após exercício físico, trauma emocional, atividade 
sexual, ou uso de substâncias, como cafeína, álcool e 
outras. Frequentemente, tem duração de 
aproximadamente vinte a trinta minutos, com rápida 
progressão dos sintomas, atingindo o máximo de sua 
intensidade em dez minutos. Raramente ultrapassam uma 
hora. Os sintomas psíquicos principais são: extremo medo e 
sensação de morte e catástrofe iminentes; medo de 
enlouquecer ou perder o controle, desrealização e 
despersonalização. Os sintomas físicos incluem palpitações, 
sudorese, tremores, boca seca, calafrios ou sensações de 
calor, sensação de falta de ar ou de asfixia, dor ou 
desconforto torácico, náusea ou dor abdominal, tontura e 
parestesias. 
O paciente abandona qualquer atividade que esteja 
fazendo para procurar ajuda. Podem se preocupar com a 
 
5 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
possibilidade de estarem tendo problemas cardíacos; em 
20% dos casos pode haver síncope. Na agorafobia, os 
pacientes apresentam ansiedade em situações nas quais 
possa ser difícil obter socorro (lojas, espaços abertos etc.), 
ou em que o auxílio pode não estar disponível, preferindo 
estar sempre acompanhados por amigos ou familiares. As 
situações agorafóbicas são evitadas ou suportadas com 
acentuado sofrimento. 
Transtorno de pânico se refere a ataques de pânico 
inesperados recorrentes (Critério A). Um ataque de pânico 
é um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que 
alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem 
quatro ou mais de uma lista de 13 sintomas físicos e 
cognitivos. 
O termo recorrente significa literalmente mais de um 
ataque de pânico inesperado. O termo inesperado se refere 
a um ataque de pânico para o qual não existe um indício ou 
desencadeante óbvio no momento da ocorrência – ou seja, 
o ataque parece vir do nada, como quando o indivíduo está 
relaxando ou emergindo do sono (ataque de pânico 
noturno). Em contraste, os ataques de pânico esperados 
são ataques para os quais existe um indício ou 
desencadeante óbvio, como uma situação em que os 
ataques de pânico ocorrem geralmente. 
A determinação de os ataques de pânico serem esperados 
ou inesperados é feita pelo clínico, que faz esse julgamento 
com base na combinação de um questionamento cuidadoso 
quanto à sequência dos eventos que precederam ou 
conduziram ao ataque e do próprio julgamento do 
indivíduo do quanto o ataque lhe pareceu ocorrer sem 
razão aparente. 
As interpretações culturais podem influenciar a designação 
do ataque de pânico como esperado ou inesperado. 
Nos Estados Unidos e na Europa, aproximadamente metade 
dos indivíduos com transtorno de pânico tem ataques de 
pânico esperados tanto quanto ataques inesperados. 
Assim, a presença de ataques de pânico esperados não 
exclui o diagnóstico de transtorno de pânico. Para mais 
detalhes referentes a ataques de pânico esperados versus 
inesperados, ver o texto que acompanha ataques de 
pânico. 
A frequência e a gravidade dos ataques de pânico variam 
de forma considerável. Em termos de frequência, pode 
haver ataques moderadamente frequentes (p. ex., um por 
semana) durante meses, pequenos surtos de ataques mais 
frequentes (p. ex., todos os dias) separadas por semanas, 
meses sem ataques ou ataques menos frequentes (p. ex., 
dois por mês) durante muitos anos. 
As pessoas que têm ataques de pânico infrequentes se 
parecem com as pessoas com ataques de pânico mais 
frequentes em termos de sintomas do ataque, 
características demográficas, comorbidade com outros 
transtornos, história familiar e dados biológicos. Em termos 
de gravidade, os indivíduos com transtorno de pânico 
podem ter ataques com sintomas completos (quatro ou 
mais sintomas) ou com sintomas limitados (menos de 
quatro sintomas), e o número e o tipo de sintomas do 
ataque de pânico frequentemente diferem de um ataque 
de pânico para o seguinte. 
No entanto, é necessário mais de um ataque de pânico 
completo inesperado para o diagnóstico de transtorno de 
pânico. As preocupações acerca dos ataques de pânico ou 
de suas consequências geralmente relacionam-se a 
preocupações físicas, como a preocupação deque os 
ataques de pânico reflitam a presença de doenças 
ameaçadoras à vida (p. ex., doença cardíaca, transtorno 
convulsivo); preocupações pessoais, como constrangimento 
ou medo de ser julgado negativamente pelos outros devido 
aos sintomas visíveis de pânico; e preocupações acerca do 
funcionamento mental, como “enlouquecer” ou perder o 
controle (Critério B). 
As mudanças desadaptativas no comportamento 
representam as tentativas de minimizar ou evitar os 
ataques de pânico ou suas consequências. Os exemplos 
incluem a esquiva de esforço físico, reorganização da vida 
diária para garantir que haja ajuda disponível no caso de 
um ataque de pânico, restrição das atividades diárias 
habituais e esquiva de situações agorafóbicas, como sair de 
casa, usar transporte público ou fazer compras. Se a 
agorafobia está presente, um diagnóstico adicional de 
agorafobia é estabelecido. 
DIAGNÓSTICO 
A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um 
ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou 
desconforto intenso que alcança um pico em minutos e 
durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes 
sintomas: 
Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado 
calmo ou de um estado ansioso. 1. Palpitações, coração 
acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações 
de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou 
desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, 
instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas 
de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de 
formigamento). 11. Desrealização (sensações de 
irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar 
distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle 
 
6 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer. Nota: Podem ser 
vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na 
nuca, cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses 
sintomas não devem contar como um dos quatro sintomas 
exigidos. 
