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Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico e trauma traquimedular APRESENTAÇÃO O sistema nervoso é responsável por receber, interpretar e enviar estímulos e respostas relacionadas a todas as necessidades fisiológicas humanas, porém anomalias nesse sistema podem causar mau funcionamento neurológico e comprometimento de funções locais e/ou sistêmicas. Eventos como aneurisma cerebral, traumatismo craniencefálico e traumas podem causar sequelas recuperáveis, ou não, além de comprometerem a fisiologia normal do organismo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você poderá identificar e definir os aspectos e as características do aneurisma, do traumatismo craniencefálico e do trauma raquimedular, além de relacionar os prováveis comprometimentos que esses eventos podem trazer ao corpo humano. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os aspectos etiológicos do aneurisma e suas principais implicações clínicas.• Identificar as principais características clínicas do traumatismo craniencefálico e do trauma raquimedular. • Explicar os prováveis comprometimentos anatomofuncionais por aneurisma, traumatismo craniencefálico e trauma raquimedular. • DESAFIO Define-se por trauma raquimedular (TRM) toda agressão causada à medula espinal que cause prejuízos neurológicos, gerando transtornos da função motora, sensitiva e autônoma. Pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 40 anos são as que mais sofrem esse tipo de trauma. Acidentes de trânsito, quedas de alturas, acidentes de mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo (FAF) são as principais causas do TRM. Cite e explique os possíveis comprometimentos anatomofuncionais causados pelo trauma raquimedular. INFOGRÁFICO O aneurisma cerebral, o traumatismo craniencefálico e o trauma raquimedular são situações que comprometem o correto funcionamento do sistema nervoso, causando danos variáveis, temporários, sequelas permanentes e até mesmo a morte. Confira neste Infográfico as principais características de cada um deles. CONTEÚDO DO LIVRO Contusão é o resultado de um trauma caracterizado por edema geralmente associado a uma hemorragia subpial, localizada, principalmente, nas áreas que fazem contato com a superfície óssea craniana. Os danos neurológicos decorrentes das contusões dependem da área atingida e da gravidade do trauma, podendo causar efeitos mais graves em decorrência de edema cerebral ou da ocorrência de hemorragias. As contusões são mais graves se estiverem associadas a fraturas cranianas e podem agravar a lesão secundária no tecido adjacente por libertação de neurotransmissores e alterações bioquímicas locais. No capítulo, Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico e trauma traquimedular, da obra Anatomia aplicada à enfermagem, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, no qual você vai aprender sobre danos ao sistema nervoso central e periférico. Boa leitura. ANATOMIA APLICADA A ENFERMAGEM Márcio Haubert Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico e trauma raquimedular Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir os aspectos etiológicos do aneurisma e suas principais impli- cações clínicas. � Identificar as principais características clínicas do traumatismo cra- niencefálico (TCE) e do trauma raquimedular (TRM). � Explicar os prováveis comprometimentos anatomofuncionais por aneurisma, TCE e TRM. Introdução O sistema nervoso está propício a sofrer diversas patologias, tanto pro- vocadas pelo envelhecimento fisiológico quanto por fatores externos, vinculados ao estilo de vida e a acidentes que envolvem as atividades do dia a dia. Essas patologias podem se originar no sistema nervoso central (SNC) e também no sistema nervoso periférico (SNP), trazendo sintomatologia variada, acometendo da memória ao movimento corporal, além de trazer fatores que colocam a vida do paciente em risco. Neste capítulo, você vai ter a oportunidade de conhecer os aspectos etiológicos e as implicações clínicas do aneurisma, do TRM e do TCE. Aneurisma cerebral O aneurisma cerebral (Figura 1) é uma doença vascular caracterizada pelo alargamento e pela dilatação de uma parte de um vaso sanguíneo intracraniano. Esse processo se dá pelo enfraquecimento da camada muscular interna do vaso acometido. O processo de enfraquecimento que causa o aneurisma por via de regra não nasce com a pessoa. Na grande maioria dos casos ele se desenvolve ao transcorrer da vida, podendo estar relacionado a fatores genéticos. Dos pa- cientes acometidos por aneurismas cerebrais, 20 a 30% apresentam múltiplos aneurismas. A maioria dos aneurismas múltiplos são pequenos e não causam sinto- mas, enquanto aneurismas de colo largo geralmente apresentam sintomas como cefaleia, dor facial e alterações de visão. Se ocorrer o rompimento do aneurisma, isso causará alterações cerebrais importantes que incluem a hemorragia subaracnóidea (HSA), hemorragia intracerebral e hemorragia intraventricular. Rompimentos de aneurismas cerebrais são conhecidos como acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico, sendo que a hemorragia causada pela ruptura de um aneurisma causa problemas encefálicos por meio da compressão das estruturas cranianas causadas pelo aumento excessivo da pressão intracraniana (PIC). A prevalência dessa doença está entre os adultos de 40 e 60 anos de idade, sendo mais comum em mulheres. Figura 1. Aneurisma cerebral e ruptura de aneurisma cerebral. Fonte: Adaptada de Aneurisma ([2016]). Aneurisma cerebral Ruptura de aneurisma Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...2 Etiologia Dentre os fatores de risco mais associados à ocorrência dessa patologia, apresenta-se a idade mais avançada, a hereditariedade, o tabagismo, a hi- pertensão