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03 - Investigação da dimensão funcional

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AULA 4 
A AVALIAÇÃO E A 
INTERVENÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA 
Profª Tânia Mara Grassi 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje vamos conhecer instrumentos de avaliação 
psicopedagógica clínica que possibilitam a investigação da dimensão funcional, 
levantando o segundo sistema de hipóteses. Também vamos falar sobre o terceiro 
sistema de hipóteses. 
A escolha desses instrumentos será sempre norteada pela concepção 
teórica que fundamenta o trabalho psicopedagógico, pela formação do profissional 
da psicopedagogia, pela queixa e pelas hipóteses levantadas durante o processo. 
Temos como objetivo possibilitar o conhecimento sobre essa dimensão e 
sobre os instrumentos de pesquisa que podem ser utilizados nesse processo de 
avaliação e na conclusão do diagnóstico, além da promoção de uma reflexão 
sobre a responsabilidade do avaliador e a importância da avaliação. 
CONTEXTUALIZANDO 
Para a avaliação da dimensão funcional, há uma série de instrumentos e 
testes formais e informais que podem ser utilizados, além da contribuição de 
profissionais de outras áreas que complementam a avaliação e auxiliam no 
levantamento do segundo sistema de hipóteses, na análise dos dados e na 
conclusão do diagnóstico – terceiro sistema de hipóteses. 
Quais instrumentos utilizar para avaliar essa dimensão e concluir o 
diagnóstico é uma escolha que depende das hipóteses levantadas – primeiro 
sistema de hipóteses – e que indica os próximos passos, inclusive quais exames 
ou testes complementares precisam ser utilizados e que profissionais de outras 
áreas podem contribuir para o diagnóstico. 
Você recebe uma solicitação para realizar a avaliação psicopedagógica de 
uma criança de 8 anos, já com uma lista de instrumentos para aplicação. Essa 
solicitação é feita pela pedagoga da escola; a queixa apresentada refere-se a 
“dificuldades gerais na aprendizagem, comportamento infantilizado, desatenção e 
dificuldade de compreensão, indicando deficiência intelectual”. Entre as 
solicitações havia o pedido de iniciar a avaliação pela aplicação de um teste de 
inteligência, indicando o valor da medida de Q.I.: Wisc (Escala Wechsler de 
inteligência para crianças). O que você faria? Realizaria a avaliação seguindo a 
lista de instrumentos solicitados no encaminhamento? Conheceria primeiro o 
sujeito, realizando a Eoca (Entrevista operativa centrada na aprendizagem) para, 
 
 
3 
então, levantar as hipóteses e selecionar outros instrumentos? Utilizararia o Wisc 
como primeiro instrumento? Utilizaria o Wisc apenas se entendesse sua 
necessidade, após levantar hipóteses que apontassem para esse caminho? Não 
utilizaria o Wisc em hipótese nenhuma, pois sua formação não permite? 
Encaminharia para que um colega aplicasse o teste, se entendesse como 
necessário? Que instrumentos escolheria para iniciar a avaliação? Que avaliações 
complementares você solicitaria? Vamos refletir sobre duas questões: A 
pedagoga poderia listar instrumentos em seu encaminhamento para um 
profissional especializado? Foi adequado indicar, na queixa, “deficiência 
intelectual”? O que você acha? Registre suas ideias. 
TEMA 1 – A DIMENSÃO FUNCIONAL 
Essa dimensão diz respeito ao funcionamento de todas as estruturas 
componentes do sistema que possibilitam ao sujeito aprender (ou obstaculizam 
esse processo). A investigação dessa dimensão nos possibilita o levantamento de 
obstáculos que podem interferir na aprendizagem, o que corresponde ao Segundo 
Sistema de Hipóteses. Entre os obstáculos funcionais, Carlberg (2012, p. 75) 
apresenta os de nível biológico e/ou orgânico e os de nível estrutural. Aos 
primeiros correspondem obstáculos neurológicos, oftalmológicos, auditivos, entre 
outros; aos segundos, o funcionamento da estrutura cognitiva e sua 
representação. 
1.1 Instrumentos para investigação da dimensão funcional – segundo 
sistema de hipóteses 
Investigar a dimensão funcional requer a utilização de testes psicológicos 
e pedagógicos. Há testes formais ou padronizados, cuja aplicação não é permitida 
pela legislação brasileira a profissionais de outras áreas, o que requer 
encaminhamentos (quando o psicopedagogo não é, também, psicólogo): Wisc, 
CIA, Raven, Colúmbia, HTPF, CAT, TAT, Bender, Pré-Bender, entre outros. Esses 
instrumentos investigam cognição/inteligência, atenção e concentração, memória, 
pensamento e linguagem, raciocínio lógico, personalidade e pensamento 
matemático, além de outras funções. Quando sua aplicação for necessária, 
podemos encaminhar o sujeito em avaliação para um profissional da área da 
psicologia, que nos apresentará os resultados quantitativos e qualitativos. 
 
