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Fernando César Rodrigues Brito Marta da Rocha Moreira Vanessa Duarte de Morais (Organizadores) Tópicos em nutrição clínica e funcional 1ª Edição Fortaleza – Ceará 2017 Copyright 2017. Fernando César Rodrigues Brito, Marta da Rocha Moreira, Vanessa Duarte de Morais (Organizadores) Revisão Ortográfica Janete Pereira do Amaral Normalização e Padronização Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB-3/830 Capa Janete Pereira do Amaral Programação Visual e Diagramação Janete Pereira do Amaral Dados Internacionais de Catalogação na Fonte T674 Tópicos em Nutrição Clínica e Funcional / Organizadores Fernando César Rodrigues Brito, Marta da Rocha Moreira e Vanessa Duarte Morais. Fortaleza: Centro Universitário Estácio do Ceará, 2017. 147p.; 30cm. ISBN: 978-85-69235-15-6 1. Nutrição 2. Nutrição clínica 2. Nutrição funcional I. Brito, Fernando César Rodrigues II. Moreira, Marta da Rocha III. Morais, Vanessa Duarte IV. Centro Universitário Estácio do Ceará CDD 612.3 CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas CONSELHO EDITORIAL Dra. Ana Cristina Pelosi – Universidade Federal do Ceará Ms. Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Andrine Oliveira Nunes - Centro Universitário Estácio do Ceará Ms. Janete Pereira do Amaral - Centro Universitário Estácio do Ceará Ms. Joana Mary Soares Nobre - Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Kariane Gomes Cezario - Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos – Centro Universitário Estácio do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal do Ceará Dra. Marcela Magalhães de Paula - Embaixada do Brasil na Itália Dra. Maria Elias Soares – Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará Ms. Maria da Graça de Oliveira Carlos – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Margarete Fernandes de Sousa – Universidade Federal do Ceará Dra. Rosiléia Alves de Sousa – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Suelene Silva Oliveira Nascimento - Universidade Estadual do Ceará Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - Centro Universitário Estácio do Ceará _____________________________________________________ Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas Rua Vicente Linhares, 308 - Aldeota CEP: 60.135-270 - Fortaleza – CE - Fone: (85) 3456-4100 www.publica-estaciofic.com.br 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.................................................................... 4 COLETÂNEA DE ARTIGOS .................................................. 6 01 DOENÇA HEMORROIDÁRIA: Exercício físico e o uso de fitoterápicos como fatores de tratamento e prevenção......... 8 02 REVISÃO DO PAPEL DO PEPTÍDEO YY NO APETITE E MODULAÇÃO DE SUA SECREÇÃO POR MACRONUTRIENTES E PESO CORPORAL .................... 22 03 A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA ...................... 40 04 UTILIZAÇÃO DA CAMELLIA SINENSIS NO COMBATE A OBESIDADE: uma revisão ............................. 52 05 RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ESTRESSE OXIDATIVO, PERFIL LIPÍDICO E CÉLULAS SANGUÍNEAS EM PACIENTES INTERNADOS COM DIFERENTES DOENÇAS CRÔNICAS............................... 60 06 A UTILIZAÇÃO DA QUINOA COMO ALIMENTO FUNCIONAL: um estudo de revisão ..................................... 70 07 EFEITOS BENÉFICOS DOS FITOESTROGÉNOS EM MULHERES DURANTE O CLIMATÉRIO ........................ 84 08 O EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE ÓLEO DE CÁRTAMO NA COMPOSIÇÃO CORPORAL: uma revisão ...................................................................................... 96 3 09 CONSUMO ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA ............................... 106 10 CARACTERIZAÇÃO DE PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO ISENTOS DE GLÚTEN .........................116 11 ALIMENTOS FUNCIONAIS E SUA UTILIZAÇÃO NO CARDÁPIO DE UM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE FORTALEZA – CE ............................................................................................... 128 12 EFEITOS DO CONSUMO DE PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS PARA O ORGANISMO HUMANO ......... 138 LISTA DE AUTORES .......................................................... 146 4 APRESENTAÇÃO Ao contemplar o universo da Nutrição Clínica e Funcional, nos deparamos com um modelo de saúde que aborda a interação entre todos os sistemas do corpo, incluindo os parâmetros físicos e emocionais, considerando a totalidade do ser. Nesse aspecto, a Nutrição Funcional analisa as necessidades nutricionais de cada paciente através da sua individualidade bioquímica e características genéticas individuais que controlam o seu metabolismo. Diferentemente da nutrição tradicional que estuda características da saúde coletiva e não visa a individualidade de cada paciente. O presente livro possui o poder de nos fazermos emergir nas diversas áreas de aplicação da Nutrição Clínica e Funcional. A obra é composta por partes que se relacionam nessa temáticas. A compreensão dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da Esteato Hepatite Não Alcoólica - NASH é de suma importância, pois permite estratégias mais eficazes para sua prevenção e tratamento. Baseado em dados clínicos e experimentais, o modelo chamado de “two hits” (duas etapas) ainda é o mais utilizado para a explicação da NASH. Nesse modelo, o desenvolvimento da esteatose pela obesidade corresponde à primeira etapa e tornaria o fígado mais susceptível para danos subsequentes (segunda etapa) que finalmente levariam ao dano hepatocelular, inflamação e fibrose que caracterizam a NASH. A segunda etapa envolve um novo mecanismo de lesão hepática que pode ser potencializado quando ocorre em um fígado esteatótico. Os melhores candidatos a fatores promotores da lesão nessa segunda etapa são o estresse oxidativo, com a peroxidação lipídica, e a exposição do fígado ao lipopolissacarideo (LPS) bacteriano, com a ativação de citocinas pró-inflamatórias. O que a presente obra oferece é justamente isso, por exemplo, utilizar a Alimentação como fator preventivo para o stress oxidativo, bem como utilizar fitoterápicos como fator preventivo, utilizar a alimentação funcional para doenças, como na doença Celíaca ou na Obesidade, utilizar fitoterápicos no combate a Obesidade e Diabetes, além da utilização de Probióticos nos tratamentos de diversas patogêneses. Sabe-se que esse assunto é muito amplo e de grande relevância pois busca a formação de profissionais de saúde comprometidos com o engrandecimento da saúde visando a individualidade bioquímica de cada paciente que busca atingir diretrizes básicas como a integralidade, a equidade e a universalidade, 5 no qual se espera que sejam cumpridas satisfatoriamente para garantir a sociedade uma assistência eficaz e livre de danos. Nesse contexto, a Nutrição Funcional busca além da promoção da saúde e a prevenção de doenças, a busca do equilíbrio entre saúde e doença, onde percebe-se que a saúde não é apenas a ausência de doenças e sim a procura de um estado de bem-estar físico, mental, social e ambiental. O presente livro, ainda que despretensioso, é rico no conhecimento das práticas avançadas da Nutrição Clínica e Funcional envolvidos nos tratamentos nutricionais, considerando a individualidade do paciente. Tal obra, além de nos levar a uma imersão nessa área também é um grande estímulo para as próximas gerações de estudantes que visem uma Pós- Graduação nessa temática. Profa. Karoline Sabóia AragãoProfessora Adjunta do Centro Universitário Estácio do Ceará PhD in Molecular Glycobiology Post-doc research position in Departamento de Fisiologia e Farmacologia Universidade Federal do Ceará 6 COLETÂNEA DE ARTIGOS 7 8 01 DOENÇA HEMORROIDÁRIA: Exercício físico e o uso de fitoterápicos como fatores de tratamento e prevenção Ângela Dayanna Giffone Nobre1 Vanessa Duarte de Morais 2 Rafaella Maria Monteiro Sampaio 3 RESUMO Castanha da índia é um fitoterápico bastante