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Resumo de Educação Fiscal

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Educação Fiscal – Sefaz/CE
Introdução
III EDUCAÇÃO FISCAL: 
1 Introdução à educação fiscal. 1.1 Conceitos de educação fiscal. 1.2 Objetivos da educação fiscal. 1.3 Características da educação fiscal. 2 O papel social da educação fiscal. 2.1 Os fundamentos constitucionais de um Estado Democrático de Direito. 2.2 O Estado de Bem-Estar Social. 2.3 As relações entre Estado e sociedade. 2.4 A educação fiscal como instrumento de promoção da cidadania e da dignidade humana. 3 O Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF). 3.1 Valores morais que suportam o Programa. 3.2 Finalidades do Programa. 3.3 Modelo de gestão vigente no Programa. 3.4 Diretrizes estratégicas do Programa. 3.5 Fundamentos do Programa. 3.6 Abrangência do Programa. 3.7 Inserção do Programa na educação formal no Brasil. 4 A educação fiscal no contexto do ensino superior. 4.1 Dilemas da educação superior no Brasil. 4.2 Ensino, pesquisa e extensão na perspectiva da educação fiscal. 5 O papel social dos tributos. 5.1 Os tributos como fonte de financiamento do Estado. 5.2 Os tributos no contexto da redução da desigualdade social. 5.3 Conceitos fundamentais relacionados à equidade fiscal (princípio do benefício, princípio da capacidade contributiva, progressividade do tributo e carga tributária bruta e líquida). 5.4 Tipos ou espécies de tributos. 5.5 Conceitos fundamentais relacionados a tributos (base de cálculo, alíquota, contribuinte). 5.6 Classificações dos tributos. 6 O Sistema Tributário Nacional. 6.1 As funções da tributação. 6.2 Princípios basilares do Sistema Tributário Nacional. 6.3 Princípios tributários constitucionais. 6.4 Fundamentos de um sistema tributário que visa a tributação ideal. 7 Gestão dos recursos públicos. 7.1 Sistema orçamentário no Brasil (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual). 7.2 Ciclo orçamentário. 7.3 Orçamento participativo. 8 O controle social da administração pública. 8.1 Instrumentos de controle social em vigor no Brasil. 8.2 Transparência e controle social. 8.3 Lei de Responsabilidade Fiscal. 8.4 Iniciativas da sociedade civil em prol do controle social
1 Introdução à educação fiscal. 1.1 Conceitos de educação fiscal. 1.2 Objetivos da educação fiscal. 1.3 Características da educação fiscal
Conceito de Educação Fiscal:
Processo de ensino e aprendizagem, que visa a estimular uma cidadania ativa, participativa e solidária, mediante a compreensão, tanto dos direitos fiscais – especialmente relacionados a uma gestão adequada dos gastos públicos pelos governantes – como de suas obrigações, especificamente do dever fundamental de pagar tributos. 
➥ Fundada nos seguintes pressupostos: 
• Conscientização da função socioeconômica dos tributos; 
• Participação da sociedade na gestão e no controle dos recursos públicos; 
• Vinculação entre educação, o trabalho e as práticas sociais; 
• Exercício efetivo da cidadania 
• Dignidade da pessoa humana.
O carro-chefe do Estado Democrático de Direito é o princípio da dignidade da pessoa humana. 
► Objetivo da educação fiscal é desenvolver, na população, valores, atitudes e habilidades destinadas a estimular o efetivo exercício da cidadania (mais especificamente, da cidadania fiscal). Basicamente, o objetivo consiste na promoção e na institucionalização do conceito de educação fiscal.
VALORES INERENTE À EF: cidadania, comprometimento, efetividade, ética, justiça, solidariedade, transparência e democracia. 
O Programa de Educação Fiscal do Ceará – PEF objetiva a conscientização dos cidadãos sobre a função social dos tributos e de sua responsabilidade no controle de aplicação desses recursos, por meio do exercício da cidadania, buscando, assim, a construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária, conforme previsto na Constituição Federal.
