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77 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 1 5 APLICANDO O CONHECIMENTO Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. O texto abaixo é a letra de uma canção de Arnaldo An- tunes, poeta e compositor brasileiro , em parceria com o músico Carlinhos Brown. Leia-o com atenção e responda às questões a seguir. O silêncio antes de existir computador existia tevê antes de existir tevê existia luz elétrica antes de existir luz elétrica existia bicicleta antes de existir bicicleta existia enciclopédia antes de existir enciclopédia existia alfabeto antes de existir alfabeto existia a voz antes de existir a voz existia o silêncio o silêncio foi a primeira coisa que existiu um silêncio que ninguém ouviu astro pelo céu em movimento e o som do gelo derretendo o barulho do cabelo em crescimento e a música do vento e a matéria em decomposição a barriga digerindo o pão explosão de semente sob o chão diamante nascendo do carvão homem pedra planta bicho flor luz elétrica tevê computador batedeira, liquidificador vamos ouvir esse silêncio, meu amor amplificado no amplificador do estetoscópio do doutor no lado esquerdo do peito, esse tambor ANTUNES, Ar naldo; BROWN, Carlinhos. “O silêncio”. Intérprete: Arnaldo Antunes. In: ANTUNES, Arnaldo. O silêncio. [S.l.]: BMG, Brasil, 1997. 1 CD. Faixa 1. 1 Os sete versos iniciais da canção “O silêncio”, aparen- temente objetivos, se analisados com cautela, revelam a subjetividade do eu lírico. Justifique essa afirmativa. A afirmativa justifica-se pelo fato de o texto ser poético, em que existe um eu lírico que expressa sua visão da realidade. No texto, os sete versos iniciais seguem uma estrutura repetitiva muito particular, com o intuito de revelar uma sucessão regressiva da existência das coisas. 2 A canção parte de uma premissa básica, caracterizada pela visão subjetiva do eu lírico diante do mundo. Identifique-a. Trata-se do posicionamento que evidencia o silêncio como a primeira coisa que existiu. 3 Após o verso “um silêncio que ninguém ouviu”, o eu lírico desenvolve essa ideia por meio de um recurso. Explique-o e justifique sua importância para o texto como um todo. O eu lírico tenta definir o silêncio de modo poético e subjetivo. Isso é importante para ilustrar a ideia que o eu lírico defende no texto: o silêncio, imperceptível pelos indivíduos, como a primeira coisa que existiu. 4 No último verso “no lado esquerdo do peito, esse tam- bor”, o adjetivo esquerdo é considerado um adjetivo objetivo. Isso, entretanto, não condiz com o teor semân- tico do verso como um todo. Explique essa afirmativa, levando em consideração o significado contextual da palavra tambor. O teor semântico do verso é subjetivo, já que o eu lírico cria associações que levam em consideração seus sentimentos. Isso pode ser justificado pela utilização da palavra tambor, que, no texto, é usada como sinônimo de cora•‹o. 5 A composição enumera diversas criações humanas (computador, tevê, luz elétrica...) que são consideradas insignificantes quando comparadas a um único elemen- to — revelado ao final do texto como o mais importante. Identifique-o e, em seguida, revele se esse elemento se volta para uma perspectiva interna ou externa do emissor. Trata-se do coração. Esse elemento é relacionado a uma perspectiva interna do emissor e é ressaltado como responsável pelos sentimentos. 6 “Ouvir o silêncio” é uma ação ilógica. Explique como o verso “vamos ouvir esse silêncio, meu amor” faz sentido subjetivamente. O eu lírico sugere que haja uma reconexão humana (ouvir o tambor no lado esquerdo do peito) por meio da diminuição do uso de aparelhos eletrônicos que não permitem às pessoas o pensamento, a observação. u ent r r t o rr toto a b s tr a c t/ S h u tt e rs to ck PH_EF2_8ANO_PT_071a078_CAD3_MOD15_CA.indd 77 31/03/20 15:08 78 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 1 5 7 Na sua opinião, qual foi a ideia defendida pelos autores ao escrever essa canção? Os autores procuraram expor que, mesmo com muitas invenções tecnológicas, o ser humano jamais pode se esquecer de sua essência como indivíduo, que vem de seus sentimentos, de seu coração. 8 Proponha um novo título para a canção que contenha um adjetivo subjetivo ou uma expressão subjetiva. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: O silêncio que importa. DESENVOLVENDO HABILIDADES Leia o poema e faça as atividades propostas. Os poemas Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... QUINTANA, Mario. Melhores poemas. Seleção de Fausto Cunha. São Paulo: Global, 2000. 1 Ao comparar poemas com pássaros, o eu lírico contribui para o teor subjetivo do texto. Isso se justifica: a) pela incoerência semântica. b) pela animalização do poema. c) pela potencialização de sentidos. d) pelo conflito emocional do eu lírico. e) pela objetividade na construção textual. 2 Analise os versos: Eles não têm pouso nem porto; Partindo da ideia conotativa construída ao longo do texto, identifique a característica literária que é mais perceptível nesses dois versos. a) Metáforas indevidas. b) Profundo desejo de mudanças. c) Individualismo na construção poética. d) Múltiplas possibilidades de interpretação. e) Falta de capacidade para expressar sentimentos. 3 O verso que revela subjetividade diretamente relacio- nada ao interlocutor é: a) “no livro que lês” b) “Eles não têm pouso” c) “alimentam-se um instante em cada” d) “par de mãos e partem” e) “no maravilhado espanto de saberes” 4 O poema de Mario Quintana revela uma relação bem específica entre leitor e poema. Essa relação é carac- terizada principalmente pelo verso: a) “não se sabe de onde e pousam” b) “Quando fechas o livro, eles alçam voo ” c) “Eles não têm pouso” d) “alimentam-se um instante em cada” e) “que o alimento deles já estava em ti...” ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1992. Gostou da canção de Arnaldo Antunes na página anterior? Leia o livro em prosa poética escrito por ele e ilustrado por sua filha Rosa. E g re t7 7 / S h u tt e rs to ck R e p ro d u ç ã o /E d it o ra I lu m in u ra s PH_EF2_8ANO_PT_071a078_CAD3_MOD15_CA.indd 78 31/03/20 15:08
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