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Material Teórico Direito das Coisas Direitos Reais Profª Marlene Lessa cod CoisasCDSG202107_ a03 2 Propriedade Móvel A propriedade também recai sobre bens móveis e semoventes, sendo transferida pela TRADIÇÃO (ou seja, pela entrega da coisa pelo vendedor ao comprador). Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. Modos de Aquisição • Originário – não existe vínculo anterior entre o proprietário anterior e o atual. Ex. ocupação do bem; • Derivado – há um liame jurídico entre o dono anterior e o que adquire o bem. Ex. direito hereditário. Meios de aquisição e perda da propriedade móvel Quando uma pessoa adquire a propriedade de um bem simultaneamente alguém a perde, daí dizer que os meios para aquisição e perda da propriedade móvel serem os mesmos: a. Da ocupação - art. 1.263 do CC: Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. Termos utilizados: “res nullius” (coisa de ninguém, nunca ninguém se apropriou daquilo) ou “res derelictae” (coisa abandonada pelo dono por não mais convir mantê-la consigo. Ex. cavalos bravos, enxames de abelhas, coisas de navios afundados). b. Do tesouro – art. 1.264 do CC: Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado. 3 Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor. c. Da especificação - é o modo de aquisição, mediante transformação de coisa móvel em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador, dede que não seja possível restituí-la sua forma primitiva. A especificação é gerada pelo trabalho humano. Ex. Escultura em pedra ou madeira, etc. d. Da confusão (mistura de coisas líquidas – ex. álcool com gasolina), da comistão (mistura de coisas sólidas - ex. grãos de soja de proprietários diferentes) e da adjunção (ocorre a justaposição de uma coisa à outra - ex. estampa de tecido colocado em peça de roupa) – art. 1.272 do CC: Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. § 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado. § 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros. e. Da tradição – é a entrega material da coisa (entrega de um vaso de flores) ou de um ato representativo da transferência do bem (chaves do carro) ou, ainda, pela transferência ficta do bem (constituto possessório): Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. O constituto possessório significa que o proprietário antigo transferiu o bem, mas passa a possuí-lo em nome alheio. Ex. vendeu o carro para uma locadora de veículos mas continua a usá-lo, alugando-o. f. Usucapião – bens móveis podem ser usucapidos: • Ordinário – prazo de 3 anos ininterruptos, com justo título e boa-fé - art. 1.260 do CC: 4 Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. • Extraordinário – prazo de 5 anos ininterruptos, independentemente de justo título e boa-fé - art. 1.261 do CC: Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé. Observações Direitos de Vizinhança São as limitações impostas pela legislação, com o objetivo de conciliar interesse de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio na busca da harmonia social. O usual é a convivência pacífica, mas há atitudes e situações que punem o uso anormal da propriedade: Espécies • Uso nocivo da propriedade é o mau uso da propriedade, causando transtorno aos vizinhos. Ex. ofensa à segurança (ex. trepidação de máquinas de uma indústria no solo, causando fendas no vizinho), ao sossego (ex. barulho excessivo de clubes, escolas de samba, boates, etc.) e a saúde alheios (ex. animais criados em condições de pouca higiene, emissão de gases ou fumaça na indústria, etc.): Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. 5 Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. • Das árvores limítrofes – art. 1.282 do CC Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes. Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. • Da passagem forçada – art. 1.285 do CC Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. § 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. § 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. § 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra. • Da passagem de cabos e tubulações – art. 1.286 do CC Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa,para outro local do imóvel. 6 Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança. • Das águas – art. 1.288 do CC Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior. Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. • Dos limites entre os prédios e tapagem – art. 1.297 do CC Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados, as respectivas despesas. § 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. Em havendo dúvida sobre os limites é possível o ajuizamento da ação demarcatória. • Direito de construir – art. 1.299 do CC: Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. O direito de construção não pode prejudicar terceiros, sob pena de indenização. 7 Condomínio Ocorre quando os direitos elementares de proprietário pertencem a mais de um titular. Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela por estranhos, sem o consenso dos outros. Condomínio Edilício – art. 1.331 e seguintes do CC Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. §1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. (Redação dada pela Lei nº 12.607, de 2012) § 2º O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. Condomínio de Lotes O condomínio pode se dar em comunhão de lotes (art. 1.358-A do CC) quando há terrenos de partes exclusivas e de partes comuns dos condôminos: Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 1º A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à área do solo de cada unidade autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a outros critérios indicados no ato de instituição. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 2º Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes o disposto sobre condomínio edilício neste Capítulo, respeitada a legislação urbanística. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 3º Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de toda a infraestrutura ficará a cargo do empreendedor (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12607.htm#art1 8 Condomínio em Multipropriedade O condomínio também sofreu inovação com o reconhecimento da multipropriedade no Código Civil. Por este regime jurídico os titulares instituem em quais períodos cada um poderá usufruir do bem exclusivamente - em diferentes e pré-estabelecidas épocas – Ex.: irmãos compram sítio para que: um utilize no Carnaval, outro na Páscoa e Dia das Mães, outro no Dia dos Pais e feriado da Finados, outro no Natal, outro no ano novo. Diz a doutrina acerca do conceito: Segundo Melhim Namem Chalhub, caracteriza-se a multipropriedade pela atribuição da titularidade de certo bem a uma pluralidade de sujeitos para que dele tirem proveito alternadamente, em períodos determinados. Gustavo Tepedino1 já reforçava a ideia de “time sharing” ligando-a a uma nova forma de direito de propriedade, afirmando que “retratam a percepção visual de uma pluralidade de direitos individuais sobre a mesma base material, dividida em frações de tempo, provocando uma impressão imediata, antecedente a qualquer possível conclusão científica, de múltiplos domínios, sucessivamente encadeados e decorrentes da divisão modular”. Tem-se que “o direito pode ser perpétuo quanto à duração, embora temporário quanto ao seu exercício”. Verifica-se que é exigido, no Registro de Imóveis, não só a averbação dos titulares, mas da fração de tempo a que cada um tem direito. Nos termos do Código Civil: Art. 1.358-B. A multipropriedade reger-se-á pelo disposto neste Capítulo e, de forma supletiva e subsidiária, pelas demais disposições deste Código e pelas disposições das Leis nºs 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor). Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada. Parágrafo único. A multipropriedade não se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo multiproprietário. Art. 1.358-D. O imóvel objeto da multipropriedade: I - é indivisível, não se sujeitando a ação de divisão ou de extinção de condomínio; II - inclui as instalações, os equipamentos e o mobiliário destinados a seu uso e gozo. Art. 1.358-E. Cada fração de tempo é indivisível. 1 Tepedino, Gustavo. Multipropriedade Imobiliária. Saraiva, SP, 1993. 9 § 1º O período correspondente a cada fração de tempo será de, no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos ou intercalados, e poderá ser: I - fixo e determinado, no mesmo período de cada ano; II - flutuante, caso em que a determinação do período será realizada de forma periódica, mediante procedimento objetivo que respeite, em relação a todos os multiproprietários, o princípio da isonomia, devendo ser previamente divulgado; ou III - misto, combinando os sistemas fixo e flutuante. § 2º Todos os multiproprietários terão direito a uma mesma quantidade mínima de dias seguidos durante o ano, podendo haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o correspondente direito ao uso por períodos também maiores. Seção II Da Instituição da MultipropriedadeArt. 1.358-F. Institui-se a multipropriedade por ato entre vivos ou testamento, registrado no competente cartório de registro de imóveis, devendo constar daquele ato a duração dos períodos correspondentes a cada fração de tempo. Art. 1.358-G. Além das cláusulas que os multiproprietários decidirem estipular, a convenção de condomínio em multipropriedade determinará: I - os poderes e deveres dos multiproprietários, especialmente em matéria de instalações, equipamentos e mobiliário do imóvel, de manutenção ordinária e extraordinária, de conservação e limpeza e de pagamento da contribuição condominial; II - o número máximo de pessoas que podem ocupar simultaneamente o imóvel no período correspondente a cada fração de tempo; III - as regras de acesso do administrador condominial ao imóvel para cumprimento do dever de manutenção, conservação e limpeza; IV - a criação de fundo de reserva para reposição e manutenção dos equipamentos, instalações e mobiliário; V - o regime aplicável em caso de perda ou destruição parcial ou total do imóvel, inclusive para efeitos de participação no risco ou no valor do seguro, da indenização ou da parte restante; VI - as multas aplicáveis ao multiproprietário nas hipóteses de descumprimento de deveres. Art. 1.358-H. O instrumento de instituição da multipropriedade ou a convenção de condomínio em multipropriedade poderá estabelecer o limite máximo de frações de tempo no mesmo imóvel que poderão ser detidas pela mesma pessoa natural ou jurídica. Parágrafo único. Em caso de instituição da multipropriedade para posterior venda das frações de tempo a terceiros, o atendimento a eventual limite de frações de tempo por titular estabelecido no instrumento de instituição será obrigatório somente após a venda das frações. Seção III Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário Art. 1.358-I. São direitos do multiproprietário, além daqueles previstos no instrumento de instituição e na convenção de condomínio em multipropriedade: 10 I - usar e gozar, durante o período correspondente à sua fração de tempo, do imóvel e de suas instalações, equipamentos e mobiliário; II - ceder a fração de tempo em locação ou comodato; III - alienar a fração de tempo, por ato entre vivos ou por causa de morte, a título oneroso ou gratuito, ou onerá-la, devendo a alienação e a qualificação do sucessor, ou a oneração, ser informadas ao administrador; IV - participar e votar, pessoalmente ou por intermédio de representante ou procurador, desde que esteja quite com as obrigações condominiais, em: a) assembleia geral do condomínio em multipropriedade, e o voto do multiproprietário corresponderá à quota de sua fração de tempo no imóvel; b) assembleia geral do condomínio edilício, quando for o caso, e o voto do multiproprietário corresponderá à quota de sua fração de tempo em relação à quota de poder político atribuído à unidade autônoma na respectiva convenção de condomínio edilício. Art. 1.358-J. São obrigações do multiproprietário, além daquelas previstas no instrumento de instituição e na convenção de condomínio em multipropriedade: I - pagar a contribuição condominial do condomínio em multipropriedade e, quando for o caso, do condomínio edilício, ainda que renuncie ao uso e gozo, total ou parcial, do imóvel, das áreas comuns ou das respectivas instalações, equipamentos e mobiliário; II - responder por danos causados ao imóvel, às instalações, aos equipamentos e ao mobiliário por si, por qualquer de seus acompanhantes, convidados ou prepostos ou por pessoas por ele autorizadas; III - comunicar imediatamente ao administrador os defeitos, avarias e vícios no imóvel dos quais tiver ciência durante a utilização; IV - não modificar, alterar ou substituir o mobiliário, os equipamentos e as instalações do imóvel; V - manter o imóvel em estado de conservação e limpeza condizente com os fins a que se destina e com a natureza da respectiva construção; VI - usar o imóvel, bem como suas instalações, equipamentos e mobiliário, conforme seu destino e natureza; VII - usar o imóvel exclusivamente durante o período correspondente à sua fração de tempo; VIII - desocupar o imóvel, impreterivelmente, até o dia e hora fixados no instrumento de instituição ou na convenção de condomínio em multipropriedade, sob pena de multa diária, conforme convencionado no instrumento pertinente; IX - permitir a realização de obras ou reparos urgentes. § 1º Conforme previsão que deverá constar da respectiva convenção de condomínio em multipropriedade, o multiproprietário estará sujeito a: I - multa, no caso de descumprimento de qualquer de seus deveres; II - multa progressiva e perda temporária do direito de utilização do imóvel no período correspondente à sua fração de tempo, no caso de descumprimento reiterado de deveres. § 2º A responsabilidade pelas despesas referentes a reparos no imóvel, bem como suas instalações, equipamentos e mobiliário, será: I - de todos os multiproprietários, quando decorrentes do uso normal e do desgaste natural do imóvel; II - exclusivamente do multiproprietário responsável pelo uso anormal, sem prejuízo de multa, quando decorrentes de uso anormal do imóvel. 11 § 3º (VETADO). § 4º (VETADO). § 5º (VETADO). Art. 1.358-K. Para os efeitos do disposto nesta Seção, são equiparados aos multiproprietários os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos a cada fração de tempo. Seção IV Da Transferência da Multipropriedade Art. 1.358-L. A transferência do direito de multipropriedade e a sua produção de efeitos perante terceiros dar-se-ão na forma da lei civil e não dependerão da anuência ou cientificação dos demais multiproprietários. § 1º Não haverá direito de preferência na alienação de fração de tempo, salvo se estabelecido no instrumento de instituição ou na convenção do condomínio em multipropriedade em favor dos demais multiproprietários ou do instituidor do condomínio em multipropriedade. § 2º O adquirente será solidariamente responsável com o alienante pelas obrigações de que trata o § 5º do art. 1.358-J deste Código caso não obtenha a declaração de inexistência de débitos referente à fração de tempo no momento de sua aquisição. Seção V Da Administração da Multipropriedade Art. 1.358-M. A administração do imóvel e de suas instalações, equipamentos e mobiliário será de responsabilidade da pessoa indicada no instrumento de instituição ou na convenção de condomínio em multipropriedade, ou, na falta de indicação, de pessoa escolhida em assembleia geral dos