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· Doenças provocadas por fungos ou cogumelos · Se localizam preferencialmente na epiderme e/ou anexos · Pode invadir a derme · Raramente, órgãos internos · Contágio inter-humano-frequente · Classificadas em: · Ceratofitoses · Dermatofitoses · Dermatomicoses · Candidíases Ceratofitoses · Micoses essencialmente superficiais · Cogumelos queratina da derme e dos pelos Ptiríase versicolor · Distribuição universal · Acomete todas as raças · Sem predileção por sexo · Maior prevalência na idade adulta · > oleosidade da pele Etiologia · Fungos do gênero Malassezia · M.furfur = considerado o agente etiológico para a comunidade médica · Saprófita e lipofílica · Couro cabeludo e regiões ricas em glândulas sebáceas · Oportunista · Fator agravante na dermatite seborreica Clínica · Lesões inicialmente arredondadas · Surgem a partir da estrutura pilossebácea · Podem confluir (difícil distinguir na pele normal então) · Geralmente são hipocrômicas descamativas · Podem ser hipercrômicas ou eritematosas · Quando são eritematosas, alguns sofrem prurido · Principalmente após exposição solar · M.furfur = essencialmente lipofílica · Localização mais frequente = ↑ [ ] de glândulas sebáceas · Metade superior do tronco e braços · Pode ocorrer na face, abdome, nádegas e MMII · Sinal do estiramento e sinal da unha mostram escamas furfuráceas · Dificultado com pele oleosa, suada ou pós banho · Foliculite pitiroscópica/foliculite por Malassezia · Mulheres 25-35 anos · Prurido moderado a intesnso · Crônico · Maior frequência em diabéticos · E após longo tratamento com ATB e corticoide · Pápulas foliculares e pústulas · Pescoço, tronco e MMII · Acomete preferencialmente doentes acamados · Tratado com antifúngicos sistêmicos · Malasseziose · Doença sistêmica por Malassezia · Introdução do fungo por cateteres na alimentação lipídica parenteral · Febre = + comum · Coração e pulmão = + acometidos Diagnóstico · Exame direto · Coleta por fita gomada ou raspagem · Obserados hifas curta, curvas e largas · Além de elementos leveduriformes arredondados (blastoconídeos) · Agrupados em cacho de uva · Cultura = pouco usada no diagnóstico Diagnóstico Diferencial · Eczematide · Leucodermia gutata · Pseudocicatrizes estelares · Morfeia · Liquen escleroso Tratamento · Formas localizadas: · Sulfeto de selênio a 2,5% · Propilenoglicol a 50% · Cetoconazol a 2% · Outros derivados imidazólicos · Soluções hidroalcoólicas · Xampus por 10 a 20 dias · Casos extensos ou recidivantes: · Cetoconazol 200mg/dia durante 10 a 15 dias · Itraconazol 100mg 2 vezes por 5 a 7 dias · Fluconazol 300mg por 2 semanas · Recorrências frequentes: · Profilaxia por 6 meses · Iniciando após 30 dias do fim do tratamento Tinea nigra (ceratofitose negra) Etiologia · Hortaea weneckii · Phaeoanellomycis werneckii · Mais comum em crianças do sexo feminino, tropicais e subtropicais Clínica · Mancha enegrecida · Pequena dimensão · Geralmente palmar · Única lesão ou várias que coalescem DD · Melanoma extensivo superficial · Púrpura do atleta Tratamento · Ceratolíticos · Antifúngicos tópicos Tricomicose nodosa (piedra) Piedra negra (tricosporonose) · Micose rara · Pequenos nódulos pretos endureçicos, bem aderidos aos pelos · Couro cabeludo · Axilas · Região pubiana · Causada pela piedraia hortai · Única ceratofitose com reprodução sexual Piedra branca · Pequenos nóduos branco-amarelados macios e aderentes aos pelos · Couro cabeludo, axilas e pubianos · Causada pelo Trichosporon beigelii ou T.cutaneum · Causa frequente de onicomicose em alguns países asiáticos · Tratamento com antigúnficos tópicos em forma de loções ou xampus associados a agentes esfoliantes · Itraconazol nos casos extracutâneos · Não precisa cortar