Evolução dos modelos de estado:
1 - Estado Absolutista
2 - Estado Liberal
3 - Estado de Bem-Estar Social (Welfare State)
Características essenciais do Welfare State:
- Intervenção estatal;
- Busca da igualdade;
- Proteção da sociedade
O último estágio evolutivo do Welfare State é o chamado Estado Democrático de Direito, que tem como fundamento a busca pela igualdade (formal e material), visando a minimizar as desigualdades sociais e os níveis de pobreza.
Fundamentos do Estado Democrático de Direito:
- Busca da igualdade formal e material;
- Minimização das desigualdades sociais e dos níveis de pobreza.
O Estado de Bem-Estar Social foi “vítima” do seu próprio sucesso, pois ele ao assegurar níveis de condições de vida satisfatórias, houve um crescente aumento na expectativa média de vida da população, o que implicou na ampliação dos ônus a serem suportados pelo Estado.
Além disso, no período pós-guerra o avanço tecnológico elevou o índice de desemprego de longa duração; aumento das necessidades dos cidadãos a serem financiadas pelo Estado; degradação ambiental; aumento da expectativa de vida da população, o que aumentou as despesas relacionadas à previdência, saúde e assistência social),
É preciso reconhecer que o denominado Estado Social é financiado, basicamente, pelo pagamento de tributos não vinculados a uma atuação estatal específica (os impostos, no caso), os quais são exigidos do cidadão, simplesmente por terem manifestado algum sinal de riqueza. Pode-se afirmar, assim, que o dever de pagar tributos é o principal dever de cidadania. Afinal, caso esse dever não seja cumprido por todos os cidadãos, ficarão prejudicadas as possibilidades de realização dos direitos de toda a sociedade.
O fim do Welfare State teve relação com o abandono da ideia de coletividade e o excessivo apego ao individualismo. 
4 - Estado Neoliberal: Final dos anos 80 -O neoliberalismo ressuscita o modelo de Estado mínimo, que vimos no modelo Liberal, sob a alegação de que os gastos públicos, para a concretização dos direitos sociais, estavam elevados
ESTADO = Povo, território, poder soberano e finalidade.
E o demais artigos (145 ao 169) tratam do sistema tributário nacional; da repartição de receitas tributárias, entre os entes políticos; das normas gerais sobre as finanças públicas e do orçamento público. Todos eles essenciais à execução das políticas públicas, também. Todavia, eles tratam da parte referente à origem e à aplicação dos recursos públicos. Ou seja, eles tratam dos meios para a consecução das finalidades desejadas.
Estado Democrático de Direito: nele, todo o poder emana do povo.
José Afonso da Silva: “A Constituição portuguesa instaura o Estado de Direito democrático, com o “democrático” qualificando o Direito, e não o Estado. Essa é uma diferença formal entre ambas as constituições. A nossa emprega a expressão mais adequada, cunhada pela doutrina, em que o “democrático” qualifica o Estado, o que irradia os valores da democracia sobre todos os seus elementos constitutivos e, pois, também, sobre a ordem jurídica. 
O Direito, imantado por esses valores, se enriquece do sentir popular e terá de ajustar-se ao interesse coletivo. Contudo, o texto da Constituição portuguesa dá ao Estado de Direito democrático o conteúdo básico que a doutrina reconhece ao Estado democrático de Direito, quando afirma que ele e “baseado na soberania popular, no respeito e na garantia dos direitos e liberdades fundamentais e no pluralismo de expressão e organização política democráticas, que tem por objetivo assegurar a transição para o socialismo mediante a realização da democracia econômica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”.
As principais características de um Estado Democrático de Direito são:
Þ soberania popular;
Þ democracia representativa e participativa;
Þ um Estado que possui uma constituição que emanou da vontade do povo;
Þ um sistema de garantia dos direitos humanos (individuais e coletivos).
➯ Relação entre Estado e a sociedade. A educação fiscal como instrumento de promoção da cidadania e da dignidade humana.
Entende-se que o principal dever do cidadão é entregar recursos ao Estado para que este possa executar suas políticas públicas. Logo, é dever do cidadão pagar tributos e comoconsequência o Estado irá assegurar os recursos necessários para garantir a realização de programas e políticas direcionadas à obtenção do denominado bem comum, razão esta da própria existência do Estado.
Nesse sentido, existem iniciativas no sentido de melhorar a relação fisco-contribuinte, objetivando aumento de arrecadação e diminuição do conflito entre Estado e Sociedade.
