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ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC INTRODUÇÃO É um método que utiliza o registro gráfico da atividade elétrica do coração captada na superfície do corpo através de eletrodos. Uso clínico: • Diagnóstico de distúrbios do ritmo cardíaco • Diagnóstico de isquemia miocárdica • Sobrecargas • Efeitos medicamentosos • Alterações eletrolíticas • Funcionamentos de dispositivos implantáveis É um método excelente para avaliação de algumas situações, como arritmias cardíacas, bloqueios cardíacos e IAM. É de moderada valia para isquemia miocárdica e pouco eficiente para insuficiência cardíaca. Obs: Um paciente hígido pode ter um ECG alterado, bem como um cardiopata pode ter o ECG normal. POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS DERIVAÇÕES PRECORDIAIS • V1 e V2: 4º IEC. • V4 a V6: 5ª EIC. • V3: entre V2 e V4. DERIVAÇÕES DOS MEMBROS CUIDADOS NA REALIZAÇÃO DO EXAME • Afastar fatores geradores de interferências • Cuidados com o equipamento • Localização correta dos eletrodos • Checar calibração, interferências e troca de eletrodos • Informações do paciente o Idade, data, hora o Identificar as derivações – geralmente não precisa, pois já vêm identificadas o Observar a qualidade do traçado – ausência de interferências BASES ELÉTRICAS DO ECG • Onda P: despolarização atrial – a onda P é fixa e precede cada QRS • Complexo QRS: despolarização ventricular • Onda T: repolarização dos ventrículos • Onda U: despolarização papilar • Segmento PR: representa a passagem do estímulo elétrico pelo feixe de Hiss • Intervalo PR: representa o intervalo entre a saída do estímulo do nó sinoatrial até o início da despolarização ventricular • Segmento ST: • Ponto J: término do complexo QRS, que deve estar ao nível da linha de base o Supra: acima da linha de base o Infra: abaixo da linha de base Velocidade 25.0 mm/s e amplitude 10.0 mm/mV PADRONIZAÇÃO TÉCNICA REGISTRA-SE O ECG EM PAPEL MILIMETRADO Cada quadrado grande é composto por 5 quadrados menores de 1mm cada. Assim, cada quadrado grande possui 5mm. ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC • Menor: 1x1mm² • Maior: 5x5 mm² • Ordenada: voltagem / Abscissa: tempo AMPLITUDE Ordenada: deflexão padrão – 10 mm/mV • Menor: 1mm = 0,1 mV • Maior: 5mm = 0,5 mV DURAÇÃO Abscissa: velocidade padrão – 25 mm/s • Menor: 1mm = 0,04s (40ms) • Maior: 5mm = 0,2s (200ms) DERIVAÇÕES A derivação é a medida de diferença de potencial entre dois eletrodos. As derivações unipolares estão entre uma parte do corpo e o coração; já as derivações bipolares são as derivações entre membros. DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS • Dl: braço D (-) e braço E (+) • Dll: braço D(-) e perna esquerda (+) • Dlll: braço E (-) e perna esquerda (+) A derivação Dll se apresenta com QRS mais apiculado devido à direção do vetor, que acompanha o sentido do impulso elétrico. Já na derivação Dlll, o seu vetor está quase perpendicular ao sentido do impulso elétrico, se aproximando em um primeiro momento e depois se afastando; assim, incialmente apresenta positividade do complexo QRS e posteriormente ele se apresenta negativo. • aVR: braço D (+) • aVL: braço E (+) • aVF: pé esquerdo (+) DERIVAÇÕES DO PLANO FRONTAL Rosa dos ventos. DERIVAÇÕES PRECORDIAIS V1 – boa derivação para avaliar VD, cavidade mais anterior e à direita. V6 – boa derivação para avaliar VE Obs: V1 e V6 possuem imagem em espelho. 