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Fisioterapia Esportiva 2 www.eduhot.com.br SUMÁRIO Mecanismos de Lesão celular ..................................................................................... 3 Edema ......................................................................................................................... 9 Quimiotaxia ............................................................................................................... 10 Mediadores Químicos................................................................................................ 10 Hiperplasia: Fisiológica.............................................................................................. 11 Hiperplasia: Patológica .............................................................................................. 11 Lesão e etapas de reparação dos tecidos muscular, tendíneo, ósseo e cartilaginoso .................................................................................................................................. 20 MÚSCULOS .............................................................................................................. 28 OSSO ........................................................................................................................ 29 Técnicas e agentes fisioterapêuticos empregados na reabilitação das lesões desportivas. ............................................................................................................... 32 CRIOTERAPIA .......................................................................................................... 32 TERMOTERAPIA ...................................................................................................... 37 DIATERMIA ............................................................................................................... 44 ELETROTERAPIA ..................................................................................................... 50 Propriocepção no esporte ......................................................................................... 62 Propriocepção utilizada para reabilitação de lesões ................................................. 64 Biomecânica – Influência no esporte ......................................................................... 66 Etimologia da palavra e primeiros biomecânicos ...................................................... 66 Era industrial ............................................................................................................. 67 Biomecânica no esporte ............................................................................................ 68 Parâmetros biomecânicos ......................................................................................... 69 Dinamometria ............................................................................................................ 71 Eletromiografia .......................................................................................................... 73 Antropometria ............................................................................................................ 74 Biomecânica no esporte - Aumento da performance e tratamento de lesões ........... 78 Biomecânica no esporte – estado de arte e inovações ............................................. 80 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 84 Fisioterapia Esportiva 3 www.eduhot.com.br Mecanismos de Lesão celular O que é patologia? É definido como o estudo do sofrimento humano, estuda a origem, os mecanismos e a natureza das doenças. O que é patogenia? Estuda a origem e a sequência dos processos que levam ao desenvolvimento das doenças. É a sucessão de eventos desde a agressão inicial e instalação de um quadro patológico, bem com como os mecanismos e inter-relações orgânicas de resposta e defesa. Etiologia: Estuda a causa e a origem das doenças. Estas podem ser: 1- Intrínsecas ou genéticas 2- Adquiridas (infecciosa, nutricional, química, física) Muitas vezes a causa de uma doença é resultado da interação de vários fatores associados, por exemplo, o câncer, uma pessoa nasce com a predisposição genética a desenvolver esta patologia e também sofre influências o meio onde vive (Herança Multifatorial). Várias doenças não têm suas causas conhecidas, estas são denominadas idiopáticas. Quando ocorre a lesão celular? Ocorre quando os limites de adaptação celular são ultrapassados. As lesões são até certo ponto reversíveis, porém, persistindo o estímulo nocivo, segue-se lesão irreversível e morte celular. Quais são as causas de lesão celular? Hipóxia Agentes físicos Agentes químicos e drogas Fisioterapia Esportiva 4 www.eduhot.com.br Agentes infecciosos Reações imunológicas Danos genéticos Desequilíbrios nutricionais O que é Hipóxia? É o baixo teor de oxigenação no sangue ou dos tecidos, podendo ser consequência da interrupção da circulação local, como nos infartos. É uma causa comum de lesão e morte celulares. Geralmente, a hipóxia decorre de uma isquemia ou uma hemorragia, no entanto, outros fatores podem desencadeá-la como, por exemplo, falência cardiorespiratória, anemia, envenenamento por monóxido de carbono. Em alguns casos, pode ser causada pelo deslocamento para grandes altitudes, pois nestas situações o ar é mais rarefeito, ou seja, a quantidade de oxigênio no ar que respiramos é diminuída. Seus efeitos sentem-se principalmente no cérebro sob forma de confusão, inquietação, alucinações e perda da consciência. Cada tecido possui uma resistência diferenciada para a hipóxia tecidual, por exemplo, o músculo esquelético resiste a aproximadamente 15 minutos sem oxigênio e os neurônios a 3 minutos. Após este tempo, ocorre lesões irreversíveis. De acordo com a severidade da lesão, o tecido passa pelas seguintes etapas: 1. Adaptação 2. Lesão 3. Morte Existem quatro tipos de hipóxia: *hipóxica (quando a pressão de O2 no sangue arterial é baixa); *anêmica (quando há pouca hemoglobina para o transporte de O2 no sangue); *de estagnação (causada por intensa vasoconstrição local ou por débito cardíaco); *histotóxica (causada por cianeto, impede a utilização do O2). O que é hipoxemia? É a diminuição sistêmica do nível de oxigênio. Ocorre geralmente em casos de debilidade pulmonar e cardíaca Fisioterapia Esportiva 5 www.eduhot.com.br O que é isquemia? É a Interrupção do fluxo sanguíneo para determinado tecido ou órgão, muitas vezes levando à hipóxia tecidual letal. Quais são as causas de uma isquemia? Oclusão vascular por aterosclerose (placa de gordura). Oclusão vascular por coagulação intravascular (trombose – coágulo sanguíneo). Oclusão Vascular por Embolia (trombo em movimento, após desprender-se do local de origem). *Embolia: Resulta da fragmentação de um trombo ou placa de gordura previamente aderido à parede de um vaso, bem como de um grumo de células neoplásicas, corpo estranho e até mesmo ar liberado na luz vascular. Tal artifício circula à revelia de se fixar em um trecho de calibre menor na circulação sanguínea. Sob pena de uma isquemia causar... Isquemia transitória É a interrupção transitória de aporte sanguíneo a um tecido ou órgão sem sequelas permanentes, pois, esta interrupção pode não durar tempo suficiente de hipóxia para levar a um infarto. O que é infarto? Morte tecidual de uma região do organismo (com necrose) geralmente em consequência da interrupção súbita da circulação de sangue na artéria que irriga esse território, causada por embolia ou trombose. Pode ocorrer após um período prolongado de isquemia e hipóxia tecidual. Se o trombo permanecer insitu, a interrupção da circulação poderá ser apenas temporária, enquanto a pressão venha fazer com que se dilatem as veias que asseguram uma circulação colateral. Fisioterapia Esportiva 6 www.eduhot.com.br O que é necrose? É o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte tecidual. Dois processos ocorrem simultaneamente durante a necrose: *a desnaturação das proteínas; *a digestão enzimática das células (autólise). Apoptose: É a morte celular programada, processo importante na regulação de populações celulares, criando condições fisiológicas de substituição por novas células. Diferente do que ocorre em uma necrose, a apoptose não deixa resíduos celulares e também não gera reações inflamatórias. Sua interrupção pode ser um determinante no crescimento de neoplasias Quais podem ser os agentes físicos de Lesão Celular? ✓ Trauma mecânico (Integridade Física Celular) ✓ Extremos de temperatura ✓ Radiação ✓ Choque elétrico Agentes químicos e drogas: ✓ São inúmeros. ✓ Até mesmo glicose, se hipertônica, ou oxigênio, em altas concentrações, são tóxicos. ✓ Arsênico, cianureto, mercúrio, inseticidas, herbicidas, asbestos, álcool, etc. Agentes infecciosos: ✓ Vírus ✓ Bactérias ✓ Fungos ✓ Parasitas Fisioterapia Esportiva 7 www.eduhot.com.br O que são as reações imunológicas? Em um extremo, protegem a vida; em outro, podem ser fatais, podendo produzir uma reação exacerbada a um agente estranho ou uma reação direta de agressão imunológica as proteínas do próprio organismo. Podem ser de dois tipos: • Reações Anafiláticas. • Reações Autoimunes Reações Anafiláticas: São denominadas alergias, ocorre quando uma determinada substância ou composto desencadeia em um indivíduo uma resposta imunológica inesperada e forte podendo levar até a morte. Reações Autoimunes: Ocorrem quando o sistema imunológico (sistema de defesa) identifica proteínas do próprio corpo como células estranhas, provocando uma reação inflamatória de agressão a estas