Temos como exemplo, a criação do Código de relacionamento com o contribuinte do Estado do Ceará (Lei Complementar nº 130/2014). Esse instrumento legislativo prevê diversos direitos e deveres dos contribuintes do Estado do Ceará. Ou seja, de certa forma, ele é um instrumento de cidadania fiscal (especificamente na relação Fisco-contribuinte), já que tem relação com aspectos inerentes à arrecadação dos tributos. 
Estado de São Paulo também tem iniciativas de boa-vontade do Estado, que precisa dos recursos dos contribuintes, em construir uma relação de confiança e parceria com o contribuinte. O Estado está tentando se aproximar do cidadão ao elaborar uma “cartilha” que prevê direitos e deveres de ambas as partes para que a relação entre o Estado e a sociedade seja a mais transparente e amistosa possível.
Mas o “gol de placa” dessas iniciativas aconteceu na década de 90, quando o Estado do Espírito Santo desenvolveu o projeto “Consciência Tributária – A Força do Cidadão” e o apresentou na reunião do CONFAZ, ocorrida em maio de 1996, na cidade de Fortaleza. Nessa reunião, ficou deliberado que o Brasil teria um Programa Nacional de Educação Tributária.
Em setembro daquele ano, foi celebrado o Convênio de Cooperação Técnica entre a União, os Estados e o Distrito Federal. No acordo, dentre as inúmeras atividades de cooperação, constou a elaboração e a implementação de um programa nacional permanente de conscientização tributária para ser desenvolvido nas unidades da Federação.
Em julho de 1997, o Confaz aprovou a criação do Grupo de Trabalho de Educação Tributária – GET, constituído por representantes do Ministério da Fazenda, das Secretarias Estaduais de Fazenda, Finanças ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal. A Portaria nº 35/1998, do Ministério da Fazenda, que oficializou o grupo de trabalho, previu como seus objetivos: 
“promover e coordenar as ações necessárias à elaboração e à implementação de um programa nacional permanente de educação tributária” e “acompanhar as atividades do Grupo de Educação Tributária nos Estados – GETE”.
Em março de 1999, passaram a integrar o grupo representantes da Secretaria do Tesouro Nacional e do Ministério da Educação. Em julho do mesmo ano, tendo em vista a abrangência do programa, que não se restringia apenas aos tributos, mas que também passou a se preocupar com a alocação e a gestão dos recursos públicos, o CONFAZ aprovou a alteração de sua denominação, que passou a ser Programa Nacional de Educação Fiscal – PNEF.
O PNEF se apoia em diversos fundamentos (que serão estudados na nossa aula 04). Exemplo: cidadania, estado-sociedade.
Em 2002, veio a Portaria Conjunta do Ministério da Fazenda e da Educação nº 413, que diz:
“Art. 2º A implementação do PNEF é de responsabilidade do Grupo de Trabalho de Educação Fiscal - GEF.”
“Art. 4º A Coordenação e a Secretaria-Executiva do PNEF e do GEF estão a cargo da ESAF, que deverá baixar os atos necessários à sua regulamentação.”
O papel social dos tributos
1. Os tributos como fonte de financiamento estatal. Princípios Tributários Constitucionais.
► O principal dever de cidadania é o dever fundamental de pagar tributos. Esse dever tem como alicerce o princípio da solidariedade social.
Formas que contribuintes usam para pagar menos tributação:
	Elisão Fiscal ou
Elisão própria
	Lícita. São os atos praticados pelo sujeito passivo, em regra, antes da ocorrência do FG (planejamento tributário). Mas pode ser depois, como a declaração do IRPF (decidir entre a completa ou simplificada)
	Evasão Fiscal
	Ilícito. Sonegação fiscal. Contrabando, descaminho, contrafação/pirataria. Após a ocorrência do FG.
	Elusão Fiscal/Elisão Ineficaz/Elisão imprópria
	Ilícito. Dissimular FG, oculta a essência do negócio. Abuso da forma jurídica. Ex.: João vende de um terreno caro para Maria: Para evitar alto ITBI, constitui uma empresa (pois ITBI não incide sobre PJ), em que João entra com terreno e Maria com capital. Pouco tempo depois, extinguem a PJ e João fica com dinheiro e Maria com terreno.