utilizado, devido sua eficácia comprovada no tratamento de problemas circulatórios, onde podemos citar a doença hemorroidária que é caracterizada pela dilatação da região anorretal. O objetivo deste estudo é apresentar um relato de caso da doença hemorroidária, promover a qualidade de vida do paciente com o uso de fitoterápico bem como a dieta para melhora dos sintomas. Homem de 22 anos, atleta, com queixa de sangramentos retais, os exames confirmaram o diagnostico da doença (Grau II). Realizou-se um acompanhamento nutricional durante dois anos com uso de um fitoterápico chamado Castanha da Índia e avaliação do estado nutricional, como peso, altura, IMC, peso muscular, peso gordo e percentual de gordura. No inicio do tratamento o paciente apresentou algumas carências nutricionais como o carboidrato, vitamina E e o selênio, no decorrer do tratamento foi observado a diminuição dos sangramentos e a adequação da dieta, bem como a melhora do rendimento esportista, sendo assim o presente estudo obteve seus objetivos atingidos. Palavra-chaves: Doença hemorroidária, exercício físico, fitoterapia. INTRODUÇÃO Hemorróidas são estruturas anatômicas normais no corpo humano, apresentando uma estrutura vascular presente na região anorretal constituída 1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará). 2 Nutricionista. Mestre em bioquímica (UFC). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará. 3 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza. 9 por arteríolas e vênulas. São divididas de acordo com sua localização em internas (acima da linha pectínea, no espaço submucoso) e externas (abaixo da linha pectínea, no espaço subcutâneo), contribuindo assim para a manutenção da continência fecal e diferenciação entre a natureza do conteúdo no interior do canal anal (BARBOSA; OLIVEIRA; TESSER, 2014). A doença hemorroidária (DH) é caracterizada quando existem sintomas na localização das áreas (internas, externas ou mistas), tendo como alterações patológicas as hemorragias, o prolapso ou trombose. Existem muitos fatores associados à DH incluindo o esforço defecatório excessivo, a pressão intra-abdominal aumentada, a ausência de valvas nos vasos hemorroidários, a posição vertical da espécie humana, a obstipação crônica e os fatores genéticos (FERNANDES; CAMACHO, 2009). É extremamente frequência na população adulta, porém rara na infância, os estudos mostram vários estudos epidemiológicos, que apresentam valores completamente diversos variando entre 4,4% a 86%, não existindo diferença de incidência entre os sexos, surgindo habitualmente na terceira década da vida, tendo um pico entre os 45 e 65 anos, tem como principais sintomas retorragias, prolapso, dor e prurido. A graduação da doença possui quatro graus, onde o Grau I quando a retorragias e sem prolapso; Grau II quando a prolapso com esforço com redução espontânea; Grau III quando a prolapso com esforço com a necessidade de redução manual; Grau IV quando o prolapso é permanente e não é redutível (RAMOS DE JESUS; PEREIRA; CORREIA DA SILVA, 2010). As alterações estruturais e vasculares podem estar associadas à inatividade física e hábitos dietéticos ou defecatórios errôneos, onde o sedentarismo é caracterizado pela ausência de sobrecargas para todo o sistema neuro-músculo-esquelético e metabólico, levando ao enfraquecimento progressivo de estruturas com funções biomecânicas, e a alterações funcionais e estatisticamente se correlacionam com maior incidência ou gravidade de doenças (SILVA et al., 2012). A população brasileira apresentou ao longo dos anos uma modificação da ingestão habitual, dessa forma houve a redução dos alimentos tradicionais, como: arroz, feijão, batata, pão e leite, aumentando ainda a ingestão de alimentos gordurosos, principalmente as gorduras saturadas, açúcares, refrigerantes, alimentos refinados e industrializados, com isso a má alimentação e a inatividade física favorecem para o excesso de peso e o desenvolvimento de várias doenças crônicas não transmissíveis (PEREIRA et al., 2012). 10 Para assegurar uma alimentação balanceada deve-se ingerir uma proporção adequada de acordo com o sexo e idade, bem como seu estilo de vida, adequando assim os carboidratos, proteína, lipídios, vitaminas e minerais. Que merece destaque as fibras, por pertencerem ao grupo dos carboidratos, atuando nas funções gastrointestinais e na prevenção de doenças como constipação, hemorróidas, doença diverticular, neoplasias do cólon, obesidade, intolerância a glicose, dislipidemia e doenças cardiovasculares (PEREIRA et al., 2012). Outro meio importante para promoção e recuperação da saúde na DH é o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, aonde o uso de fitoterápicos vem como uma proposta terapêutica no sistema único de saúde que é uma droga vegetal, sendo assim a planta castanha da índia é indicada para problemas do aparelho circulatória, apresentando ação antiinflamatória, tônico circulatório, adstringente, anti-hemorrágico e vasoconstritor, tendo indicações (PETRY; JÚNIOR, 2012). A castanha da índia está indicada na prevenção e no tratamento de todos os casos que apresentem insuficiência venosa crônica, varizes, cansaço nas pernas, edemas de distintas origens, sequelas de flebites, hemorróidas, e como tratamento coadjuvante em celulites e processos reumáticos, acompanhados de edemas. Por outro lado, apresenta interações medicamentosas, podendo interferir com tratamentos coagulantes ou anticoagulantes, devido à presença de cumarinas. A capacidade de união com proteínas plasmáticas pode interferir com o metabolismo de outras drogas, por este motivo não se recomenda associar com sais alcalinos, ferro, iodo e taninos (PETRY; JÚNIOR, 2012). Cada vez mais a presença da doença hemorroidária vem fazendo parte da vida das pessoas seja em crianças ou adultos. É uma doença que incomoda a região do reto, trazendo consequências futuramente como o câncer de reto. Estão cada vez mais presentes tratamentos que visam sua erradicação, como o uso de plantas ou chás e principalmente a reeducação alimentar que é a principal forma de seu tratamento. Diante disso, este estudo teve como objetivo apresentar um relato de caso de doença hemorroidária visando promover a qualidade de vida através do exercício físico e o uso de fitoterápico como fatores de tratamento e prevenção para a melhoria dos sintomas. 11 MÉTODOS O estudo é caracterizado como um relato de caso com abordagem longitudinal, realizado com um homem de 22 anos, eutrófico, atleta de natação e ginástica. O paciente procurou ajuda nutricional com queixa de sangramento e prolapso de mamilos hemorroidários às evacuações, há oito meses (iniciado em março de 2014), referindo antecedentes familiares com DH. A avaliação nutricional foi composta pelo peso, altura, índice de massa corporal (IMC), massa magra e massa gorda, exame laboratorial proctológico, com diagnóstico mostrando a presença de mamilos hemorroidários anterior esquerdo que se exteriorizavam pelo ânus sem manobras de esforço ao ato de evacuar. O tratamento inicial foi à modificação da dieta com aumento de fibras e adequação da carência de micronutrientes (sendo utilizado um recordatório 24 horas(R24)), com a continuação da prática de exercício físico e o incremento de um fitoterápico, com nome popular de castanha da índia e nome cientifico de Aesculus hippocastanum L. A partir dos dados obtidos por meio do R24, foram determinadas as quantidades de fibras, energia, macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) e micronutrientes (cálcio, vitamina E, zinco, selênio e vitamina C) ingeridos pelo paciente, onde foi calculado através da tabela de composição química dos alimentos, onde sua ingestão alimentar foi registrado durante 8 consultas (TACO, 2011). O cálculo do gasto energético total foi utilizado à recomendação pela DRI (EER), sendo a fórmula do cálculo das necessidades energéticas (NRC, 1989) para homens adultos acima de 19 anos: • EER= 662 – (9,53 x idade [anos]) + PA x (15,91 x peso [kg] + 539,6 x altura [m]) Onde: o PA é o coeficiente de atividade física, sendo utilizado o PA de muito ativo (1,48). A recomendação de macronutrientes foi: proteína de 1,2 a 1,4g/Kg/dia, carboidrato de 55 a 60%, lipídio de 20 a 25% e fibra de 25 a 35g/dia. A dosagem do fitoterápico (castanha da índia) foi de duas cápsulas ao dia de uso oral, com 200 mg na composição do extrato seco, o período de uso foi durante seis meses. 