o cabelo Dermatifitoses · Doenças causasdas por fungos que vivem à custa da queratina da pele, pelos e unhas · Gêneros · Trichophyton · Microsporum · Epidermophytn Epidemiologia · Mais de 30 espécies patogênicas · T.tonsurans = tinea do couro cabeludo na infância e dermatofitose corporis no adulto · Dermatofitose capitis = quase exclusiva da criança e regride espontaneamente com puberdade · Exceção da produzida pelo T.schoenleinii · Onicomicoses = típicas dos idosos crescimento lentificado das unhas · T.rubrum = Agente etiológico mais frequente Etiopatogenia · Exuberância das manifestações clínicas depende do grau de hipersensibilidade celular · Relativo à imunidade e à virulência · Microsporum · M.audouinii = couro cabeludo · M. canis = couro cabeludo e pele glabra · M. ferrugineum e M. gypseum = Couro cabeludo e tronco · Tricophyton · T. rubrum = pode produzir quase todas as dermatofitoses · T. schoenleinii = poupa apenas dobras naturas, pés e mãos · T. tonsurans = poupa a área da barba e das pregas dos pés e mãos · T.yaounedi = couro cabeludo · Epidermophyton · E.floccosum = dobras e pés, pode atingir tronco e unhas · Habitat: · Antropofílicos = adaptados ao homem · Produem pouca ou nenhuma reação de hipersensibilidade · T.rubrum, t.concentricum. T.shoenleinii, T tonsurans... · Mais resistentes ao tratamento · Zoofílicos = Presentes em animais · Provocam no homem quadorsmais inflamatórios e exuberantes · M. canis, T.verrucosum, T.mentagrophytes · Geofílicos = solo · M.gypseum · Semelhante ao zoofílico · Dermatófitos dispõe de queratinase · Possibilita a invasão da camada córnea · Ficam aí restritos em decorrência de fatores naturais fungistáticos séricos · Alfa2-macroglobulina · Transferrina insaturada Clínica Do corpo (tinea corporis) · Lesões eritematoescamosas, circinadas, isoladas ou confluentes · Uma ou bárias com crescimento centrífugo · Parte externa = mais ativa · Prurido = sempre presente · Pode haver predominância de vesícula e pústula · Localizações usuais = braços, face e pescoço Marginada (tinea cruris) · Lesão eritematoescamosa a partir da prega inguinal · Avança sobre a coxa, com nitidez de borda · Pode invadir o períneo, nádegas e região pubiana · Muito pruriginosa · Liquenificação frequente · Não acomete a pele da bolsa escrotal · Mostra a especificidade da ceratinofilia dos dermatófitos Dos pés (tinea pedis) · Três formas: · Aguda e eczematoide · Vesículas plantares e digitais · T.mentagrophytes · Bastante pruriginosa · Intertriginosa · T.mentagrophytes · Pregas interpododáctilas · Fissuras e maceração · Crônica · Lesões descamativas, pouco pruriginosas · Acomete praticamente toda a região plantar · Peculiar e rara = apresentação em mocassim e/ou em luva causada pelo T.rubrum Imbricada (tinea imbricata) · Lesões escamosas em círculos concêntricos · Atingem grandes áreas do corpo · Muito pruriginosas · T.concentricum · Mato grosso e Amazônia · Caráter genético Ungueal (tinea unguium) ou onicomicose · Lesões destrutivas e esfarinhentas das unhas · Iniciando-se pela borda livre · Cor branco-amarelada · Gerlamente há ceratose do leito ungueal · Doença eminentemente crônica · Compromete várias unhas dos pés (* hálux) · Menos frequente nas mãos · Acometimento unguel é geralmente secundário ao plantar Da face · Aspeco peculiar · Lesões eritematoescamosas · Crescimento centrífugo · Disposição em asa de borboleta · Lembra lúpus e dermatite seborreica · Prurido discreto Do couro cabeludo (tinea capitis) · Principais agentes da tinea capitis= M. canis e T.tonsurans · Cabelos invadidos e lesados · Há também lesões eritematoescamosas do couro cabeludo · Cabeços são fraturados próximos à pele · Produzindo típicas áreas de tonsura · Pequenos cotos de cabelo ainda