 
4 
Não vamos apresentar aqui os testes formais em razão de dois motivos: a 
questão legal e o fato de que os psicopedagogos que não têm formação em 
psicologia não podem aplicá-los; portanto, terão de recorrer ao colega psicólogo. 
Os psicopedagogos que também são psicólogos já conhecem os testes, e 
provavelmente já fizeram sua aplicação durante a graduação. 
Há também os testes informais, e entre eles as provas do diagnóstico 
operatório e as provas projetivas psicopedagógicas, que já vimos em aulas 
anteriores. Ambos os instrumentos podem ser utilizados pelos psicopedagogos 
sem restrições, mas cabe ressaltar a necessidade de seu estudo e compreensão 
para que a análise dos resultados seja fidedigna, qualitativa e responsável. Esses 
testes investigam as dimensões cognitiva e funcional, e afetiva, social e funcional, 
respectivamente. Completando essa lista, temos os testes e/ou provas 
psicomotoras que investigam as condutas psicomotoras: coordenação motora 
ampla, coordenação motora fina, equilíbrio, coordenação viso-motora, 
lateralidade, esquema corporal, orientação espacial e a senso-percepção visual, 
auditiva e tátil-cinestésica. 
Temos também as provas pedagógicas que analisam a linguagem verbal 
oral, verbal escrita, a leitura e o pensamento matemático. 
É possível, ainda, fazer uso de provas acadêmicas, mas não é comum sua 
utilização, visto que o psicopedagogo precisa investigar as funções necessárias à 
aprendizagem escolar, inclusive de conteúdos acadêmicos, mas não o domínio 
destes. Há exceções, cabendo ao profissional analisar se é pertinente ou não tal 
utilização. 
Há testes para triagem visual e auditiva, como o Teste Visual de Snellen, o 
Teste de Discriminação Auditiva e o Teste de Audibilização (Golbert, 1988, p. 126-
131), entre outros. Quando esses testes indicam problemas com a acuidade visual 
ou auditiva, é necessário o encaminhamento para exames complementares. 
Quanto às avaliações e exames complementares, destacamos a avaliação 
oftalmológica, a audiométrica, a do processamento auditivo central, a neurológica, 
além de exames médicos específicos que possam contribuir para o diagnóstico e 
os encaminhamentos na intervenção. 
É pertinente mencionar que a avaliação psicopedagógica é um processo 
que deve ser realizado de modo responsável e cuidadoso; aprofundar o estudo 
dos instrumentos é fundamental para sua compreensão e análise, bem como 
 
