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FRANCISCO JAVIER S. MENDIZABAL ALVAREZ TRADE MARKETING A CONQUISTA DO CONSUMIDOR NO PONTO DE VENDA Rua Henrique Schaumann, 270 – CEP: 05413-010 Pinheiros – TEL.: PABX (0XX11) 3613-3000 Fax: (0XX11) 3611-3308 – Televendas: (0XX11) 3613-3344 Fax Vendas: (0XX11) 3268-3268 – São Paulo – SP Endereço Internet: http://www.editorasaraiva.com.br Filiais AMAZONAS/RONDÔNIA/RORAIMA/ACRE Rua Costa Azevedo, 56 – Centro Fone/Fax: (0XX92) 3633-4227 / 3633-4782 – Manaus BAHIA/SERGIPE Rua Agripino Dórea, 23 – Brotas Fone: (0XX71) 3381-5854 / 3381-5895 / 3381–0959 – Salvador BAURU/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 – Centro Fone: (0XX14) 3234-5643 / 3234-7401 – Bauru CAMPINAS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Camargo Pimentel, 660 – Jd. Guanabara Fone: (0XX19) 3243-8004 / 3243-8259 – Campinas CEARÁ/PIAUÍ/MARANHÃO Av. Filomeno Gomes, 670 – Jacarecanga Fone: (0XX85) 3238-2323 / 3238-1331 – Fortaleza DISTRITO FEDERAL SIA/SUL Trecho 2, Lote 850 – Setor de Indústria e Abastecimento Fone: (0XX61) 3344-2920 / 3344-2951 / 3344-1709 – Brasília GOIÁS/TOCANTINS Av. Independência, 5330 – Setor Aeroporto Fone: (0XX62) 3225-2882 / 3212-2806 / 3224-3016 – Goiânia MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO Rua 14 de Julho, 3148 – Centro Fone: (0XX67) 3382-3682 / 3382-0112 – Campo Grande MINAS GERAIS Rua Além Paraíba, 449 – Lagoinha Fone: (0XX31) 3429-8300 – Belo Horizonte PARÁ/AMAPÁ Travessa Apinagés, 186 – Batista Campos Fone: (0XX91) 3222-9034 / 3224-9038 / 3241-0499 – Belém PARANÁ/SANTA CATARINA Rua Conselheiro Laurindo, 2895 – Prado Velho Fone: (0XX41) 3332-4894 – Curitiba PERNAMBUCO/ALAGOAS/PARAÍBA/R. G. DO NORTE http://www.editorasaraiva.com.br/ Rua Corredor do Bispo, 185 – Boa Vista Fone: (0XX81) 3421-4246 / 3421-4510 – Recife RIBEIRÃO PRETO/SÃO PAULO Av. Francisco Junqueira, 1255 – Centro Fone: (0XX16) 3610-5843/3610-8284 – Ribeirão Preto RIO DE JANEIRO/ESPÍRITO SANTO Rua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 – Vila Isabel Fone: (0XX21) 2577-9494 / 2577-8867 / 2577-9565 – Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Av. A. J. Renner, 231 – Farrapos Fone: (0XX51) 3371-4001 / 3371-1467 / 3371-1567 – Porto Alegre SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SÃO PAULO (sala dos professores) Av. Brig. Faria Lima, 6363 – Rio Preto Shopping Center – V. São José Fone: (0XX17) 227-3819 / 227-0982 / 227-5249 – São José do Rio Preto SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Santa Luzia, 106 – Jd. Santa Madalena Fone: (0XX12) 3921-0732 – São José dos Campos SÃO PAULO Av. Antártica, 92 – Barra Funda Fone: PABX (0XX11) 3613-3666 – São Paulo ISBN 9788502121416 CIP – Brasil Catalogação na Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ A474t Alvarez, Francisco (Francisco Javier S. Mendizabal) Trade marketing : a conquista do consumidor no ponto de venda / Francisco Javier S. Mendizabal Alvarez. - SÃo Paulo : Saraiva, 2008. Inclui bibliografia ISBN 9788502121416 1. Marketing direto. 2. Vendas - Administração. 3. Comécio varejista. 4. Canais de distribuição. 5. Logística empresarial. I. Título. 07-2692 CDD-658.81 CDU 658.81 Copyright © Francisco Javier S. Mendizabal Alvarez 2008 Editora Saraiva Todos os direitos reservados. Direção editorial Flávia Alves Bravin Coordenação editorial Ana Paula Matos Gisele Folha Mós Juliana Rodrigues de Queiroz Rita de Cássia da Silva Produção editorial Daniela Nogueira Secondo Rosana Peroni Fazolari Marketing editorial Nathalia Setrini Arte e produção Know-how Editorial Capa Know-how Editorial/Rubens Lima Atualização da 3a tiragem ERJ Composição Editorial Contato com o editorial editorialuniversitario@editorasaraiva.com.br 1a edição 1a tiragem: 2008 2a tiragem: 2008 3a tiragem: 2010 Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. mailto:editorialuniversitario@editorasaraiva.com.br Aos meus pais, Justo e Eulalia, e à minha filha Tatiana, sempre presentes em minha vida. GRADECIMENTOS NO PERÍODO QUE passei amadurecendo a idéia do livro, tive inúmeras contribuições e incentivos para que não abandonasse o objetivo tanto dos amigos da universidade e das empresas quanto dos amigos dos momentos de lazer e de minha família. Pensei muito em como agradecer a todos e resolvi, após muito pensar, não mencionar nenhum nome em particular, pois ao fazê-lo poderia cometer o terrível erro de esquecer algum nome e, ao mesmo tempo, se fosse mencionar todos que de uma forma ou de outra me deram apoio nesse longo período, teria que acrescentar muitas páginas ao livro, o que não seria aconselhável. Dessa maneira, deixo o meu imenso agradecimento a todos, certo de que cada um saiba estar aqui incluído. Gostaria apenas de lembrar dos meus entes mais próximos, de meus pais que puderam viver para compartilhar comigo este momento, de minha filha, Tatiana, fonte de minha inspiração e de contínua alegria em meu coração e de minha companheira, Sandra, que me trouxe a tranqüilidade de que precisava e me permitiu a solidão necessária para me dedicar a escrever e, ao mesmo tempo, a companhia amorosa e amiga durante os momentos de dúvida. Por fim, espero que os leitores da obra possam apreciá-la tanto quanto eu neste momento de finalização do trabalho. Boa leitura a todos! SOBRE O AUTOR DOUTOR E MESTRE em Administração pela FEA/USP, Francisco Javier S. Mendizabal Alvarez é professor nos cursos de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades — USP, e também dos cursos de MBA e Pós-Graduação da FIA/USP, FAAP, ESPM, Madia Marketing School e IBModa. Ministra regularmente cursos in company, é consultor em projetos de Marketing e Canais de Distribuição em várias empresas nacionais e internacionais e diretor da Trade Marketing Assessoria S/C Ltda. Entre outras atribuições, foi gerente de Marketing da América Latina da Philips (Divisão de Consumer Eletronics) e diretor-geral da Lacoste no Brasil. Contato com o autor: fjavier@editorasaraiva.com.br mailto:fjavier@editorasaraiva.com.br PREFÁCIO APESAR DE JÁ ter escrito inúmeros papers apresentados em congressos científicos e em revistas acadêmicas, ter preparado a dissertação de mestrado e a tese de doutorado, este é o meu primeiro livro e aqui descobri a dificuldade e a angústia que é escrever, sabendo que sofrerei o julgamento de inúmeros (espero) leitores e que de uma forma ou de outra poderei influenciar sua vida profissional e acadêmica. Esta sensação de responsabilidade faz com que a obra fique sempre inacabada, pois a cada leitura realizada existe algo que poderia ser melhorado ou que deveria ser incluído, e a obra se arrasta por um longo período sempre inacabada aos olhos do autor. Neste momento em que estou finalizando a obra, seguirei o sábio conselho de meu orientador de doutorado, o prof. Dr. Geraldo Toledo, titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), quando afirmou que obra boa é obra pronta. Desta forma, termino-a já pensando em sua continuidade como forma de acalmar o espírito ansioso. O primeiro livro não poderia abordar outro tema senão o Trade Marketing, que há algum tempo vem sendo estudado nas universidades e praticado nas empresas, mas ainda não teve sua apresentação oficial em livros produzidos no país ou mesmo traduzidos, fato que me deixa orgulhoso ser o primeiro a realizar tal intento. Meu primeiro contato com o tema data do final da década de 1980, portanto mais de 20 anos, quando, como gerente de Marketing da América Latina da Philips no Brasil, fui convocado a participar de um projeto que seria implantado na Inglaterra e que naquele momento tinha um nome completamente desconhecido: um projeto de Trade Marketing. Minha participação no projeto estava centrada na tarefa de implantar o conceito na América Latina, e desde o início me motivei e me entusiasmei pelo novo desafio. Voltando para o Brasil, empreendi uma árdua tarefa de convencer as organizaçõesPhilips a compartilhar de meu entusiasmo e implantar o projeto em cada país, mas não tive a resposta esperada e fui obrigado a reconhecer que os executivos locais tinham razão em não querer fazê-lo, já que naquele momento a indústria tinha total domínio sobre o canal de distribuição e detinha o poder sobre as negociações sobre o varejista, sendo suficiente, portanto, apenas algumas atividades de ponto de venda. Em função desse revés, me entusiasmei mais ainda pelo conceito, uma vez que era uma resposta a um ambiente de mercado, o que o validava e, acreditando que esse ambiente cedo ou tarde chegaria, continuei as pesquisas e estudos sobre o assunto. Posteriormente, já tendo abandonado minha vida de executivo e aderido totalmente à vida acadêmica, comecei a notar aos poucos que o tópico que antes era motivo de desânimo nas aulas de canais de distribuição começava a se destacar cada vez mais, tornando-se alvo de consulta também de algumas empresas que começavam a se interessar pelo tema. Consolidei meus estudos e conhecimentos em minha dissertação apresentada para obtenção do título de mestre pela FEA — USP em 1999, e mesmo na pesquisa que realizei com executivos, os quais argumentavam que o Trade Marketing seria apenas mais um modismo, um nome bonito para merchandising, segui aprofundando meus estudos e vi finalmente o objeto do meu estudo se tornar um tema importante tanto no meio acadêmico quanto no meio empresarial. Agora após ter tratado do tema em várias aulas, apresentado estudos em congressos científicos e ter ajudado empresas em sua implantação e desenvolvimento, atrevo-me a colocar toda a experiência e conhecimento adquirido nas pesquisas neste livro, esperando que possa, desta maneira, ajudar a ampliar o conceito no Brasil, visando seu desenvolvimento e aplicabilidade nos setores empresarial e acadêmico. O Autor LISTAS FIGURAS 3.1 Etapas para definição do modelo de canais e das estratégias de distribuição 3.2 Orientação do poder da cadeia de valor para o poder da marca no varejo 3.3 Interface comprador versus vendedor 3.4 Os princípios do