12 A avaliação antropométrica foi realizada em oito momentos durante as consultas, tendo um período de dois em dois meses para cada avaliação e retorno. O peso atual foi obtido no momento da avaliação utilizando balança mecânica de marca Omron® do próprio do pesquisador com capacidade para 150kg e precisão de 100g e a altura com uma fita (marca inelástica de marca Sanny®) sendo fixada na parede com capacidade máxima de 2 m, estando o colaborador com roupa leve e descalço. O IMC foi calculado pela relação entre o peso dividido pelo quadrado da altura, como mostra a fórmula: IMC = Peso (Kg) Altura (m)2 Para classificação dos adultos do IMC, foi adotado os pontos de corte: Valores de IMC abaixo de 18,5: adulto com baixo peso; valores de IMC maior ou igual a 18,5 e menor que 25,0: adulto com peso adequado (eutrófico); valores de IMC maior ou igual a 25,0 e menor que 30,0: adulto com sobrepeso; valores de IMC maior ou igual a 30,0: adulto com obesidade (OMS, 1998). Para a interpretação da densidade corporal (DC) das espessuras de dobras cutâneas para massa magra e massa gorda, foi realizado pelo protocolo de Pollock e Col (1984) de sete dobras que envolvem homens e mulheres de 18 a 61 anos, as dobras são: Dobra Cutânea Sob Escapular, Dobra Cutânea Axilar média, Dobra Cutânea Tricipital, Dobra Cutânea da Coxa, Dobra Cutânea Supra-ilíaca, Dobra Cutânea Abdominal e Dobra Cutânea da Panturrilha, sendo utilizado a fórmula seguinte para homens: • Homens: DC= 1,11200000 – 0,00043499 x (Somatório das sete dobras (ST)) + 0,00000055 (ST)2 – 0,0002882 x (Idade) Para a conversão da DC em percentual de gordura foi utilizado à seguinte fórmula de SIRI (1961): %G= [(4,95/DC) – 4,50] x 100 Depois dos cálculos efetuados foram comparados com os padrões de referência para classificação de percentual de gordura segundo Pollock & Wilmore (1993): os valores classificados para homens de 18 a 25 anos de 4- 6%: excelente; valores de 8-10%: bom; valores de 12-13%: acima da média; valores 14-16%: média; valores 17-20%: abaixo da média; valores de 20-24%: ruim e 26-36%: muito ruim. 13 O cálculo da massa gorda foi: Peso atual x percentual de gordura / 100, e para massa magra: Peso atual – peso de massa gorda. A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando o Microsoft Office® 2008. Para a realização as variáveis foram agrupadas e analisadas, onde foram calculadas médias e desvios padrão dos dados calculados. O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Plataforma Brasil, conforme a portaria 466/12 sendo assim a coleta de dados não infligiu nenhum dos princípios éticos. A coleta foi iniciada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi analisado na pesquisa um paciente do sexo masculino, 22 anos, atleta, onde seu quadro clínico com sangramento e prolapso de mamilos hemorroidários às evacuações, há oito meses, sendo confirmado pelo exame proctológico. Ao analisar os principais sintomas foi verificado uma maior freqüência de hematoquezia e prolapso de mamilo ao evacuar, sem presença de dor, prurido ou constipação, onde foi confirmado através do exame proctológico o Grau II da DH. Foi analisado uma média de 3 episódios de hematoquezia durante os meses, sendo relatado pelo paciente (foi pedido que registrasse os sintomas durante os meses e a frequência). A DH geralmente evolui de forma assintomática, sendo os sintomas mais presentes demonstrados por um estudo de caso realizado com um homem (56 anos) e uma mulher (58 anos), onde o primeiro foi o sangramento as evacuações e o segundo a dor anal, portanto as complicações mais frequentes são: infecção, perfuração, fistulização, sangramento, prolapso mucoso, defecação obstruída e impactação de fezes no interior do divertículo e a possibilidade de coexistência com o câncer de reto (MARTINEZ et al., 2010). Em outro estudo foram incluídos na pesquisa 59 pacientes, onde 25 eram do sexo masculino (42,4%) e 34 do sexo feminino (57,6%), com idade variando entre 19 e 70 anos, todos apresentavam DH e o quadro clínico inicial da doença foi: dor anal que estava presente em 40 (67,8%) pacientes, prurido anal em 35 (59,3%), hematoquezia em 30 (50,8%), soiling em 18 (30,5%) e prolapso da mucosa anal ao ato de defecar em 31 (52,5%). Ardor anal durante a evacuação estava presente em 10 (16,9%) pacientes e 25 (42,4%) relataram ardor após a evacuação. Além disso, 30 (50,8%) pacientes eram constipados crônicos. No exame proctológico foi visto que cinco 14 (8,5%) pacientes com DH grau I, 33 (55,9%) pacientes com DH grau II e 21 (35,6%) pacientes com DH grau III (MOTTA et al., 2011). Sendo assim os estudos citados mostram que os sintomas mais prevalentes são sangramento e dor anal, no entanto no presente estudo observou-se somente o sangramento sem presença de dor. Com relação ao grau foi observado uma maior prevalência da DH grau II como citado o estudo presente. Logo após a anamnse clínica foi feito uma avaliação do estado nutricional, envolvendo avaliação antropométrica e análise do consumo alimentar, apresentando no final 8 avaliações antropométricas e registro alimentar. A tabela 1 mostra os dados antropométricos realizado no atleta: peso, IMC, percentual de gordura, peso de massa magra e massa gorda. É possível verificar que o peso na primeira avaliação antropométrica foi de 63,70 Kg e na avaliação final foi de 62,2 Kg, apresentando uma redução de 1,5 Kg, o IMC sempre se apresentou em sua classificação de eutrofia de acordo com a OMS (1998). O % de gordura na sua avaliação inicial foi de 9,71% e na avaliação final foi de 10,28%, apresentando um aumento de 0,57%, com relação a massa magra verificou-se valores iniciais e finais de 57,52 Kg e 55,81Kg, respectivamente, representando uma perda de massa magra de 1,71 Kg, já a massa gorda foi verificado no início 6,18 Kg e no final 6,39 Kg, representando um aumento de 0,21g. Tabela 1: Média dos dados antropométricos: peso, altura, IMC, percentual de gordura, massa magra e massa gorda. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015. Dados antropométricos Inicial Final Média Peso (Kg) 63,7 62,2 63,65 ltura (m) 1,70 1,70 1,70 IMC (m/Kg/m2) 22,04 21,27 21,92 % de Gordura 9,71 10,28 9,94 Massa magra (Kg) 57,52 55,81 57,53 Massa gorda (Kg) 6,18 6,39 6,34 15 Um estudo avaliou 20 atletas de natação, 8 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino, tendo idades de 10 a 19 anos, que por meio de avaliação antropométrica pode-se verificar que todos os parâmetros antropométricos avaliados (peso, IMC, relação cintura/quadril (RCQ), % de gordura e peso de massa gorda) apresentaram-se elevados.O peso elevou- se em 5%, o IMC em 2,7%, a RCQ em 1,3%, o % gordura em 12,6% e o peso magro em 3,8% no sexo masculino e no sexo feminino também apresentaram incrementos antropométricos, tais como a peso em 3,9%, o IMC em 3,4%, o % gordura em 15,6% e o peso magro em 4,4%. Contudo, somente a RCQ apresentou uma leve diminuição de 1,2% do valor inicial (CARVALHO et al., 2012). No presente estudo foi observado um incremento nos valores antropométricos, como no % de gordura e peso de massa gorda, porém os demais houve um decréscimo nos seus valores em comparação aos valores iniciais. Foi analisado o consumo alimentar de três dias da semana e um dia do final de semana através do R24. Em relação à avaliação dietética os macronutrientes mostraram que as calorias apresentaram uma média de 3013,58 kcal, as fibras 47,60 g, carboidratos apresentaram uma média de 54,94%, proteína de 2,06 g/Kg/dia e lipídio de 26,94%, sendo mostrados na Tabela 2. De acordo com a recomendação pode-se observar que a fibra