7 PASSOS PARA A INTERPRETAÇÃO DO ECG 1. Identificar o ritmo 2. Frequência cardíaca 3. Definir o eixo elétrico 4. Onda P, intervalo PR 5. Complexo QRS e segmento ST 6. Onda T 7. Intervalo QT e onda U ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC 1. IDENTIFICAR O RITMO Para saber se o ritmo é sinusal, deve-se identificar a onda P. A onda P deve estar: • (+): Dl, Dll e aVF • (-): aVR 2. IDENTIFICAR A FREQUÊNCIA CARDÍACA Ritmos regulares: FC = 1500/quadrados pequenos (R-R) Ou FC = 300/QUADRADOS GRANDES (R-R) • 1Q: 300 bpm • 2Q: 150 bpm • 3Q: 100 bpm • 4Q: 75 bpm • 5Q: 60 bpm • 6Q: 50 bpm Ritmos irregulares: Nº de complexos QRS em 30 Quadrados grandes (= 6s) x 10 3. EIXO ELÉTRICO NO PLANO FRONTAL A faixa de normalidade do eixo é de -30º a +90º. Em algumas condições ocorre desvio do eixo, que, dependendo da causa, irá desviar para a esquerda ou para a direita. Na maioria dos casos, para avaliar se há desvio do eixo, deve-se analisar os vetores Dl e aVF, avaliando onde está o vetor resultante. Caso Dl positivo e aVF negativo, há uma probabilidade de ocorrer desvio para esquerda, porém não há certeza. Para isso, procura a derivação isodifásica e avalia o vetor perpendicular a ele; esse será o vetor resultante final. 4. ONDA P, INTERVALO PR ONDA P • Representa a despolarização atrial • Olhar para Dll e V1 • Morfologia: arredondada e monofásica • Morfologia (V1): até 50% “plus-minus’ - isodifásico • Avaliação de sobrecargas atriais • Amplitude Dll: até 2,5 mm (0,25 mV) – 2,5 quadradinhos • Duração Dll: até 110 ms – quase 3 quadradinhos Sobrecarga atrial direita Quando há sobrecarga de átrio D, ocorre aumento da amplitude da onda P. Onda P geralmente pontiaguda e amplitude > 0,25 mV. ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC Sobrecarga atrial esquerda Quando ocorre sobrecarga de átrio E, ocorre aumento da duração da onda P em Dll (> 110ms) e/ou maior duração da fase negativa da onda P em V1. • Índice de Morris: duração da fase negativa de V1 (ms) x amplitude (mm); • Se índice de Morris > 40ms x mm = sobrecarga atrial esquerda. Sobrecarga biatrial Apresenta os dois parâmetros alterados, ou seja, amplitude > 2,5mm e duração > 110ms. INTERVALO PR • Medida do início da onda P até o início do QRS • Varia de acordo com a idade e FC • Inclui: despolarização atrial, condução através do nó AV e sistema His-Purkinje. • Duração: 120-200 ms o Aumento > 200ms: BAV o Diminuição < 120ms: via acessória Presença de onda delta BLOQUEIO AV DO 1º GRAU Observar o alargamento mantido do PR e presença de ondas P. BLOQUEIO AV 2º GRAU MOBITZ 1 OU WENCKEBACK • Aumento progressivo do PR • Ondas P bloqueadas • PR pós < PR pré-bloqueio BLOQUEIO AV 2º GRAU MOBITZ 2 • Intervalos PR fixo • Bloqueio súbito de P com supressão de QRS • PR pós = PR pré-bloqueio ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC BLOQUEIO AV 2:1 • Intervalos PR conduzidos fixos • 2 ondas P para cada QRS BAV AVANÇADO • Condução intermitente da P • ≥ 2 P consecutivas bloqueadas • Intervalos PR conduzidos fixos BAV DO 3º GRAU OU TOTAL • Nenhuma P conduz • Dissociação AV • Ciclo PP igual 5. COMPLEXO QRS E SEGMENTO ST COMPLEXO QRS • É o tempo de despolarização ventricular • Q: primeira deflexão negativa • R: primeira deflexão positiva • S: segunda deflexão negativa • Duração normal: até 120 ms (3q) • Morfologia e amplitude variáveis • Aumento da duração: bloqueios de ramo D (V1) e E (V6) • ECG normal: R pequeno em V1 e V2 e crescente até V5 e V6. Complexo QRS > 120ms Alterações do QRS • Parede inferior: Dll, Dlll e aVF • Parede septal: v1 e v2 • Parede anterior: v3 e v4 • Parede lateral: Dl, aVL, V5 e V6 Sobrecarga do VE Índice de Sokolow-Lyon: S (v1) + R(V5) ou R(V6) ≥ 35 mm Sobrecarga do VD • Desvio do eixo para direita (> +90º em adultos) • QRS positivo em V1 (razão R/S > 1 em V1 na exclusão de outras causas como BRD) • Ondas S em V5/V6 ≥ 7 mm Bloqueio do ramo direito • Observar V1 e V2 • QRS > 120 ms • Onda S arrastada em