implantados · Tínea tricofítica = áreas de deglabração pequenas · Microspóricas = área em geral única e grande · Em ambas os cabelos voltam ao normal com ratamento ou involução espontânea na época da puberdade · Início da produção de ácidos graxos com propriedades fungistáticas · Variedade favosa = atrofia com alopecia definitiva · Aspecto morfológico característico · Escútulas fávicas = crosta constituída por micélio, esporos, células, sebo e exsudato · Frequentemente causada pelo T.schoeleinii Inflamatória · 3 tipos principais · Kerion · Couro cabeludo ou barba · Placa de foliculite aguda ou subaguda· Eminentemente hiperérgica · Intensa supuração e cura espontânea · Pode ocorrer alopecia cicatricial · Sicose tricofítica · Pútulas centralizadas por pelos na região da barba e bigode · Isoladas ou em conglomerados · Geralmente Crônica · Folliculitis capitis abscendns et suffodiens · Lesões de foliculite com túneis intercomunicando abcessos no couro cabeulo · Geralmente estafilocócica · Quando micótica = T.tonsurans Granulomatosas · Dermatófito na derme com reaão granulomatosa · Localizadas ou generalizadas · Localizadas: · Tipo Majocchi · Situações de oclusão ou por uso indiscriminado de corticoides · Levando à quebra da barreira cutânea · Nódulos com tendência à fistulização · Face, punhos · Tipo Wilson-Cremer · Nódulos eritematosos · Tendência à ulceração nos membros inferiores · Trauma decorrente da raspagem de pelos · Generalizadas: · Tipo Azulay · Erupção generalizada · Eritematoescamosa · Pápulas, tubérculos e comprometimento ungueal · Tipo Artom · Quadro eritrodérmico · Lesões tumorais · Adenopatia generalizada · Tipo Pelevine-Tchermogouboff · Erupção generalizada · Lesões eritematoescamosas · Placas de infiltrações · Nódulos · Adenopatia · Comprometimento ósseo Tinea incógnita · Uso de corticoide tópico/sistêmico pode mascarar o quadro clínico · Em função da falta de características clínicas da lesão · Pruriginosa · História de recidivas quando da suspensão do corticoide · Diagnóstico confirmado pelo exame micológico Ides ou dermatofítides · Quadros hiperérgicos, agudos ou subagudos · Morfologia variada · Tendência a simetria · Decorrentes de disseminação hematogênica de produtos antigênicos de dermatófito · Propensão a recidivas no portador de dermatofitose · Aspecto disidrosiforme é o mais comum · Têm‐se descrito erupções liquenoides, psoriasiformes, morbiliformes, eritemas multiforme e nodoso, púrpura, eritema anular e outros · Três são os fundamentos para este diagnóstico: · Lesões serem desabitadas · Fungo ser demonstrado em foco à distância · Quadro desaparecer com a cura da dermatofitose Diagnóstico · + comum e fiel = exame direto (micélios septados e artrosporos) · Cultura é fundamental para · Fazer o diagnóstico da espécie (questões relacio‐ nadas à epidemiologia e prognóstico) · Portanto, rastrear a fonte de contágio · Material para exame é obtido por raspado · Método da coleta com fita gomada: · Aplicação de KOH ou KOH/DMSO na lâmina onde vai ser colocada a fita gomada · Deve ser recoberta por lamínula, método que pode ser aplicado também na candidíase · Vantagem = evitar o traumatismo local, o que pode ser útil para crianças e, também, por medida de segurança, para pacientes portadores de doenças infecciosas com possibilidade de transmissão sanguínea · A luz de Wood também é um método útil; · Torna os cabelos fluorescentes esverdeados nas tineas favosa e microspórica (a tricofítica não fluoresce). · Método excelente para acompanhamento do tratamento e para coleta de espécimes Diagnóstico Diferencial · Medalhão da pitiríase rósea · Psoríase plantar ou vulgar · Eczema de contato · Eczema numular · Alopecia areata · Onicodistrofia de várias naturezas · Síndrome