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Hospital Universitário do Oeste do Paraná Ambulatório de Pediatria e Puericultura Prefácio da 1ª Edição É com grande satisfação que apresentamos o Protocolo do Ambulatório de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná. Resultado de anos de prática associado à revisão de literatura, seu principal objetivo é a orientação de práticas de puericultura desde o período neonatal até a adolescência, procurando ser uma fonte de consulta para os acadêmicos e médicos que atendem em serviços de puericultura. Agradecemos especialmente à Nestlé Nutrition pelo inestimável apoio de contribuição à divulgação deste trabalho. Prefácio da 2ª Edição Este não é um protocolo que pretende esgotar toda a puericultura, uma vez que pela importância e extensão do tema caberia perfeitamente em um livro de milhares de páginas. Assim, são apresentados tópicos básicos que não podem ser esquecidos em uma consulta pediátrica de rotina. Seu objetivo de orientar práticas de puericultura do período neonatal até a adolescência se manteve, porém uma revisão de literatura foi realizada e novos tópicos foram acrescentados. Agradecemos aos médicos residentes de pediatria do HUOP que muito nos motiva e em especial à Nestlé Nutrition pelo incomensurável estímulo a publicar uma nova edição deste protocolo revista e atualizada. Tenham todos uma boa leitura. O Editor EDITOR CIENTÍFICO • Marcos Antonio da Silva Cristovam Médico Pediatra com área de atuação em Medicina do Adolescente pela Sociedade Brasileira de Pediatria Professor assistente do internato médico de pediatria do curso de medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná EDITORES ASSOCIADOS • Ana Paula Cozer Bandeira • Milene Moraes Sedrez Rover Médicas Pediatras com área de atuação em Terapia Intensiva Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria Professoras auxiliares do internato médico de pediatria do curso de medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná COLABORADORES • Euclides Saqueti Filho • Ingrid Sheila Zavaleta Obregón • Kaio Dalaqua • Lucas Fernandes Feracini Médicos residentes de pediatria do 2º ano do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Deisi Vanessa Franciscato Juliana Pavesi Giselle Lustosa de Mello Médicas residentes de pediatria do 1º ano do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Índice Crescimento e desenvolvimento .......................................................................5 Fontanelas/dentição/PC/Reflexos Primários/Sono ...........................................6 Avaliações importantes no Exame Físico durante a consulta de puericultura ...................................................................................7 Orientação para a criança de 0 a 29 dias .........................................................8 Prevenção de acidentes para lactentes de 0 a 6 meses ................................10 Considerações importantes sobre alimentação artificial no Primeiro ano de Vida ....................................................................12 Triagem auditiva universal de RNs ..................................................................13 Exame oftalmológico do RN ............................................................................15 Consulta do 2º mês.........................................................................................16 Consulta do 3º mês.........................................................................................17 Consulta do 4º mês ........................................................................................18 Consulta do 5º mês.........................................................................................19 Consulta do 6º mês.........................................................................................20 Higiene dentária ..............................................................................................22 Higiene dentária-orientações gerais ...............................................................23 Consulta do 7º mês.........................................................................................24 Prevenção de acidentes para lactentes dos 7 aos 12 meses ........................25 Consulta do 8º mês.........................................................................................26 Consulta do 9º mês.........................................................................................27 Consulta do 10º mês.......................................................................................29 Consulta do 11º mês.......................................................................................30 Consulta do 12º mês.......................................................................................31 Consulta do 15º mês.......................................................................................33 Prevenção de acidentes em crianças de 1 a 2 anos ......................................35 Consulta do 18º mês.......................................................................................36 Consulta do 2º ano .........................................................................................37 Consulta do pré-escolar (3 a 5 anos) .............................................................38 Prevenção de acidentes no pré-escolar (3 a 5 anos) .....................................39 Consulta do escolar (6 a 10 anos) ..................................................................39 Prevenção de acidentes no escolar (6 a 10 anos) .........................................40 Consulta do adolescente ................................................................................40 Adolescência (aspectos da puericultura) .......................................................45 Prevenção de acidentes na adolescência ......................................................46 Amamentação e doenças infecciosas maternas ............................................47 Drogas de vício e abuso e amamentação ......................................................54 Problemas comuns no lactente ......................................................................54 Sinais de violência contra a criança ...............................................................57 Idades limites para se iniciar a investigação de atraso do DNPM .................57 Calendário de vacinação da criança ..............................................................58 Calendário de vacinação do adolescente ......................................................61 Imunodeficiência Primária - os 10 sinais de alerta .........................................63 Como falar da morte com as crianças ............................................................63 Segurança na prática esportiva-crianças e adolescentes ..............................65 Prevenção da dislipidemia na infância e adolescência ..................................67 Diagnóstico precoce do autismo ....................................................................72 Uso da internet pelas crianças e adolescentes ..............................................72 Orientação aos pais sobre o uso da TV por crianças .....................................74 Sugestões de brinquedos indicados para cada idade ...................................75 Critérios para acompanhamento do RN no ambulatório de alto-risco ...........77 Doenças que mais frequentemente acompanham a prematuridade .............79 Calendário de vacinação do prematuro .........................................................83 Esquema de abordagem ambulatorial para RNMBP durante o 1º ano de vida .................................................................................86 Critérios de alta do ambulatório ......................................................................86 Tabelas ............................................................................................................87Referências bibliográficas .............................................................................105 5 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Hospital Universitário do Oeste do Paraná Protocolo do Ambulatório de Puericultura CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO - Período neonatal: 0 a 28 dias - Lactente: 29 dias a 2 anos - Pré - escolar: 2 a 7 anos - Escolar: 7 a 10 anos - Pré - púbere: 10 a 12 – 14 anos - Púbere: 12 – 14 anos a 14 – 16 anos - Pós - púbere: 14 –16 a 18 – 20 anos • Primeira infância: do nascimento aos dois anos • Segunda infância: dos 2 anos aos 10 anos • Adolescência: dos 10 anos aos 20 anos. ESTATURA: até 2 anos deve ser medida com a criança deitada. Após os 2 anos, medir em pé. Estatura normal: Ao nascimento: em torno de 50 cm. Primeiro semestre: cresce 15 cm. Segundo semestre: cresce 10 cm. 1 ano: 75 cm. Entre 1 e 2 anos: 11 cm. Dos 2 aos 5 anos: 6 cm/ano. Dos 5 anos até a pré-puberdade: 5 cm/ano. PERÍMETRO TORÁCICO: a fita métrica deve ser passada pelo mamilo (adolescentes: apêndice xifóide), com tórax moderadamente cheio. Tem valor como índice do estado nutricional até os 2 anos de idade. PESO: indicador do estado nutritivo. Peso ao nascimento: em torno de 3,3 Kg. Recém-nascido perde até 10% do peso do nascimento geralmente até o 5º dia, sendo que, por volta do 10º dia, a criança recupera o peso de nascimento. Ganho ponderal médio em trimestres: 1o trimestre: 700 g/mês 2o trimestre: +- 500 g/mês 3o trimestre: +- 400 g/mês 4o trimestre: 350 g/mês * Até o final do primeiro trimestre, é preferível avaliar o crescimento através do “ganho” e ainda não se recomenda o uso de curvas de crescimento. Em geral, esse ganho é 25 a 30 g/dia, para o peso e, para a altura, de 1 a 2 cm por mês. A partir do 4º mês, cada vez mais deve-se utilizar as Curvas de Crescimento. 