arterial (principalmente se não controlada), a história ou presença de doença renal policística, o abuso de álcool, a dependência de cocaína e a doença aterosclerótica. Pessoas com histórico familiar de aneurisma cerebral, principalmente familiares de primeiro grau, apresentam maior predisposição. Está bem estabelecida atualmente a relação entre o tabagismo e a ruptura de aneurismas cerebrais, causando geralmente uma associação fatal. Dos fatores de risco ditos que podem ser mudados, sem dúvida o tabagismo é um dos mais fortes deles. Os aneurismas recebem classificação conforme seu tamanho (Figura 2), sua forma e sua etiologia, sendo chamados de aneurismas saculares ou em baga quando formam bolsas de paredes finas que fazem protrusão na bifurcação das artérias do círculo arterial ou de seus ramos principais. A ocorrência de aneurismas se dá graças à fraqueza local e à degeneração da camada média do vaso sanguíneo, fazendo com que a camada íntima sofra um abaulamento na parede vascular. Os aneurismas saculares geralmente estão localizados nas principais ar- térias cerebrais, sendo que 85 a 95% se encontram no sistema carotídeo, com localização mais comum correspondendo à artéria comunicante anterior, à artéria comunicante posterior e à artéria cerebral média. Ainda existe o aneurisma tipo fusiforme, que possui dilatações alongadas das grandes artérias, tendo mais ocorrência no sistema vertebrobasilar, mas também estando envolvidos nas artérias carótida interna, cerebral média e cerebral anterior, mais presentes em portadores de arteriosclerose e hipertensão arterial. O AVE hemorrágico menos comum é o do aneurisma de rompimento traumático, que ocorre após acidentes que envolvam pancadas na cabeça da vítima. O mecanismo mais comum desse tipo de lesão tem origem nos traumatismos cranianos fechados, em que a lesão é causada por tração nas paredes dos vasos ou aprisionamentos dentro de fraturas. 3Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismocranioencefálico... Além desses tipos de aneurismas citados, ainda existe, em bem menor ocorrência, em torno de 4%, os aneurismas micóticos. Estes estão relacionados a processos infecciosos por fungos ou endocardites bacterianas subagudas. Geralmente esses aneurismas têm morfologia fusiforme e friável, dificultando resolução por tratamento cirúrgico por apresentarem grande risco de vida ao paciente. Correspondendo de 3 a 5%, citam-se os aneurismas gigantes intracranianos, que têm diâmetro acima de 2,5 cm. Eles podem se apresentar nos tipos sacular ou fusiforme. Os aneurismas cerebrais podem ser classificados, ainda, como rotos ou não rotos, sendo os rotos uma urgência médica, pois o risco de nova ruptura é maior. A ruptura de um aneurisma é perigosa, pois resulta em HSA. Figuras 2. Tipos de aneurismas cerebrais. Fonte: Adaptada de Raupp ([2014]). Aneurisma sacular Aneurisma fusiforme Ruptura de aneurisma Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...4 Sintomas Na maioria dos casos, os aneurismas cerebrais não apresentam sintomas, sendo que a ocorrência sintomatológica é mais comum em razão de sua ruptura e consequente hemorragia cerebral, apresentando: � cefaleia súbita e intensa, geralmente referida como a pior cefaleia já sentida pelo paciente; � rigidez de pescoço; � vômitos; � desmaios; � coma; � morte. Em menor incidência pode ocorrer paralisia focal, de um lado do corpo, convulsões, alteração da visão e ptose palpebral. Boa parte dos pacientes pode ter um mal-estar súbito com coma imediatamente após o rompimento do aneurisma e, com isso, é importante o reconhecimento rápido nos casos mais leves, para a internação, a identificação e o correto tratamento. Tratamento Sempre que identificado um aneurisma cerebral deve ser avaliado o tratamento cirúrgico para sua resolução, pois o risco de ruptura é uma das mais graves consequências dessa doença vascular. Como as consequências do aneurisma roto são drásticas, tanto em mortalidade quanto em sequelas neurológicas, muitos neurologistas e neurocirurgiões aconselham cirurgia preventiva para os aneurismas não rotos, principalmente naqueles aneurismas com diâmetro maior do que 7 mm. O que vai de fato definir o tratamento ideal dos aneu- rismas cerebrais são as condições do paciente, a anatomia do aneurisma e a habilidade do profissional. Os tratamentos mais realizados para o tratamento dessa patologia vascular consistem basicamente na abordagem cirúrgica e no processo de embolização endovascular. Cirurgia convencional do aneurisma cerebral — Processo cirúrgico que consiste em realização de craniotomia para acesso, clipagem e ligadura de um aneurisma cerebral (Figura 3). 5Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... Figura 3. Clipagem de aneurisma cerebral. Fonte: Adaptada de Kearns ([2017]). Aneurisma cerebral Aneurisma cerebral clipado Encolhimento do aneurisma por isquemia Embolização endovascular — Essa técnica é mais recente que a cirurgia convencional, sendo criada na década de 90. Vem sendo cada vez mais utili- zada, pois constitui um método eficiente que previne o sangramento, estando aliada ao fato de ser minimamente invasiva, apresentando baixas taxas de complicações. Porém, ela deve ser bem avaliada, já que apresenta alta taxa de recanalização ao longo do tempo e, em casos de aneurismas de colo largo, sua eficácia é ainda bastante debatida (Figura 4). Figura 4. Embolização endovascular de um aneurisma cerebral. Fonte: Adaptada de Kearns ([2017]). Fios de platina inseridos com o auxílio de um cateter Os �os formam espirais que preenchem o aneurisma Os �os formam uma espécie de malha, preenchendo o local, evitando, assim, o rompimento do aneurisma Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...6 Prognóstico do aneurisma Quando um paciente apresenta um aneurisma cerebral, o