ultrapassa a recomendação, os carboidratos então próximos dos valores padrões, porém é importante ressaltar que o carboidrato é a fonte primaria para produção de energia, principalmente no desportista, a proteína apresentou um consumo excessivo e os lipídios apresentam-se dentro da recomendação. Estudo realizado com 6 atletas de natação para competição do sexo masculino, com idades entre 12 e 18 anos, mostrou que o consumo de carboidratos foi de 59%, proteína de 14,6% (variando de 0,9 a 2,5 g/Kg/dia) e o lipídio de 26,4%, sendo assim pelos critérios adotados pelo pesquisador a recomendação dos carboidratos era de 60 a 70%, ou seja, os atletas ingeriram quantidades inferiores, as proteínas estavam na média, apesar de 16% dos atletas não consumiam proteínas suficientes e os lipídios estão dentro dos parâmetros necessários (RAMOS et al., 2010). Houve uma semelhança no estudo presente com os atletas de natação, sendo verificado a não adequação de carboidratos e proteínas, estando somente os lipídios na recomendação. O baixo consumo de carboidratos pode comprometer o desempenho do atleta, pois está diretamente relacionado a manutenção do sistema imune, 16 além de ser um substrato energético para os atletas. O consumo excessivo de proteínas nos atletas se torna cada vez mais comum, no entanto o excesso não proporciona melhor desempenho atlético, todavia não promove a construção muscular, sendo metabolizado e eliminado pela urina, o que pode ocasionar sobrecarga nos rins e fígado (RAMOS et al., 2010). Os lipídios também proporcionam uma melhor promoção de desempenho para o atleta, onde o consumo adequado de ômega 3 inibi a competição do ômega 6 de ácido araquidônico, reduzindo a produção de citocinas de células inflamatórias (RAMOS et al., 2010). Tabela 2: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de macronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015. Macronutrientes Média + DP Recomendação Valor calórico Total (Kcal) 3013,58 + 1110,64 3282,57 Fibra (g) 47,60 + 42 20-35 Carboidrato (%) 54,94 + 4,87 55-65 Proteína (g/Kg/dia) 2,06 + 0,01 1,2 a 1,4 Lipídio (%) 26,94 + 1,69 20-25 A tabela 3 mostra as médias da ingestão dos micronutrientes estudados. Observou-se que o percentual de adequação de micronutrientes segundo as médias foram de: cálcio (190,09%), vitamina E (42,8%), zinco (25,27%), selênio (118,18%) e vitamina C (61,44%), sendo comparados de acordo os valores da recomendação de ingestão diária que apresentam percentuais de adequação e valores mínimos e máximos a serem consumidos por dia para evitar carências nutricionais. Pode-se observar que somente o cálcio e o selênio estavam superiores a 100% e que nenhum ultrapassou a UL. Estudo realizado com 13 atletas de futsal do sexo masculino, cujas idades entre 20 e 35 anos, avaliaram a ingestão de micronutrientes (Vitamina A, E, e C, ferro, cálcio e zinco), onde foram encontrados que 100% (13/13) da vitamina A estavam insuficientes, 61,5% (3/13) para vitamina C, 84,6% 17 (11/13) para vitamina E, 23% (3/13) para zinco, 7,6% (1/13) para ferro, e risco de inadequação em 15,3% (2/13) dos atletas para vitamina C e E, 92,3% (12/13) para cálcio e 7,6% (1/13) para zinco e ferro. O presente estudo está bem equiparado ao estudo dos atletas de futsal, sendo mostrados a relação de insuficiência pelas vitaminas C e E, e o mineral zinco (MITSUKA et al., 2009). Os micronutrientes desempenham um papel importante na produção de energia, síntese de hemoglobina, manutenção da massa óssea, função imune e protegem os tecidos dos danos oxidativos. Atletas com ingestão inadequada de vitaminas e minerais pode comprometer a capacidade aeróbica e anaeróbica, além de prejudicar o sistema imune (MITSUKA et al., 2009). Tabela 3: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de micronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015. Nutrientes Média + DP RDA UL Cálcio (mg/dia) 1909,8 + 81,53 1000 2500 Vitamina E (mg/dia) 6,42 + 2,97 15 1000 Zinco (mg/d-ia) 2,78 + 2,89 11 40 Selênio (mg/dia) 65,11 + 82,60 55 400 Vitamina C (mg/dia) 55,30 + 15,41 90 2000 O tratamento inicial foi à modificação da dieta através da recomendação de calorias pela EER (NRC, 1989), que por meio de uma dieta balanceada foram adequados os macronutrientes e micronutrientes, sendo entregues três cardápios com a prescrição de um fitoterápico para verificação das melhoras dos sintomas ou até mesmo o desaparecimento da DH. A implementação do fitoterápico foi realizado após dois meses de adequação da dieta. Pode-se observar na Tabela 4 a dieta modificada pela consulta nutricional. Percebe-se através da conduta alimentar que a adequação dos micronutrientes está superior a 84% e que os macronutrientes então seguindo as recomendações indicadas, proporcionado assim uma melhora no desempenho esportiva, bem como na saúde. 18 Tabela 4: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de macronutrientes e micronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015. Macronutrientes Média + DP Recomendação Valor calórico Total (Kcal) 3066,13 + 946,75 3282,57 Fibra (g) 33 + 6,51 20-35 Carboidrato (%) 60,32 + 0,37 55-65 Proteína (g/Kg/dia) 1,25 + 0,21 1,2 a 1,4 Lipídio (%) 22,34 + 1,21 20-25 Nutrientes Média + DP RDA UL Cálcio (mg/dia) 1428 + 13,86 1000 2500 Vitamina E (mg/dia) 15,58 + 3,96 15 1000 Zinco (mg/dia) 9,27 + 1,61 11 40 Selênio (mg/dia) 91,30 + 44,82 55 400 Vitamina C (mg/dia) 338,20 + 141 90 2000 CONCLUSÃO Atletas possuem necessidades nutricionais especiais baseadas em suas idades, estilo de vida, estado de saúde, nível de atividade física, condicionamento físico e modalidade esportiva praticada, principalmente quando apresentam alguma patologia associada. A avaliação do estado nutricional é uma ferramenta essencial para elaboração e adesão da dieta, sendo imprescindível para verificar o estado 19 nutricional do atleta permitindo, assim que estabeleçam as estratégias para introdução das eventuais modificações e adequações dietéticas necessárias. No entanto o presente estudo conseguir alcançar com as mudanças alimentares uma melhora na DH não apresentando mais sintomas, bem como o desempenho esportista. REFERÊNCIAS BARBOSA, F.S.; OLIVEIRA, J.C.; TESSER, C.D. Evidências sobre tratamentos clínicos conservadores para doença hemorroidária. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Rio de Janeiro, v.9, n.31, p.149-158, 2014. CARVALHO, M.A.S.; LEAL, A.S.; CATTA-PRETA, M.; NASCIMENTO, F.A.M. Avaliação do perfil nutricional, antropométrico e dietético de atletas adolescentes, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos Unisuam., v.2, n.1, p.13-49, 2012. FERNANDES, V.; CAMACHO, A.G. Doença hemorroidária. 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SP: NEPA, 2011. 161p. 21 22 02 REVISÃO DO PAPEL DO PEPTÍDEO YY NO APETITE E MODULAÇÃO DE SUA SECREÇÃO POR MACRONUTRIENTES E PESO CORPORAL Bruna Aparecida Melo Batista1 Fernando César Rodrigues Brito2 RESUMO O peptídeo YY (PYY) é um polipeptídeo de 36 aminoácidos secretado por células êntero-endócrinas L, possuindo duas formas circulantes: PYY 1-36 e PYY 3-36. A presente revisão sintetiza informações a respeito das ações do PYY sobre o apetite, de como sua secreção é modulada pela composição da dieta e como seus níveis plasmáticos se relacionam com o peso corporal. A administração exógena de ambas as formas do PYY altera o comportamento alimentar, sendo a forma PYY 3-36 responsável, principalmente, por efeitos anorexígenos. Fisiologicamente, os níveis plasmáticos de PYY são baixos no jejum e se elevam após ingestão alimentar, com a forma PYY 3-36 sendo predominante no período pós-prandial. A composição da dieta modula a secreção de PYY, porém há necessidade de mais estudos que avaliem a relação entre nutrientes, níveis pós-prandiais de PYY e saciedade, principalmente em obesos, pois existem controvérsias na literatura. Palavras-Chave: Peptídeo YY, apetite, nutrientes, macronutrientes, peso corporal. INTRODUÇÃO A obesidade continua a ser um problema de saúde pública