6 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná FONTANELAS: - Anterior: fecha entre 9o e 18o mês. - Posterior: fecha aos dois meses. DENTIÇÃO - Orientar os pais que a perda dos dentes decíduos antes do tempo pode prejudicar, na criança que está aprendendo a falar, a pronúncia de algumas palavras. Além disso, a criança poderá se sentir diferente do restante do grupo de sua faixa etária, podendo causar problema emocional/social. - 5 a 7 meses: 2 incisivos medianos inferiores; a seguir, 2 incisivos centrais superiores e depois dois incisivos laterais superiores. No início da erupção dentária, o lactente pode apresentar alteração do sono, aumento da salivação, prurido na gengiva e irritabilidade. - Fim do 1o ano: 6 a 8 dentes (mais 2 incisivos laterais inferiores). Entre 10 e 12 meses, aparece o primeiro molar decíduo. - 2o ano: 4 primeiros pré-molares, 4 caninos e 4 segundos pré-molares. - Total: 20 dentes de leite (a dentição se completa até os 30 meses de idade). - Nota: a dentição pode iniciar aos 4 meses ou próximo aos 12 meses, isto também é normal. - 6 a 7 anos: queda dos dentes de leite, com erupção dos dentes definitivos. O primeiro dente permanente a nascer é o 1º molar, que fica atrás do último dente de leite. A dentição permanente é completada em torno dos 18 anos, com um total de 32 dentes. PERÍMETRO CEFÁLICO A fita métrica deve ser passada pela glabela e pelo ponto mais saliente do occipital. - RN: 34 a 35 cm. - 6 meses: 42 a 43 cm. - 1 ano: 45 a 46 cm. - PC: cresce 10 cm no 1o ano e mais 10 cm nos 20 anos seguintes. REFLEXOS PRIMÁRIOS a) Orais: sucção, busca (4 pontos cardeais - Piper), mordida, deglutição. b) Manobra do degrau: reação de apoio (placing), retificação do tronco e marcha reflexa. c) Preensão palmo-plantar. d) Reflexo de Moro. e) Reflexos plantares: reação de defesa plantar, reação de extensão cruzada, reflexo cutâneo-plantar. f) Reflexo de encurvamento do tronco (Galant). 7 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná SONO - O ambiente ideal deve ser silencioso, com pouca luminosidade e temperatura agradável. - A criança deve ser colocada em posição segura e confortável, preferindo-se o decúbito dorsal e nunca o ventral. - Não usar travesseiros e lençóis devem ser presos na parte inferior do colchão. Após os 3 meses de idade é aconselhável que a criança durma em quarto separado do dos pais. Idade Horas diárias de sono Recém-nascido 19 a 20 6 meses 16 a 18 1 ano 14 a 16 2 anos 12 a 14 3 anos 11 a 12 5 anos 10 a 12 10 a 12 anos 9 a 10 AVALIAÇÕES IMPORTANTES NO EXAME FÍSICO DURANTE A CONSULTA DE PUERICULTURA Exame físico Ausculta cardíaca e pulsos Mínimo de três vezes no primeiro semestre de vida, repetindo no final do primeiro ano Displasia congênita de quadril Pesquisa dos sinais de Ortolani/Barlow em todas as visitas de puericultura Medida de pressão arterial A partir dos 3 anos de vida Aferição de curvas de peso, estatura e perímetro cefálico Em todas as consultas até o segundo ano de vida. Uma vez ao ano na adolescência 8 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Exames laboratoriais Hemoglobina e hematócrito Uma avaliação entre 6 e 12 meses de idade em crianças de alto risco (ver adiante) Exame de fezes e urina Ausência de comprovação sobre impacto na saúde Lipidograma A partir dos 2 anos em crianças com parentes com história de doença coronariana antes dos 55 anos de idade (ver adiante) ORIENTAÇÃO PARA A CRIANÇA DE 0 A 29 DIAS 1. Alimentação: Leite ideal: leite materno livre demanda no primeiro mês de vida. Fórmula Infantil: na falta irreversível de leite materno, recomendar fórmulas adaptadas para o 1º e 2º semestre (segundo as recomendações do Codex alimentar). (Ver também página 12) Intervalo entre as mamadas: no primeiro mês livre demanda. 2. Banho: deve ser dado no mínimo uma vez ao dia, sempre no mesmo horário, próximo às 12 horas em crianças pequenas e no final da tarde nas crianças maiores. Antes da queda do coto umbilical pode ser dado o “banho seco”, inicia-se pela limpeza da face, com a criança vestida, usando bolas de algodão umedecido em água morna para remover secreções oculares e nasais. Secar com toalha macia. Depois procede à limpeza das orelhas e cabeça, também com algodão umedecido. A seguir, retira as roupas da criança, deixando-a somente com fraldas e procede à limpeza do tronco, braços, pescoço e axilas com algodão úmido. Secar bem. Limpar o coto umbilical. Vestir as peças de roupa da parte superior da criança. Retirar a fralda e limpar os genitais, nádegas, pernas e pés. Secar. Colocar fralda limpa e o restante das roupas. Usar sabonete neutro. Evitar talcos e soluções anti-sépticas. A banheira pode ser utilizada após a queda do coto umbilical, deve conter 10 a 15 cm de água em temperatura entre 37º C e 38,5º C, que deve ser experimentada pela mãe, utilizando a parte interna do antebraço, próximo ao punho. A partir dos 2 anos os banhos podem ser dados no chuveiro. 3. Higiene genital: deve ser feita em toda troca de fraldas, no mínimo, 5 a 6 vezes ao dia, seguindo os seguintes passos: 9 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - remover resíduos de fezes com papel higiênico, algodão ou lenços umedecidos, - limpeza da pele com fralda umedecida em água morna (em todas as trocas) e sabonete neutro, apenas uma vez ao dia, - limpeza suave dos genitais com água morna, - secar com fralda ou toalha macia, - colocar fralda seca e limpa. As fraldas não descartáveis, de tecido, devem ser de algodão, brancas e sem desenhos, macias, de tamanho adequado para a criança. Devem ser lavadas em separado das roupas da família, com sabão de côco em pedra ou fervida em água vinagrada (1 colher de sopa de vinagre para cada 10 litros de água, durante 5 a 10 minutos). A calça plástica é necessária, devendo ser de material de boa qualidade e tamanho proporcional à criança. Fraldas descartáveis: cuidar com o tamanho e qualidade do material utilizado, evitar pressões exageradas e lesões na pele. A troca de fraldas deve ser de, nomínimo, a cada 3 horas. 4. Limpeza do coto umbilical: deve ser feita sempre após o banho e a cada troca de fraldas com cotonete embebido em álcool a 70%, com movimentos circulares em volta de todo o coto. Não utilizar coberturas com faixas ou esparadrapo. 5. Sono: 20 horas diárias. 6. Evacuação: amarelo pastoso, em número variável segundo a criança. 7. Sol: iniciar a exposição direta ao sol desde a alta da maternidade, até as 10 horas e após as 16 horas. Lembrar a mãe que não deve ser tomado sol através do vidro. Proteger a face da criança contra a incidência direta dos raios solares. Iniciar com 5 minutos diariamente e aumentar aos poucos, não devendo exceder 15 minutos por vez. Horário: entre 7 e 9 horas durante o verão e entre 11 e 12 horas no inverno. 8. Vacinação: BCG intradérmico e anti-hepatite B ao nascer. Anti-hepatite B com um mês novamente. Ver calendário completo de vacinas adiante. 9. Peso: o bebê normal ganha 25 gramas/dia, em média 700 g/mês, até o 3o mês. 10. Estatura: nasce com aproximadamente 48 a 50 cm. Cresce 4 cm/mês no primeiro trimestre. 10 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 11. Perímetro cefálico: ganha em média 2 cm/mês, no primeiro trimestre. 12. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Ao tocar-lhe os lábios – reflexo da sucção. - Ao tocar-lhe levemente a planta do pé – reflexo fecha os dedos do pé, preensão plantar. - Ao pôr-lhe o dedo na palma da mão – fecha fortemente a mão, reflexo palmar. - Ao suspender-lhe pelas mãos – se sustenta no ar. Movendo, porém os pés e mãos – reflexo da marcha. - Ao pegá-lo no colo orienta a cabeça em relação ao seio. - Olhar vago. - Tranquiliza-se ao ouvir a voz humana perto dele. - Chora com reação ao que lhe é desagradável (fome, frio, dor, ruídos, luz intensa, etc.). - Perguntar à mãe: - É capaz de erguer a cabeça, quando de bruços? - Olha para um rosto que esteja na sua linha de visão? 13. Ambiente – Atividades - Evitar fumaça, poeira, cigarros. - Quarto fresco de dia. - Evitar barulhos. - Pouca roupa durante a mamada, conversando baixo com o bebê. 14. Prevenção de Acidentes Para Lactentes de 0 a 6 meses: a) Queda - Não deixar o bebê sozinho em lugares altos nem mesmo por instantes. - Não deixar que uma criança carregue o bebê no colo. - Cuidado com o carrinho. b) Queimadura - Não levar nada quente enquanto carrega o bebê no colo. - Cuidado com a temperatura do banho. - Cuidado com cigarros. c) Sufocação - Não deixar objetos pequenos ao alcance da criança. - Não dar alimentos em pedaços duros. Engasgo com mamadeiras ao se dar leite ou outros líquidos quando o furo do bico é muito grande. - Sufocação por travesseiros, cobertores e por dormir com adultos, ou por uso de talco. 11 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná d) Intoxicação - Cuidado com gotas nasais, remédios para resfriado, xaropes e inseticidas. - Medicamentos: doses erradas ou medicamentos de adultos dados pelos pais ou por crianças maiores. - Intoxicação por ingestão de tintas dos brinquedos ou das grades do berço (4o mês). e) Acidentes de automóvel: - Andar no banco traseiro: cadeiras especiais. * Durante o exame físico, fazer exame oftalmológico completo (ver técnica adiante). 