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PSICOSSOCIOLOGIA DAS SAÚDE - SAÚDE E COPING

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PSICOSSOCIOLOGIA DAS SAÚDE 
2021/2020 
“Saúde e Coping” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INDICE 
 
Introdução___________________________________________________________ 
Elementos Conceptuais e Teóricos________________________________________ 
Noção de Adaptação____________________________________________ 
Noção de Mecanismos de Defesa__________________________________ 
Noção de Coping______________________________________________________ 
As Formas e Estilos de Coping____________________________________________ 
Coping Centrado ao Problema_____________________________________ 
Coping Centrado em Emoções_____________________________________ 
Eficácia do Coping_____________________________________________________ 
Fatores que Influenciam o Coping________________________________________ 
Escalas e Questionários – Coping e Saúde 
Escala a Ways of Copng Checklist (WWS) – Lazarus e Folkaman (1984)_____ 
Cope e Brief Cope______________________________________________ 
CODE ( Coping and Defense) e CRI ( Coping Responses Inventory)_________ 
Conclusão___________________________________________________________ 
Referencias Bibliográficas______________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Há alguns anos que os comportamentos dos humanos quando confrontados com 
acontecimentos dolorosos da vida, mais especificamente na doença chamam a atenção 
de cientistas e investigadores da área da psicologia a sociologia. 
Por isso desenvolveu-se investigações que estão todas interligadas á noção de coping, 
para assim conseguirmos aprender quais são as diferenças respostas que podemos ter 
em situações de maior stress, e evidenciou que as pessoas nessas situações, procuram 
a adaptação para essas mesmas situações. 
Com este trabalho, pretende-se abordar os conceitos e aspetos mais importantes do 
coping, as suas referências teóricas e modalidades de expressão e seus mecanismos, 
apresentar instrumentos de medida que são mais frequentemente usados na área da 
saúde e por fim as aplicações do coping relacionado com patologias especificas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ELEMENTOS CONCEPTUAIS E TEÓRICOS 
Noção de Adaptação 
O termo “adaptação” é usado em teorias de evolução, etologia e psicologia. Em 
psicologia, adaptação é um processo dinâmico de mudança ligada às capacidades inatas 
ou adquiridas de um individuo, para reagir a agressões internas ou externas procurando 
eliminar ou reduzir as consequências desfavoráveis desses acontecimentos, para que o 
individuo atinga um estado de equilíbrio compatível com a sua sobrevivência. 
Em relação ao coping, a adaptação é mais centrada nas estratégias e o processo de 
coping é uma maneira de expressar essa adaptação. 
 
Noção de Mecanismo de Defesa 
É um conceito psicanalítico que se limita em proteger o individuo de ameaças externas 
ou internas, diminuindo a sua ansiedade. Freud (1926), acentuava este conceito na 
adaptação inconsciente para a equilibrar os pensamentos e emoções dentro dos limites 
aceitáveis. 
A noção de mecanismo de defesa é, atualmente, utilizada em duas perspetivas: 
1. Refere-se a conceção psicanalítica para designar a luta do individuo contra 
pensamentos e afetos indesejáveis 
• Definição de Laplanche e Pomtalis (1968): “conjunto de operações cuja 
finalidade é reduzir, suprimir qualquer modificação suscetível de colocar em 
perigo a integridade da constância do individuo biopsicológico” 
Anna Freud (1936) estudou estes mecanismos de defesa e tirou várias formas de 
expressão, tais como, isolamento, introversão sublimação… 
Vaillant distinguiu quatro grupos destas formas de expressão: 
a) Defesas narcisistas: recusa, distorção 
b) Defesas imaturas: introversão, bloqueamento, hipocondria 
c) Defesas nevróticas: controlo, isolamento, racionalização 
d) Defesas maduras: altruísmo, humor, repressão 
 
2. Perspetiva psicopatológica cognitiva. Propõe abordagens que permite a avaliação 
dos mecanismos de defesa através de escalas, como por exemplo, DSM-IV 
• Definição: “os mecanismos de defesa são processos psicológicos automáticos 
que protegem o individuo da ansiedade ou de fatores de stresse, internos e 
externos, muitas vezes sem o individuo ter consciência desses processos” 
 
 
 
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Nos dias de hoje, a ação de mecanismo de defesa é então utilizada com duas 
orientações, sendo uma delas psicanalítica, que se refere a uma compreensão do 
funcionamento psíquico inconsciente que se distingue do coping. A outra orientação é 
cognitiva que apreende os mecanismos de defesa como cognitivos para a adaptação, 
tendo em vista o bem-estar do individuo. 
 
