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INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS NA INFÂNCIA Medcurso 2021 Importância: elevada incidência e importante causa de óbito em < 5 anos (geralmente por pneumonia). Resfriado comum Etiologia Clínica Rinovírus Outros: Coronavírus Influenza Parainfluenza VSR Incubação: 1-3 dias Transmissão: contato direto (principal) e via inalatória Coriza, obstrução nasal Espirros, roncos (presença de secreção em VAS) Dor de garganta, hiperemia de mucosas Tosse noturna por gotejamento – secreção em hipofaringe Febre Não altera FR e nem ausculta respiratória Duração média: 07 dias. A partir do 3º dia de doença pode apresentar secreção com aspecto purulento (e não ser bacteriano!) Tratamento Antipiréticos: dipirona, paracetamol, ibuprofeno em dose baixa OBS: influenza ou varicela + AAS = risco de Síndrome de Reye (encefalopatia + disfunção hepática) – não utilizar! Desobstrução nasal: lavagem nasal com SF 0,9% sempre que for necessário. Não usar medicamentos desnecessários! Antitussígeno, mucolítico, descongestionantes, etc. Mel: colabora com redução do gotejamento noturno. Proscrito em < 1 ano (risco de botulismo) e evitado em < 2 anos (devido ao teor de açúcar). Profilaxia: lavagem de mãos. Otite Média Aguda Patogênese Etiologia Disfunção tubária → acúmulo de secreção → proliferação bacteriana. S. pneumoniae e H. influenzae (não tipável) Outro: Moraxella catarrhalis Clínica Tratamento Crianças < 2 anos: tuba auditiva mais horizontal. - Irritabilidade, - Choro, - Otalgia, - Otorreia (secreção em conduto auditivo externo). Diagnóstico: otoscopia! • Normal: ✓ Membrana transparente, ✓ Brilhante (triângulo luminoso), ✓ Côncava (ou normotensa), ✓ Móvel (otoscopia pneumática). • Alterada: ✓ Opaca, ✓ Hiperemiada, ✓ Abaulada (mais específico), ✓ Perfuração. Analgésico Avaliar antibioticoterapia Indicação de ATB: • < 6 meses: todos! • 6 meses a 2 anos: casos graves, com otorreia ou OMA bilateralmente. • >= 2 anos: casos graves ou com otorreia. ✓ Ou manter em observação com retorno em 48h para reavaliação. Casos graves: febre >= 39ºC, dor moderada-intensa, otalgia > 48h. Amoxicilina: 40-50 mg/kg/dia (por cerca de 10 dias, mas individualizado). • Mecanismos de resistência: hemófilo e moraxela com beta-lactamase e pneumo com OBS: otorreia também pode aparecer em otite externa (banho de piscina, de mar, etc.), geralmente por pseudomonas. menor afinidade PBP (necessidade de dose dobrada). Amoxicilina + Clavulanato: ✓ Falha terapêutica, ✓ OMA + conjuntivite (“EYEmófilo”) ✓ Uso recente de ATB. Complicações Otite média serosa: pode ser evolução natural da OMA ou não ter relação. • Acúmulo de líquido (efusão) sem inflamação (abaulamento, hiperemia, etc). • Observação por 3 meses. Se não houver reabsorção: referenciar ao otorrino para avaliar tubo de timpanostomia. Mastoidite aguda: inflamação do periósteo. • Apresenta sinais de inflamação retroauricular: dor, edema e hiperemia. • Deslocamento do pavilhão. • Internação hospitalar + antibioticoterapia parenteral + tomografia (segundo a maioria dos autores). Sinusite Bacteriana Aguda Anatomia: • < 5 anos: apenas seios etmoidal e início de maxilar • Adulto: seios etmoidal, maxilar, esfenoidal e frontal Clínica Etiologia e tratamento Resfriado “arrastado” (>= 10 dias) • Coriza abundante mucopurulenta • Tosse intensa, diurna e noturna Quadro grave (>= 3 dias) • Febre alta • Coriza mucopurulenta Quadro que piora (bifásico) – viral → bacteriano Agentes: os mesmos da OMA! Antibioticoterapia: amoxicilina. - Cerca de 10-14 dias (hoje individualizado). - Manter por mais 7 dias após melhora. OBS: pensar em corpo estranho se rinorreia unilateral. Faringite Aguda Bacteriana Etiologia Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (S. pyogenes) – causador da febre reumática Clinica 5-15 anos de idade (incomum em < 2-3 anos de idade) Febre e manifestações inespecíficas (vômito, dor abdominal – simulando abdome agudo) Dor de garganta, exsudato amigdaliano, petéquias em palato