vesicular das mãos e/ ou pés · Dermatite seborreica Tratamento · A conduta terapêutica varia com a forma clínica e espécie causadora · Em geral, processos inflamatórios mais intensos são causados pelas espécies zoofílicas e geofílicas, e são de fácil tratamento, podendo haver mesmo cura espontânea · Infecções causadas pelos fungos antropofílicos, que podem ser crônicas e recorrentes como a tinea pedis e as onicomicoses pelo T. rubrum Tratamento tópico · A clássica solução alcoólica foi por muito tempo a primeira escolha terapêutica · Iodo (1%), ácido salicílico (2%) e ácido benzoico (3%) · Aobretudo nas lesões da pele glabra, dos pés e das unhas · Outros medicamentos mais eficazes e atuais são: · Terbinafina tópica a 1% · Derivados imidazólicos (miconazol a 2%, oxiconazol a 1%, tioconazol a 1%, isoconazol a 1%, flutrimazol a 1%) em 1 ou 2 aplicações diárias · Existem nas seguintes apresentações: creme, loção, spray e pó. · Tolciclato a 1%, ciclopiroxolamina a 1% e amorolfina a 0,025% são outras opções · O uso de vaselina salicilada ou ureia a 20%, na tinea pedis com descamação, é de grande valia. Tratamento sistêmico · É mandatório fazê‐lo nos casos de: · Tinea capitis · Tinea corporis extensa · Onicomicoses com grau de acometimento maior que 50% da superfície ungueal e/ou acometimento de matriz ungueal · Tinea pedis crônica. · Griseofulvina · Escolha para tratamento da tinea capitis · Suplantada em eficácia e menor toxicidade pelos antifpungicos (exceto no caso acima) · Pode ser a única opção (custo) · Crianças = 10 a 20 mg/kg/dia · Adultos = 1 g/dia dividida em 2 tomadas, devendo ser ingerida logo após as refeições · Tempo de tratamento: · Tinea capitis = 30 a 45 dias · Tinea corporis, de 20 dias · Tinea pedis, de 45 dias · Várias cepas de T. rubrum são resistentes à griseofulvina · Itraconazol 100 mg/dia, fluconazol 150 mg/ semana e terbinafina 250 mg/dia são superiores em termos de eficácia · Devem ser utilizados da seguinte forma: · Tinea corporis, 2 a 4 semanas · Tinea capitis, 4 a 6 semanas · Tinea unguium · Essa modalidade não dispensa o tratamento tópico Onicomicoses Etiologia · Qualquer infecção da unha causada por fungos · Principais agentes etiológicos = dermatófitos · Leveduras como Candida spp. têm seu papel bem estabelecido como agentes causadores de onicomicoses juntamente com outras leveduras bem menos frequentes, como Trichosporon spp · Quando Candida spp. constituem o agente etiológico · Deve‐se levar em conta a investigação clínica do quadro de candidíase mucocutânea crônica · A levedura T. beigelii é causa importante de onicomicose na Coreia · Existe a possibilidade de coinfecção por esses agentes · Candida spp. são a principal causa de paroníquia crônica. Epidemiologia · Raras na infância · Aumento recente na prevalência · Incidência = 5% em adultos com 55 anos, com tendência a aumentar com a idade. · Como fatores predisponentes podem ser mencionados: · Tinea pedis · Hiperidrose · Uso de chuveiros públicos · Sapatos, meias sintéticas · Unhas morfologicamente alteradas e com crescimento lento (o que explica a maior prevalência nos idosos) · Diabetes · Má circulação · Deficiência imunológica, inclusive por terapia imunossupressora Clínica Dermatofitoses das unhas · As onicomicoses por dermatófitos = tinea unguium · Principal causa de alteração ungueal vista nos consultórios · Em geral, acometem mais de uma unha, sobretudo dos pododáctilos · O acometimento exclusivo de unha do quirodáctilo é extremamente raro · crônicas e recalcitrantes à terapia · Fonte endógena para o acometimento de outras áreas. · Os principais dermatófitos causadores são: · T. rubrum (71%) · T. mentagrophytes var. interdigitale (20%) · E. floccosum · T. tonsurans · Incomum ser causada por