NOÇÃO DE COPING 
O termo surge em 1966 explicado pelo psicólogo Richard Lazarus e tem a ver com o 
conjunto de estratégias para enfrentar acontecimentos causadores de stresse. Na 
altura, este conceito aproximava-se muito do mecanismo de defesa, então foi definido 
como tendo origem nos mecanismos de defesa que facilitam a adaptação. 
Futuramente, o conceito de coping sofreu alterações e contextualizações especificas e 
designou-se por:” o conjunto dos esforços cognitivos e comportamentais, em mudança 
constante, destinados a dominar, reduzir ou tolerar imperativos específicos, internos ou 
externos, que são sentidos como ameaçadores ou que ultrapassam os recursos de um 
individuo” - conceito de Lazarus e Folkman,1984. Esta nova definição fez com que as 
pessoas encarassem os seus problemas de forma diferente, mudando os seus 
comportamentos face ao problema que se torna ativo em vez de passivo. 
Nos dias de hoje, a noção de coping refere-se à teoria cognitiva do stress e é considerada 
como moderador dos processos que afetam a relação entre o causador de stress e as 
maneiras que o individuo possa utilizar para enfrentar essa situação. 
Foram elaborados diversos modelos de coping, no entanto, há dois tipos de abordagem 
principais: 
1. Este primeiro modelo, de Valentiner(1994), aborda o coping como um 
mecanismo de medição influenciado pela possibilidade de controlo e pelo apoio 
social, e revela que o apoio faz com que os acontecimentos sejam entendidos 
como mais controláveis e assim, serve de guia ao coping. Este modelo evidencia: 
 
• Pessoas com mais apoio social têm estilos de coping mais ativos 
• Em situações controláveis, o apoio social influência uma percentagem 
maior de coping ativo 
Este modelo sublinha a relação entre o controlo e o apoio social e que ambos estão 
relacionados com a eficácia do coping. 
 
 
 
 
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2. Um segundo modelo apresentado por Cheng(2003), tem a ver com a influência 
dos processos cognitivos no coping. Centra-se na flexibilidade do coping e na sua 
influência das estratégias de coping escolhidas. Esta flexibilidade está ligada a 
processos cognitivos, entre os quais, a capacidade de escolher um 
comportamento correto para determinada situação. Isto mostra que esta 
capacidade favorece a flexibilidade do coping. 
 Os modelos de coping mostram que é um processo de mudanças e interações 
existentes e não numa resposta em si, fazendo com que o individuo enfrente situações 
difíceis com mais facilidade. 
 
Conceitos chave: 
→ Coping: Conjunto de determinadas estratégias, de nível cognitivo ou 
comportamental, cuja função é procurar reduzir ou eliminar diversos tipos de 
conflitos prejudiciais através de adaptações que permitem criar um equilíbrio 
compatível com a sua sobrevivência. 
 
→ Estratégias de coping: Modalidades de expressão do coping que confere duas 
formas: 
• Centrado no problema- Consiste nas estratégias que procuram resolver 
o problema 
• Centrado nas emoções- Consiste nas estratégias que focam em gerir os 
estados emocionais 
 
→ Adaptação: Processo de mudança ligada às capacidades inatas ou adquiridas de 
um grupo ou pessoa, que procura reduzir ou eliminar consequências 
desfavoráveisde perigos internos ou externos, através de ajustamentos que 
permitem ao sujeito manter um equilíbrio emocional e comportamental. 
 
→ Mecanismos de defesa: Forma de adaptação, normalmente inconsciente, que o 
individuo usa para se proteger contra agressores externos ou internos, buscando 
manter as emoções, pensamentos e ansiedade dentro dos limites suportáveis. 
 
→ Resistência (hardiness): Capacidade de resistência de um individuo perante 
situações causadoras de stresse e que se traduz por estratégias de coping ativo, 
baseada na crença de conseguir dominar esses problemas. 
 