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou 
mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 1. 
Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques 
de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., 
perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 
2. Uma mudança desadaptativa significativa no 
comportamento relacionada aos ataques (p. ex., 
comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques 
de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações 
desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos 
efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., 
hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares). D. A 
perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental (p. ex., os ataques de pânico não 
ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, 
como no transtorno de ansiedade social; em resposta a 
objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia 
específica; em resposta a obsessões, como no transtorno 
obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos 
traumáticos, como no transtorno de estresse pós-
traumático; ou em resposta à separação de figuras de 
apego, como no transtorno de ansiedade de separação). 
DAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno 
de ansiedade não especificado. O transtorno de pânico não 
deve ser diagnosticado se nunca foram experimentados 
ataques de pânico com sintomas completos (inesperados). 
No caso de ataques de pânico inesperados apenas com 
sintomas limitados, um diagnóstico de outro transtorno de 
ansiedade especificado ou transtorno de ansiedade não 
especificado deve ser considerado. 
Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. 
O transtorno de pânico não é diagnosticado se os ataques 
de pânico são considerados consequência fisiológica direta 
de outra condição médica. Exemplos de condições médicas 
que podem causar ataques de pânico incluem 
hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, feocromocitoma, 
disfunções vestibulares, transtornos convulsivos e 
condições cardiopulmonares (p. ex., arritmias, taquicardia 
supraventricular, asma, doença pulmonar obstrutiva 
crônica [DPOC]). Testes laboratoriais apropriados (p. ex., 
níveis séricos de cálcio para hiperparatireoidismo; monitor 
Holter para arritmias) ou exame físico (p. ex., para 
condições cardíacas) podem ser úteis na determinação do 
papel etiológico de outra condição médica. 
Transtorno de ansiedade induzido por 
substância/medicamento. O transtorno de pânico não é 
diagnosticado se os ataques forem considerados 
consequência fisiológica direta de uma substância. 
Intoxicação por estimulantes do sistema nervoso central (p. 
ex., cocaína, anfetaminas, cafeína) ou Cannabis e 
abstinência de depressores do sistema nervoso central (p. 
ex., álcool, barbitúricos) podem precipitar um ataque de 
pânico. Entretanto, se os ataques continuam a ocorrer fora 
do contexto do uso da substância (p. ex., muito tempo 
depois que terminaram os efeitos da intoxicação ou 
abstinência), um diagnóstico de transtorno de pânico deve 
ser considerado. Além disso, como o transtorno pode 
preceder o uso da substância em alguns indivíduos e pode 
estar associado a aumento no seu uso, especialmente com 
fins de automedicação, uma história detalhada deve ser 
colhida para determinar se o indivíduo teve ataques de 
pânico antes do uso excessivo da substância. Nesse caso, 
um diagnóstico de transtorno de pânico deve ser 
considerado além de um diagnóstico de transtorno por uso 
de substância. Características como o início após a idade de 
45 anos ou a presença de sintomas atípicos durante um 
ataque de pânico (p. ex., vertigem, perda da consciência, 
perda de controle esfincteriano, fala confusa, amnésia) 
sugerem a possibilidade de que outra condição médica ou 
uma substância possam estar causando os sintomas de 
ataque de pânico. 
Outros transtornos mentais com ataques de pânico como 
característica associada (p. ex., outros transtornos de 
ansiedade e transtornos psicóticos). Os ataques de pânico 
que ocorrem como sintoma de outros transtornos de 
ansiedade são esperados (p. ex., desencadeados por 
situações sociais no transtorno de ansiedade social, por 
objetos ou situações fóbicas em fobia específica ou 
agorafobia, por preocupação no transtorno de ansiedade 
generalizada, por separação de casa e de figuras de apego 
no transtorno de ansiedade de separação) e, assim, não 
satisfariam os critérios para transtorno de pânico. (Nota: 
Ocasionalmente, um ataque de pânico inesperado está 
associado ao início de outro transtorno de ansiedade, mas 
então os ataques se tornam esperados, enquanto o 
transtorno de pânico é caracterizado por ataques de pânico 
inesperados recorrentes). Se os ataques de pânico ocorrem 
apenas em resposta a desencadeantes específicos, então 
somente o transtorno de ansiedade relevante é 
diagnosticado. No entanto, se o indivíduo também 
experimenta ataques de pânico inesperados e apresenta 
apreensão e preocupação persistentes ou mudança 
comportamental devido aos ataques, então um diagnóstico 
adicional de transtorno de pânico deve ser considerado. 
 
 
7 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
CURSO E TRATAMENTO 
O início ocorre geralmente na fase adulta, e o curso, na 
maioria das vezes, tende a ser crônico. O tratamento do 
ataque de pânico baseia-se no uso de antidepressivos, com 
atenção especial ao perfil de efeitos colaterais, visto que 
estes pacientes costumam ser mais sensíveis aos efeitos 
adversos. Por este motivo, prioriza-se,em geral, a 
farmacoterapia com inibidores de recaptação de serotonina 
(paroxetina e sertralina), em doses mais baixas do que as 
usadas nos transtornos depressivos. No entanto, tricíclicos 
também podem ser utilizados. Os benzodiazepínicos de 
ação curta, como o alprazolam, apresentam uma resposta 
rápida e, por isso, podem ser usados em curto prazo com 
coadjuvantes na fase inicial do tratamento. A duração do 
tratamento costuma ser de oito a doze meses após a 
melhora do quadro. Sempre que possível, é indicado 
orientar os pacientes a procurarem um tratamento 
psicoterápico. 