15. Suplementação de Vitaminas e Ferro: Vitamina A + D: Lactentes normais: iniciar a partir de um mês de idade, se criança não toma sol, até o bebê completar 1 ano de idade. Se o lactente recebe leite materno exclusivo até o sexto mês, não há necessidade de suplemento vitamínico ou de ferro até esta data. Opções: - AD Til R: 2 gotas via oral ao dia. - Aderogil D 3 R: 4 gotas via oral ao dia. - Vitaminas A + D Sanval R: 10 gotas via oral ao dia. - Polivitaminas CEME R: 10 gotas via oral ao dia. - Rubifort R: 5 gotas via oral ao dia. (disponível nas UBS de Cascavel). Lactentes prematuros ou de baixo peso: iniciar a partir do 10o dia de vida com: - Protovit R: 12 gotas via oral ao dia até o bebê completar 1 ano de idade. Ferro: Prescrever até os dois anos de idade. Ferro medicamentoso: 1 mg/Kg/dia. Lactentes normais: - Em aleitamento materno exclusivo, nascidos a termo e sem baixo peso ao nascer: iniciar suplementação aos 6 meses de idade. - Em uso de fórmulas infantis: lactentes nascidos a termo, adequado para a idade gestacional (IG) e desmamados precocemente: iniciar suplementação de ferro aos 4 meses. - Lactentes nascidos a termo, de peso adequado para a IG, a partir da introdução de alimentos complementares: 1 a 2 mg/Kg/dia até 2 anos de idade ou 25 mg de ferro/semana até 18 meses de idade. 12 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Prematuros: iniciar a partir de 6 semanas de vida. Dose: 2 mg/Kg/dia de ferro medicamentoso. Crianças nascidas a termo, com baixo peso ao nascer: iniciar a partir de 1 mês. Opções: - Sulfato Ferroso CEME: 1 gota = 1,25 mg de ferro. - Fer – in – sol R: 1 gota/Kg/dia. - Noripurum R: 1 gota = 2,5 mg de ferro. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA Diante da impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula infantil que satisfaça as necessidades do lactente, conforme recomendado. Antes do sexto mês deverá ser utilizada uma fórmula de partida e, a partir do sexto mês, recomenda-se uma fórmula infantil de seguimento. Para as crianças em uso de fórmulas infantis modificadas, a introdução de alimentos não lácteos poderá seguir o mesmo preconizado para aquelas em aleitamento materno exclusivo (a partir dos seis meses). Características gerais das fórmulas infantis: • Gordura: há redução da quantidade de gordura animal saturada e acréscimo de óleos vegetais (gorduras poliinsaturadas de melhor qualidade), como também o acréscimo de ácidos graxos essenciais (linoléico e alfa-linolênico). • Carboidratos: as fórmulas contêm lactose exclusiva ou associação de lactose com polímeros de glicose (malto-dextrinas), não necessitando, portanto, de adição de açúcar ou farinha. • Proteínas: há quantidade adequada de proteína com desnaturação protéica (quebra da caseína, em cadeias menores, formando proteínas solúveis e favorecendo a digestão e absorção), além de melhor relação proteína do soro/caseína. • Minerais: há modificação nos teores dos minerais tentando aproximar os seus teores aos do leite materno. A relação cálcio/fósforo é adequada, favorecendo a mineralização óssea. • Oligoelementos (vitaminas e microminerais): atendem às necessidades da criança sadia. 13 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Características gerais do leite de vaca (“in natura”, integral, pó ou fluido): O leite de vaca (“in-natura”, integral, pó ou fluido) por não contemplar as características descritas acima, não é considerado alimento apropriado para crianças menores de um ano, além de apresentar as seguintes inadequações: • Gorduras: contém baixos teores de ácido linoléico (10 vezes inferior às fórmulas), sendo necessário o acréscimo de óleo vegetal para o atendimento das necessidades do recém-nascido. • Carboidratos: a sua quantidade é insuficiente, sendo necessário o acréscimo de outros açúcares, frequentemente mais danosos à saúde, como a sacarose, com elevado poder cariogênico. • Proteínas: fornece altas taxas, com consequente elevação da carga renal de soluto. Apresenta relação caseína/proteínas do soro inadequada, comprometendo a digestibilidade. • Minerais e eletrólitos: fornece altas taxas de sódio, contribuindo para a elevação da carga renal de solutos, deletéria principalmente para os recém-nascidos de baixo peso. • Vitaminas: baixos níveis de vitaminas D, E e C. • Oligoelementos: são fornecidas quantidades insuficientes, com baixa biodisponibilidade de todos os oligoelementos, salientando-se o ferro e o zinco. TRIAGEM AUDITIVA UNIVERSAL DE RECÉM-NASCIDOS - A triagem deve ser universal; - A avaliação auditiva deve ser preferencialmente: a)até os 3 meses de idade: objetiva/eletrofisiológica; b) após 6 meses de idade: subjetiva/comportamental; O reflexo cocleopalpebral ocorre em 100% das crianças com audição normal e sua ausência é sugestiva de perda auditiva bilateral ou alteração central. É um teste simples que pode ser realizado durante a consulta pediátrica de rotina, porém não exclui a triagem auditiva para crianças de risco auditivo. Procedimentos usados para triagem auditiva neonatal: a) EOA: emissões otoacústicas b) BERA: audiometria de tronco encefálico. - O diagnóstico deve ocorrer em até 45 dias após a suspeita; - O diagnóstico de perda auditiva na criança deve ser feito até os 3 meses de vida, com início da intervenção terapêutica até o sexto mês. 14 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Recomenda-se realizar o exame de rotina tanto nos recém-nascidos que passaram por unidades de terapia intensiva neonatais quanto nos recém- nascidos dos berçários normais. - O Comitê Brasileiro de Perdas Auditivas na Infância recomenda que todos os bebês sejam avaliados antes da alta hospitalar, preferencialmente utilizando métodos objetivos de avaliação auditiva. - A detecção de alterações auditivas e a intervenção iniciada até os 6 meses de idade, garantem à criança o desenvolvimento da compreensão e da expressão da linguagem, bem como o seu desenvolvimento social, comparável ao das crianças normais da mesma faixa etária. - Todos os recém-nascidos que apresentaram uma ou mais das intercorrências citadas a seguir devem ser encaminhados para triagem para déficit auditivo: a) história familiar de surdez/perda auditiva; b) infecções perinatais congênitas (TORCHS); c) anomalias crânio-faciais e cervicais; d) peso inferior a 1.500 gramas, prematuridade, muito baixo peso ao nascer, RN pequeno para idade gestacional; e) hiperbilirrubinemia; f) drogas ototóxicas (furosemida, aminoglicosídeos); g) infecções adquiridas (meningite bacteriana, caxumba, mastoidite e sepse); h) Índice de Apgar de 0 – 4 no 1º minuto ou 0 – 6 no 2º minuto; i) ventilação mecânica por mais de 5 dias; j) síndromes que cursam com surdez: Melnick-Fraser, Mohr, Nager, Oto-Palato-Digital, Senter, Shprintzen, Treacher-Collins, trissomia do 13, Waardenburg, Crouzon, etc. k) Internação em unidade de terapia intensiva neonatal por tempo superior a 48 horas. l) consanguinidade. m) persistência de circulação fetal. n) hemorragia intracraniana. o) uso de drogas de abuso na gestação; p) hemorragia peri e intraventricular; q) traumatismo cranioencefálico; r) convulsões. 15 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná EXAME OFTALMOLÓGICO DO RECÉM-NASCIDO Material necessário: Oftalmoscópio direto e laterna. Laterna: para o exame externo e pesquisa dos reflexos fotomotores. Oftalmoscópio: pesquisa do reflexo vermelho simultâneo nos dois olhos (teste de Bruckner). O exame deve ser feito na penumbra, com o oftalmoscópio colocado a aproximadamente 1 metro dos olhos da criança, observando-se o reflexo vermelho dos dois olhos simultaneamente. Se houver opacidade, a criança deve ser avaliada por um oftalmologista urgente, pois a criança pode ter catarata congênita, retinoblastoma ou grandes diferenças de refração entre os olhos. A Associação Americana de Oftalmologia e Estrabismo e a Academia Americana de Pediatria orientam que o exame oftalmológico para os recém-nascidos, tanto prematuros como os de termo, dever ser composto de: exame de reflexo vermelho (através da oftalmoscopia direta à distância), inspeção, resposta pupilar e observação de desvio ocular, e orienta que esta avaliação deve ser obrigatória em todas as crianças com peso ao nascimento < 1.500g e naquelas com história familiar de anormalidades oculares, como catarata congênita e retinoblastoma. Estrabismo: pode ser detectado através da simples observação, na pupila, do reflexo luminoso de uma lanterna colocada a 30 cm dos olhos da criança que deverá fixar e acompanhar seus movimentos, observando sua localização (assimetria do reflexo). O estrabismo fixo nas primeiras semanas de vida é anormal, merecendo investigação. Fixação monocular só está bem desenvolvida aos 2 meses. Visão binocular (estereopsia) está bem desenvolvida entre os 3 e 7 meses. Indicações de avaliação da criança no berçário: RNPT com peso ao nascer < 1.500g e/ou IG < 34 semanas, principalmente os com peso inferior a 1.250g e/ou IG < 28 semanas e RNPT que permaneceram em ventilação mecânica por mais de 20 dias, independente da IG. A avaliação deve ser feita entre 4 a 6 semanas de vida e repetida a cada 1 ou 2 semanas, até que a retina complete sua vascularização. São preconizados fundoscopia a cada 3 meses no 1º ano de vida, a cada 6 meses no 2º ano e anual após esse período. Constituem RNs com fatores de risco aqueles que apresentam: síndrome do desconforto respiratório, sepse, transfusão sanguínea, hemorragia intraventricular e gestação múltipla. Crianças com TOXOPLASMOSE congênita: mesmo quando o exame do berçário é normal, deve-se repetir o exame oftalmológico com 3 e 6 meses e exames semestrais até os 3 anos, e a seguir anualmente. 16 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Crianças com infecção por CITOMEGALOVÍRUS: a doença retiniana é devastadora e deve ser tratada com ganciclovir EV até a cicatrização das lesões retinianas, o que dificilmente acontece antes dos 4 meses de vida. A avaliação dos RNs com sorologia positiva para CMV deve ser semanal no primeiro mês e quinzenal até o quarto mês de vida. • Leucocoria: na persistência de vítreo primário hiperplásico é precoce (ao nascer). • Leucocoria: é um sinal clínico que indica opacidade do cristalino e/ou do segmento posterior do olho (vítreo e retina), por isso a pupila se torna esbranquiçada, não sendo possível a visualização do reflexo vermelho. SEGUNDO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: ver orientação do 1o mês. Intervalo entre as mamadas: de 3 em 3 horas. 