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1 Leia as máximas reproduzidas a seguir. Sublinhe o obje- to direto preposicionado de cada uma e justifique seu emprego. a) Nunca diga dessa água não beberei. Objeto direto preposicionado: dessa água. Partitivo. b) Ame ao próximo. Objeto direto preposicionado: ao próximo. Usado para obter expressividade. c) Quem ama à rosa, aos espinhos suporta. Objetos diretos preposicionados: à rosa e aos espinhos. Usados para reforçar a expressividade. d) Cada um come do que pode. Objeto direto preposicionado: do que pode. Partitivo. 2 Na oração “Os leitores brasileiros gostam de crônicas”, é correto dizer que o termo “de crônicas” é um objeto direto preposicionado? Explique. Não. O verbo gostar é transitivo indireto, portanto seu complemento é um objeto indireto. 3 Observe esta construção ambígua. Devorou o leão o caçador. Reescreva essa oração, sem inserir o sujeito antes do verbo e adotando o recurso do objeto direto preposi- cionado, para dar a ideia de que: PRATICANDO O APRENDIZADO a) o devorador é o leão; Devorou ao caçador o leão./Devorou o leão ao caçador. b) o devorador é o caçador. Devorou o caçador ao leão./Devorou ao leão o caçador. 4 Leia este trecho de um conto de Mário de Andrade. Tempo da camisolinha Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados, tão lentos! e eu me envaidecia deles, mais que isso, os adorava por causa dos elogios. Foi por uma tarde, me lembro bem, que meu pai suavemente murmurou uma daquelas suas decisões irrevo- gáveis: “É preciso cortar os cabelos desse menino”. Olhei de um lado, de outro, procurando um apoio, um jeito de fugir daquela ordem, muito aflito. Preferi o instinto e fixei os olhos já lacrimosos em mamãe. Ela quis me olhar compassiva, mas me lembro como si fosse hoje, não aguentou meus últimos olhos de inocência per- feita, baixou os dela, oscilando entre a piedade por mim e a razão possível que estivesse no mando do chefe. Hoje, ima- gino um egoísmo grande da parte dela, não reagindo. As camisolinhas, ela as conservaria ainda por mais de ano, até que se acabassem feitas trapos. Mas nin- verbo transitivo direto – complemento: objeto direto Há ambiguidade? Quer-se expressividade? O objeto é um pronome oblíquo tônico ou o pronome quem? O objeto representa partitivo? O objeto é substantivo próprio ou designa pessoa? S IM Inserir preposiçãoobjeto direto preposicionado Quer-se enfatizar o objeto? SIM verbo + objeto + objeto pleonástico verbo + objeto Descrever o objeto duas vezes Irrevogável: que não voltará atrás. Si: se; Mário de Andrade empregava uma grafia particular de certas palavras. Segundo ele, essa grafia era mais próxima da língua falada no Brasil. Mando: ordem. 109 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 109 10/22/19 3:12 PM guém percebeu a delicadeza da minha vaidade infantil. Deixassem que eu sen- tisse por mim, me incutissem aos pou- cos a necessidade de cortar os cabelos, nada: uma decisão à antiga, brutal, impiedosa, castigo sem culpa, primeiro convite às revoltas íntimas: “é preciso cortar os cabelos desse menino”. ANDRADE, Mário de. Contos novos. São Paulo: Martins Editora/ Belo Horizonte: Itatiaia, 1980. Leia esta crônica, de Rubem Braga, e faça as atividades 1 a 3. Recado ao senhor 903 Vizinho — Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclama contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal — devia ser meia- -noite — e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regu- lamento do prédio é explícito e, se não fosse, o senhor ainda a) Observe a construção: “[...] apreciava os meus cabe- los cacheados [...] e eu me envaidecia deles [...] os adorava por causa dos elogios”. É possível dizer que, nesse trecho, o pronome os tem a mesma função do pronome as em “As camisolinhas, ela as conservaria ainda por mais de ano”? Explique. Não. Em “as conservaria”, o pronome as é um objeto direto pleonástico, já que repete o termo camisolinhas, usado na mesma oração. Por sua vez, o pronome os em “os adorava”, embora retome o termo “cabelos cacheados”, faz isso em outra oração, e é o único complemento de seu verbo, sendo apenas objeto direto. b) Reescreva a primeira oração do texto substituindo a forma verbal usada pelo escritor por gostava e fazendo as adaptações