Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda Abstinência de álcool. CARACTERISTICAS DIAGNOSTICAS. a. Cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool. b. Dois (ou mais) dos sintomas, desenvolvidos no período de algumas horas e alguns dias após a cessação (ou redução) do uso de álcool. 1. Hiperatividade autonômica (p.ex: sudorese ou frequência cardíaca maior que 100bpm). 2. Tremor aumentado nas mãos. 3. Insônia 4. Náusea ou vômitos. 5. Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias. 6. Agitação psicomotora. 7. Ansiedade. 8. Convulsões tônico-clônicas generalizadas. c. .Os sinais e sintomas apresentados acima causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissionais ou em outras áreas importantes da vida do individuo. d. Os sinais e sintomas não são bem atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental, incluindo intoxicação ou abstinência de outra substância. Existem raros casos em que alucinações (geralmente visuais ou táteis) ocorrem com teste de realidade intacto ou quando ilusções auditivas, visuais ou táteis ocorrem na ausência de delirium. PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda A abstinência aguda de álcool ocorre na forma de episódio com duração de 4 a 5 dias e apenas após períodos prolongados de con sumo pesado. A abstinência é relativamente rara em indivíduos com idade inferior a 30 anos, e o risco e a gravidade aumentam com a idade. A probabilidade de desenvolver abstinência de álcool aumenta com a quantidade e com a frequência do consumo da substância. A maioria dos indivíduos com essa condição bebe diariamente e ingere grandes quantidades (aproximadamente mais de oito doses por dia) durante vários d ias. Contudo, há grandes diferenças de uma pessoa para outra, sendo que há risco aumentado naquelas com condições médicas concomitantes, nas que tiveram abstinência anteriormente e em pessoas que consomem sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos. Hiperatividade autonômica no caso de níveis de álcool no sangue moderadamente elevados, porém em queda, e história de consumo intenso prolongado de álcool indicam probabilidade de abstinência de álcool. PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda A SAA é autolimitada, com duração média de 07 a 10 dias. Quando ocorrem alucinações na ausência de delirium, deve-se considerar um diagnostico de transtorno psicótico por substância/medicamento. LARANJEIRA. R. et al. Síndrome de abstinência do álcool (SAA) e tratamento. Rev. Brasi. Psiquiatria. Vol 22. N.2. 2000 Pessoas que bebem de forma excessiva, quando diminuem o consumo ou abstêm completamente, podem apresentar um conjunto de sintomas e sinais, denominados Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA). Alguns sintomas, como tremores, são típicos da SAA. Entretanto, muitos outros sintomas e sinais físicos e psicológicos considerados como parte da SAA são insidiosos, pouco específicos, o que torna o seu reconhecimento e a sua avaliação processos complexos, muito mais do que possa ser pensado num primeiro momento. Uma série de fatores influenciam o aparecimento e a evolução dessa síndrome, entre eles: a vulnerabilidade genética, o gênero, o padrão de consumo de álcool, as características individuais biológicas e psicológicas e os fatores socioculturais. Os sintomas e sinais variam também quando à intensidade e à gravidade, podendo aparecer após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada, voluntária ou não, como, por exemplo, em indivíduos que são hospitalizados para o tratamento clinico ou cirúrgico. Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, entre outros. Ocorrem complicações como: alucinações, o Delirium Tremens (DT) e convulsões. • BASES BIOLOGICAS. As dificuldades em estabelecer o tratamento farmacológicos mais eficaz para o SAA estão ligadas a um, ainda incompleto, entendimento do funcionamento dos neurotransmissores ligados à dependência e à síndrome de abstinência do álcool. O aumento da eficácia e da resposta terapêutica de novas drogas está diretamente relacionado à compreensão dos mecanismos de ação do etanol e dos seus efeitos nos diferentes sistemas de neurotransmissão que ocorrem no sistema nervoso central (SNC). O que se conhece dos sintomas da SAA tem sido explicado pelo fenômeno de neuroadaptação que ocorre no SNC, quando há exposição crônica ao etanol. 1. SAA e monoaminas: Os sintomas e sinais da SAA estão relacionados à alteração nos níveis de liberação de noradrenalina e dopamina. A hiperestimulação adrenérgica, que pode ser intensa na SAA, deve-se a uma redução da atividade de adrenoreceptores inibitórios pré-sinápticos do subtipo alfa2, um fenômeno conhecido como down- regulation. A hiperatividade de receptores NMDA também está relacionada ao aumento da liberação noradrenérgico no locus ceruleus de ratos, observada após a retirada do álcool. Alguns trabalhos demonstraram que a liberação de dopamina durante a SAA, apresenta queda a níveis inferiores aos observados no período anterior à exposição crônica ao álcool, por cessação do disparo dopaminérgico na área PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda tegmental ventral. Esses efeitos são responsáveis por um grande número de reações fisiológicas, tais como: - Taquicardia por ativação de receptores beta-adrenérgicos. - Hipertensão por ativação de vias alfa- adrenérgicas. - Aumento da força de contração do músculo cardíaco por ação adrenérgica inotrópica positiva. - Náuseas e vômitos devido à redução do esvaziamento gástrico. - Piloereção - Midríase - Tremores pela facilitação da neurotransmissão muscular. - Aumento pela facilitação da neurotransmissão muscular - Aumento do consumo de oxigênio - Aumento da temperatura corporal em até 2°C. 2. O SAA e aminoácidos neurotransmissores. O etanol atua como antagonista dos receptores NMDA, um receptor do tipo excitatório do SNC. O consumo crônico de bebidas alcoólicas provoca um aumento da densidade desses receptores. Estudos em animais têm demonstrado que esse aumento persiste por cerca de 36 horas após a retirada do etanol, período que coincide com o aparecimento das crises convulsivas, fenômeno neurotóxico relacionado à hiperatividade glutamatérgica. Na SAA há uma hipoatividade GABAérgica. Os receptores GABAA têm uma atividade inibitória e, a medida que deixam de exercer sua atividade durante a SAA, há uma estimulação do SNC. Essa hipoatividade é funcional, uma vez que, diferentemente do que ocorre com receptores NMDA, não há evidências de alteração no número de receptores GABAa durante a exposição crônica ao álcool. Há uma redução da densidade de mRNA relacionada ao local de ação dos benzodiazepínicos e do etanol. 3. SAA e canais de cálcio Com a exposição crônica ao etanol, há uma alteração nos canais de canais de cálcio do tipo L, um dos vários canais de cálcio mais conhecidos. A ação do cálcio nos terminais nervosos é fundamental para a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Diversos estudos têm demonstrado que administração crônica de etanol leva a uma redução na atividade dos canais de cálcio do tipo L, reduzindo a atividade elétrica dentro do neurônio e assim, reduzindo a atividade elétrica dentro do neurônio e, assim, reduzindo a ação de neurotransmissores. PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda • DIAGNOSTICO A redução ou a interrupção do uso do álcool em pacientes dependentes produz um conjunto bem definido de sintomas chamado de síndrome de abstinência. Emboraalguns pacientes possam experimentar sintomas leves, existem aqueles que podem desenvolver sintomas e complicações mais graves, levando-os até a morte. O quadro se inicia após 6 horas da diminuição ou da interrupção do uso do álcool, quando aparecem os primeiros sintomas e sinais. São eles: tremores, ansiedade, insônia, náuseas e inquietação. Sintomas mais severos ocorrem em aproximadamente 10% os pacientes e incluem