prognóstico dessa doença dependerá do tamanho, do formato e da posição do aneurisma cerebral. Fatores como idade, estado de saúde geral, condições neurológicas prévias e atuais, reserva funcional de demais órgãos, tabagismo, aneurisma roto e suas complicações irão agir positiva ou negativamente no prognóstico do paciente. Metade dos pacientes acometidos por aneurisma cerebral roto morrem graças à hemorragia causada antes mesmo de chegarem ao hospital, antes que possa ser prestado socorro e atendimento especializados. Esse tipo de aneurisma é responsável pela causa mais frequente de morte súbita em adul- tos entre 25 e 55 anos de idade. Daqueles que chegam com vida ao hospital, metade terá evolução para o óbito, principalmente os que chegam em estado de coma moderado ou profundo. Pacientes que chegam conscientes ao hospital não apresentam complicações graves adicionais na internação, tendo maior possibilidade de recuperação com quase nenhum déficit neurológico. As possíveis sequelas são as mais variadas possíveis, estando ligadas à estrutura cerebral que foi atingida. Mais frequentemente, notam-se défices motores, na fala e cognitivos. AVE hemorrágico O AVE hemorrágico se caracteriza pelo sangramento em uma parte do encéfalo, como consequência do rompimento de um vaso sanguíneo. Pode ocorrer para dentro do cérebro ou tronco cerebral — acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico intrapa- renquimatoso — ou para dentro das meninges — HSA. A hemorragia intraparenquimatosa (HIP) é o subtipo mais comum de hemorragia cerebral, acometendo cerca de 15% de todos os casos de AVE. Causas: ocorre principalmente em decorrência da hipertensão arterial ou de uma doença chamada angiopatia amiloide. Nessas doenças, as paredes das artérias cerebrais ficam mais frágeis e se rompem, causando o sangramento. Sintomas: os sinais e sintomas são sempre súbitos e podem ser: fraqueza de um lado do corpo, perda da sensibilidade ou do campo visual de um ou ambos os olhos, tontura, dificuldade para falar ou para compreender palavras simples e até mesmo a perda da consciência ou crises convulsivas. Diagnóstico: é feito por meio da realização de exames de neuroimagem, como tomografia de crânio ou ressonância magnética, logo diante da suspeita clínica, ou 7Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... seja, imediatamente na chegada ao hospital, no serviço de emergência. Esses exames demonstram a localização e o tamanho da hemorragia. Tratamento: pode ser cirúrgico ou clínico, dependendo do volume da lesão, da localização e da condição clínica do paciente. Mesmo os pacientes tratados cirurgi- camente recebem todo o suporte clínico e de reabilitação. O tratamento cirúrgico visa a retirar o sangue de dentro do cérebro. Em alguns casos, coloca-se um cateter para avaliar a pressão dentro do crânio, que aumenta por conta do inchaço do cérebro após o sangramento. Em algumas situações, o tratamento cirúrgico é decidido por essa medida e não realizado logo na entrada do paciente no hospital, principalmente porque alguns têm um novo sangramento poucas horas depois do primeiro. O tratamento clínico tem o objetivo de controlar a pressão arterial e as complicações como crises convulsivas e infecções. A reabilitação deve ser iniciada tão logo a condição do paciente permita e é uma parte do tratamento. Como seu início depende das condições do paciente, somente deve ser feita quando não há perigo de piorar o estado neurológico ou clínico. Um bom programa de reabilitação conta com uma equipe de fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional, que deverá traçar um plano terapêutico individua- lizado, baseado nas sequelas neurológicas, garantindo a qualidade de vida do paciente. Prevenção: deve ser feita pelo controle rigoroso da pressão arterial, que deve ser mantida a níveis inferiores a 120 × 80 mmHg, e evitando o consumo abusivo do álcool, que também é um importante fator de risco para essa doença. Fonte: Acidente ([2016]). TCE O TCE é classificadocomo uma disfunção cerebral causada por qualquer força externa que causa lesão encefálica traumática decorrente de acidentes automobilísticos, quedas, prática de esportes, entre outros. Os TCEs consti- tuem um problema de saúde pública que causa grande impacto econômico, envolvendo desde os custos com o tratamento até a relação de interrupção de vida produtiva do acidentado. Esse tipo de acidente é a principal causa de mortalidade e morbidade entre adultos jovens. Fisiopatologia do TCE As lesões provocadas pelo TCE são divididas em duas fases, baseadas em mecanismos fisiopatológicos distintos, sendo lesão primária e lesão secundária oriunda do TCE. Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...8 Lesão primária: resulta da força mecânica direta atuante no momento do trauma, do impacto inicial e que são transmitidas ao crânio e às suas estruturas internas. Das lesões primárias podem resultar lesões difusas decorrentes de força de desaceleração e de rotação, além de lesões focais decorrentes de forças de contato direto. O tipo da lesão primária resultante de um TCE depende da natureza e da magnitude da força física aplicada, além de sua duração e local da aplicação. Lesão secundária: desenvolve-se e surge nas primeiras horas após o impacto inicial e é caraterizada por alterações intra e extracelulares que causam edema cerebral e pós-traumático e consequente aumento da PIC. Classificação clínica do TCE A classificação clínica do TCE é baseada no exame físico do paciente por meio da escala de coma de Glasgow, que visa a uma avaliação numérica na categorização das alterações neurológicas. Essa escala se baseia em quatro parâmetros: abertura ocular, resposta verbal, resposta motora e análise da reatividade pupilar. Seu resultado será dado após a soma da pontuação dos