Adenopatia cervical Não tem tosse ou rouquidão! Diagnóstico Tratamento Testes rápidos: alta especificidade! Cultura de orofaringe: mais sensível! Analgésico e antipirético Antibioticoterapia: Penicilina Benzatina dose única OU Amoxicilina por 10 dias (duração fixa!) Complicações Não supurativas: febre reumática (cardite, artrite, coreia, eritema marginatum e/ou nódulos subcutâneos) Supurativas: 1. Abscesso periamigdaliano (amigdalite, disfagia, sialorreia, trismo, desvio de úvula) 2. Abscesso retrofaríngeo (evolução de uma adenite nos gânglios do espaço retrofaríngeo em < 5 anos) – possui história de IVAS recente, febre alta e odinofagia, disfagia e sialorreia, dor à mobilização do pescoço Faringite Aguda Viral Clinica Febre faringoconjuntival: faringite + conjuntivite + adenomegalia pré-auricular. • Principal agente: Adenovírus. Herpangina: febre alta + dor de garganta + úlceras. • Principal agente: Coxsackie A. Mononucleose infecciosa: faringite exsudativa + petéquias + linfadenopatia generalizada + esplenomegalia (50%) • Principal agente: Epstein-Barr Epiglotite Aguda Estridor: ruído predominantemente inspiratório (devido à redução do calibre da laringe) que representa obstrução de via aérea. Etiologia Clínica Haemophilus Influenzae tipo B Ver vacinação! Incidência reduzida após vacina penta. Início agudo e evolução rápida. Febre alta, toxemia. Dor de garganta, disfagia, sialorreia. Dificuldade respiratória, estridor. Posição tripé: adotada pela criança para facilitar fluxo. Tratamento Conduta imediata: • Estabelecimento de via aérea → considerar intubação • Deixar a criança em paz • Oferecer oxigênio • Não tente visualizar a orofaringe • Não solicite exames (“sinal do polegar” na radiografia) Conduta após: • Suporte ventilatório • Antibioticoterapia (como Ceftriaxona) Laringotraqueíte Viral Aguda Etiopatogenia Clínica Espectro de gravidade de uma mesma doença: infecção viral superior que progride para laringe, traqueia e até brônquios. Principal vírus: parainfluenza. Pródromos catarrais. Crupe viral: tosse metálica (tosse “de cachorro”) + afonia e rouquidão + estridor. Diagnóstico é clínico! (mas possui “sinal da torre” na radiografia). Tratamento Casos graves: com estridor em repouso! • Adrenalina (nebulização) • Corticoide (VO ou IM) - dexametasona • Manter em observação por 2-3h após nebulização Casos leves: sem estridor em repouso. • Apenas corticoide. OBS: Traqueíte bacteriana → infecção por S. aureus que forma membranas (placas purulentas) aderidas à parede da traqueia (além do edema), por isso não melhora com adrenalina. Precisam de: internação + suporte de oxigênio + antibioticoterapia. Infecções das vias aéreas inferiores Taquipneia: • < 2 meses: > 60 irpm • 2-12 meses: > 50 irpm • 1-5 anos: > 40 irpm Pneumonia bacteriana Etiologia Clínica < 1-2 meses: S. agalactiae (grupo B) e Gram – entéricos > 1-2 meses: S. pneumoniae e S. aureus (grave + complicações + porta de entrada) Pródromos catarrais Febre alta e tosse Sinais clássicos: estertores, aumento de frêmito toracovocal, macicez, broncofonia, pectoriloquia afônica Taquipneia Sinais de gravidade: tiragem subcostal, BAN, gemência Avaliação complementar Indicações de hospitalização Radiografia de tórax: não obrigatória! Indicada em caso de internação hospitalar, sinais de gravidade, etc. • Consolidações • Aerobroncograma • Pneumonia redonda • Complicações: derrame pleural (mais comum em pneumococo), pneumatocele (considerar estafilo), abscesso (estafilo e anaeróbio – principalmente se aspiração). • Idade < 2 meses • Comprometimento respiratório (TSC, SatO2 < 92%) • Comprometimento do estado geral (incapaz de beber líquidos, vomita tudo que ingere) • Doença de base (imunodepressão,cardiopatia) • Complicações radiológicas (abscesso, derrame pleural) Tratamento Ambulatorial: • > 2 meses: Amoxicilina (50 mg/kg/dia por 7-10 dias) + reavaliação em 48h Hospitalar: • < 2 meses: Ampicilina (50 mg/kg/dose 6/6h) + Gentamicina (7,5 mg/kg/dia 12/12h) • > 2 meses: Penicilina Cristalina IV (150.000 