febre baixa, taquipnéia, tremores e sudorese profusa. Em cerca de 5% dos pacientes não tratados, as convulsões podem se desenvolver. Outra complicação grave é o delirium tremens (DT), caracterizado por alucinações, alteração do nível da consciência e desorientação. A mortalidade nos pacientes que apresentam DT é de 5 a 25%. • CARACTERISTICA DIAGNOSTICA A característica essencial da abstinência de álcool é a presença de uma síndrome de abstinência característica que se desenvolve no período de várias horas a alguns dias após a cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool. A síndrome de abstinência inclui dois ou mais sintomas que refletem a hiperatividade autonômica e a ansiedade listadas no Critério B, em conjunto com sintomas gastrintestinais. Os sintomas podem ser aliviados por meio da administração de álcool ou benzodiazepínicos (p. ex., diazepam). Os sintomas de abstinência geralmente começam quando as concentrações sanguíneas de álcool declinam abruptamente (i.e., em 4 a 12 horas) depois que o uso de álcool foi interrompido ou reduzido. Refletindo o metabolismo relativamente rápido do álcool, a intensidade dos sintomas costuma atingir o auge durante o segundo dia de abstinência, e os sintomas tendem a melhorar acentuadamente no quarto ou quinto dia. Após abstinência aguda, entretanto, os sintomas de ansiedade, insônia e disfunção autonômica podem persistir durante um período de até 3 a 6 meses em níveis menores de intensidade. Menos de 10% dos indivíduos que desenvolvem abstinência de álcool chegam a desenvolver sintomas drásticos (p. ex., hiperatividade autonômica grave, tremor, delirium por abstinência de álcool). Convulsões tônico-clônicas ocorrem em menos de 3% das pessoas. Embora confusão mental e alteração na consciência não sejam critérios para abstinência de álcool, delirium por abstinência por álcool pode ocorrer no caso de abstinência. Assim como é valido para qualquer estado de confusão e agitação independentemente da causa, além de perturbação e da cognição, o delirium por abstinência pode envolver alucinações visuais, táteis ou (raramente) auditivas (delirium tremens). Quando se desenvolvem delirium por abstinência, provavelmente há uma condição médica clinicamente relevante (p.ex: insuficiência hepática, pneumonia, sangramento gastrintestinal, sequelas de PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda traumatismo craniano, hipoglicemia e desequilíbrio eletrolítico ou estado pós- operatório). • CONSEQUENCIAS FUNCIONAIS DA ABSTINÊNCIA DE ÁLCOOL. Sintomas de abstinência podem ajudar a perpetuar o comportamento de ingestão alcoólica e contribuir para recaída, resultando em prejuízo persistente no funcionamento social e profissional. Os sintomas que requerem desintoxicação com supervisão medica resultam em utilização hospitalar e perda de produtividade no trabalho. De modo geral, a presença de abstinência está associada a maior prejuízo funcional e prognóstico desfavorável. • COMORBIDADE A ocorrência de abstinência é mais provável com a ingestão crônica de álcool e pode ser observada com mais frequência em indivíduos com transtorno da conduta e transtorno da personalidade antissocial. Os estados de abstinência também são mais graves em indivíduos mais velhos, nos que também apresentam dependência de outras drogas/fármacos depressores (sedativo-hipnóticos) e naqueles que sofreram abstinência de álcool anteriormente. - Convulsões de abstinência: Convulsões associadas à abstinência de álcool têm características estereotipadas, generalizadas e são tônico-clônicas. Os pacientes costumam ter mais de uma convulsão 3 a 6 horas após a primeira ocorrência. Estado epiléptico é relativamente raro e ocorre em menos de 3% dos pacientes. Embora anticonvulsivantes não sejam necessários para o manejo de convulsões de abstinência, a causa da convulsão é difícil de estabelecer durante a primeira avaliação do Fique ligado! O sinal clássico de abstinência de