mundial, assim, muitas pesquisas se voltam para o estudo de diversos mecanismos reguladores da ingestão alimentar e da homeostase energética, sendo o trato gastrointestinal (TGI) objeto de grande interesse para a compreensão desses 1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará 23 mecanismos, devido à sua constante comunicação com núcleos centrais reguladores do apetite (KONTUREK et al., 2004; YOUNG, 2012). Diversos peptídeos secretados por células êntero-endócrinas se relacionam com o comportamento alimentar, e o peptídeo YY (PYY) tem sido alvo de muitas pesquisas recentes, devido à sua capacidade de modular apetite (NAKAJIMA ET AL., 1994; HOLZER; REICHMANN; FARZI, 2012). O objetivo dessa revisão foi sintetizar informações a respeito do PYY, quanto aos efeitos de suas formas ativas no comportamento alimentar de diferentes espécies de animais, a modulação de sua secreção pela ingestão de diferentes nutrientes e a associação entre seus níveis plasmáticos e o peso corporal. As estratégias de busca de estudos para esta revisão foram: a) utilização de descritores (PYY, peptídeo YY, peptídeo tirosina tirosina, PYY e carboidratos, PYY e proteínas, PYY e lipídeos) nas bases de dados Pubmed, Web of Science e SciELO; b) avaliação de referências relevantes citadas nos artigos obtidos na primeira estratégia de busca e c) avaliação de revisões para identificar outros artigos relevantes. Estrutura molecular e distribuição tecidual do PYY O PYY é um polipeptídeo secretado por células êntero-endócrinas do tipo L (BALLANTYNE, 2006). Sua nomenclatura se deve à presença do aminoácido tirosina (abreviação: Y) em ambas as extremidades N- e C- terminal da cadeia linear de 36 aminoácidos que forma sua estrutura (TATEMOTO, 1982). Em 1988, Tatemoto et al. isolaram e identificaram a sequência de aminoácidos do PYY humano. O PYY pertence à família de peptídeos que inclui neuropeptídeo Y (NPY) e polipeptídeo pancreático (PP). Os efeitos desses peptídeos se dão via receptores do tipo Y, que pertencem à família dos receptores acoplados à proteína G, sendo que cinco subtipos foram clonados em mamíferos: Y1, Y2, Y4, Y5 e y6 (BERGLUND; HIPSKIND; GEHLERT, 2003). As formas moleculares ativas circulantes de PYY são PYY 1-36 e PYY 3-36, esta sendo predominante, sendo que o PYY 3-36 se origina da ação da enzima dipeptidil peptidase- IV (DPP-IV), que cliva o dipeptídeo tirosina-prolina da extremidade N-terminal do PYY 1-36 (MENTLEIN, 1999). Experimentos com radioimunoensaios e análises por imunocitoquímica/ imuno- histoquímica mostraram que células endócrinas contendo PYY se encontram principalmente na porção mucosa do epitélio intestinal (LUNDBERG et al., 1982; ADRIAN et al., 1985), e que o 24 conteúdo tecidual de PYY aumenta no sentido proximal-distal do TGI, em diferentes espécies de mamíferos, de forma pronunciada a partir do íleo (EKBLAD; SUNDLER, 2002). Estudos em animais mostraram que o PYY também está presente em fibras nervosas mioentéricas e em diversas regiões do sistema nervoso central, como núcleo do trato solitário, hipotálamo, ponte e medula espinhal (EKBLAD; SUNDLER, 2002). Ações do PYY no comportamento alimentar A administração de PYY pode resultar em alterações no comportamento alimentar, causando tanto efeitos orexígenos quanto anorexígeno (BALLANTYNE, 2006). Administradas centralmente, as duas formas de PYY podem levar a efeitos opostos, dependendo do sítio de administração. Em ratos alimentados, PYY 1-36 administrado no núcleo paraventricular levou à hiperfagia (STANLEY et al., 1985), efeito que também foi causado após administração intracerebroventricular de PYY 1-36 em camundongos (NAKAJIMA et al., 1994) e de PYY 3-36 em ratos (TSCHÖP et al., 2004). Tal ação orexígena de ambas as formas do PYY, após serem administradas nessas regiões, pode ser atribuída à ativação de receptores Y1 eY5, pois camundongos deficientes nos dois receptores não apresentaram comportamento hiperfágico (KANATANI et al., 2000). Após administração direta no núcleo arqueado de ratos em jejum, o PYY 3-36 levou à redução da ingestão alimentar cumulativa de 2 horas (BATTERHAM et al., 2002), efeito provavelmente mediado por receptores Y2, expressos em grande quantidade nesse núcleo hipotalâmico (BROBERGER et al., 1997). Quando administrado perifericamente, a principal ação do PYY é a redução da ingestão alimentar (BATTERHAM et al., 2002). Injeções intraperitoniais de PYY 3-36 em roedores em jejum (BATTERHAM et al., 2002) ou sem privação alimentar (NORDHEIM; HOFBAUER, 2004), logo antes do início da fase escura, durante a qual os roedores exibem maior consumo (CLIFTON, 2000), levaram à redução da ingestão alimentar cumulativa de até 24 horas. Em camundongos apresentando obesidade induzida por dieta hiperlipídica, infusões subcutâneas diárias de PYY 3-36, durante 28 dias, provocaram redução da ingestão alimentar cumulativa e do peso corporal (PITTNER et al., 2004). Tanto em camundongos com ausência do gene para o peptídeo anorexígeno pró- ópiomelanocortina (POMC) quanto em camundongos 25 selvagens, o PYY 3-36 injetado intraperitonialmente, após jejum, levou à redução da ingestão alimentar durante as 4 horas posteriores às injeções, comparado com salina (CHALLIS et al., 2004). A forma PYY 1-36, que é orexígena quando administrada centralmente, apresenta efeito anorexígeno quando administrada perifericamente em ratos (CHELIKANI; HAVER; REIDELBERGER, 2005) e em camundongos (ASAKAWA et al., 2003). Tal efeito que pode ser devido à conversão periférica de PYY 1-36 em PYY 3-36, pela ação da DPP- IV (MENTLEIN, 1999). Em um estudo com primatas não humanos, a forma PYY 3-36 também exerceu efeito anorexígeno. Injeções intramusculares diárias desse peptídeo em macacos, durante quatro dias, causaram redução da ingestão alimentar durante 6 horas após as injeções, comparado com salina (MORAN et al., 2005). Em humanos, a maioria dos estudos mostra que tanto indivíduos obesos quanto eutróficos se mostram sensíveis aos efeitos do PYY 3-36 no apetite. Em adultos eutróficos, PYY 3-36 reduziu a ingestão calórica, o tempo de duração de uma refeição e a ingestão de líquidos, de maneira dose- dependente após infusão intravenosa (DEGEN et al., 2005). Duas horas após receberem infusão de PYY 3-36, em dose de 0,2 nmol/m² de área de superfície corporal, indivíduos obesos apresentaram redução de 29% na ingestão calórica de uma refeição, e indivíduos eutróficos apresentaram redução de 31%, em comparação com infusões de salina (BATTERHAM et al., 2003). Em indivíduos com sobrepeso e obesos, infusões de 0,25 pmol/Kg/min de PYY 3-36, durante 110 minutos levaram à redução de cerca de 25% na ingestão calórica, avaliada pelo consumo de uma refeição oferecida durante as infusões (FIELD et al., 2010). Contudo, utilizando um protocolo com administração oral de PYY 3-36 em homens eutróficos, Steinert et al. (2010) encontraram que 1,0 mg de PYY 3-36 administrado sozinho não teve efeito sobre o consumo alimentar de refeições teste oferecidas ad libitum. Estudos mostram que os efeitos anorexígenos do PYY 3-36 se dão via receptor Y2, pois animais deficientes nesse receptor não apresentam redução da ingestão alimentar após administração de PYY 3-36 (BATTERHAM et al., 2002) e o uso do BIIE0246, um antagonista desse receptor, também leva à ausência do efeito anorexígeno do PYY 3-36 (ABBOTT et al., 2005). Em adição, a ativação de receptores Y2 inibe a liberação de NPY, neuropeptídeo que possui ação orexígena (BALLANTYNE, 2006). 