Norma geral antielisão (objetiva evitar elusão/evasão): Art. 116. § único: A autoridade administrativa poderá DESCONSIDERAR (não é desconstituir) atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em LEI ORDINÁRIA.
- Teoria do teste do propósito negocial (ou business purpose test) = analisa o propósito negocial da operação realizada pelo sujeito passivo.
E LI SãO = Li – Licito │ E LU SÃO = É UMA ILUSÃO, UMA SIMULAÇÃO │ E VA SÃO = VAZOU PARA NÃO PAGAR - MEIOS ILICITOS
São consequências da evasão fiscal:
a) Distorção da economia, pois atenta contra lei da livre concorrência.
b) Subversão do princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei.
c) Contribuição para a degradação do sentido cívico e da moralidade pública.
d) O bom contribuinte é excessivamente onerado.
► Princípio da isonomia – situações que justificam tratamento diferenciado. : a) diferentes capacidades contributivas; b) razões extrafiscais.
► Regra-matriz de incidência tributária:
• Princípios Basilares da Tributação:
1) Princípio da Capacidade contributiva
2) Princípio do Benefício = cada indivíduo deve ser tributado de forma proporcional aos benefícios que recebe do Estado.
3) Progressividade da tributação
Progressividade = alíquotas tanto maiores quanto maior for a base de cálculo do tributo
Capacidade Contributiva = o ônus tributário será tanto maior quanto maior for a sua capacidade de arcar com tal ônus e, ao contrário, será tanto menos, ou até mesmo inexistente, quanto menor, ou nula, for tal capacidade.
• Carga tributária (ou Carga Fiscal) = esforço da sociedade para o financiamento das políticas públicas em um país. Demonstrada a partir da comparação entre a totalidade da riqueza produzida no país e o valor arrecadado a título de tributos. Para medi-la, dividimos a arrecadação total (AT) e o Produto Interno Bruto (PIB).
➥ Não é possível inferir:
 Quem efetivamente paga a conta
A qualidade dos serviços públicos prestados
➥ Tais números apenas indicam o percentual dos recursos privados que são apropriados para o financiamento do Estado.
• Carga Tributária Líquida (CTL) = É a carga tributária bruta, descontado o conjunto das transferências públicas e subsídios imediatamente devolvido à sociedade.
A Carga Tributária Líquida não é, ainda, uma boa aproximação dos recursos efetivamente à disposição dos governos brasileiros para a prestação de serviços públicos (saúde, educação, segurança, entre outros) e para os bens públicos (estradas, aeroportos, prisões, entre outros) para toda população. Há que considerar também as despesas com o pagamento de juros que decorrem do endividamento público, que ultrapassam 5% do PIB ao ano”.
O melhor conceito para se comparar a qualidade dos serviços públicos em função dos tributos pagos é o de Carga Tributária Líquida exclusive Juros (CTL - j)
IPEA: “quando se desconta da Carga Tributária Líquida o pagamento com juros, obtém-se uma aproximação mais razoável da quantia de recursos anual efetivamente disponível para fazer frente aos bens públicos e à prestação dos serviços do Estado no Brasil.”
► Os principais problemas do nosso Sistema Tributário Nacional (STN) são os seguintes: 
i. regressividade e má distribuição da carga tributária, visto que a maior carga tributária é referente à tributação indireta (que acentua as desigualdades sociais); 
ii. o retorno social é baixo em relação à carga tributária, ou seja, não recebemos uma contrapartida efetiva do Poder Público (falamos isso na aulainicial e na presente);
iii. a estrutura tributária desestimula as atividades produtivas e a geração de emprego + burocracia
iv. cidadania fiscal incipiente, visualizada pela falta de informação e consciência da sociedade em relação à função social do tributo.
► A função social dos tributos está vinculada ao uso do Sistema Tributário Nacional como um instrumento efetivo para que o Estado cumpra sua função de promover o bem comum, a igualdade e a justiça, por meio do desenvolvimento social e econômico.
