Buscar

Fisiologia renal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
ANATOMIA RENAL 
Os rins se localizam no espaço retroperitoneal. Na parte côncava 
de cada rim localiza-se o hilo renal, onde se encontram a artéria e 
a veia renal, vasos linfáticos, plexos nervosos e ureter. A fáscia de 
Gerota envolve a gordura perirrenal que contorna o rim e a 
glândula adrenal, constituindo o espaço perirrenal. 
 
O parênquima renal é constituído pelo córtex e medula; Uma 
pirâmide + o córtex adjacente forma o lobo renal. A Medula é 
dividida em medula interna e externa e no ápice da pirâmide 
encontra-se a papila renal. Em continuidade estão os cálices 
menores, que se juntam para formar os cálices maiores e 
posteriormente a pelve e o ureter. 
O rim de um indivíduo adulto mede: 
• Comprimento: 10 a 13 cm 
• Largura: 5 a 7,5 cm 
• Espessura: 2,5 a 3cm 
VASCULATURA RENAL 
• Artéria renal 
• Artéria segmentar 
• Artéria interlobares 
• Artérias arqueadas 
• Artérias interlobulares 
• Arteríola aferente 
• Arteríola eferente 
• Vasos retos 
NÉFRONS 
Os néfrons são as unidades funcionais do rim, havendo cerca de 1 
milhão de néfrons em cada rim. São eles responsáveis pela filtração 
glomerular, sendo composto pelo glomérulo e túbulos renais. 
O débito cardíaco é cerca de 5 litros, ou seja, a cada minuto 5 litros 
de sangue é bombeado para o corpo. Cerca de 25% (1,25L) desse 
plasma sanguíneo passam pelos rins a cada minuto. Esse sangue 
que atinge o rim passa inicialmente pelos glomérulos, onde cerca 
de 10 a 20% desse plasma é filtrado, o que totaliza 180 litros de 
plasma filtrados diariamente. Apenas 1,2% desse volume é 
eliminado por meio da urina e o restante é reabsorvido da luz 
tubular para o espaço peritubular. 
Obs: Os glomérulos justamedulares possuem maior diâmetro em 
relação aos glomérulos superficiais. Os glomérulos estão em maior 
quantidade no córtex enquanto os túbulos na medula. 
 
Obs: O túbulo distal e o ducto coletor são responsáveis por fazer o 
AJUSTE FINO, ou seja, reabsorvem parte do sódio. 
GLOMÉRULO 
 
A arteríola aferente é a arteríola de entrada da cápsula de Bowman 
do glomérulo, já a arteríola eferente é a arteríola de saída. O 
glomérulo é dividido no polo vascular (mais próximo das artérias 
aferente e eferente) e polo urinário, mais distal. No interior do 
glomérulo está o tufo glomerular (formado pelos capilares 
glomerulares) e, na superfície do tufo glomerular, o epitélio 
visceral (podócitos), que caracteriza a camada mais externa da 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
barreira de filtração glomerular (BFG). Entre a parede dos 
capilares glomerulares (endotélio) e os podócitos está a 
membrana basal, que também faz parte da BFG. Assim, a barreira 
de filtração glomerular é formada pelo endotélio, membrana basal 
e epitélio visceral (podócitos). 
Para que o glomérulo mantenha a sua forma existe uma substância 
amorfa entre os capilares que dá sustentação, chamada de 
mesângio. No túbulo distal estão localizadas células que mudam a 
sua conformação e formam a mácula densa, que faz parte do 
aparelho justaglomerular e faz o ajuste de sódio no organismo. 
 