Efficient Consumer Response (ECR) 3.5 O escopo do Efficient Consumer Response (ECR) 4.1 Os papéis do cliente 4.2 Matriz de análise de classificação de categorias 5.1 As relações tradicionais de marketing e vendas com o mercado 5.2 As relações de marketing, vendas e Trade Marketing com o mercado 5.3 Interações internas e externas de Trade Marketing 6.1 Evolução das fases de implantação de Trade Marketing 6.2 Fatores de influência sobre as decisões de orientação geral de Trade Marketing 6.3 O Trade Marketing Mix 7.1 Classificação do perfil e objetivos gerais das ações de Trade Marketing 7.2 Programação das atividades ao longo do tempo 8.1 As integrações do plano de Trade Marketing de desenvolvimento do cliente 8.2 Seleção das células comerciais prioritárias 10.1 A amplitude de implantação das variáveis do Trade Marketing Mix QUADROS 2.1 Composto de marketing 3.1 Influência do canal por tipo de compra e produtos 4.1 O processo de gerenciamento de categorias 6.1 A função de Trade Marketing na organização 7.1 Comparação da visão da empresa e dos consumidores quanto à classificação de clientes 7.2 Perfil das ações de Trade Marketing em função da programação e padronização 7.3 O foco de vendas em Trade Marketing 7.4 O foco de divulgação em Trade Marketing 8.1 Os perfis de relacionamento entre a empresa e seus clientes em função da importância atribuída TABELAS 1.1 Participação das 5 principais redes varejistas no total de vendas 1.2 Participação das 3 principais redes por segmento de varejo 2.1 Lançamentos de novos produtos 3.1 Visitação por área no supermercado 5.1 Multidisciplinaridade do Trade Marketing 10.1 Caracterização das empresas participantes da pesquisa GRÁFICOS 1.1 Evolução da participação das 5 principais redes no mercado brasileiro (em %) 3.1 Evolução do varejo brasileiro: densidade de habitantes por loja 3.2 Participação das marcas próprias nas vendas totais SUMÁRIO Introdução Capítulo 1 As novas relações nas negociações entre fabricantes, varejistas e consumidores Capítulo 2 Evolução do ambiente de mercado 2.1 Evolução da atividade de marketing 2.2 Evolução das estratégias de marketing 2.2.1 O conceito de marketing 2.2.2 A orientação de produto 2.2.3 Características dos mercados maduros 2.2.3.1 Orientações competitivas em mercados maduros 2.2.4 A segmentação de mercado 2.2.4.1 Os atributos da segmentação 2.2.5 A criação de fatores diferenciais sustentáveis 2.2.6 A curva de experiência da empresa 2.2.7 A ampliação das marcas e dos produtos 2.2.7.1 A segmentação e as marcas 2.2.7.2 O efeito da proliferação das marcas 2.2.7.3 O efeito da proliferação dos produtos 2.2.8 As conseqüências das ações de marketing Capítulo 3 Os conceitos e estruturas dos canais de distribuição 3.1 A importância do canal de distribuição 3.2 Os intermediários no canal de distribuição 3.3 Os sistemas de relacionamento nos canais 3.4 O papel do varejo no canal de distribuição 3.5 A evolução do varejo 3.5.1 A marca do varejo 3.5.1.1 Os produtos de marca própria dos varejistas 3.6 O processo de compras no varejo 3.7 O relacionamento entre a indústria e o varejo 3.7.1 As relações de poder na negociação 3.7.2 Os conceitos e aplicações do Supply Chain e ECR Capítulo 4 O processo decisório de compras dos consumidores finais 4.1 A filosofia do gerenciamento de categorias 4.1.1 O comportamento de compra do cliente 4.1.2 O modelo de gerenciamento de categorias 4.1.3 A classificação das categorias 4.1.4 O Capitão de Categoria 4.1.5 Fases de um projeto de implantação de um gerenciamento de categorias 4.2 Considerações sobre as mudanças no ambiente de mercado Capítulo 5 O conceito de Trade Marketing 5.1 Principais objetivos de Trade Marketing 5.2 As interações e as características da função de Trade Marketing 5.3 As interações de Trade Marketing com os diversos setores Capítulo 6 O Trade Marketing Mix 6.1 A evolução do processo de implantação do Trade Marketing 6.2 As variáveis do Trade Marketing Mix 6.2.1 Marketing e mix de produtos 6.2.2 Preços 6.2.3 Vendas e canais 6.2.4 Serviços e logística 6.2.5 Propaganda, promoção e merchandising 6.2.6 Resultados e rentabilidade 6.3 A função de Trade Marketing na organização 6.3.1 As competências do profissional de Trade Marketing Capítulo 7 Gestão das ações no ponto de venda: programação e operacionalização 7.1 Padrões por porte de cliente 7.2 Tipos de demanda e preparação das ações de pontos de venda 7.3 Tipos de implantação e objetivos das ações de pontos de venda 7.4 Alocação de recursos disponíveis para ações nos pontos de venda 7.5 O controle e avaliação das atividades de Trade Marketing Capítulo 8 A implantação e os instrumentos de gestão do Trade Marketing 8.1 O sistema de informações para o Trade Marketing 8.1.1 Sistema de informações sobre a empresa 8.1.1.1 Informações sobre marketing 8.1.1.2 Informações sobre vendas 8.1.2 Sistema de informações sobre o mercado 8.1.3 Sistema de informações sobre clientes específicos ou nichos de clientes 8.2 O plano de Trade Marketing para clientes e produtos-chave 8.2.1 Elaboração do plano de Trade Marketing para clientes- chave 8.2.1.1 Integração com marketing da empresa 8.2.1.2 Integração com vendas da empresa 8.2.1.3 Integração com marketing do cliente 8.2.1.4 Integração com operações do cliente 8.2.1.5 Etapas para elaboração do plano de Trade Marketing por cliente 8.2.1.6 Seleção dos clientes e do nível de interação 8.2.2 Elaboração do plano de Trade Marketing para produtos-chave 8.2.2.1 Etapas para elaboração do plano de Trade Marketing por produto 8.3 Desenvolvimento das células comerciais 8.3.1 Os planos de ação integrados 8.3.1.1 Cronograma de ações contínuas por célula 8.3.1.2 Controle do fluxo de gastos no cliente 8.3.1.3 Indicadores de controles de execução e de resultados Capítulo 9 As métricas de Trade Marketing 9.1 As métricas quantitativas 9.2 As métricas qualitativas 9.3 As métricas de custo Capítulo 10 As práticasde Trade Marketing no Brasil 10.1 A implantação das variáveis do Trade Marketing Mix 10.1.1 Produtos 10.1.2 Preços 10.1.3 Vendas 10.1.4 Serviços e logística 10.1.5 Sistema de informações 10.1.6 Merchandising, promoção e propaganda 10.1.7 Resultados e rentabilidade Capítulo 11 Perspectivas do Trade Marketing no Brasil Referências Anexo — Modelo do questionário aplicado na pesquisa INTRODUÇÃO O CONCEITO DE marketing desenvolvido com base nos produtos de consumo tem uma posição muito clara quanto à forma de lidar com os vários elementos do processo de conquista do consumidor final. De um lado, a estratégia de marketing voltada para o consumidor final que visa incentivar a busca do produto no ponto de venda, conhecida como Marketing Pull1 e, do outro, a estratégia de vendas para colocar o produto no ponto de venda, denominada Marketing Push2. Há ainda nas operações de conquista de mercado as ações das variáveis controláveis de marketing, conhecidas como os 4Ps (Produto, Preço, Promoção e Ponto de Venda), as quais consideram os elementos que o marketing domina para estabelecer as políticas e ações destinadas ao mercado e à conquista dos consumidores. Neste conceito, os varejistas são considerados variáveis controláveis. Essa forma de tratar as relações de mercado predominou durante longo tempo, pois a indústria manteve seu poder de negociação sobre o varejo por um período prolongado e o ambiente de ponto de venda refletia suas necessidades, desejos e seu esforço de conquista do consumidor final. A partir do início da década de 1990, verifica-se uma mudança nas relações entre a indústria e o varejo, motivada basicamente por três grandes aspectos: a) O acirramento da competição entre os fabricantes resultou em um aumento considerável do portfólio de produtos, o que torna a disputa pelo espaço no ponto de venda cada vez maior. b) Os consumidores, diante de tanta oferta, ficam confusos, continuam valorizando as marcas, mas não se fixam apenas em uma — e sim em um grupo delas —, transferindo cada vez mais sua decisão de compra para o ponto de venda. c) Os varejistas ganham cada vez mais força, passam por um processo de concentração, no qual poucas redes começam a dominar parcela significativa de vendas e estabelecem suas próprias políticas de marketing, desenvolvendo a imagem diante do consumidor final. Essas mudanças trazem um forte impacto para a área de vendas, na qual os produtores precisam desenvolver esforços de conquista de espaço com o varejista e tornar-se atrativo ao consumidor final em sua exposição nas lojas. A concorrência se dá no ponto de venda e é neste local que a estratégia de marketing deve estar visível ao consumidor final. As relações entre fabricantes e varejistas se tornam muito mais complexas e críticas, e não é mais possível aplicar as tradicionais estratégias de Marketing Push e Pull, deixando que a escolha no ponto de venda por parte do consumidor final ocorra livremente. Esse contexto favorece o surgimento do Trade Marketing,3 que visa conquistar a preferência do consumidor final no ponto de venda, garantindo que a empresa produtora tenha não apenas seus produtos expostos, mas, principalmente, que suas estratégias de marketing estejam visíveis e gerem a atratividade necessária no momento da compra. Dessa forma, o Trade Marketing irá atuar como orientador das áreas de marketing, de vendas e das interações com os clientes varejistas e com o consumidor final. O objetivo deste livro é apresentar a teoria e as aplicações do conceito de Trade Marketing, o qual não é apenas uma complementação de marketing ou vendas, mas, sim, um novo modelo de gestão que interage com ambos, e que responde ao novo ambiente de mercado e à complexidade no processo de negociação, tanto no que diz respeito aos clientes quanto à conquista dos consumidores finais. O livro está dividido basicamente nos seguintes tópicos: Apresentar uma visão geral sobre a mudança nas relações de negociação entre fabricantes e varejistas e a importância e necessidade de aplicação do conceito de Trade Marketing. Descrever o ambiente de mercado no