 
5 
manter uma relação dialógica com outros profissionais que contribuem para esse 
processo com conhecimentos específicos de suas áreas. 
TEMA 2 – PROVAS PEDAGÓGICAS 
As provas pedagógicas trazem informações sobre funções, como 
linguagem oral e escrita, leitura, interpretação, processo de alfabetização e 
pensamento lógico-matemático. 
Essa avaliação não se limita a conteúdos, mas considera as condutas do 
sujeito enquanto expressão cognitiva e afetiva e investiga as funções necessárias 
à aprendizagem dos conteúdos: o que e como aprendeu; como articula os 
conhecimentos e os utiliza em diferentes situações formais e informais, 
sistemáticas e assistemáticas. 
2.1 Investigação sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita 
A leitura e a escrita são investigadas em diferentes momentos do processo 
de avaliação diagnóstica psicopedagógica. NaEoca, é possível levantar hipóteses 
relacionadas a elas. Durante a aplicação de outros instrumentos, pode-se avaliá-
las direta ou indiretamente. 
Sugerimos a utilização de uma história completa, de um texto atrativo e 
adequado à faixa etária do sujeito, e que se evite a utilização de trechos isolados 
que dificultem a compreensão global do texto. 
Para a sondagem da leitura e da escrita, é preciso conhecer a pesquisa de 
Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a psicogênese da língua escrita, referência 
básica para o psicopedagogo. 
Leituras complementares sobre alfabetização, aquisição da leitura e da 
escrita e transtornos de aprendizagem na leitura e na escrita vão contribuir na 
preparação para avaliar essas funções. 
2.1.1 Leitura 
a. Realismo Nominal: pode ser utilizado na avaliação quando a hipótese 
levantada estiver relacionada ao não domínio da leitura. É aplicada 
solicitando-se ao sujeito que responda algumas perguntas: 
 Diga uma palavra grande. Por que é grande? 
 Diga uma palavra pequena. Por que é pequena? 
 
 
6 
 Qual é a palavra maior: ARANHA ou BOI? Por quê? 
 Qual é a palavra maior: TREM ou TELEFONE? Por quê? 
 Diga uma palavra parecida com a palavra BOLA. Por que é parecida? 
 Diga uma palavra parecida com a palavra CADEIRA. Por quê? 
 As palavras BALEIA e BALA são parecidas? Por quê? 
 Diante de duas cartelas nas quais estão escritas as palavras MESA e 
CADEIRA, perguntar: Em qual está escrito CADEIRA? Como você 
sabe? 
 Diante de três cartelas nas quais estão escritas as palavras COPO, 
COLO e ÁGUA, o examinador chama a atenção da criança para a 
semelhança visual entre as primeiras duas palavras e pergunta: A 
palavra parecida com COPO é COLO ou ÁGUA? Como você sabe? 
 Diante do par de palavras BOI e ARANHA, o examinador diz: Nesses 
cartões estão escritas duas palavras, BOI e ARANHA. Em qual você 
acha que está escrito ARANHA? E BOI? 
 Diante do par de palavras PÉ e DEDO, o examinador fala: Nesses 
cartões estão escritas duas palavras: PÉ e DEDO. Em qual você acha 
que está escrito DEDO? Por quê? 
b. Identificação de vogais e junções em letra cursiva e em letra impressa. 
c. Identificação do nome entre outros nomes escritos. 
d. Leitura com imagem: 1) Apresenta-se à criança sete fichas nas quais existe 
uma figura familiar e uma palavra escrita em letra cursiva e em caixa alta. 
Pergunta-se para a criança se há algo para ler. Em qual? O que está 
escrito?; 2) Apresenta-se para a criança quatro fichas com imagens e texto. 
Pergunta-se: Há algo para ler? Em qual? O que está escrito? 
e. Leitura sem imagem: apresenta-se para a criança uma lista de 10 palavras 
e pergunta-se: “O que você acha que está escrito em cada linha da ficha?” 
f. Leitura de palavras simples em letra cursiva e impressa. 
g. Leitura de palavras complexas em letra cursiva e impressa. 
h. Interpretação de texto lido pelo examinador e de um lido pelo examinando. 
i. Leitura de palavras, frases e textos. 
j. Omissões, trocas, vocabulário. 
k. Discriminação fonética. 
l. Memória. 
m. Conceituação. 
 