Na parede do endotélio são encontradas as fenestras do 
endotélio. Em condição normal, as hemácias que passam nos 
capilares não conseguem passar pelas fenestras para o espaço 
urinário devido ao seu tamanho, sendo essa passagem possível 
apenas em alguma condição patológica. Quando ocorre de as 
hemácias passarem através dessas fenestras, elas mudam a sua 
conformação, causando o dismorfismo eritrocitário, condição 
PATOGNOMÔNICIA DE ALTERAÇÃO GLOMERULAR. 
Assim como as hemácias, as proteínas não conseguem atravessar 
as fenestras do endotélio em condições habituais. A albumina, 
proteína de peso intermediário e de carga negativa, também não 
ultrapassa essas fenestras devido à carga negativa dos 
proteoglicanos presente na membrana basal, que a repele. Assim, 
nas glomerulonefrites, a perda das cargas negativas da membrana 
glomerular aumenta a filtração de proteínas. 
APARELHO JUSTAGLOMERULAR 
O aparelho justaglomerular é a estrutura mais importante do 
sistema renina-angiotensina, pois atua negativamente na 
regulação da excreção de sódio pelo organismo. Ele é formado 
pelos seguintes elementos: 
• Porção terminal da arteríola aferente – células 
justaglomerulares, que produzem renina; 
• Mácula densa (túbulo distal); 
• Região mesangial extraglomerular; 
• Arteríola eferente. 
Obs: As células da mácula densa do túbulo contorcido distal são 
sensíveis à presença do sódio. Assim, quando sensibilizada, envia 
informação para a arteríola eferente para aumentar ou diminuir a 
absorção de sódio de acordo com a necessidade. 
FISIOLOGIA RENAL 
A função primordial do rim é manter o meio interno estável, 
através da retenção ou eliminação seletiva de água, eletrólitos e 
outros solutos. Para isso, os rins possuem a função de: 
• Regular as concentrações plasmáticas de Na+, K+, H+, 
Ca++, Mg++, HCO3-, Cl- e PO4-; 
• Regular o volume e osmolaridade do fluido extracelular; 
• Regular o equilíbrio ácido-básico; 
• Excreção de certos produtos do metabolismo endógeno e 
substâncias exógenas; 
• Produção de hormônios: eritropoetina, renina, 
angiotensina ll, prostaglandinas e vitamina D. 
Obs: Devido à função de produção de eritropoetina, hormônio 
responsável por produzir as células vermelhas, pacientes renais 
crônicos, muitas vezes, cursam com anemia. Além disso, pacientes 
pediátricos com doenças renais geralmente possuem alteração de 
estatura e formação esquelética, devido à falta de vitamina D. 
A formação da urina resulta de 3 processos: 
1. Filtração glomerular; 
2. Reabsorção tubular: reabsorve quase todo o conteúdo 
filtrado e apenas cerca de 1,2% são eliminados na urina. 
3. Secreção tubular: permite a secreção (diretamente nos 
túbulos) de substâncias que não passaram pela barreira 
dos capilares glomerulares, como macromoléculas ou 
partículas ligadas a proteínas. 
a. Uma pequena quantidade de proteínas pode ser 
encontrada na urina, proveniente da secreção 
tubular. 
FATORES ANATOMOFUNCIONAIS DA FILTRAÇÃO 
A permeabilidade do capilar glomerular é 10 a 100 vezes maior do 
que a de qualquer outro capilar do organismo, conferindo a 
capacidade de filtração. Alguns fatores que influem na atividade da 
barreira de filtração são o tamanho das partículas, a forma e a 
carga (os podócitos epiteliais são recobertos por glicoproteínas, 
glicosaminoglicanos e proteoglicanos). 
O líquido filtrado tem composição iônica e de substâncias 
cristalóides (glicose, aminoácidos, etc) idêntica à do plasma, porém 
sem a presença de elementos figurados (hemácias, leucócitos, 
plaquetas) e com quantidades mínimas de proteínas e 
macromoléculas. 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
FATORES HEMODINÂMICOS (FORÇAS DE STARLING) 
A passagem de água e moléculas através do capilar glomerular é 
governada por forças opostas: 
PRESSÃO HIDRÓSTÁTICA X PRESSÃO ONCÓTICA 
A pressão hidrostática é a pressão exercida pelo sangue na parede 
do vaso, aumentando ou diminuindo o seu fluxo; assim, quanto 
menor o calibre do vaso, maior a pressão e, consequentemente, a 
saída de sangue do vaso para o meio extravascular. Já a pressão 