qual se procura demonstrar a evolução que ocorreu na gestão de marketing, de vendas, nas mudanças do comportamento do consumidor e quais necessidades foram geradas em função dessas mudanças, inclusive como as relações entre fabricantes e varejistas foram afetadas. A apresentação e justificativa dos conceitos de Trade Marketing, sua origem, variáveis de gestão e formas de atuação. As formas de aplicação dos conceitos de Trade Marketing nas empresas, sua interação com marketing e vendas, suas dificuldades e benefícios. A apresentação sobre as responsabilidades da função de Trade Marketing e o perfil e competências necessárias para os profissionais da área. Serão explanados os processos de avaliação e medição de resultados da atividade e as dificuldades em estabelecer controles mensuráveis. Será apresentada a forma de estruturação de um plano de clientes que contemple a orientação das variáveis que devem ser controladas e planejadas no processo interacional. Finalmente, será feita uma reflexão sobre a evolução esperada da área e das barreiras a serem vencidas. A apresentação dos conceitos e ações sugeridas estão fundamentadas não apenas nas publicações internacionais existentes sobre o tema, mas também na experiência prática do próprio autor e nos resultados de uma pesquisa feita com empresas produtoras que atuam no ambiente de mercado propício à aplicação do conceito. AS NOVAS RELAÇÕES NAS NEGOCIAÇÕES ENTRE FABRICANTES, VAREJISTAS E CONSUMIDORES O AMBIENTE DE negócios está passando por transformações que afetam os mercados consumidores e as ações das empresas em relação a esses mercados. De acordo com Céspedes (1996), essas mudanças no ambiente empresarial produzem efeitos sobre o que é vendido, comprado e sobre como e em quais condições competitivas é realizada a venda. Além disso, possuem impacto significativo sobre as exigências de marketing. O conceito de marketing que considera o canal de distribuição como uma variável controlável da indústria, no seu esforço de conquista do consumidor final, já não pode ser aceito integralmente. O pressuposto domínio da indústria sobre o canal de distribuição que está implícito no conceito já não ocorre em todos os setores de negócios. O poder de negociação está passando das mãos dos produtores para as mãos dos varejistas, que buscam suas próprias ações mercadológicas e criam sua própria imagem diante do consumidor final. Ao realizar um estudo do varejo europeu, Toledo, Neves e Machado (1994, p. 51) afirmam que: “Entre o fabricante e o varejista existem diversas forças que impactam o balanceamento do poder, o qual já pendeu mais para o lado do primeiro, tendo diminuído com o tempo. Atualmente a situação está se revertendo, com o aumento de poder da rede varejista”. A Tabela 1.1, apresenta a concentração do volume de vendas nos 5 principais varejistas em alguns países: Tabela 1.1 — Participação das 5 principais redes varejistas no total de vendas Países % Vendas 5 principais varejistas Reino Unido 45% Holanda 44% Bélgica 43% Alemanha 41% França 40% Itália 20% Fonte: MORALES, A. D. Gestion por categorías y trade marketing. Madrid: Prentice Hall, 2000. p. 9. Essa concentração pode ser analisada também por tipo de varejo nos Estados Unidos, em que, na maioria dos segmentos, as 3 principais redes aumentaram consistentemente sua participação, como pode ser visto na tabela que segue. Tabela 1.2 — Participação das 3 principais redes por segmento de varejo Fonte: ANDER, Willard; STERN, Neil. Winning at retail. New Jersey: John Wiley & Sons, 2004. p. 16. A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) mostra, em seu relatório anual, que no Brasil a concentração de vendas nas 5 principais redes de varejo cresceu de 22%, em 1995, para 40%, em 2004. Gráfico 1.1 — Evolução da participação da 5 principais redes no mercado brasileiro (em %) Fonte: ABRAS. Ranking do varejo brasileiro.São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.abras.com.br>. Diante dessa nova situação e da força de negociação dos varejistas, os fabricantes assumem diferentes formas de comportamento em relação ao seu processo de negociação com os clientes e que são assim descritas por Corstjens e Corstjens (1998): Fabricantes que acreditam que os varejistas ainda dependem deles, concebem serem os responsáveis por atender ao mercado consumidor e que, desta forma, viabilizam os negócios dos varejistas. Portanto, condenam a postura de pressão e demandas destes últimos, sentem-se injustiçados por não terem o espaço que deveriam ocupar no pontode- venda e rejeitam completamente a existência de marcas próprias de varejistas, recusando-se a fornecê-las. Fabricantes que estão impressionados com a postura agressiva de negociação dos varejistas. Entendem que este é um fenômeno justificável, e preparam-se para ser mais hábeis e firmes nas negociações, mostrando aos varejistas a importância de atuarem em conjunto e o risco de não buscarem a parceria com os fornecedores. http://www.abras.com.br/ Um número cada vez maior de fornecedores reconhece que houve uma mudança de poder nas negociações, a qual está se consolidando cada vez mais. Entendem que o processo de concentração no varejo deixou os sobreviventes mais fortes tanto em termos econômicos como em termos de visibilidade diante do consumidor. Sua resposta a esta nova situação é adaptar sua organização, processos de gestão e alocação de recursos às atividades de Trade Marketing. As empresas de produtos de consumo devem ampliar sua visão de mercado e não deixar que foco principal seja majoritariamente os consumidores finais, entendendo que seus negócios passam por empresas varejistas e que, portanto, é preciso desenvolver com estas um trabalho de integração. Nesse contexto, o Trade Marketing situa-se na área de marketing de Business to Business e, como tal, deve ter como parâmetros três enfoques básicos: Maximização do valor oferecido aos varejistas — O objetivo de compra dos varejistas é revender o produto com lucratividade. O processo decisório de compra é fortemente influenciado por critérios econômicos. Isso não significa exatamente que o preço seja o único fator determinante, mas, sim, que o processo decisório está baseado no “valor integral” da oferta realizada, ou seja, os benefícios menos os custos do processo integral de compra e venda. A empresa que está vendendo deve se especializar em entender as variáveis relevantes da gestão de varejo e o valor que lhes é atribuído. Assegurar a rentabilidade nos principais clientes individualmente — Oferecer maior valor tem forte influência nos custos, e estes variam de acordo com o cliente. O Trade Marketing deve avaliar o valor oferecido e identificar as margens de resultado em cada um deles. O modelo tradicional de mensuração de resultados baseado na rentabilidade por produtos deve ser ampliado e medir a rentabilidade por clientes, pois para os mesmos produtos haverá resultados distintos em função das negociações individuais. O foco tradicional de vendas concentrado em quantidades deve ser ampliado para a avaliação dos resultados financeiros, obtidos com a oferta de valor feita ao cliente. Administrar o grau de concentração de vendas — A característica de concentração de vendas em poucos clientes no mercado de Business to Business é bastante comum, o que gera dependência e risco nos negócios. A dependência enfraquece o poder de negociação, fator muito utilizado pelos clientes, e, ao mesmo tempo em que está fortemente concentrado em poucos clientes, representa um risco constante, pois problemas de negociação ou mesmo clientes que entram em crises financeiras podem representar um forte impacto nas vendas e nos resultados. O Trade Marketing irá, portanto, integrar em relação aos clientes estes três enfoques: maximizar o valor oferecido, garantindo a rentabilidade das negociações, ao mesmo tempo em que reduz a dependência e riscos. Do ponto de vista do marketing, o Trade Marketing deverá ainda garantir que as estratégias de posicionamento estabelecidas estejam preservadas no ponto de venda, de tal forma que se tornem visíveis e atrativas aos consumidores. É neste novo ambiente de negociação que se deve entender e avaliar a importância do conceito de Trade Marketing, não apenas como uma ferramenta de promoção de ações de marketing no ponto de venda, mas, sim, como uma estratégia de negociação das empresas de produtos de consumo que deve estar inserida na estratégia de marketing em geral e, particularmente, nas estratégias de conquista do consumidor final. Questões para discussão 1. Qual o efeito da concentração que vem ocorrendo no varejo, em relação ao processo de negociação entre a indústria e estes varejistas? 2. Qual a reação dos fabricantes diante da força de negociação que os varejistas têm obtido? 