26 As aferências vagais gastrointestinais parecem ser a principal via de convergência dos sinais anorexígenos do PYY 3-36, pois em ratos submetidos à vagotomia a administração periférica dessa forma do PYY não alterou o consumo alimentar nem ativou neurônios no núcleo arqueado (ABBOTT et al., 2005; KODA et al., 2005). Além disso, a frequência de disparos neuronais em fibras nervosas vagais aferentes do estômago foi aumentada após administração intravenosa de PYY 3-36 em ratos (KODA et al., 2005). Estímulos para a secreção de PYY Os níveis circulantes de PYY são baixos no jejum e se elevam após ingestão alimentar, atingindo picos geralmente entre 60 e 120 minutos, podendo se manter elevados por até cinco horas (ADRIAN et al., 1985; DEGEN et al., 2005; LOMENICK; CLASEY; ANDERSON, 2008). Essa mudança pós-prandial indica que o PYY pode agir como um sinal de saciedade (LE ROUX et al., 2006). Mesmo antes de chegarem às partes mais distais do intestino, onde as células êntero- endócrinas contendo PYY estão presentes em maior quantidade, os nutrientes já provocam a liberação desse peptídeo na circulação (FU-CHENG et al., 1995), indicando que, durante a alimentação, a secreção de PYY pode ser também regulada por mecanismos neurais, através do nervo vago, por mecanismos humorais via liberação de colecistocinina (BURDYGA et al., 2008), ou ainda por mecanismos de transdução sensorial, com participação de receptores gustativos presentes nas células êntero-endócrinas, os quais são ativados por contato direto com nutrientes (STEINERT et al., 2011). Distensão gástrica (OESCH et al., 2006), consumo de água (PEDERSEN- BJERGAARD et al., 1996), alimentação simulada (SYMERSKY et al., 2005) e adoçantes artificiais não calóricos (STEINERT et al., 2011) não alteram a secreção de PYY. Secreção pós-prandial de PYY estimulada por conteúdo calórico Adrian et al. (1985) mostraram pela primeira vez a relação entre conteúdo calórico de uma refeição e a secreção pós-prandial de PYY. Oferecendo para adultos saudáveis três refeições diferentes entre si nos tipos de alimentos e com conteúdo crescente de calorias, obtiveram como resultado um aumento nos níveis plasmáticos de PYY de maneira dependente da quantidade calórica. Após 120 minutos, a concentração plasmática de PYY total, partindo do jejum, sofreu incremento de 3,7 pmol/L com uma refeição de 530 Kcal; de 16,2 pmol/L com uma refeição 27 de 870 Kcal; e de 45 pmol/L com uma refeição de 4500 Kcal. O incremento causado pela refeição de 4500 Kcal se manteve até cinco horas após o consumo, o que pode ser explicado pela proporção de nutrientes que ainda não havia sido digerida e absorvida. Em um estudo utilizando refeições padronizadas, com diferentes conteúdos calóricos, oferecidas a adultos eutróficos, foram obtidos resultados semelhantes: comparando com o jejum, uma refeição com 1500 Kcal causou maior secreção de PYY em relação a uma refeição de 500 Kcal, e os níveis plasmáticos de PYY permaneceram maiores durante mais de 3 horas (DEGEN et al., 2005). Ao oferecer refeições líquidas com diferentes conteúdos calóricos, divididas em dois grupos isovolumétricos (500 mL – 250, 500 e 1000 Kcal; 900 mL – 1000, 2000 e 3000 Kcal), para adultos eutróficos e obesos, os níveis plasmáticos pós-prandiais de PYY total aumentaram de acordo com o crescente conteúdo calórico das refeições, para ambos os grupos, não havendo influência do volume destas (LE ROUX et al., 2006). Após serem submetidos a uma semana de consumo de dieta hipercalórica (incremento de aproximadamente 2500 Kcal no consumo calórico diário), adultos eutróficos, com sobrepeso e obesos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total no jejum significativamente maiores do que antes do início do período da dieta (CAHILL et al., 2011). Modulação da secreção de PYY por carboidratos Em ratos recebendo sacarose, glicose ou frutose adicionada à água disponível para consumo diário, os grupos sacarose e glicose apresentaram níveis plasmáticos de PYY total maiores após 24 horas, comparados com o grupo controle, que recebeu somente água. Após uma semana, não houve diferença entre os grupos, mas ao final de duas semanas, todos os grupos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total menores que o controle, sem diferençasentre si (LINDQVIST; BAELEMANS; ERLANSON- ALBERTSSON, 2008). Em humanos, infusões intragástricas de soluções contendo glicose ou frutose (dissolvidas em quantidades ajustadas para intensidade de doçura em relação à sacarose) elevaram os níveis plasmáticos de PYY total, em comparação com os níveis de jejum, após 28 minutos para infusão de glicose e após 38 minutos da infusão de frutose. Porém, em 120 minutos, a resposta secretória de PYY foi maior somente para glicose (STEINERT et al., 2011). As soluções foram preparadas para se igualarem em intensidade de doçura e, portanto, não foram isocalóricas, já que o poder de doçura da glicose é 28 menor que o da frutose, o que pode dificultar a interpretação desses resultados. Modulação da secreção de PYY por proteínas Alguns estudos sugerem que proteínas são estimuladores mais potentes da secreção de PYY. Após consumirem refeições isocalóricas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas, adultos eutróficos e obesos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total e da forma PYY 3-36 significativamente maiores após consumo de refeição hiperproteica (BATTERHAM et al., 2006). Em um estudo com crianças eutróficas e obesas, utilizando refeições isocalóricas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas (média de 429 Kcal), os níveis plasmáticos pós-prandiais de PYY total em um período de 4 horas, partindo do estado de jejum, foram significativamente maiores para as obesas após consumo da refeição hiperproteica (LOMENICK et al., 2009). Para as eutróficas, não houve diferença entre as refeições. Em camundongos, dietas hiperproteicas, sendo hiper ou hipolipídicas, promoveram maiores níveis plasmáticos de PYY total, em comparação com dietas normoproteicas (BATTERHAM et al., 2006). Um estudo com ratos mostrou que tanto lipídeos quanto proteínas são potentes estimuladores da secreção da forma PYY 3-36: infusões jejunais isocalóricas de ácido linoleico e de caseína resultaram em maior secreção de PYY 3-36, comparadas com infusões de salina, ao passo que infusões de glicose causaram inibição da secreção desse peptídeo (DAILEY et al., 2010). Considerando o uso de proteínas integrais ou hidrolisadas, um estudo em humanos avaliou o efeito de proteína do soro do leite, de caseína (integrais) e de seus hidrolisados, e mostrou que após infusões intragástricas, todos foram capazes de elevar os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, não diferindo entre si (CALBET; HOLST, 2004). Modulação da secreção de PYY por lipídeos Adrian et al. (1985) foram os primeiros a sugerir que lipídeos são os mais potentes estimuladores da secreção de PYY. Utilizando quantidades isocalóricas (530 Kcal) de creme de leite (fonte lipídica), bacalhau cozido (fonte proteica) e glicose, oferecidas para adultos saudáveis, em diferentes dias, a secreção pós-prandial de PYY total foi estimulada de forma mais potente pela fonte lipídica, tendo pico após 120 minutos de sua ingestão. A secreção após o consumo da fonte proteica foi menor em magnitude em 29 relação à fonte lipídica, tendo pico de concentração em cerca de 90 minutos, e a glicose consumida estimulou a secreção além dos níveis de jejum somente nos primeiros 30 minutos após sua ingestão, não sendo significativa a partir dos 60 minutos. Um estudo contendo participantes com sobrepeso e obesos utilizou refeições sólidas, isocalóricas, hiperglicídicas (< 4% das calorias vinda de lipídeos) ou hiperlipídicas (> 50% das calorias vindas de lipídeos), e o desenho do estudo permitiu que cada participante recebesse as duas refeições, aleatoriamente, em dias distintos. Os resultados mostraram que as refeições hiperlipídicas provocaram aumento significativo de PYY plasmático em comparação com as refeições hiperglicídicas, e esse aumento não foi associado à alteração em escores de fome e saciedade (GIBBONS et al., 2013). Indivíduos obesos, após uma semana de adaptação a uma dieta com distribuição normal de macronutrientes (65% de carboidratos, 25% de lipídeos, 10% de proteína) ou a uma dieta hiperlipídica/hipoglicídica (6% de carboidratos, 74% de lipídeos e 20% de proteína), não apresentaram diferenças quanto aos níveis plasmáticos de PYY total no jejum. Porém após consumo de refeições teste, uma refeição