condôminos. § 1º O administrador exercerá, além daquelas previstas no instrumento de instituição e na convenção de condomínio em multipropriedade, as seguintes atribuições: I - coordenação da utilização do imóvel pelos multiproprietários durante o período correspondente a suas respectivas frações de tempo; II - determinação, no caso dos sistemas flutuante ou misto, dos períodos concretos de uso e gozo exclusivos de cada multiproprietário em cada ano; III - manutenção, conservação e limpeza do imóvel; IV - troca ou substituição de instalações, equipamentos ou mobiliário, inclusive: a) determinar a necessidade da troca ou substituição; b) providenciar os orçamentos necessários para a troca ou substituição; c) submeter os orçamentos à aprovação pela maioria simples dos condôminos em assembleia; V - elaboração do orçamento anual, com previsão das receitas e despesas; VI - cobrança das quotas de custeio de responsabilidade dos multiproprietários; VII - pagamento, por conta do condomínio edilício ou voluntário, com os fundos comuns arrecadados, de todas as despesas comuns. § 2º A convenção de condomínio em multipropriedade poderá regrar de forma diversa a atribuição prevista no inciso IV do § 1º deste artigo. 12 Art. 1.358-N. O instrumento de instituição poderá prever fração de tempo destinada à realização, no imóvel e em suas instalações,em seus equipamentos e em seu mobiliário, de reparos indispensáveis ao exercício normal do direito de multipropriedade. § 1º A fração de tempo de que trata o caput deste artigo poderá ser atribuída: I - ao instituidor da multipropriedade; ou II - aos multiproprietários, proporcionalmente às respectivas frações. § 2º Em caso de emergência, os reparos de que trata o caput deste artigo poderão ser feitos durante o período correspondente à fração de tempo de um dos multiproprietários. Seção VI Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Condomínios Edilícios Art. 1.358-O. O condomínio edilício poderá adotar o regime de multipropriedade em parte ou na totalidade de suas unidades autônomas, mediante: I - previsão no instrumento de instituição; ou II - deliberação da maioria absoluta dos condôminos. Parágrafo único. No caso previsto no inciso I do caput deste artigo, a iniciativa e a responsabilidade para a instituição do regime da multipropriedade serão atribuídas às mesmas pessoas e observarão os mesmos requisitos indicados nas alíneas a, b e c e no § 1º do art. 31 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Art. 1.358-P. Na hipótese do art. 1.358-O, a convenção de condomínio edilício deve prever, além das matérias elencadas nos arts. 1.332, 1.334 e, se for o caso, 1.358-G deste Código: I - a identificação das unidades sujeitas ao regime da multipropriedade, no caso de empreendimentos mistos; II - a indicação da duração das frações de tempo de cada unidade autônoma sujeita ao regime da multipropriedade; III - a forma de rateio, entre os multiproprietários de uma mesma unidade autônoma, das contribuições condominiais relativas à unidade, que, salvo se disciplinada de forma diversa no instrumento de instituição ou na convenção de condomínio em multipropriedade, será proporcional à fração de tempo de cada multiproprietário; IV - a especificação das despesas ordinárias, cujo custeio será obrigatório, independentemente do uso e gozo do imóvel e das áreas comuns; V - os órgãos de administração da multipropriedade; VI - a indicação, se for o caso, de que o empreendimento conta com sistema de administração de intercâmbio, na forma prevista no § 2º do art. 23 da Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, seja do período de fruição da fração de tempo, seja do local de fruição, caso em que a responsabilidade e as obrigações da companhia de intercâmbio limitam-se ao contido na documentação de sua contratação; VII - a competência para a imposição de sanções e o respectivo procedimento, especialmente nos casos de mora no cumprimento das obrigações de custeio e nos casos de descumprimento da obrigação de desocupar o imóvel até o dia e hora previstos; 13 VIII - o quórum exigido para a deliberação de adjudicação da fração de tempo na hipótese de inadimplemento do respectivo multiproprietário; IX - o quórum exigido para a deliberação de alienação, pelo condomínio edilício, da fração de tempo adjudicada em virtude do inadimplemento do respectivo multiproprietário. Art. 1.358-Q. Na hipótese do art. 1.358-O deste Código, o regimento interno do condomínio edilício deve prever: I - os direitos dos multiproprietários sobre as partes comuns do condomínio edilício; II - os direitos e obrigações do administrador, inclusive quanto ao acesso ao imóvel para cumprimento do dever de manutenção, conservação e limpeza; III - as condições e regras para uso das áreas comuns; IV - os procedimentos a serem observados para uso e gozo dos imóveis e das instalações, equipamentos e mobiliário destinados ao regime da multipropriedade; V - o número máximo de pessoas que podem ocupar simultaneamente o imóvel no período correspondente a cada fração de tempo; VI - as regras de convivência entre os multiproprietários e os ocupantes de unidades autônomas não sujeitas ao regime da multipropriedade, quando se tratar de empreendimentos mistos; VII - a forma de contribuição, destinação e gestão do fundo de reserva específico para cada imóvel, para reposição e manutenção dos equipamentos, instalações e mobiliário, sem prejuízo do fundo de reserva do condomínio edilício; VIII - a possibilidade de realização de assembleias não presenciais, inclusive por meio eletrônico; IX - os mecanismos de participação e representação dos titulares; X - o funcionamento do sistema de reserva, os meios de confirmação e os requisitos a serem cumpridos pelo multiproprietário quando não exercer diretamente sua faculdade de uso; XI - a descrição dos serviços adicionais, se existentes, e as regras para seu uso e custeio. Parágrafo único. O regimento interno poderá ser instituído por escritura pública ou por instrumento particular. Art. 1.358-R. O condomínio edilício em que tenha sido instituído o regime de multipropriedade em parte ou na totalidade de suas unidades autônomas terá necessariamente um administrador profissional. § 1º O prazo de duração do contrato de administração será livremente convencionado. § 2º O administrador do condomínio referido no caput deste artigo será também o administrador de todos os condomínios em multipropriedade de suas unidades autônomas. § 3º O administrador será mandatário legal de todos os multiproprietários, exclusivamente para a realização dos atos de gestão ordinária da multipropriedade, incluindo manutenção, conservação e limpeza do imóvel e de suas instalações, equipamentos e mobiliário. § 4º O administrador poderá modificar o regimento interno quanto aos aspectos estritamente operacionais da gestão da multipropriedade no condomínio edilício. § 5º O administrador pode ser ou não um prestador de serviços de hospedagem. 