dermatófitos do gênero Microsporum · O T. rubrum é quase sempre o agente das onicomicoses dos quirodáctilos. · Apresentação clínica mais comum = subungueal distal e/ou lateral · Têm início pela camada córnea do hiponíquio e do leito ungueal distal que leva a uma opacidade amarelada e ceratósica · Com a progressão da infecção para o interior da unha, esta vai se tornando cada vez mais espessada e distrófica · Apresentação superficial branca = decorrente da invasão direta da superfície dorsal da lâmina ungueal que gera uma coloração esbranquiçada bem demarcada · Geralmente causada pelo T. mentagrophytes var. interdigitale e raramente por FFND (Fusarium, Aspergillus, Acremonium, Scytalidium hialinum · Em pacientes HIV‐positivos, o acometimento das unhas se dá em aproximadamente 25% dos casos · É múltiplo e mais frequentemente do tipo subungueal proximal e superficial branca (T. rubrum e raramente pelo T. megninii), sendo consi‐ derado um marcadorpara imunodeficiência · O acometimento inicia‐se na dobra subungueal proximal que se manifesta pela opacidade esbranquiçada/bege que vai progredindo até surgir ceratose subungueal, leuconíquia e onicólise proximal · Imunossupressão: tratamento sistêmico e mais prolongado · Dermatofitoma é a manifestação microscópica de uma infecção fúngica na unha observada pelo exame micológico direto · Grande quantidade filamentos fúngicos, esporos grandes ou ambos, que chegam a formar uma “bola” de fungos · Este é um mecanismo que o fungo utiliza para proteger‐se do hospedeiro, formando uma barreira, ou seja, um enovelado fúngico de difícil penetração das medicações tópicas e sistêmicas · Dermatofitoma é uma das causas mais frequentes de falha terapêutica no tratamento das onicomicoses dos pododáctilos. · O exame direto, quando positivo, revela micélios septados ramificados e artrósporos · Cultura promove a diferenciação entre as espécies, além de viabilizar o rastreamento. Eventualmente, a fonte de contágio torna possível uma melhor avaliação prognóstica. · No diagnóstico diferencial devem ser considerados psoríase, traumatismo e doenças genéticas das unhas. Onicomicose por fungos filamentosos não dermatófitos · Os agentes das denominadas dermatomicoses são fungos: · Geofílicos, filamentosos, hialinos (Scytalidium hyalinum, Scopulariopsis brevicaulis, Aspergillus spp., Fusarium spp., Penicillium spp. etc.) · Demáceos (Scytalidium dimidiatum) · Causam infecção ungueal mais frequentemente do que se suspeita · Esses fungos, em geral, são contaminantes, porém também podem produzir infecção ativa, muitas vezes em imunodeprimidos · Já está comprovado que esses cogumelos invadem a queratina danificada, causando onicomicose, e, no caso de Scytalidium spp., podem invadir a queratina sã · Atualmente, os FFND têm sido valorizados como agentes causais, e não meramente contaminantes ou colonizadores secundários · Mesmo com etiologia variada, a apresentação clínica é semelhante · A apresentação mais característica é semelhante à distal/lateral por dermatófito, porém, muitas vezes, acompanhada de paroníquia · Alguns FFND também são capazes de causar a apresentação superficial branca · Assim como os dermatófitos, a localização mais frequente é a do 1o pododáctilo. · No laboratório é importante a utilização de meios de cultura sem ciclo‐hexidine, pois esta substância impede o crescimento da maioria dos FFND · As hifas dos FFND são mais largas e tortuosas do que as dos dermatófitos, que são mais finas e delicadas. · A conjunção do aspecto clínico semelhante à dermatofitose, acompanhado de paroníquia, exame micológico direto positivo (hifas mais tortuosas e largas) e meios de cultura, possibilita que o médico faça o diagnóstico de onicomicose por um FFND. · Os FFND não