necessárias. Toda a gente gostava dos meus cabelos cacheados, tão lentos! c) Quanto à sintaxe, o que acontece quando essa mu- dança é feita? Como se classifica o complemento verbal? Em “Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados”, temos um verbo transitivo direto, cujo complemento é objeto direto. Com a mudança, o verbo empregado é transitivo indireto e exige objeto indireto. teria ao seu lado a lei e a polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é im- possível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo oceano Atlântico, ao nor- te pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 — que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o oceano Atlântico fazemos Il u s tr a C a rt o o n /A rq u iv o d a e d it o ra APLICANDO O CONHECIMENTO Incutir: infundir, levar a aceitar. Mário de Andrade (1893-1945) nasceu em São Paulo. Foi poeta, contista, romancista, músico, crítico literário, pes- quisador da cultura popular brasileira; ajudou a questionar preconceitos culturais no país em seu tempo. Trata-se de um dos grandes nomes de nossa literatura no século XX. Consternado: triste, pesaroso. Veemente: com •nfase, com rigor. 110 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 110 10/22/19 3:12 PM Ilu st ra C ar to on /A rq ui vo d a ed ito ra algum ruído e funcionamos fora dos ho- rários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago sul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 ho- ras às 7, pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando o número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhes desculpas — e prometo silêncio. [...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agra- decer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. BRAGA, Rubem et al. Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 2011. 1 A crônica é um gênero textual que costuma usar, como ponto de partida, um fato cotidiano. No caso da crônica lida, qual é esse fato? Um vizinho reclama do barulho feito por outro vizinho e este resolve responder à reclamação com uma carta. 2 A crônica é narrada em forma de carta escrita justamente pelomorador do 1003, acusado de causar o problema. a) Em sua carta, ele concorda com o vizinho que fez a queixa. Explique como isso acontece no texto. O importante é o aluno observar que o narrador admite a pertinência da queixa. b) Os vizinhos são designados pelo número do aparta- mento em todo o texto. Com isso, o próprio narrador expressa uma outra queixa. Qual? Ele se mostra desolado pelo fato de as pessoas serem apenas um número em nossa sociedade, não se conhecerem realmente. 3 Nos dois parágrafos finais, o cronista revela de que modo ele gostaria que fosse a sociedade de nosso tempo. a) No penúltimo parágrafo, seu sonho é expresso como se fosse quase impossível, pertencente a outra vida. Para ajudar a construir essa impressão, o cronista se vale de um recurso em estudo neste módulo. Qual? Copie o trecho em que é empregado esse recurso. Objeto direto preposicionado. É usado no trecho “e come do meu pão e bebe do meu vinho”. b) Pelos substantivos empregados no trecho que serve de resposta para o item anterior, podemos dizer que essa construção remete o leitor a um tempo passado qualquer ou mais significativo, bíblico? Espera-se que os alunos observem que faz referência a uma passagem bíblica, da Última Ceia. Leia a crônica a seguir, de Carlos Drummond de Andra- de, e faça as atividades 4 e 5. Anúncio de João Alves Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido: À procura de uma besta. – A partir de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho- -escura com os seguintes característicos: calçada e ferrada de todos os membros locomotores, um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de 4 a 6 centímetros, produzido por jumento. Bramir: rugir, reclamar. Entoar: cantar. Besta: mula. Rubem Braga (1913-1990) nasceu no município de Ca- choeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Foi cronista, poeta e jornalista. Trata-se de um dos maiores cronistas brasileiros. 111 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 111 10/22/19 3:12 PM Il u s tr a C a rt o o n /A rq u iv o d a e d it o ra Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comér- cio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as indagações. Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entre- gue aqui ou pelo menos notícia exata ministrar, será razoavel- mente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves Júnior. 55 anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta ver- melho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio continua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária. Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. Não escreveste apressada e toscamente, como seria de se esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal de- sapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois um raciocínio: houve roubo. Só então pe- gaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta. Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados, preferiste dizê-lo “de todos os seus membros locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento. Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal. Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – a declaração final: quem a apreender ou pelo menos “notícia exata ministrar”, será “razoavel- mente remunerado”. Não prometestes recompensa tentadora; não fazes pra- ças de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues. Já é muito tarde para sairmos à pro- cura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida. ANDRADE, Carlos Drummond de. Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 105-106. Domiciliado: residente. Cercanias: vizinhança, arredores. Toscamente: grosseiramente. Inferir: deduzir. Peremptório: definitivo. Decoro: decência, dignidade moral. 4 Observe o rigor formal e cerimonioso com o qual a crô- nica foi escrita, referindo-se ao anúncio do personagem João Alves do Itambé. Com base nessa referência, iden- tifique, no trecho a seguir, o objeto direto pleonástico e o termo a que ele se refere. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. O objeto direto pleonástico é o pronome oblíquo a em “a tiveste” e se refere ao termo pressa. 5 O narrador diz ao personagem João Alves do Itambé que ele ficaria triste se lesse na imprensa os anúncios de objetos e animais perdidos. a) Com base no texto “Anúncio de João Alves”, explique por que o narrador diz isso. Porque os anúncios agora não são escritos em linguagem culta e respeitosa como a de João Alves, que teve o cuidado de descrever o animal com detalhes e de não fazer acusações levianas e aleatórias. 112 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 112 10/22/19 3:12 PM 1 Leia o trecho de conto a seguir e responda à questão proposta. Como dizia meu pai Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocan- do notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. SABINO, Fernando. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. v. III. Fernando Sabino (1923-2004) nasceu em Belo Horizonte. Foi romancista, contista, cronista e editor. Participou ativa- mente da vida cultural de sua cidade e do Rio de Janeiro, onde também viveu. Em 1999, recebeu da Academia Bra- sileira de Letras o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Qual é o objeto direto preposicionado empregado no primeiro período no texto? Por que ele foi empregado? Assinale a alternativa correta. a) de evocar, empregado para dar ênfase a verbo que expressa sentimento. b) a quem, empregado por exigência estrutural da na- tureza do complemento. c) da varanda, empregado para expressar ideia partitiva. d) a quem, empregado por necessidade de desfazer ambiguidade. e) ao cair da tarde, empregado como marca de oralidade. 2 Observe a frase do poeta Paulo Leminski: Repara bem no que não digo. LEMINSKI, Paulo. Catatau: um romance-ideia.São Paulo: Iluminuras, 2012. Sobre a relação sintática entre os termos, é correto afirmar que: a) O verbo reparar tem sentido de “consertar”, e a preposição em introduz um objeto direto preposi- cionado. b) O verbo reparar tem sentido de “prestar atenção”, e a preposição em introduz um objeto indireto. c) O verbo reparar tem sentido de “consertar”, e a preposição em introduz um objeto indireto. d) O verbo reparar tem sentido de “prestar atenção”, e a preposição em introduz um objeto direto. e) O verbo reparar tem sentido de “consertar”, e a preposição em introduz