2. Higiene: seguir rotina do recém-nascido. 3. Sono: 16 a 20 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com a exposição ao sol. 6. Vacinação: ver calendário adiante. 7. Peso: aumenta 700 gramas. 8. Estatura: cresce 4 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 2 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Já fixa os olhos nos objetos ou na luz. - Ao colocá-lo de bruços – sustenta a cabeça ereta por momentos. Deixá-lo um pouco nesta posição para estimulá-lo. 17 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Ao colocá-lo de costas – estende braços e pernas em forma simétrica. - Ao ver o peito ou a mamadeira perto de si esboça movimento de sucção. - Segue com os olhos o rosto humano. - Volta a cabeça na direção de um objeto desaparecido. - Inicia o balbuciar (rr, gu, ba). - Perguntar à mãe: - Sorri e emite ruídos guturais? 11. Ambiente – atividades: - Passear no colo, conversar baixo com o nenê. - Deixar bem a vontade durante a mamada. - Brincar durante a troca de fralda. - Mostrar brinquedos de som e coloridos. 12. Prevenção de Acidentes: ver consulta do 1o mês. TERCEIRO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: ver orientação do primeiro mês. - Intervalo entre as mamadas: 3 em 3 horas. Alimentação artificial: introduzir progressivamente aos 3 meses suco de frutas (a fruta da época, ou que tiver maior facilidade de adquirir). 2. Higiene: seguir rotina do recém-nascido. 3. Horas de sono: 16 a 20 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com o banho de sol. 6. Vacinação: verificar se está em dia com o esquema de vacinação. 7. Peso: aumenta 700 gramas. 8. Estatura: cresce 4 cm. 18 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 9. Perímetro cefálico: aumenta 2 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - A criança firma a cabeça. - Ao colocá-lode bruços – mantém ereta a cabeça e esta segue o plano dos ombros. - Vê objeto mas não pode agarrá-lo. - Muda de atitude ao ver a mamadeira ou os preparativos para mamar. - Reage com um sorriso ao rosto humano quando este está: a) apresentado de frente (2 olhos, nariz e fronte). b) Em movimento. - Perguntar à mãe: - Acompanha com o olhar um objeto em movimento? - Mantém a cabeça erguida? - A um ruído: desperta, arregala os olhos, pára de mamar? 11. Ambiente – Atividades - Passear no colo. Pegar sol fraco da manhã e da tarde. - Brincar durante a troca de fraldas. - Utilizar brinquedos que agucem os sentidos (chocalho, brinquedos coloridos, objetos para morder). 12. Prevenção de Acidentes: ver consulta do 1o mês. QUARTO MÊS 1. Alimentação: Leite ideal: aleitamento materno. Fórmula Infantil: ver orientação do primeiro mês. Intervalo entre as mamadas: 4 em 4 horas. 2. Higiene: ver orientação do recém-nascido 3. Sono: 16 a 20 horas. 4. Evacuação: em número variável segundo a criança. 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 19 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 6. Vacinação: ver calendário de vacinas adiante. 7. Peso: ganha 20 g/dia, em média 600 g/mês no segundo trimestre. 8. Estatura: cresce 2 cm/mês no segundo trimestre. 9. Perímetro cefálico: cresce em média 1 cm/mês no segundo trimestre. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - A criança nesta idade segura o chocalho com as mãos, tenta alcançar brinquedos. - Preensão voluntária (ver – estender – agarrar – puxar para si) - Ao colocá-lo de bruços – se apóia sobre os braços e mãos. - Ao colocá-lo em posição sentada apresenta uma cifose (curvatura) global das costas. - Reage aos ruídos ainda que esteja mamando. - Repete os sons que ouve da mãe. - Perguntar à mãe: - Segura um chocalho? - Ri alto? 11. Ambiente – Atividades: - Passear com o nenê, pegar sol, brincar durante o banho, deixar brinquedos e bonecos expostos, roupas leves, pés descalços. 12. Prevenção de Acidentes: ver consulta do 1o mês. QUINTO MÊS 1. Alimentação Leite ideal: aleitamento materno exclusivo. Fórmula Infantil: ver orientação do primeiro mês. Intervalo entre as mamadas: 4 em 4 horas. Alimentação artificial: sucos e frutas amassadas. Água nos intervalos se necessário. 2. Higiene: ver orientação do recém-nascido. 3. Sono: 15 a 18 horas. 4. Evacuações: em número variável conforme a criança. 20 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 6. Vacinação: verificar a carteira de vacinação. 7. Peso: aumenta 600 gramas. 8. Estatura: aumenta 2 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 1 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Ao colocá-lo de costas se esforça para sentar-se. - A criança traz voluntariamente a cabeça para a frente. - Olha atentamente suas mãos em movimento. - Perguntar à mãe: - Alcança e segura objetos? 11. Ambiente – Atividades: - Passear com o bebê no colo, pegar sol, deixar no chão com almofada, brinquedos, brincar abaixado com ele, conversar bastante com ele. 12. Prevenção de acidentes: - ver consulta do 1o mês. - Deglutição de pequenos objetos: alfinetes de fraldas, por exemplo. SEXTO MÊS 1. Alimentação: Leite ideal: aleitamento materno. Introduzir a papa de legumes somente no almoço. Fórmula Infantil: ver consulta do primeiro mês. Introduzir gradativamente a papa de legumes no almoço para crianças. PAPA: de legumes com caldo de carne ou vísceras (rim, fígado, miúdo de galinha). Os legumes deverão ser bem cozidos e podem ser amassados no garfo. Continuar com: sucos e frutas amassadas. Se a criança aceitar, dar leite após as papas. Introduzir suco de frutas (laranja, tomate, cenoura, limão, goiaba), gradualmente: 1 colher das de chá até atingir o mínimo de 50 ml ao dia, uma novidade de cada vez. Deve-se dar 14 vezes o mesmo suco que é o tempo que o lactente leva para assimilar o novo alimento (sabor). O suco deve ser dado no intervalo da mamada, de preferência às 9 horas. Água e chá se for necessário. 21 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Introduzir ovo cozido, peixe e glúten. Oferecer ovo cozido, começando com ¼ do ovo e aumentando de 2 em 2 dias até um ovo inteiro. Explicar a importância do ovo. O Açúcar e o sal não devem ser colocados na alimentação complementar antes de um ano de vida. Intervalo entre as mamadas: 4 em 4 horas. 2. Higiene: ver orientação do recém-nascido. 3. Sono: 13 a 17 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 6. Vacinação: com 6 meses completos aplicar a 3a dose da tríplice (DPT), Pólio, Pneumococo e HiB. Última dose da anti - hepatite B. Ver também calendário de vacinas adiante. 7. Peso: aumenta 600 gramas. No 6o mês a criança deverá ter aumentado 3.900 g desde o nascimento. 8. Estatura: aumenta 2 cm. No 6o mês a criança deverá ter crescido 15 cm desde o nascimento. 9. Perímetro cefálico: aumenta 1 cm. No 6o mês deverá ter aumentado 9 cm desde o nascimento. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Pode virar-se para a frente e para trás. - Usa as mãos com desembaraço. - Ao suspender-lhe em posição vertical – mantém firme a cabeça e grande parte do corpo. - Imita movimentos (bater na mesa, bater palmas). - Fica sentado algum tempo, com as costas retas, mas com um pequeno ângulo agudo entre o plano das costas e os membros inferiores. - Estende a mão para um objeto que não esteja ao seu alcance. - Olha ativamente para crianças que estejam perto. - Reage com desagrado (desde um tímido baixar de olhos, ao ato de prender o rosto no lençol ou até choros e gritos) à aproximação de uma pessoa que lhe é pouco familiar. Distingue a mãe dos desconhecidos. 22 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Reconhece sua própria imagem ao espelho (entre o 6o e o 10o mês). - Perguntar à mãe: - É capaz de se virar? - Volta-se em direção dos sons? - Senta-se com algum auxílio (uma mão)? 11. Ambientes e Atividades: - Passear com o bebê, conversando bastante com ele. Deixar brinquedos ao seu alcance, deixar no chão com almofadas. - Retirar a criança do quarto dos pais. 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 1o mês. 13. Higiene Dentária: - Dentição decídua: a higiene deverá ser feita pela mãe. a) Fase pré-dental: com um pedaço de gaze estéril ou fralda limpa, enrolada no dedo indicador. Deve-se usá-las umedecidas apenas com água, esfregando-se suavemente a gengiva, bochecha, língua e dentes com o objetivo de remover todos os resíduos. b) Fase dental: após o aparecimento dos primeiros dentes a mãe pode utilizar escova pequena, com cerdas macias e sem dentifrício, a escova deve ser apenas molhada em água filtrada ou fervida. Escovação com escova macia. Técnica: criança colocada na frente da mãe e ambas de frente para o lavatório. Mãe por trás escova os dentes inferiores com criança na posição vertical, a seguir inclina cabeça da criança mais para trás e escova dentes posteriores e superiores. Movimentos circulares e de deslizamentos, dentes e gengivas. Antes dos 4 anos de idade, NÃO SE DEVE USAR PASTA DE DENTE COM FLÚOR, para que a criança não corra o risco de engolir. A partir dessa idade, deve-se usar uma quantidade bem pequena (do tamanho do grão de arroz) e ensinar a criança a cuspir. c) Auto - escovação: após os 7 anos de idade. Frequência: mínimo de 4 escovações /dia, sendo a mais importante a ao deitar. Aos 10/12 anos de idade: introduzir o uso do fio dental. d) Flúor: a prescrição ou aplicação tópica fica sob responsabilidade de um dentista. e) O atendimento odontológico deve iniciar-se antes de iniciar a dentição da criança. 