 
7 
n. Vocabulário. 
o. Repetição de frases. 
p. Leitura silenciosa. 
q. Compreensão global do texto. 
r. Vínculo com a leitura e seu significado simbólico. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre o realismo nominal, você pode consultar REGO, L. 
L. B. O desenvolvimento cognitivo e prontidão para a alfabetização. In: 
CARRAHER, T. N. Aprender pensando: contribuições da psicologia cognitiva 
para a educação. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 31-49. 
2.1.2 Escrita 
Durante a aplicação de outros instrumentos, podemos verificar a escrita do 
sujeito considerando: a) escrita do próprio nome e escrita do prenome e 
sobrenome; b) cópia e ditado: utilizar o ditado de palavras de Emília Ferreiro; c) 
escrita espontânea e escrita de vogais e junções; palavras, frases e textos; d) 
omissões, trocas, inversões, vocabulário; e) tipo de traçado e letra utilizada; f) 
vínculo com a escrita e seu significado simbólico; g) postura, tensão ou 
relaxamento e concentração. 
2.2 Pensamento matemático 
 A investigação do pensamento matemático pode ser feita por meio de 
atividades lúdicas, jogos de regras, desafios e atividades específicas envolvendo: 
 Leitura de numerais e identificação de numerais até ... 
 Escrita de numerais até... 
 Sequência numérica até... 
 Associação de numeral à quantidade. 
 Noções de conservação; classificação; seriação; generalização e 
correspondência. 
 Operações aritméticas: adição sem e com reserva; subtração sem e com 
recurso; multiplicação por um ou mais algarismos; divisão por um ou mais 
algarismos. 
 Cálculo mental e cálculo escrito. 
 
 
8 
 Problemas: raciocínio simples, com maior complexidade e estratégias 
verbais ou visuais. 
É preciso considerar os aspectos emocionais envolvidos no processo de 
aprendizagem dos conteúdos matemáticos, vínculos negativos, bloqueios 
decorrentes de pressões e ameaças. Também devemos analisar o significado 
simbólico da matemática para o sujeito em avaliação. 
TEMA 3 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA 
A avaliação psicomotora pode ser realizada desde o início do processo. 
Durante a Eoca, realiza-se a observação lúdica, com aplicação de outros 
instrumentos, observando-se a preferência lateral, se a criança é destra ou 
canhota; a preensão em pinça do material usado para escrita; a preensão e 
manipulação de tesoura; a pressão do lápis no papel; a qualidade do traçado, o 
uso da borracha; movimentos espontâneos; postura corporal (em pé e sentada); 
tônus muscular; equilíbrio dinâmico e estático; coordenação viso-manual; 
identificação e reconhecimento de conceitos espaciais e temporais; organização 
da escrita e do desenho no papel; ritmo de trabalho; habilidades motoras (amarrar, 
rasgar, dobrar, recortar, colar, abotoar etc.; percepção visual (detalhes, figura-
fundo, consistência da forma, posição espacial, tamanho, forma, discriminação e 
identificação de cores); nomeação e identificação das partes do corpo (principais 
e detalhes), entre outros. 
 O Ditado Topológico é um instrumento que pode ser utilizado. O material 
necessário consiste em uma folha de papel ofício (sulfite/A4) e lápis de cor. 
1. Divida a folha ao meio com um traço preto. 
2. De um dos lados, faça um círculo grande e vermelho. 
3. Dentro do círculo, faça um coração amarelo. 
4. Fora do círculo vermelho, faça sete traços azuis. 
5. Do outro lado do traço preto, faça uma casa grande e uma casa pequena. 
6. Acima da casa grande, desenhe um sol alaranjado. 
7. Abaixo da casa pequena, coloque grama verde. 
8. Perto da casa pequena, coloque uma cerca marrom. 
9. Longe da casa pequena, desenhe uma árvore. 
 