 
 
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AS FORMAS E ESTILOS DE COPING 
Foram apresentadas 2 formas principais de coping por Lazarus e Folkman em 
1984, como consequência de um estudo realizado junto de 100 adultos a quem se tinha 
pedido que respondessem todos os meses e durante um ano a uma escala (Ways of que 
res-WCC Coping Checklist), notando um facto que os tivesse perturbado, bem como as 
suas reações. Lazarus e Folkman distinguiram o coping centrado no problema e o coping 
centrado na emoção. 
Coping Centrado no problema 
O coping centrado no problema designa o conjunto de esforços comportamentais e 
cognitivos de uma pessoa, com o fim de modificar a situação em que se encontra, 
comportando dois aspetos essenciais: os esforços para mudar a situação, por um lado; 
na resolução, por outro, do problema que se traduz pela procura de meios que 
permitam chegar a este objetivo. 
 Coping Centrado nas Emoções 
O coping centrado na emoção designa o conjunto de esforços que visam atenuar e 
suportar os estados emocionais desencadeados pela situação. Existem muitas 
expressões desta forma de coping: evitar o problema, distração, negação, dramatização, 
são, na maior parte dos casos, processos orientados para uma ação intrapsíquica. 
O coping centrado no problema e o coping centrado na emoção não são dois processos 
separados, em determinadas situações, podemos utilizar tanto um como outro ou 
ambos em simultâneo. Há investigações que indicaram a existência de estratégias de 
coping específicas para determinadas doenças (acidentes cardiovasculares, cancros, 
sida). 
Entre os doentes de cancro foi possível observar determinadas expressões: para o 
coping centrado no problema: espírito combativo e para o coping centrado na emoção 
• Impotência 
• Desespero 
• Fuga 
• Resignação 
De um modo mais amplo abrangendo as doenças, os trabalhos existentes tendem a 
mostrar que é o coping centrado no problema o habitualmente usado em relação aos 
aspetos causadores de stresse da situação clínica (hospitalização, intervenção cirúrgica, 
tratamento), enquanto, quando se trata de um stresse mais específico, é o coping 
centrado na emoção que parece ser procurado. Nas suas diversas formas salienta-se: 
• Impotência/ Desespero, 
• Autoacusação 
 
 
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• Fuga Emocional, 
• Fuga Comportamental e Cognitiva, 
• Exteriorização das Emoções, 
• Hostilidade. 
Finalmente, as duas formas de coping têm consequências diferentes, consoante as 
situações. Assim, no que respeita à possibilidade de controlo, o coping centrado no 
problema permite diminuir a ansiedade quando o acontecimento é controlável, mas 
tende a aumentá-la quando é incontrolável, ao passo que o coping centrado na emoção 
pode diminuir a ansiedade nas situações incontroláveis embora mais raramente em 
situações controláveis. 
As formas de estratégias de coping são muitas e variadas. Os estudos que sintetizaram 
e compararam as investigações sobre o coping, na sua maior parte, chegaram a duas ou 
três grandes formas de coping. Sulse Flechter (1985) 
Estratégias de Escape (Avoidant Coping) 
Dizem respeito aos tipos de coping também chamados passivos e são essencialmente 
formas diversas de escape: negação, fuga, atitude defensiva, diversão, resignação. 
 Estratégias vigilantes (Vigilant Coping) 
São tipos de coping também chamados ativos. Em geral são centrados no problema e 
assumem as seguintes formas: vigilância, atenção, implicação. Em resumo, as diversas 
classificações do coping levam geralmente, com algumas variantes, à distinção geral 
entre estratégias centradas no problema e estratégias centradas na emoção. 
 
A EFICACIA DO COPING 
As estratégias do coping são eficazes? E algumas delas são mais eficazes do que outras? 
A noção de eficácia designa o impacto psicossocial do coping, isto é, as consequências 
sobre o modo como uma pessoa age perante a situação e os efeitos sobre o seu bem-
estar físico e psicológico. 
Num plano geral, os estudos mostram, em primeiro lugar, que é preferível utilizar uma 
estratégia de coping, seja qual for, do que nada fazer. 
Depois, parece que a eficácia de uma estratégia de coping não é automática: não 
depende unicamente do tipo de recurso posto em prática, mas também de variáveis 
contextuais que a podem travar ou impedir. Finalmente, uma estratégia de coping não 
tem a mesma eficácia, quer se trate da saúde física ou de um estado emocional. 
 