FOBIA SOCIAL 
Fobia social: medo excessivo de humilhação ou embaraço 
em vários contextos sociais – falar ou escrever em público, 
por exemplo. Pode ser circunscrita, isto é, ligada ao 
desempenho de uma situação determinada, como comer 
ou escrever em público; ou generalizada, quando os 
temores incluem a maioria das situações. 
EPIDEMIOLOGIA 
A estimativa de prevalência de 12 meses do transtorno de 
ansiedade social nos Estados Unidos é de 7%. As 
estimativas de prevalência de menos de 12 meses são 
vistas em muitas partes do mundo utilizando-se o mesmo 
instrumento diagnóstico, agregando em torno de 0,5 a 
2,0%; a prevalência média na Europa é de 2,3%. As taxas de 
prevalência de 12 meses em crianças e adolescentes são 
comparáveis às dos adultos e decrescem com a idade. A 
prevalência de 12 meses para adultos mais velhos varia de 
2 a 5%. Em geral, são encontradas taxas mais altas de 
transtorno de ansiedade social em indivíduos do sexo 
feminino do que nos do masculino na população em geral 
(com razão de chances [RC] variando de 1,5 a 2,2), e a 
diferença de gênero na prevalência é mais pronunciada em 
adolescentes e jovens adultos. As taxas de gênero são 
equivalentes ou um pouco mais altas para indivíduos do 
sexp masculino nas amostras clínicas, e presume-se que os 
papéis de gênero e as expectativas sociais desempenham 
um papel significativo na explicação do maior 
comportamento de busca de ajuda nesses pacientes. A 
prevalência nos Estados Unidos é mais alta nos índios 
americanos e mais baixa em pessoas de descendência 
asiática, latina, afro-americana e afro-caribenha em 
comparação com brancos não hispânicos. 
Indivíduos do sexo feminino com transtorno de ansiedade 
social relatam um número maior de medos e transtornos 
depressivo, bipolar e de ansiedade comórbidos, enquanto 
os do masculino têm mais probabilidade de ter medo de 
encontros, ter transtorno de oposição desafiante ou 
transtorno da conduta e usar álcool e drogas ilícitas para 
aliviar os sintomas do transtorno. A parurese é mais comum 
no sexo masculino 
O transtorno de ansiedade social está associado a taxas 
elevadas de evasão escolar e prejuízos no bem-estar, no 
emprego, na produtividade no ambiente de trabalho, no 
status socioeconômico e na qualidade de vida. O transtorno 
também está associado a ser solteiro, não casado ou 
divorciado e sem filhos, particularmente entre os homens. 
Em adultos mais velhos, pode haver prejuízo nas funções de 
cuidador e em atividades voluntárias. O transtorno também 
impede atividades de lazer. Apesar da extensão do 
sofrimento e do prejuízo social associados ao transtorno, 
apenas cerca da metade dos indivíduos com a doença nas 
sociedades ocidentais acaba buscando tratamento, e eles 
tendem a fazer isso somente depois de 15 a 20 anos com 
sintomas. Não estar empregado é um forte preditor para a 
persistência de transtorno de ansiedade social. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
A característica essencial do transtorno de ansiedade social 
é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de 
situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado 
pelos outros. Em crianças, o medo ou ansiedade deve 
ocorrer em contextos com os pares, e não apenas durante 
interações com adultos (Critério A). Quando exposto a 
essas situações sociais, o indivíduo tem medo de ser 
avaliado negativamente. Ele tem a preocupação de que 
será julgado como ansioso, débil, maluco, estúpido, 
enfadonho, amedrontado, sujo ou desagradável. O 
indivíduo teme agir ou aparecer de certa forma ou 
demonstrar sintomas de ansiedade, tais como ruborizar, 
tremer, transpirar, tropeçar nas palavras, que serão 
avaliados negativamente pelos demais (Critério B). 
Alguns têm medo de ofender os outros ou de ser rejeitados 
como consequência. O medo de ofender os outros – por 
exemplo, por meio de um olhar ou demonstrando sintomas 
de ansiedade – pode ser o medo predominante em pessoas 
de culturas com forte orientação coletivista. Um indivíduo 
com medo de tremer as mãos pode evitar beber, comer, 
escrever ou apontar em público; um com medo de 
transpirar pode evitar apertar mãos ou comer alimentos 
picantes; e um com medo de ruborizar pode evitar 
desempenho em público, luzes brilhantes ou discussão 
sobre tópicos íntimos. Alguns têm medo e evitam urinar em 
banheiros públicos quando outras pessoas estão presentes 
(i.e., parurese, ou “síndrome da bexiga tímida”). 
 
8 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
As situações sociais quase sempre provocam medo ou 
ansiedade (Critério C). Assim, um indivíduo que fica ansioso 
apenas ocasionalmente em situação(ões) social(is) não 
seria diagnosticado com transtorno de ansiedade social. 
Entretanto, o grau e o tipo de medo e ansiedade podem 
variar (p. ex., ansiedade antecipatória, ataque de pânico) 
em diferentes ocasiões. A ansiedade antecipatória pode 
ocorrer às vezes muito antes das próximas situações (p. ex., 
preocupar-se todos os dias durante semanas antes de 
participar de um evento social, repetir antecipadamente 
um discurso por dias). Em crianças, o medo ou ansiedade 
pode ser expresso por choro, ataques de raiva, 
imobilização, comportamento de agarrar-se ou encolher-se 
em situações sociais. 