3. Qual o papel do Trade Marketing nesse novo contexto de negociação entre fabricantes e varejistas? EVOLUÇÃO DO AMBIENTE DE MERCADO EM RAZÃO DO aumento da competitividade mundial de mercado, em meados da década de 1980 e particularmente no Brasil, em meados da década de 1990, as relações de mercado entre fornecedores, clientes e consumidores finais passam por mudanças que afetam os modelos de gestão das empresas, as demandas, o comportamento de compra dos consumidores e a própria forma de conceber a gestão de marketing e vendas das empresas. Basicamente, as ações das empresas fabricantes de produtos de consumo, que acabam por afetar o comportamento dessas relações entre clientes e fornecedores se referem a: Estratégias competitivas de ocupação de segmentos e nichos de mercado com a ampliação da linha de produtos, com novos modelos, tipos, embalagens etc., por meio da extensão de marcas e a introdução de segunda e terceira marcas numa mesma categoria de produtos. Estratégias de diferenciação e inovação, reduzindo o tempo de vida dos produtos e com lançamentos contínuos de produtos novos e derivados. Vantagens econômicas e de abastecimento direto para os maiores clientes, orientados por uma visão econômica que afastou a empresa dos médios e pequenos varejistas. Fortes campanhas de comunicação de massa para fixar os novos produtos e marcas na mente do consumidor. Analisadas individualmente, essas ações são adequadas e compatíveis com o ambiente competitivo e com os objetivos da empresa de conquistar e consolidar-se em segmentos de mercado. Avaliando-as, porém, do ponto de vista da indústria, essas ações aplicadas pela maioria das empresas geraram aspectos negativos em relação aos clientes e aos consumidores. Os consumidores passaram a ter dificuldade de visualizar as diferenças entre produtos e marcas e ficaram confusos em razão da grande variedade de escolha e das inovações contínuas. Os grandes varejistas tornaram-se mais fortes, pois além da vantagem econômica sobre os médios e pequenos, viram seu espaço de vendas valorizado em função da enorme quantidade de produtos e marcas disponíveis. Ao mesmo tempo, se identifica uma evolução das grandes redes de varejo, que não só se prevalecem do seu poder econômico, mas desenvolvem estratégias de marketing buscando cada vez mais fortalecer sua marca e imagem diante do consumidor final. Todos esses aspectos acabam influenciando definitivamente as relações entre os fabricantes e os varejistas, fato que gera a mudança do poder de negociação entre essas duas categorias citadas. Diante dessa situação, o fabricante se defronta com a situação de entender claramente os processos de mudança para poder interagir de forma diferente e buscar novas formas de gestão de marketing e vendas e de identificação das melhores maneiras para apresentar suas estratégias ao consumidor final. 2.1 Evolução da atividade de marketing INDEPENDENTEMENTE DA CONTRIBUIÇÃO que as atividades de marketing trouxeram para o sucesso corporativo das organizações, as altas verbas que costumeiramente foram alocadas à atividade começam a ser questionadas: os valoresalocados nas ações de comunicação dirigidas às marcas, cada vez mais caras; o custo das promoções de vendas que muitas vezes não passam de descontos entregues aos clientes; e os amplos departamentos de marketing que muitas vezes desenvolvem atividades burocraticamente, não mais atendem as novas necessidades de interações entre fabricantes, varejistas e o novo ambiente de mercado (BRADY; DAVIS, 1993). Da década de 1950, até praticamente final da década de 1970, a função de marketing orientou-se pelo poder das empresas de produtos de consumo. Todos os outros elementos como distribuidores, atacadistas, varejistas e, porque não dizer, até mesmo o consumidor, foram excluídos da luta pelo domínio de mercado entre os produtores detentores das marcas. Durante esse período, o marketing apoiou seu poder em dois focos principais: o processo contínuo de inovação e o desenvolvimento do relacionamento com os clientes e consumidores. O crescimento da penetração no mercado de bens duráveis como geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupas, dentre outros, gerou também uma demanda por outros produtos de consumo contínuo. O desenvolvimento da televisão e dos comerciais, por sua vez, permitiu que os fabricantes estabelecessem uma nova forma de relacionamento com os consumidores, e a um custo unitário relativamente baixo tornou-se possível transmitir as mensagens dos benefícios intangíveis e cultivar a sua confiança. Novos produtos e marcas foram criados nesse período, e demonstraram ao longo do tempo um grande poder de mercado. Mais da metade das 50 principais marcas do Reino Unido foram originadas nessa época (1991). Apesar desta trajetória de sucesso, a partir de início da década de 1990 as práticas tradicionais de marketing começaram a ser questionadas em função da mudança do ambiente que começou a desafiar os profissionais de marketing com novas interações entre as variáveis de mercado, uma vez que a principal delas sem dúvida está ligada ao crescimento do poder dos varejistas. Nos últimos anos pode-se observar o crescimento de grandes redes de varejistas que ampliam sua presença por crescimento natural ou por aquisição de redes menores, estas concentram cada vez mais volumes maiores de vendas e, principalmente, reforçam sua imagem na mente do consumidor. Os varejistas têm trabalhado na redução das ineficiências de distribuição, exposição e vendas de produtos, pressionando os fornecedores para a redução dos preços de compra e, desta forma, repassando esses benefícios aos consumidores, que se tornam cada vez mais apegados às suas lojas habituais. Com a melhoria dos locais de compra, a atratividade gerada junto aos consumidores demonstra a qualidade dos serviços prestados e reforça continuamente sua imagem. Assim, os varejistas perceberam que a marca passou a ser seu grande ativo, permitindo o desenvolvimento de uma linha de produtos produzidos por terceiros, mas comercializados com sua própria marca. Diante dessa nova situação, as tradicionais práticas de marketing começaram a ser questionadas. A concentração excessiva nos produtos, marcas e consumidores deve ser ampliada para que a atenção seja destinada ao canal em geral e aos varejistas, em particular. O foco deve ser ampliado para considerar as interações existentes entre os consumidores e os varejistas, melhorar a experiência de compra que ocorre no pontode-venda e também para verificar como os produtos, serviços e imagem que estão sendo trabalhados podem apoiar e potencializar essa relação estabelecida. 2.2 Evolução das estratégias de marketing A VISÃO ESTRATÉGICA de marketing está relacionada à forma como a empresa escolhe e define sua orientação de mercado. Em geral, a estratégia será influenciada pelo ambiente de mercado no qual a empresa está inserida, de tal forma que a estratégia encontrará respostas adequadas à demanda de mercado e às competências da empresa. Nesse contexto, podemos identificar, de forma geral, algumas orientações da atividade de marketing do ponto de vista de interação com o ambiente de mercado: Marketing de massa — Ações de mercado indiferenciadas, procurando atender o mercado de forma única. Em geral, é característico em mercados pouco desenvolvidos, de baixa concorrência e nos quais a empresa se impõe sobre o mercado. Marketing de segmentos — As empresas começam a reconhecer que os consumidores não são iguais e, pressionadas pela concorrência, buscam fazer ofertas específicas para grupos homogêneos de consumidores (segmentos) como forma de conquistá-los. Marketing de nichos — Com o acirramento da concorrência e na tentativa de se diferenciar, as empresas buscam se concentrar em grupos menores de consumidores, com características específicas, que possam receber ofertas de produtos e serviços capazes de atender suas demandas mais particulares e que, dessa forma, dêem preferência à empresa frente aos seus concorrentes. Marketing individualizado — Que orienta a identificação do consumidor de forma individual, na expectativa de minimizar sua insatisfação e, portanto, não apenas conquistá-lo, mas também retê-lo. Essas orientações afetam de forma direta as ações e o processo de gestão de Marketing e Vendas das empresas. 2.2.1 O conceito de marketing O CONCEITO DE marketing está ligado ao atendimento das necessidades do consumidor por meio da administração do fluxo de compra e venda de produtos e serviços. Segundo Buel e Heyel (1970, p. 1-9), “marketing está ligado a toda atividade empresarial que guie os negócios para o atendimento das necessidades e desejos dos consumidores no lugar e tempo que estes desejarem, gerando lucros para a organização”. De outra perspectiva do conceito, McCarthy e Perreault (1997, p. 22) enfocam a visão do micromarketing e do macromarketing: “micromarketing é o desempenho das atividades destinadas a realizar os objetivos de uma organização, partindo das necessidades do consumidor ou cliente e dirigindo-lhes um fluxo de bens e serviços a partir de um fabricante ou produtor e macromarketing é um processo social que dirige o fluxo econômico de bens e serviços dos produtores aos consumidores de maneira que iguale eficazmente a oferta e demanda e realize os objetivos da sociedade”. Ao dar uma definição mais ampla, Kotler (2005, p. 3) insere uma idéia semelhante ao dizer que: “marketing é um processo social e administrativo pelo qual os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e o que desejam por meio da criação e troca de produtos e valor com outras pessoas”. As diversas abordagens do conceito de marketing têm alguns elementos centrais que formam a sua estrutura: os desejos e necessidades dos consumidores e sua demanda; os produtos e serviços que irão satisfazê- los; o valor e o custo envolvidos nessa satisfação; as trocas, transações, movimentações e relacionamentos entre os participantes do processo; os mercados e os praticantes das ações de marketing. Pode-se situar o conceito de marketing em três dimensões, segundo Toledo e Santos (1979, p. 52): Filosófica — É a busca da lucratividade da empresa por meio da satisfação das necessidades dos consumidores. Gerencial — São as atividades relacionadas dentro de um processo de administração, incluindo a análise, o planejamento, a implantação e o controle de programas destinados a realizar trocas desejadas com os mercados-alvo, buscando atingir as metas estabelecidas pela organização. Funcional — É a atividade que visa facilitar a realização de trocas entre a empresa e seus mercados, assumindo a existência ou interesse de pelo menos duas partes, uma das quais está em condições de apresentar algo que seja considerado de valor para a outra. A dimensão filosófica de marketing orienta a empresa para uma visão de mercado por meio da identificação dos desejos e necessidades dos consumidores e da análise do ambiente que irá determinar o grau de dificuldade que empresa irá encontrar para atender esse consumidor. Segundo Hooley, Saunders e Piercy (2005, p. 5) “(…) o marketing é tanto um processo gerencial (as atividades conduzidaspara assegurar um melhor ajuste entre aquilo que a organização