 
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As estratégias centradas no problema parecem mais eficazes, enquanto as centradas na 
emoção parecem mais disfuncionais e mais a negativas. 
O coping centrado no problema permite diminuir o stresse sofrido. Um estudo indicou 
que, antes de uma intervenção cirúrgica, doentes que procuraram informações e 
desenvolvido uma estratégia ativa estavam menos ansiosos e tinham menos 
complicações pós-operatórias do que aqueles que tinham recorrido a estratégias 
passivas, como a resignação. Contudo, a eficácia de uma estratégia de coping, centrada 
no problema, depende de muitos outros fatores, como a possibilidade de controlar ou 
não a situação. 
Foram observados doentes em quem tinha sido diagnosticado um cancro e que tinham 
desenvolvido este tipo de coping e verificou-se, sobretudo passado um certo tempo, um 
impacto ineficaz e desfavorável devido ao carácter prolongado e frequentemente 
incontrolável destas patologias. 
O coping centrado na emoção é geralmente considerado como menos eficaz, devido 
nomeadamente às suas diversas formas de expressão, como a repressão de emoções ou 
a impotência, que estão associadas a um aumento do desespero. Houve estudos que 
esbateram esta conclusão, indicando que determinados aspetos do coping centrado na 
emoção tinham um efeito benéfico e protetor na qualidade de vida a curto prazo, ainda 
que várias destas expressões aparecessem como tendo um efeito negativo: impotência 
desespero, autoacusação, resignação. 
Estes resultados, observados em diversas patologias, mostram efeitos disfuncionais que 
podem estar ligados a comportamentos mais ou menos adequados, como a não 
observância, a não perceção dos sintomas, o desrespeito pelos prazos dos tratamentos. 
Em definitivo, a eficácia do coping continua a ser difícil de avaliar em termos saudáveis 
ou patogénicos, mas pode afetar a saúde de duas maneiras distintas. 
Lazarus e Folkman, demonstraram assim que o coping podia ter uma influência na saúde 
física, na medida em que pode afetar a frequência, a intensidade e a duração das 
reações ligadas ao stresse e isto, nomeadamente, quando um indivíduo se encontra 
perante um acontecimento incontrolável e em que não pode agir sobre a situação 
causadora do stresse ou se o seu coping for desadequado. O coping pode também afetar 
direta e negativamente a saúde quando alguém tem um estilo de vida ligado a 
comportamentos de risco. 
A eficácia parece, portanto, estar ligada às condições e à maneira como o coping permite 
que um indivíduo tempere ou reduza o impacto da situação de stresse sobre o seu bem-
estar físico e psicológico. É nesta perspetiva, que a eficácia das duas estratégias 
fundamentais (coping centrado no problema e coping centrado na emoção) deve ser 
considerada e examinada em cada caso 
 
 
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FATORES QUE INFLUENCIAM O COPING 
Os fatores que determinam o coping são: 
→ Fatores socio biográficos 
→ Fatores contextuais→ Fatores cognitivos 
→ Fatores de personalidade 
Fatores socio biográficos 
Referem-se, à idade ao gênero e ao estatuto econômico. 
Estudos revelam que certas estratégias de coping são mais mobilizadas do que outras 
dependendo do estatuto: um estatuto mais elevado parece estar associado a um 
coping ativo. 
Fatores contextuais 
Acontecimentos causadores de stress como, gravidade, natureza, duração, ser 
encontrável, contexto pessoal são influenciadores das estratégias de coping. 
 