14 Art. 1.358-S. Na hipótese de inadimplemento, por parte do multiproprietário, da obrigação de custeio das despesas ordinárias ou extraordinárias, é cabível, na forma da lei processual civil, a adjudicação ao condomínio edilício da fração de tempo correspondente. Parágrafo único. Na hipótese de o imóvel objeto da multipropriedade ser parte integrante de empreendimento em que haja sistema de locação das frações de tempo no qual os titulares possam ou sejam obrigados a locar suas frações de tempo exclusivamente por meio de uma administração única, repartindo entre si as receitas das locações independentemente da efetiva ocupação de cada unidade autônoma, poderá a convenção do condomínio edilício regrar que em caso de inadimplência: I - o inadimplente fique proibido de utilizar o imóvel até a integral quitação da dívida; II - a fração de tempo do inadimplente passe a integrar o pool da administradora; III - a administradora do sistema de locação fique automaticamente munida de poderes e obrigada a, por conta e ordem do inadimplente, utilizar a integralidade dos valores líquidos a que o inadimplente tiver direito para amortizar suas dívidas condominiais, seja do condomínio edilício, seja do condomínio em multipropriedade, até sua integral quitação, devendo eventual saldo ser imediatamente repassado ao multiproprietário. Art. 1.358-T. O multiproprietário somente poderá renunciar de forma translativa a seu direito de multipropriedade em favor do condomínio edilício. Parágrafo único. A renúncia de que trata o caput deste artigo só é admitida se o multiproprietário estiver em dia com as contribuições condominiais, com os tributos imobiliários e, se houver, com o foro ou a taxa de ocupação. Art. 1.358-U. As convenções dos condomínios edilícios, os memoriais de loteamentos e os instrumentos de venda dos lotes em loteamentos urbanos poderão limitar ou impedir a instituição da multipropriedade nos respectivos imóveis, vedação que somente poderá ser alterada no mínimo pela maioria absoluta dos condôminos.” Condomínio em Fundos de Investimentos Trata-se de comunhão de recursos, constituído sob a forma de condomínio de natureza especial, destinado à aplicação em ativos financeiros, bens e direitos de qualquer natureza, nostermos do art. 1.368-C e segs. do Código Civil. A Lei 13. 874/2019 implementou os fundos, os quais deverão ficar sob regulação da Comissão de Valores Mobiliários. Direitos Reais A propriedade é o único direito real sobre coisa própria. Possui os elementos constitutivos de uso, gozo, disposição e reivindicação. Quando o bem estiver sob poder (para uso ou gozo) de outrem, que não o proprietário, fala-se em direito real sobre coisa alheia (“Tal direito é o que afeta coisa direta e imediatamente, sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha” - Lafayette Pereira). 15 Constituição do Direito Real Entre Vivos Os direitos reais sobre coisas alheias móveis só são adquiridos com a tradição, ou seja, com a efetiva entrega do bem. Os direitos reais sobre coisas alheias imóveis, constituídos ou transmitidos por ato entre vivos só são adquiridos depois da transcrição ou da inscrição, no Registro de Imóveis, dos referidos títulos (art. 1.227 do CC). Portanto os titulares de direitos reais têm a possibilidade de exercer seus direitos para que toda a sociedade saiba (“erga omnes” – todos os homens). Espécies dos Direitos Reais sobre Coisas Alheias Direito Real De Aquisição É o direito do promitente comprador, que havia estabelecido em compromisso ou promessa irretratável, a venda de um bem imóvel, como disposto no artigo 1.417 do CC: Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. Direitos Reais de Gozo ou Fruição O titular tem a autorização de usar e gozar ou tão-somente usar de coisa alheia, abrangendo: • Da superfície (artigo 1.369 do C.C.) – direito conferido para quem pretende plantar ou construir em terreno alheio. • Servidões Prediais (artigos 1.378 e ss do C.C.) • Usufruto (artigos 1.390 e ss do C.C.) • Uso (artigos 1.412 e ss. do C.C.) • Habitação (artigos 1.414 e ss do C.C.) Vamos examiná-los mais de perto... 16 1. Superfície Direito real de fruição de coisa alheia, através do qual o proprietário concede a outrem (superficiário) o direito de construir ou plantar em seu terreno, por tempo determinado, a título gratuito ou oneroso, mediante escritura pública registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente. Este direito é transmissível por ato inter vivos ou causa mortis. Será extinta, se antes do termo final, o superficiário der destinação diversa ao terreno e, desta forma, o proprietário terá a propriedade plena do imóvel. Em caso de desapropriação, a indenização será do proprietário e do superficiário, na proporção do direito real de cada um - art. 1.376 do CC. 2. Das Servidões Prediais Dá-se servidão quando em dois prédios pertencentes a donos diversos, um suporta o ônus (serviente) a favor de outro (dominante) para melhorar seu aproveitamento por tempo indeterminado. Possui os seguintes elementos: • A servidão é uma relação entre dois prédios. Em rigor, as relações jurídicas se estabelecem entre pessoas, que são os sujeitos ativos e passivos de direito, e não entre coisas, meros objetos do direito. Entretanto, em matéria de servidão, tem-se afirmado, imprecisamente, que ela se estabelece entre prédios, para sugerir que, uma vez criado esse direito real, ele se transmite a quem quer que seja o proprietário do prédio dominante, e onera o prédio serviente, seja quem for seu dono. As obrigações do proprietário do prédio serviente são “propter rem”, isto é, decorrem da relação da pessoa com a coisa e seguem esta última, vinculando seu dono, seja ele quem for. • A servidão envolve uma obrigação negativa. O dono do prédio serviente é obrigado a tolerar que o dominante dele se utilize, para certo fim, não pode obstruir o direito do outro prédio de usufruir o seu. • A existência da servidão implica ideia de que os prédios pertencem a donos diversos. O prédio dominante usufrui algumas vantagens do prédio serviente, pois se fosse do mesmo dono usufruiria todas as vantagens. Quando os prédios pertencerem ao mesmo dono, teremos uma serventia. Observações: é a servidão predial um direito real sobre bem imóvel alheio, de caráter acessório, perpétuo, indivisível e inalienável. Se inscrita no registro imobiliário terá efeito “erga omnes”, por ser um direito real. É um direito acessório, por implicar a existência de um direito principal, que é ser proprietário do prédio dominante e uma vez constituído por ser direito real, segue nas mãos de quem quer que venha a adquirir o domínio deste prédio. A servidão é perpétua no sentido de que é por prazo indeterminado e vai durar enquanto for útil ao prédio dominante. Nada impede que seja por termo ou condição, neste caso, ocorrendo o implemento do tempo ou o advento da condição a servidão extingue-se. A servidão é indivisível: pelo lado ativo ou de quem se beneficia, somente pode ser reclamada como um todo, ainda que o 17 prédio dominante venha a ser propriedade de diversas pessoas; pelo lado passivo significa que o prédio serviente passa a diversos donos, por efeito de alienação ou herança, a servidão é una, e grava cada uma das partes em que se fracione o prédio serviente, salvo se por sua natureza ou destino só se aplicar a certa parte de um ou de outro (art. 1.386). A servidão não se perde e nem se adquire por partes, ela se exerce ou se perde por inteiro. A servidão é inalienável, no sentido de ser indispensável ao prédio dominante. As servidões se classificam: Quanto ao seu exercício: contínuas e descontínuas. Quanto à exteriorização: aparentes e não aparentes. • Será servidão contínua a que, uma vez estabelecida, subsiste e exerce-se independentemente de ato humano, em que pese, possa sofrer interrupção, por exemplo, a servidão de energia elétrica, a de passagem de água. Será descontínua aquela que necessita para seu funcionamento da intervenção do homem, como a de trânsito, a de tirar água. • Servidão aparente é a que aparece, sua existência é exteriorizada, são visíveis. Por exemplo, a de aqueduto, onde todos notam sua existência. • Servidão não aparente é as que não se revelam por obras externas, como a de não edificar acima de certa altura. A servidão não se presume (art. 1.378). Sua constituição resulta de contrato, de testamento ou de sentença judicial, por destinação do proprietário e por usucapião. As servidões não aparentes só podem ser estabelecidas por meio de transcrição no Registro de Imóvel (art. 1.378). Quis o legislador ressaltar que, se ela não for aparente, não será objeto de usucapião, portanto, somente existirá se transcrita no Registro de Imóveis. A servidão é direito real suscetível de posse, portanto, o interessado poderá lançar mão dos interditos possessórios. • Ação confessória é a que visa a alcançar o reconhecimento da servidão junto ao dono do prédio serviente. • Ação negatória é a que possibilita ao dono do prédio serviente negar a existência de servidão. 