hiperlipídica/hipoglicídica levou a uma maior resposta secretória de PYY (ESSAH et al., 2007). Para mulheres obesas hiperinsulinêmicas, refeições líquidas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas, provendo 30% das necessidades diárias individuais de energia, foram oferecidas a fim de se avaliar a resposta secretória de PYY 3-36, e o resultado obtido mostrou que a refeição hiperlipídica aumentou os níveis plasmáticos de PYY 3-36 de forma significativa 30 minutos após a ingestão, em comparação com as outras refeições (HELOU et al., 2008). Diferentes tipos de lipídeos causam diferentes respostas secretórias de PYY, porém muitos estudos apresentam resultados conflitantes. Um estudo comparado o efeito de infusões intraduodenais de óleos fontes de ácidos graxos de cadeia longa mostrou que óleo de peixe, fonte de ácidos graxos de cadeia com 20- 22 carbonos, e óleo de milho, fonte de ácidos graxos de cadeia com 18 carbonos, elevaram os níveis plasmáticos de PYY total em comparação com os níveis de jejum, mas não diferiram entre si nesse efeito (JONKERS et al., 2000). Porém, comparando-se o efeito de infusões intraduodenais de óleo de milho e de triacilgliceróis de cadeia média, ambas também estimularam a secreção de PYY além dos níveis de jejum, mas o óleo de milho, fonte de ácidos graxos de cadeia longa, teve maior efeito (MAAS et al., 1998). 30 Utilizando ácidos graxos livres, estudos mostraram diferentes respostas secretórias de PYY em relação ao tamanho da cadeia dos ácidos graxos. Ácido láurico (12 carbonos) e oleato de sódio (ácido oleico ligado a um átomo de sódio; 18 carbonos), administrados intraduodenalmente em indivíduos saudáveis, elevaram significativamente os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, porém o efeito do oleato de sódio foi maior em comparação com o ácido láurico (FELTRIN et al., 2008); e ácido decanóico (10 carbonos) não estimulou a secreção de PYY (FELTRIN et al., 2006). Comparando o efeito de triacilgliceróis e de ácidos graxos isolados, um estudo mostrou que infusões intragástricas de óleo de macadâmia e de ácido oleico, em indivíduos saudáveis, causaram elevação dos níveis plasmáticos de PYY total além dos níveis de jejum, porém esse aumento foi significativamente maior em resposta ao ácido oleico (LITTLE et al., 2007). Outro estudo mostrou que, em ratos, a administração de óleo de milho no duodeno e no íleo falhou em produzir secreção de PYY além dos níveis de jejum, ao longo de 120 minutos, ao passo que ácido oleico produziu respostas secretórias significativas a partir de 60 minutos (APONTE et al., 1989). Avaliando o efeito de fontes de ácidos graxos de cadeia longa com diferentes graus de saturação, um estudo em humanos mostrou que infusões intraileais de óleo de karité (fonte de ácidos graxos saturados), óleo de canola (fonte de ácidos graxos monoinsaturados) e óleo de cártamo (fonte de ácidos graxos poliinsaturados) foram capazes de elevar os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, porém sem diferenças entre as infusões (MALJAARS et al., 2009). Resultados diferentes foram encontrados em um estudo com mulheres eutróficas que receberam refeições teste hiperlipídicas líquidas (70% das calorias supridas por lipídeos), predominantes em ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados ou saturados, de acordo com o grupo. O delineamento do estudo permitiu que cada participante recebesse todas as refeições teste, aleatoriamente, em dias separados. A refeição rica em ácidos graxos monoinsaturados provocou menor resposta pós-prandial de PYY total, comparada às outras refeições teste, além de menores escoresde saciedade (KOZIMOR; CHANG; COOPER, 2013). Utilizando diferentes fontes lipídicas em situações mais próximas dos hábitos alimentares, também foram encontradas diferenças na resposta secretória de PYY. Em cachorros, após seis meses de adaptação a dietas tendo como fonte lipídica óleo de oliva [fonte de ácido oleico (18 carbonos)] 31 ou óleo de semente de girassol [fonte de ácido linoleico (20 carbonos)], o grupo com óleo de oliva apresentou significativamente maior concentração plasmática de PYY total no jejum; e após consumo de refeições teste, semelhantes em fonte lipídica de acordo com as respectivas dietas, o grupo com óleo de oliva também apresentou significativamente maior resposta secretória de PYY total após o consumo (YAGO et al., 1997). Resultados semelhantes foram encontrados em humanos após 30 dias de adaptação a dietas com óleo de oliva ou óleo de girassol como fonte lipídica: o grupo adaptado à dieta com óleo de oliva apresentou concentração plasmática de PYY total no jejum significativamente maior do que o grupo tendo óleo de girassol como fonte lipídica, e essa diferença permaneceu após consumo de refeições teste, com fontes lipídicas de acordo com as respectivas dietas (SERRANO et al., 1997). A análise do consumo alimentar desse estudo com humanos foi realizada com base em registros alimentares feitos pelos próprios indivíduos, assim, os resultados devem analisados com cuidado, pelo risco de sub-relato. Associação entre peso corporal e níveis plasmáticos de PYY Ratos submetidos à obesidade induzida por dieta hiperlipídica apresentaram níveis plasmáticos de PYY total (PYY 1-36 e PYY 3-36) no jejum significativamente menores em comparação com ratos resistentes à indução de obesidade, e menor expressão de RNA mensageiro de PYY no íleo e no cólon (YANG et al., 2005). Em camundongos obesos, os níveis plasmáticos de PYY total, tanto no jejum quanto após ingestão alimentar, apresentaram-se mais baixos do que em camundongos não obesos. Além disso, os obesos apresentaram maior conteúdo de PYY no tecido colônico, porém sem diferença significativa para a expressão de RNA mensageiro de PYY nesse tecido, sugerindo que em obesos não há prejuízo na síntese desse peptídeo, mas sim na sua secreção (LE ROUX et al., 2006). Estudos em humanos apresentam controvérsias quanto às diferenças entre eutróficos e pessoas com peso fora da normalidade em relação aos níveis de PYY tanto no jejum quanto no período pós-prandial. Em um ensaio avaliando os níveis plasmáticos de PYY em adultos eutróficos e obesos, em jejum e após refeições ad libitum, Batterham et al. (2003) mostraram que o grupo obeso apresentou níveis plasmáticos de PYY total significativamente menores no jejum e após ingestão alimentar, havendo uma correlação negativa entre os níveis no jejum e o índice de massa corporal. Analisando especificamente o PYY 3-36, foi encontrado 32 que, no jejum, indivíduos obesos também apresentaram menores níveis plasmáticos dessa forma do PYY, em comparação com indivíduos eutróficos (BATTERHAM et al., 2006). Quando utilizadas refeições com cargas calóricas definidas, de 250 a 3000 quilocalorias (Kcal), foi encontrado que o pico de resposta pós-prandial de PYY total para obesos foi significativamente menor do que para os eutróficos, para todas as cargas, além do fato de os obesos também terem apresentado menores níveis plasmáticos de PYY no jejum (LE ROUX et al., 2006). Em adição, os menores picos de resposta para os indivíduos obesos foram acompanhados por menores escores de plenitude, após refeições com 1000, 2000 e 3000 Kcal. Contudo, comparando os níveis plasmáticos de PYY total no jejum entre adultos com anorexia nervosa (mulheres), eutróficos e obesos, um estudo mostrou que participantes eutróficos não diferiram dos obesos, e as anoréxicas apresentaram maiores níveis de PYY em relação aos outros participantes. Além disso, para os obesos, uma redução de 5,4% no peso corporal foi acompanhada por um decréscimo de 30% nos níveis de PYY no jejum, e para as anoréxicas, o ganho de peso de 7,6 Kg após terapia especializada não teve efeito na concentração plasmática de PYY (PFLUGER et al., 2007). Acompanhando esses resultados, tanto antes quanto após serem submetidos a uma semana de consumo de dieta hipercalórica, adultos eutróficos, com sobrepeso e obesos não diferiram entre si quanto aos níveis plasmáticos de PYY