estruturas. Ex: Artrite Reumatóide. Defeitos genéticos São alterações que ocorrem a nível dos genes, nos cromossomos, vão de alterações sutis, resultando em anormalidades enzimáticas, até distúrbios grosseiros, com malformações. Ex: Síndrome de Down. Distrofia Muscular de Duchenne Alterações nutricionais Alterações nutricionais como deficiências proteico-calóricas e vitamínicas também podem causar lesões celulares; nos casos de excessos, estas alterações podem causar obesidade, aterosclerose. Mecanismos de lesão e morte celulares I. Primeiramente é afetada a integridade da membrana celular, II. É interrompida a respiração celular, impedindo a síntese de (ATP), III. Ocorre a síntese enzimática e de proteínas estruturais Fisioterapia Esportiva 8 www.eduhot.com.br IV. É afetada a integridade genética Estes mecanismos são inter-relacionados, ou seja, afetando-se a respiração celular, há menor produção de ATP, necessário à bomba de sódio, responsável pelo equilíbrio iônico e de água celulares, por exemplo. O que é a INFLAMAÇÃO? É uma resposta de proteção do organismo, que atua no sentido de destruir ou bloquear o agente causador da lesão, desencadeando uma série de eventos que cicatrizam e reconstituem o tecido lesado. Ocorre no tecido conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma, nas células circulantes, nos vasos sanguíneos e componentes extra vasculares. Podem ser causadores da inflamação agentes de natureza física (radiações), química (tóxicos), ou biológica (vírus), tendo origem fora ou dentro do organismo (antígenos estranhos e os próprios processos autoimunes). “Conjunto de modificações que ocorrem nos organismos animais multicelulares, desencadeadas por qualquer tipo de lesão ou distúrbio de seu equilíbrio interno, e se traduz por alterações vasculares, histológicas e humorais, segundo um padrão básico e uniforme para a generalidade das espécies, e cuja evolução tende a reconstituir as estruturas lesadas, bem como restabelecer a homeostasia do organismo. ” BENÉFICAS OU DANOSAS? Sem a inflamação, as infecções não seriam sustadas, as feridas jamais cicatrizariam e os órgãos transformar-se-iam em chagas. Entretanto, este processo de inflamação pode ser danoso ao organismo, como em reações de hipersensibilidade, doenças crônicas (artrite reumatoide, aterosclerose), fibrose (obstrução intestinal, imobilidade articular). A inflamação pode ser classificada em aguda e crônica: O que ocorre na Inflamação Aguda? Alterações vasculares: vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo, causando calor e rubor. Aumento de permeabilidade da microcirculação, levando ao edema e desaceleração da circulação (estase), Fisioterapia Esportiva 9 www.eduhot.com.br Migração de leucócitos, principalmente neutrófilos. A inflamação aguda é geralmente de início rápido, gerando dores intensas, inchaço e vermelhidão. Durante o processo de inflamação, ocorre a Exsudação, que é o extravasamento de líquidos, proteínas e células sanguíneas a partir do sistema vascular para o tecido intersticial, e seu produto é um líquido inflamatório rico em proteínas e restos celulares, o Exsudato. A exsudação ocorre devido a alterações da permeabilidade vascular no local da agressão. O pus é um exsudato purulento inflamatório rico em leucócitos e restos celulares, produto da inflamação. Edema É um excesso de líquido no interstício, pode ser um exsudato ou um transudato (líquido com baixo teor proteico, não decorre de um desequilibro na permeabilidade). Inflamação Crônica É o processo inflamatório de longa duração, que se origina da evolução de uma inflamação aguda, quando persistem os fatores patogênicos. Na inflamação crônica há presença de macrófagos, linfócitos e plasmócitos, ocorre a destruição tecidual; e após reparação do tecido lesado – substituição por tecido conjuntivo, pela proliferação de novos vasos e por fibrose. Agudo X Crônico ✓ Doença de início rápido, sintomas severos e curta duração. ✓ Doença de longa duração envolvendo muitas mudanças lentas. ✓ Sintoma intenso, tal como dor severa. ✓ Doença de início frequentemente gradual. ✓ Este termo não implica necessariamente com a gravidade ou severidade da doença. Quais são os cinco pontos cardeais da inflamação? ✓ Rubor (vermelhidão); ✓ Calor, ✓ Tumor (Edema - inchaço); ✓ Dolor (dor) ✓ Perda da função. Fisioterapia Esportiva 10 www.eduhot.com.br O que é INFECÇÃO? “Contaminação ou invasão do corpo por um microrganismo parasito, que pode ser um agente patogênico ou não, principalmente vírus, bactérias, fungos, protozoários ou helmintos.”. Uma infecção gera uma inflamação, porém, nem toda inflamação é resultado de uma infecção. A partir do momento em que o organismo percebe uma infecção, ocorre uma série de eventos que desencadeiam a inflamação: Quimiotaxia É a migração orientada de células de defesa, que irão combater o invasor e após realizar a reconstituição, reparação e cicatrização do tecido lesado. Mediadores Químicos São substâncias responsáveis pelos eventos da inflamação. Originam-se do plasma ou de células, e ligam-se a receptores específicos em células-alvo. Geralmente estes mediadores têm vida curta, e a maioria causa efeitos danosos. Exemplos de mediadores químicos: HISTAMINA: atua na microcirculação, possui ampla distribuição tecidual, especialmente através dos mastócitos, presentes no tecido conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos. HISTAMINA: Considerada o principal mediador da fase imediata, dilata arteríolas e aumenta permeabilidade venosa. SEROTONINA: Propriedades semelhantes à histamina, presente nas plaquetas. SISTEMA DO COMPLEMENTO:Sistema composto de 20 proteínas, que tem importante papel na resposta imune encontrado no plasma. Aumenta permeabilidade vascular, realiza quimiotaxia e opsonização. OUTROS Substâncias derivadas do ácido araquidônico, produzidas por linfócitos e macrófagos, geralmente estão presentes em processos inflamatórios, causam dor, febre etc: Fisioterapia Esportiva 11 www.eduhot.com.br ✓ Prostaglandinas ✓ Leucotrienos ✓ Citocinas (IL-1, TNF, IL-8) Alterações Celulares O que é Hiperplasia? “Aumento quantitativo ou anormal de um órgão, de um tecido ou de uma linhagem celular, que decorre principalmente do aumento do número de células que aí se encontram”. Frequentemente, a hipertrofia e a hiperplasia estão associadas e ocorrem simultaneamente (crescimento fisiológico do útero grávido). Nestes casos as células são estimuladas a produzir maiores quantidades de proteínas. Hiperplasia: Fisiológica Hormonal: proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e na gestação, útero grávido. Compensatória: hepatectomia parcial. Hiperplasia: Patológica Na hiperplasia patológica, há excessiva ação hormonal ou dos fatores de crescimento, sem que mecanismos reguladores intervenham pra limitar esse crescimento. O que é Hipertrofia? “Aumento do volume anormal de uma célula ou das células de um tecido, em geral sem aumento numérico”. O órgão hipertrofiado não tem novas células, apenas células maiores, e devido ao aumento de tamanho de suas células, o órgão se desenvolve excessivamente. É causada por um aumento da demanda funcional ou por estimulação hormonal específica, como por exemplo, na musculação, neste caso, as células têm o metabolismo estimulado fisiologicamente e por isso se desenvolvem mais. Fisioterapia Esportiva 12 www.eduhot.com.br O que é Displasia? “Anomalia de desenvolvimento anatômico ou histológico, em que células epiteliais (principalmente de revestimento) ou mesenquimais sofrem proliferação e alterações citológicas atípicas, tanto na forma como no tamanho e na organização”. Ou seja, são mitoses anormais; estas frequentemente aparecem nos brônquios dos fumantes, são as primeiras alterações celulares observadas em uma neoplasia. O que é Metaplasia? “Alteração reversível em que um tipo de célula adulta (epitelial ou mesenquimal) é transformado em outro tipo, também adulto”. Ex: Substituição do epitélio colunar ciliado da traqueia e brônquios por células escamosas estratificadas, em fumantes crônicos. Esta pode ser uma manifestação precoce de uma alteração maligna, porém, pode regredir se abolidas as suas causas. O que é um Tumor? No conceito tradicional, toda lesão caracterizada por um aumento de volume localizado, hoje, sinônimo de neoplasma: na oncologia – oncos (grego) = tumor. Sinônimo de neoplasia, os tumores podem ser considerados uma proliferação exagerada e anormal dos elementos celulares de um tecido organizado, que é desencadeada por um determinado estímulo e prosseguindo mesmo depois que esse estímulo tenha desaparecido. O que é Neoplasia? “Tecido anormal e sem significação fisiológica, formado pela multiplicação contínua de células cuja reprodução deixou de ser regulada pelos mecanismos homeostáticos, apresentando-se, em geral, sob a forma de um tumor que evolui de forma autônoma e quase sempre nociva ao organismo”. Fisioterapia Esportiva 13 www.eduhot.com.br As neoplasias apresentam um estroma conjuntivo vascularizado que lhes proporciona sustentação e nutrição e de acordo com a sua velocidade de crescimento, invasividade, e tendência à produção de metástases (entre outras características) são classificadas em benignas e malignas (cânceres). O que é Anaplasia? “Ausência ou perda da diferenciação observada geralmente nas células parenquimatosas das neoplasias malignas”. Diferenciação: grau de semelhança entre as células neoplásicas e as células normais, tanto morfologicamente quanto funcionalmente. Os neoplasmas malignos compostos de células indiferenciadas são ditos anaplásicos, a falta