3. Usufruto É o direito real que alguém tem sobre coisa alheia de usar e gozar, sem alterar sua substância, por determinado tempo. As partes são: usufrutuário (tem direito de uso e gozo da propriedade alheia) e nu- proprietário (é o dono, o detentor do domínio e que tem direito de disposição sobre o bem). Pode ser estabelecido por lei, contrato, testamento, sobre bens especificados ou universalidade de bens (como 18 a herança). O usufruto vitalício importa na utilizaçãodo bem enquanto viver o usufrutuário, o temporário dá prazo, convencionado pelas partes, para utilização do bem e o simultâneo ocorre quando o usufruto é instituído para beneficiar várias pessoas, extinguindo-se, gradativamente, em relação a cada uma das que falecerem - art. 1.411, CC. • Características o Direito real sobre coisa alheia; o Uso e gozo; o Temporário; o Inalienável; 4. Uso É um direito real sobre coisa alheia, onde o beneficiário somente pode usar a coisa dentro de sua necessidade e de sua família. As partes são: constituinte e usuário. Pode ser instituído por ato “inter vivos” ou “causa mortis”, sentença judicial e usucapião. • Características o Direito real sobre coisa alheia; o Temporário; o Indivisível; o Intransmissível ou incessível (o direito e o exercício não podem ser cedidos); o Personalíssimo (o direito do usuário não passa para os herdeiros). 5. Habitação É um direito real sobre coisa alheia, onde o titular do direito e sua família ocupam, gratuitamente, casa alheia para a moradia. O objeto é bem imóvel, ou seja, casa ou apartamento, para proporcionar moradia gratuita, não podendo ser utilizado para fins comerciais. Deverá constar no registro imobiliário (Lei nº 6.015/73, art. 167, I, n° 7). Pode ser instituído por ato “inter vivos” ou “causa mortis”. • Características o Direito real sobre coisa alheia (limitado) o Personalíssimo; o Temporário; o Indivisível; o Intransmissível; o Gratuito. 19 6. Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Quando se fala em regularização da situação fundiária, em nosso país, há necessidade de reconhecer que populações foram contempladas com proteção especial por parte da nossa Constituição Federal e por legislação específica. O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) reconheceu direitos e os incorporou à ordem jurídica, como instrumentos para alcançar as finalidades sociais. A concessão de uso especial para fins de moradia trata, sobretudo, mas não apenas, de destinação de imóveis PÚBLICOS para atendimento deste princípio da função social da propriedade. É um direito real, onde o titular do direito e sua família podem utilizar áreas – inclusive públicas - para moradia, perdendo a concessão se destinar sua fruição para outras finalidades ou se adquirir outra propriedade ou outra concessão – de imóvel urbano ou rural. A concessão fica registrada em cartório, por meio do poder público concedente. A Lei 9.310/2018, determinou, a partir do art.3o quais são os institutos de regularização fundiária. Tudo isso se dá para regularizar núcleos urbanos informais. Diz a lei: Art. 3º Para fins Para fins do disposto na Lei nº 13.465, de 2017 , e neste Decreto, considera-se: I - núcleo urbano - assentamento humano, com uso e características urbanas, constituído por unidades imobiliárias com área inferior à fração mínima de parcelamento prevista no art. 8º da Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972 , independentemente da propriedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita como rural; II - núcleo urbano informal - aquele clandestino, irregular ou no qual não tenha sido possível realizar a titulação de seus ocupantes, ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou regularização; III - núcleo urbano informal consolidado - aquele de difícil reversão, considerados o tempo da ocupação, a natureza das edificações, a localização das vias de circulação e a presença de equipamentos públicos, entre outras circunstâncias a serem avaliadas pelo Município ou pelo Distrito Federal; IV - demarcação urbanística - procedimento destinado a identificar os http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5868.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5868.htm#art8 20 imóveis públicos e privados abrangidos pelo núcleo urbano informal e a obter a anuência dos titulares de direitos inscritos nas matrículas ou nas transcrições dos imóveis ocupados para possibilitar a averbação nas matrículas da viabilidade da regularização fundiária, a ser promovida a critério do Município ou do Distrito Federal; V - Certidão de Regularização Fundiária - CRF - documento expedido pelo Município ou pelo Distrito Federal ao final do procedimento da Reurb, constituído do projeto de regularização fundiária aprovado, do termo de compromisso relativo a sua execução e, no caso da legitimação fundiária e da legitimação de posse, da listagem dos ocupantes do núcleo urbano informal regularizado, da devida qualificação destes e dos direitos reais que lhes foram conferidos; VI - legitimação de posse - ato do Poder Público destinado a conferir título, por meio do qual fica reconhecida a posse de imóvel objeto da Reurb, conversível em aquisição de direito real de propriedade na forma estabelecida na Lei nº 13.465, de 2017 , e neste Decreto, e do qual conste a identificação de seus ocupantes, o tempo da ocupação e a natureza da posse; VII - legitimação fundiária - mecanismo de reconhecimento da aquisição originária do direito real de propriedade sobre unidade imobiliária objeto de Reurb; e VIII - ocupante - aquele que mantenha poder de fato sobre o lote ou a fração ideal de imóvel público ou privado em núcleos urbanos informais. § 1º Para fins de Reurb, os Municípios e o Distrito Federal poderão dispensar as exigências relativas ao percentual e às dimensões de áreas destinadas ao uso público, ao tamanho dos lotes regularizados ou a outros parâmetros urbanísticos e edilícios. § 2º O termo de compromisso referido no inciso V do caput conterá o cronograma da execução de obras e serviços e da implantação da infraestrutura essencial e poderá prever compensações urbanísticas e ambientais, quando necessárias. § 3º Constatada a existência de núcleo urbano informal situado, total ou parcialmente, em área de preservação permanente ou em área de unidade de conservação de uso sustentável ou de proteção de mananciais definidas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, a Reurb observará, também, o disposto nos art. 64 e art. 65 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 , e será obrigatória a elaboração de estudo técnico que comprove que as intervenções de regularização fundiária implicam a melhoria das condições ambientais em relação à situação de ocupação informal anterior com a adoção das medidas nele preconizadas, inclusive por meio de compensações ambientais, quando necessárias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm#art64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm#art64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm#art65 21 § 4º Cabe aos Municípios e ao Distrito Federal a aprovação do projeto de regularização fundiária do núcleo urbano informal de que trata o § 3º. § 5º Constatada a existência de núcleo urbano informal situado, total ou parcialmente, em área de unidade de conservação de uso sustentável que, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 , admita a regularização, a anuência do órgão gestor da unidade será exigida, desde que estudo técnico