respondem bem à terapêutica sistêmica convencional · Em geral, são invasores secundários da queratina previamente danificada · Sendo necessária a realização de uma avulsão química nos casos mais extensos · Inclusive de maneira repetida, a fim de melhorar a resposta terapêutica aos antifúngicos tópicos e sistêmicos. Diagnóstico · O exame micológico direto, ainda que corretamente realizado, frequentemente é negativo (há índices que chegam a 60% de falso‐negatividade) · Quando positivo, a cultura muitas vezes é negativa · Requerendo repetição por até três vezes se a suspeita for forte para considerá‐lo, de fato, negativo · Nem sempre é fácil discernir entre patógenos e contami‐ nantes, por isso devem‐se seguir as regras: (1) dermatófito iso‐ lado de uma cultura deve sempre ser considerado patógeno; (2) se um fungo filamentoso não dermatófito (FFND) ou levedura crescer na cultura, deve ser considerado significativo apenas se hifas, esporos ou leveduras forem vistos ao exame microscópico; (3) a confirmação de uma infecção por FFND requer, no mínimo, três isolamentos sucessivos no meio de cultura ou 5 a 20 inoculações sem o achado de dermatófito. · A coloração pelo PAS do clipping ungueal é o método mais sensível (85%) para o achado de dermatófito, embora a cultura seja o método mais específico (32%) · Se uma biopsia for realizada, a coloração pelo PAS ou a impregnação pela prata tornam as estruturas fúngicas mais visíveis. Tratamento das onicomicoses por dermatófitos e fungos filamentosos não dermatófitos · A apresentação em esmalte tornou obsoletas as loções e as soluções, ainda que permaneçam eficazes, são menos dispendiosas · Amorolfina a 5%, aplicada semanalmente, e ciclopiroxolamina a 8%, aplicada nas 2 primeiras semanas a cada 3 dias e, então, semanalmente, podem ser capazes de curar sozinhas as onicomicoses menos extensas · Antes da aplicação, recomenda‐se lixar a área a ser aplicada · Tioconazol a 28% em solução, 2 vezes/dia, é também eficaz · Oxiconazol a 1%, miconazol a 1%, isoconazol a 1% e ciclopiroxolamina a 1% são menos eficazes · Esta última é a melhor opção para o tratamento da onicomicoses por FFND, assim como o ácido benzoico de 2 a 3%. · Se o grau de distrofia ungueal for muito importante, recomendam‐se avulsão, cirúrgica ou química (preparados tópicos de ureia a 30 a 40%, ureia a 20% associada ou não a ácido salicílico a 20%), e tratamento sistêmico concomitante · A primeira escolha terapêutica mais eficaz para fungos dermatófitos é a terbinafina na dose de 250 mg/dia · O itraconazol é um antifúngico de amplo espectro e tem apresentado ótimos resultados em onicomicose como pulsoterapia, ou seja, 200 mg, 2 vezes/dia durante 7 dias ao mês, por 3 a 9 meses, mas também pode ser empregado 100 mg/dia com resposta semelhante · O fluconazol também é eficaz nas onicomicoses por fungos dermatófitos na dose de 300 mg por semana, obtendo‐se melhor resposta quando associado à avulsão química prévia. A griseofulvina pode ser empregada por tempo · mais prolongado na dose de 500 a 1.000 mg/dia; além de apre‐ sentar maiores índices de recidiva e resistência, é a opção de menor custo; há maior risco de hepatotoxicidade. · O triazólico de segunda geração voriconazol não está indicado em função de sua toxicidade e relação custo/benefício imprópria, assim como as equinocandinas no tratamento das onicomicoses pelos FFND em pacientes imunocompetentes. · O tempo de tratamento é de cerca de 6 meses ou mais, quando a unha a ser tratada é a dos pododáctilos. Em geral, as unhas das mãos requerem menor tempo de tratamento por terem crescimento mais rápido. · Recomenda‐se sempre a associação do tratamento tópico ao tratamento sistêmico. Pacientes imunodeprimidos requerem terapia mais