de diferenciação ou anaplasia é considerada um marco da transformação maligna. Diferenciação Tumores bem diferenciados são compostos de células que se assemelham a células normais do tecido de origem do neoplasma, em geral, tumores benignos são bem diferenciados. Os elementos anaplásicos apresentam-se de diferentes formas entre si (pleomorfismo) variando o tamanho e a forma das células, bem como frequentes mitoses, o grau de diferenciação e o estágio evolutivo permitem uma classificação que varia de 0 a 4. TAXA DE CRESCIMENTO Em geral, a maioria dos tumores benignos cresce lentamente durante um período de anos, enquanto a maioria dos cânceres cresce rapidamente, às vezes a uma velocidade errática. Alguns tumores malignos crescem lentamente durante anos para então, repentinamente, aumentarem de tamanho de modo notório, disseminando-se explosivamente até causarem a morte alguns meses após a sua descoberta. MILAGRES Fisioterapia Esportiva 14 www.eduhot.com.br Ocasionalmente, os cânceres podem ser observados diminuindo de tamanho, e até mesmo desaparecendo espontaneamente, porém o “estoque de milagres” é escasso. INVASÃO LOCAL A maioria dos tumores benignos permanece situada em seu local de origem, sem capacidade de se infiltrarem, invadirem ou metastatizarem para lugares distantes como os cânceres. O crescimento dos cânceres é acompanhado de infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido vizinho, e tal invasividade torna a ressecção cirúrgica difícil – cirurgia radical. METÁTASES São implantes tumorais descontínuos em relação ao tumor primário, é a transferência da doença de um órgão para outro que não esteja diretamente conectado ao primeiro, em geral, através da via sanguínea ou linfática. Com poucas exceções, todos os cânceres podem fazer metástases, os neoplasmas benignos não metastatizam. Neoplasia (benigna) x Neoplasia (maligna) ✓ Não apresenta anaplasia (bem diferenciados); ✓ Apresenta anaplasias (pouco diferenciados ou indiferenciados). ✓ Não produz metástases ✓ Produz metástases ✓ Dano Compressivo pode afetar estruturas anatômicas. ✓ Dano compressivo. ✓ Em geral Bom prognóstico ✓ Dano direto do comprometimento funcional do tecido alterado. ✓ Denominado como Neoplasia Benigna ou Tumor Benigno ✓ Mau prognóstico em geral. ✓ Denominado como Câncer ou neoplasiamaligna/ tumor maligno Fisioterapia Esportiva 15 www.eduhot.com.br Fisioterapia Esportiva 16 www.eduhot.com.br Alterações Vasculares – TROMBOSE VENOSA O que é? A trombose venosa é o desenvolvimento de um trombo (coágulo de sangue) dentro de um vaso sanguíneo venoso com consequente reação inflamatória do vaso, podendo, esse trombo, determinar obstrução venosa total ou parcial. É relativamente comum (50 casos/100.000 habitantes) e é responsável por sequelas de insuficiência venosa crônica: dor nas pernas, edema (inchaço) e úlceras de estase (feridas). Além disso, a trombose venosa é também responsável por outra doença mais grave: a embolia pulmonar. Como se desenvolve? O desenvolvimento da trombose venosa é complexo, podendo estar relacionado a um ou mais dos três fatores abaixo: Estase venosa: situações em que há diminuição da velocidade da circulação do sangue. Por exemplo: pessoas acamadas, cirurgias prolongadas, posição sentada por muito tempo (viagens longas em espaços reduzidos - avião, ônibus). Lesão do vaso: o vaso sanguíneo normal possui paredes internas lisas por onde o sangue passa sem coagular (como uma mangueira por onde flui a água). Lesões, rupturas na parede interna do vaso propiciam a formaçãode trombos, como, por exemplo, em traumas, infecções, medicações endovenosas. Hipercoagulabilidade: situações em que o sangue fica mais suscetível à formação de coágulos espontâneos, como por exemplo, tumores, o uso de anticoncepcionais e diabetes. Embora possa acometer vasos de qualquer segmento do organismo, a trombose venosa acomete principalmente as extremidades inferiores (coxas e pernas). Algumas pessoas estão sob maior risco de desenvolver trombose venosa quais sejam: varizes, paralisia, anestesias gerais prolongadas, cirurgias ortopédicas, fraturas, obesidade, quimioterapia, imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, entre outros. Fisioterapia Esportiva 17 www.eduhot.com.br O que se sente? Os sintomas variam muito, desde clinicamente assintomático (cerca de 50% dos casos passam despercebidos) até sinais e sintomas clássicos como aumento da temperatura local, edema (inchaço), dor, empastamento (rigidez da musculatura da panturrilha). Como é diagnosticado? Quando a trombose venosa se apresenta com sinais e sintomas clássicos é facilmente diagnosticada clinicamente. Na maioria das vezes isso não acontece e são necessários exames complementares específicos, tais como: flebografia, ecodoppler a cores e ressonância nuclear magnética. Como se trata? No tratamento visa-se prevenir a ocorrência de embolia pulmonar fatal, evitar a recorrência, minimizar o risco de complicações e sequelas crônicas. Utilizam-se medicações anticoagulantes (que diminuem a chance do sangue coagular) em doses altas e injetáveis. Como se previne? O fato de a trombose venosa ocorrer em pacientes hospitalizados que ficam muito tempo acamados ou em cirurgias grandes faz com que a prevenção seja necessária. Portanto, nestes casos, utilizam-se medicações anticoagulantes em baixas doses para prevenir. Já para pessoas em geral o simples fato de caminhar já é uma forma de prevenção. Ficar muito tempo parado, sentado propicia o aparecimento da trombose venosa. Portanto, sempre que possível, não ficar muito tempo com as pernas na mesma posição. Para os que já tem insuficiência venosa e, por conseguinte, maior risco de trombose, o uso de meias elásticas é recomendado. Fisioterapia Esportiva 18 www.eduhot.com.br VARIZES E MICROVARIZES O que é? Varizes, ou veias varicosas, são veias dilatadas, com volume aumentado, tornando-se tortuosas e alongadas com o decorrer do tempo. Microvarizes, ou telangiectasias, são varizes intradérmicas, superficiais e, por esse motivo, adquirem uma coloração mais avermelhada ou arroxeada. São mais comuns em mulheres do que em homens. Como se desenvolve? As artérias levam o sangue do coração para as extremidades, e as veias têm a função de levar o sangue de volta ao coração, impulsionado, principalmente pela bomba muscular das panturrilhas. Dentro das veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno venoso para as extremidades. Quando as válvulas não se fecham adequadamente, acontece esse retorno, a que se denomina refluxo. Quando acontece o refluxo, aumenta a quantidade de sangue dentro das veias, o que faz com que elas se dilatem. Um dos principais fatores para o desenvolvimento das varizes é o hereditário ou familiar. O fator genético ocasiona uma diminuição da resistência das paredes das veias e insuficiência valvular. Fisioterapia Esportiva 19 www.eduhot.com.br Outro fator importante é o hormonal. Durante as gestações, há uma maior liberação de hormônios, o que pode ocasionar diminuição do tônus da parede venosa. No final da gestação, a compressão do útero grávido sobre veias do abdômen também pode desencadear varizes. Existem estudos comprovando a relação entre o número de gestações e o aparecimento de varizes. O uso prolongado de anticoncepcionais e outros tratamentos hormonais também são fatores agravantes. A obesidade e o tipo de trabalho (pessoas que trabalham muitas horas em pé) favorecem o desenvolvimento de varizes. O que se sente? Dor, cansaço e sensação de peso nas pernas são os sintomas mais frequentes, mas podem ocorrer também, ardência, edema (inchaço), câimbras e dormência. São mais acentuados no final do dia, em dias de temperatura elevada. Como se faz o diagnóstico? O diagnóstico é feito, basicamente, pelo exame físico. O exame utilizado para avaliação de refluxo venoso, e como auxiliar do tratamento cirúrgico, é o Ecodoppler venoso (ecografia que avalia o fluxo venoso superficial e profundo). Como se trata? O tratamento das varizes pode ser conservador, em alguns casos, e consiste no uso de meias elásticas e utilização de medicamentos que melhoram o fluxo venoso. Entretanto, a cirurgia de varizes, sem dúvida, é sempre o tratamento ideal para se evitar as complicações próprias da evolução da doença, tais como, edema (inchaço), dermatites, pigmentações e endurecimento da pele, úlceras varicosas e tromboflebites (inflamação da parede da veia com formação de coágulo). O tratamento mais utilizado para microvarizes, ou telangiectasias, é a escleroterapia, através de injeções de medicamentos. Outra opção é a utilização do Laser. Todavia, o método tem limitações por ser dispendioso, devido ao alto custo dos aparelhos, e porque pode ocasionar manchas hipocrômicas (brancas) na pele. Fisioterapia Esportiva 20 www.eduhot.com.br Como se previne? Praticar exercícios físicos, evitando sempre o uso demasiado de peso nas pernas durante os mesmos. Usar meias elásticas, principalmente durante a gestação, ou em atividades em que se permaneça muitas horas em pé, além de manter um peso corporal adequado. Lesão e etapas de reparação dos tecidos muscular, tendíneo, ósseo e cartilaginoso A neutralização de agentes agressores leva a desorganização e destruição tecidual. Torna-se necessária uma segunda etapa dos mecanismos de defesa, caracterizada pela reorganização da área lesada. O reparo consiste na substituição das células e tecidos alterados por um tecido neoformado derivado do parênquima e/ou estroma do local injuriado. Se a reparação for feita principalmente pelos elementos parenquimatosos, uma