Buscar

DIREITO CIVIL III PROPRIEDADE SOBRE DIREITOS IMATERIAIS OU ESPECIAIS

Prévia do material em texto

Profa Tatiana Reinehr
DIREITO CIVIL III
PROPRIEDADE SOBRE DIREITOS IMATERIAIS
PROPRIEDADE DE BENS IMATERIAIS- REGIME ESPECIAL
A propriedade imaterial é aquela exercida sobre bens incorpóreos, e gera direitos intelectuais. 	DIREITOS INTELECTUAIS: "aqueles referentes a relações entre a pessoa e as coisas (bens) imateriais que cria e traz à lume (...) entre os homens os produtos de seu intelecto, expressos sob determinadas formas, a respeito dos quais detêm verdadeiro monopólio“- Carlos Alberto Bittar.
Campo de incidência: criações estéticas (o deleite, a beleza, a sensibilização), o aperfeiçoamento intelectual (obras de literatura, de arte e de ciência); ou utilitárias ( para a satisfação de interesses materiais do homem no seu dia-a-dia, com objetivos práticos, de uso econômico ou doméstico, de bens finais resultantes da criação, como móveis, automóveis, máquinas, etc).
Seguimentos ou sistemas jurídicos especiais: o DIREITO DE AUTOR e o DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 
Cada um desses sistemas com suas regras próprias, são estipulados e protegidos internacionalmente, havendo uniformização na legislação interna dos países para suas defesas.
Convenções Internacionais: a de Paris de 1833 sobre os direitos industriais e a de Berna de 1886 sobre os direitos autorais. Posteriormente, seus textos foram revistos e adaptados à evolução social e tecnológica. 
Objetivo: preservação dos interesses do criador entre todas as relações que envolvam a sua obra, seja na defesa de interesses pessoais/morais, sejam nos pecuniários ou patrimoniais.
DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL OU DIREITO INDUSTRIAL
Campo de incidência: refere-se aos bens de natureza incorpórea e de uso empresarial, abordando as relações referentes às obras utilitárias: os bens materiais de uso empresarial, as patentes de invenção, modelo de utilidade ou industrial e desenho industrial e marcas de indústria, de comércio, de serviço e de expressão ou sinal de propaganda, englobando, ainda, dentro da teoria da concorrência desleal, nomes comerciais, segredos industriais e outros
É considerado como uma especialidade do Direito Comercial, encontrando regramento no Código Comercial e em legislação especial, a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996.
Em regra, protege-se a coisa, o bem, o qual, ao ser alienado passa a integrar o patrimônio de quem o adquire, podendo usá-lo como aprouver, respeitados os direitos do titular, se houver. 
Peculiaridade: para sua proteção, enseja a lei o registro próprio, obrigatório e condicionante para sua defesa, como concessões de patentes de invenção, de modelo de utilidade, e de registro de marca.
DIREITO AUTORAL
O DIREITO AUTORAL situa-se dentro do ramo do direito privado, no Direito Civil, embora tenha normas de direito público interno margeando a sua ação e normas de direito internacional, sendo enquadrado como um direito pessoal/patrimonial para alguns doutrinadores. 
Conceito: “é o conjunto de prerrogativas jurídicas de ordem patrimonial e de ordem não patrimonial atribuídas aos autores de obras intelectuais pertencentes ao reino da literatura, da ciência e das artes, motivo por que são, tradicionalmente, denominadas ‘obras literárias, científicas e artísticas’“- Eduardo Vieira Manso.
Natureza Jurídica: é um direito " sui generis", um direito especial, que tem características próprias e peculiares, inclusive com princípios e regras universalmente consagradas – atualmente pela Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que segue as linhas gerais tratadas na Convenção Berna, ratificada pelo Brasil como país aderente, estando vigente ainda uma de suas disposições (art. 17 e seus §§ 1º e 2º), e, pelas Leis nº 9.609 e nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, aquela relativa à proteção da propriedade intelectual sobre programas de computador, e esta alterando, atualizando e consolidando a legislação autoral existente.
Objetivo: proteger o autor e a sua criação, a paternidade e a integridade da obra por ele criada e, de outro lado, a fruição aos proventos econômicos advindos da utilização da obra; há a proteção de dois aspectos: moral e patrimonial
O Brasil reconheceu, no seu ordenamento constitucional, os direitos intelectuais sobre a propriedade industrial, na Constituição de 1824, que estabelecia em seu artigo 179, inciso XXVI: "Os inventores terão a propriedade de suas descobertas, ou das suas produções. A Lei lhes assegurará um privilégio exclusivo temporário, ou lhes remunerará em ressarcimento da perda, que hajam de sofrer pela vulgarização".
 A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL E O SISTEMA LEGAL VIGENTE
As diretrizes do Direito de Autor foram fixadas, no âmbito do Direito Internacional, na Convenção de Berna ( "União para a propriedade literária") de 09 de setembro de 1886 e em suas revisões posteriores, e, na Convenção de Genebra – quanto ao aspecto formal, tendo originariamente 16 (dezesseis) países aderentes, obedecendo a sistema universalmente adotado em que princípios e regras fundamentais são identificados no direito interno destes mesmos países aderentes. Foi objeto de diversas revisões, tendo, ainda, ao longo de sua existência, outros países vindo a integrar a União (em 1980 compunha-se de 113 Estados aderentes).