prolongada. Recorrências são frequentes mesmo em imunocompetentes Pé de atleta · É a designação para o intertrigo interpododáctilo · Caracteriza‐se clinicamente por maceração, eritema, descamação e fissura · É a principal porta de entrada para erisipela dos membros inferiores · Na etiologia, são encontrados dermatófitos, Candida e bactérias, que podem agir isoladamente ou, com frequência, associados · Quanto mais exuberantes, mais provável a etiologia bacteriana · Em geral, o tratamento com antimicóticos tópicos é suficiente · Costuma ser recorrente · Deve‐se recomendar sempre secar bem os espaços interdigitais e mesmo o uso profilático de pós antimicóticos. Candidíases · Micose produzida essencialmente pela Candida albicans (70 a 80%) e, poucas vezes, por outras espécies de Candida, comprometendo, isolada ou conjuntamente, mucosas, pele e unhas e, raramente, outros órgãos. Epidemiologia · É de distribuição universal, atingindo, com muita frequência, recém‐natos · Pode ocorrer em adultos e idosos; certas profissões, como empregados domésticos, lavadores de pratos, cozinheiros, enfermeiros, são mais atingidos · A candidíase esofágica e a das vias respiratórias superiores são doenças definidoras da AIDS Etiopatogenia · O gêneroCandida compreende mais de 200 espécies, sendo a maioria incapaz de infectar o homem · Candida albicans existe normalmente como saprófita no tubo gastrintestinal, na orofaringe (50%) e na mucosa vaginal (20 a 25%, e, em grávidas 30%) · Outras espécies (parapsilosis, tropicalis, stellatoides, glabrata, krusei, guillermondi etc.) também podem produzir manifestações clínicas de candidíase. · São fungos oportunistas que agridem o homem em determinadas condições, dentre as quais destacam‐se: · Modificações fisiológicas, como na gravidez, quando os glicídios existem em maior quantidade na vagina; doenças como o diabetes também predispõem à candidíase · Deficiências imunológicas e endocrinopatias · Tratamento prolongado por antibióticos (alteração da flora) ou por corticoides e imunossupressores · Estados de umidade prolongada (lavadeiras, fraldas dos bebês). · Existe, em condições normais, um fator sérico natural anticândida que dificulta a invasão do cogumelo Clínica Candidíase oral · Mais comum nos recém‐natos e, também, em idosos, debilitados e pacientes com AIDS; as lesões são erosivas e esbranquiçadas Candidíase intertriginosa · Atingindo as dobras naturais (interdigitais, inframamárias, inguinais, axilares), é caracterizada por lesões erosivas, fissurais, úmidas, com induto esbranquiçado, pruriginoso, e também por pequenas lesões satélites arredondadas, eritematoescamosas, e, até mesmo, por pústulas abacterianas (Figuras 44.37 a 44.39) Candidíase ungueal e periungueal · Há intensa lesão eritematoedematosa periungueal (paroníquia), que é dolorosa e pode levar à onicólise · Caracteristicamente, acomete a borda proximal da unha · As unhas dos quirodáctilos, por estarem mais em contato com a água, são caracteristicamente acometidas · É a principal causa de paroníquia (Figura 44.40). Perlèche (queilite angular) · A queilite angular está relacionada com lesões fissuradas no canto da boca, muito comuns nas modificações da arquitetura da boca por prótese e, por isso, frequentes em pessoas idosas · Tem também elevada incidência em neonatos (especula‐se sobre uma contaminação vaginal); em geral, há associação bacteriana. Vaginites e balanites · Lesões erosivas esbranquiçadas, úmidas e pruriginosas, na vagina e no sulco balanoprepucial. · Corrimento esbranquiçado vaginal é característico · Não ocorre em circuncidados · Podem ser adquiridas por contato sexual · A balanite, quando recorrente, o que é a regra, só se resolve com a postectomia. Candidíase mucocutânea crônica · É