reconstrução igual a original pode ocorrer (regeneração) mas, se for feita em grande parte pelo estroma, um tecido fibrosado não especializado será formado (cicatriz). Poderá ocorrer um ou outro processo ou os dois, dependendo de alguns fatores sendo os mais importantes: a capacidade dos elementos do parênquima se regenerarem e a extensão da lesão. O termo quelóide é usado para as cicatrizações hipertróficas que ocorrem comumente nos indivíduos da raça negra. Resumindo então, temos que o reparo pode ser pelo: PARÊNQUIMA - regeneração Fisioterapia Esportiva 21 www.eduhot.com.br ESTROMA - cicatrização QUELÓIDE - cicatrização hipertrófica CÉLULAS LÁBEIS, ESTÁVEIS E PERMANENTES As células do corpo podem ser divididas em 3 categorias de acordo com a capacidade de regeneração: lábeis, estáveis e permanentes. As lábeis são aquelas que continuam a se multiplicar durante a vida toda (células epiteliais, hematopoiéticas e linfóides). As estáveis normalmente não se dividem, contudo têm a capacidade de proliferar quando estimuladas (são as células das glândulas como: fígado, pâncreas, salivares, endócrinas e as células derivadas do mesênquima como fibroblastos, osteoblastos). As permanentes são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se dividir, como as células do sistema nervoso central e músculo. Uma reconstrução original da área lesada só poderá ocorrer se as células afetadas forem do tipo lábil ou estável porque se for do tipo permanente, ocorrerá a substituição por tecido conjuntivo. O processo de reparo pode ser dividido em duas grandes classes,que são a REGENERAÇÃO e a CICATRIZAÇÃO. REGENERAÇÃO (regenerar = re-produzir, ou produzir de novo) Compreende o processo onde o tecido lesado é reposto por células da mesma origem daquelas que se perderam. É necessário que se faça aqui a distinção entre a regeneração de tecido previamente lesado e a regeneração dita "fisiológica", que significa a reposição de células tais como as células do sangue e do epitélio, que são destruídas normalmente. Diariamente ocorre a substituição de 2% de células do organismo, isto representa 1014 células e cerca de 1Kg. Na boca a reparação ocorre rapidamente, talvez devido a participação da saliva, que umedecendo a superfície da lesão não permite a formação da crosta. Deve-se também considerar a elasticidade da mucosa bucal, permitindo maior contração do tecido, visto que nas mucosas móveis a reparação é mais rápida do que nas mucosas mastigatórias. Na pneumonia lobar ocorre intenso acúmulo de células inflamatórias, com destruição dos pneumócitos, mas os vasos e a arquitetura são Fisioterapia Esportiva 22 www.eduhot.com.br preservados, permitindo a regeneração. Fica claro que a regeneração restitui à área lesada a completa normalidade, tanto morfológica quanto funcional; seria portanto ideal que todo o processo de cura se efetuasse pela regeneração. CICATRIZAÇÃO A cicatrização é a substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo fibroso. Para que a cicatrização se efetue são necessárias a eliminação do agente agressor, a ativa manutenção do potencial de proliferação das células, complementadas pela irrigação e nutrição suficientes. Como a cicatrização por tecido fibroso é constituída por tecido mais simples e mais primitivo do que os tecidos que ela substitui, essa cicatrização implica na perda permanente da função fisiológica da região comprometida. Dessa maneira, a cicatrização de uma região cardíaca, após um infarto, reduz a função do órgão, sendo a cicatriz uma marca residual permanente e irreversível. As cicatrizes via de regra se hialinizam e perdem a elasticidade devido a pobreza em fibras elásticas. Dada a grande variedade de situações onde ocorre a cicatrização, é evidente que esse processo pode diferir na razão direta dessas situações. Didaticamente, pode-se considerar dois tipos básicos de cicatrização: a primária (ou por 1ª intenção) e a secundária (ou por 2ª intenção). 1- Cicatrização por 1ª intenção: Também chamada de união primária, tem importância principalmente em cirurgia e em ferimentos. É o tipo mais simples de reparação que pode ocorrer. O exemplo mais comum é a incisão cirúrgica feita com bisturi e posterior sutura dos bordos. A incisão leva a morte de células epiteliais, assim como de elementos do tecido conjuntivo. Uma vez feita a sutura o espaço entre os bordos é reduzido e fica cheio de coágulo. A fibrina formada induz a migração e serve de matriz para a proliferação de fibroblastos e angioblastos, que vão formar o tecido de granulação. Geleias de fibrina induzem a fibroplasia e angiogênese. Inicia-se uma inflamação aguda com exsudato principalmente de neutrófilos e posteriormente de mononucleares. Ao mesmo tempo fibroblastos e angioblastos proliferam a partir dos bordos e começam a invadir a área inflamada dando origem a um tecido rico em fibroblastos e vasos neoformados conhecido como tecido de granulação. Inicialmente Fisioterapia Esportiva 23 www.eduhot.com.br é um tecido altamente celular, mas com a contínua produção de fibras colágenas torna-se menos celular e dentro de algum tempo a área está ocupada por um tecido pouco celularizado e vascularizado, rico em fibras, constituindo a cicatrização, marcando para sempre o local da incisão cirúrgica. O epitélio de revestimento da pele ou da mucosa bucal tem grande capacidade de proliferação, recobrindo rapidamente a área alterada. A proliferação não contínua de células epiteliais é controlada por fatores do crescimento celular, e esta é uma das diferenças importantes em relação ao que ocorre nos carcinomas. 2- Cicatrização por 2ª intenção: Também chamada de união secundária, ocorre quando a área lesada é mais extensa e os bordos não podem ser coaptados por sutura, como por exemplo em úlceras, abcessos ou então devido a contaminação de uma incisão cirúrgica. O processo básico é o mesmo que na união primária, diferindo apenas por ser a área lesada maior e ter grande quantidade de exsudato inflamatório e restos necrosados. O tecido de granulação vai se proliferando a medida que a área vai sendo limpa. A cicatrização por segunda intenção ocorre inevitavelmente com a formação de grande quantidade de tecido cicatricial. A formação excessiva de tecido cicatricial pode provocar uma protuberância no local, como ocorre frequentemente nos negros, sendo o processo chamado de queloide. A união secundária difere da primária por: 1. Perda de grande quantidade de tecido 2. Presença de uma maior quantidade de restos necróticos e exsudato inflamatório 3. Formação de maior quantidade de tecido de granulação 4. Produção de cicatriz mais extensa TECIDO DE GRANULAÇÃO A resposta dos tecidos à injúria é um acúmulo de células inflamatórias na região atingida. Dentro das primeiras 24 horas, estas células acumuladas são principalmente polimorfonucleares. Posteriormente, os macrófagos tornam-se mais numerosos, e por volta do 3º dia, os fibroblastos começam a proliferar. Novos capilares avançam para a zona lesada, enquanto material extracelular, produzido Fisioterapia Esportiva 24 www.eduhot.com.br pelos fibroblastos, começa a acumular-se. Este conjunto de células, material extracelular (fibras e componentes da substância fundamental) e vasos neoformados constituem o tecido de granulação jovem. O tecido de granulação se caracteriza macroscopicamente pelo aspecto róseo granular, e microscopicamente pela proliferação de vasos e fibroblastos. Com o passar do tempo, este tecido de granulação modifica-se paulatinamente, tornando-se maduro e adquirindo aspectos e funções diferentes daqueles dos primeiros dias. É importante que se estude detalhadamente os diversos passos deste processo. Os gráficos abaixo são dos trabalhos do Dr. R. Ross que estudou a presença de células, vasos e fibras na reparação de pele de cobaias. Inicialmente além de fibrina, predominam neutrófilos e macrófagos e posteriormente fibroblastos. A medida que aumenta a quantidade de colágeno, diminui o número de células e vasos. O colágeno inicialmente formado é do tipo III, que é substituído pelo tipo I. a) Fibroblastos: As principais atividades do fibroblasto na inflamação são: a) síntese de substância fundamental e fibras. b) fagocitose de fibrilas de colágeno. c) contração tecidual durante a cicatrização - miofibroblastos d) erupção dental Fisioterapia Esportiva 25 www.eduhot.com.br b) Fatores de crescimento: São fatores que estimulam a proliferação celular. 01) EGF - Fator de Crescimento Epidérmico: polipeptídio de 6.045 daltons. Mitogênico para células epidérmicas e fibroblastos. 02) PDGF - Fator de Crescimento Derivado das Plaquetas: Proteína altamente catiônica armazenada nos grânulos α das plaquetas e liberado na ativação plaquetária. Também é produzido por macrófagos, endotélio, células tumorais. Estimula proliferação de fibroblastos e céls musculares lisas. 03) FGF - Fator de crescimento dos Fibroblastos: estimula fibroblastos e angiogênese. 04) TGFα e TGFβ - Fatores de Crescimento Transformadores: Acreditava- se que transformavam células normais em malignas. O TGFα tem propriedades semelhantes ao EGF. O TGFβ é um inibidor da proliferação celular. Estimula produção de colágeno e fibronectina, e inibe degradação do colágeno, favorecendo a fibrogênese. O TGFβ pode ser produzido por váriascélulas, como plaquetas, endotélio, LT, macrófagos. 05) IL-1 e FNT - fator de necrose tumoral: Participam da remodelação do tecido conjuntivo. 06) Inibidores do crescimento TGFβ, α-interferon, PGE2, Heparina. Inibem fibroblastos. 