23 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Após o 1o ano de vida, evitar uso da mamadeira noturna porque causa CÁRIES MÚLTIPLAS (“cárie da mamadeira”). Orientar os pais que não se devem oferecer para as crianças alimentos entre as refeições, principalmentedoces, biscoitos, sucos adoçados e refrigerantes, os quais aumentam o risco de cárie. HIGIENE DENTÁRIA-ORIENTAÇÕES GERAIS Início: - A partir dos 2 meses: quando lactente em aleitamento materno exclusivo. - A partir do 1o mês: quando lactente em aleitamento artificial. Como fazer? - Envolver o seu dedo indicador numa camada de gaze ou na ponta de uma fralda limpa e umedecer em água filtrada ou fervida. A seguir, passe delicadamente pelas laterais internas das bochechas do bebê, pelas gengivas, sobre a língua e no contorno dos lábios. Para a criança que toma mamadeira, um reforço: após cada mamada, oferecer-lhe 20 ml de água numa chuquinha. A água faz uma lavagem bucal. - Usar somente água filtrada ou fervida para a higiene bucal. - Primeira escova a) Iniciar seu uso após o nascimento do primeiro dente. b) Escova adequada: cabeça pequena e cerdas bem macias. Não usar creme dental-ver anteriormente. Faça limpeza antes, com água filtrada ou fervida, após as refeições. c) Depois do primeiro ano até os 4 anos: pode usar creme dental, porém sem flúor. d) Técnica: a criança deve ficar em pé ou sentada, de costas para você, com a cabeça apoiada no seu corpo; - use a mão esquerda para segurar a boquinha e com os dedos dessa mão afaste os lábios e as bochechas; - faça os movimentos com a escova na mão direita; - sem fazer força, escove todos os dentinhos: a face que mastiga, o lado que fica virado para a bochecha e a parte de dentro, virada para a língua; - Os dentes da frente, que formam a parte usada na mastigação, devem ser escovados com movimentos de vaivém; - Nos últimos dentes da arcada, voltados para o fundo da boca, faça movimentos de baixo para cima; - Use fio dental quando a criança já tiver mais de um dente, para que aos 24 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná poucos ela também incorpore esse hábito; - Não esqueça de escovar a língua, pois sua superfície rugosa facilita a aderência de bactérias. - Bons hábitos - Entre 2 e 3 anos, a criança já poderá ter uma escova na mão para limpar os dentes. É só para ela ir se acostumando, pois você deverá cuidar da escovação até seu filho completar 7 anos. - Afaste as cáries - Nunca passe açúcar nem mel na chupeta; - Não dê mamadeira com lipídios açucarados, principalmente à noite (a produção de saliva, que ajuda a limpar os dentes, se reduz durante o sono); - Troque o biscoito e a geleia do lanche por frutas como maçã ou vegetais como a cenoura. SÉTIMO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: - fórmula infantil (seguir a orientação que está escrita na lata). - Lactente deve continuar tomando sucos de frutas, papinha de legumes no almoço e jantar. - Carne picadinha ou desfiada misturada na papinha. Pode ser dado um pedaço de carne para a criança mastigar (carne de boi ou vísceras de boi e aves). - O ovo poderá ser dado misturado em uma das papas do dia. Misturar em um cantinho da papa e esta porção deve ser dada primeiro de preferência no almoço. Água e chá nos intervalos se necessário. 2. Higiene: continuar com a orientação do recém-nascido. 3. Sono: 13 a 17 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 25 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 6. Vacinação: verificar a carteira de vacinação de acordo com o calendário programado. 7. Peso: aumenta 500 gramas. No terceiro trimestre ganha em média 500 g/mês. 8. Estatura: aumenta 1 cm. No segundo semestre aumenta em média 1 cm/mês. 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. No segundo semestre aumenta em média 0,5 cm/mês 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - O lactente senta sozinho, arrasta-se ou vira quando quer, grita, manifesta insatisfação. Põe o hálux (“dedão do pé”) na boca. - Tenta apanhar objetos, liberta-se das fraldas sozinho. - O cotovelo começa a mover-se (é o estádio rádio-palmar de Gesell) - Consegue passar o objeto de uma mão para a outra. - Ao perguntar-lhe “Onde está a mamãe”?”Dirige o olhar para a mãe”. - Olha e balbucia para quem está perto dele para chamar a atenção. - Perguntar à mãe: - É capaz de transferir um objeto de uma para outra mão? - Senta-se momentaneamente, sem auxílio? 11. Ambientes e Atividades: - Deixar na grama com tapete. 12. Prevenção de acidentes para lactentes dos 7 aos 12 meses: - Ver também prevenção de acidentes de 0 a 6 meses. - Lugar perigoso: cozinha, não deixar pontas de toalhas que a criança pode puxar. Queda: - Não deixar sozinho em lugares altos. - Colocar portões nas escadas. - Baixar o estrado da caminha quando a criança já fica de pé. - Retirar móveis com arestas duras. - Colocar portões nas escadas. Queimadura: - Não deixar copos com líquidos quentes ao alcance do bebê. - Não deixe a criança na cozinha enquanto você cuida da refeição. - Controlar a água do banho. 26 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Afogamento: - Nunca deixar o bebê sozinho no banho ou próximo de piscina ou espelhos d’água. Envenenamento: - Não deixar remédios e produtos tóxicos ao alcance do bebê. Sufocação: - Nunca deixar objetos pequenos ao alcance das crianças. - Não dê alimentos em pedaços duros. - Não colocar cordão de chupeta em torno do pescoço do bebê. Choque elétrico: - Usar protetores de tomadas. Acidentes de automóvel: - Não segure a criança no colo. Use um contensor infantil de acordo com a idade. 13. Dentes: - Continuar com a higiene dentária. - Suplementação de cálcio: indicada quando a criança tem ingesta de leite menor que 600 ml/dia. - Opções: - Kalyamon B 12 R suspensão oral: 5 ml via oral ao dia. - Calci – Ped R suspensão oral: 5 ml via oral ao dia. - Glucal B 12 R: 5 ml via oral ao dia. - Prescrever no máximo dois vidros. OITAVO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: continuar com aleitamento materno. - Fórmula Infantil: fórmula infantil (seguir a orientação escrita na lata). - Continuar com: Papas de legumes (almoço e jantar), sucos de frutas, frutas, água e chá, ovo e carne. 2. Higiene: continuar com orientação do recém-nascido. 27 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 3. Sono: 13 a 15 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com a exposição ao sol. 6. Vacinação: verificar a carteira de vacinação. 7. Peso: aumenta 500 gramas. 8. Estatura: aumenta 1 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Levanta-se quando ajudado, puxa o cabelo, apanha objetos fora do berço. - Conserva a posição sentada, as costas retas. - Pode inclinar-se, pode endireitar-se. - Entre 8 meses e 1 ano aparece a preensão dos pequenos objetos entre o polegar e o indicador. - Se alguém coloca uma bola dentro de uma caixa, a criança repete a ação. - Perguntar à mãe: - É capaz de se manter sentada por aproximadamente 5 minutos? 11. Ambientes e Atividades: - Deixar na grama com tapete. 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. 13. Dentes: - Continuar com a higiene dentária. NONO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: fórmula infantil (seguir a orientação que está escrita na lata). 28 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Continuar com: papas de legumes (almoço e jantar), sucos de frutas, frutas, água e chá, ovo e carne. Aumento progressivo da consistência das refeições. 2. Higiene: continuar com orientação do recém-nascido. 3. Sono: 13 a 15 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com a exposição ao sol. 6. Vacinação: verificar carteira de vacinação. Deverá ter realizado vacinação contra o sarampo de acordo com orientação do calendário de vacinas-ver adiante. 7. Peso: aumenta 500 gramas. 8. Estatura: aumenta 1 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Já engatinha (conserva o equilíbrio e fica de pé quando apoiado).- Olha com interesse o jogo de esconde-esconde ou participa do mesmo. - Ao perguntar-lhe sobre objetos familiares, os procura com o olho. - Ao interrompermos a atividade da criança com um balanço de cabeça dizendo “não, não“, a criança para o que está fazendo. - Perguntar à mãe: - Fica de pé apoiado na grade do berço? - É capaz de dizer “ma-ma” ou “dá-dá”? - Pega em pinça polegar-indicador? - Localiza sons produzidos ao lado e embaixo? 11. Atividades e Ambientes: - Dar copo para segurar, comer sentado. - Brincar na areia. - Dar objetos para bater e arrastar (panela, talheres, bolas, etc.). 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. - Quedas: escadas, voadores/andador, no solo por tentar ficar de pé apoiado. 29 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Quedas de objetos do alto por puxar toalhas ou objetos pesados como mesas, cadeiras, etc. - Afogamento: em banheiras ou piscinas. - Choque elétrico: tomadas e fios desencapados, ou que se soltam ao serem puxados. - Deglutição de objetos pequenos ou pontiagudos. - Lugar perigoso: cozinha, por perigo de queimaduras por alimentos ou líquidos quentes, ou apoio em tampa de fornos, cabos e panelas. 13. Dentes: - Continuar com a higiene dentária. DÉCIMO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: seguir rotina do uso de fórmula infantil (seguir a orientação que está escrita na lata). - Continuar com: papa de legumes (almoço e jantar), sucos de frutas, frutas, água, chá e carne. - Papa amassada com garfo; estimular uso de copo e a mastigação. Entre 10 a 12 meses: alimentação da família. Importante avaliar e orientar quanto a hábitos alimentares saudáveis. O Açúcar e o sal não devem ser colocados na alimentação complementar antes de um ano de vida. 2. Higiene: continuar com orientação do recém-nascido. 