oncótica é a pressão exercida pelas proteínas presentes no plasma, 
principalmente a albumina, que tenta manter o plasma no meio 
intravascular. 
A resultante entre as forças que favorecem e desfavorecem a 
filtração é definida como pressão de ultrafiltração (PUF) e a 
filtração glomerular por néfron depende diretamente do fluxo 
plasmático glomerular. Assim, para a filtração ocorrer, a pressão 
hidrostática deve ser maior que a pressão oncótica. 
Obs: Pressões que atuam na filtração glomerular• A pressão capilar glomerular é uma força que favorece a 
filtração glomerular; 
• A pressão intratubular e a pressão oncótica do capilar 
glomerular são forças que se opõem à filtração; 
• A filtração glomerular depende da permeabilidade do 
capilar glomerular 
REGULAÇÃO HORMONAL DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
A regulação da filtração glomerular também pode ocorrer por meio 
de alguns hormônios. A angiotensina ll e o ADH podem provocar 
contração das células mesangiais e reduzir a filtração. O 
paratormônio pode aumentar a produção local de angiotensina ll 
e também reduzir a filtração. Já os glicocorticóides e o óxido 
nítrico favorecem a filtração glomerular, bem como o fator atrial 
natriurético, que provoca vasodilatação renal e, 
consequentemente, aumento da filtração. 
HIPERFILTRAÇÃO GLOMERULAR 
A redução da massa renal, cirúrgica ou por lesão do parênquima, 
bem como o diabetes melito, induz o aumento da filtração 
glomerular dos néfrons remanescentes, principalmente pelo 
aumento do fluxo plasmático glomerular e do gradiente de pressão 
hidrostática. O aumento da filtração glomerular por néfron é tanto 
maior quanto mais elevada a perda da massa renal. 
Outro fator que pode levar ao aumento da filtração é a ingestão 
proteica - sugere-se que isso ocorra devido à vasodilatação 
induzida pelas proteínas ou aminoácidos. Além disso, o aumento 
dessas proteínas no mesângio estimula proliferação de células 
mesangiais, causando esclerose glomerular; essa esclerose reduz 
ainda mais o número de néfrons e a massa renal, progredindo para 
uma insuficiência renal crônica terminal. 
AUTORREGULAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO RENAL 
Existem mecanismos compensatórios que tornam o ritmo de 
filtração glomerular estável, apesar de eventos externos. 
• Reflexo miogênico (arteríola aferente): constrição 
automática da parede do músculo liso da arteríola 
aferente quando a pressão de perfusão renal aumenta. 
• Retroalimentação tubuloglomerular (arteríola eferente): 
O aumento da oferta de NaCl e, consequentemente, mais 
sangue à região da mácula densa (túbulo distal) resulta de 
aumento da pressão de perfusão renal e causa 
vasodilatação da arteríola eferente. 
Resumindo: 
↑ sangue: aferente contrai e eferente dilata 
↓ sangue: aferente dilata e eferente contrai 
TÚBULOS RENAIS 
Os túbulos renais são as estruturas no néfron responsáveis pela 
reabsorção e secreção de substâncias. Aproximadamente 99% do 
que foi filtrado é reabsorvido ao longo do néfron e a composição 
desse fluido é semelhante à do plasma, com exceção das 
macromoléculas, pois elas não passam pelo glomérulo. 
Os túbulos renais são formados por uma parede de epitélio simples 
e possui uma membrana apical/luminal e uma membrana 
basolateral. 
• Membrana apical: canais iônicos, carregadores, 
trocadores (direção oposta), cotransportadores (mesma 
direção), bombas de transporte ativo, como H+-ATPase. 
• Membrana basolateral: além de canais e outros tipos de 
transportes facilitados, apresenta uma densidade variável 
de bombas (Na+-K+-ATPases), que utilizam a energia 
liberada pela hidrólise do ATP para transportar 
ativamente o Na+ para fora e o K+ para o interior da célula 
– maior quantidade de transportadores ativos. 
Obs: O túbulo proximal e a porção ascendente espessa da alça de 
henle são os segmentos que apresentam maior quantidade de Na+-
K+-ATPase. 
A maior parte do transporte de solutos e de água é realizada pela 
via transcelular¸ mas também pode ocorrer pela via paracelular, 
através dos complexos juncionais. 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
 