comprove que essas intervenções de regularização fundiária impliquem a melhoria das condições ambientais em relação à situação de ocupação informal anterior, o órgão gestor da unidade de conservação de uso sustentável deverá se manifestar, para fins de Reurb, no prazo de noventa dias, contado da data do protocolo da solicitação. § 6º Na hipótese de recusa à anuência a que se refere o § 5º pelo órgão gestor da unidade, este emitirá parecer, técnica e legalmente fundamentado, que justifique a negativa para realização da Reurb. § 7º Na Reurb em núcleosurbanos informais situados às margens de reservatório artificial de água destinado à geração de energia ou ao abastecimento público, a faixa da área de preservação permanente consistirá na distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum . § 8º Não é admitida a Reurb em núcleos urbanos informais situados em áreas indispensáveis à segurança nacional ou de interesse da defesa, assim reconhecidas em ato do Presidente da República. § 9º É admitida a Reurb em núcleos urbanos informais situados na faixa de fronteira estabelecida na Lei nº 6.634, de 2 de maio de 1979 , exceto na hipótese referida no § 8º. § 10. Consideram-se áreas indispensáveis à segurança nacional para fins do disposto neste Decreto, os locais e as adjacências onde o Presidente da República e o Vice-Presidente da República trabalham ou residem oficialmente durante o mandato presidencial, e das infraestruturas críticas, cujas instalações, serviços e bens, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sérios impactos à sociedade e ao Estado. § 11. As infraestruturas críticas cujas instalações, serviços e bens, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sérios impactos à sociedade e ao Estado, serão definidas em ato do Presidente da República, consultado o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. § 12. Aplica-se o disposto no § 10 quanto às instalações, e às suas adjacências, utilizadas de forma permanente ou não pelo Presidente da República e pelo Vice-Presidente da República, conforme indicação definida em ato do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6634.htm 22 Institucional da Presidência da República. § 13. O disposto na Lei nº 13.465, de 2017 , e neste Decreto se aplica aos imóveis localizados em área rural, desde que a unidade imobiliária tenha área inferior à fração mínima de parcelamento prevista no art. 8º da Lei nº 5.868, de 1972 . § 14. Após a Reurb de núcleos urbanos informais situados em áreas qualificadas como rurais, os Municípios e o Distrito Federal poderão efetuar o cadastramento das novas unidades imobiliárias, para fins de lançamento dos tributos municipais e distritais. 7. Concessão de Direito Real de Uso É um direito real que advém de um contrato realizado entre a Administração Pública para transferir o uso de terreno, seja ele público ou privado (sem modificação do domínio do bem) por um lapso temporal específico, de modo gratuito ou oneroso, para utilização – pelo concessionário – de acordo com os fins previstos em lei, em obediência ao Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. A Lei 8.666/93, em seu art. 17 assim autoriza: Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007) g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua- se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5868.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5868.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6383.htm#art29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6383.htm#art29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art118 23 fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais (Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017) 8. Laje É um direito real que abrange mais de uma titularidade sobre uma mesma área, permitindo a coexistência da utilização das unidades autônomas, respeitado o direito de superfície sobre cada uma delas, conforme determina o Código Civil: Diz o Código Civil em seu art. 1.510-A: DA LAJE (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 1o O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 2o O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua unidade. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 3o Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 4o A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 5o Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 24 § 6o O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-basee das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Art. 1.510-B. É expressamente vedado ao titular da laje prejudicar com obras novas ou com falta de reparação a segurança, a linha arquitetônica ou o arranjo estético do edifício, observadas as posturas previstas em legislação local.(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no que couber, das normas aplicáveis aos condomínios edilícios, para fins do direito real de laje, as despesas necessárias à conservação e fruição das partes que sirvam a todo o edifício e ao pagamento de serviços de interesse comum serão partilhadas entre o proprietário da construção-base e o titular da laje, na proporção que venha a ser estipulada em contrato. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 1o São partes que servem a todo o edifício: (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) I - os alicerces, colunas, pilares, paredes-mestras e todas as partes restantes que constituam a estrutura do prédio;(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) II - o telhado ou os terraços de cobertura, ainda que destinados ao uso exclusivo do titular da laje; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) III - as instalações gerais de água, esgoto, eletricidade, aquecimento, ar condicionado, gás, comunicações e semelhantes que sirvam a todo o edifício; e (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) IV - em geral, as coisas que sejam afetadas ao uso de todo o edifício. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 2o É assegurado, em qualquer caso, o direito de qualquer interessado em promover reparações urgentes na construção na forma do parágrafo único do art. 249 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Art. 1.510-D. Em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 1o O titular da construção-base ou da laje a quem não se der conhecimento da alienação poderá, mediante depósito do respectivo preço, haver para si a parte alienada a terceiros, se o requerer no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado da data de alienação. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 2o Se houver mais de uma laje, terá preferência, sucessivamente, o titular das lajes ascendentes e o titular das lajes descendentes, assegurada a prioridade para a laje mais próxima à unidade sobreposta a ser alienada. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do direito real de laje, salvo: (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 25 I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) II - se a construção-base não for reconstruída no prazo de cinco anos. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a eventual reparação civil contra o culpado pela ruína. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Direitos Reais de Garantia (Artigos 1.419 e seguintes do CC) O patrimônio do devedor responde por seus débitos. Nas sociedades primitivas, respondia o devedor com a sua pessoa, ou seja, era o seu corpo que arcava com os débitos e, se fossem vários credores, era - a pessoa - repartida em pedaços proporcionais às dívidas. Em 326 a.C, com advento da Lex poetelia papiria, foi abolida a execução contra a pessoa, respondendo somente seu patrimônio pelo débito. Espécies de garantias: a. Fidejussória ou pessoal - tem o credor um título assinado por outrem que lhe assegure que, se o devedor não cumprir sua obrigação, ele a satisfará (fiança / fiador ou aval / avalista); b. Real - consiste em o devedor, ou alguém por ele, destinar um bem para garantir o cumprimento da obrigação. Não cumprida a obrigação o bem será executado. Não proporciona ao credor o direito de usar e gozar da coisa gravada e tampouco de usufruir de seus frutos e produtos. Fica para o credor uma situação cômoda, pois poderá executar o bem quando o devedor não pagar a dívida. São garantias reais: Só quem pode dispor do bem é quem pode dar garantia real (proprietário) • Penhor; • Anticrese; • Hipoteca; • Propriedade fiduciária. A garantia real é indivisível, pois quando existe uma coisa comum pertencente a dois ou mais proprietários, estes não poderão dar em garantia senão em comum acordo. Os contratos deverão conter as seguintes cláusulas, sob pena de não ter efeito “erga omnes”: valor total da dívida, ou sua estimação; prazo fixado para pagamento; taxa dos juros, se houver; a coisa dada em garantia, com as suas especificações. A dívida considera-se vencida: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55 26 a. por deterioração; se: deteriorando-se ou depreciando-se a coisa dada em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não reforçá-la. b. devedor insolvente; o devedor cair em insolvência ou falir; c. se as prestações não forem pagas; neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata. d. se perecer o objeto dado em garantia – não sendo substituído. e. se for desapropriada a coisa dada em garantia - depositando-se parte do preço que for necessária para o pagamento integral do credor. Vamos examiná-los mais de perto... 1. Penhor Consiste na tradição de coisa móvel suscetível de alienação que o devedor (ou terceiro que por ele faz) ao credor ou seu representante, como garantia do adimplemento da dívida. Possui como elementos: • Caráter acessório: o penhor não tem vida própria, ou seja, para ter existência depende de um contrato. • Capacidade do devedor: não basta a capacidade genérica: é imprescindível a capacidade de alienação, pois o penhor é um início de alienação. • Direito real: vincula o objeto à satisfação, com efeito erga omnes, e é munido de ação real e de sequela. • Tradição: é fundamental que a coisa seja entregue ao credor, salvo os penhores especiais. • Incidênciasobre coisa móvel: é indispensável a tradição. Não deve esse elemento ser visto com rigor, uma vez que a lei admite o penhor agrícola, que dispensa a tradição e incide sobre imóvel. • Ser objeto alienável: o penhor é um princípio de alienação, uma vez que, se a obrigação não for honrada, o objeto será executado. Obs.: O penhor é um contrato solene, portanto formal, devendo ser pelo menos constituído de um instrumento particular, ou seja, escrito. Espécies de penhor: O penhor pode ser comum e especial. O penhor comum (tradicional) entende-se aquele que tem por objeto coisa móvel, corpórea, que deve ser entregue ao credor ou ao seu representante pelo devedor ou alguém por ele, para segurança do credor. Deve ser transcrito no registro de títulos e documentos. 27 O penhor especial é subdividido em: penhor pecuário (de gado e semoventes) e por ele dispensa-se a tradição, pois os bens empenhados continuarão em poder do devedor que é o seu proprietário e que fica como depositário e rural (compreende o penhor agrícola). São objetos do penhor agrícola: bens móveis e imóveis por acessão. Vamos recordar a classificação dos bens – IMÓVEIS: • Imóveis por sua natureza: o solo, a superfície, o subsolo e o espaço aéreo. Os acessórios e adjacências naturais, as árvores e os frutos pendentes (ainda não colhidos). As JAZIDAS, os RECURSOS MINERAIS e HIDRÁULICOS, conforme determina a Constituição Federal em seu art. 176 são propriedade DISTINTA do solo para exploração, lavra, estando a União autorizada a conceder ou autorizar seu aproveitamento no interesse nacional. O dono da terra tem direito à participação no fruto da lavra. • Imóveis por acessão física ou artificial: acessão compreende o acréscimo ou aderência de uma coisa a outra. Bem imóvel por acessão física ou artificial é o produzido pelo homem que se incorpora ao solo. Ex. construção, concreto armado, plantação, ponte, viaduto. • Imóveis por determinação legal: são aqueles que o artigo 80 do Código Civil entende como IMÓVEIS para fins legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; Os direitos reais sobre imóveis envolvem os direitos que um titular possui sobre sua coisa, seu bem; São direitos de propriedade, de usufruto, de uso, de superfície e os que garantem desses direitos: de anticrese, de hipoteca com as respectivas ações de proteção: as ações reivindicatórias, hipotecárias, etc. II - o direito à sucessão aberta. Direitos sobre a sucessão aberta. Esta se configura como o conjunto de bens que constituem o patrimônio de pessoa falecida (“de cujus”), é o acervo da herança, do espólio. Se o herdeiro quiser RENUNCIAR à herança deve fazê-lo por escritura pública ou por termo nos autos do processo. Se casado, o cônjuge deve autorizar a renúncia. III – Outros Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. 28 A caixa d’água ou casa pré-fabricada (de madeira) que podem ser removidas sem alteração. II - os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. Também se constitui como bem imóvel o material provisoriamente destacado da construção para ser nela reempregado após conserto ou reparo, como por exemplo, janelas, tijolos, telhas, etc. Portanto, podem ser objeto de penhor agrícola os imóveis por acessão e: (artigo 1.442, CC) • máquinas e instrumentos de agricultura • colheitas pendentes, ou em via de formação no ano do contrato, quer resultem de prévia cultura, quer de produção espontânea do solo; • frutos armazenados, podem ser, os beneficiados e acondicionados para a venda; • lenha cortada, carvão vegetal; • animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola. Outra espécie de penhor é o legal. O penhor legal é o que decorre da lei para proteger determinadas pessoas em face da relação existente entre elas, para o resgate do seu crédito. Exemplo: as bagagens garantem o crédito do dono do hotel, se não for paga a estadia. Então o penhor decorre da lei, nestas situações: Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. Ainda falando sobre as espécies de penhor, temos o de títulos de crédito ou caução. Os títulos são bens incorpóreos e podem ser gravados com ônus pignoratício. Portanto, o credor pode oferecer o seu direito como garantia real do débito que contrair. A caução de título de crédito tem por objeto o próprio título que documenta o direito (cártula), pois o direito incorpora-se ao documento, materializando-se. Os títulos de créditos 29 podem ser: títulos da dívida pública e de crédito particular; portador (a maior parte de títulos públicos estão prescritos) ou nominativo. Sendo títulos da dívida pública, a caução constitui-se mediante registro na repartição competente, dispensando, a lei, a tradição. SE, porém, o penhor incidir em obrigações ao portador, a tradição é necessária e deve ser averbado o penhor nas repartições competentes ou na sede da associação emissora, quando emitidos por bolsa. Temos dentre as espécies também o penhor industrial e mercantil - art. 1.447, CC: Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados. Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos armazéns gerais o penhor das mercadorias neles depositadas. O penhor de veículos é outra espécie de penhor. Penhor de veículos - art. 1.461, CC – inovação do CC. Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução. Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente, mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, e anotado no certificado de propriedade. Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida garantida com o penhor, poderá o devedor emitir cédula de crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar. 2. Anticrese (art. 1.506 CC) Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos.Para Clovis Beviláqua é o direito real sobre imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa, a fim de perceber- lhe os frutos e imputa-los no pagamento da dívida, juros e capital, sendo, porém, permitido estipular que os frutos sejam, na sua totalidade, percebidos à conta de juros. 30 Direitos do credor anticrético a. Tem direito o credor de, pessoalmente ou por arrendamento, fruir do imóvel até ser pago, fazendo seus os frutos e rendimentos (posse e retenção). b. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente do imóvel, os credores quirografários e os hipotecários posteriores à transcrição da anticrese. c. Goza de privilégios sobre outros credores e por isso, a lei confere-lhe poderes para sua defesa. Coexistência de Hipoteca e da Anticrese O crédito anticrético pode se tornar hipotecário e o hipotecário pode se tornar anticrético. Ex. O bem hipotecado pode ser dado em anticrese ao credorhipotecário. O credor anticrético responde (art. 1.508 do CC): • Pela deterioração do bem (quando for por sua culpa) • Quando deixar de perceber os frutos (por negligência) • Pela prestação de contas da administração do imóvel onerado 3. Hipoteca É o direito real que incide sobre um bem imóvel, em que o devedor (ou alguém por ele) confere ao credor, para garantir o adimplemento de uma obrigação, com preferência sobre qualquer outro credor pelo pagamento da dívida. Na hipoteca, o devedor fica na posse do bem hipotecado. . Para Maria Helena Diniz é o direito real de garantia que grava coisa imóvel ou bem que a lei entende por hipotecável, pertencente ao devedor ou a terceiro, sem transmissão de posse ao credor, conferindo a este o direito de promover a sua venda judicial, pagando-se preferencialmente, se inadimplente o devedor. Objeto a. Os imóveis (art. 79 do CC) solo com sua superfície; b. Acessórios dos imóveis (art. 92), conjuntamente com ele e adjacências naturais, como árvores, frutos pendentes, espaço aéreo, subsolo; tudo o que o homem lançar na terra, os edifícios e as construções. c. As estradas de ferro - direitos relativos a esse bem, serão registrados, conforme a lei de Registros Públicos (art. 171 da Lei 6015/73): 31 Art. 171. Os atos relativos a vias férreas serão registrados na circunscrição imobiliária onde se situe o imóvel. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) Parágrafo único. A requerimento do interessado, o oficial do cartório do registro de imóveis da circunscrição a que se refere o caput deste artigo abrirá a matrícula da área correspondente, com base em planta, memorial descritivo e certidão atualizada da matrícula ou da transcrição do imóvel, caso exista, podendo a apuração do remanescente ocorrer em momento posterior. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) d. As minas e pedreiras – recursos naturais - independentemente do solo onde se acham, vez que são propriedades distintas do solo e pertencentes à União. e. Os navios - em que pese serem bens móveis, por disposição legal, serão objeto também de hipoteca, ainda que em construção, pois estão vinculados a um porto. f. As aeronaves – mesmo em construção, por disposição legal. Por acréscimo na lei: Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) X - a propriedade superficiária; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 700, de 2015) XI - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão.(Incluído pela Medida Provisória nº 700, de 2015) Princípios da Hipoteca a. O da especialização – consiste em discriminar detalhadamente o objeto da hipoteca, ou seja, especificar o montante da dívida, prazo, taxa de juros (quando houver), etc. b. O da publicidade – que é alcançada com o registro no cartório imobiliário (167, I, 2, da Lei 6015/73 – de Registros Públicos) é através dele que terceiros não poderão alegar ignorância de sua existência. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art56 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art56 http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv700.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv700.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv700.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv700.htm#art3 32 Podem hipotecar • Os que tenham disponibilidade, ou seja, somente pode hipotecar, quem puder alienar, porque se a dívida não for honrada, o bem será executado. Não basta a capacidade, é necessário legitimidade, por ex. se casados ou companheiros, a autorização do consorte é imprescindível. • O tutor, curador ou representante legal só mediante autorização judicial. Espécies de Hipoteca • Convencional - é a que resulta de um contrato em que o bem é dado como garantia da dívida; • Legal - é a lei que determina que certos bens, devem servir de garantia a uma obrigação ou pelo cargo de administração ocupado por certas pessoas: Art. 1.489. A lei confere hipoteca: I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas; II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior; III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais; IV - ao coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente; V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação. Art. 1.490. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, provando a insuficiência dos imóveis especializados, exigir do devedor que seja reforçado com outros. Art. 1.491. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a requerimento do devedor. 33 Efeitos da Hipoteca Vincula um bem imóvel ao pagamento de uma dívida. A hipoteca válida, gera efeitos junto ao credor, devedor e aos terceiros. • Efeitos em relação ao credor Vencida a obrigação e não implementada, terá o credor direito de executar o objeto da hipoteca com preferência sobre qualquer outro credor (observada a ordem preferencial em execuções, por exemplo, direitos da fazenda pública, dívidas trabalhistas, etc.). • Efeitos em relação ao devedor Antes de ofertada a ação – o devedor conserva todos os seus direitos sobre a coisa, não podendo praticar atos que, direta ou indiretamente, desvalorizem, deteriorem, ou destruam a coisa. Não poderá o devedor alterar a substância da coisa se implicar diminuição de seu valor. Após ser ofertada a ação – o bem garantido pode ser entregue a depositário judicial. A partir desse fato perde o devedor não apenas o direito de alienar, como também o de receber os frutos. Qualquer ato de alienação ou de percepção de frutos, presume-se fraude a execução. • Efeitos em relação a terceiros A hipoteca, uma vez inscrita, opera efeito “erga omnes”, ou seja, contra todos, portanto ninguém poderá alegar ignorância. Daí a importância de antes de adquirir um bem imóvel, requerer certidão vintenária, na qual conste eventual ônus, bem como certidão negativa de tributos. Registro da Hipoteca A hipoteca somente se constitui com a inscrição no órgão competente – Cartório de Registro de Imóveis do lugar do imóvel gravado. Antes da inscrição da hipoteca, o contrato é meramente obrigacional, sem ônus real. O registro tem como finalidade dar publicidade, dar direito de preferência ao credor hipotecário e fixar o nascimento do direito real. Art. 1.497. As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão ser registradas e especializadas. § 1o O registro e a especialização das hipotecas legais incumbem a quem está obrigado a prestar a garantia, mas os interessados podem promover a inscrição delas, ou solicitar ao Ministério Público que o faça. § 2o As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização das hipotecas legais, estão sujeitas a perdas e danos
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