Dl AVL e V6 • RSR’ em V’ (orelha de coelho) ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC Obs: Todasobrecarga de VD ou bloqueio de ramo direito apresenta inversão da onda T logo após o complexo QRS alterado. Bloqueio do ramo esquerdo • Observar V5 e V6 • QRS > 120 ms • Onda R ampla e monomórfica em Dl e V6 • Onda S ampla e monomórfica em V1, pequena onda R É importante observar que há uma demora para aumento da onda R ao longo de V1-V6, sendo seu aumento repentino. SEGMENTO ST • Fim do QRS (ponto J) ao início da onda T • Inicia após a despolarização ventricular e termina antes que a repolarização se inicie • É usualmente isoelétrico • Leve concavidade para cima IAM COM SUPRA ST 6. ONDA T • Representa a repolarização ventricular • É assimétrica, com ramo ascendente mais lento que o descendente e ápice arredondado; • Pode indicar isquemia do miocárdio, principalmente se for negativa; • Quando está simétrica também pode indicar alteração; • A única derivação em que a onda T é fisiologicamente negativa é aVR; em crianças também é esperado que esteja negativa de V1 a V3 e em mulheres podem permanecer negativa em V1. • Quando a onda T estiver planificada, como no exemplo abaixo na derivação aVL, deve-se avaliar as derivações contíguas, ou seja, que abrange a mesma parede. No caso de avL, a derivação contígua seria Dl. o Se as contíguas também estiverem alteradas, pode-se inferir que há defeito de repolarização. Caso contrário, está normal CAUSAS DE ONDA T ALTERADA • Isquemia miocárdica • Hipertrofia de VD ou VE • Bloqueios de ramo • Outros: canalopatias, distúrbios eletrolíticos 7. INTERVALO QT E ONDA U INTERVALO QT • QT normal: 450 ms (H), 470 ms (M) • Intervalo RR = 23 mm • Metade do RR = 11.5 mm • Avaliar no App (CliniCalc) pela fórmula de Bazzet ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC ONDA U • Repolarização dos músculos papilares • Hipocalemia ARRITMIAS CARDÍACAS INTRODUÇAO Arritmia é qualquer alteração da frequência, formação e/ou condução do impulso elétrico através do miocárdio. São divididas em duas categorias: • Arritmia supraventricular: ritmo que se origina acima da junção entre o nó AV e o feixe de His, e é mantido por estruturas localizadas entre eles. • Arritmia ventricular: Ritmo de origem abaixo da bifurcação do feixe de His, habitualmente expressa por QRS alargado. EXTRASSÍSTOLES São caracterizadas por batimentos precoces que se originam fora do marca passo sinusal. Os sintomas podem se manifestar com palpitações, falhas, soco no peito, porém a maioria é assintomática. Ao exame físico, na ausculta, o ritmo cardíaco é irregular, devido a uma sístole prematura geralmente sem onda de pulso, com pausa prolongada após extrassístole, seguida por B1 de intensidade maior. Porém, a origem da extrassístole só pode ser identificada pelo ECG. Se dividem em: • Atriais • Juncionais (nodo AV) • Ventriculares ETIOLOGIA • ES idiopáticas: Distúrbio elétrico isolado na formação de impulsos; • Drogas estimulantes: hiperexcitabilidade miocárdica devido à estimulação adrenérgica excessiva; • Distúrbio eletrolítico: hipopotassemia; • Intoxicação medicamentos: digitálicos; • Metabolismo aumentado: hipertireoidismo; • Expressão de: doença cardíaca (dilatação de câmaras ou cicatrizes miocárdicas), alterações ou de disfunção ventricular. EXTRASSÍSTOLE ATRIAL • Ritmo de base sinusal • Ritmo irregular • Onda P de morfologia diferente da onda P sinusal, ocorrendo antes do batimento sinusal esperada; • O complexo QRS geralmente é normal; É comum em pessoas com coração normal e pode ser desencadeada por tensão emocional, café, fumo e álcool. EXTRASSÍSTOLE JUNCIONAL OU NODAL É um batimento cardíaco precoce originado na junção