Os indivíduos com frequência evitarão as situações sociais 
temidas ou então as suportarão com intenso medo ou 
ansiedade (Critério D). A esquiva pode ser abrangente (p. 
ex., não ir a festas, recusar a escola) ou sutil (p. ex., 
preparando excessivamente o texto de um discurso, 
desviando a atenção para os outros, limitando o contato 
visual). 
O medo ou ansiedade é julgado desproporcional ao risco 
real de ser avaliado negativamente ou às consequências 
dessa avaliação negativa (Critério E). Às vezes, a ansiedade 
pode não ser julgada excessiva porque está relacionada a 
um perigo real (p. ex., ser alvo de bullying ou atormentado 
pelos outros). No entanto, os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social com frequência superestimam as 
consequências negativas das situações sociais, e, assim, o 
julgamento quanto a ser desproporcional é feito pelo 
clínico. O contexto sociocultural do indivíduo precisa ser 
levado em conta quando está sendo feito esse julgamento. 
Por exemplo, em certas culturas, o comportamento que de 
outra forma parece socialmente ansioso pode ser 
considerado apropriado em situações sociais (p. ex., pode 
ser visto como um sinal de respeito). A duração do 
transtorno é geralmente de pelo menos seis meses (Critério 
F). Esse limiar de duração ajuda a diferenciar o transtorno 
dos medos sociais transitórios comuns, particularmente 
entre crianças e na comunidade. Contudo, o critério de 
duração deve ser usado como um guia geral, com a 
possibilidade de algum grau de flexibilidade. O medo, a 
ansiedade e a esquiva devem interferir significativamente 
na rotina normal do indivíduo, no funcionamento 
profissional ou acadêmico ou em atividades sociais ou 
relacionamentos ou deve causar sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes de sua vida 
(Critério G). 
Por exemplo, alguém que tem medo de falar em público 
não receberia um diagnósticode transtorno de ansiedade 
social se essa atividade não é rotineiramente encontrada 
no trabalho ou nas tarefas de classe e se o indivíduo não 
tem um sofrimento significativo a respeito disso. 
Entretanto, se evita ou ignora o trabalho ou educação que 
realmente deseja ter devido aos sintomas de ansiedade 
social, o Critério G é satisfeito. 
FATORES DE RISCO 
Temperamentais. Os traços subjacentes que predispõem os 
indivíduos ao transtorno de ansiedade social incluem 
inibição comportamental e medo de avaliação negativa. 
Ambientais. Não existe um papel causal dos maus-tratos na 
infância ou outra adversidade psicossocial com início 
precoce no desenvolvimento do transtorno de ansiedade 
social. Contudo, maus-tratos e adversidades na infância são 
fatores de risco para o transtorno. 
Genéticos e fisiológicos. Os traços que predispõem os 
indivíduos ao transtorno de ansiedade social, como inibição 
comportamental, são fortemente influenciados pela 
genética. Essa influência está sujeita à interação gene-
ambiente; ou seja, crianças com alta inibição 
comportamental são mais suscetíveis às influências 
ambientais, tais como um modelo socialmente ansioso por 
parte dos pais. Além disso, o transtorno de ansiedade social 
pode ser herdado (embora a ansiedade do tipo somente 
desempenho seja menos). Parentes de primeiro grau têm 
uma chance 2 a 6 vezes maior de ter o transtorno, e a 
propensão a ele envolve a interação de fatores específicos 
(p. ex., medo de avaliação negativa) e fatores genéticos não 
específicos (p. ex., neuroticismo). 
DIAGNÓSTICO 
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais 
situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível 
avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações 
sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas 
que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou 
bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. 
ex., proferir palestras). Nota: Em crianças, a ansiedade deve 
ocorrer em contextos que envolvem seus pares, e não 
apenas em interações com adultos. 
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas 
de ansiedade que serão avaliados negativamente (i.e., será 
humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou 
ofenderá a outros). 
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou 
ansiedade. Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode 
ser expresso chorando, com ataques de raiva, imobilidade, 
comportamento de agarrar-se, encolhendo-se ou 
fracassando em falar em situações sociais. 
 
9 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com 
intenso medo ou ansiedade. 
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real 
apresentada pela situação social e o contexto sociocultural. 
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente 
durando mais de seis meses. 
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento 
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida 
do indivíduo. 
H. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos 
efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou de outra condição médica. 
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado 
pelos sintomas de outro transtorno mental, como 
transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou 
transtorno do espectro autista. 
J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, 
obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) 
está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente 
não relacionado ou é excessivo. 
Especificar se: Somente desempenho: Se o medo está 
restrito à fala ou ao desempenhar em público. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Timidez normal. A timidez (i.e., reticência social) é um traço 
de personalidade comum e não é por si só patológica. Em 
algumas sociedades, a timidez é até avaliada 
positivamente. Entretanto, quando existe um impacto 
adverso significativo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, um 
diagnóstico de transtorno de ansiedade social deve ser 
considerado, e, quando são satisfeitos todos os critérios 
para transtorno de ansiedade social, o transtorno deve ser 
diagnosticado. Somente uma minoria (12%) dos indivíduos 
tímidos autoidentificados nos Estados Unidos tem sintomas 
que satisfazem os critérios diagnósticos para transtorno de 
ansiedade social. 
Agorafobia. Os indivíduos com agorafobia podem ter medo 
ou evitar situações sociais (p. ex., ir ao cinema) porque 
escapar pode ser difícil ou o auxílio pode não estar 
disponível no caso de incapacitação ou sintomas do tipo 
pânico, enquanto os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social têm mais medo da avaliação dos outros. 