O túbulo renal recebe as substâncias através da membrana apical 
e faz a reabsorção através da membrana basolateral, que está em 
contato com o espaço peritubular e o capilar peritubular. 
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA EPITELIAL DO 
TÚBULO RENAL 
A passagem de substâncias do túbulo renal para o capilar 
peritubular pode ocorrer tanto por transporte ativo como por 
transporte passivo. 
Transporte passivo 
• Difusão simples: migração transmembrana de uma 
substância apenas sob ação do gradiente químico, elétrico 
ou pH, do meio mais concentrado para o meio menos 
concentrado; 
o Em relação ao PH, formas não ionizadas possuem 
maior facilidade de penetração em virtude da 
natureza hidrofóbica da membrana celular. Se o 
fluido tubular estiver mais ácido, ocorrerá 
reabsorção de ácidos fracos para o espaço 
peritubular e dissociação de bases fracas (que 
permanecem no lúmen tubular). 
 
• Osmose: transporte de água; 
• Difusão facilitada: através de poros, carregadores ou 
canais existentes na membrana. 
Transporte ativo 
• Bombas: utilizam diretamente a energia liberada pela 
hidrólise do ATP; 
• Endocitose: fagocitose (sólidos) e pinocitose (fluidos); 
Obs: O gradiente eletroquímico gerado pelas ATPases pode 
permitir o transporte secundário de outros íons. 
 
TÚBULO PROXIMAL 
A maior parte da reabsorção do filtrado glomerular (60-70%) é 
feita no túbulo proximal. Ele é responsável pela maior parte da 
reabsorção de Na+, K+, Cl-, HCO3- e por quase toda a reabsorção 
de glicose e aminoácidos, além de reabsorver cerca de 65% da água 
filtrada. Por isso, detém a maior quantidade dos canais de troca. 
A reabsorção de Na+ nessa região do néfron é acompanhada pela 
mesma proporção de água, portanto, uma reabsorção isotônica. 
Além disso, o trocador de Na+/H+ é a principal via de entrada de 
Na+ nas células do túbulo proximal, que ocorre de forma passiva 
ou secundariamente ativa (pois usa energia liberada pela quebra 
do ATP). Devido a essa necessidade de entrada de H+ na luz tubular 
para a reabsorção do Na+, a urina fica com composição ácida. 
Obs: É no túbulo proximal que ocorre grande acidificação da urina 
devido à grande reabsorção de HCO3-. Quando o Na+ é reabsorvido 
e o H+ excretado, o H+ se combina com o HCO3- para formar CO2, 
o qual entra na célula. Ao se combinar com a H2O, forma HCO3- 
(que é reabsorvido) e H+ que volta para o lúmen tubular, 
acidificando a urina. Caso não houvesse esse mecanismo e o HCO3- 
fosse diretamente excretado pela urina sem neutralizar o H+, o 
excesso de H+ iria provocar reabsorção desse íon e, 
consequentemente, acidose sanguínea. 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
 
