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Choque Microcirculação Esfíncteres pré-capilares: localizado no ponto em que cada um dos capilares se origina de uma arteríola, ele pode abrir e fechar. Caso feche todos, o sangue da arteríola vai diretamente para a vênula. Choque O choque (colapso cardiovascular) é uma dis-homeostasia circulatória associada à perda de volume sanguíneo circulante, redução no rendimento cardíaco e/ou resistência vascular periférica inapropriada. Causas Hemorragia severa ou diarreia Queimaduras Trauma tecidual Endotoxemia Resultados A hipotensão resulta em perfusão tecidual prejudicada, hipóxia celular e uma mudança para o metabolismo anaeróbico pelas células, degeneração e morte celular. Embora os efeitos celulares da hipoperfusão (baixa irrigação sanguínea em determinada região) sejam inicialmente reversíveis, a persistência do choque resulta em lesão celular e tecidual irreversível. O choque é rapidamente progressivo e ameaçador à vida quando respostas compensatórias são inadequadas. O choque pode ser classificado em três tipos diferentes, com base nos problemas subjacentes fundamentais: cardiogênico, hipovolêmico e má distribuição sanguínea. O choque atribuído à má distribuição pode ainda ser dividido em choque séptico, choque anafilático e choque neurogênico. Choque cardiogênico O choque cardiogênico resulta da falência do coração em bombear adequadamente o sangue. Causas: a insuficiência cardíaca pode ocorrer em função do infarto do miocárdio, taquicardia ventricular, fibrilação ou outras arritmias, cardiomiopatia dilatada ou hipertrófica, obstrução do fluxo sanguíneo do coração (embolismo pulmonar e estenose pulmonar ou aórtica) ou outras disfunções cardíacas. Em todos os casos ocorre um decréscimo na queda do volume e no rendimento cardíaco. Mecanismos compensatórios: os principais mecanismos compensatórios (como a estimulação simpática do coração) que aumentam a contratilidade cardíaca, o volume circulante, o rendimento cardíaco total e a taxa cardíaca têm sucesso variável, dependendo da natureza do dano cardíaco e da capacidade do coração danificado em responder. Uma compensação malsucedida leva à estagnação do sangue e à hipoperfusão tecidual progressiva. Choque hipovolêmico O choque hipovolêmico surge de uma redução no volume sanguíneo circulante como resultado da perda de sangue causada por hemorragia ou em consequência da perda de fluido secundária a vômito, diarreia ou queimadura. O volume sanguíneo circulante reduzido leva à redução na pressão vascular e à hipoperfusão tecidual. Mecanismos compensatórios: mecanismos compensatórios imediatos (como a vasoconstrição periférica e o movimento de fluido para o plasma) agem para aumentar a pressão vascular e manter o fluxo de sangue para tecidos críticos, tais como coração, cérebro e rins. ↪A pressão aumentada fornece força adequada pela qual os mecanismos locais podem aumentar o fluxo sanguíneo com base em suas necessidades. ↪Quando o insulto é brando, a compensação é geralmente um sucesso e o animal retorna para a homeostasia. ↪Pode ocorrer uma perda de cerca de 10% de volume sanguíneo sem diminuição na pressão do sangue ou no rendimento cardíaco. Entretanto, caso sejam perdidos volumes maiores a pressão e a perfusão adequadas podem não ser mantidas e ocorrerá fluxo sanguíneo insuficiente para atingir as necessidades dos tecidos. Quando a perda de sangue se aproxima de 35%- 45%, a pressão sanguínea e o rendimento cardíaco podem cair drasticamente. Má distribuição sanguínea A má distribuição sanguínea é caracterizada por resistência vascular periférica reduzida e acúmulo de sangue nos tecidos periféricos. Causa: é causado por vasodilatação neural ou induzida por citocina, que pode resultar de situações como trauma, estresse emocional, hipersensibilidade sistêmica a alérgenos ou endotoxemia. A vasodilatação sistêmica resulta em aumento drástico na área microvascular e, embora o volume sanguíneo seja normal, o volume sanguíneo efetivo em circulação é diminuído. A não ser que mecanismos compensatórios possam sobrepujar o estímulo para a