fornece e o que os compradores desejam) como uma filosofia empresarial (freqüentemente chamada de ‘conceito de marketing’), que deveria nortear a forma de trabalho de toda a organização”. O objetivo das ações de marketing será o de identificar as condições do ambiente externo e suas mudanças, adequando suas ações internas para fazer frente a este ambiente. O ambiente de marketing da empresa é formado pelas forças e agentes “não controláveis”, os quais têm impacto nos mercados e na estratégia de marketing, e afetam a habilidade da empresa em desenvolver e manter transações e relacionamentos bem-sucedidos com os consumidores-alvo. O ambiente em que a empresa está inserida é composto pelo micro- ambiente: agentes que estão mais diretamente ligados às transações da empresa com o mercado e que podem afetar diretamente sua condição de atender a este mercado; e o macroambiente: composto por agentes que afetam de forma geral os agentes do microambiente da empresa. Os agentes do macroambiente são as forças demográficas, econômicas, físicas, tecnológicas, político-legais e socioculturais. Os agentes do microambiente são a empresa, os fornecedores, os intermediários de mercado, os clientes, os concorrentes e o público em geral. As ações de gerenciamento de marketing consistem em administrar os recursos da organização para fazer frente às variáveis não controláveis do ambiente externo. Conforme Culliton (1970, p. 11-14), a chave para o sucesso em marketing está em: “Ter o produto certo, com o preço certo, no lugar certo, no tempo certo, com a propaganda certa; porém o segredo básico do marketing é que a dimensão do “certo” é determinada pelo consumidor (…) e a adequação de cada elemento não é determinada individualmente mas em conjunto, e sua ação inter- relacionada é que resultará na reação do consumidor”. O processo de administração das atividades de marketing trata, portanto, do planejamento das atividades de marketing, implementação dos planos e controle dessas atividades. O administrador de marketing busca fazer frente às variáveis incontroláveis do ambiente externo, estabelecendo uma estratégia de marketing que compreende duas partes inter-relacionadas: o mercado alvo e o composto de marketing. O composto de marketing, ou o Marketing Mix, como também é conhecido, é formado por 4 elementos (4Ps): Produto — Refere-se aos bens tangíveis e intangíveis (no caso serviços), e consiste no processo de transformação das necessidades identificadas no mercado em algo que possa ser oferecido e tenha valor para o cliente. Administrará as questões da marca a ser estabelecida e desenvolvida para o produto ou linha de produtos, assim como a questão de embalagens no aspecto de segurança, integridade, atratividade de vendas, identidade do produto e percepção de valor gerada. Particularmente, no caso de bens duráveis, serão agregados serviços e garantias buscando oferecer benefícios aos clientes. Em seu enfoque mais abrangente, se estudará a amplitude e profundidade do portfólio de produtos e o nível de inovação que deverá ser estabelecido tanto para a marca como para os produtos. Preço — Do ponto de vista de variável de marketing, o preço deve ser definido a partir de uma análise que considere tanto o enfoque interno, os custos de produção e disponibilização do produto quanto o enfoque externo, a percepção de valor do produto junto aos consumidores e o posicionamento diante dos concorrentes. As questões de preço deverão preservar tanto a rentabilidade esperada do produto quanto a percepção de valor que se quer fixar no mercado. As análises de preço lidarão com aspectos do valor de troca, dos descontos estabelecidos em função de interesses da empresa ou dos clientes, dos prazos de pagamento e das condições gerais que se devem definir para viabilizar a comercialização. É necessário também estudar o preço final junto ao consumidor final e os preços em cada etapa da cadeia de distribuição. Promoção — A promoção do produto está ligada ao amplo processo de comunicação que deve ser feito com o mercado. Apesar de se concentrar bastante nas ações de propaganda, não se pode deixar de considerar os outros elementos do composto de comunicação: Publicidade, Relações Públicas, Promoção de Vendas, Merchandising e Venda Pessoal. A estratégia de comunicação deve ao mesmo tempo buscar o conhecimento do produto pelo público-alvo, a motivação para a experimentação e o estabelecimento de uma imagem distinta na cabeça do consumidor. Essas atividades serão fortes influenciadoras no processo decisório de compras dos clientes varejistas e, portanto, devem considerá-lo em seus esforços. Ponto de venda — As ações de ponto de venda referem-se à forma como o produto é exposto ao consumidor, à abrangência e freqüência em que está exposto e à mensagem transmitida. Essa atividade está intrinsecamente ligada a vendas e deve interagir sobretudo com as atividades de promoção como forma de motivar os intermediários de marketing. As atividades estarão concentradas em aspectos de distribuição por meio de atacadistas, distribuidores, varejistas tradicionais e eletrônicos e vendas diretas. Cada vez mais as questões de logística e movimentação física farão parte deste processo decisório. Essa variável é a que apresenta maiores mudanças no novo ambiente, questionando-se hoje sobre o grau efetivo de controle que existe da parte das ações de marketing dos fabricantes. Quadro 2.1 — Composto de marketing 4Ps Abrangência Produto Marca, embalagem, serviço, garantia Preço Valor de troca, descontos, prazos e condições depagamento Promoção Propaganda, publicidade, relações públicas, merchandising, venda pessoal, promoções de vendas Ponto de venda Canal de distribuição, logística e distribuição física Fonte: Elaborado pelo autor. Avaliando esses conceitos que norteiam as ações de marketing, descobre- se que o canal de distribuição é considerado um elemento do microambiente, ou ainda um elemento componente do composto de marketing ou marketing mix. Como elemento do microambiente de marketing, compõe-se de empresas que ajudam a promover, vender e distribuir seus bens aos consumidores finais; incluindo os agentes e comerciantes, as empresas de distribuição física, as empresas de serviços de marketing e agentes financeiros. É também considerado uma das variáveis controláveis da estratégia de marketing de empresas produtoras, que são utilizadas para fazer frente às variáveis incontroláveis do ambiente, com o objetivo de tornar a empresa mais competitiva no atendimento dos desejos e necessidades dos consumidores. Em ambos os casos, está implícita na teoria de marketing: uma relação de subordinação do canal de distribuição à empresa produtora; e uma relação de bens e serviços, no seu esforço de conquista do consumidor final. 2.2.2 A orientação de produto EM UM AMBIENTE competitivo, a empresa inicia seu domínio por meio de um produto que é superior aos de seus competidores, satisfazendo melhor os desejos e necessidades dos consumidores e, portanto, tendo a preferência destes no momento da compra. Considerando a importância desse produto na rentabilidade da empresa; o esforço gerencial se concentrará em melhorar sua produtividade e aumentar a capacidade de produção. Conforme Corstjens e Corstjens (1998), esse fenômeno é denominado “orientação de produto”. Enquanto o mercado estiver crescendo e houver poucas empresas disputando-o, será possível tornar a operação rentável com o foco no produto e na capacidade de abastecer os consumidores. Na medida em que o mercado começa a reduzir seu crescimento ou a estagnar, o abastecimento já não é fator de sucesso, uma vez que o excesso de oferta força as empresas a buscarem diferenciais competitivos na tentativa de sobrepor-se aos seus concorrentes diretos. Em mercados maduros, somente algumas empresas conseguirão manter a rentabilidade. 2.2.3 Características dos mercados maduros OS MERCADOS MADUROS devem ser analisados em dois aspectos:Capacidade de abastecimento — Durante o período de crescimento do mercado, as empresas empreenderam esforços de aumento de capacidade de produção para conquistar segmentos maiores, o que fatalmente leva a um excesso de oferta no momento em que o mercado começa a indicar sinais de saturação e redução de crescimento. Diferenciação tecnológica — Em geral, as empresas alcançaram patamares muito próximos de tecnologia e qualidade, originando produtos que são bastante similares em qualidade oferecida, o que leva o consumidor a considerar um grupo de produtos em seu processo decisório de compras que poderão ser substituídos entre si. A questão do excesso de capacidade e da fácil substituição no processo de compra são fatores que afetam diretamente a rentabilidade e o posicionamento das empresas nos mercados maduros. 