ALÇA DE HENLE 
É a parte do néfron responsável pela capacidade do rim de produzir 
urina concentrada ou diluída. E, diferente do que ocorre no túbulo 
proximal, a reabsorção não é isotônica. 
• Reabsorve 40% do Na+ filtrado; 
• Reabsorve 25% da água filtrada; 
• Ramo descendente: muito permeável à água e pouco a 
solutos; 
• Ramo ascendente: impermeável à água; 
• Co-transportador Na/K/2Cl (sítio de ação diurético da 
furosemida) 
o Para ser reabsorvido o Na+ e o K+, 2Cl- são 
carregados juntos para equilibrar a carga. 
o A furosemida bloqueia esse transportador, tendo 
ação diurética. Por excretar K+, é muito utilizado 
em pacientes com hipercalemia. 
TÚBULO DISTAL 
Este segmento é impermeável à água e realiza a reabsorção de Na+ 
através do co-transportador Na/Cl (sítio de ação dos diuréticos 
tiazídicos, como a hidroclorotiazida). 
Obs: Os diuréticos tiazídicos têm mais ação anti-hipertensiva do 
que diurético propriamente dito, pois atua em uma região onde há 
pouca permeabilidade de água e maior de soluto. 
Feedback tubuloglomerular: relaciona a quantidade de Na+ que 
chega aos segmentos distais do néfron e a regulação da filtração 
glomerular. A quantidade de Na+ ao atingir o início do túbulo distal 
sensibiliza a mácula densa, que manda informação para a arteríola 
eferente para contrair ou dilatar. 
DUCTO COLETOR 
O ducto coletor apresenta 2 tipos de células: principais e 
intercaladas. 
Células principais: 
• Principal local de secreção de K+ e reabsorção de Na+ 
(canais Enac – sensíveisao diurético amiloride e 
espironolactona, que bloqueia a reabsorção de Na+); 
• Respondem à aldosterona (reabsorção de Na+ e secreção 
de K+); 
o É importante ter cuidado com o uso de diuréticos 
poupadores de K+, pois podem provocar 
hipercalemia e levar o paciente a uma urgência 
dialítica. 
• O transporte de água varia com a concentração 
plasmática do hormônio antidiurético (ADH), o qual 
também pode aumentar a permeabilidade à ureia. 
o A ureia é reabsorvida do ducto coletor para o 
interstício. Parte é retirada pelos capilares para 
ser novamente filtrada e parte passa 
diretamente para a alça de henle. 
Obs: O ADH é um hormônio produzido pelo hipotálamo e liberado 
pela neurohipófise. Ele está relacionado também com o diabetes 
insipidus, que pode ser central (quando há um problema na 
hipófise que impede a liberação do ADH) ou nefrogênico (quando 
o problema está a nível renal e o ADH produzido não consegue agir 
no receptor). Em ambos os casos o paciente tem poliúria. 
Células intercaladas: 
• Participam do balanço ácido-básico; 
• Secretam H+ e reabsorvem HCO3-; 
INVESTIGAÇÃO DE DOENÇAS RENAIS 
CASO CLÍNICO 
Homem, 45 anos, refere que procurou pronto-atendimento com 
queixa de edema em MMll e espuma na urina e foi orientado a 
procurar um nefrologista. Paciente é diabético há 15 anos. Nega 
HAS e patologias renais na família. 
EF: NDN. / AR: MV+ em AHT, sem RA / ACV: RCR 2T, BNF sem 
sopros. PA 110x70 mmHg. FC: 72 bpm. / Abd flácido, indolor à 
palpação. RHA+ / Edema de MMll 2+/4. Cacifo +. 
 