► Para reduzir desigualdades, seria necessária a redução dos impostos indiretos e a majoração dos impostos diretos reais. Isso, somado à aplicação do princípio da capacidade contributiva e as técnicas/princípios da progressividade e da seletividade, faria com que tivéssemos um sistema tributário mais justo e contribuiria para a redução das desigualdades sociais.
► Assim, um sistema tributário ideal/justo deve seguir quatro princípios básicos: equidade, neutralidade, progressividade e simplicidade. 
➯ Princípio da Equidade: apresenta duas abordagens: 
• Equidade horizontal: é a igualdade para os “iguais”. Mesma regra de tributação para indivíduos na mesma situação.
• Equidade vertical: diferentes regras de arrecadação tributária para os indivíduos com situações desiguais.
➯ Princípio da Neutralidade: a tributação deve influenciar o mínimo possível na economia, evitando a distorção de preços no mercado. Ofende o princípio da neutralidade tributação que incide apenas sobre empresas de determinada origem, como chinesas ou alemãs, beneficiando os concorrentes.
➯ Princípio da SIMPLICIDADE/TRANSPARÊNCIA FISCAL: O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para a sociedade, bem como de fácil operacionalização/arrecadação pelo governo, atingindo assim a maior eficiência possível na arrecadação. Com um sistema simples, é possível até para estimular a auto arrecadação do imposto. 
• Garantir que contribuintes entendam “o que” e “como” estão sendo cobrados os tributos.
• A atividade tributária deve ter clareza, abertura e simplicidade.
• Criando mecanismos de visibilidade do próprio Estado, especialmente em relação à “caixa preta” da tributação.
➯ Progressividade: já sabemos que, com base nesse princípio, a alíquota será tanto maior quanto maior for a base tributável sobre a qual incide.
Outros princípios
➯ Mínimo existencial diz respeito à renda mínima que o contribuinte necessita para subsistir, entendendo-se como tal a quantia suficiente para custear necessidades básicas, tais como alimentação, moradia, vestuário, transporte, lazer etc
➯ A justiça fiscal somente será alcançada quando aqueles que estejam obrigados a contribuir tenham efetivamente capacidade para tal, e quando os detentores de maior capacidade econômica contribuam de acordo com esta capacidade.
➯ Princípio do benefício: Cada indivíduo deve ser tributado de forma proporcional aos benefícios que recebe do Estado.
Em países que alcançaram melhores índices de desenvolvimento econômico e social, a renda representa o principal fator de escolha daqueles que suportarão o ônus fiscal.
Embora seja fruto da renda acumulada – e, portanto, já objeto de anterior tributação –, ser proprietário de bens e direitos representa economicamente uma manifestação de riqueza.
Educação Fiscal
Segundo Pedro Demo (1996), “participação é conquista social”. A Educação Fiscal é uma porta que se abre para a construção de um processo de participação popular.
Para se atingir a cidadania fiscal, é indispensável que se tenha: 
a) Educação de qualidade acessível a todos; 
b) Um sistema tributário que observe a capacidade econômica de cada cidadão. Quem tem mais renda, maior patrimônio ou consome produtos de luxo/supérfluos deve pagar mais tributos; e 
c) Um processo orçamentário que garanta a efetiva participação popular (orçamento participativo). Portanto, é necessário democratizar as informações sobre finanças públicas, propiciando o acompanhamento e o controle do gasto público. Dessa forma, assegura-se que os tributos arrecadados sejam efetivamente aplicados conforme as prioridades da população.
A Resolução do Conselho Nacional de Educação no 07/2010, que dispõe sobre os componentes curriculares, contempla, em seu art. 16, a educação fiscal como um dos temas relevantes para a formação cidadã dos educandos, devendo compor os conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo.
Educação Fiscal é um conjunto de ações educativas que visa mobilizar o cidadão para a compreensão da função socioeconômica dos tributos e sua conversão em benefícios para a sociedade, bem como entender o papel do Estado e sua capacidade de financiar as atividades essenciais, o funcionamento da administração pública e o papel cooperativo do cidadão.
PNEF - Programa Nacional de Educação Fiscal
► Funciona de forma integrada.
► Os Estados tem autonomia de elaborar e implementar seus projetos segundo suas condições, definindo prioridades e ritmo próprio, porém, obedecendo às Diretrizes do Programa Nacional.