 
9 
Outros instrumentos podem ser utilizados para investigar esses aspectos: 
observação em sala de aula, em atividades livres, oficinas psicopedagógicas e 
testes psicomotores, por exemplo. 
3.1 Outros testes 
O psicopedagogo pode desenvolver instrumentos específicos para 
investigação dos diferentes aspectos a avaliar, o que requer pesquisa e autoria, 
mas pode também utilizar instrumentos de colegas, já publicados em livros ou 
artigos. 
Saiba mais 
O teste de audibilização proposto por Golbert pode ser encontrado em: 
GOLBERT, C. S. A evolução psicolinguística e suas implicações na 
alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. 
Ele avalia discriminação fonética; memória de frases, dígitos e relatos 
curtos, médios e longos; conceituação: identificação de absurdos, identificação de 
objetos e situações, definição de palavras, organização sintático-semântica e 
vocabulário de figuras. 
Carlberg (2012, p. 82-89) sugere alguns instrumentos: Eoca Psicomotora, 
em que a consigna é semelhante à da Eoca de Visca, solicitando que a criança 
mostre como poderia brincar com os materiais apresentados; Questionário 
Metacognitivo de Portilho (2009); Inventário Portilho Beltrami (2008); Consciência 
fonológica – Confias, deMoojen (2007); Sondagem de leitura e escrita, de Ferreiro 
e Teberosky (1985). Você deve pesquisar esses instrumentos para conhecê-los 
melhor, pois são opções interessantes no processo de avaliação. 
TEMA 4 – HIPÓTESE DIAGNÓSTICA 
A Hipótese Diagnóstica resulta da investigação e da análise dos dados 
coletados, sendo denominada de Terceiro Sistema de Hipóteses. Essa hipótese 
explica o momento atual, denominado pela Epistemologia Convergente de causas 
a-históricas; explica também as causas históricas, ou seja, relacionadas aos 
sintomas. 
São três os níveis de abordagem da Hipótese Diagnóstica, segundo Visca 
(2010). O semiológico, relacionado aos sintomas manifestos, expressos na 
 
 
10 
queixa, nas entrevistas com os pais e no encaminhamento da escola; o 
patogênico, relacionado aos obstáculos epistêmico, funcional, epistemofílico e 
epistemológico, e o etiológico, relacionado às prováveis causas que originaram 
a não aprendizagem. O obstáculo epistêmico diz respeito à dimensão cognitiva 
(detenção do desenvolvimento e lentidão – nível de operatividade da estrutura 
cognitiva); o funcional, à dimensão funcional; o epistemofílico, à dimensão 
afetiva (vínculo afetivo com os objetos do conhecimento e situações de 
aprendizagem); o epistemológico, à dimensão social. 
Ao término do processo de avaliação psicopedagógica, temos um perfil de 
desenvolvimento e aprendizagem do sujeito avaliado, compreendendo esses 
processos, obstáculos, sintomas, causas e relações com os contextos familiar, 
escolar e social. 
A matriz do pensamento diagnóstico, segundo Visca (1987, p. 50), é 
composta pelo Diagnóstico (descrição e situação contextual – meio/contexto; 
sintomas – apresentados pelo sujeito; descrição e explicação a-histórica – causas 
intrapsíquicas; descrição e explicação histórica – origem e evolução das causas; 
desvios e assincronias – graus de distanciamento e diferentes desvios em eixos 
e áreas), pelo Prognóstico (sem o processo corretor, com o processo corretor 
ideal e com o processo corretor possível – hipótese sobre o estado futuro) e pelas 
Indicações Gerais (para profissionais de outras áreas) e Indicações Específicas 
(às constantes do enquadramento – intervenção). 
A matriz do pensamento diagnóstico é conceitual. O processo diagnóstico 
é técnico, como destaca Visca (op. cit., p. 69). 
Uma vez levantada a Hipótese Diagnóstica é necessário escrever um 
Informe Psicopedagógico que será encaminhado para os pais e/ou responsáveis 
e para a escola. Esse documento é explicado num encontro, denominado de 
“Devolutiva”, momento em que se apresentam os resultados da avaliação e se 
procedem as orientações, encaminhamentos e prognóstico – para os pais e/ou 
responsáveis, para o sujeito avaliado e para a escola, quando for autorizado pelos 
pais. 
Vamos, no próximo tema, conhecer o Informe Psicopedagógico, além de 
refletir sobre nossa responsabilidade quando encerramos um diagnóstico e 
apresentamos seus resultados, indicando uma intervenção. 
 