07) Os macrófagos podem secretar: PDGF, FGF, IL-1, FNT ou inibidores como TGFβ, PG. Vários fatores que estimulam a proliferação de fibroblastos e angioblastos na inflamação crônica. Alguns são citados no quadro abaixo: Fisioterapia Esportiva 26 www.eduhot.com.br REPARAÇÃO ALVEOLAR PÓS-EXTRAÇÃO O processo de reparo de alvéolos dentais pós-extração é assunto relativamente bem estudado por meio de estudos experimentais em animais de laboratório, especialmente cães e macacos, cujas particularidades anatômicas aproximam-se das do ser humano. Assim, pode-se descrever o reparo alveolar pós- extração da seguinte maneira: Decorridas 24 horas da extração do dente, o alvéolo encontra-se preenchido por coágulo sanguíneo, formado por malha de fibrina. A superfície da ferida alveolar é formada por camada necrótica contendo polimorfonucleares e bactérias, contidos dentro de uma depressão pouco pronunciada. No 3º dia, pode-se notar, histologicamente evidências de organização do coágulo. A malha de fibrina e as células sanguíneas começam a ser substituídas por tecido de granulação, no qual fibroblastos e vasos neoformados estão em franca proliferação. Estes aspectos são evidentes no fundo do alvéolo, a partir de remanescentes da membrana periodontal que permaneceram após a extração. Assim, é preciso destacar a importância desses remanescentes no processo de reparo alveolar, pois é deles que se inicia a proliferação do tecido de granulação no fundo do alvéolo. Aos 5 dias, a infiltração do coágulo por componentes do tecido de granulação é bastante evidente, bem como a presença de osteoclastos (células que reabsorvem tecido ósseo) próximos à crista alveolar e nos espaços medulares do osso alveolar. O tecido de granulação ocupa cerca de um quarto do fundo do alvéolo, não havendo nessa região mais nenhum sinal de coágulo, que permanece nos três quartos superiores do alvéolo, até a superfície. Nesta, o epitélio das margens da ferida está sob intensa proliferação, mas a ferida ainda não está completamente coberta por ele. Uma semana depois, o epitélio está recobrindo a ferida. A substituição do coágulo por tecido de granulação toma três quartos do alvéolo. Aos 11 dias pós- extração o epitélio recobre, e o tecido de granulação preenche o alvéolo, com a produção de fibras de colágeno sendo bastante evidente. No fundo do alvéolo, começam a se tornar evidentes os primeiros sinais de ossificação. Após 16 dias, a ossificação que ocorre no seio do tecido de granulação é bastante ativa, com as trabéculas ósseas atingindo a metade do alvéolo. Uma semana depois, aos 23 dias, Fisioterapia Esportiva 27 www.eduhot.com.br a ossificação está em plena fase de amadurecimento das trabéculas ósseas, com os espaços medulares, que ao início do processo eram amplos, tornando-se progressivamente mais estreitos. Apenas uma pequena porção mais superficial do alvéolo ainda não está sofrendo ossificação. A fibromucosa gengival sobre o alvéolo, está reconstituída. Depois de 30 dias, o alvéolo está completamente reparado, através do seu preenchimento por tecido ósteo-fibroso. Nos dias que se seguem, ocorre a completa remodelação e amadurecimento do novo tecido que preenche o alvéolo, até que, aos 40 dias, o processo está terminado. Em síntese, os seguintes eventos da reparação alveolar pós-extração são significativos: a) Hemorragia e subsequente preenchimento do alvéolo por coágulo sanguíneo; b) Organização do coágulo desde o 3º até o 11º dia. Ao fim deste período, a proliferação epitelial acaba por cobrir por completo a ferida alveolar. c) Ainda por volta do 11º dia inicia-se o processo de ossificação que se completa aos 40 dias; d) Paralelamente às atividades formativas pode-se observar atividades de reabsorção osteoclástica, necessárias para a remodelação da região. e) Os remanescentes da membrana periodontal são importantes para o início da proliferação do tecido de granulação que procederá à reparação do alvéolo. f) Por volta dos 11 dias a superfície da ferida está recoberta por epitélio e a mucosa oral sobre o alvéolo está reconstituída. REPARAÇÃO DE NERVOS, MÚSCULOS, OSSO E TENDÃO: NERVOS Quando ocorre a reparação dos nervos o processo é de regeneração. Como as células do sistema nervoso não se multiplicam, a regeneração ocorre pela neoformação do axônio e isto só é possível quando o corpo celular não sofreu necrose. A degeneração da porção distal do axônio é chamada de degeneração Walleriana. Se o corpo celular sofreu lesão irreversível a regeneração não se processa, podendo ocorrer uma cicatrização da área. O axônio lesado prolifera usando o caminho deixado pela fibra lesada, sendo, portanto, importante a Fisioterapia Esportiva 28 www.eduhot.com.br preservação do endoneuro. Se, por exemplo, o nervo ciático de camundongos é seccionado, e as extremidades são presas com fio de nylon num tubo de 5 a 6mm de comprimento, deixando um espaço entre as extremidades do nervo de 4-5mm, há regeneração das fibras motoras e sensitivas. Inicialmente há formação de fibrina, seguida da proliferação de células endoteliais, fibroblastos, células de Schwann e finalmente por fibras nervosas. As fibras mielinizadas aparecem após 4-6 semanas. O preenchimento do tubo com laminina parece acelerar a regeneração das fibras. No Sistema Nervoso Central, o potencial de crescimento é provavelmente similar ao dos nervos periféricos mas a proliferação glial é usualmente uma barreira para a regeneração. Mesmo após anatomicamente regeneradas, as fibras nervosas levam ainda algum tempo para retornar à função da inervação original. A neoformação das placas motoras é possível sob algumas condições, bem como a neoformação de terminações sensoriais. O tempo requerido para a regeneração das fibras nervosas é variável. Nervos esmagados em coelhos, começam a regenerar-se após 5 dias, e os axônios crescem a uma taxa de 3-4mm por dia, enquanto os nervos seccionados iniciam a regeneração após 7 dias e crescem 2-3mm por dia. No homem as taxas de crescimento dos nervos são menores do que na maioria dos animais. Reparação no SNC Lesões no cérebro não são reparadas por fibroblastos, mas sim por astrócitos. O tecido necrótico é substituído por astrócitos que formam fibras gliais (gliose). Se a lesão for mais pronunciada, há formação de cavidade contendo liquido (cisto), envolvida por astrócitos e fibras gliais. MÚSCULOS O tecido muscular liso tem capacidade de regeneração, embora áreas extensas sofram reparação por cicatrização. A regeneração do músculo liso pode ser observada especialmente em duas condições: regeneração de pequenas áreas da mucosa intestinal e proliferação de vasos neoformados. A capacidade de regeneração do músculo estriado é muito limitada, podendo-se dizer que a capacidade de regeneração do músculo cardíaco é inexistente. Deve-se lembrar, entretanto, que as células musculares estriadas podem apresentar hipertrofias acentuadas. Fisioterapia Esportiva 29 www.eduhot.com.br Devido a reparação incompleta do tecido muscular do abdômen, é comum após cirurgias abdominais a formação de hérnias. As hérnias são projeções de vísceras devido à pressão abdominal nas áreas de enfraquecimento do tecido muscular. Hérnias inguinais e umbilicais são bons exemplos. Também pode ocorrer a protusão de um órgão para uma cavidade natural, como a vagina, no prolapso uterino. OSSO Enquanto o tecido ósseo pode ter uma reparação sem maiores complicações, a cartilagem pode formar um tecido desorganizado levando à lesões irreversíveis.Portanto, enquanto a fratura da tíbia pode voltar ao normal, a ruptura da cartilagem do joelho ou as alterações da cartilagem na artrite podem ser irreversíveis. Na reparação óssea os seguintes passos ocorrem: REDUÇÃO DA FRATURA: para facilitar o processo de reparação e para evitar deformidades, os fragmentos da região fraturada são aproximados. Este processo é chamado de redução da fratura. Fatores predisponentes à fratura óssea: - osteoporose (fêmur, coluna vertebral) - osteomalácia (fraturas pequenas, mas não são substituídas) - doença de Paget - tumores primários e metástases - osteogênese imperfeita ESQUEMA DA REPARAÇÃO Fisioterapia Esportiva 30 www.eduhot.com.br FATORES QUE PARTICIPAM DA REPARAÇÃO SISTÊMICOS a) Condições Fisiológicas do Indivíduo: Em geral os pacientes jovens apresentam capacidade de reparação maior, isto devido principalmente à presença de melhor suprimento sanguíneo no local afetado. b) Nutrição: Proteína e Vit. C: Já que a reparação é feita por tecido neoformado, a nutrição é fator importante, entretanto apenas uma deficiência proteica grave, envolvendo principalmente cisteína e metionina, pode retardar a reparação. A deficiência de vitamina C retarda a reparação devido as alterações na síntese de fibras colágenas. Na expedição de Scott ao Polo Sul, pouco depois do início do século, foram realizadas várias tentativas para descobrir quais das latas de conserva continham a "infecção" que causava o escorbuto. Na viagem de Vasco da Gama, contornando o Cabo da Boa Esperança, em 1497, cerca de 2/3 da tripulação morreu de escorbuto. A Vit. C atua na transformação de prolina em hidroxiprolina. A maioria das espécies sintetizam Vit. C, através da enzima Lgulonolactose oxidase. Isto não ocorre com o homem, macaco e cobaia, que portanto podem apresentar escorbuto. No escorbuto há tendências para hemorragias gengivais e dificuldades no processo de reparo, devido a não formação adequada de colágeno. Periodonto de macacos com escorbuto contém cerca de 40% menos colágeno em relação ao de animais normais, podendo ter mobilidade dental, desorganização das fibras e reabsorção óssea. Há alterações degenerativas nos fibroblastos