AV. É o tipo menos comum e pode ser desencadeada por tensão emocional, café, fumo e álcool. São três as possíveis apresentações eletrocardiográficas: • Onda P negativa nas derivações inferiores com intervalo PR curto • Ausência de atividade atrial (onda P) pregressa ao QRS • Onda P negativa nas derivações inferiores após o complexo QRS ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC EXTRASSÍSTOLE VENTRICULAR • Ritmo de base sinusal • As extrassístoles possuem complexos QRS alargados • Ausência de onda P precoces precedendo as extrassístoles Pode ocorrer em pessoas com coração normal e em miocardiopatias, como doença de chagas, cardiopatia isquêmica, miocardiopatia dilatada etc. TRATAMENTO DAS EXTRASSÍSTOLES • Corrigir fatores causais quando identificados; • Assintomáticos: acompanhamento • Sintomático: BB, BCC TAQUIARRITMIAS Há 3 mecanismos de ação: • Hiperautomatismo: o automatismo é uma propriedade de alguns elementos (NSA, NAV sistema His-Purkinje, veias pulmonares e seio coronariano) de iniciar impulso elétrico espontaneamente, sem estímulo prévio. Pode haver a exacerbação do automatismo desses elementos ou automatismo anormal no miocárdio atrial ou ventricular, promovendo disparos maiores que o NSA, passando a dominar o ritmo cardíaco. o Responsáveis: hipocalemia, hiperatividade adrenérgica, intoxicação por drogas digitálicas. • Atividade deflagrada: é um tipo de hiperautomatismo que se inicia por uma atividade elétrica espontânea, que ocorre antes do término do potencial de ação ou logo após o seu término. • Reentrada: condução lenta num sentido + bloqueio unidirecional + gatilho (extrassístole). TAQUICARDIAS SUPRAVENTRICULARES • QRS estreito < 120 seg • FC acima de 100 bpm • Sintomas: palpitação, tontura, pré-síncope e síncope • Exemplos o Taquicardia sinusal o Taquicardia atrial (unifocal ou multifocal) o Reentrada nodal o Via acessória o Flutter atrial o Fibrilação atrial DICAS: 1. Intervalo RR regular a. Reentrada nodal AV b. Reentrada por via anômala c. Flutter atrial d. Taquicardia atrial 2. Intervalo RR irregular a. Fibrilação atrial b. Taquicardia atrial multifocal TAQUICARDIA SINUSAL É uma resposta fisiológica à demanda do corpo por mais oxigênio, tendo FC entre 100 a 180 bpm. Possui ritmo regular, podendo ser difícil distinguir onda P e T devido ao aumento da FC. Causas: • Estresse emocional / ansiedade • Febre, dor, medo • Infecção • Hipovolemia, sepse, anemia • Cocaína, anfetamina, adrenalina Tratamento: • Tratar as causas da taquicardia sinusal • Alguns casos se utilizam BB TAQUICARDIA ATRIAL UNIFOCAL • Originada no miocárdio atrial por mecanismo de hiperautomatismo • Onda P diferente da morfologia sinusal • FC 100-250 bpm • Ritmo regular com QRS estreitos ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC • Pode ocorrer em indivíduos normais ou com patologias • Causas: o Cardiopatia estrutural o Intoxicação digitálica o Pneumonia aguda ou crônica o Hipoxemia o Cocaína Tratamento: • Correção das possíveis causas: suspender digitálicos, corrigir hipocalemia/hipoxemia • Manobras vagais, se não houver sucesso; • Arrítmicos: sotalol, lidocaína, propafenona TAQUICARDIA ATRIAL MULTIFOCAL Ocorre por hiperautomatismo do miocárdio atrial (múltiplos focos). Cada foco determina uma morfologia diferente para a onda P no ECG. • FC e frequência atrial > 100 bpm • Mínimo de 3 morfologias diferentes de onda P na mesma derivação • Ritmo cardíaco irregular • Causas: o DPOC grave o hipóxia o Enfisema pulmonar o Doença cardíaca reumática o TEP o hipocalemia Tratamento: • Correção de potássio, se necessário; • Reposição venosa de sulfato de magnésio pode reverter a TAM, mesmo em pacientes normomagnesemicos; • Caso não