três primeiros parâmetros e a subtração do último parâmetro, tendo um score que varia entre 1 e 15. Na conclusão da avaliação dessa escala, temos: � Resultado menor ou igual a 8: TCE grave. � Resultado entre 9 e 13: TCE moderado. � Resultado entre 14 e 15: TCE leve. A escala de coma de Glasgow teve maior relevância antes da existência da tomografia computadorizada, mas, hoje em dia, continua tendo um importante papel na avaliação do grau de gravidade do traumatismo, principalmente no atendimento pré-hospitalar, correlacionando-se tanto com a gravidade do TCE quanto com o prognóstico do acidentado. Classificação anatômica do TCE Contusão — Resultado de um trauma caracterizado por edema geralmente associado à hemorragia subpial, localizada principalmente nas áreas que fazem contato com a superfície óssea craniana. Os danos neurológicos decorrentes das contusões dependem da área atingida e da gravidade do trauma, podendo causar efeitos mais graves em decorrência de edema cerebral ou da ocorrência de hemorragias. As contusões são mais graves se estiverem associadas a 9Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... fraturas cranianas e podem agravar a lesão secundária no tecido adjacente por libertação de neurotransmissores e alterações bioquímicas locais. Hematoma epidural — Ocorrência de coleção sanguínea no espaço epidural, entre a meninge dura-máter e o tecido ósseo craniano. Esse tipo de hematoma está relacionado com 5 a 15% das lesões cranianas fatais, sendo mais comum em pessoas com menos de 50 anos, sobretudo na idade pediátrica, graças às vascularizações dural e intradiploica em abundância. A ocorrência desse tipo de hematoma está geralmente associado a fraturas cranianas que provocam laceração de vasos durais. Os hematomas epidurais podem ser classificados como: � Tipo I: agudo ou hiperagudo, com surgimento no primeiro dia do TCE. � Tipo II: subagudo, com surgimento entre o segundo e quarto dia após o TCE. � Tipo III: crônico, com aparecimento entre o sétimo e vigésimo dia após o TCE. A morbidade e mortalidade relacionadas com esses hematomas estão ligadas com a demora do diagnóstico e o atraso no início do tratamento, sendo que há um excelente prognóstico após a intervenção cirúrgica, se realizada dentro do tempo correto e não havendo lesões associadas. Hematoma subdural — Resultado do acúmulo de coleção sanguínea entre a dura-máter e o tecido encefálico, estando relacionados a ruptura de veias durais e veias corticais. Os hematomas subdurais agudos estão relacionados com 50 a 60% das lesões cranianas, podendo apresentar uma etiologia não traumática quando relacionado a fatores de anticoagulação. Esse tipo de hematoma pode causar uma lesão cerebral isquêmica do córtex adjacente em decorrência do efeito compressivo que compromete o retorno venoso e eleva a pressão intracraniana diminuindo a pressão de perfusão cerebral. Podem ser classificados como: � Agudos: quando compostos por coágulo e sangue em tempo menor que 48 horas após a ocorrência do TCE. � Subagudos: quando composto por sangue e fluido intersticial entre 2 a 14 dias após a ocorrência do TCE. � Crônicos: quando composto apenas por fluido intersticial e com tempo acima de 14 dias após a ocorrência do TCE. Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...10 O prognóstico do paciente acometido por esse tipo de hematoma dependerá diretamente do tempo de intervenção cirúrgica, quando estiver indicada. Existem casos em que a apresentação do hematoma corresponde a uma lesão muito extensa envolvendo todo um hemisfério ou apresentando um edema cerebral difuso. Nesses casos, a cirurgia dificilmente trará alguma solução, pois esse tipo extenso de hematoma costuma ser fatal. Hematoma intraparenquimatoso — Tipo de hematoma que ocorre com a ruptura de pequenos vasos dos parênquimas cerebrais, localizados sobretudo na região temporal e orbitofrontal. Está relacionado com 20% dos hematomas intracranianos pós-traumáticos, estando associados a contusões. São cons- tituídos por dois terços de sangue e têm margens bem delimitadas, podendo conter coágulos oriundos de pequenas contusões. O tratamento depende da causa, do volume do hematoma e do estado neurológico da pessoa acometida. Muitas vezes, é necessária a remoção cirúrgica do hematoma para diminuir a pressão intracraniana e prevenir a morte. HSA — Hemorragia resultante do rompimento de vasos que conduzem san- gue para as cisternas do espaço subaracnóideo. Ocorre em 33% dos casos de TCE grave e está relacionado com o pior prognóstico neurológico possível, podendo ocorrer também após a ruptura de um aneurisma cerebral. O sangue no espaço subaracnóideo produz uma reação inflamatória equivalente a uma meningite química, que causa aumento da pressão intracraniana durante dias ou algumas semanas. O vaso espasmo subsequente pode produzir isquemia cerebral focal, sendo que cerca de 25% dos pacientes desenvolvem sinais de acidente isquêmico transitório (AIT) ou AVC isquêmico. O edema cerebral é máximo e o risco de vasospasmo e infarto cerebral subsequente é maior entre 72 horas e 10 dias. Pode ocorrer também hidrocefalia aguda secundária. Por vezes, acontece uma segunda ruptura, um ressangramento, em geral em um período de até sete dias. Cerca de 35% dos pacientes morrem após a primeira HSA por aneurisma; outros 15% morrem em poucas semanas em razão de ruptura subsequente. É comum a presença de danos neurológicos nos sobre- viventes, mesmo quando o tratamento é o mais eficiente. Hemorragia intraventricular — Tipo de hemorragia que acomete também os ventrículos cerebrais, estando associado à existência concomitante de hematomas intraparenquimatosos. Está presente em aproximadamente 25% dos casos de TCE grave, podendo apresentar a hidrocefalia aguda causada por desequilíbrio no funcionamento dos ventrículos. 11Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... Hipertensão intracraniana O aumento da PIC em casos de TCE é conhecido como um mecanismo de lesão secundário. Esse fato ocorre em decorrênciado aumento do cérebro por edema cerebral e/ou por acúmulo de líquido. A PIC considerada normal varia de 5 a 15 mmHg e valores acima do normal dificultam a correta circulação sanguínea cerebral, causando com isso morte celular cerebral por anoxia. Após a ocorrência de uma lesão primária, inicia-se uma cascata neuro- tóxica que apresenta alterações intracelulares e extracelulares. As alterações intracelulares abrangem o desequilíbrio de cálcio, a disfunção mitocondrial, a produção de radicais livres de oxigênio e a consequente apoptose das células envolvidas nesse processo, enquanto que as alterações extracelulares estão relacionadas com alterações de membrana vascular e acidose extracelular. Ambos os processos se tornam responsáveis pelo descontrole da autorregu- lação cerebral e pelo desenvolvimento do edema cerebral pós-traumático que causa a hipertensão craniana (HIC). A HIC está relacionada com os eventos moleculares já citados, podendo surgir dias após o acontecimento do TCE, dependendo da evolução da lesão ocasionada pelo trauma. As estatísticas apontam que os TCEs graves correspondem a apenas 4% do total, porém, são eles que estão associados às maiores taxas de morbimorta- lidade, isso porque 60% dos pacientes internados por TCE grave têm a morte como desfecho da doença. Ainda se sabe que 50% dos acidentados com TCE grave desenvolverão HIC. Por isso tudo, a monitorização de PIC nas unidades de saúde que tratam esses pacientes deve ser adotada como praxe para que seja destinada uma assistência qualificada e focada em manter os níveis tensórios cerebrais adequados, garantindo uma adequada perfusão cerebral. Comprometimentos neurológicos pós-TCE O TCE é uma condição que varia em termos de etiologia, gravidade e prognós- tico. Pacientes que sobrevivem a um TCE podem apresentar sequelas perma- nentes ou transitórias abrangendo défices motores, sensoriais, cognitivos, de linguagem, de memória, de comportamentos e emocionais. Aproximadamente 50 a 75% dos acometidos por TCE ficam com sequelas cognitivas e compor- tamentais. A ocorrência dessas sequelas gera um impacto substancial na vida do paciente, da sua família e também da sociedade, pois poucos indivíduos após um TCE grave conseguem reassumir suas atividades habituais com inde- pendência, trazendo insatisfações no bem-estar sobre a qualidade de vida dos acometidos. Por fim, fica importante entender que tanto o comprometimento Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...12 neuropsicológico como a gravidade do défice variam de acordo com a idade cronológica no momento do trauma. Com isso, existe maior vulnerabilidade dos efeitos decorrentes aos danos pós-traumáticos e alterações cognitivas em crianças menores, quando comparadas a pacientes com mais idade. A escala de coma de Glasgow é um método para definir o estado neurológico de pacientes com uma lesão cerebral aguda analisando seu nível de consciência. Esse importante recurso foi atualizado em abril de 2018 e é muito utilizado por profissionais de saúde logo após o trauma, auxiliando no prognóstico da vítima e na prevenção de eventuais sequelas. Apesar de ser muito utilizada atualmente pela Medicina e pela Enfermagem, essa classificação de assistência é recente. Foi em 1974 que Graham Teasdale e Bryan J. Jennett (do Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow) publicaram oficialmente a escala na revista Lancet. O objetivo era fornecer uma metodologia de atendimento que apontasse tanto a profundidade do dano neurológico quanto a duração clínica de inconsciência e coma. Atualmente, essa escala avalia a abertura ocular, a resposta verbal, a resposta motora e a reação pupilar. TRM Define-se por TRM toda agressão causada à medula espinal que cause pre- juízos neurológicos, gerando transtornos das funções motora, sensitiva e autônoma. Pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 40 anos são os que mais sofrem esse tipo de trauma. Acidentes de trânsito, quedas de alturas, acidentes de mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo (FAF) são as principais causas do TRM. Os traumas causados à medula espinal podem ser pequenos, causando uma concussão transitória que pode ser recuperada até uma transecção completa da medula espinal, causando danos irreversíveis que causam paralisia dos movimentos abaixo do local traumatizado. Os maiores riscos em lesões graves causadas na medula espinal são o choque medular, o choque neurogênico, a trombose venosa profunda (TVP), a disreflexia autônoma, a bexiga neuro- gênica, o intestino neurogênico, a espasticidade, as úlceras por pressão, as pneumonias, as alterações psicossociais e as infecções. 13Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... É imprescindível que uma assistência de enfermagem voltada para a pre- venção de complicações possa contribuir para diminuir as sequelas, reduzir o tempo de internação hospitalar e melhorar a autoconfiança, a credibilidade e a adesão ao tratamento, sendo que pessoas vítimas de TRM passam por um processo de reabilitação longo que é difícil para todos os envolvidos e requer ajustes e adaptações no dia a dia dos pacientes para que se tornem produtivos. Tetraplegia Tipo de paralisia que diz respeito a uma lesão raquimedular que ocorre acima da primeira vértebra torácica, ou entre as secções cervicais C1 a C8. Como resultado desse trauma surge algum nível de paralisia nos quatro membros: pernas e braços. O grau de paralisia varia de acordo com a natureza da lesão, em que medida foi submetido a terapia de reabilitação e, muitas vezes, a fatores que ainda não estão bem