Fatores cognitivos 
Englobam um conjunto de processos a partir dos quais enfrentamos um problema, um 
acontecimento, uma situação difícil. Entre esses fatores vamos reter a maneira como a 
uma pessoa avalia o que lhe acontece e o sentimento que tem de o controlar ou não. 
A avaliação é um processo cognitivo pelo qual uma pessoa avalia a situação que se lhe 
depara. Distingue-se 2 formas de avaliação: primária e secundária 
A avaliação primária refere-se às diferentes características de uma situação ou de um 
acontecimento. A avaliação primária determina as estratégias de ajustamento 
utilizadas e mostra o seu impacto positivo ou negativo sobre o coping. 
A Avaliação secundária diz respeito ao cálculo e à compreensão que uma pessoa tem 
dos recursos pessoais e sociais tem à sua disposição para fazer face à situação. 
Ao lado da avaliação, a possibilidade de controlo é outro fator cognitivo que determina 
o coping. Trata-se de acreditar no facto de que dispomos de recursos para fazer face à 
situação. É considerado como um fator que modela vários aspetos da relação que uma 
pessoa tem perante problemas de saúde. perante o problema encontrado. Este fator é 
habitualmente designado por controlo de saúde. 
 
 
 
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Estudos sobre o impacto do controlo sentido em doentes cancerosos permitiram 
precisar o seu papel. Doentes que têm um controlo sentido elevado tendem a 
desenvolver estratégias de coping mais adequadas: autoestima mais elevada, 
ansiedade mais fraca, comportamentos mais saudáveis. 
 
Fatores de personalidade 
Características pessoais que influenciam o coping entre as quais resistência e o sentido 
da coerência são bons prognósticos de coping. 
De um modo mais amplo, os fatores de personalidade são considerados como 
características estáveis e este facto permite compreender a coerência das estratégias 
de coping num mesmo individuo. 
ESCALAS E QUESTIONÁRIOS – COPING E SAÚDE 
Foram construídos questionários e escalas com o intuito de avaliar os diversos 
efeitos do coping e apreender a relação deste com a saúde, tendo em conta as seguintes 
hipóteses: 
→ As estratégias de coping têm um efeito direto sobre certas varáveis da saúde; 
→ O efeito indireto das estratégias de coping para provocar uma mudança no 
comportamento de saúde; 
→ As estratégias de coping regulam e podem diminuir o stress ligado a um 
problema de saúde (Parker e Endler, 1996). 
As escalas de coping que serão seguidamente apresentadas, subdividem-se em 
dois tipos de escalas: 
• Escalas que se referem às estratégias mais comuns do coping; 
• Escalas que se referem a situações mais específicas; 
 
ESCALA A WAYS OF COPNG CHECKLIST (WWC) – LAZARUS E FOLKMAN (1984) 
Este Instrumento foi concebido para identificar pensamentos e ações a que os 
indivíduos recorriam para lidar com acontecimentos stressantes específicos. 
Incluí 68 itens repartidos por 8 sub-escalas e foram classificados em duas grandes 
categorias de coping: 
 
 
 
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- As duas primeiras sub-escalas, resolução do problema e espírito combativo, 
correspondem ao coping centrado no problema; 
- As outras seis sub-escalas, distanciamento, reavaliação positiva, auto - 
acusação, fuga, procura do apoio social e auto domínio, relacionam-se ao coping 
centrado na emoção. 
A avaliação do coping pela WCC permite caraterizar as diferentes formas de 
estratégias de coping utilizadas face a uma situação de stress. Apesar desta classificação 
dos itens ter sido inicialmente útil falhou na reflexão da riqueza e complexidade dos 
processos de coping humanos. Para além disso, certas estratégias de coping encaixam-
se quer nas funções de coping focadas no problema, quer nas focadas nas emoções. 
Folkman e Lazarus (1988), partindo dos 67 itens originais, chegaram a uma 
solução reduzida para 50 itens distribuídos pelos fatores ou dimensões anteriormente 
referidas. 
(ANEXO 1 - Tradução e adaptação portuguesa à Escala WCC aplicada num 
estudo em Portugal) 
 
COPE E BRIEF COPE 
Carver et al. (1989) batizaram de COPE o questionário que desenvolveram para avaliar 
estilos e estratégias de coping. Os autores explicam que este instrumento, deriva da 
extensa literatura sobre o coping, em parte do modelo de coping de Lazarus e Folkman 
(1984) e em parte do modelo da auto regulação comportamental. 
 
O teste inicial tem 14 escalas: coping ativo, planificação, supressão de atividades 
concorrentes, coping restrito, procura de apoio para informação, procura de apoio 
emocional, reformulação positiva, aceitação, coping religioso, atenção aos outros e 
expressão das emoções, negação, desinteresse comportamental, desinteresse 
cognitivo, desinteresse pelas drogas. 
 