 
11 
TEMA 5 – INFORME PSICOPEDAGÓGICO 
O informe psicopedagógico sintetiza os dados coletados na investigação, 
apresentando as conclusões do profissional que fez a avaliação em relação às 
questões iniciais (queixa) que nortearam o processo. 
Quando elaboramos esse documento, precisamos considerar a quem se 
destina, a fim de adequar o vocabulário, a profundidade das informações e a 
proteção ética. Questões sigilosas precisam ser rigorosamente respeitadas. 
É bom consultar o código de ética da profissão de psicopedagogo para se 
inteirar dessas questões, refletir sobre elas e respaldar-se. 
Há vários modelos de informe psicopedagógico para atender diferentes 
necessidades. Trazemos o modelo de roteiro proposto por Weiss (2004, p. 138-
140), por considerá-lo uma sistematização completa e que vai lhe conceder 
melhor fundamentação. 
Os itens que compõem o roteiro do informe têm por objetivo organizar as 
informações no momento de sua escrita. 
 Item 1: inicia-se o informe com os dados pessoais ou dados de 
identificação: nome, data de nascimento, idade (anos e meses) no 
momento da avaliação, filiação, idade dos pais, escola e série. 
 Item 2: queixa ou motivo da avaliação – relata-se a queixa na visão 
familiar e na visão escolar (e, quando pertinente, na visão do próprio 
sujeito). Menciona-se também quem fez o encaminhamento. 
 Item 3: período da avaliação e número de sessões realizadas, 
caracterizando-se o momento de sua realização (início, meio ou término do 
ano letivo), quanto tempo durou o processo, se houve interrupções ou faltas 
e quais seus motivos. 
 Item 4: instrumentos utilizados no processo diagnóstico, podendo incluir 
seus objetivos: testes, provas, sessões, entrevistas, exames 
complementares. 
 Item 5: análise dos resultados, considerando-se as diferentes áreas por 
meio de um relato descritivo, com mais ou menos detalhes, com resultados 
ou não dos testes, apresentando trechos ou exemplos das produções ou 
das falas, se for pertinente. Descreve-se o perfil do sujeito avaliado quanto 
aos aspectos pedagógico (leitura, escrita, cálculo etc.), cognitivo (estrutura 
de pensamento, modalidade de aprendizagem, funções psicológicas 
 