compreendidos. A terminologia mais utilizada para designar essa lesão na atualidade é a tetraplegia, mas muitos pacientes conhecem e usam a palavra quadriplegia. A tetraplegia, dependendo da sua gravidade, pode interferir na capacidade respiratória fisiológica, colocando pacientes na dependência de ventiladores artificiais para realizarem o mecanismo respiratório. De um modo geral, quanto mais acima ocorrer a lesão, mais extenso será o dano. Paraplegia Tipo de paralisia causada por lesão raquimedular abaixo dos níveis espinais torácicos entre as vértebras T1 e L5. Pacientes paraplégicos são capazes de usar as mãos livremente, mas o grau de deficiência nas pernas depende da lesão. Algumas pessoas paraplégicas ficam totalmente paralisadas da cintura para baixo. Outras pessoas podem apenas sentir pequenas dificuldades de mobilidade, ou perda de sensibilidade na parte inferior do corpo; o grau de comprometimento dependerá do grau da lesão. Nem todas as lesões na medula espinal resultam em plegias. Esse tipo de lesão pode provocar diferentes problemas. Por exemplo, uma lesão na região lombar da coluna pode provocar uma condição conhecida como síndrome da cauda equina, que interfere com o funcionamento da bexiga e das pernas e com a função sexual (Figura 5). Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...14 Figura 5. Anatomia da coluna espinal e possíveis níveis de lesões. Fonte: Adaptada de Sakurra/Shutterstock.com. Cervical C4 - C6 - Tetraplegia (quadriplegia) Paralisa todo o corpo do pescoço para baixo Torácica T1 e abaixo - Paraplegia Ocorre quando a medula espinal é lesionada, tanto na região torácica quanto na lombar Sacro Lombar A medula espinal termina na L2, mas as lesões são possíveis abaixo e no �nal da medula (cauda equina) Considerações anatômicas A medula espinal está protegida pela coluna vertebral e esta tem entre 33 e 34 vértebras, divididas em 7 cervicais; 12 torácicas; 5 lombares e 4 ou 5 coccígeas. A medula espinhal de um adulto tem cerca de 45 cm e estende-se desde a altura do atlas, primeira vértebra cervical, até a primeira ou segunda vértebra lombar. A medula espinal se afina para formar o cone medular, do qual se estende um filamento delicado, denominado de filum terminale, que se insere próximo ao primeiro segmento coccígeo. Naparte baixa do canal vertebral descendem as raízes dos nervos espinais caudais, que, juntamente com o filum terminale, formam a cauda equina, que tem o seu início no nível da vértebra T11 e termina caudalmente no nível do terceiro segmento sacral. 15Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... Fisiopatologia A medula espinal é responsável por conduzir impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e as demais regiões do corpo. Lesões causadas por transferência de energia cinética na medula espinal podem causar rompimento dos axônios, além de causar lesões das células nervosas e a ruptura de vasos sanguíneos adjacentes. Esse processo desencadeia um estágio agudo de TRM, abrangendo um tempo de até oito horas após o acidente. Concomitantemente pode ocorrer hemorragia e necrose de substância cinzenta seguida de edema raquimedular. O fluxo sanguíneo local fica danificado pela formação de pe- téquias hemorrágicas na substância cinzenta já no primeiro minuto da lesão medular espinal (LME). A aglutinação dessas petéquias dentro da primeira hora resulta em necrose central hemorrágica, que pode se estender até a substância branca nas horas seguintes, causando uma redução geral do fluxo sanguíneo no local da lesão, causando morte celular nesse local. Comprometimento neurológico Será o grau de comprometimento que determinará as possíveis complicações que o acidentado poderá apresentar. Para determinar com exatidão qual o grau de comprometimento que o trauma causou, é essencial aguardar que passe a fase de choque medular, que dura em torno de três dias a seis semanas, considerando que quadros infecciosos podem aumentar esse período. As complicações associadas ao TRM se instalam pelo completo estado de arreflexia da medula espinal, ocorrido após o traumatismo grave nessa estru- tura. Durante o choque medular, que pode ocorrer logo após o traumatismo da medula, o paciente apresenta ausência total da sensibilidade, dos movimentos e do reflexo bulbocavernoso, mesmo que a lesão não seja completa e permanente, estando presente em condições normais. A presença do retorno do reflexo do bulbocavernoso indica o fim do choque medular e, assim, permite-se concluir qual o grau da lesão neurológica causada. Traumas raquimedulares também podem causar o choque neurogênico, caracterizado pela queda da pressão arterial acompanhada de bradicardia. Nesse caso ocorre lesão das vias eferentes do sistema nervoso simpático medular e vasodilatação dos vasos viscerais e das extremidades juntamente com a perda de tônus simpático cardíaco, sendo esta a responsável pela queda também dos batimentos cardíacos. Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...16 A presença de TVP também é uma anormalidade que pode surgir no acidentado, acometendo cerca de 80% de pacientes com lesões completas. A incidência de TVP é maior entre 7 a 10 dias após a lesão, sendo uma complicação comum causada pela imobilidade dos membros inferiores. A profilaxia para a TVP é realizada com terapia anticoagulante, uso botas de retorno venoso e de meias elásticas, execução de fisioterapia que promovam amplitude de movimentos. Em acidentados que tiveram traumas da medula cervical acima do fluxo simpático, e em menos ocorrência em lesões torácicas acima de T6, pode ocorrer a disreflexia autonômica. A disreflexia autonômica é uma alteração vasomo- tora, também conhecida como crise autonômica hipertensiva, decorrente de uma liberação do sistema nervoso autônomo (SNA), que é desencadeada por um