UI/kg/dia 6/6h) OBS: Pneumonia muito grave: aumentar cobertura para Oxacilina (cobertura para estafilo) + Ceftriaxona (cobertura para pneumococo e Gram -) – caso de oxigenioterapia permanente, consolidação extensa, etc. • Se MRSA: indicar Clindamicina ou até mesmo Vancomicina em vez de Oxacilina Complicação Derrame pleural (critérios de Light): • Transudato: líquido em cavidade pleural sem características inflamatórias. Ocorre por aumento da pressão hidrostática ou redução da pressão oncótica. Exemplo: síndrome nefrótica, ICC. • Exsudato: líquido em cavidade pleural com características inflamatórias (alta proteína, baixa glicose). Exemplo: derrame parapneumônico. ✓ Tratamento: basta o esquema antibiótico. • Empiema: exsudato infectado (avaliado por toracocentese). Comum em paciente com derrame pleural em falha terapêutica após 48 ou 72h. ✓ Tratamento: esquema antibiótico + drenagem torácica. OBS: falha terapêutica após 48-72h: radiografia* → se derrame presente → toracocentese → avaliação bioquímica (purulento, pH < 7,2, glicose < 40, bactérias, alguns consideram elevação de LDH) → indicar drenagem + manter tratamento antimicrobiano. * Em alguns centros pode-se realizar USG em tórax à beira leito. Pneumonias atípicas Aspectos gerais Formas clínicas Quadro insidioso (“arrastado”): em torno de doença há mais de 7- 10 dias. Manifestações extrapulmonares (mialgia, conjuntivite, otalgia, geralmente com febre baixa ou afebril, entre outros). Não melhoram com Penicilina. Principais agentes: Mycoplasma, Chlamydia trachomatis, Legionella sp, Ureaplasma. • Pneumonia atípica em > 5 anos: Mycoplasma • Pneumonia afebril do lactente: Chlamydia trachomatis ✓ Parto vaginal: colonização conjuntiva e nasofaringe ✓ Conjuntivite neonatal ✓ Incubação: 1-3 meses ✓ Quadro arrastado, afebril ✓ Tosse + taquipneia + eosinofilia + infiltrado intersticial ✓ Tratamento: macrolídeos Bronquiolite Viral Aguda Etiologia Clínica Vírus sincicial respiratório! Outros: • Adenovírus: bronquiolite obliterante (complicação) Transmissão via respiratória e contato. Primeiro episódio de crise de sibilância associado a infecção viral em < 2 anos! Pródromos catarrais → febre geralmente baixa → tosse → taquipneia → sibilos (obstrução por redução de calibre devido a edema e muco, não broncoespasmo). Avaliação complementar Indicações de hospitalização Não há necessidade! Radiografia de tórax: se realizada. • Hiperinsuflação • Atelectasia Sinais de gravidade! • Uso de musculatura acessória • SatO2 < 90/92% • Comorbidades (cardiopatias congênitas) • < 12 semanas • Prematuros (< 32 semanas em especial) Tratamento Ambulatorialmente: sintomáticos (lavagem nasal + antipiréticos) + reavaliação. Hospitalar: suporte! • Oxigenioterapia (se SpO2 <90/92%) – CNAF reduz a necessidade de IOT • Hidratação venosa, se necessário! Solução isotônica. • Avaliar nebulização com solução hipertônica (NaCl 3%) – controverso Não fazer: • Beta-2 agonistas (exceto se casos de repetição ou primeiro caso muito grave), corticoides • Fisioterapia respiratória Prevenção Lavagem de mãos + precaução de contato + Palivizumabe (anticorpo monoclonal) Palivizumabe - Ministério da Saúde: • < 1 ano: PMT < 29 semanas (até 28s e 6d) • < 2 anos: com cardiopatia congênita e repercussão hemodinâmica ou doença pulmonar da prematuridade com necessidade de tratamento nos últimos 6 meses • 5 meses de vacinação mensal: depende da sazonalidade de cada região. OBS: a SBP expande a faixa etária de PMT para 29 a < 32 semanas. Coqueluche Etiologia Clínica Bordetella pertussis Ação de toxina em região traqueobrônquica. Fase catarral (1-2 semanas): pródomo gripal. Fase paroxística (2 semanas): acessos de tosse + guinchos. Podem ter vômitos e petéquias. • Apneia e cianose em < 3 meses. Fase de convalescência (4 semanas): resolução clínica. Diagnóstico Tratamento Leucocitose com linfocitose (mesmo sendo bacteriana, por conta da ação da toxina). Coração felpudo: infiltrado peri-hilar. Azitromicina!
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