 
12 
superiores), afetivo e social (nível e relacional, o significado dos sintomas, 
a estrutura familiar, a dinâmica familiar, posição social, econômica e 
cultural), corporal (psicomotricidade, questões físicas, saúde etc.), 
linguagem (expressiva, compreensiva, verbal-oral, verbal escrita). 
Ressalte-se que não é preciso seguir essa ordem. 
 Item 6: Síntese dos Resultados ou Hipótese Diagnóstica – síntese do 
item 5, relacionando as áreas e a queixa. Oferece o perfil do sujeito e a 
Hipótese Diagnóstica. 
 Item 7: Visca (1994) destaca a importância de incluir um prognóstico sobre 
o que pode acontecer com ou sem a implementação dos encaminhamentos 
e intervenção, perspectivas futuras, aspectos positivos. 
 Item 8: recomendações e indicações – descrever as orientações para os 
pais, para a escola e para o sujeito, listando os encaminhamentos. 
 Finaliza-se o informe com as observações complementares, dados que 
forem julgados importantes para compreensão dos processos de avaliação, 
aprendizagem e desenvolvimento. 
A entrevista para devolutiva é agendada com os pais e o sujeito em um 
momento, e com a escola em outro momento, apresentando-se oralmente os 
resultados da avaliação expressos no informe. É uma etapa importante em que 
se esclarecem dúvidas, desmistificam-se teses, confirmam-se hipóteses e 
queixas. Orientações são dadas e compromissos assumidos, configurando-se um 
momento de intervenção. Caso haja a necessidade de um processo corretor 
(intervenção), podem ser definidas, nesse encontro, as constantes do 
enquadramento: frequência, duração, custos, objetivos, instrumentos e métodos, 
encaminhamentos, entre outros 
FINALIZANDO 
Nesta aula conhecemos alguns instrumentos utilizados para levantar o 
segundo sistema de hipóteses – instrumentos para avaliação funcional. 
Em relação aos aspectos funcionais, utilizam-se os testes psicológicos 
formais, que só podem ser aplicados pelos psicólogos. O psicopedagogo pode 
utilizar instrumentos informais, entre os quais temos os que avaliam aspectos 
pedagógicos: leitura, escrita e matemática; aspectos psicomotores; funções 
psicológicas superiores; triagem sensorial e exames complementares, que vão 
 
 
13 
fornecer dados necessários para o levantamento do terceiro sistema de hipóteses 
ou hipótese diagnóstica, que é a conclusão da avaliação. 
O fechamento do diagnóstico é expresso em um relatório, denominado 
informe psicopedagógico, sintetizando resultados da avaliação, perfil de 
desenvolvimento e aprendizagem do sujeito, encaminhamentos, orientações e 
prognóstico. 
O Informe é apresentado oralmente em uma entrevista denominada 
“devolutiva”, realizada com os pais, o sujeito e a escola,momento em que se 
explica o resultado, se esclarecem as dúvidas e os encaminhamentos. É possível 
definir constantes do enquadramento para o processo corretor. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
GONÇALVES, S. K.; MAIA, C. C. C. Discalculia: uma proposta de avaliação. VI 
CONGRESSO INTERNACIONAL EM AVALIAÇÃO EDUCACIONAL. Avaliação: 
veredas e experiências educacionais. Anais... Disponível em: 
<http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/24576/3/2015_eve_skgon%C3%A7alves.
pdf>. Acesso em: 13 ago. 2018. 
Texto de abordagem prática 
CRUZ, M. B.; COSTA, A. C. Crianças que escrevem, mas não leem: dificuldades 
iniciais na alfabetização. Rev. psicopedag. v. 25, n. 77, São Paulo, 2008. 
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01
03-84862008000200004>. Acesso em: 13 ago. 2018. 
As autoras relatam um estudo sobre as dificuldades iniciais na 
alfabetização em relação à dicotomia na aprendizagem da leitura e da escrita. 
Consideram as visões de Ferreiro e Teberosky e a Psicologia Cognitiva. O estudo 
foi realizado com crianças da educação infantil. 
Saiba mais 
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO PARTE II. Nádia Bossa, 5 ago. 2014. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=AMAcgF8QBEk>. Acesso em: 13 ago. 
2018. 
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/24576/3/2015_eve_skgon%C3%A7alves.pdf
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/24576/3/2015_eve_skgon%C3%A7alves.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862008000200004
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862008000200004
https://www.youtube.com/watch?v=AMAcgF8QBEk
 
 
14 
Vídeo de Nádia Bossa sobre a avaliação psicopedagógica – observação do 
desenvolvimento psicomotor – condutas psicomotoras. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
CARLBERG, S. Psicopedagogia: uma matriz de pensamento diagnóstico no 
âmbito clínico. Curitiba: IBPEX, 2012. 
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. A psicogênese da língua escrita. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1985. 
GOLBERT, C. A. Evolução psicolinguística e suas implicações na 
alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. 
MOOJEN, S. (Coord.). Confias: consciência fonológica – instrumento de 
avaliação sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. 
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