álcool é tremor, embora o espectro de sintomas possa se expandir para incluir sintomas psicóticos e de percepção (p. ex., delírios e alucinações), convulsões e os sintomas de delirium tremens (DTs), denominado delirium por álcool no DSM-5. Tremores (normalmente chamados de “tremedeira”) se desenvolvem de 6 a 8 horas após a interrupção do consumo, convulsões, em 12 a 24 horas, e DTs, a qualquer momento durante as primeiras 72 horas, embora médicos devam estar atentos para o desenvolvimento de DTs durante a primeira semana de abstinência. PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda paciente na sala de emergência; portanto, muitos pacientes com convulsões de abstinência recebem medicamentos anticonvulsivantes, os quais são descontinuados assim que a causa das convulsões é identificada. Atividade convulsiva em indivíduos com história conhecida de abuso de álcool ainda assim deve despertar no clínico a consideração de outros fatores causais, como lesões na cabeça, infecções do SNC, neoplasias do SNC e outras doenças cerebrovasculares; abuso de álcool grave de longa duração pode resultar em hipoglicemia, hiponatremia e hipomagnesemia – sendo que todas essas condições podem estar associadas a convulsões. - Tratamento A principal medicação para o controle dos sintomas de abstinência de álcool são os benzodiazepínicos. Vários estudos descobriram que eles ajudam a controlar a atividade convulsiva, delirium, ansiedade, taquicardia, hipertensão, diaforese e tremor associado à abstinência de álcool. Os benodiazepinicos podem ser ministrados por via oral ou parenteral; nem Diazepam nem clordiazepóxido, no entanto, devem ser administrados por via intramuscular (IM), devido a sua absorção errática por essa rota. Os médicos devem titular a dosagem do benzodiazepínico, começando com uma dosagem elevada, reduzindo-a conforme a recuperação do paciente. Devem ser administrados benzodiazepínicos suficientes para manter o paciente calmo e sedado, mas não a ponto de não poder ser despertado para que o clinico aplique os procedimentos adequados, incluindo exames neurológicos. Embora benzodiazepínicos sejam o tratamento-padrão para abstinência de álcool, estudos demonstraram que a carbamazepina em doses diárias de 800 mg é tão eficaz quanto os benzodiazepínicos, com a vantagem adicional de mínima chance de abuso. O uso de carbamazepina está gradualmente se tornando comum nos Estados Unidos e na Europa. Antagonistas do receptor β-adrenérgico e clonidina também foram usados para bloquear os sintomas de hiperatividade simpática, mas nenhum desses fármacos constitui tratamento eficaz para convulsões ou delirium. DELIRIUM. DIAGNOSTICO E CARACTERISTICAS CLINICAS. Pacientes com sintomas reconhecidos de abstinência de álcool devem ser monitorados com atenção para impedir a progressão para impedir a progressão para delirium por abstinência de álcool, a forma mais grave da síndrome de abstinência, também conhecido como DTs. O delirium PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda por abstinência de álcool é uma emergência médica que pode resultar em morbidade e mortalidade significativas. Pacientes com delirium são um perigo para si mesmos e para outros. Devido à imprevisibilidade de seu comportamento, esses pacientes podem ser agressivos ou suicidas, ou podem agir emresposta a alucinações ou pensamentos delirantes como se fossem perigos genuínos. Sem tratamento, o DTs tem um índice de mortalidade de 20%, geralmente como resultado de uma doença médica intercorrente, como pneumonia, doença renal, insuficiência hepática ou insuficiência cardíaca Embora convulsões de abstinência normalmente antecedam o desenvolvimento de delirium por abstinência de álcool, o delirium também pode surgir inesperadamente. A característica fundamental da síndrome é delirium com ocorrência no período de uma semana depois da cessação ou redução da ingestão de álcool. Além dos sintomas de delirium, as características