vasodilatação, há acúmulo e estagnação do sangue com subsequente hipoperfusão do tecido. Tipos: os três principais tipos de choque ocasionados pela má distribuição de sangue são o anafilático, o neurogênico e o choque séptico. Choque anafilático: é uma hipersensibilidade do tipo I generalizada. A interação de uma substância estimulante com a imunoglobulina E ligada aos mastócitos resulta em degranulação generalizada dos mastócitos e liberação de histamina e outros mediadores vasoativos. Subsequentemente, ocorre vasodilatação sistêmica e aumento na permeabilidade vascular, causando hipotensão e hipoperfusão tecidual. ↪Causas: exposição a insetos ou alérgenos de plantas, fármacos ou vacinas. Choque neurogênico: em contraste com o choque anafilático e endotóxico, a liberação de citocinas não é um fator principal na vasodilatação periférica inicial. Em vez disso, ocorre uma descarga autonômica que resulta em vasodilatação periférica, seguida por acúmulo de sangue venoso e hipoperfusão. ↪Causas: pode ser induzido por trauma, particularmente trauma ao sistema nervoso, eletrocussão, como por um relâmpago, medo ou estresse emocional. Choque séptico: é o tipo mais comum de choque associado à má distribuição de sangue. ↪Causas: componentes de bactérias ou fungos que induzem a liberação de quantidade excessiva de mediadores vasculares e inflamatórios. A causa mais comum de choque séptico é a endotoxina, um complexo de lipopolissacarídeo (LPS) dentro da parede da célula de bactérias gram-negativas. ↪Como ocorre: a liberação de LPS das bactérias em degeneração é um potente estímulo para muitas das respostas do hospedeiro induzidas por agentes infecciosos. Muitas vezes, o LPS alcança a entrada da microbiota do intestino, entrando na circulação do sistema reticuloendotelial e se acumulando, então, no fígado, baço, alvéolos e leucócitos. O LPS ativa células (principalmente endotelial e leucócitos) através de uma série de reações envolvendo a proteína ligante de LPS (uma proteína de fase aguda), o CD14 (uma proteína de membrana celular e proteína plasmática solúvel) e o receptor 4 do tipo toll (TLR4, uma proteína transdutora de sinal). Estágios e progressão do choque Independentemente da causa subjacente, o choque geralmente progride através de três estágios diferentes: (1) um estágio não progressivo, (2) um estágio progressivo e (3) um estágio irreversível. Choque não progressivo: é caracterizado por mecanismos compensatórios que se opõem ao reduzido volume sanguíneo circulante funcional e pressão vascular diminuída. Os barorreceptores respondem à pressão diminuída pelo aumento do rendimento nervoso simpático medular e liberação de adrenalina/noradrenalina, que aumentam o rendimento cardíaco e causam vasoconstrição arteriolar (resistência periférica aumentada) na maioria dos tecidos na tentativa de subir a pressão vascular. ↪Notáveis exceções: são os tecidos críticos, tais como o coração, o cérebro e os rins, para onde o fluxo sanguíneo é preservado. Os receptores de volume atrial esquerdo e os osmorreceptores hipotalâmicos ajudam a regular a pressão pela alteração do equilíbrio de água e sódio. A redução no volume plasmático estimula a liberação do ADH, e a retenção de água ativa a produção de angiotensina II pelo sistema renina-angiotensina para resultar na liberação de aldosterona e na retenção de sódio. O ADH e a angiotensina II também são vasoconstritores e ajudam contribuindo para aumentar a resistência periférica. A vasoconstrição também resulta da liberação endotelial de endotelina, frio, aumento de O2 ou redução de CO2. A redução na pressão microvascular resulta em mudançano movimento de fluido do interstício para o plasma e também no aumento do volume de sangue. Os resultados dessas e de outras respostas são aumento na taxa cardíaca e rendimento cardíaco, assim como aumento na pressão vascular. Isso fornece uma força direcionada adequada, da qual os mecanismos locais podem se aproximar para aumentar o fluxo sanguíneo com base em suas necessidades. Quando o insulto é brando, a compensação é geralmente um sucesso e o animal retorna para a homeostasia. Choque