no jejum (CAHILL et al., 2011). Em um estudo com adolescentes eutróficos e obesos, de ambos os sexos, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum não diferiram entre os grupos, e os adolescentes eutróficos apresentaram níveis semelhantes após consumirem refeições com diferentes conteúdos calóricos, o que não ocorreu com os obesos, que precisaram de mais calorias para apresentar níveis plasmáticos de PYY semelhantes aos dos eutróficos (MITTELMAN et al., 2010). Em adolescentes do sexo feminino, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum não diferiram entre anoréxicas, eutróficas e obesas. Entretanto, após 15 minutos de ingestão de uma refeição líquida, o grupo eutrófico apresentou aumento significativo dos níveis de PYY total em relação aos outros grupos, e após controlar para agrupamento, uma correlação positiva foi encontrada entre a diminuição dos escores de fome e o aumento dos níveis plasmáticos absolutos de PYY (STOCK et al., 2005). Entre crianças eutróficas e com sobrepeso, Lomenick, Clasey e Anderson (2008) não encontraram diferenças entre os níveis plasmáticos de 33 PYY total no jejum, apesar de haver uma tendência para maiores níveis no grupo sobrepeso. Porém as respostas pós-prandiais de PYY foram significativamente maiores para as eutróficas no intervalo de tempo de uma hora após o consumo de uma refeição com 400 Kcal, não havendo diferença para as obesas; porém após uma hora do consumo de uma refeição com 600 Kcal, as respostas pós-prandiais foram significativamente maiores para ambos os grupos em relação ao momento pré-refeição. Em um estudo com crianças e adolescentes eutróficos e obesos, o grupo obeso apresentou significativamente menores níveis plasmáticos de PYY total no jejum comparado ao grupo eutrófico, mas após um ano de participação em um programa de redução de peso, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum aumentaram de forma significativa em relação à medida anterior ao início do programa (ROTH et al., 2005). Em gestantes adultas também foi encontrada influência do ganho de peso nos níveis plasmáticos de PYY. Tanto em jejum quanto durante duas horas após o início da ingestão de uma refeição de 527 Kcal, as gestantes obesas apresentaram níveis plasmáticos de PYY 3-36 significativamente menores quando comparadas com gestantes eutróficas e com sobrepeso (SODOWSKI et al., 2007). A associação entre peso corporal e níveis plasmáticos de PYY não apresenta controvérsias somente em indivíduos com excesso de peso comparados com eutróficos. Um estudo conduzido somente com adultos eutróficos mostrou que após consumo de bebida rica em lipídeos, metade dos indivíduos apresentou níveis plasmáticos de PYY total significativamente maiores em relação ao consumo de bebida controle, e a outra metade não apresentou mudanças na resposta secretória de PYY. Além disso, houve forte correlação positiva entre a maior resposta secretória de PYY e a diminuição dos escores de fome (STOECKEL et al., 2008). CONCLUSÃO A administração periférica de PYY, principalmente da forma PYY 3- 36, leva a efeitos inibitórios no apetite, tanto em animais quanto em humanos, sugerindo que esse peptídeo modula de forma importante o comportamento alimentar. A composição da dieta e os tipos de macronutrientes influenciam a secreção desse peptídeo, com lipídeos e proteínas tendo efeitos mais pronunciados do que carboidratos. O grau de hidrólise proteica parece não afetar a secreção de PYY, porém quanto aos lipídeos, o grau de hidrólise e o 34 tamanho da cadeia dos ácidosgraxos influenciam de maneiras diferentes sua secreção. A literatura apresenta muitas controvérsias acerca da modulação da secreção desse peptídeo, assim como sobre o seu papel na saciedade. Além disso, a maioria dos estudos não avalia efeitos da ingestão crônica de macronutrientes, tanto em animais quanto em humanos. Portanto, há necessidade de mais trabalhos que avaliem a relação entre nutrientes, níveis pós-prandiais de PYY e saciedade, principalmente em obesos, pois existem controvérsias na literatura. REFERÊNCIAS ABBOTT, C.R. et al. The inhibitory effects of peripheral administration of peptide YY (3-36) and glucagon-like peptide-1 on food intake are attenuated by ablation of the vagal-brainstem- hypothalamic pathway. Brain Res, v.1044, n.1, p.127-31, 2005. . Blockade of the neuropeptide Y Y2 receptor with the specific antagonist BIIE0246 attenuates the effect of endogenous and exogenous peptide YY (3-36) on food intake. Brain Res, v.1043, n.1-2, p.139-44, 2005. ADRIAN, T.E. et al. Human distribution and release of a putative new gut hormone, peptide YY. Gastroenterology, v.89, n.5, p.1070-7, 1985. APONTE, G.W. et al. Meal-induced peptide tyrosine tyrosine inhibition of pancreatic secretion in the rat. FASEB J, v.3, n.8, p.1949-55, 1989. ASAKAWA, A. et al. 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Deste modo, os alimentos que contém estas propriedades são denominados alimentos funcionais, e o conceito de alimentos funcionais é qualquer alimento, natural ou industrializado, que contenha uma ou mais substâncias, classificadas como nutrientes ou não- nutrientes, capazes de atuar no metabolismo e na fisiologia humana promovendo efeitos benéficos à saúde, podendo retardar o estabelecimento de doenças crônicas e/ou degenerativas e melhorar a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Considerando-se a relevância do tema, este estudo teve como objetivo identificar na literatura a importância dos alimentos funcionais no controle e prevenção do câncer de mama, assim como analisar a utilização destes, e descrever seus principais mecanismos de ação. O estudo foi realizado nos meses de janeiro de 2015 a junho 2015. Foram selecionados 50 artigos científicos, extraídos do Google acadêmico e periódicos SIELO, Capes Medline e Lilacs. Adotaram-se como critério de inclusão os artigos publicados de língua portuguesa e inglesa e com ênfase para trabalhos epidemiológicos e estudos experimentais. Foram utilizados os seguintes descritores: alimentos funcionais, prevenção, nutrição, neoplasia, câncer de mama. Alguns estudos epidemiológicos são convincentes ao demonstrarem que mulheres com uma dieta rica em frutas e vegetais têm um risco reduzido de desenvolverem câncer de mama. Entretanto, é ainda bastante questionável se a aparente proteção de determinados consumo de frutas e vegetais, cuja ação protetora contra a carcinogênese mamária tem 1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará 41 sido evidenciada. Para o paciente, fica expressa a recomendação de cautela diante dos ditos produtos naturais ou alternativos e mesmo o consumo de vitaminas deve ser feito estritamente sob orientação do oncologista. Deve- se monitorar não apenas interações com medicamentos tradicionais, mas também explorar esse vasto universo da medicina popular, reforçando a gestão de risco. Palavra-chave: Alimentos funcionais, prevenção, câncer de mama. INTRODUÇÃO O alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais além de atuar em funções nutricionais básicas; irá desencadear efeitos benéficos à saúde e deverá ser também seguro para consumo sem supervisão médica (MIGNONE et al., 2009). O Japão, na década de 1980, foi o primeiro país, que reformulou o processo de regulamentação especifica para esses alimentos e os denominaram de alimentos para uso especifico de saúde, aprovando-os com o selo do Ministério da Saúde e Bem-estar Japonês, através de um programa de governo, objetivando diminuir gastos com a saúde pública, e levando em consideração a elevada expectativa de vida naquele país (GOZZOLINO, 2012). A literatura referência alguns critérios estabelecidos para determinação de um alimento funcional, tais como: exercer ação metabólica ou fisiológica que contribua para a saúde física e para a diminuição de morbidades crônicas; integrar a alimentação usual; os efeitos positivos devem ser obtidos em quantidades não tóxicas, perdurando mesmo após
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