O COPE sofreu várias alterações desde a forma original de 52 itens e surge a versão 
resumida o Brief Cope. 
 
O BRIEF COPE reflete um resumo de diferentes estratégias de coping utilizadas por uma 
mesma pessoa, possibilitando uma leitura multi-facetada das estratégias utilizadas. 
 
Desapareceram as escalas de “Coping Restritivo” e “Supressão de Atividades 
Contrárias”, e foi incluída uma nova escala a “Auto-Culpabilização”. 
 
Permite estabelecer a relação entre respostas de coping e determinados traços de 
personalidade, em particular, o otimismo, o controlo, a auto-estima, a interiorização, a 
resistência, a ansiedade. 
 
 
 
 
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Tem sido considerado útil na avaliação de pessoas com doença crónica submetidas a 
tratamentos agressivos. 
 
As escolhas de respostas propostas são: “nunca”, “de vez em quando”, 
frequentemente” e “sempre” (escala de 1 a 4) 
 
(Anexo 2 - Tabela onde se apresenta os itens e as escalas do Brief COPE) 
 
 
CODE (Coping and Defense) e CRI (Coping Responses Inventory) 
 
Code e CRI assumem-se como escalas que visam medir tanto os mecanismos de 
defesa como o coping. 
O CODE, elaborado por Eriksen e colegas(1997), é um instrumento que integra 
dois tipos de medidas retiradas de um questionário de coping e de um questionário de 
avaliação dos mecanismos de defesa. 
 
Esta escala inclui quatro fatores: 
 
• “A hostilidades defensiva: estilo de coping orientado para o exterior e 
caraterizado pela cólera e hostilidade:” 
• “O coping orientado para o domínio instrumental: estilo de coping ativo, 
orientado para um fim;” 
• “As defesas cognitivas: racionalização-falsificação e cognição 
reconfortante;” 
• O coping centrado na emoção: procurade apoio social, expressão das 
emoções, respostas paliativas.” 
 
O fator um diz respeito aos mecanismos de defesa, os fatores dois e quatro estão 
relacionados com estratégias de coping e o terceiro fator integra simultaneamente os 
mecanismos de defesa e estratégias de coping. 
Esta escala demonstra sobretudo que os mecanismos de defesa e as estratégias de 
coping se diferenciam. 
A Escala CRI integra fatores do Coping Responses Inventory – Youth From (Moos, 1933) 
e fatores do Defense Style Questionaire (DSQ) (Bonsack e col., 1998). 
Esta escala inclui 59 itens do DSQ reagrupados em 3 fatores: 
1. “As defesas imaturas: projeção, negação, regressão, reação soática, 
repressão;” 
2. “As defesas amadurecidas: repressão, humor, filiação, sublimação, 
antecipação;” 
3. “as defesas pró-sociais: altruísmo.” 
 
 
 
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Inclui ainda, 48 itens do CRI – youth relacionados com 4 estratégias de coping 
centradas no problema: análise lógica, reavaliação positiva procura de apoio, resolução 
do problema; e 4 estratégias de coping centrado na emoção: fuga cognitiva,aceitação-
resignação, procura de outras satisfações e descarga emocional. 
Esta escala, também parece mostrar uma ligação entre mecanismos de defesa e 
coping, sendo que o coping funcional tende a relacionar-se positivamente aos 
mecanismos de defesa amadurecidos e o coping inadequado ao das defesas imaturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
Com a realização deste trabalho podemos concluir que a noção de coping está 
intrinsecamente ligada à forma como o indivíduo se comporta quando confrontado com 
acontecimentos de vida difíceis e dolorosos e o modo como responde adequadamente 
a estes eventos. Coping refere-se a atividades orientadas para a adaptação que exigem 
algum esforço, e não àquelas que se fazem automaticamente. 
 