devido a não secreção normal de colágeno, levando a Fisioterapia Esportiva 31 www.eduhot.com.br formação inadequada da substância intercelular. Muitas enzimas como as metaloproteinases e polimerases do DNA e RNA são dependentes de Zinco. A cicatrização da ferida fica retardada nos pacientes deficientes de Zinco. c) Diabetes: Além da possível diminuição na síntese proteica, um fator relevante é a alteração dos vasos na diabetes. d) Esteróides: Um dos mecanismos de ação dos glicocorticóides pode ser o aumento de produção das lipocortinas, que inibem a fosfolipase A2, importante para liberação do ácido aracdonico. LOCAIS a) Suprimento Sanguíneo: Como todo o processo inflamatório, a reparação depende do suprimento sanguíneo local. O reparo não se faz ou é feito com demora em áreas mal irrigadas, como por exemplo na arterioesclerose acentuada. Na cabeça do fêmur e escafóide (pulso) pode haver necrose avascular (mesmo sem trauma evidente) b) Presença de Corpo Estranho: A presença de qualquer corpo estranho impede que haja a reparação pois é um estímulo constante para a inflamação. O tecido necrosado (infarto) é estímulo para a inflamação e deve ser removido. c) Mobilidade: Nos casos de reparação óssea é importante que haja uma imobilização e redução da fratura. Em tecidos moles a imobilização também parece ajudar a reparação. d) Extensão da lesão e) Natureza do Tecido Lesado f) Infecção OBS.: Nos hemofílicos não há nenhum fator específico que retarda a reparação. Dependendo da severidade da hemofilia há hemorragias espontâneas, particularmente nas articulações. O coágulo age como episódios recorrentes, pode haver deformidades das articulações. Nas cirurgias, como extração dentária deve-se considerar o risco de hemorragia e o tratamento pré-cirúrgico. Objetivos - Reparação Fisioterapia Esportiva 32 www.eduhot.com.br - Conceitue reparação, regeneração e cicatrização. - Exemplifique células lábeis, estáveis e permanentes. - Quais as diferenças entre cicatrização por 1a e 2a intenção. - Que é tecido de granulação e quais suas principais características morfológicas - Cite e descreva as principais etapas da inflamação e cicatrização na pele após um corte (com ou sem) contaminação. - Esquematize num gráfico a dinâmica de acúmulo de fibrina, neutrófilos, linfócitos, macrófagos, fibroblastos e de formação de vasos e colágeno numa lesão de pele causada por incisão, sem contaminação bacteriana. Coloque na ordenada a quantidade e na abscissa o tempo em dias. - Cite as principais atividades do fibroblasto na inflamação e cicatrização. - Que são fatores de crescimento. Exemplifique citando o nome e a função. - Descreva o processo de reparação alveolar após a extração dental. - Compare a reparação do fêmur fraturado e cicatrização da pele. - Discuta reparação de nervos, músculos e cartilagem. - Comente reparação do SNC. - Conceitue hérnia e como pode se desenvolver após cirurgias. - Que é redução de fratura óssea. - Cite os fatores predisponentes à fratura óssea. - Esquematize o resultado final da reparação tecidual, após uma agressão, considerando que o tecido sofreu ou não necrose (não considere a evolução para inflamação crônica). - Discuta os efeitos da desnutrição proteica e de vitamina C no processo de reparo. - Comente processo de reparo em pacientes diabéticos. - Cite os fatores locais que facilitam ou dificultam o processo de reparo. Técnicas e agentes fisioterapêuticos empregados na reabilitação das lesões desportivas. CRIOTERAPIA Fisioterapia Esportiva 33 www.eduhot.com.br TERAPIA PELO FRIO DEFINIÇÃO: A terapia pelo frio, conjuntamente com a terapia pelo calor (capítulos seguintes) representa seguramente a mais antiga aplicação terapêutica de agentes físicos. O calor e frio são valiosos coadjuvantes na reabilitação de diversas patologias, devendo ser combinados com as técnicas cinesiológicas e com uma eventual abordagem farmacológica. A crioterapia consiste na aplicação do frio com objetivos terapêuticos, produzindo efeitos locais e à distância, resultando na remoção do calor corporal e na diminuição da temperatura dos tecidos. Apesar das primeiras descrições da utilização terapêutica do frio - neve e gelo natural - remontarem à antiga Grécia, só em 1850 surgiu a primeira máquina de gelo de uso hospitalar, utilizada nos Estados Unidos da América para diminuir a temperatura em doentes com malária. EFEITOS BIOLÓGICOS Nas reações biológicas dos tecidos à diminuição de temperatura são determinantes fatores como o método de aplicação (estático ou dinâmico), a área corporal a tratar, o tempo de aplicação e a qualidade de frio utilizado. o frio produz diversos efeitos biológicos com repercussão terapêutica, designadamente: • Vasoconstrição, por ação direta na microcirculação e reflexa do sistema nervoso vegetativo. Esta redução do fluxo sanguíneo facilita a hemostase, limita o processo inflamatório, a exsudação e o aumento da pressão compartimental, contribuindo para a analgesia. • Diminuição do metabolismo celular ou normalização metabólica em zonas de hiperaquecimento/inflamadas. • Aumento do limiar de estimulação álgica dos receptores periféricos, reduzindo a mensagem aferente e contribuindo dessa forma para a analgesia. • Libertação de endorfinas, com efeito analgésico. Fisioterapia Esportiva 34 www.eduhot.com.br • Bloqueio medular, com priorização da via rápida; estimulação direta das vias mais mielinizadas e de maior calibre, contribuindo para a analgesia. • Reduçãoda atividade enzimática, nomeadamente da colagenase, aumentando a rigidez do tecido fibroso com colágeno. Com a exposição prolongada ao frio podem ocorrer os seguintes efeitos: • Vasodilatação, com paralisia vasomotora, com aumento do fluxo sanguíneo em aplicações estáticas prolongadas ou dinâmicas. Esta hiperémia faz aumentar os mecanismos de defesa humorais e celulares, remoção de exsudados e produtos necróticos, contribuindo para o trofismo e regeneração tecidual. Pode agravar síndromes inflamatórias. • Lentificação da condução neuronal das fibras gama e diminuição da excitabilidade do fuso neuro-muscular ao estiramento, reduzindo o tónus e a espasticidade muscular; este efeito é particularmente prolongado porque a camada de tecido adiposo retarda o aquecimento do músculo. A aplicação estática do frio induz um arrefecimento progressivo dos tecidos, desde a superfície até à profundidade. O arrefecimento dos tecidos profundos, fenómeno mais durável do que o aquecimento, ocorre pela vasoconstrição dos tecidos profundos e isolamento térmico por parte do tecido adiposo, que impede o reaquecimento rápido. Após 20 minutos de aplicação de frio, a temperatura no tecido cutâneo diminui 3,8 °C e no subcutâneo a 1 cm de profundidade 2,5 °C. Este efeito obtém-se por vasoconstrição, com desvio do fluxo sanguíneo para tecidos mais profundos (mais de 2 cm abaixo da superfície), cuja temperatura permanece inalterada. Com a retirada da fonte de frio, os tecidos superficiais iniciam uma sequência de trocas hemodinâmicas com os tecidos mais profundos, que atuam como fonte de calor. Desta forma, ocorre um decréscimo da temperatura dos tecidos profundos, após a cessação da aplicação do frio, à medida que os tecidos superficiais vão aquecendo. Estas trocas hemodinâmicas contribuem para a redução da dor e do edema, ao promover a remoção de fluidos e metabolitos acumulados nos tecidos. FORMAS DE APLICAÇÃO A compressa de gelo consiste num recipiente com gelo picado, raspado ou partido. O recipiente pode ser uma toalha, um saco de plástico ou um recipiente Fisioterapia Esportiva 35 www.eduhot.com.br especial para gelo. Deve-se evitar o contato direto com a pele, devendo ser interposta uma toalha. A compressa de gel frio consiste num recipiente de vinil contendo uma substância gelatinosa, dotada de propriedades anti-congelantes, para que a compressa permaneça flexível e fácil de adaptar à zona anatómica a tratar. Até ser usada, a compressa é armazenada no congelador. Para além de ter um efeito menos duradouro que o das compressas de gelo, apresenta perigo de ulceração, uma vez que a temperatura da compressa é inicialmente inferior a 0 °C. As compressas frias químicas consistem num saco de Figura: Compressas de gel frio. Ao apertar a embalagem, as duas substâncias misturam-se e dão início a uma reação química endotérmica, com produção de frio. Têm como desvantagens o arrefecimento insuficiente, a impossibilidade de reutilização e o risco de queimadura química no caso do saco estar danificado. A imersão em gelo ou banho frio é uma modalidade utilizada sobretudo no tratamento das extremidades. A temperatura ideal varia consoante os autores, sendo apontados valores entre os 2 e os 15 °C. A imersão em piscina ou tanque com gelo e água, mal tolerada e pouco utilizada, permite a imersão de uma maior superfície corporal e a associação da hidromassagem. A massagem com gelo difere das modalidades anteriores pelo seu carácter bifásico (ciclo frio-temperatura ambiente) e pela estimulação dos mecanoreceptores. Embora o arrefecimento não seja tão acentuado, é frequentemente utilizada como parte das técnicas criocinéticas. Os aparelhos de frio consistem num reservatório de água refrigerada por gelo ou por um mini-frigorífico. A água fria circula através de um material almofadado que se adapta na zona a tratar. Para além do frio, estas máquinas permitem aplicar pressão através da insuflação pela água, o que pode ser útil em determinadas situações. Os sprays refrigerantes contêm cloreto de etilo ou fluorometano, que evaporam rapidamente em contato com a pele, promovendo a perda de