► Os valores do PNEF são os seguintes: cidadania, comprometimento, efetividade, ética, justiça, solidariedade e transparência.
► Programa que busca contribuir para fortalecer os mecanismos de transformação social por meio da educação. Procura desenvolver a consciência crítica da sociedade para o exercício do controle social. Visa ser reconhecido como programa de excelência pelo Estado, Sociedade e pela Comunidade Internacional na promoção da cidadania fiscal.
► Instituições Gestoras que participam do PNEF:
• Controladoria-Geral da União;
• Secretaria do Orçamento Federal;
• Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
► Objetivos do PNEF
Geral: Promover e institucionalizar a Educação Fiscal para o efetivo exercício da cidadania.
Específicos:
. Disseminar informações e conceitos sobre a gestão fiscal, favorecendo a compreensão e a intensificação da participação social nos processos de geração, aplicação e fiscalização dos recursos públicos.
. Institucionalizar o PNEF nas esferas dos Governos Federal, estaduais e Municipais, desenvolvendo ações permanentes de sensibilização;
. Estimular a prática interdisciplinar nas ações de educação fiscal, capacitando de forma continuada agentes multiplicadores.
Missão do Programa:
A missão do PNEF é compartilhar conhecimentos e interagir com a sociedade sobre a origem, aplicação e controle dos recursos públicos, favorecendo a participação social.
Fundamentos do Programa:
	Na educação
	Formar um cidadão consciente
	Na cidadania
	Participação na definição de políticas públicas
	Na ética
	Conduta responsável e solidária → bem comum
	Na política
	Gestão pública eficiente e transparente
	No controle social
	Combate ao desperdício e a corrupção
	Na relação Estado-Sociedade
	Relação de confiança
	Na relação Administração Tributária-Contribuinte
	Cumprimento voluntário das obrigações tributárias + combate à sonegação, contrabando, descaminho e pirataria
	Na condução do PNEF
	Práticas democráticas em permanentes
Abrangência do Programa:
O PNEF foca prioritariamente em alunos e professores das escolas de ensino fundamental e ensino médio e está desenvolvido em 5 módulos:
1) Os estudantes do ensino fundamental
2) Os estudantes do ensino médio
3) Os servidores públicos
4) Universitários
5) A sociedade em geral (já que não tem chance de voltar a escola, utilizando-se de preferência as organizações a que pertencem, como clubes, associações, ONGS, sindicatos)
Portanto, acompanhando o cidadão em toda sua vida estudantil.
O Programa pode, então, ser desenvolvido em todos os níveis de ensino e faixas etárias. Com isso,
a sociedade passa a ter melhor entendimento:
a) Da estrutura e do funcionamento da administração pública em seus três níveis de governo –
federal, estadual e municipal;
b) Da função socioeconômica dos tributos;
c) Da aplicação dos recursos públicos;
d) Das estratégias e dos meios para o exercício do controle democrático.
Inserção do Programa na educação formal no Brasil.
- Necessidade de modernização e de adequação às novas necessidades.O trabalho com projetos pode dar conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular o desenvolvimento da autonomia intelectual. Os temas do projeto podem ser indicados pelos educandos ou pelo professor, ou, ainda, por ambos. O principal é que sejam definidos em conjunto e que sejam questões bem próximas da realidade e do interesse dos educandos e da comunidade.
► Um projeto pode ser desenvolvido em “etapas” ou “fases”:
a) Problematização
b) Desenvolvimento
c) Síntese
Dilemas da educação superior no Brasil:
► O desafio, agora, é fazer da educação fiscal um tema de interesse das IES brasileiras para as suas
atividades de ensino.
Isso feito, estaremos muito perto de inserir a educação fiscal na educação superior, respeitando o
princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (só verificada nas Universidades).
A Instituições de Ensino Superior (IES) são o gênero que abrange 3 tipos de instituições: universidades, centros universitários e faculdades.
As universidades são instituições pluridisciplinares de formação que se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Abaixo das universidades, temos os centros universitários, que são maiores que as faculdades. 
DILEMA: Esses centros universitários e faculdades veem educação como um negócio/mercadoria. E muitas vezes não é de interesse inserir Educação Fiscal. E nas universidades, muitas vezes, não se tem condições.

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