2.2.3.1 Orientações competitivas em mercados maduros EM FUNÇÃO DA quantidade de produtos e capacidade de abastecimento das empresas participantes desse mercado, é necessário buscar diferenciais competitivos que permitam resultados positivos de participação de mercado e de rentabilidade. As orientações competitivas básicas que podem ser seguidas são: Preço — É uma orientação focada em buscar incrementos de volumes de vendas por meio de redução contínua de preços. O efeito desta política é que há uma deterioração geral de mercado, uma vez que o preço é um diferencial facilmente copiado e a ação de redução de uma empresa tem um efeito multiplicador nas demais, fazendo com que todo o mercado passe a trabalhar em patamares de preços menores. Em geral, esses mercados levam todas as empresas a resultados nulos ou negativos. Valor agregado — O objetivo desta orientação é tornar o produto não substituível aos olhos do consumidor. A empresa procurará agregar diferenças técnicas ou emocionais, de tal forma que adequará suas diferentes ofertas aos diferentes desejos dos consumidores. A empresa buscará segmentos específicos que procurará atender, tendo como premissa produzir o que o mercado busca, ao invés de querer vender o que pode ser produzido. Uma empresa atuando com essa orientação não estará na busca da conquista de 100% do mercado, mas do domínio de determinados segmentos, e estará satisfeita se seus competidores fizerem o mesmo, uma vez que esse tipo de concorrência não prejudica a rentabilidade integral do mercado. Exclusividade — A exclusividade pode ser conseguida por meios próprios, com o domínio de uma tecnologia única que não possa ser copiada; por meios externos, como a formação de cartéis ou acordos com as outras empresas produtoras; ou ainda com a interferência governamental por meio de leis de protecionismo às empresas que estão atuando no mercado. A situação ideal para as empresas é que o mercado esteja sob controle, competindo de acordo com as orientações de valor agregado ou de exclusividade, pois, assim, a rentabilidade será mais favorável. Há, no entanto, a contínua ameaça de que se inicie uma guerra de preços, e os principais mecanismos que podem levar a uma mudança nas regras competitivas do mercado são: Alta rentabilidade — Quando os competidores têm alta rentabilidade atraem novas empresas para o setor, as quais buscarão ganhos de volume reduzindo os preços praticados no mercado. Competidores tentando crescer em mercados estáveis — Um concorrente só pode crescer em mercados estáveis à custa da participação das outras empresas. A iniciativa de uma empresa de aumentar sua fatia de vendas reduzindo os preços forçará todo o mercado a fazer o mesmo. Mudanças no comportamento dos consumidores — Em épocas de dificuldades econômicas ou quando os consumidores não conseguem identificar diferenciações significativas nos produtos, há uma maior sensibilidade ao preço, que passa a ser um determinante no processo de decisão de compra. Ação isolada de um competidor — Trata-se de um determinado competidor que resolve “comprar” participação de mercado, e inicia uma política agressiva de preços, a qual é seguida pelos concorrentes que não aceitam perder o espaço já conquistado. O prejuízo causado por uma longa guerra de preços não se limita apenas a atingir a rentabilidade imediata das empresas, mas pode afetar significativamente a sensibilidade a preços do consumidor, o qual atribuirá cada vez menos valor aos diferenciais dos produtos das empresas. 2.2.4 A segmentação de mercado OS MERCADOS QUE apresentam produtos semelhantes com baixíssimo nível de diferenciação são chamados de mercados de commodities, em que o diferencial competitivo mais representativo, quando não o único, passa a ser o preço. Considerando que os consumidores não são iguais e que têm desejos e necessidades diferentes, as empresas iniciaram o processo de segmentação que consiste em identificar grupos de consumidores com características semelhantes, capazes de tornar o grupo mais homogêneo, e de permitir a oferta de produtos e serviços diferenciados dos demais, para, assim, evitar a guerra de preços. Ao iniciar o processo de segmentação, a empresa busca oferecer produtos para um grupo específico de consumidores com determinados hábitos de consumo, que os farão valorizar os produtos oferecidos e sua diferenciação, não estando dispostos a substituí-los. Essa percepção de diferenciais por parte do consumidor permitirá à empresa distanciar-se da guerra de preços e ter menos vulnerabilidade diante dos ataques dos concorrentes. 2.2.4.1 Os atributos da segmentação A SEGMENTAÇÃO BUSCARÁ nos consumidores fatores de igualdade que caracterizem seus comportamentos de compra, e determinará ações de marketing específicas para esse grupo. A segmentação poderá ser realizada de forma generalista, considerando fatores geográficos, demográficos e psicográficos relacionados às características do consumidor. Também poderá ser orientada para os motivadores de consumo do produto, que poderão diferenciar-se na forma como influenciam o processo decisório de compra desse mesmo consumidor. Do ponto de vista dos benefícios do produto, a segmentação pode ser feita por meio do enfoque de seus benefícios funcionais e emocionais. Os benefícios funcionais estão ligados aos aspectos técnicos do produto, a sua tecnologia, sua confiabilidade de uso e do serviço que é prestado. Assim, há os consumidores que vêem no pão, por exemplo, um benefício do prazer de alimentar-se, há outros que o consideram uma necessidade, aqueles que têm preocupações com o peso etc. Para cada um desses consumidores poderão ser oferecidos diversos tipos de pães (naturais, diets, com sabores diversos, com farinhas especiais etc.). Já os benefícios emocionais estão ligados a fatores intangíveis, os quais o produto transmite no processo de consumo. O consumidor comprará o shampoo “X” não porque é melhor, mas porque o deixará mais sensual, mais bonito etc. O produto adquire uma personalidade e é reconhecido pelas associações que criou. A vantagem desse tipo de segmentação é que os diferenciais criados, por serem emocionais, são difíceis de serem copiados. 2.2.5 A criação de fatores diferenciais sustentáveis O MERCADO COMPETITIVO leva as empresas a buscarem a diferenciação contínua para manter seu posicionamento de mercado e seus volumes de vendas. O esforço de todas as empresas em manter posições leva o mercado a uma certa igualdade na oferta de produtos, uma vez que uma novidade de sucesso é imediatamente copiada pelos concorrentes. A questão a ser discutida não é se o concorrente vai copiar as novidades, mas quanto tempo será necessário para que ele as copie. O grande desafio das empresas é desenvolver recursos que gerem diferenciais sustentáveis e difíceis de serem copiados. Nesse sentido, os recursos que melhor defendem a empresa de seus competidores tendem a ser os direcionados a ofertas de benefícios intangíveis. Estes, por sua vez, demandam um certo tempo para serem formados, têm necessidade de manutenção e de incremento contínuo. Podem ser considerados intangíveis os recursos de domínio do conhecimento da empresa, tanto a experiênciaacumulada em seu processo de gestão quanto a experiência e conhecimento acumulados no canal de distribuição, aos clientes e aos consumidores. 2.2.6 A curva de experiência da empresa DE ACORDO COM Corstjens e Corstjens (1998), o conceito da curva de experiência é utilizado para avaliar a utilização das vantagens intangíveis que a companhia desenvolve internamente ao longo do tempo. Essa longa experiência desenvolve um know-how entre os funcionários, entre os sistemas de gestão, na tradição e na cultura de relacionamento com o mercado. A movimentação da empresa na curva de experiência se dará quando os mesmos produtos forem fabricados de maneira mais eficiente ou quando produtos diferentes que geram uma maior satisfação forem fabricados a um custo similar em relação aos anteriores. As decisões da curva de experiência são influenciadas pela estrutura e pelas ações das empresas ao longo de sua existência. O desafio contínuo de melhorar a sua posição pode ser afetado por novas formas de gerir o mercado, as quais invalidarão a posição anterior e levarão a concorrência para um ambiente diferente daquele que é dominado pela empresa. Por exemplo, a Adidas e a Puma investiram em plantas européias com grande capacidade de produção, o que permitiu gerar ganhos de escala. A Nike e a Reebok introduziram um novo elemento na curva de experiência; a habilidade de lançar novos desenhos e modelos continuamente. A solução apresentada foi suportada pelo desenvolvimento de fábricas independentes subcontratadas em regiões asiáticas, que permitiram obter flexibilidade e custos baixos. 2.2.7 A ampliação das marcas e dos produtos O DOMÍNIO DE uma marca reconhecida pelo consumidor é um elemento de força no processo de diferenciação de mercado. A marca, segundo Schewe e Smith (1982, p. 44), é “um nome, termo, símbolo ou desenho, ou uma combinação que visa identificar os bens ou serviços de uma entidade vendedora ou grupo de entidades vendedoras, diferenciando-os dos concorrentes”, trata-se de um elemento de diferenciação que o produtor pode estabelecer com o consumidor final. A marca permite ao produtor ser reconhecido e demandado. Segundo Stanton (1978, p. 62), “a marca é uma forma fácil que permite que o consumidor identifique o produto ou serviço. Através da marca os compradores estarão seguros que poderão ter o mesmo tipo de produto e a mesma qualidade quando fizerem a recompra”. Portanto, se as estratégias de marketing do produtor conseguirem criar na mente do consumidor uma identificação única para a marca, que a distinga das demais a ponto de este consumidor demandá-la no ponto de venda, estará estabelecida aí uma relação favorável de diferenciação sustentada e difícil de ser copiada. Por meio de uma marca reconhecida o produtor tem um argumento de vendas único, que o diferencia do concorrente e que não está vinculado ao preço. 2.2.7.1 A segmentação e as marcas O PROCESSO DE segmentação para muitas empresas significa desenvolver novos produtos para grupos de consumidores específicos, com marcas que identifiquem individualmente cada um desses produtos. A empresa irá aumentar sua participação por meio da introdução de novas marcas que auxiliem o posicionamento e a cobertura de mercado de seu portfólio de produtos e, ao mesmo tempo, causem impacto nas ações dos concorrentes, dificultando a presença destes no mercado. Partindo do princípio que o consumidor gosta de novidades, mesmo quando está satisfeito com os produtos atuais, a política de manter uma quantidade ampla de marcas e introduzir continuamente novas marcas e produtos pode representar uma melhor oportunidade de ser escolhido na decisão de compras do consumidor, embora a compra média de cada item do portfólio de produtos sofra uma redução. Outro fator importante para a manutenção de marcas e suas derivadas é a ocupação do espaço físico na área de vendas do varejo. De um lado, esta ação limita a presença dos concorrentes; de outro, oferece ao varejista maiores opções para aquela categoria de produtos, o que pode melhorar o espaço a ela destinado. 