houver reversão, iniciar BCC (verapamil) ou BB cardiosseletivo (metoprolol); Obs: cuidado com BB não cardiosseletivos nesses pacientes, pois a maior causa de TAM é DPOC. TAQUICARDIA DE REENTRADA NODAL (TRANV) É uma taquicardia paroxística, causadapor movimento circular dentro do NAV. São autolimitadas e em geral não estão associadas a cardiopatia estrutural. Acomete qualquer idade, mas principalmente em mulheres jovens. O paciente nasce com 2 vias dentro do NAV: • Via alfa: condução lenta e período refratário curto. • Via beta: condução rápida e período refratário longo. Sintomas: • Começam e terminam subitamente • Palpitação muito intensa (“batendo no pescoço”) • Dispneia • Tontura, síncope • Batimento em fúrcula Fisiopatologia: o estímulo desce pela via lenta para despolarizar s ventrículos e sobe pela via rápida para ativar retrogradamente os átrios. Como a despolarização dos átrios e ventrículos é simultânea ou quase simultânea, as ondas P retrogradas estão total ou parcialmente escondidas no QRS. Características do ECG • FC: 120 – 220 bpm • Ritmo regular • QRS estreito • Presença de “P-linha” o Pseudo S em Dll, Dlll e AVF o Pseudo R em V1 ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC Tratamento • Paciente instável hemodinamicamente o Oxigênio o Sedação o Cardioversão elétrica sincronizada (inicia com 150J) • Paciente estável hemodinamicamente o Manobras vagais (massagem do seio carotídeo, valsalva modificada) o Não resolução: Adenosina EV – infusão rápida o 3ª opção: Verapamil ou diltiazem o Spray nasal com etripamil (BCC) – ainda em fases de estudos; o Tratamento definitivo: ablação TAQUICARDIA POR VIA ACESSÓRIA Presença de uma 2ª via condutora entre os átrios e ventrículos, formada por um feixe de fibras denominado de via acessória ou via anômala. Ocorre em qualquer idade, principalmente em crianças e idosos. Localização: • Lateral esquerdo (mais comum) • Póstero lateral • Lateral direita • Antero-septal A via acessória é um tecido de condução rápida (dependente do canal de Na) e período refratário curto. Tipos de conexão anômalas: • AV (pré-excitação de WPW) • Átrio-Hiss (pré excitação de Lown Ganong Levine) • Nodo-ventricular • Fascículo ventricular Pré-excitação de Wolf-Parkinson-White • Via anômala que conecta diretamente os átrios aos ventrículos (feixe de Kent); • Estímulo atrial chega aos ventrículos mais precocemente por essa via (condução rápida): Pri curto • A ativação do ventrículo é feita pela porção do miocárdio ventricular que está conectada à via acessória (mais lenta), formando a onda delta; • Antes do término da ativação ventricular, o estímulo proveniente do NAV alcança os ventrículos pelo sistema His-Purkinje, daí a parte final estreita do QRS. • Mais comum em homem • 60-70% dos pacientes não apresentam nenhuma doença cardíaca associada • Pré-excitação: é o termo usado para descrever ritmos que se originam acima dos ventrículos, mas nos quais o impulso percorre uma via que não é o NAV e nem o feixe de Hiss; • Causa mais comum de taquiarritmias em bebês e crianças; • Podem ser assintomáticas até a fase adulta jovem. • Quando desenvolve sintomas: Síndrome de WFW • Risco se associado a FA (pode gerar FV e morte súbita) • Sintomas: o Palpitação o Pré síncope o Síncope o Dor no peito o Tontura o Falta de ar o Início e término súbitos Características no ECG • PR curto + onda delta • Alterações secundárias do ST-T, geralmente opostas à polaridade da onda delta ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC FIBRILAÇÃO ATRIAL É uma arritmia cardíaca muito comum, caracterizada pelo ritmo de batimentos rápidos e irregulares dos átrios. • Automatismo exacerbado das células atriais; • FA associada a