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- Embora existam inúmeros fatores que causem a doença, todos podem ser agrupados em duas classes: genéticos (p. ex., mutações hereditárias e variantes genéticas associadas a doenças ou polimorfismos) e adquiridos (p. ex., doenças infecciosas, nutricionais, por agentes químicos ou físicos) - Os resultados finais das alterações genéticas, bioquímicas e estruturais nas células e tecidos são anormalidades funcionais, as quais provocam as manifestações clínicas (sinais e sintomas) das doenças, bem como a sua progressão (curso clínico e consequências) - A agressão às células e à matriz extracelular tem como resultado final a lesão tecidual e orgânica, as quais determinam os padrões morfológicos e clínicos das doenças. - Caso o equilíbrio homeostático for alterado, pode causar danos nas células, deixando a pessoa doente e podendo levar a morte Causas de Lesão Celular - Agentes Físicos - Incluem trauma mecânico, extremos de temperatura, alterações bruscas da pressão atmosférica, radiação e choque elétrico - Agentes Químicos Drogas - Substâncias simples, como a glicose ou sal em concentrações hipertônicas, podem lesar a célula diretamente ou pela perturbação do equilíbrio eletrolítico das células - Até mesmo o oxigênio em altas concentrações é tóxico - Quantidades ínfimas de venenos podem destruir um número suficiente de células para causar a morte - Outras substâncias potencialmente prejudiciais são: poluentes do ar e do ambiente, inseticidas e herbicidas; riscos industriais e ocupacionais, drogas sociais, como o álcool, e a variedade sempre crescente de drogas terapêuticas - Reações Imunológicas - O sistema imune exerce função essencial na defesa contra patógenos infecciosos, mas as reações imunes também podem causar lesão celular - Reações lesivas aos autoantígenos endógenos são responsáveis por várias doenças autoimunes - Reações imunes a muitos agentes externos, tais como vírus e substâncias ambientais, são também causas importantes de lesão celular e tecidual - Defeitos Genéticos - Anomalias genéticas podem produzir fenótipos clínicos altamente característicos que variam de malformações congênitas a anemias - Os defeitos genéticos causam lesão celular devido à deficiência de proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos dos erros inatos do metabolismo ou o acúmulo de DNA danificado ou de proteínas anormalmente dobradas, ambos disparando a morte celular quando são irreparáveis - As variações na sequência de DNA que são comuns nas populações humanas (polimorfismos) também podem influenciar a suscetibilidade das células à lesão por substâncias químicas e outros agressores ambientais - Desequilíbrios Nutricionais - A deficiência proteico-calórica provoca um número impressionante de mortes - Os problemas nutricionais podem ser autoinfligidos, como na anorexia nervosa (inanição autoinduzida) - Os excessos nutricionais são também causas importantes de lesão celular --> O excesso de colesterol predispõe à aterosclerose; a obesidade está associada com o aumento da incidência de várias doenças importantes, como diabetes e câncer - Agentes Infecciosos - Esses agentes variam desde os vírus submicroscópicos até as tênias de vários metros de comprimento - Entre os dois extremos estão as riquétsias, bactérias, fungos e formas superiores de parasitas. - Os modos pelos quais esses agentes biológicos causam lesão são variados - Privação de Oxigênio - A hipoxia é uma deficiência de oxigênio que causa lesão celular por reduzir a respiração oxidativa aeróbica - As causas da hipoxia incluem a redução do fluxo sanguíneo (isquemia), a oxigenação inadequada do sangue devido à insuficiência cardiorrespiratória, e a redução da capacidade de transporte de oxigênio do sangue, como na anemia ou no envenenamento por monóxido de carbono ou após grave perda sanguínea - Dependendo da gravidade do estado hipóxico, as células podem se adaptar, sofrer lesão ou morrer. Respostas às lesões - Adaptação - Respostas estruturais e funcionais reversíveis às alterações fisiológicas ou a alguns estímulos patológicos, durante as quais um novo estado de equilíbrio, alterado, é alcançado, permitindo a sobrevivência e a atividade funcional da célula Agnes Jennine - A resposta adaptativa pode consistir em hiperplasia (aumento de sua atividade funcional também) ou uma hipertrofia, diminuição do tamanho e da atividade metabólica das células (atrofia) ou uma mudança do fenótipo das células (metaplasia) o Hipertrofia: aumento do tamanho das células e órgãos, geralmente em resposta ao aumento da carga de trabalho; induzida por fatores de crescimento produzidos em resposta ao esforço mecânico ou outros estímulos; ocorre em tecidos incapazes de divisão celular o Hiperplasia: aumento do número de células em resposta aos