3. Sono: 13 a 15 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com a exposição ao sol. 6. Vacinação: verificar carteira de vacinação. 7. Peso: aumenta 400 gramas. No quarto trimestre aumenta em média 400 gramas/mês. 8. Estatura: aumenta 1 cm. 30 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Sustenta a mamadeira com as mãos. - Come bolachas sem ajuda. - Escolhe um brinquedo predileto. - Demonstra predileção pelos alimentos. - Reações de raiva, ciúme, fúria, inveja e possessividade. - Na sua frente, ao se colocar uma bola dentro de uma caixa, procura a bola dentro da caixa. - Perguntar à mãe: - É capaz de se erguer, apoiando-se na lateral do berço ou do cercado? 11. Ambientes e Atividades: - Dar copo para segurar, comer sentado. - Brincar na areia, dar objetos para bater e arrastar (panelas, talheres, bolas, etc.). 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. - Quedas: na banheira, ou por pendurar-se em qualquer móvel. - Mordidas por cão, gato. 13. Dentes: - Continuar com a higiene dentária. DÉCIMO PRIMEIRO MÊS 1. Alimentação: - Leite ideal: aleitamento materno. - Fórmula Infantil: fórmula infantil (seguir a orientação que está escrita na lata). - Continuar com: papa de legumes (almoço e jantar), sucos de frutas, água e chá, ovo e carne. 2. Higiene: continuar com orientação do recém-nascido. 3. Sono: 13 a 15 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 31 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 5. Sol: continuar com a exposição ao sol. 6. Vacinação: verificar carteira de vacinação. 7. Peso: aumenta 400 gramas. 8. Estatura: aumenta 1 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Já pode dizer “papa”, “mama”, obedece ordens simples, segura o copo com firmeza para beber. - Escolhe um brinquedo predileto. - Demonstra predileção pelos alimentos. - Reações de raiva, ciúme, fúria, inveja e possessividade. - Na sua frente, ao se colocar uma bola dentro de uma caixa, procura a bola dentro da caixa. - Perguntar à mãe: - Consegue movimentar-se à volta de seu cercado ou berço, ou andar apoiada nos móveis. 11. Ambientes e Atividades: - Dar copo para segurar, comer sentado, brincar na areia. - Dar objetos para bater e arrastar. 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. 13. Dentes: - Continuar com a higiene dentária. DÉCIMO SEGUNDO MÊS 1. Alimentação: - Aleitamento materno: pode continuar até o 24o mês, porém também pode iniciar gradativamente o DESMAME, inicialmente substituir uma das mamadas por fórmula infantil e depois 2 e depois as 3 mamadas. - Fórmula Infantil: no uso de fórmulas infantis, passar aos poucos o 32 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná leite da mamadeira para o copo. Observar a aceitação da criança. - Alimentação normal de adulto: “comidinha” da mesa do adulto, em pedaços pequenos, incluindo arroz, feijão, carne ou frango ou peixe, ovo, legumes, verduras, frutas, óleo, azeite, leite com ferro. - Orientar quanto ao preparo de alimentos de bom valor nutricional e de baixo custo. 2. Higiene: seguir orientação do recém-nascido, verificar sintomas de verminose (dor abdominal, prurido anal, falta de apetite, etc.). 3. Sono: 13 a 15 horas. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 6. Vacinação: Tríplice viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola) + Varicela + Hepatite A + Pneumococo. Consultar também calendário de vacinas adiante. 7. Peso: aumenta 400 gramas. 8. Estatura: aumenta 1 cm. 9. Perímetro cefálico: aumenta 0,5 cm. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Tenta usar colher, agarra os objetos com firmeza, brinca com vários objetos de uma só vez. - Anda com apoio, dá passinhos sozinho e fala duas ou três palavras. - Na sua frente, ao se colocar uma bola dentro de uma caixa e esconder a caixa, procura a caixa e a bola dentro da caixa. - Reconhece animais, objetos e pessoas em livros e revistas. - Compreende e executa ordens mais complexas (colocar, levar e guardar objetos). - Nomeia objetos familiares. - Designa-se a si mesmo usando a terceira pessoa. - Imita o gesto de apertar as mãos. - Busca a proteção do adulto em caso de perigo. - Beija os familiares e conhecidos. - Atende pelo seu nome. - Mostra os animais identificando-os com os sons onomatopéicos. - “Uso de palavras com sentido global para expressar diferentes 33 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná necessidades, exemplo: a palavra “mama” é empregada para dizer “estou só”, “estou assustado”, “estou com fome”, etc. - Perguntar à mãe: - Acena “adeus “com a mão, bate palmas? - Anda, segura por uma mão? - Possui vocabulário de duas palavras? - Localiza sons produzidos acima e abaixo da cabeça? 11. Ambientes e Atividades: - Deixar andar sem roupa e calçados, quando a temperatura permitir. 12. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. - Quedas: por aprendizado da marcha, em degraus, chão molhado. - Corpo estranho/asfixia: pipoca, espinho de peixe, brinquedos, outros objetos pequenos em vias aéreas. - Afogamento: banheira, praia, piscina, rio. - Intoxicação: medicamentos, plantas, produtos de limpeza, defensivos agrícolas. - Traumatismos em geral: quedas, cortes, contusões. - Queimadura: fogo, produtos químicos. - Choque elétrico: eletrodomésticos, tomadas. - Mordeduras de animais: cão doméstico. - Animais peçonhentos: mais comum em zona rural. - Trânsito: ocupante de veículos, pedestre. 13. Dentes: continuar com a higiene dentária. DÉCIMO QUINTO MÊS 1. Alimentação: de adulto. Dar leite de manhã e à noite. - Evitar: alimentos enlatados, sal e açúcar em excesso, doces, balas, refrigerantes e pirulitos, frituras, massas, etc. 2. Higiene: seguir orientação do recém-nascido, tratamento de verminoses (ver adiante) 3. Sono: 12 a 15 horas, sendo 2 a 3 horas diárias e 10 a 12 horas noturnas. 4. Evacuação: em número variável, conforme a criança. 34 Rotinas de Puericulturado Hospital Universitário do Oeste do Paraná 5. Sol: continuar com exposição ao sol. 6. Vacinação: ver calendário de vacinação adiante. 7. Peso: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com o sexo. 8. Estatura: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com o sexo. 9. Perímetro cefálico: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com sexo. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Come com as mãos, bebe no copo, joga os objetos longe, sobe escada engatinhando, fala, anda sem apoio, verificar marcha com pés descalços. - Na sua frente, ao se colocar uma bola dentro de uma caixa e esconder a caixa, procura a caixa e a bola dentro da caixa. - Reconhece animais, objetos e pessoas em livros e revistas. - Compreende e executa ordens mais complexas (colocar, levar e guardar objetos). - Nomeia objetos familiares. - Designa-se a si mesmo usando a terceira pessoa. - Imita o gesto de apertar as mãos. - Busca a proteção do adulto em caso de perigo. - Beija os familiares e conhecidos. - Atende pelo seu nome. - Mostra os animais identificando-os com os sons onomatopéicos. - Uso de palavras com sentido global para expressar diferentes necessidades, exemplo: a palavra “mama” é empregada para dizer “estou só”, “estou assustado”, “estou com fome”, etc. 11. Ambientes e Atividades: - Deixar usar colher e copo. - Brincar com escova de dentes. - Dar brinquedos de encaixar, puxar, desenhos coloridos, dançar e brincar de roda. - Perguntar à mãe: - É capaz de andar sozinha? - Consegue comunicar seus desejos, apontando e emitindo sons? 35 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 12. Dentes: continuar com a higiene dentária. 13. Prevenção de acidentes: - Ver consulta do 7o mês. Prevenção de acidentes das crianças de 1 a 2 anos: Quedas e ferimentos: - As crianças são muito ativas e curiosas mas não têm noção de perigo. - Colocar portões nas escadas (embaixo e em cima). - Instale grades em todas as janelas acima do 1o andar. - Use pratos e copos de plástico. - Remova móveis com bordas cortantes. - Prevenir mordedura de animais. Queimaduras e choques elétricos: - Nunca deixe a criança sozinha na cozinha. - Nunca deixe a criança brincando na cozinha enquanto você prepara a comida (é um lugar muito perigoso). - Deixe o cabo das panelas virado para dentro. - Não deixe a criança brincar com objetos metálicos que possam ser introduzidos em tomadas elétricas e use protetores de tomadas. Sufocação: - Não dar amendoim, pipoca, goma de mascar, balas escorregadias e duras. - Nunca deixar a criança brincar com lata de talco. Afogamento: - Nunca deixar a criança sozinha na banheira. - Nunca deixar a criança sozinha perto de espelhos d’água, piscinas (inclusive as da própria casa) e lagos. Envenenamento: - Nunca deixe remédios e produtos tóxicos, inclusive inseticidas, ao alcance das crianças. Auto-segurança: - Não permitir que as crianças brinquem na rua. - Segurar a mão para atravessar a rua. - Transportar a criança no banco traseiro do carro e em assentos apropriados. 36 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 14. Tratamento das Parasitoses Intestinais: - Todo lactente que frequenta o Ambulatório de Puericultura deverá receber tratamento anti-helmíntico após os 12 meses de idade mesmo que a mãe não apresente queixa compatível com parasitose. Se mãe relata sintomas compatíveis com parasitose intestinal, solicitar exame parasitológico de fezes em 3 amostras e fazer tratamento específico de acordo com resultado do exame. Opções: - Mebendazol 100 mg suspensão oral: 5 ml via oral de 12/12 horas durante 3 dias. Repetir após 14 ou 21 dias. Apresentações comerciais disponíveis: NecaminR, PantelminR, Mebendazol R. DÉCIMO OITAVO MÊS 1. Alimentação: comida de adulto. Dar leite de manhã e à noite. Evitar: alimentos enlatados, sal, açúcar em excesso, doces, balas, refrigerantes e pirulitos, frituras e massas. 