cardiopatias: mais comum • FA isolada: 10-20% dos pacientes com FA não apresentam cardiopatia e nenhum fator precipitante. • Ocorre em pacientes < 60 anos • Complicação: tromboembolismo – principal causa de AVC cardiogênico. Etiologia: • HAS • Valvulopatias, pericardite, miocardite • Hipertireoidismo • IAM • Apneia obstrutiva do sono • Obesidade • Cardiopatias congênitas • Alcoolismo • Cocaína, anfetamina • Distúrbio eletrolítico • HF e fatores genéticos Sinais e Sintomas: • Assintomáticos • Palpitação • Dispneia • Tontura • Desconforto torácico • Sudorese fria • Ritmo irregular • Ausência de B4 Alterações no ECG: • Ritmo auricular caótico, irregular • Linha de base ondulada Classificação da FA: 1. FA paroxística: é revertida espontaneamente ou com intervenção médica em até 7 dias de seu início; 2. FA persistente: é aquela que se instala e não se interrompe, a menos que seja realizada cardioversão elétrica ou com fármacos. Normalmente são episódios que duram mais de 7 dias e também podem ou não recorrer; 3. FA permanente: é aquela onde as tentativas de reversão falharam ou na qual se fez a opção por não tentar a reversão da arritmia. Tratamento na emergência: • FAARV + estável hemodinamicamente + sintomático: o Controlar a FC (diltiazem, digitálico, verapamil, BB) OU o Controlar o ritmo (tentar reverter) – CUIDADO ▪ FA > 48h: anticoagula 3-4 semanas antes e 4 semanas após cardioversão ▪ FA < 48h: heparina 6-12 horas antes da cardioversão • FAARV + instável hemodinamicamente: o Cardioversão elétrica Tratamento ambulatorial: • Apenas 20-30% mantém em ritmo sinusal após 1 anos, o restante sofre recidiva; • São 3 metas: o Controlar a FC o Reverter o ritmo normal, se possível o Prevenir a embolia (AVC, isquemia mesentérica, embolia femural) • Drogas de escolha: o Amiodarona o Propafenona o Sotalol • Uso crônico de anticoagulante – Score de Chadsvasc • Ablação dos focos ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC • Drogas de escolha: o Marevan (antagonista de vitamina K) o Dabigatrana (inibidor direto da trombina) o Rivaroxabana e Apixabana (inibidores do fator Xa) Score de Chads-Vasc Nem todos os pacientes com FA evoluem com tromboembolismo sistêmico, indicando que outros fatores estão presentes nessa condição. HAS-BLED: variáveis clínicas empregadas para o risco de hemorragia pelos anticoagulantes orais. FLUTTER ATRIAL É um ritmo atrial ectópico no qual um sítio irritável dispara REGULARMENTE a uma frequência muito rápida. Etiologia: • IC • DPOC • Doenças que sobrecarregam o átrio, principalmente o direito • Pós-operatório de cirurgia cardíaca • CIA • Hipertireoidismo • Toxicidade digitálica Características • Ocorre mais no AD • Onda F em serrote • Intervalo R-R regular • Melhor visualizado em Dll, Dlll e aVF • Frequência atrial > 250 bpm • FC: 150 bpm • Fisiopatologia: macro reentrada Tratamento: • Igual a FA • Ablação TAQUICARDIAS VENTRICULARES – QRS ALARGADO É toda taquicardia que apresenta complexo QRS com duração maior ou igual a 120 ms. TAQUICARDIA VENTRICULAR É uma sequência de 3 ou mais batimentos de origem ventricular, com frequência de 100 a 250 bpm. • Mais temida, pois pode degenerar para FV (morte súbita) • Marcador de cardiopatia grave • Mecanismo: o Reentrada (mais comum) o Hiperautomatismo o Atividade deflagrada • Tipos: o TV monomórfica sustentada o TV polimórfica sustentada o TVNS ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC • Etiologia: o Cardiopatia isquêmica crônica o Cardiopatia chagásica o Cardiopatias valvares o Displasia do VD o Cardiopatias congênitas o Distúrbios hidroeletrolíticos o Pode ocorrer sem cardiopatia estrutural (TV idiopática) • Forma de apresentação: paroxística ou incessante • Sintomas o Síncope o Palpitação o PCR Características no ECG • FC > 120 bpm • QRS > 120ms • Ritmo regular • Ausência de onda P TV monomórfica Torção das pontas (TV polimórfica): Tratamento: • Instável hemodinamicamente: cardioversão imediata • PCR: iniciar ressuscitação + desfibrilação • Longo prazo: objetivoé evitar recorrência sintomática da TV e retardar a morte súbita • Amiodarona • Cardiodesfibrilador implantável • Ablação (TV incessante) FIBRILAÇÃO VENTRICULAR • QRS são polimórficos e FC > 300 bpm • Maior causa de morte súbita, precedida ou não pela TV sustentada • Sintomas: o Síncope o Morte súbita • Tratamento o RCP o Desfibrilação o CDI DESFIBRILAÇÃO X CARDIOVERSÃO O uso do desfibrilador promove uma aplicação de corrente elétrica não sincronizada ao músculo cardíaco. O choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio, tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco. No uso do cardioversor é aplicado o choque elétrico de maneira sincronizada, assim, o paciente deve estar monitorado no cardioversor e este deve estar com o botão de sincronismo ativado, pois a descarga elétrica é liberada da onda R, ou seja, no período refratário. BRADIARRITMIAS Ocorre quando há uma alteração elétrica no nodo sinusal ou NAV em que a FC < 50 bpm, sendo uma situação frequente na prática clínica. Etiologia: • Doenças esclerodegenerativas (principal) • Doença de chagas • Atleta • Exacerbação do tônus vagal induzida por terapia medicamentosa (BB, digitálico, antiarrítmicos). Sintomas • Tontura • Pré síncope • Síncope • Assintomático • Sintomas de baixo DC ECG (ATS ll - Cardiologia – 2ª AF) THALLYS NOVAIS – MEDICINA CESMAC DOENÇAS DO NÓDULO SINUSAL BRADICARDIA SINUSAL • Morfologia normal • FC < 50 bpm • Ritmo regular • Comum no atleta e em paciente que usa medicações, como beta bloqueador. Quando tratar • Sinais e sintomas que indiquem uma redução de DC (síncope, hipotensão, angina ou IC) • Quando ocorrem extrassístoles ventriculares (ritmo de escape) durante o período de bradicardia • Quando a FC é menor que 50 bpm, principalmente em pacientes idosos ou naqueles com lesão miocárdica prévia. Tratamento • Assintomáticos: NADA • Sintomáticos o Suspender medicações bradicardizantes, em caso de uso o Atropina (bloqueia o efeito vagal do NSA) o Marcapasso provisório DISFUNÇÃO DO NÓDULO SINOATRIAL (D S A) Doença que acomete o nodo sinusal, sendo mais comum no sexo feminino na faixa etária entre 60 a 90 anos. Ocorre a incapacidade do nódulo sinusal gerar estímulos; assim, não há despolarização atrial, ocorrendo períodos de assistolia ventricular. Etiologia: • Predisposição hereditária • Cardiopatia chagásica • Senilidade • Cardiopatia isquêmica • Doenças degenerativas • Difteria, miocardite, pericardite, doença reumática O diagnóstico é essencialmente eletrocardiográfico e o Holter de 24h permite correlacionar o ECG às manifestações clínicas. Tratamento: • Sintomático: MARCAPASSO DOENÇAS DO NÓDULO AV Alteração no tempo levado pela propagação da despolarização do nodo sinusal ao músculo ventricular (intervalo PR) maior que 0,2 segundos. Causas: • Doença de Lyme • Senilidade • Endocardite • IAM • Lúpus • Doença de chagas • Drogas: BB, BCC, digitálicos, antirarrítmicos. Tratamento: • BAV 1º grau: acompanhamento e ECG periódico • BAV 2º grau – indicação de marcapasso definitivo: o QRS largo, assintomático, permanente ou intermitente e irreversível o Flutter atrial, com períodos de resposta ventricular baixa, em pacientes com sintomas definidos de baixo fluxo cerebral e/ou IC consequentes a bradicardia • BAV 3º grau ou BAVT: indicação de marcapasso definitivo em pacientes sintomáticos
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