Para tal, as estratégias de coping são mecanismos de coping cognitivo e 
comportamentais, utilizadas pelas pessoas para fazer face a situações de stress quando 
se excede a capacidade de utilização dos recursos pessoais disponíveis e aprendidos ao 
longo da vida. A seleção de estratégias resulta da avaliação da situação problemática, 
sendo que, a perceção do acontecimento stressor varia de pessoa para pessoa, 
produzindo diferentes respostas interligadas, a nível biológico, cognitivo, 
comportamental e emocional, cuja intensidade e duração estão relacionadas com a 
frequência e o tempo da exposição ao estímulo stressante. Pode-se ainda referir, que as 
estratégias de coping aumentam os níveis de bem-estar psicológico e reduz os níveis de 
sofrimento. 
Com a leitura integral do capítulo em estudo, depreendemos que as estratégias de 
coping são influenciadas por vários fatores: as caraterísticas individuais, os traços de 
personalidade, os valores, etc; os fatores sociais: contexto, estatuto social, cultura, etc; 
as caraterísticas sentidas da situação. 
Há o acréscimo das dificuldades inerentes à medida e às unidades de coping. As diversas 
dificuldades associadas às escalas de coping foram avaliadas e sintetizadas por Stones e 
pelos seus colegas (1991), que encontraram três tipos de problemas: o domínio, isto é, 
o contexto uma vez que certos tipos de coping não funcionam em todo o tipo de 
situações; o período em que são dadas as respostas, se a resposta é imediata ou dada 
mais tarde; 
 
Em suma, em psicologia da saúde o termo coping surge como um recurso fundamental 
associado aos estados de saúde física e psicológica dos indivíduos, correspondendo a 
uma mudança na forma de como estes se vão adaptar a uma situação de stress, 
enfrentando esta mesma situação 
 
ANEXOS 
 
 
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ANEXO 1 
Questionário de Estratégias de 
Coping 
Por uns momentos concentre-se e pense na situação de maior stress que 
experienciou recentemente na sua vida profissional. Por situação “stressante” 
entendemos qualquer situação que foi difícil ou problemática para si, quer porque 
você se sentiu angustiada pelo facto daquela situação ter acontecido, quer porque 
se esforçou consideravelmente para lidar com a mesma. 
A seguir vai encontrar um conjunto de afirmações que se referem a várias 
estratégias utilizadas Pensando na forma como lidou com a situação de stress que 
viveu, assinale a frequência com que utilizou cada uma das estratégias indicadas, de 
acordo com a seguinte escala: 
0 - Nunca usei 
1 - Usei de alguma forma 
2 - Usei algumas vezes 
3 - Usei muitas vezes 
 
 
 
 
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Descreva brevemente, a situação stressante em que pensou ao responder a este questionário, 
quem estava envolvido, o que é que aconteceu e o que é que tornou a situação stressante. 
Esta descrição será útil para a interpretação do questionário. 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________ 
 
 
 
 
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ANEXO 2 
TABELA COM OS ITENS E AS ESCALAS DO BRIEF COPE 
 
 
 
MODO DE COTAR O QUESTIONÁRIO 
Os 48 itens que se mantiveram na escala distribuem-se pelas seguintes dimensões (é 
apresentada a operação que permite encontrar o resultado de cada escala): 
• Auto controlo: (6 + 9 + 25 + 32 + 42 + 47 + 48)/ 7. 
• Procura de suporte social: (4 + 12 + 15 + 22 + 31 + 34)/ 6 
• Fuga, evitamento: (7 + 23 + 29 + 36 + 39 + 44 + 45) /7 
• Resolução planeada do problema: (1 + 18 + 28 + 37 + 38 + 41) / 6 
• Reavaliação positiva: (13 + 16 + 21 + 26 + 27 + 43 + 46) / 7 
• Assumir a responsabilidade: (5 + 17 + 40) / 3 
• Coping confrontativo: (2 + 3 + 11 + 19 + 24 + 35) / 6 
• Distanciamento: (8 + 10 + 14 + 30 + 33) / 5 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
“Os Conceitos Fundamentais da Psicologia da Saude” – Gustave- Nicolas Fischer & Cyril Tarquinio 
https://www.researchgate.net/publication/37656985_Estudo_conversador_de_adaptac
ao_do_Ways_of_Coping_Questionnaire_a_uma_amostra_e_contexto_portugueses 
https://www.researchgate.net/publication/37656985_Estudo_conversador_de_adaptacao_do_Ways_of_Coping_Questionnaire_a_uma_amostra_e_contexto_portugueses
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