2.2.7.2 O efeito da proliferação das marcas AS AÇÕES DE segmentação e de aumento de marcas, quando implantadas por uma única empresa, podem ser benéficas, porém ao considerar a competitividade do mercado é de se esperar que todas as empresas tenham a mesma iniciativa, o que torna o mercado inundado de lançamentos contínuos, de derivações de produtos e marcas que visam muito mais à equiparação competitiva que propriamente ao atendimento de um desejo ou necessidade do consumidor. Há uma proliferação de cópias dos chamados produtos ‘ me-too’ (eu também), os quais apenas buscam equiparar-se aos lançamentos dos concorrentes, sem uma contribuição inovadora efetiva. Como conseqüência destas ações, é cada vez menor a série de vendas esperada para cada produto, o que cria problemas de rentabilidade tanto na indústria quanto no varejo. Os lançamentos contínuos de variações de produtos e marcas, e a expectativa de pequenas séries de vendas, não permitem grandes investimentos em comunicação. Em razão disso, as empresas são obrigadas a utilizar cada vez mais a marca umbrella (guarda-chuva), a qual se aproveita de uma marca fortemente identificada com um produto e a amplia para vários outros produtos correlatos. Em curto prazo essa política é eficiente para as empresas, porque alavanca imediatamente os novos produtos que estão sendo lançados, porém, em longo prazo, diminui a personalidade e a identificação da marca a um produto e a suas características. 2.2.7.3 O efeito da proliferação dos produtos A ESTRATÉGIA DA diferenciação, da subsegmentação e a conseqüente extensão de marcas, como resultante das ações da indústria como um todo, fez com que a quantidade de novos produtos lançados anualmente apresentasse um grande crescimento. De acordo com Martins e Blecher (1997), a quantidade de lançamentos de novos produtos no mercado dos Estados Unidos apresentou o seguinte crescimento: Tabela 2.1 — Lançamentos de novos produtos Ano Produtos 1970 1.365 1986 8.042 1991 13.244 1994 20.076 Fonte: MARTINS, José R.; BLECHER, Nelson. O império das marcas. 2. ed. São Paulo: Negócio, 1997. p. 25. Estima-se que hoje são lançados aproximadamente 30.000 produtos por ano. A questão básica é que esses produtos tendem à similaridade e pouca diferenciação. De acordo com uma pesquisa realizada por Booz, Allen & Hamilton, e apresentada por Kotler (2005), dos produtos novos lançados no mercado, 52% são resultantes de melhorias ou revisões de produtos existentes, e apenas 10% tem um alto índice de inovação para o mercado. Para fixar e diferenciar a marca na mente do consumidor, as empresas têm que investir fortemente em publicidade, propaganda e promoção e, ainda assim, em razão do grande volume de veiculações a que o consumidor está exposto, não há garantia de que a verba aplicada terá efetivamente retorno, pois para cada categoria de produto há sempre três ou quatro marcas buscando um posicionamento semelhante na mente do consumidor. Reforçando este problema de sobrecarga de informação que o consumidor recebe, Ries e Trout (1996, p. 5) afirmam que: “Nesta nossa sociedade saturada de comunicação, falar do impacto de sua propaganda é superestimar a efetividade potencial de sua mensagem. A propaganda não é um porrete. Mais parece uma neblinazinha muito leve envolvendo os clientes em potencial”. 2.2.8 As conseqüências das ações de marketing O MERCADO COMPETITIVO fez com que as empresas produtoras de bens de consumo tivessem seu foco concentrado em vencer o concorrente. A busca de diferenciais sustentados para vencer esse concorrente orientou as empresas para a segmentação, subsegmentação e nichos de mercado, em que grupos homogêneos de consumidores cada vez menores são o foco de produtos específicos e com marcas diferenciadas. Essa estratégia de marketing, avaliada do ponto de vista individual, busca o melhor posicionamento da empresa no mercado tentando escapar da concorrência predatória dos preços e, ao mesmo tempo,criando um diferencial na mente do consumidor. Ao avaliar, no entanto, essa estratégia coletivamente, uma vez que as empresas de forma mais ou menos eficiente aplicam a mesma estratégia, tem-se um resultado contrário ao esperado individualmente. A quantidade de novos produtos lançados ao mercado cresceu de forma significativa e o índice de ineditismo dos produtos caiu proporcionalmente, o que originou uma grande quantidade de produtos similares que não conseguem se diferenciar aos olhos do consumidor. A quantidade de produtos e marcas ofertadas é superior ao espaço disponível no ponto de venda, fazendo com que a identificação do produto se torne ainda mais difícil e que haja a necessidade de estar presente no ponto de venda para concorrer na decisão de compra. Questões para discussão 1. Quais foram as ações dos fabricantes de produtos de consumo que trouxeram mudanças no relacionamento entre fornecedores, clientes e consumidores finais? 2. Com a evolução do conceito de marketing e as mudanças ocorridas no ambiente competitivo, quais são as orientações de marketing e sua interação com o ambiente? 3. Estabeleça uma definição para o conceito de marketing e situe-o de acordo com suas dimensões de abrangência. 4. Descreva os elementos do Marketing Mix e analise seu posicionamento e importância neste novo ambiente de mercado. 5. Quais atributos devem ser considerados em um processo de segmentação e qual sua importância para a estratégia da empresa? 6. Qual a conseqüência da proliferação de produtos e marcas para a estratégia de marketing e qual seu impacto no relacionamento entre fabricantes e varejistas? OS CONCEITOS E ESTRUTURAS DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO OS CONSUMIDORES FINAIS têm literalmente milhares de locais onde podem encontrar os produtos e serviços desejados ou necessários. Esta disponibilidade de locais e produtos é resultado de um esforço de marketing de atender o consumidor não apenas em suas necessidades, mas, principalmente, na disponibilidade de tempo, local e formas de aquisição desses produtos. Essa presença dos produtos junto ao consumidor final é realizada por meio dos canais de distribuição ou canais de marketing. Segundo Bennet (1996, p. 32), os canais de marketing podem ser definidos como “um sistema organizado de empresas e agentes que, em conjunto, desenvolvem todas as atividades necessárias para unir os produtores aos consumidores finais, cumprindo com os objetivos e ações de marketing”, o que é confirmado por Stern, El-Ansary e Coughalan (2002), que definem os canais de marketing como um grupo de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar um produto ou serviço disponível para consumo ou uso. Os canais de distribuição em marketing são, portanto, processos ativos, não apenas de disponibilização de produtos, mas, principalmente, de motivação e de facilitação do processo de compras do consumidor final, e que são realizados por organizações independentes, com objetivos próprios. Os participantes de um canal de distribuição são os consumidores finais; os intermediários compostos por atacadistas, distribuidores e varejistas; os produtores, fornecedores e os facilitadores são compostos por empresas de transporte, armazenamento, logística, agências de propaganda, agências de promoção, bancos e instituições financeiras em geral. Os processos de tornar os produtos disponíveis ao consumidor, de facilitar a negociação e de estimular a compra, que são realizados pelo canal, exigem uma série de atividades: Propriedade e posse física dos produtos — Há uma troca efetiva de propriedade e posse entre os membros do canal por meio de processos de compra, venda e transferência física das mercadorias: Promoções — Os membros do canal negociam preços, condições de pagamento, prazos de entrega e volumes. A negociação visa a um objetivo comum de atender ao consumidor final e a um objetivo específico de otimização individual de resultados. Negociação — Os membros do canal estabelecem ações no ponto de venda, em conjunto ou separadamente, com o intuito de gerar uma maior visitação deste local, maior compra em geral, ou de um produto específico, e uma divulgação do ponto de venda, produto ou marca. Riscos financeiros — Os riscos assumidos estão relacionados à obsolescência dos produtos, com o alto estoque, com redução da demanda, com a má aceitação de um produto ou marca específicos e com o financiamento das vendas. Estoques e abastecimento — O nível de disponibilidade de produtos está ligado ao volume de estoques e à freqüência em que são realizados os pedidos. Esse estoque pode ser conseqüência de uma relação direta com o consumidor final, de uma interpretação dos desejos do consumidor pelo vendedor ou de especulações financeiras. Pagamento — O fluxo financeiro de pagamentos tem como ponto de partida o momento da compra realizada pelos membros do canal, e não o momento da venda desses produtos ao consumidor final. Existem ainda, segundo Stern (2002), algumas razões que justificam a existência de intermediários: Os intermediários melhoram a eficiência do processo de distribuição, pois centralizam as negociações entre os produtores e os consumidores finais, reduzindo significativamente o número de transações necessárias para se realizar o mesmo volume de vendas. Os intermediários agrupam os diferentes produtos dos diferentes fabricantes, de tal modo que os consumidores finais tenham uma ampla variedade de produtos a escolher. O processo de busca do consumidor é facilitado pela variedade de produtos que podem ser oferecidos pelo canal de distribuição. 