estímulo nociceptivo. Tem como sinais e sintomas: hipertensão arterial, sudorese profusa, rubor facial, congestão nasal e cefaleia latejante. Essa com- plicação traz problemas associados ao funcionamento da bexiga urinária e dos intestinos, causando principalmente hiperdistensão desses órgãos. Após uma lesão grave da medula espinal, também podem ocorrer compli- cações como a bexiga neurogênica e o intestino neurogênico. Esses distúrbios causam a perda do controle fisiológico do padrão miccional e intestinal. Os problemas decorrentes disso estão relacionados a incontinências urinária e fecal, infecções, urolitíase, danos renais e intestinais secundários, formação de fecalomas, entre outros. A ocorrência da espasticidade tônus muscular também pode acometer pessoas com TRM, provocando uma tensão involuntária anormal, diminuída ou aumentada. A diminuição do tônus muscular acompanha a paralisia em razão de uma lesão do neurônio motor inferior, sendo também vista na fase aguda após uma lesão do neurônio motor superior, ou seja, durante choque espinal. O aumento do tônus muscular acompanha as fases aguda e crônica na sequência da lesão do neurônio motor superior. A espasticidade, por sua vez, é um complexo e multifacetado aspecto de um fenômeno conhecido como síndrome do neurônio motor superior. A imobilidade que um TRM pode causar expõe o paciente ao contato prolongado com umidade proveniente da perspiração da urina e das fezes, atrito e forças de cisalhamento, diminuição da perfusão tissular, gerando fatores contribuintes para o aparecimento de úlceras por pressão, assim como equipamentos, como aparelho gessado, tração e contenção. O tipo de utensílios associados à paralisia como tipo de eleito, colchões, travesseiros e cadeiras também contribuem com a formação dessas lesões. A imobilidade também aumenta substancialmente o desenvolvimento de pneumonias associadas à 17Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico... restrição ao leito. Pacientes com tetraplegia ou paraplegia alta estão expostos ao risco aumentado de infecções pulmonares em razão de paresia do diafragma e dos músculos intercostais que acabam por prejudicar a capacidade de eliminar secreções respiratórias. Se durante a internação o paciente necessitou fazer uso de traqueostomia ou de intubação endotraqueal, o risco de pneumonia fica ainda mais aumentado, por maior acesso externo que esses meios promovem ao sistema respiratório inferior. Além de todas as complicações físicas que o acidentado pode desenvolver, o enfermeiro deve atentar também ao seu estado psicológico, pois na fase aguda da lesão da medula espinal o indivíduo pode experimentar uma gama de emoções, tais como desespero, dormência, medo, desesperança e raiva. Essa turbulência emocional é muitas vezes caótica e desorganizada. Pode ser ainda mais complicada pelo período obrigatório de repouso durante o qual um estado de sensorial privação ocorre. A súbita incapacidade de continuar dessa forma e a necessidade de levar uma vida mais ordenada podem significar um longo período de tempo de ajustamento. A falha em reconhecer que esse processo pode continuar por até dois ou três anos pode prejudicar o processo de reabilitação do paciente. Por fim, a assistência de enfermagem destinada aos pacientes que experi- mentam lesões do sistema nervoso deve sempre estar amparada para minimizar a ocorrência complicações associadas ao trauma, levando em consideração que o ser humano é um organismo complexo que necessita de planos de cuidados tanto para danos físicos quanto para fragilidades psicológicas. A detecção precoce desses problemas e a prestação de terapia física e psicológica permitirá que um indivíduo supere essas complicações, auxiliando em sua recuperação e sua reabilitação pós-trauma. Confira no link a seguir uma revisão básica da anatomia da medula espinal para entender melhor os níveis medulares, a fase de choque e o automatismo medular (LESÃO, 2017). https://goo.gl/WP3WPb Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo cranioencefálico...18 ACIDENTE Vascular cerebral hemorrágico. Albert Einstein: Sociedade Beneficente Israelita Brasileira, São Paulo, [2016]. Disponível em: <https://www.einstein.br/doencas-sintomas/ avc/avc-hemorragico>. Acesso em: 28 set. 2018. ANEURISMA Cerebral e os cuidados de Enfermagem. Enfermagem novidade,[S. l.], [2016]. Diposnível em: <https://www.enfermagemnovidade.com.br/2016/09/aneurisma- cerebral-e-os-cuidados-enfermagem.html>. Acesso em: 28 set. 2018. KEARNS, C. An introduction to brain aneurysms. Artibiotics, [S. l.], 23 jul. [2017]. Disponível em: <https://artibiotics.com/blog/intro-to-brain-aneurysms>. Acesso em: 28 set. 2018. LESÃO medular (Traumatismo raquimedular). Videoaula ministrada por Rogério Souza. [S. l.], 2017. 1 vídeo (22min36s). Disponível em: <https://goo.gl/WP3WPb>. Acesso em: 28 set. 2018. RAUPP, E. Tratamento endovascular de aneurisma cerebral. Neurorradiologia inter- vencionista, Porto Alegre, [2014]. Disponível em: <https://dreduardoraupp.com.br/ tratamento_aneurisma.php>. Acesso em: 28 set. 2018. Leituras recomendadas CHAVES, M. L. F.; FINKELSZTEJN, A.; STEFANI, M. A. Rotinas em neurologia e neurocirurgia. Porto Alegre: Artmed, 2008. GAUDÊNCIO, T. G; LEÃO, G. M. A epidemiologia do traumatismo crânio-encefálico: um levantamento bibliográfico no Brasil. Revista Neurociências, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 427-434, out. 2013. Disponível em: <http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2013/ RN2103/revisao/814revisao.pdf>. Acesso em: 29 set. 2018. GREENBERG, D. A.; AMINOFF, M. J.; SIMON, R. P. Neurologia clínica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. (Série Lange). HAUSER, S. L.; JOSEPHSON, S. Neurologia clínica de Harrison. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. OLIVEIRA, C. O.; IKUTA, N.; REGNER, A. Biomarcadores prognósticos no traumatismo crânio-encefálico grave. Rev. Bras. Ter. Intensiva, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 411-421, dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbti/v20n4/v20n4a15.pdf>. Acesso em: 29 set. 2018. OLIVEIRA, E. et al. Traumatismo crânio-encefálico: abordagem integrada. Acta Med Port, [S. l.], v. 25, n. 3, p. 179-192, maio/jun. 2012. 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EXERCÍCIOS 1) O aneurisma cerebral é uma dilatação na parede de uma artéria cerebral que se forma em uma região arterial enfraquecida criando uma saliência que cresce gradativamente. Ao se romperem, os aneurismas causam hemorragia entre os tecidos cerebrais ou entre as meninges, este último quadro, conhecido como hemorragia subaracnóidea, é um subtipo de acidente vascular cerebral, responsável por, aproximadamente, 5% de todos os casos de AVE. Com isso, marque a alternativa CORRETA: A) Os aneurismas cerebrais podem ser classificados ainda como rotos ou não rotos, sendo que os rotos não apresentam uma urgência médica, pois o risco de nova ruptura é baixo. B) Quando há a ruptura, ocorre a hemorragia subaracnóidea. O sangue se espalha pelas meninges (membranas que cobrem o cérebro) e provoca sinais como dor de cabeça intensa e repentina, náuseas e vômitos, confusão mental, déficits neurológicos, alterações nos batimentos cardíacos e na respiração, chegando à perda da consciência e até morte. C) Quando há um aumento significativo do aneurisma, pode haver compressão de estruturas dentro da calota craniana. Essa compressão, apesar de grave, é sempre assintomática, o que pode fazer com que o paciente demore a procurar o serviço de atendimento, agravando o quadro e impossibilitando a reversibilidade do caso e a minimização dos danos. D) Os aneurismas podem ocorrer quando as pessoas apresentam pontos frágeis na parede das artérias, que ao longo dos anos se dilatam. Trata-se de um processo crônico, nunca em decorrência de um trauma físico. E) A maioria dos pacientes com aneurismas cerebrais apresenta sintomas. O aneurisma, assim que existe, causa sintomas, podendo, inclusive, levar à morte. 2) Um paciente, masculino, de 42 anos procura a emergência de um hospital com sintomas de cefaleia intensa, rigidez de pescoço e vômitos, com isso, é internado com hipótese diagnóstica de aneurisma cerebral. O exame de imagem evidenciou a presença de um aneurisma sacular. Nesse caso, a artéria mais frequentemente atingida é a: A) Artéria cerebral média. B) Artéria carótida. C) Artéria cerebral anterior. D) Artéria cerebral posterior. E) Artéria comunicante anterior. 3) A escala de coma de Glasgow foi publicada, inicialmente, em 1974, por Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, como método para avaliação direta do paciente com traumatismo cranioencefálico e atualizada no ano de 2018. A pontuação 7 em um paciente vítima de traumatismo craneoencefálico, com perda de consciência, determina: A) Nao há traumatismo cranioencefálico. B) Traumatismo cranioencefálico grave. C) Traumatismo cranioencefálico intermediário. D) Traumatismo cranioencefálico leve. E) Traumatismo cranioencefáliico moderado. 4) Sobre os comprometimentos neurológicos após a ocorrência de um TCE, marque a alternativa CORRETA: A) Pacientes que sobrevivem a um TCE podem apresentar sequelas permanentes ou transitórias abrangendo défices motores, sensoriais, cognitivos, de linguagem, de memória, de comportamentos e emocionais. B) Aproximadamente 90% dos acometidos por TCE ficam com sequelas cognitivas e comportamentais. C) A ocorrência de sequelas neurológicas causa pouco impacto na vida do paciente, da sua família e também da sociedade, pois a maioria dos indivíduos, após um TCE grave, consegue reassumir suas atividades habituais com independência. D) Tanto o comprometimento neuropsicológico como a gravidade do déficit são invariáveis de acordo com a idade cronológica no momento do trauma. E) Existe maior vulnerabilidade dos efeitos decorrentes aos danos pós-traumáticos e alterações cognitivas em idosos. 5) As complicações associadas ao TRM se instalam pelo completo estado de arreflexia da medula espinal, ocorrido após o traumatismo grave na medula. Marque a alternativa que contempla possíveis alterações em decorrência ao TRM: A) Choque cardiogênico, trombose venosa profunda, disreflexia autonômica, bexiga e intestino neurogênicos e alterações psicológicas. B) Choque neurogênico, tromboembolia pulmonar, disreflexia autonômica, bexiga e intestino neurogênicos e alterações psicológicas. C) Choque neurogênico, trombose venosa profunda, disreflexia autonômica, bexiga e intestino neurogênicos e alterações psiquiátricas. D) Choque neurogênico, trombose venosa profunda, disreflexia autonômica, bexiga e intestino neurogênicos e alterações psicológicas. E) Choque neurogênico, trombose venosa profunda, reflexia autonômica, bexiga e intestino neurogênicos e alterações psicológicas. NA PRÁTICA A embolização endovascular é um procedimento realizado nos casos de aneurisma intracraniano. Esse procedimento diminui a circulação de sangue e a pressão dentro do aneurisma, através da inserção de fios neurocirúrgicos de platina no espaço do aneurisma, até que seja determinado que o fluxo de sangue não está mais adentrando no aneurisma. Confira agora Na Prática um caso clínico de embolização de aneurisma cerebral. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Traumatismo cranioencefálico (aula completa) - TCE #1 Assista neste vídeo sobre traumatismo cranioencefálico:definições, etiologia, estágios da lesão, mecanismos de lesão, fisiopatologia, quadro clínico e classificação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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