2. Higiene: seguir orientação do recém-nascido, tentar tirar a fralda. 3. Sono: 12 a 15 horas, sendo 2 a 3 horas diárias e 10 a 12 horas à noite. 4. Evacuação: em número variável conforme a criança. 5. Sol: brincar ao ar livre com exposição ao sol. 6. Vacinas: ver calendário de vacinação adiante. 7. Peso: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com o sexo. 8. Estatura: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com o sexo. 9. Perímetro cefálico: verificar gráfico de desenvolvimento pôndero-estatural de acordo com o sexo. 10. Desenvolvimento Neuropsicomotor: - Senta sozinho, usa colher, pede para fazer “xixi” e “cocô”, corre com 37 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná dificuldade, sobe escadas com alguém segurando-lhe a mão. - Compreende ordens negativas opondo-se a elas (esta reação poderá surgir entre o 18o mês e o 23o mês). - Imitação das atividades da casa (limpeza, escrita, etc.). - Perguntar à mãe: - Sobe escadas, segura por uma mão? - É capaz de construir uma torre de 3 cubos? - Fala três a seis palavras? 11. Ambientes e atividades: - Deixar usar colher, brincar com escova de dentes, brinquedos de encaixar e puxar, desenhos coloridos, dançar, brincar de rodas. 12. Prevenção de acidentes: - Idem aos meses anteriores. 13. Higiene dentária: continuar com a higiene dentária. Deverá iniciar o rompimento dos caninos. SEGUNDO ANO Crescimento: a velocidade de crescimento diminui. Desenvolvimento 24 meses: É capaz de correr? Consegue subir e descer escadas segurando- se no corrimão? É capaz de se expressar com frase de duas palavras? Vacinação: conferir de acordo com calendário recomendado (ver adiante). Orientação aos pais: 1. Estimular o uso do copo e reduzir mamadeira. 2. Deixar a criança comer com as próprias mãos e exercitar o uso da colher. 3. Estimular o desenvolvimento da linguagem (conversar, ler). 4. Brincar ao ar livre. 5. Pés aparentemente chatos, membros inferiores em arco, com joelhos afastados. 6. Considerar a birra como normal mas ignorar os comportamentos inadequados. 7. Os pais devem observar se as crianças enxergam bem com os 2 olhos em separado. 38 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Prevenção de acidentes: - Ver consultas dos 12 meses e dos 18 meses. PRÉ-ESCOLAR (3 a 5 ANOS) Crescimento: fase de crescimento lento com estirão (estatura predominando sobre o peso): criança “espigada”. Desenvolvimento 30 meses: consegue pular erguendo os 2 pés do chão? Quando solicitada é capaz de apontar partes de seu corpo? 3 anos: É capaz de pedalar? Sabe seu primeiro nome? Linguagem inteligível? Controla evacuação? Controla micção diurna? - Encaminhar ao Oftalmologista para consulta preventiva de rotina (teste de rastreamento para ambliopia e estrabismo em todas as crianças normais, a partir dos 3 anos de idade) ou quando a criança parece não enxergar bem (franze os olhos para enxergar), os prematuros e quando os familiares usam óculos de grau médio ou forte. Convém testar a acuidade visual com os “Cartões de Teller” com listas zebradas. 4 anos: Consegue manter-se sobre um pé só? Sabe seu nome inteiro? Controla micção noturna? Avaliação oftalmológica com teste com o Quadro dos Es. 5 anos: É capaz de executar 3 ordens? Desenha um homem com cabeça, corpo, braços e pernas? Consegue saltar? Controla micção noturna? Alerta a distúrbios sérios do comportamento/humor que podem sugerir maus tratos. Nos casos suspeitos, notificar e buscar orientação junto ao Conselho Tutelar da localidade e ao Juizado da Infância e da Juventude. Orientações aos pais 1. Estimular a independência, economizar os “não pode“, estabelecer limites bem definidos. Brincar com outras crianças. 39 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 2. Retirada da chupeta. 3. Visita ao dentista. 4. Parque infantil, escolinha, centro de educação infantil. 5. Televisão limitada, compatívelcom a idade. 6. Prevenção de acidentes. Ensinar a nadar mas manter a supervisão. 7. Explicar aos pais que nesta fase a criança tem frequentes infecções respiratórias virais e que elas devem ser acompanhadas pelo médico pediatra. Capacete para andar de bicicleta. No carro: cadeirinha instalada de frente para o painel e presa ao banco, usar travas bloqueando a abertura interna das portas traseiras e manter os vidros quase totalmente levantados. Prevenção de Acidentes - Desenvolvimento neuromotor especializa, amplia ambiente social, menor dependência dos adultos, curiosidade, desconhece o perigo, pequena capacidade de prever riscos, imita comportamentos. Afogamento: piscina, rio, praia. Asfixia: menos frequente. Intoxicação: medicamentos, plantas, produtos de limpeza, defensivos agrícolas, álcool. Traumatismos em geral: quedas, cortes, contusões. Queimadura: fogo, produtos químicos. Choque elétrico: eletrodomésticos, tomadas. Mordeduras de animais: cão doméstico ou errante. Animais peçonhentos: mais comum em zona rural. Trânsito: ocupante de veículos, pedestre. ESCOLAR (6 a 10 ANOS) Crescimento: peso e estatura proporcionais (“criança robusta”) Peso = Idade x 2 + 8 (ou 10) Estatura = (n – 3) x 6 + 95 (ou 97) Medir pressão arterial Idade da repleção pré-puberal aos 8 – 9 anos. 40 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Desenvolvimento: avaliar o aproveitamento escolar. Orientações aos Pais 1. Teste de acuidade visual (Quadro dos Es) 2. Dieta prudente para evitar obesidade e aterosclerose: carne magra, frango sem a pele, peixe, cereal (arroz integral), leguminosa (feijão), legumes, verduras, frutas; leite semidesnatado, iogurte, queijo magro; evitar doces, salgadinhos, refrigerantes. 3. Estimular atividade física regular. 4. Estimular a ler livros. 5. Mostrar interesse pelas atividades das crianças. 6. Reforçar independência e auto-responsabilidade. 7. Estabelecer regras quanto à hora de deitar, ver televisão. 8. Ensinar a atravessar a rua, regras de trânsito, usar capacete quando andar de bicicleta, ensinar a nadar e boiar. Prevenção de Acidentes - Sofre muitas influências externas, vigilância insuficiente por parte dos adultos, desejo de mostrar suas habilidades. Afogamento: piscina, rio, praia. Asfixia: menos frequente. Intoxicação: medicamentos, álcool. Traumatismos em geral: quedas, cortes, contusões. Queimaduras: fogo, produtos químicos. Choque elétrico: eletrodomésticos, tomadas. Mordeduras de animais: cão doméstico ou errante. Animais peçonhentos: mais comum em zona rural. Trânsito: ocupante de veículos, pedestre. A CONSULTA DO ADOLESCENTE INTRODUÇÃO - Durante o seguimento deve ser infundida ao adolescente responsabilidade crescente sobre sua saúde e que ele tem direito à assistência integral à aúde. - Aspectos psicológicos e somáticos aparecem muitas vezes interligados- queixas emocionais terão representação orgânica e vice-versa. - Muitos adolescentes se fecham em mutismo, falam monossilabicamente ou se comunicam somente por manifestações extra verbais (gestos e atitudes). 41 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - O adolescente é reticente e desconfiado, imaginando que todos seus segredos serão desvendados e que seu corpo será examinado minuciosamente. - A boa relação médico-adolescente dependerá do nível de transferência (sentimentos do paciente em relação ao profissional) e de contra-transferência (sentimentos do profissional em relação ao adolescente). - A consulta do adolescente deve sempre levar em conta: crescimento e desenvol- vimento e a vulnerabilidade a inúmeros agravos físicos, psíquicos e sociais. - Dar sempre imagem objetiva do adolescente. - Harmonizar as queixas que possam existir entre pais e filhos. - Evitar julgamento de valores. - Respeitar o pudor dos jovens. - Lembrar que o foco de atenção é o adolescente e não os pais. Requisitos básicos para o atendimento de adolescentes: - Gostar de adolescentes. - Estar à vontade com eles. - Saber ouvi-los. - Ter conhecimentos sobre eles. - Saber percebê-los como um todo. - Estar isento de preconceitos e estereótipos. - Não se transformar em adolescente e nem tampouco agir como um adolescente. - Usar a autoridade como sinônimo de competência e não de autoritarismo. - Equipe multidisciplinar: médicos pediatra, psiquiatra e ginecologista; assistentes sociais; enfermeiros; nutricionistas; psicólogos e outros. Dificuldades relacionadas ao médico durante o atendimento a adolescentes: - O pediatra está habituado a ter a mãe como interlocutora, encontrando dificuldades para se comunicar com o adolescente. - O atendimento ao adolescente exige maior tempo, trabalho e paciência. - Ausência de sala especial ou horário próprio para o atendimento ao adolescente. ÉTICA NO ATENDIMENTO DO ADOLESCENTE Privacidade - Exame físico do adolescente exige absoluta privacidade. - Sala de espera ou horário específico para atendimento ao adolescente. - O Código de Ética Médica recomenda a presença de um acompanhante durante o exame físico, sobretudo se o paciente for menor de 18 anos. 42 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Confidencialidade e Sigilo - Nenhuma informação obtida dos jovens será repassada aos pais ou responsáveis sem a autorização do adolescente. - O médico manterá o sigilo respaldado no Código de Ética Médica-art. 74: “É vedado ao médico revelar sigilo profissional referente a paciente menor de idade inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente.” - É necessário informar ao adolescente, com muita clareza, o alcance e o limite do sigilo e da confidencialidade. A quebra do sigilo médico Indicações: a) Riscos de suicídio e/ou homicídio. b) Uso de drogas (dependência) e abuso de bebidas alcoólicas. c) Gravidez (risco de aborto com risco de vida ou de grave comprometimento da saúde). d) Intenção de abortar. e) Algumas doenças sexualmente transmissíveis (AIDS). f) Recusa de tomada de medicações. g) Ferimentos por arma de fogo ou instrumentos perfurantes. h) Anorexia e bulimia nervosas. i) Cirurgias de urgência e doenças graves. Todas as situações que envolvem quebra do sigilo, deverá ocorrer com a ciência do jovem, mesmo que sem seu aval. Princípio de autonomia O adolescente reivindica sua posição de indivíduo autônomo, responsável e capaz de avaliar seus próprios problemas e optar sobre procedimentos diagnósticos, terapêuticos e profiláticos, assumindo a responsabilidade pelo seu tratamento. Autonomia: a única pessoa com o direito de escolher o que é mais conveniente para si mesmo é o próprio adolescente. Dificuldade teórica na manutenção do princípio de autonomia: • Código Civil Brasileiro: art. 5º, julga como imaturos e incapazes todos os menores de 16 anos e relativamente incapazes aqueles com idade inferior a 21 anos. • OMS: admite como adolescentes todos os indivíduos entre 10 e 19 anos. • ECA: em seu art. 2º, considera adolescentes aqueles entre 12 e 18 anos de idade. Como se vê, são posturas conflituosas. 