um objeto direto. DESENVOLVENDO HABILIDADES Evocar: trazer à lembrança. Egresso: que saiu de determinado lugar. Zeloso: cuidadoso. b) Releia o segundo parágrafo do texto e o reescreva em linguagem atual. Resposta possível: À procura de uma mula – No dia 6 de outubro deste ano, a minha mula vermelho-escura sumiu, cujas características são: ferraduras nas quatro patas, pequeno caroço na base da orelha direita e crina dividida em duas partes de 4 a 6 centímetros, por causa de um golpe dado por um jumento. c) Você sabe como as pessoas anunciam objetos e ani- mais perdidos hoje em dia? Pesquise alguns anún- cios atuais, observe a linguagem que eles utilizam e compare-os com o anúncio escrito por João Alves do Itambé. Você concorda que ele ficaria triste com os anúncios atuais? Por quê? A resposta dependerá dos anúncios encontrados e da opinião do aluno. O importante é que ele perceba que os anúncios mudaram porque hoje usamos vocabulário e construções de frase diferentes dos usados naquela época e porque o próprio formato dos anúncios se alterou, sendo hoje bem mais curtos e diretos. 113 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 113 10/22/19 3:12 PM Leia o conto a seguir para responder às questões 3 a 5. Para sentir seu leve peso Guardava o rouxinol numa caixinha. Tudo o que queria era andar com o rouxinol empoleirado no dedo. Mas se abrisse a caixinha, ah! Certamente fugiria. Então amorosamente cortou o dedo. E, através de uma mínima fresta, o enfiou na caixinha. COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. c) O dono do rouxinol é quem narra a história. d) O enredo gira em torno do desejo do dono do rou- xinol de andar com a ave em seu dedo. e) O clímax do conto situa-se no segundo parágrafo, no momento em que o dono do rouxinol corta o próprio dedo. 4 Observe a transitividade dos verbos: guardar, abrir, fugir, cortar e enfiar. Assinale a alternativa incorreta a esse respeito. a) O verbo fugir, usado como intransitivo, representa a liberdade da ave, que é mantida sob controle pelo dono. Somente no caso desse verbo o sujeito (desi- nencial) remete ao rouxinol. b) O verbo fugir, empregado como transitivo, represen- ta o desejo do dono do rouxinol. Somente no caso desse verbo o sujeito é “o rouxinol”. c) O verbo guardar, empregado como transitivo direto, tem como objeto direto o termo “o rouxinol”. Ele expressa a situação constante da ave até o momento do clímax do conto. d) Os verbos cortar e enfiar, usados como transitivos diretos, expressam, no segundo parágrafo, as ações do personagem do dono da ave. e) No segundo parágrafo, os verbos cortar e enfiar, usados como transitivos diretos, têm como objeto direto, respectivamente, o termo “o dedo” e o pro- nome o, que remete ao termo “o dedo”. 5 Releia o título do conto: “Para sentir seu leve peso”. As- sinale a alternativa incorreta a respeito de seu sentido. a) O termo “seu leve peso” funciona como objeto di- reto para o verbo sentir. b) O título procura justificar a ação do personagem do conto. c) A ideia de “leve peso” expressa no título se choca com a ação violenta do personagem, que se mutila. d) A ideia de leveza sugerida no título não se refere a nenhum dos personagens do conto, o rouxinol e seu dono. e) A leitura do conto, que termina com uma mutilação do personagem, enriquece as possibilidades que o título do conto sugere ao leitor. Marina Colasanti nasceu em 1937 na Eritreia, África, que na época estava sob o domínio da Itália. É poeta, contista, tradutora e jornalista. Mudou-se para o Brasil com sua família em 1948, instalando-se no Rio de Janeiro. Costuma trabalhar fatos cotidianos e expressar seu ponto de vista sob a condição das mulheres. Já foi homenageada com diversos prêmios literários. 3 Contos são narrativas curtas que apresentam perso- nagens, espaço, tempo, enredo, etc. Sobre o conto de Marina Colasanti, é incorreto afirmar: a) Há dois personagens no conto: o rouxinol e seu dono. b) O tempo e o espaço não são indicados, apenas a cai- xinha representa um elemento espacial na narrativa. Il u s tr a C a rt o o n /A rq u iv o d a e d it o ra 114 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 7 PH_EF2_8ANO_LP_102a114_CAD1_MOD07_CA.indd 114 10/22/19 3:12 PM
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