calor pelo tecido cutâneo. A redução de temperatura proporcionada é muito brusca, o que predispõe a ulcerações pelo frio. o efeito é fugaz e não atinge os tecidos mais profundos. O cloreto de etilo é inflamável, pelo que devem ser tomadas as devidas precauções. São utilizados em situações onde se pretende alívio álgico, devendo o jacto do spray ser aplicado a cerca de 30 cm do corpo. Fisioterapia Esportiva 36 www.eduhot.com.br As compressas frias, mergulhadas em água a 4° C, são aplicadas durante 5 minutos. A toalha gelada, previamente imersa em água com sal (500 g para 5 litros de água) e colocada no congelador, pode ser adaptada à zona a tratar, uma vez que não fica rígida. O “liquid ice” consiste numa ligadura embebida num líquido especial, colocada na zona a tratar, que vai arrefecendo os tecidos. Para além de permitir a compressão e de ser reutilizável, pode ser usado durante a prática desportiva, não necessitando da imobilização do doente. INDICAÇÕES E MODO DE APLICAÇÃO O frio pode ser aplicado quando se pretende analgesia, vasoconstrição com redução do fluxo sanguíneo, redução da inflamação e do edema na fase aguda de traumatismos ou queimaduras, redução do metabolismo celular, redução da hemorragia, diminuição da espasticidade, facilitação de técnicas cinesiológicas, normalização térmica em situações de hiperaquecimento muscular e estimulação da regeneração e do trofismo celular em patologias traumáticas crónicas. A aplicação estática é utilizada quando se pretendem efeitos vasoconstrictores e anti-álgicos, por exemplo na fase aguda de um traumatismo. A temperatura cutânea a atingir é de 15 °C e o período de aplicação deverá ser repetido várias vezes, não excedendo os 20 minutos de cada vez. Este efeito pode ser também obtido com a imersão em água fria (4-10 °C) durante 10 a 20 minutos. Com esta técnica, o arrefecimento dos tecidos profundos é mais rápido e mais duradouro. De referir, no entanto, que alguns autores defendem aplicações de frio superiores a 20 minutos, considerando que este período é insuficiente para o arrefecimento dos tecidos mais profundos. A aplicação dinâmica consiste numa massagem circular rápida por períodos de 2 a 3 segundos, durante 7 a 10 minutos e é utilizada quando se pretende obter hiperémia reactiva e uma analgesia menos pronunciada, como por exemplo na fase crónica (mais de 8 dias) de patologia traumática. PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES A crioterapia pode agravar a isquemia ao provocar uma redução adicional do fluxo sanguíneo e desencadear fenómenos vaso-espásticos. Deve ser evitada ou Fisioterapia Esportiva 37 www.eduhot.com.br usada com precaução em vasculopatia aterosclerótica e zonas de isquemia, fenómenos vaso-espásticos (doença de Raynaud), neuropatia diabética, patologia cardiovascular descompensada, alterações da sensibilidade cutânea, doentes sedados ou obnubilados, que não respondam à dor, alergia ou intolerância ao frio, crioglobulinémia e feridas abertas. COMPLICAÇÕES À medida que o arrefecimento se processa, ocorre sensações de frio, sensação de queimadura, dor e parestesia. De modo a evitar ulceração pelo frio, a aplicação deve ser suspensa na fase da parestesia. O risco de lesão pode ser minimizado evitando o contato direto da fonte de frio com a pele e limitando a duração da aplicação. Áreas com pouco tecido celular subcutâneo, como o cotovelo ou o tornozelo, apresentam menor tolerância ao frio, pelo que deverão ser objeto de cuidados especiais. Existem também alguns casos descritos de paralisia nervosa após crioterapia, na maioria das vezes por aplicação de gelo junto à cabeça peroneal, todos com recuperação completa. Estes poderãoestar associados à pressão exercida pelas ligaduras usadas para fixar a fonte de frio e não à própria crioterapia. A hipersensibilidade ao frio pode manifestar-se por eritema, urticária, hemoglobinúria ou mesmo por uma reação anafilática. A profilaxia pode ser feita com anti-histamínicos e as aplicações repetidas podem resultar numa tolerância crescente. A exposição ao frio pode desencadear ou agravar fenómenos vaso-espásticos como o fenómeno de Raynaud, livedo reticular ou acrocianose. TERMOTERAPIA TERAPIA PELO CALOR SUPERFICIAL DEFINIÇÃO A termoterapia consiste na aplicação de calor com objetivos terapêuticos. Pode ser classificada quanto à profundidade atingida (superficial ou profunda) e à forma de transmissão (por condução, convecção ou conversão). Na condução, a transferência Fisioterapia Esportiva 38 www.eduhot.com.br do calor é feita através do contato direto entre dois corpos, por exemplo a pele e uma compressa quente. Na convecção, é feita através de um intermediário, como o ar ou a água. Na conversão, ocorre transformação de um tipo de energia noutro, por exemplo conversão de energia radiante em calor. No aquecimento profundo, ou diatermia (capítulo 3), a transferência do calor é sempre feita por conversão. Embora a sua regulação seja complicada, o aquecimento superficial é de fácil acesso, seguro e mais barato do que o profundo. EFEITOS BIOLÓGICOS As reações biológicas dos tecidos ao aumento de temperatura são influenciadas por diversos fatores. A elevação da temperatura dos tecidos possui uma estreita faixa terapêutica, entre 40 e 45,5 °C. Abaixo destes valores os efeitos são reduzidos; acima, podem ocorrer lesões, inativação enzimática e aumento dos processos inflamatórios. A velocidade da elevação da temperatura varia consoante a fonte térmica. Quanto mais rápida for a elevação, mais favoráveis os efeitos biológicos, que dependem também das dimensões da área a tratar. A duração da elevação da temperatura deve ter uma duração entre 3 e 30 minutos. Os efeitos biológicos incluem: • Vasodilatação capilar e arteriolar, com aumento do fluxo sanguíneo. • Aumento do metabolismo celular. Fisioterapia Esportiva 39 www.eduhot.com.br • Aumento da atividade enzimática, nomeadamente da colagenase, aumentando a extensibilidade do tecido fibroso. Com uma elevação de 3 °C, a atividade enzimática da colagenase sinovial aumenta 300%. Com o aquecimento das articulações metacarpo-falângicas a 45 °C a rigidez articular diminui 20%. • Aumento da velocidade de filtração e difusão através das membranas biológicas. • Aumento do limiar de percepção das aferências sensitivas e modulação da condução no nervo periférico, nomeadamente da mensagem nociceptiva, levando à analgesia e ao relaxamento muscular. • Bloqueio medular, com priorização da via rápida e libertação de endorfinas por ativação do sistema descendente, levando à analgesia. • Diminuição da sensibilidade do fuso neuro-muscular ao estiramento, com efeito mio-relaxante. A vasodilatação ocorre por efeitos direto e reflexo no local de aplicação da fonte de calor. No entanto, através de uma resposta consensual, é observado uma hiperémia noutras partes do corpo, cujo efeito poderá ser útil. Esta resposta é sempre de menor intensidade e depende das dimensões da área tratada. Os efeitos biológicos do calor são mais fugazes que os do frio, uma vez que após a aplicação de calor, a vasodilatação cutânea permite a sua rápida dissipação. FORMAS DE APLICAÇÃO DE CALOR SUPERFICIAL POR CONDUÇÃO O calor húmido baseia-se na utilização de um saco de algodão, que pode ter vários tamanhos, preenchido com dióxido de silício, que tem como característica absorver e reter uma grande quantidade de água. Este saco é imerso num reservatório com água à temperatura de 60 a 80 °C, o “hidrocollator” e seguidamente retirado. Após a remoção da água em excesso, é embrulhado numa toalha e colocado sobre a superfície a tratar durante 20 a 30 minutos. Fisioterapia Esportiva 40 www.eduhot.com.br Figura: Hidrocollator e saco de algodão com dióxido de silício. As compressas de Kenny consistem num pano de lã colocado sob vapor, sendo em seguida removido o excesso de água por centrifugação; a compressa seca é colocada rapidamente na pele a uma temperatura de cerca 60 °C; estas compressas arrefecem rapidamente e são substituídas de 5 em 5 minutos. As compressas químicas consistem num recipiente flexível contendo produtos químicos que, quando colocados em contato, produzem uma reação exotérmica. Não permitem um controlo rigoroso da temperatura produzida, não podem ser reutilizadas e acarretam risco de lesões caso ocorra rotura do recipiente. A parafina é uma substância sólida que encerra hidrocarbotenos saturados e não saturados. É aquecida num reservatório especial, que a mantém no estado líquido a uma temperatura entre 45 e 54 °C. Pela sua baixa condutibilidade, permite conduzir lentamente o calor, que é desta forma bem tolerado. A parafina é usada sobretudo no aquecimento das extremidades corporais. Fisioterapia Esportiva 41 www.eduhot.com.br Figura: Aquecedor de parafina. Na aplicação por imersão repetida, a extremidade é mergulhada na parafina e em seguida é retirada, deixando a parafina solidificar. o procedimento é repetido até formar uma camada espessa de parafina sobre a extremidade, que é seguidamente envolvida num saco de plástico e num pano isolante durante 10 a 20 minutos. Na imersão contínua, que permite um aquecimento mais vigoroso e profundo, a extremidade é imersa na parafina durante 20 a 30 minutos. Pelo fato de nas extremidades o tecido celular subcutâneo ser diminuto, a parafina permite um aquecimento efetivo das pequenas articulações das mãos e pés, levando a uma maior distensibilidade do tecido conjuntivo e muscular. Assim, a aplicação de parafina é especialmente útil no tratamento de contraturas articulares das mãos. Devido ao risco de queimadura, a temperatura