Além disso, aqueles com transtorno de ansiedade social 
ficam normalmente calmos quando deixados inteiramente 
sozinhos, o que com frequência não é o caso na agorafobia. 
Transtorno de pânico. Os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social podem ter ataques de pânico, mas a 
preocupação está relacionada ao medo de avaliação 
negativa, enquanto no transtorno de pânico a preocupação 
se relaciona aos próprios ataques de pânico. 
Transtorno de ansiedade generalizada. Preocupações 
sociais são comuns no transtorno de ansiedade 
generalizada, mas o foco é mais na natureza das relações 
existentes do que no medo de avaliação negativa. Os 
indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada, 
particularmente crianças, podem ter preocupações 
excessivas acerca da qualidade do seu desempenho social, 
mas essas preocupações também são pertinentes ao 
desempenho não social e a quando o indivíduo não está 
sendo avaliado pelos outros. No transtorno de ansiedade 
social, as preocupações focam no desempenho social e na 
avaliação dos demais 
Transtorno de ansiedade de separação. Os indivíduos com 
transtorno de ansiedade de separação podem evitar 
contextos sociais (incluindo recusa à escola) devido às 
preocupações de serem separados das figuras de apego ou, 
em crianças, por demandarem a presença de um dos pais 
quando essa exigência não é apropriada ao seu estágio de 
desenvolvimento. Geralmente ficam confortáveis em 
contextos sociais quando sua figura de apego está presente 
ou quando estão em casa, enquanto aqueles com 
transtorno de ansiedade social podem ficar desconfortáveis 
quando ocorrem situações sociais em casa ou na presença 
das figuras de apego. 
Fobias específicas. Os indivíduos com fobias específicas 
podem ter medo de constrangimento ou humilhação (p. 
ex., vergonha de desmaiar quando lhes é tirado sangue), 
mas geralmente não têm medo de avaliação negativa em 
outras situações sociais. 
Mutismo seletivo. Os indivíduos com mutismo seletivo 
podem fracassar em falar devido ao medo de avaliação 
negativa, mas não têm medo de avaliação negativa em 
outras situações sociais em que não seja exigido falar (p. 
ex., um jogo não verbal). 
Transtorno depressivo maior. Os indivíduos com transtorno 
depressivo maior podem se preocupar em serem avaliados 
negativamente pelos outros porque acham que são maus 
ou não merecedores de que gostem deles. Em contraste, 
aqueles com transtorno de ansiedade social preocupam-se 
em serem avaliados negativamente devido a certos 
comportamentos sociais ou sintomas físicos. 
Transtorno dismórfico corporal. Os indivíduos com 
transtorno dismórfico corporal preocupam-se com a 
percepção de um ou mais defeitos ou falhas em sua 
 
10 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
aparência física que não são observáveis ou parecem leves 
para os outros; essa preocupação frequentementecausa 
ansiedade social e esquiva. Se seus medos e a esquiva 
social são causados apenas por suas crenças sobre sua 
aparência, um diagnóstico separado de transtorno de 
ansiedade social não se justifica. 
Transtorno delirante. Os indivíduos com transtorno 
delirante podem ter delírios e/ou alucinações não bizarros 
relacionados ao tema delirante que foca em ser rejeitado 
por ou em ofender os outros. Embora a extensão do insight 
das crenças acerca das situações sociais possa variar, 
muitos indivíduos com transtorno de ansiedade social têm 
bom insight de que suas crenças são desproporcionais à 
ameaça real apresentada pela situação social. 
 Transtorno do espectro autista. Ansiedade social e déficits 
na comunicação social são características do transtorno do 
espectro autista. Os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social geralmente têm relações sociais 
adequadas à idade e capacidade de comunicação, embora 
possam parecer ter prejuízo nessas áreas quando 
inicialmente interagem com pessoas ou adultos estranhos. 
Transtornos da personalidade. Dado seu frequente início na 
infância e sua persistência durante a idade adulta, o 
transtorno de ansiedade social pode se parecer com um 
transtorno da personalidade. A sobreposição mais evidente 
é com o transtorno da personalidade evitativa. Os 
indivíduos com esse transtorno têm um padrão mais amplo 
de esquiva do que aqueles com transtorno de ansiedade 
social. No entanto, o transtorno de ansiedade social é 
geralmente mais comórbido com o transtorno da 
personalidade evitativa do que com outros transtornos da 
personalidade, e o transtorno da personalidade evitativa é 
mais comórbido com o transtorno de ansiedade social do 
que com outros transtornos de ansiedade. 
Outros transtornos mentais. Medos sociais e desconforto 
podem ocorrer como parte da esquizofrenia, mas outras 
evidências de transtornos psicóticos costumam estar 
presentes. Em indivíduos com um transtorno alimentar, é 
importante determinar se o medo de avaliação negativa 
acerca dos sintomas ou comportamentos do transtorno 
alimentar (p. ex., purgação e vômitos) não é a única fonte 
de ansiedade social antes de estabelecer um diagnóstico de 
transtorno de ansiedade social. Igualmente, o transtorno 
obsessivo-compulsivo pode estar associado a ansiedade 
social, mas o diagnóstico adicional de transtorno de 
ansiedade social é usado apenas quando os medos sociais e 
a esquiva são independentes dos focos das obsessões e 
compulsões. 
Outras condições médicas. Condições médicas podem 
produzir sintomas constrangedores (p. ex., tremor na 
doença de Parkinson). Quando o medo de avaliação 
negativa devido a outras condições médicas é excessivo, 
um diagnóstico de transtorno de ansiedade social deve ser 
considerado. 