de delirium por intoxicação de álcool incluem hiperatividade autonômica, como taquicardia, diaforese, febre, ansiedade, insônia e hipertensão; distorções da percepção, mais frequentemente alucinações visuais ou táteis; e níveis flutuantes de atividade psicomotora, que vão de hiperexcitabilidade a letargia. Aproximadamente 5% dos indivíduos com transtornos relacionados ao álcool que requerem hospitalização têm DTs. Como a síndrome normalmente se desenvolve no terceiro dia de internação, um paciente admitido devido a uma condição não relacionada pode inesperadamente ter um episódio de delirium, o primeiro sinal de um transtorno relacionado ao álcool não diagnosticado. Episódios de DTs costumam ter início na faixa dos 30 aos 40 anos de idade, após 5 a 15 anos de consumo intenso, geralmente do tipo compulsivo. Uma doença física (p. ex., hepatite ou pancreatite) predispõe à síndrome; um indivíduo que goza de boa saúde raramente tem DTs durante a abstinência de álcool. - Tratamento O melhor tratamento para DTs é prevenção. O paciente em abstinência de álcool que exibe fenômenos de descontinuação deve ser medicado com benzodiazepínicos, como 25 a 50 mg de clordiazepóxido a cada 2 a 4 horas até evidências de que esteja fora de perigo. Assim que o delirium surge, no entanto, 50 a 100 mg de clordiazepóxido devem ser ministrados a cada 4 horas VO, ou lorazepam deve ser administrado via intravenosa (IV) caso medicação oral não seja possível. Medicamentos antipsicóticos que podem reduzir o limiar convulsivo devem ser evitados. Uma alimentação rica em calorias e carboidratos, complementada por multivitamínicos, também é importante. Conter fisicamente o paciente com DTs é arriscado; ele pode lutar contra as contenções até um nível perigoso de exaustão. Quando está turbulento e fora de controle, pode-se usar uma sala de reclusão. A desidratação, frequentemente exacerbada por diaforese e febre, pode ser corrigida com administração oral ou intravenosa de líquidos. Anorexia, vômito e diarreia costumam ocorrer durante a abstinência. Medicamentos antipsicóticos devem ser evitados porque podem reduzir o limiar convulsivo. O surgimento de sintomas neurológicos focais, lateralidade de convulsões, aumento da pressão intracraniana ou evidências de fraturas no crânio ou outras indicações de patologia do SNC devem levar o clínico a examinar o paciente em busca de uma nova doença neurológica. Medicamentos anticonvulsivantes não benzodiazepínicos não ajudam a impedir nem tratar convulsões resultantes de abstinência de álcool, embora benzodiazepínicos costumem ser eficazes. PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda A psicoterapia de apoio no tratamento de DTs é fundamental. O paciente costuma ficar desnorteado, assustado e ansioso devido aos sintomas perturbadores, e o apoio verbal competente se faz imperativo. Uso de outras drogas • INTOXICAÇÃO POR MACONHA A maconha é a segunda droga mais usada por adolescentes. O quadro usual de intoxicação normalmente envolve os seguintes efeitos: euforia, sensações prazerosas, diminuição da ansiedade, da depressão e da atenção. Alguns usuários mais ansiosos, psicologicamente vulneráveis ou inexperientes com a droga podem apresentar aumento da ansiedade, disforia e crises de pânico. São comuns vasodilatação e vermelhidão das conjuntivas (um dos sinais mais característicos do uso), podem ocorrer também hipotensão postural e síncope. Em alguns casos há aumento da pressão arterial boca seca, aumento do apetite, nistagmo e fala arrastada. Podem ocorrer mudanças na sensopercepção: as cores se tornam mais claras e a música mais vívida. A percepção de espaço, o tempo de reação, a atenção, a concentração, a memória e a avaliação de risco também são alterados. Esses últimos permanecem alterados por muito mais tempo do que a sensação de intoxicação subjetiva e tais efeitos podem permanecer por até 12 a 24 horas após o uso. A maconha aumenta a frequência cardíaca para