hormônios e outros fatores de crescimento; ocorre em tecidos cujas células sejam capazes de se dividir ou contenham abundantes células-tronco teciduais o Atrofia: redução do tamanho das células e órgãos, como resultado da diminuição do fornecimento de nutrientes ou seu desuso; associada à diminuição da síntese de elementos constituintes celulares e degradação crescente de organelas celulares o Metaplasia: alteração no fenótipo das células diferenciadas, frequentemente em resposta à irritação crônica, tornando as células mais capazes de resistir ao estímulo nocivo; normalmente induzida por alteração na via de diferenciação de células-tronco do tecido; pode resultar em funções reduzidas ou aumento da propensão para a transformação maligna - Quando o estímulo é eliminado, a célula pode retornar ao seu estado original sem ter sofrido qualquer consequência danosa - Se os limites das respostas adaptativas forem excedidos ou se as células forem expostas a agentes ou estímulos nocivos, privadas de nutrientes essenciais, ou ficarem comprometidas por mutações que afetem constituintes celulares essenciais, ocorre uma sequência de eventos denominada lesão celular - Lesão Reversível - Dois aspectos da lesão celular reversível podem ser reconhecidos à microscopia óptica: tumefação celular (surge quando as células se tornam incapazes de manter a homeostase hidroeletrolítica e é resultante da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana plasmática) e degeneração gordurosa (ocorre na lesão hipóxica e em várias formas de lesão metabólica ou tóxica --> Ela é manifestada pelo surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma) - Necrose (lesão irreversível) - A aparência morfológica da necrose, assim como da necroptose, é o resultado da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula lesada letalmente - As células necróticas são incapazes de manter a integridade da membrana e seus conteúdos sempre são liberados no meio externo, um processo que provoca a inflamação no tecido circundante - A primeira evidencia histológica de necrose miocárdica somente aparece 4 a 12 horas depois - Devido à perda da integridade da membrana plasmática, as enzimas e proteínas específicas do coração são rapidamente liberadas do músculo necrótico, podendo já ser detectadas no sangue 2 horas após a necrose das células miocárdicas - A necrose dos tecidos possui vários padrões morfológicos distintos - Aumento da eosinofilia; retração, fragmentação e dissolução nucleares; quebra da membrana plasmática e das organelas; figuras de mielina abundantes; perda e digestão enzimática dos conteúdos celulares - Morte - Resulta de várias causas, incluindo isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecção e substâncias tóxicas - Constitui também um processo normal e essencial na embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutençãoda homeostase - Três outros processos que afetam as células e tecidos: acúmulos intracelulares (várias substâncias, incluindo proteínas, lipídios e carboidratos), calcificação patológica (O cálcio é frequentemente depositado em sítios de morte celular, resultando em calcificação patológica) e envelhecimento celular (acompanhado por alterações morfológicas e funcionais nas células.) - Acúmulos Intracelulares - Acúmulo intracelular de quantidades anormais de diversas substâncias que são inofensivas ou estão associadas com graus variados de lesão. - A substância pode estar localizada no citoplasma, dentro das organelas (tipicamente lisossomos), ou no núcleo, e é sintetizada pelas próprias células afetadas, ou pode ter sido produzida em outros locais 1. Remoção inadequada de uma substância normal secundária a defeitos nos mecanismos de Agnes Jennine Injúria celular acondicionamento e transporte, como na degeneração gordurosa (esteatose) no fígado 2. Acúmulo de uma substância endógena anormal como resultado de defeitos genéticos ou adquiridos em seu dobramento, acondicionamento, transporte, ou secreção, como acontece com certas formas mutantes de α1- antitripsina 3. Falha em degradar um metabólito devido a deficiências enzimáticas hereditárias. Os distúrbios resultantes são chamados de doenças de depósito (também chamadas de doenças de armazenamento) 4. Depósito ou acúmulo de uma substância exógena anormal quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância ou não tem capacidade de transportá-la para outros locais. O acúmulo de partículas de carbono ou sílica é um exemplo desse tipo de alteração - Em muitos casos, se a sobrecarga for controlada ou interrompida, o acúmulo é reversível depósito genéticas, o acúmulo é progressivo e a sobrecarga causa lesão celular, levando, em alguns casos, à morte do tecido e do paciente - Pigmentos - Pigmentos Exógenos: O acúmulo desse pigmento confere cor negra ao tecido pulmonar (antracose) e aos linfonodos envolvidos - Pigmentos endógenos: Os excessos locais resultam de hemorragias nos tecidos - Envelhecimento celular - O envelhecimento celular é resultado do declínio progressivo da função e viabilidade celulares causado por anormalidades genéticas e acúmulo de danos moleculares e celulares devido aos efeitos da exposição a influências exógenas Mecanismos de lesão celular 1. A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de agressão, sua duração e sua intensidade --> Pequenas doses de uma substância química tóxica ou breves períodos de isquemia induzem lesão celular reversível, enquanto altas doses do mesmo tóxico ou uma isquemia mais prolongada resultam ou em morte celular instantânea ou em lesão celular irreversível arrastada, evoluindo, com o tempo, para a morte celular 2. As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e adaptabilidade da célula agredida --> O estado nutricional e hormonal celular e suas necessidades metabólicas são importantes na sua resposta à agressão 3. A lesão celular é resultante de diferentes mecanismos bioquímicos que agem em vários componentes celulares essenciais --> Os componentes celulares que mais frequentemente são lesados por estímulos nocivos incluem as mitocôndrias, as membranas celulares, a maquinaria de síntese e empacotamento de proteínas e o DNA —> Qualquer estímulo agressivo pode, simultaneamente, acionar múltiplos mecanismos interconectados que lesam as células Locais de agressão celular - Membranas - Alvos importantes na membrana plasmática e nas membranas das organelas celulares: 1. Receptores 2. Na/K bomba - A perda precoce da permeabilidade seletiva da membrana, evoluindo no final para um dano evidente da Agnes Jennine Injúria celular membrana, é uma característica constante na maioria das formas de lesão celular (exceto na apoptose) - Nas células isquêmicas, os defeitos de membrana são o resultado da depleção de ATP e da ativação cálcio- mediada de fosfolipases. - A membrana plasmática pode também ser danificada diretamente por várias toxinas microbianas, proteínas virais, componentes líticos do complemento e numerosos agentes químicos e físicos. - Vários mecanismos bioquímicos contribuem para os danos à membrana - As células possuem mecanismos que reparam danos ao DNA, porém se o dano é muito grave para ser corrigido (p. ex., após exposição do DNA a fármacos nocivos, radiação ou estresse oxidativo), a célula inicia um programa de suicídio que resulta em morte por apoptose. - Uma reação semelhante é iniciada por proteínas incorretamente dobradas, as quais podem ser resultantes de mutações hereditárias ou por causas adquiridas, como os radicais livres - A perda de proteínas intracelulares através da membrana da célula lesada e, subsequentemente, para a circulação sanguínea, fornece um meio de detecção de lesão celular tecido-específica e necrose usando amostras de soro sanguíneo - Acúmulo de DNA danificado e proteínas mal dobradas: desencadeia apoptose - Acúmulo de espécies reativas de oxigênio: modificação covalente de proteínas, lipídios e ácidos nucleicos celulares Hipóxia - A isquemia é o tipo mais comum de agressão celular em medicina clínica e que resulta da hipoxia provocada pela redução do fluxo sanguíneo, geralmente devido a uma obstrução mecânica arterial - Na hipóxia a produção de energia através da glicólise anaeróbica continua - Isquemia tende a causar lesão celular e tecidual mais rápida e intensa que a hipoxia na ausência de isquemia. Prejuízo por radicais livres - A lesão celular induzida por radicais livres, particularmente as espécies reativas de oxigênio, é um importante mecanismo de dano celular em muitas condições patológicas, como a lesão química e por radiação, lesão de isquemia-reperfusão, envelhecimento celular e morte de micorganismos pelos fagócitos - As espécies reativas de oxigênio (ERO) são um tipo de radical livre derivado do oxigênio, cujo papel na lesão celular está bem estabelecido - O estresse oxidativo (excesso de radicais livres) tem sido implicado em uma grande variedade de processos patológicos, incluindo lesão celular, câncer, envelhecimento e algumas doenças degenerativas como doença de Alzheimer - Os radicais livres podem ser gerados dentro das células de vários modos: Lesão de reperfusão - A lesão de reperfusão é atribuída à realização de fosforilação oxidativa em mitocôndrias semidanificadas por hipóxia, que leva à liberação intensa de radicais livres (principalmente ânions superóxido). Além disso, é possível que a hipóxia afete adversamente o processo de desintoxicação de radicais livres e antioxidantes (vitaminas A, C e E e glutationa citosólica) e enzimas catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase Agnes Jennine Injúria celular
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