Transtorno de oposição desafiante. A recusa em falar 
devido à oposição a figuras de autoridade deve ser 
diferenciada do fracasso em falar devido ao medo de 
avaliação negativa 
FOBIA ESPECÍFICA 
Fobia específica: medo acentuado e persistente de objetos 
claramente discerníveis ou situações isoladas. Pode ser 
classificada em diversos tipos, segundo a situação fóbica. 
Uma característica essencial desse transtorno é que o medo 
ou ansiedade está circunscrito à presença de uma situação 
ou objeto particular (Critério A), que pode ser denominado 
estímulo fóbico. As categorias das situações ou objetos 
temidos são apresentadas como especificadores. 
Muitos indivíduos temem objetos ou situações de mais de 
uma categoria, ou estímulo fóbico. Para o diagnóstico de 
fobia específica, a resposta deve ser diferente dos medos 
normais transitórios que comumente ocorrem na 
população. Para satisfazer os critérios para um diagnóstico, 
o medo ou ansiedade deve ser intenso ou grave (i.e., 
“acentuado”) (Critério A). 
O grau do medo experimentado pode variar com a 
proximidade do objeto ou situação temida e pode ocorrer 
com a antecipação da presença ou na presença real do 
objeto ou situação. Além disso, o medo ou ansiedade pode 
assumir a forma de um ataque de pânico com sintomas 
completos ou limitados (i.e., ataque de pânico esperado). 
Outra característica das fobias específicas é que o medo ou 
ansiedade é evocado quase todas as vezes que o indivíduo 
entra em contato com o estímulo fóbico (Critério B). 
Assim, um indivíduo que fica ansioso apenas 
ocasionalmente ao ser confrontado com a situação ou 
objeto (p. ex., fica ansioso apenas em um de cada cinco 
voos que faz) não seria diagnosticado com fobia específica. 
Entretanto, o grau de medo ou ansiedade expresso pode 
variar (desde a ansiedade antecipatória até um ataque de 
pânico completo) nas diferentes ocasiões de encontro com 
o objeto ou situação fóbica devido a vários fatores 
contextuais, como a presença de outra pessoa, a duração 
da exposição, e a outros elementos ameaçadores, como 
turbulência em um voo para indivíduos que têm medo de 
voar. 
O medo e a ansiedade são com frequência expressos de 
formas diferentes entre crianças e adultos. Além disso, o 
medo ou ansiedade ocorre tão logo o objeto ou situação 
 
11 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
fóbica é encontrado (i.e., imediatamente, em vez de ser 
retardado). O indivíduo evita ativamente a situação, ou, se 
não consegue ou decide não evitá-la, a situação ou objeto 
evoca temor ou ansiedade intensos (Critério C). 
Esquiva ativa significa que o indivíduo intencionalmente se 
comporta de formas destinadas a prevenir ou minimizar o 
contato com objetos ou situações fóbicas (p. ex., pega 
túneis em vez de pontes em sua ida diária para o trabalho 
devido ao medo de alturas; evita entrar em um quarto 
escuro pelo medo de aranhas; evita aceitar um trabalho em 
um local em que um estímulo fóbico é mais comum). Os 
comportamentos de esquiva são com frequência óbvios (p. 
ex., um indivíduo que tem medo de sangue recusando-se a 
ir ao médico), mas às vezes são menos óbvios (p. ex., um 
indivíduo que tem medo de cobras recusando-se a olhar 
para figuras que se assemelham ao contorno ou à forma de 
cobras). 
Muitas pessoas com fobias específicas sofreram durante 
muitos anos e alteraram suas circunstâncias de vida com o 
objetivo de evitar o objeto ou situação fóbica o máximo 
possível (p. ex., uma pessoa diagnosticada com fobia 
específica, animal, que se muda a fim de residir em uma 
área desprovida do animal temido em particular). 
Consequentemente, elas não mais experimentam medo ou 
ansiedade em sua vida diária. Em tais circunstâncias, os 
comportamentos de esquiva ou a recusa persistente de se 
engajar em atividades que envolveriam exposição ao objeto 
ou situação fóbica (p. ex., recusa repetida em aceitar 
ofertas para viagens a trabalho devido ao medo de voar) 
podem ser úteis para a confirmação do diagnóstico na 
ausência de ansiedade ou pânico explícito. 
O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao 
perigo real apresentado pelo objeto ou situação ou mais 
intenso do que é considerado necessário (Critério D). 
Embora os indivíduos com fobia específica com frequência 
reconheçam que suas reações são desproporcionais, 
tendem a superestimar o perigo nas situações temidas, e 
assim o julgamento do caráter desproporcional é feito pelo 
clínico. O contexto sociocultural do indivíduo também deve 
ser levado em conta. Por exemplo, o medo do escuro pode 
ser razoável em um contexto de violência constante, e o 
medo de insetos pode ser mais desproporcional em 
contextos onde insetos são consumidos na dieta. O medo, a 
ansiedade ou a esquiva é persistente, geralmente durando 
mais de seis meses (Critério E), o que ajuda a distinguir o 
transtorno de medos transitórios que são comuns na 
população, em particular entre crianças. No entanto, o 
critério de duração deve ser usado comoum guia geral, 
com a possibilidade de algum grau de flexibilidade. A fobia 
específica deve causar sofrimento clinicamente significativo 
ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em 
outras áreas importantes da vida do indivíduo para que o 
transtorno seja diagnosticado (Critério F). 