a designação para um grupo heterogêneo de síndromes clínicas, muitas vezes genéticas, caracterizadas por infecção crônica e recorrente da pele, unha e orofaringe · Não existe tendência à disseminação ou ao envolvimento visceral. · Em geral, inicia‐se antes dos 3 anos e caracteriza‐se clinicamente por lesões orais, perlèche, envolvimento ungueal e paroníquia com importante distrofia, vulvovaginite e acometimento cutâneo · Em alguns casos, observam‐se lesões ceratósicas com tendência à formação de verdadeiros cornos cutâneos ou de granulomas que predominam no couro cabeludo, na face, nas sobrancelhas e nas extremidades. · Os defeitos imunológicos que determinam o quadro clínico variam de efeitos específicos a quadros de falência generalizada · A associação a síndromes de endocrinopatias múltiplas é frequente · Timoma está relacionado com uma rara forma de início na idade adulta. Candidíase visceral · Pulmões, coração e outros órgãos podem ser invadidos por disseminação hematogênica, sobretudo em pessoas em uso prolongado de imunossupressores ou usuários de drogas injetáveis · Existe também a forma septicêmica Diagnóstico · No exame direto, é fundamental o achado de hifas finas ou, mais caracteristicamente, pseudo‐hifas para confirmação diagnóstica, já que a simples presença de blastosporos (esporos arredondados) sugere apenas colonização · Na cultura em meio adequado, como ágar Sabouraud com antibiótico, crescem colônias cremosas e brancacentas em 2 a 5 dias · A diferenciação entre as espécies é realizada por meio de provas bioquímicas, morfologia e mais recentemente por PCR e ELISA, porém não são necessárias ao diagnóstico. Tratamento · No tratamento da candidíase, devem‐se considerar fatores predisponentes locais e gerais (diabetes), peculiaridades topográficas e forma clínica (superficial ou sistêmica) · Nesse par‐ ticular, o manuseio dos casos pode ser feito empregando‐se preparados tópicos antifúngicos e, também, tratamento sistêmico, se necessário (Capítulo 82), como: · Paroníquia e intertrigo: fluconazol ou itraconazol oral complementando com terapia tópica antifúngica com derivados azólicos, nistatina 100.000 UI creme, timol a 4% em clorofórmio por 2 a 3 meses para prevenir recidivas · Balanite: creme com nistatina 100.000 UI e ácido bórico a 2%; para balanites recidivantes, a postectomia está indicada · Dermatite das fraldas: cuidados gerais de higiene local e troca de fraldas, hidrocortisona a 1% associada a nistatina creme 25.000 a 100.000 UI, para alívio do quadro inflama‐ tório em caso de maceração, ou imidazólicos nas trocas de fraldas. Protetores de barreira são utéis, assim como aexposição diária ao sol · Vaginite: comprimidos vaginais ou óvulos (nistatina 100.000UI, clotrimazol 500 mg, miconazol 1.200 mg), tioconazolcreme a 6,5%, itraconazol e fluconazol · Candidíase oral, estomatite, perlèche: violeta de genciana a 2% (3 a 4 vezes/dia); solução de 400.000 a 500.000 UI nista‐ tina 3 a 4 vezes/dia ou associação das duas; fluconazol oral ou itraconazol oral · Visceral: anfotericina B, 5‐fluorocitosina · Gastrintestinal: nistatina oral, cetoconazol oral · Brônquica: nistatina e pimaricina em aerossóis, cetoconazol oral, itraconazol e fluconazol · Mucocutânea crônica: itraconazol e fluconazol contínuos, pois, caso contrário, recidiva em pouco tempo. Recorrências · O fracasso no tratamento das micoses superficiais decorre de vários fatores, como: · Irregularidade no tratamento (frequência, doses) · Defeito de absorção (griseofulvina) · Falta de correção das concausas · Eliminação das complicações inflamatórias (corticoide) e bacterianas (antibacterianas) · Resistência microbiana · Reexposição · Imunodeficiência.
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