Ultrapassa o direito do autor os limites das legislações internas, das convenções internacionais firmadas, consagrando-se como direito ínsito ao próprio homem:
"1.TODO HOMEM TEM O DIREITO DE PARTICIPAR LIVREMENTE DA VIDA CULTURAL DA COMUNIDADE, DE FRUIR DAS ARTES E DE PARTICIPAR DO PROGRESSO CIENTÍFICO E DE SEUS BENEFÍCIOS.
2.TODO HOMEM TEM DIREITO À PROTEÇÃO DOS INTERESSES MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE QUALQUER PRODUÇÃO CIENTÍFICA, LITERÁRIA OU ARTÍSTICA DA QUAL SEJA AUTOR."
 O Direito Brasileiro, à luz deste regime unionista, assenta seus princípios gerais e regras fundamentais, situando-o entre as liberdades públicas, instituindo-o constitucionalmente como direito e garantia individual, e, revestindo-o de dois aspectos: um moral, outro patrimonial.
A constituição Federal consagra em seu em seu artigo 5º, incisos XXVII e XXVIII:
"XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;"
Por sua vez, o mesmo artigo, no inciso XXIX, assegura direitos relativos à propriedade industrial:
" XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.“
	Verifica-se que a proteção dada pelo Constituinte de 1988, não foi somente ao direito de propriedade intelectual relativa aos autores, mas também aos inventores, prevendo garantias morais e patrimoniais:
direito moral - vinculados à criação do espírito (direito à nominação, paternidade da obra , direito de personalidade, direito à intangibilidade da obra - no sentido de que ao autor e aos seus herdeiros pertence o direito de publicá-la ou não, e direito à imunidade da obra - no sentido de que suas alterações somente serão permitidas pelo titular ou herdeiros, contestação a plágio, contrafação ou dano à obra);
direitos patrimoniais: os direitos advindos da exploração da obra (venda, divulgação, e publicação de modo geral). 
Protegem-se, assim, como garantia constitucional individual, dois direitos: o direito sobre a obra de cunho estético, seja ela literária, artística ou científica, pelo Direito de Autor e a obra utilitária, pelo Direito de Propriedade Industrial, inobstante ambos derivarem do direito intelectualdo autor sobre sua obra ou invento.
Direitos de Personalidade- Lei Autoral
O art. 24, da Lei Autoral prevê, como desdobramento dos direitos de personalidade do autor:
 reivindicar a paternidade (autoria) da obra a qualquer tempo; de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado como sendo o autor, na utilização da obra; de conservá-la inédita; de assegurar a sua integridade, opondo-se a qualquer modificação ou atos que venha alterá-la e prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; o de modificá-la antes ou depois de ser utilizada; o de retirá-la de circulação ou de lhe suspender qualquer forma de utilização já autorizada quando implicarem em afronta à sua reputação e imagem, nestes dois últimos casos, ressalvadas as indenizações a terceiros quando couberem; o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para fim de, por meio fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor.
Características: embora haja discussão que os direitos de caráter subjetivo se exaurem com a morte do titular, os direitos de personalidade são transmissíveis pela sucessão "causa mortis no caso do direito moral de autor, seus efeitos perduram ‘post mortem’ e ‘ad eternum’, cabendo aos sucessores o ônus da defesa da integridade e originalidade da obra que lhes foi transmitida. No entanto, cabe ao Estado, a defesa dos direitos morais do autor no que tange a integridade da obra que ingressou no domínio público, portanto, 
DIREITOS PATRIMONIAIS
Noção: constituem-se do direito exclusivo do autor de utilizar, fruir e dispor da obra por ele criada, seja ela literária, artística ou científica, reservando a lei, como condição de sua utilização a autorização expressa e específica do autor, seja por qualquer tipo de utilização, como reprodução parcial ou total, edição, adaptação, tradução, distribuição, etc., sendo indispensável para cada modalidade de utilização e para cada obra, a anuência escrita do seu dono, acrescentando-se que, na hipótese de obra de coautoria não divisível, indispensável o consentimento de todos os coautores, sob pena de, sem o consentimento dos demais, vir a responder por perdas e danos se publicá-la ou autorizar a sua publicação, exceto no caso de divergência, em que será decidido por maioria, cabendo ao co-autor dissidente "o direito de não contribuir para as despesas de publicação, renunciando a sua parte nos lucros, e o de vedar que se inscreva seu nome na obra" – Art. 32 e §§ da Lei nº 9.610/98.
Para efeitos legais, o direito de autor é considerado como bem móvel (art. 3º da Lei Autoral), e, assim, já era desde o Código Civil – art. 48, inciso III.
O REGISTRO DAS OBRAS: embora determine a lei o registro das obras protegidas, independe a proteção pela Lei Autoral em comento de registro, sendo facultado ao autor o registro nos órgãos públicos mencionados no caput do artigo 17 da Lei nº 5.988/73, que disciplina o registro das obras intelectuais, conforme sua natureza ou espécie (obras musicais - Escola de Música; obra literária - Biblioteca Nacional, obra plástica - Escola de Belas Artes , etc.).

Continue navegando