EPIDEMIOLOGIA 
Nos Estados Unidos, a estimativa de prevalência de 12 
meses na comunidade para fobia específica é de 7 a 9%. As 
taxas de prevalência nos países europeus são, em grande 
parte, similares às dos Estados Unidos (p. ex., cerca de 6%), 
mas mais baixas nos países asiáticos, africanos e latino-
americanos (2 a 4%). São de aproximadamente 5% em 
crianças e de 16% em jovens de 13 a 17 anos. São mais 
baixas em indivíduos mais velhos (de 3 a 5%), 
possivelmente refletindo diminuição da gravidade para 
níveis subclínicos. Indivíduos do sexo feminino costumam 
ser mais afetados do que os do masculino, em uma razão 
de cerca de 2:1, embora as taxas variem entre os diferentes 
estímulos fóbicos. Ou seja, as fobias específicas de animais, 
ambiente natural e situacionais são predominantemente 
experimentadas por indivíduos do sexo feminino, enquanto 
a fobia por sangue-injeção-ferimentos é experimentada 
quase de forma igual por ambos os gêneros. 
Os indivíduos com fobia específica têm até 60% mais 
probabilidade de fazer uma tentativa de suicídio do que 
indivíduos sem o diagnóstico. Entretanto, é provável que 
essas taxas elevadas se devam principalmente à 
comorbidade com transtornos da personalidade e outros 
transtornos de ansiedade. 
Os indivíduos com fobia específica apresentam padrões 
semelhantes de prejuízo no funcionamento psicossocial e 
de redução na qualidade de vida aos de indivíduos com 
outros transtornos de ansiedade e transtornos por uso de 
álcool e substâncias, incluindo prejuízos no funcionamento 
profissional e interpessoal. Em adultos mais velhos, o 
prejuízo pode ser visto nas funções de cuidador e nas 
atividades voluntárias. Além disso, o medo de cair, em 
adultos mais velhos, pode levar a mobilidade reduzida e 
funcionamento físico e social reduzido. O sofrimento e o 
prejuízo causados por fobias específicas tendem a 
aumentar com o número de objetos e situações temidos. 
Assim, um indivíduo que teme quatro objetos ou situações 
provavelmente tem mais prejuízo nos seus papéis 
profissionais e sociais e qualidade de vida pior do que um 
que teme apenas um objeto ou situação. Indivíduos com 
fobia específica de sangue-injeção-ferimentos são com 
frequência relutantes em obter cuidados médicos, mesmo 
quando uma condição médica está presente. Além disso, o 
medo de vomitar e de se asfixiar pode reduzir 
substancialmente o consumo alimentar. 
 
 
 
12 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
FATORES DE RISCO 
Temperamentais. Os fatores de risco temperamentais para 
fobia específica, como afetividade negativa (neuroticismo) 
ou inibição comportamental, também são fatores de risco 
para outros transtornos de ansiedade. 
Ambientais. Os fatores de risco ambientais para fobias 
específicas, como superproteção, perda e separação 
parentais e abuso físico e sexual, também tendem a 
predizer outros transtornos de ansiedade. Conforme 
observado anteriormente, encontros negativos ou 
traumáticos com o objeto ou situação temidos 
ocasionalmente (mas nem sempre) precedem o 
desenvolvimento de fobia específica. 
Genéticos e fisiológicos. Pode haver suscetibilidade 
genética para certa categoria de fobia específica (p. ex., um 
indivíduo com um parente de primeiro grau com uma fobia 
específica de animais tem probabilidade significativamente 
maior de ter a mesma fobia específica do que qualquer 
outra categoria de fobia). Indivíduos com fobia de sangue-
injeção-ferimentos apresentam propensão peculiar a 
síncope vasovagal (desmaio) na presença de estímulos 
fóbicos. 
CLÍNICA 
Os indivíduos com fobia específica geralmente 
experimentam aumento na excitabilidade autonômica pela 
antecipação ou durante a exposição a um objeto ou 
situação fóbica. Entretanto, a resposta fisiológica à situação 
ou ao objeto temidos varia. Enquanto os indivíduos com 
fobias específicas situacionais, de ambiente natural e de 
animais têm probabilidade de apresentar excitabilidade 
aumentada do sistema nervoso simpático, aqueles com 
fobia específica a sangue- -injeção-ferimentos 
frequentemente demonstram uma resposta de desmaio ou 
quase desmaio vasovagal que é marcada por breve 
aceleração inicial do ritmo cardíaco e elevação da pressão 
arterial seguida por desaceleração do ritmo cardíaco e 
queda na pressão arterial. Os modelos atuais dos sistemas 
neurais para fobia específica enfatizam a amígdala e 
estruturas relacionadas, assim como em outros transtornos 
de ansiedade. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Agorafobia. A fobia específica situacional pode se parecer 
com a agorafobia na sua apresentação clínica, dada a 
sobreposição nas situações temidas (p. ex., voar, locais 
fechados, elevadores). Se um indivíduo teme apenas uma 
das situações da agorafobia, então fobia específica, 
situacional, pode ser diagnosticada. Se duas ou mais 
situações agorafóbicas são temidas, um diagnóstico de 
agorafobia é provavelmente justificado. Por exemplo, um 
indivíduo que tem medo de aviões e elevadores (que se 
sobrepõe à situação agorafóbica do “transporte público”), 
mas não tem medo de outras situações agorafóbicas, seria 
diagnosticado com fobia específica, situacional, enquanto 
um indivíduo que tem medo de aviões, elevadores e 
multidões (que se sobrepõe a duas situações agorafóbicas, 
“uso de transporte público” e “ficar em uma fila e estar em 
uma multidão”) seria diagnosticado com agorafobia. O 
Critério B da agorafobia (as situações são temidas ou 
evitadas “devido a pensamentos de que escapar poderia 
ser difícil ou de que o auxílio pode não estar disponível no 
caso de desenvolvimento de sintomas do tipo pânico ou 
outros sintomas incapacitantes ou constrangedores”) 
também pode ser útil na diferenciação entre agorafobia e 
fobia específica. Se as situações são temidas por outras 
razões, como o medo de ser ferido diretamente pelo objeto 
ou situação (p. ex., medo de o avião cair, medo da mordida 
do animal), um diagnóstico de fobia específica pode ser 
mais apropriado. 