estágio progressivo: no caso de hipovolemia severa ou prolongada ou dano cardíaco que iniba a capacidade do coração de aumentar seu rendimento, os mecanismos compensatórios são inadequados e o choque entra no estágio progressivo. ↪Nesse estágio existe acúmulo de sangue, hipoperfusão tecidual e lesão celular progressiva. O metabolismo celular se torna menos eficiente e altera de aeróbico para anaeróbico com piruvato convertido em lactato sem a entrada do ciclo de Krebs. A produção deficiente de ATP e a superprodução de ácido lático inibem as funções celulares normais, resultando em acidose celular e sistêmica. Produtos metabólicos (p. ex., adenosina e potássio), osmolalidade local aumentada, hipóxia local e CO2 eventualmente resultam em relaxamento arteriolar e dilatação. No caso do choque séptico, esses eventos exacerbam a vasodilatação da microvasculatura induzida por citocinas preexistentes e mediadores. ↪Em choque hipovolêmico e cardiogênico, a resistência vascular diminuída inicia o acúmulo e a estagnação do sangue dentro do leito vascular fechado previamente. Choque estágio irreversível: o ponto exato onde o choque entra no estágio irreversível não está claro. Em nível celular, a acidose metabólica que resulta do metabolismo anaeróbico inibe sistemas enzimáticos necessários para a produção de energia. A diminuição na eficiência metabólica permite que substâncias vasodilatadoras se acumulem nas células e nos tecidos isquêmicos. Uma vez que esses produtos locais e reflexos se sobrepõem à vasoconstrição mediada centralmente para produzir a vasodilatação, é improvável que o choque possa ser revertido. ↪A queda na resistência periférica como resultado da vasodilatação periférica generalizada diminui a pressão vascular cada vez mais. ↪A irreversibilidade é geralmente garantida quando o choque progride para a síndrome da disfunção de múltiplos órgãos. À medida que cada sistema de órgãos falha, particularmente pulmões, fígado, intestino, rins e coração, ocorre uma redução no suporte metabólico que cada sistema fornece aos outros. Um ciclo vicioso ocorre quando a falha em uma função de um órgão ou tecido contribui para a falha em outro. O ponto final do choque irreversível é muitas vezes manifestado como CID, a profunda e paradoxal disfunção da hemostasia. Características clinicas e morfológicas do choque As características clínicas do choque são rapidamente progressivas e incluem hipotensão, pulso fraco, taquicardia, hiperventilação com estalidos pulmonares, redução na produção de urina e hipotermia. A insuficiência em um órgão ou um sistema ocorre nos estágios finais, cada um se manifestando com sinais específicos para aquele órgão ou tecido. As lesões do choque são variadas e dependem da natureza e da severidade do estímulo iniciador e do estágio da progressão do choque. Existem caracteristicamente mudanças vasculares acompanhadas por degeneração celular e necrose. A congestão generalizada e o acúmulo de sangue estão presentes na maioria dos casos, a não ser que não tenha ocorrido perda substancial de sangue. Edema, hemorragia (petequial e equimótica) e trombose podem estar presentes como reflexos da deterioração vascular que acompanha o choque. A trombose e o tampão plaquetário dos capilares podem ser proeminentes no choque séptico. As anormalidades vasculares são mais óbvias naqueles casos que progridem para CID. A degeneração celular e a necrose são mais proeminentes naquelas células que são mais suscetíveis à hipóxia, tais como neurônios e miócitos cardíacos e células que não obtêm fluxo sanguíneo preferencial adequado durante o choque. Os hepatócitos, o epitélio tubular renal, o epitélio cortical da adrenal e o epitélio gastrointestinal são frequentemente afetados. Com a exceção da perda neuronal e de miócitos, virtualmente todas essas alterações nos tecidos podem reverter ao normal se o animal sobreviver. Mudanças específicas podem incluir congestão pulmonar severa, edema e hemorragia com necrose epitelial alveolar, exsudação de fibrina e formação de membrana hialina.
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