43 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Doutrina do menor maduro Menor maduro: “aquele que pode compreender os benefícios e riscos do tratamento proposto ou, em outras palavras, que é capaz de dar consentimento informado à assistência, podendo recusar o tratamento indicado mesmo à revelia dos pais, mantendo-se sempre o habitual e clássico sigilo. Tais fatos não eximem o médico de sua responsabilidade; ao contrário, exigem o máximo de cuidado e bom senso na avaliação um tanto subjetiva do que seja um menor amadurecido”. Tal conceito não seria válido para menores de 14 a 15 anos, o ideal é saber mais informações sobre o paciente. Sempre serão levados em conta não apenas o desenvolvimento físico como também aspectoscognitivos, emocionais, comportamentais e socioculturais. Respeito ao pudor 1. O médico deve reconhecer o adolescente como indivíduo progressivamente capaz e atendê-lo de forma diferenciada. 2. O médico deve respeitar a individualidade de cada adolescente. 3. O adolescente tem o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou responsáveis no ambiente de consulta, garantindo a confidencialidade. 4. A participação da família é altamente desejável, porém os limites do envolvimento devem ficar claros para a família e para o jovem. 5. A ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento médico do jovem. 6. Situações de risco (gravidez, drogadição, não adesão a tratamentos, doenças graves, risco à vida ou à saúde de terceiros) e procedimentos de maior complexidade (biópsias e intervenções cirúrgicas), torna-se necessária a participação e o consentimento dos pais ou responsáveis. 7. Na quebra de sigilo, o adolescente deve ser informado e receber justificativas para tal atitude. ANAMNESE E EXAME FÍSICO 1. Entrevista com a família (pais + adolescente) - Perguntar ao pai ou à mãe o motivo da consulta (problemas físicos ou psíquicos). - Não tirar conclusões definitivas desta, não é raro que os pais queiram transformar o médico em outro elemento de censura ao adolescente. - Antecedentes familiares. - Antecedentes individuais. - Interrogatório sobre diversos sistemas. 44 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná 2. Entrevista a sós com o adolescente - Uma opção de começar a anamnese é indagar sobre tópicos neutros (esportes, música, cinema). - O adolescente deve ficar ciente de que em certas circunstâncias o sigilo poderá ser rompido no interesse final do próprio adolescente (ver anteriormente). - Lembrar que por trás de queixas vagas como dores de cabeça, insônia ou dores de barriga, é possível encontrar um problema emocional, preocupação com a imagem corporal e sexualidade, bem como detectar uma vulvovaginite ou uma gravidez. O método HEADS desenvolvido por Berman (1972) para organizar a história psicossocial, deverá ser realizado obrigatoriamente fora da presença dos pais. H (home): mora com os pais? Irmãos? Quem mais vive na casa? E (education): série compatível com idade cronológica? Adaptação à escola, interesses. E (eating): hábitos alimentares, horários, preocupação com o peso. E (“esportes”): se pratica, com que frequência? Se não, por quê? Incentivar e demonstrar a importância da prática de esportes. A (activities): atividades dentro e fora da escola, fins de tarde, noite, fins de semana. Limitar horário frente à televisão, computadores e jogos eletrônicos. Incentivar leitura. Trabalho (carga horária, condições, realização pessoal). Sono e repouso. D (drug): consumo de álcool, fumo e outras drogas. Orientar sobre prevenção e, se dependente, encaminhar para tratamento. I (immunization): conferir cartão de vacinas e atualizar quando for o caso. Ver calendário de vacinação do adolescente adiante. S (safety): uso de capacete, cinto de segurança, evitar entrar em carro com motorista alcoolizado. S (sexuality): sexarca, espermarca, menarca (idade desta), uso de contraceptivos e prevenção de gravidez/DSTs/AIDS. Namoro, envolvimento físico, preferência a práticas sexuais e número de parceiros. S (suicide/depression): ideação suicida? Pensamento ou tentativas prévias. Quadro compatível com depressão. Motivação, planos para o futuro. 3. Exame físico do adolescente - O Código de Ética Médica recomenda a presença de um acompanhante durante o exame físico, sobretudo se o paciente for menor de 18 anos. - A menina, se atendida por médico do sexo masculino, tende a fantasiar, podendo dar à consulta conteúdo erótico, sobretudo se houver necessidade de exame ginecológico e exames das mamas. 45 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Dar explicações sobre tudo o que se está fazendo durante o exame físico, isto ajuda a aliviar a tensão do adolescente. Dados gerais: peso, estatura, PA, pulso e frequência cardíaca, estágio de maturação sexual, pele, mucosas, pelos, gânglios, cabeça, pescoço, tórax, abdome, genitais, mamas, coluna, membros, acuidade visual e auditiva. Avaliação do estado nutricional: IMC, gráficos e pregas cutâneas. Exame ginecológico: não é obrigatório que ocorra na primeira consulta. Indagar sobre menarca, ciclos menstruais, relações sexuais (com muito tato). Exame “andrológico”: sexualidade, relações sexuais, uso ou não de preservativos. 4. Nova entrevista com a família + adolescente - Momento de apaziguar os ânimos, tentando harmonizar eventuais queixas de parte a parte. - Nada do que o adolescente tenha revelado confidencialmente poderá ser dito à família, a não ser em casos excepcionais previstos. 5. Diagnóstico e tratamento - O adolescente muitas vezes é poliqueixoso. - É frequente a elaboração de mais de um diagnóstico, mesclando-se problemas orgânicos com problemas da esfera psicológica. Exemplo: vulvovaginite+atraso vacinal+ansiedade; faringite+obesidade+distúrbio do sono; escoliose+mau aproveitamento escolar; atraso estatural + acne + mau relacionamento familiar. ADOLESCÊNCIA(ASPECTOS DA PUERICULTURA) 10 anos - Fase de repleção (começa aos 9 anos). - Medir pressão arterial, avaliar visão e audição; observar escoliose. - Dieta prudente. - Cinto de segurança no carro. - Revisar a vacinação. 46 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Desenvolvimento a) Meninas: início da puberdade: botão mamário; depois pêlos pubianos. b) Meninos: permanecem impúberes (pênis pequeno, um pouco escondido no tecido gorduroso pré-pubiano). Educação sexual com participação dos pais. 12 anos Meninas: estirão; menarca aos 12 anos e meio. Meninos: ainda em repleção; aumento dos testículos com pênis pequeno. 14 anos Observar estágio de Tanner. Suspeitar de puberdade retardada se: a) sexo masculino: ainda não ocorreu aumento do testículo; b) sexo feminino: ausência de botão mamário. Educação sexual: livros, preparar para menarca, polução noturna, masturbação, ginecomastia, o direito de dizer “não“ ao grupo. 15 anos Indicar providências se persistir irregularidade menstrual acentuada ou se o adolescente masculino persistir com ginecomastia acentuada. Orientação ao adolescente 1. Dieta prudente 2. Atividade física regular, esporte. 3. Bicicleta (usar capacete). Cinto de segurança. 4. Não aceitar carona quando o motorista bebeu, usou drogas ou dirige imprudentemente. 5. Não aceitar carona de estranhos. 6. Enfatizar o direito de dizer “não“ (e treinar o adolescente como dizer “não“). 7. Discutir contracepção, drogadição e senso de responsabilidade. Prevenção de Acidentes - Espírito aventureiro, desafiador, inexperiência, necessidade de auto-afirmação, conflitos e atitudes de rebeldia. Afogamento: piscina, rio, praia. Asfixia: menos frequente. Intoxicação: álcool, drogas de abuso. Traumatismos em geral: por armas de fogo ou brancas, quedas, cortes, contusões. Queimadura: fogo, produtos químicos. 47 Rotinas de Puericultura do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Choque elétrico: menos frequente. Mordeduras de animais: cão doméstico ou errante. Animais peçonhentos: mais comum em zona rural. Usar botas e luvas. Trânsito: ocupante de veículos, pedestre ou motorista. AMAMENTAÇÃO E DOENÇAS INFECCIOSAS MATERNAS 1. CITOMEGALOVÍRUS - Manter o aleitamento dos recém-nascidos com idade gestacional maior que 32 semanas ou a termo; - Recém-nascidos prematuros, com idade gestacional menor que 32 semanas ou com imunodeficiências por qualquer etiologia, filhos de nutrizes CMV positivas, devem interromper temporariamente o aleitamento materno; manter a lactação, com ordenhas regulares da mama; - Oferecer ao recém-nascido o leite da própria mãe pasteurizado ou leite humano ordenhado de Banco de Leite Humano (BLH). 2. VARICELA-ZOSTER - O aleitamento está contra-indicado, temporariamente, quando as lesões
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