AVALIAÇÃO DE PROTEINÚRIA 
Para a avaliação de proteinúria podem ser utilizadas 3 abordagens 
diferentes: 
• Tira reagente de albumina (EAS): não possui uma 
sensibilidade tão boa e só detecta valores acima de 0,25 a 
0,3 g/L. 
o +: 0,5g a 1g 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
o ++: 1g a 2g 
o +++: > 3g – proteinúria nefrótica 
• Excreção proteica em 24h: PADRÃO-OURO. 
• Relação proteína-Creatinina em amostra de urina 
isolada (avaliação por meio do EAS). 
Não pode dosar proteína em uma amostra isolada e multiplicar 
proporcionalmente ao longo do dia porque a excreção de proteína 
é variável ao longo do dia. 
No caso clínico, o paciente apresentou, em urina de 24h, uma 
dosagem de 4,1g, sendo assim caracterizada como uma 
proteinúria nefrótica. 
Porém, mesmo com taxas de proteínas tão altas, o paciente pode 
apresentar a taxa de filtração glomerular normal. 
MEDIDA DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
A quantidade de plasma filtrado por minuto não pode ser medida 
diretamente; assim, é medida indiretamente como a depuração 
(clearance) urinária de um marcador ideal de filtração, o qual não 
deve estar ligado a proteína plasmática, nem ser reabsorvido, 
secretado ou metabolizado pelos túbulos renais. A inulina 
(polímero da frutose) seria o marcador ideal (PADRÃO-OURO) de 
filtração; porém, na prática a creatinina é o marcador de filtração 
renal endógeno utilizado com mais frequência, apesar de existir 
uma pequena secreção tubular dessa substância. 
O clearance é caracterizado como o volume de 
plasma “clareado” de um marcador pela excreção. 
VR: 100 a 120 ml/min. 
Fatores que influenciam a TFG: 
• Idade (o aumento da idade causa a diminuição da 
quantidade de néfrons e, consequentemente, redução da 
TFG, sem necessariamente caracterizar uma doença). 
• Gênero (a creatinina é derivada das proteínas, e como as 
mulheres possuem menos músculos que os homens, 
possuem a TFG menor); 
• Tamanho corporal (quanto mais massa muscular, maior a 
TFG); 
• Atividade física; 
• Dieta (quanto maior a ingesta de proteínas, maior a TFG); 
• Terapia farmacológica (algumas drogas promovem o 
aumento da secreção de creatinina na urina); 
• Gravidez (aumenta cerca de 50% no primeiro trimestre). 
Obs: Em relação às suplementações à base de proteínas não há 
contraindicações em pessoas hígidas, apesar de aumentar a TFG. 
Porém, em pacientes com patologias renais não é indicado devido 
à sobrecarga. 
A TFG também varia ao longo do dia, tendo uma redução de 10% à 
noite. Além disso, varia de acordo com alterações fisiológicas e 
hemodinâmicas, por exemplo: o aumento da circulação aumenta 
a TFG. 
No caso clínico, o paciente apresentou clearence de creatinina de 
66,14 ml/min, ou seja, uma redução da TFG. 
O paciente retornou após 2 meses, em uso de medicação anti-
proteinúrica e diurético com reversão do edema, sem queixas. Foi 
feita solicitações de novos exames, incluindo medida da 
proteinúria de 24h e TFG. O paciente queixa-se de dificuldade de 
coleta do exame e refere início recente de incontinência urinária. 
Quando não é possível coletar a urina de 24h para avaliar 
proteinúria e TFG, faz-se necessário utilizar outras alternativas: 
• Avaliação de proteinúria: Relação proteína-creatinina em 
amostra isolada de urina. 
• TFG: equações estimativas a partir da creatinina sérica. 
MEDIDA DA TFG ESTIMADA 
• Cockcroft-Gault (mais fácil de ser utilizada) 
 
• MDRD – Modification of Diet in Renal Disease 
• CKD-EPI – Colaboração Chronic Kidney Disease 
Epidemiology 
CREATININA 
O valor isolado da creatinina não é acurado para estimar a função 
renal, pois parte da creatinina encontrada na urina não é filtrada 
no glomérulo, mas sim excretada diretamente nos túbulos renais, 
podendo ser superestimada. Além disso, outros fatores podem 
promover o aumento da creatinina na urina: 
• Consumo de carne; 
• Massa muscular; 
• Uso de medicações: cimetidina, trimetropina, 
probenecida. 
VR: até 1,5 mg/dL 
 