da parafina deve ser controlada com um termómetro. Esta forma de aplicação está contra-indicada em doentes alérgicos à parafina. O parafango consiste no aquecimento, a uma temperatura entre 49 e 52 °C, de uma mistura de parafina com fango. A sua aplicação é semelhante à da parafina, mas apresenta uma melhor capacidade de transmissão de calor, permitindo um aquecimento mais profundo, mais rápido e mais duradouro. Figura: Aquecedor de parafango. FORMAS DE APLICAÇÃO DE CALOR SUPERFICIAL POR CONVECÇÃO Fisioterapia Esportiva 42 www.eduhot.com.br A hidroterapia quente utiliza a água como fonte de calor. Para além das piscinas terapêuticas, existem tanques com diferentes tamanhos, adequados para a imersão dos membros superiores, inferiores ou de todo o corpo. A temperatura da água é condicionada pela região anatómica, tipo de imersão (segmentar ou total) e objetivo do tratamento. O tempo de tratamento é de 20 a 30 minutos. A imersão total está contraindicada em doentes com incontinência de esfíncteres. Uma variante da hidroterapia quente são os banhos de contraste, nos quais existe alternância de imersão em água quente e água fria. A fluidoterapia e o ar húmido representam outras formas de aplicação de calor superficial por convecção. FORMAS DE APLICAÇÃO DE CALOR SUPERFICIAL POR CONVERSÃO A radiação infra-vermelha utilizada para efeitos de aquecimento tem um comprimento de onda entre os 7.000 e 120.000 Å. Ao entrar nos tecidos, os fotões vão ser absorvidos e convertidos em calor. No entanto, só alcançam os tecidos mais superficiais, elevando a temperatura entre 5 e 15 mm de profundidade. A absorção de energia é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o corpo e a fonte emissora de calor. Normalmente, a lâmpada é colocada a uma distância de 60-80 cm do corpo,devendo a radiação incidir perpendicularmente. o tempo de aplicação varia entre 15 a 30 minutos. Para além dos efeitos biológicos próprios do calor, a radiação IV condiciona fenómenos vasomotores complementares pela libertação de mediadores vasoativos. A radiação infra-vermelha constitui uma fonte de calor “seca” e deve ser escolhida quando se pretende evitar o contato direto com a fonte de calor ou o calor húmido, bem como em doentes acamados. A radiação infra-vermelha é uma forma de aquecimento superficial de fácil aplicação, económica e versátil, o que a torna numa modalidade muito popular. Como precaução, devem ser protegidas com toalhas húmidas a nuca e a região ocular, sempre que se encontrem próximas do local a irradiar. A radiação ultra-violeta (UV) compreende a radiação UV A (0,315 - 0,4 μm), UV B (0,29 - 0,315 μm) e UV C (0,2 - 0,29 μm). Os UVA penetram profundamente nos Fisioterapia Esportiva 43 www.eduhot.com.br tecidos mas têm poucos efeitos biológicos. Os UVB são responsáveis pela queimadura solar e eritema da pele. Os UVC têm propriedades bactericidas. Apesar do seu interesse para outras especialidades, a utilização de radiação ultra-violeta em reabilitação encontra-se quase completamente abandonada. INDICAÇÕES A aplicação de calor superficial está indicada sempre que se pretenda analgesia, diminuição da rigidez articular ou Peri-articular, diminuição do tónus muscular, relaxamento da musculatura lisa (por exemplo em cólicas gastrointestinais), resolução de infiltrados inflamatórios com remoção de produtos necróticos, estimulação trófica e facilitação de técnicas cinesiológicas (treino de aumento de amplitude articular e flexibilidade). PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES O uso de calor deve ser evitado ou usado com precaução em patologia inflamatória ou traumática aguda, hemorragias ou alterações da coagulação, vasculopatia aterosclerótica, áreas isquêmicas, patologia cardiovascular descompensada, patologia neoplásica ou infecciosa, lesões dermatológicas, alterações da sensibilidade térmica, doentes sedados ou obnubilados, cartilagens de crescimento, útero grávido e cicatrizes ou feridas abertas. COMPLICAÇÕES Embora a queimadura por temperatura excessiva seja a principal complicação, existem outras. O aumento do metabolismo associado ao aumento de temperatura dos tecidos agrava os sintomas de isquemia nos tecidos em risco. A vasodilatação e o consequente aumento do fluxo sanguíneo podem agravar os processos inflamatórios agudos ou subagudos. Nas modalidades de hidrocinesioterapia quente, a dissipação de calor fica comprometida pelo fato de parte do corpo estar imerso em água quente. Desta forma, a temperatura oral deverá ser monitorizada a fim de evitar a hipertermia. Fisioterapia Esportiva 44 www.eduhot.com.br A vasodilatação causada pelo calor leva a uma diminuição da pressão arterial e a um aumento da frequência cardíaca, que poderá descompensar uma patologia cardíaca subjacente. Em doentes com patologia cardíaca, deve-se evitar o tratamento de grandes áreas corporais e a utilização de temperaturas elevadas. DIATERMIA TERAPIA PELO CALOR PROFUNDO (ONDAS CURTAS) As correntes eletromagnéticas de alta frequência, utilizadas para a aplicação de calor profundo (diatermia ou “aquecimento através de”), compreendem as micro- ondas e as ondas curtas. As ondas curtas, mais utilizadas em reabilitação, são radiações eletromagnéticas, caracterizando-se pela propagação de um campo eléctrico e de um campo magnético, perpendiculares entre si. As frequências das ondas curtas terapêuticas, definidas na convenção de Atlantic City, são 13,52, 27,12 ou 40,68 MHz. À frequência de 27,12 MHz, a mais usada, corresponde um comprimento de onda de 11,06 m. PROPRIEDADES FÍSICAS E MODO DE APLICAÇÃO Fisioterapia Esportiva 45 www.eduhot.com.br As ondas curtas estão sujeitas a fenómenos de reflexão, refração, difração e absorção, sendo absorvidas de modo desigual pelos vários tecidos do corpo humano. Existem aparelhos de ondas curtas que privilegiam o componente eléctrico da radiação (diatermia capacitiva), enquanto outros privilegiam o componente magnético (diatermia indutiva). Esta dualidade é, no entanto, artificial, uma vez que os fenómenos eléctricos e magnéticos são indissociáveis. Figura: (A) Aparelho de micro-ondas. (B) Aparelho de ondas curtas para diatermia capacitiva. Na diatermia capacitiva são utilizados Eletrodos bipolares, rígidos ou flexíveis. Os Eletrodos podem ser aplicados de modo transversal, longitudinal ou co-planar . Fisioterapia Esportiva 46 www.eduhot.com.br Figura: (a) Aplicação transversal; (B) Aplicação longitudinal; (C) Aplicação coplanar Na aplicação transversal, o segmento corporal a tratar está colocado “em série” entre os Eletrodos, obtendo-se dessa forma a maior elevação da temperatura na gordura subcutânea. Na aplicação longitudinal, o segmento corporal está colocado “em paralelo” com os Eletrodos, ocorrendo maior elevação da temperatura nos tecidos mais condutores, como o músculo. Na aplicação coplanar, os Eletrodos estão situados no mesmo plano sobre a região corporal a tratar, sendo a maior parte da energia absorvida a nível da pele e do tecido subcutâneo, sem grandes efeitos em profundidade. A escolha e a colocação criteriosa dos Eletrodos permitirão a obtenção dos efeitos terapêuticos desejados. Os Eletrodos devem estar paralelos à superfície a tratar e não paralelos entre si (obtendo-se desta forma efeitos térmicos uniformes) e a distância mínima entre os Eletrodos deve ser maior do que a soma da distância de cada Eletrodo à pele (a fim de evitar um curto-circuito entre os Eletrodos). As dimensões dos Eletrodos devem ser adequadas ao tratamento. Eletrodos ligeiramente maiores que a região a tratar propiciam uma distribuição homogénea do campo eletromagnético. No entanto, se forem demasiadamente grandes, ocorrerá uma perda de efeito. Fisioterapia Esportiva 47 www.eduhot.com.br Figura: Relação entre o tamanho dos Eletrodos e a região a tratar. A distância dos Eletrodos à pele é muito importante, pois a existência de uma camada de ar entre os Eletrodos e a pele permite ao campo eletromagnético divergir antes de atingir a superfície do corpo, proporcionando um aquecimento mais profundo e homogéneo. Para obter um efeito mais superficial é necessário aproximar os Eletrodos da pele. A criação de campos eletromagnéticos de características especiais pode ser feita através da seleção de Eletrodos de diferentes dimensões, bem como da regulação da sua distância à pele. A utilização de dois Eletrodos de tamanhos desiguais permitirá a concentração do campo a nível do Eletrodo mais pequeno, enquanto que o afastamento de um dos Eletrodos permitirá a concentração do campo eletromagnético a nível do outro. Figura 8: Efeito de concentração do campo eletromagnético mediante a seleção da dimensão dos Eletrodos. A diatermia indutiva utiliza Eletrodos circulares, contendo uma bobina de indução em forma de espiral, especialmente concebidos para a geração de um campo magnético. Pode também ser utilizado um solenóide, ou cabo de indução, que não é mais do que uma bobina feita manualmente pelo enrolamento em espiral, sobre a zona a tratar, de um cabo condutor fortemente isolado. EFEITOS BIOLÓGICOS O efeito terapêutico das ondas curtas tem por base uma série de alterações físico-químicas a nível dos tecidos do corpo humano. A geração de calor constitui o principal efeito exercido sobre os tecidos pelas correntes de alta frequência, quando utilizadas de forma contínua. O calor é produzido por conversão térmica da energia eléctrica quando esta encontra a resistência dos tecidos, que varia consoante a natureza destes. O efeito térmico pode ser significativo,
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