Transtorno de ansiedade social. Se as situações são temidas 
devido a possível avaliação negativa, deve ser 
diagnosticado transtorno de ansiedade social em vez de 
fobia específica. 
Transtorno de ansiedade de separação. Se as situações são 
temidas devido à separação de um cuidador primário ou 
figura de apego, deve ser diagnosticado transtorno de 
ansiedade de separação em vez de fobia específica. 
Transtorno de pânico. Os indivíduos com fobia específica 
podem experimentar ataques de pânico quando 
confrontados com a situação ou objeto temido. Deve ser 
dado um diagnóstico de fobia específica se os ataques de 
pânico ocorrem apenas em resposta ao objeto ou situação 
específica, e um diagnóstico de transtorno de pânico se o 
indivíduo também experimentou ataques de pânico 
inesperados (i.e., não em resposta ao objeto ou situação da 
fobia específica). 
Transtorno obsessivo-compulsivo. Se o medo ou ansiedade 
primária de um indivíduo é de um objeto ou situação como 
resultado de obsessões (p. ex., medo de sangue devido a 
pensamentos obsessivos acerca de contaminação por 
agentes patogênicos transmitidos pelo sangue [p. ex., HIV]; 
medo de dirigir devido a imagens obsessivas de causar 
ferimentos a outras pessoas) e se outros critérios 
diagnósticos para transtorno obsessivo-compulsivo são 
satisfeitos, então este último transtorno deve ser 
diagnosticado. 
Transtornos relacionados a trauma e estressores. Se a fobia 
se desenvolve após um evento traumático, deve ser 
consideradoTEPT como diagnóstico. Entretanto, eventos 
 
13 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
traumáticos podem preceder o início de TEPT e a fobia 
específica. Nesse caso, um diagnóstico de fobia específica é 
dado somente se não são satisfeitos todos os critérios para 
TEPT. 
Transtornos alimentares. Um diagnóstico de fobia 
específica não é dado se o comportamento de esquiva está 
limitado exclusivamente à esquiva de alimentos e estímulos 
relacionados a alimentos, em cujo caso um diagnóstico de 
anorexia nervosa ou bulimia deveria ser considerado. 
Transtornos do espectro da esquizofrenia e outros 
transtornos psicóticos. Quando o medo e a esquiva são 
devidos a pensamento delirante (como na esquizofrenia ou 
outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outros 
transtornos psicóticos), um diagnóstico de fobia específica 
não é justificado. 
TRATAMENTO 
O curso é crônico e as fobias podem piorar se não tratadas. 
Pode haver melhora com o tratamento psicoterápico. Na 
fobia específica, betabloqueadores podem ser utilizados, 
principalmente quando há ataques de pânico. Nos quadros 
de fobia social, antidepressivos (ISRS e venlafaxina), 
betabloqueadores (atenolol e propranolol) e 
benzodiazepínicos (clonazepam e alprazolam) podem ser 
indicados. 
O tratamento específico dos transtornos de ansiedade e 
dos transtornos relacionados pode ser realizado através de 
psicofármacos e psicoterapias. Para escolha da modalidade 
terapêutica, deve-se considerar: diagnóstico específico, 
preferência do paciente, resposta a tratamentos prévios, 
disponibilidade de tratamento, relação custo/efetividade, 
comorbidades psiquiátricas, comorbidades clínicas e 
objetivos do paciente. 
Caso o tratamento escolhido seja medicamentoso, é 
indicado considerar: 1. Resposta/tolerância prévia a um 
fármaco a. Inclui uso bem-sucedido por parte de familiares 
2. Perfil de efeitos adversos 3. Outras particularidades do 
medicamento a. Custos para o paciente e/ou sistema de 
saúde b. Farmacocinética e farmacodinâmica c. Relação 
custo/efetividade 4. Outras particularidades do paciente a. 
Idade b. Comorbidades c. Outros fármacos em uso É 
necessário considerar individualmente os transtornos para 
uma indicação terapêutica precisa. O quadro 4, a seguir, 
serve como guia. O quadro 5 oferece uma síntese dos 
medicamentos que podem ser utilizados e suas respectivas 
doses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 AES15-PROBLEMA 1 MATHEUS SIQUEIRA MED 5-2019.2 
 
 
 
 
 
	objetivo 01: CARACTERIZAR O TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA(TAG)
	EPIDEMIologia
	Etiologia
	Fatores de Risco e Prognóstico
	Características clínicas
	diagnóstico
	Diagnóstico diferencial
	Prognóstico e tratamento
	Transtorno do pânico
	Epidemiologia
	Etiologia
	Fatores de risco
	Características clínicas
	Diagnóstico
	Dagnóstico diferencial
	Curso e tratamento
	Fobia social
	Epidemiologia
	Características clínicas
	Fatores de risco
	Diagnóstico
	Diagnóstico diferencial
	Fobia específica
	Epidemiologia
	Fatores de risco
	Clínica
	Diagnóstico diferencial
	Tratamento

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