3.1 A importância do canal de distribuição A INFLUÊNCIA DO canal de distribuição como fator de diferenciação estratégica e como fator de sucesso de vendas irá variar de empresa para empresa, em função do tipo de produto que está sendo comercializado, de sua importância para o consumidor e da forma de compra que é estabelecida. Assim, a chamada compra por conveniência que ocorre para os produtos de consumo contínuo, para os bens não duráveis e que é fortemente influenciada pela ampla presença e pela atratividade da exposição no ponto de venda, favorece o impulso de compra e, em razão disso, vendas adicionais são geradas, incentivadas pelos varejistas e pela abrangência de distribuição. Já para os chamados bens duráveis ou semiduráveis, o canal tem uma influência média, uma vez que o processo de compra se dá pela chamada compra comparada, ou seja, o consumidor irá pesquisar e refletir antes de efetuar a compra, buscando a melhor opção e, no caso de produtos de valor mais alto, deslocando-se a localidades mais distantes ou mesmo comprando em varejistas menos atrativos, em nome de um bom negócio. Para os chamados produtos de especialidades, o canal tem baixa influência em relação à presença geográfica, uma vez que o consumidor irá se locomover para o local onde os produtos estejam disponíveis, mas, no entanto, a ambientação da loja terá um forte impacto na percepção de valor e na manutenção da sensação de exclusividade que tenta ser transmitida pelos produtos. Quadro 3.1 — Influência do canal por tipo de compra e produtos Influência do canal Situação de compra Produtos Alta Produtos de compra contínua Produtos de conveniência Compra por impulso Baixo valor unitário de aquisição Setor de alimentos Higiene e limpeza Cosméticos Bebidas e cigarros Produtos farmacêuticos Pequenos produtos domésticos Serviços em geral Médio Produtos de compra intermitente Produtos de compra comparada Bens duráveis e semiduráveis Médio/alto valor unitário de aquisição Aparelhos eletrônicos domésticos (linha branca e marrom) Vestuário Automóveis Móveis Objetos de decoração Materiais de construção Baixa Produtos de compra especial Produtos não procurados Produtos únicos/absolutamente diferenciados Alto valor unitário de aquisição Obras de arte Alta costura Serviços especializados Aviões, barcos, carros de luxo Fonte: Elaborado pelo autor. A avaliação e análise da estratégia de distribuiçãoe da forma de se relacionar com os canais estarão fortemente influenciadas pela importância relativa que estes possuem no diferencial competitivo e no sucesso do negócio. 3.2 Os intermediários no canal de distribuição HÁ BASICAMENTE DUAS formas de acessar o mercado para as empresas produtoras, diretamente ou por meio de intermediários. A escolha da empresa está relacionada a fatores de análise da maneira mais eficiente de acessar o consumidor, considerando variáveis de abrangência geográfica, controle da distribuição, necessidade de exposição do produto, necessidade de ações de ponto de venda, controle sobre as vendas efetuadas aos varejistas, tempo do fluxo do canal, custos agregados, políticas de marketing etc. Os intermediários que atuam no canal de distribuição são: Os atacadistas e distribuidores que estão envolvidos com a compra e manipulação de produtos para a revenda a outras organizações; varejistas ou outros atacadistas, mas não vendem volumes significativos para os consumidores finais. Os varejistas que estão envolvidos na compra e manipulação de produtos para a venda ao consumidor final (famílias, indivíduos e uso doméstico). É o elo final de ligação com o consumidor na cadeia de distribuição. As ações dos intermediários podem ser exemplificadas da seguinte forma: Atacadistas (vendem para varejistas ou outros atacadistas): são independentes; especializados por linha de produtos; grande abrangência geográfica; grande quantidade de clientes; tendem a trabalhar com poucos itens de cada linha. Distribuidores (vendem para varejistas ou outros atacadistas): mantêm algum vínculo com o fornecedor (exclusividade total ou na linha de produtos); especializados em algumas linhas de produtos; abrangência geográfica determinada pelo fornecedor; tipos de clientes determinados pelo fornecedor; atendem estratégias e políticas de marketing do fornecedor; quantidade de itens em linha definidos pelo fornecedor. Varejistas (vendem para os consumidores finais): mantêm distintas formas de relacionamento com os fornecedores; relações independentes; trabalham com várias marcas e grande quantidade de produtos; abrangência geográfica definida pelo fornecedor e influenciada pelo número de filiais; têm suas próprias políticas de marketing; utilizam o fornecedor como fator de diferenciação competitiva; relações dependentes — contratualmente ou não; são exclusivos do fornecedor ou semi-exclusivos; possuem política de marketing própria; utilizam o nome do fornecedor como marca. A opção pelo número de intermediários pode ser múltipla; os grandes varejistas podem ser atendidos diretamente, e, os pequenos, em regiões distantes, por meio dos atacadistas; finalmente podem ser utilizados distribuidores para cobrir uma área específica com uma política de marketing diferenciada. A opção deverá ser feita em função das estratégias de marketing da empresa fornecedora, suas necessidades de abrangência geográfica e de controle sobre os pontos de venda, a necessidade de apoio à venda, de assistência pós-venda ao produto, de agilidade de entrega e de mix de produtos, de ações promocionais, de controle de preços e ainda da estrutura de canais existentes no mercado. 3.3 Os sistemas de relacionamento nos canais AS RELAÇÕES ENTRE os fabricantes e participantes dos canais de distribuição podem ser estabelecidas de maneira informal ou formal (contratual). Os fabricantes podem estabelecer uma integração vertical no canal, assumindo direta ou contratualmente, por meio de intermediários, o controle do processo de chegada ao consumidor final. Essas relações contratuais se estabelecem por meio de licenças ou de sistemas de franquias, que são administrados pelos fornecedores e que determinam a forma de atuação dos outros elementos do canal. Em geral, os varejistas ligados a esses modelos são identificados com os nomes dos produtores, não tendo uma identificação própria. Os setores que mantêm este tipo de controle no Brasil são o automobilístico, distribuição de combustíveis, lojas de vestuário (grife), setor de fast food, redes de serviços de lavanderia, reparos de automóveis, correios, entre outros. As relações não-contratuais são estabelecidas por elementos independentes tanto dos fabricantes quanto dos varejistas, em que a relação de negociação será estabelecida em função do interesse e da importância que os participantes exercem no mercado. Figura 3.1 — Etapas para definição do modelo de canais e das estratégias de distribuição Fonte: Elaborada pelo autor. 3.4 O papel do varejo no canal de distribuição O PAPEL DO varejo consiste em vender produtos e serviços para os consumidores finais, indivíduos que compram algo para uso pessoal ou doméstico. Segundo Morgenstein e Strongin (1992), a função de varejo pode ser exercida pela própria empresa produtora, quando esta vende diretamente aos consumidores finais, como é o caso da Avon e da Natura no setor de cosméticos, da Dell Computadores no setor de informática, que vendem ao consumidor final de “porta em porta”. Na maioria das vezes, a venda se dá por meio de empresas independentes especializadas em varejo ou, ainda, em casos como da Yakult e da Nestlé, que mantêm vendas diretas e via revendedores tradicionais (com loja). As características básicas do varejo segundo Beisel (1993) são: facilidade de entrada no negócio; facilidade de saída de negócio; diversificação de alternativas de negócio; alta competitividade; concentração geográfica; uso intensivo de mão-de-obra; fortes variações sazonais; influência de modas; controle e restrições legais; estrutura altamente dinâmica; mercado consumidor volátil. A gestão do varejo é independente da indústria e dos fornecedores, e os varejistas têm seus próprios objetivos de mercado e de imagem diante do consumidor-alvo. Sua forma de gerenciamento dos recursos está centrada nos estoques e no seu giro, uma vez que seu capital está fortemente concentrado nesses aspectos. Essa necessidade de girar rapidamente o capital faz com que a visão de curto prazo seja dominante no varejo. Embora haja uma forte ênfase em preço, o conceito de marketing de varejo aponta para uma visão e ação mais abrangente na gestão do negócio, a qual ressalta alguns aspectos: O planejamento do varejo deve ser orientado para o consumidor. A principal preocupação do varejista é a satisfação do consumidor, sempre resguardando a lucratividade. A satisfação do desejo do consumidor deve ser a preocupação da organização inteira. O planejamento do curto e longo prazo é essencial no processo. Ainda de acordo com Beisel (1993), o varejo pode ser classificado nas seguintes categorias: Tamanho da operação — Esta classificação pode considerar o tamanho da área de vendas (os metros quadrados da loja), o volume de vendas ou a quantidade de pontos de venda. A classificação em pequeno, médio e grande é difícil de ser feita em função dos diferentes critérios que podem ser aplicados, e deve ser feita comparativamente dentro de segmentos específicos. Não podem ser comparadas, por exemplo, lojas de conveniência e supermercados. A importância desta classificação reside em poder avaliar o nível de concentração de vendas no setor. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande percentual das vendas está concentrada em 15% dos estabelecimentos. Linha de produtos —É possível dividir os varejistas em dois grandes grupos; os que trabalham com uma ampla diversidade de linhas de produtos e os que trabalham com um número limitado de linhas de produtos. No Brasil, os varejistas que trabalham com uma linha ampla estão ligados às lojas de departamento e aos hipermercados, aqueles que trabalham com linhas especializadas associamos às lojas de brinquedos, eletrônicos e às boutiques (lojas especializadas em roupas, acessórios, alimentos, bebidas etc.) Método de operação — Esta classificação está relacionada à forma de operação do varejo: Auto-serviço — Com variedade limitada como os supermercados, ou com grande variedade
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