 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
UREIA 
Assim como a creatinina, a ureia também é derivada do 
metabolismo proteico. Algumas situações podem causar a 
elevação da ureia independentemente da função renal: 
• Aporte elevado de proteínas; 
• Sangramento intestinal (provoca maior absorção de 
componentes sanguíneos com alto teor de proteínas, 
promovendo o aumento da ureia); 
• Corticoesteróides; 
• Tetraciclina; 
• Estado catabólico elevado; 
VR: até 40 mg/dL 
EXAME DE URINA 
É o exame fundamental para avaliar doenças do rim e trato urinário 
e deve ser sempre realizado na primeira avaliação por um 
nefrologista. 
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS 
a) Cor 
Cor normal: amarelo-claro, amarelo-escura e âmbar; 
Condições patológicas que mais causam mudanças na coloração 
da urina: 
• Hematúria macroscópica; 
• Hemoglobinúria; 
• Mioglobinúria; 
Nessas condições a urina pode se apresentar rosa, vermelha, 
marrom ou preta. No caso da mioglobinúria, a urina geralmente se 
apresenta preta, com cor de coca-cola; esse quadro é visto na 
rabdomiólise. 
• Bilirrubinúria: urina amarelo-escura a marrom (colúria) – 
pacientes com colestase; 
• Cristalúria maciça por ácido úrico: urina rosa; 
• Infecções urinárias, principalmente por Klebsiella: urina 
roxa (Síndrome da urina roxa na bolsa coletora) 
• Quilúria: urina branco-leitoso 
b) Turvação 
A urina normal é transparente. Porém, a urina pode ficar turva 
devido à alta concentração de qualquer partícula urinária: células, 
cristais e bactérias. 
Causas mais frequentes de turvação da urina: 
• Infecção urinária; 
• Hematúria maciça; 
• Contaminação da urina por secreções genitais. 
c) Densidade relativa 
Mede o número de solutos por unidade de volume. 
• Normal: 1015-1025 
• 1.000 – 1.003: acentuada diluição urinária (ex: diabetes 
insipidus) 
• 1.010: isostenúria. Observada em condições nas quais a 
concentração urinária está prejudicada, como Necrose 
Tubular Aguda (NTA) e Doença Renal Crônica. 
• > 1.040: geralmente há a presença de um agente 
osmótico extrínseco, como contraste. 
d) PH 
Varia entre 5,5 e 9,0, ou seja, pode ser ácido ou básico, apesar de 
na maioria das vezes ser ácido. 
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS 
a) Proteínas específicas 
• Microalbuminúria – presençade albumina na urina, 
porém em um valor baixo. 
• Proteínas tubulares; 
• Proteinúria de Bence Jones: indica a presença de cadeias 
leves de imunoglobulinas na urina. Presente no mieloma 
múltiplo; 
• Esterase leucocitária: avalia a presença de leucócitos 
• Nitrito: Detecta bactérias que reduzem nitrato a nitrito 
pela atividade da enzima nitrato redutase; 
• Pigmentos de bile: colúria; 
• Cetonas: acidose diabética, jejum prolongado, vômitos, 
exercícios extenuantes. 
b) Microscopia urinária: células 
• Eritrócitos 
o Isomórficos¹ 
o Dismórficos² 
1 2 
• Leucócitos 
o Infecções do trato urinário alto ou baixo 
o Nefrite intersticial 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
o Glomerulonefrites proliferativas 
• Células epiteliais 
o Podem estar presentes sem ter significado 
clínico. 
c) Lípideos 
São encontrados na urina como gotículas de diferentes tamanhos, 
isoladas ou agrupadas. 
Podem se apresentar como: 
• Corpos gordurosos ovais; 
• Macrófagos ingurgitados com gotículas de gordura; 
• Cilindros gordurosos; 
• Cristais de colesterol. 
São típicos de doenças glomerulares associados a proteinúria 
intensa. 
d) Cilindros 
Nos túbulos renais distais e nos ductos coletores podem se 
desprender uma glicoproteína de Tamm-Horsfall, que cai na urina 
e forma um cilindro hialino, que nem sempre significa alteração. 
Quando algum outro componente passa pelos túbulos e se liga a 
essa glicoproteína forma um cilindro específico de acordo com o 
componente que se ligou. Se uma hemácia se ligar a essa 
glicoproteína, por exemplo, é formado um cilindro hemático; esse 
cilindro é PATOGNOMÔNICO DE GLOMERULOPATIA, pois a 
hemácia que formou o cilindro foi proveniente do glomérulo. 
 