até160 batimentos por minuto durante alguns minutos após o uso, o efeito dose-dependente e que provavelmente não é relevante em jovens, a menos que apresentem algum problema cardiovascular prévio. Todavia, já foram descritos casos de arritmias associadas ao uso de cannabis. Seu uso aumenta o risco relativo de infarto em 4,8 vezes n período de uma hora após o uso. Não é infrequente a ocorrência de surtos psicóticos associada ao uso de maconha quando usada em grandes quantidades, ou através do uso de preparados com maior concentração - MANEJO DE INTOXICAÇÃO POR MACONHA O manejo da intoxicação por canabinoides é predominantemente de apoio. A maioria dos casos de intoxicações leves resolve-se em poucas horas, podem ser mais bem confortados ao se acomodarem os pacientes em quartos com iluminação leve, poucos estímulos e, em casos de muita agitação, podem ser usados benzodiazepínicos, como diazepam na dose de 5 mg por via oral. Nos casos nos quais há complicações cardíacas ou respiratórias, o manejo da complicação deve ser feito de acordo com a etiologia subjacente. Não é recomendado o uso de carvão ativado para os casos de ingestão de maconha. Os casos que apresentam psicose devem ser PROBLEMAS MENTAIS (5 Fechamento)- Patrícia Miranda tratados com antipsicóticos, preferencialmente os atípicos, pela menor incidência de efeitos adversos. • INTOXICAÇÃO POR COCAINA A via de administração da cocaína irá influenciar o inicio de ação, a intensidade e a duração dos efeitos. As vias fumadas (crack) e injetável terão efeitos mais intensos, de curta duração, mas com um pós-efeito de fissura e disforia. Já na via inalada, os efeitos são menos intensos, mas com maior duração. A busca pelo atendimento na emergência em geral é pelos efeitos psíquicos ou cardíacos. Os efeitos comuns são de excitação, euforia e autoestima elevada, mas doses elevadas levam a ansiedade, agitação, irritabilidade, sintomas paranoides e fissura intensa. Em relação aos efeitos cardíacos, a cocaína produz um efeito dose-dependente de aumento na frequência cardíaca, pressão arterial e vasoconstrição. Há um aumento da demanda cardíaca, podem ocorrer isquemia e arritmia ventricular e supraventricular (por efeito direto ou pela isquemia). Ouso da droga provoca aumento da temperatura, diminuição da transpiração e da circulação periférica, pode produzir um quadro de hipertermia grave. 23As complicações que ocorrem no SNC são convulsões, isquemia ou hemorragia cerebral, cefaleia e sintomas neurológicos focais. As convulsões podem ocorrer após uso de grande quantidade, mesmo sem foco epilético prévio. Do ponto de vista pulmonar podem ocorrer pneumotórax, pneumo-mediastino ou pneumopericárdio em consequência da prática de valsalva para evitar a exalação da droga. A vasoconstrição e o aumento da coagulação podem levar à isquemia e infarto de vários órgãos além do coração e cérebro, como pulmões, rins, baço e intestino. A intoxicação concomitante com álcool aumenta a chance e a gravidade das complicacões. Outro fator importante são os adulterantes presentes na cocaína em pó, o levamisole é o mais importante. Esse pode ocasionar agranulocitose e vasculite cutânea com necrose da pele. MANEJO DA INTOXICAÇÃOPOR COCAÍNA O diagnostico é clinico e pode ser auxiliado por exame de urina ou exames para avaliar as complicações, como eletrocardiograma; enzimas cardíacas, tomografia de crânio etc. O manejo inicial é de apoio e devem ser priorizados o tratamento da agitação, hipertensão e hipertermia ou as complicações presentes. O uso de benzodiazepínicos, como diazepam, é o tratamento de escolha para a agitação e para aliviar os sintomas cardiovasculares. Pacientes com hipertermia devem ser resfriados rapidamente, idealmente em até 30 minutos. Para o tratamento das complicações, o tratamento é o de rotina, mas alguns cuidados devem ser tomados. Beta- bloqueadores não devem ser usados, pois podem agravar a vasoconstrição e hipertensão.
Compartilhar