 
 
e) Cristais 
Os cristais mais comuns de serem encontrados são os cristais de 
oxalato de cálcio, mas também podem ser encontrados cristais de 
ácido úrico, cristais de Bruchita (fosfato de cálcio) e cristal de 
estruvita (fosfato triplo). 
Obs: Nem toda urina com cristais significa que o paciente tem 
litíase. Pode ser resultado de desidratação. 
Cristais patológicos 
 
Cristais decorrentes do uso de drogas 
Muitas drogas causam cristalúria, principalmente em um contexto 
de overdose, desidratação ou hipoalbuminemia. 
 
f) Organismos 
Alguns organismos também podem ser encontrados na urina, 
como ovos de Schistosoma. A esquistossomose urinária pode 
provocar hematúria microscópica com episódios recorrentes de 
hematúria macroscópica e uropatia obstrutiva. 
IMAGEM 
ULTRASSONOGRAFIA 
 
• Avaliação do tamanho do rim 
• Padrão ecográfico renal: 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
o O córtex normal é hipoecogênico; 
o Em adultos, o aumento da ecogenicidade cortical 
é um marcador sensível de doença 
parenquimatosa renal; 
o Contorno renal: avaliar irregularidade 
• Cistos renais: 
o Simples: formados por epitélio com conteúdo 
líquido hipoecogênico em seu interior. Não 
precisa de investigação adicional, pois é benigno. 
o Complexos: presença de septações, calcificações 
etc. Necessita de avaliação na TC para avaliar 
necessidade de remoção. 
• Bexiga 
• USG com doppler: vasculatura renal 
o Importante avaliar quando os tamanhos dos rins 
não estiverem iguais, podendo sugerir estenose 
renal no lado do rim que está menor. 
RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME 
Podem ser vistas a silhueta renal e cálculos de oxalato de cálcio; 
 
TC E RM 
TC é PADRÃO-OURO para litíase. Também são utilizadas para 
avaliar tumores e cistos. 
 
Ressonância magnética: 
 
UROGRAFIA EXCRETORA 
Sucessivas imagens pós-contraste; 
 
ANGIOGRAFIA 
Avalia os vasos, bem como presença de estenose. 
 
CISTOGRAFIA 
Avalia a bexiga por meio da uretra. 
 
CINTILOGRAFIA 
Avalia a viabilidade do parênquima renal com uso de Tecnécio. 
Quando o rim é viável a imagem fica preta. 
 Infarto renal 
FISIOLOGIA RENAL E PROPEDÊUTICA EM NEFROLOGIA 
(ATS ll - Nefrologia – 1ª AF) 
THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 
BIÓPSIA RENAL 
• Taxa de complicação: 0,1% 
• Adequação da biópsia: amostra aceitável – 10 a 15 
glomérulos; 
• Devem ser colhidos 3 fragmentos: 
o Microscopia óptica 
o Imunofluorescência 
o Microscopia eletrônica

Continue navegando